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Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 04/03/2009 
 Página 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso Policiamento orientado para o problema 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRÉDITOS 
PROFESSOR: Cel PM Cícero, atualmente Cmt da 8ª Região de Polícia Militar da 
PMMG - Governador Valadares. 
PROFESSOR: Cap PM ALEXANDRE MAGNO de Oliveira 
Assessor de Polícia Comunitária do Estado-Maior da Polícia Militar– PMMG 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 04/03/2009 
 Página 2 
 
 
Apresentação 
 
Seja bem-vindo(a) ao curso Policiamento Orientado para o Problema. 
 
Você já parou para pensar como que os problemas “repetidos” na área de segurança 
pública são resolvidos pela sua organização? 
 
É o momento para os operadores de segurança previrem suas políticas públicas e práticas 
operacionais. E, principalmente, adequá-las às técnicas já usadas nas empresas privadas, para 
aperfeiçoar o serviço de segurança pública, que é prestado para a sociedade brasileira. 
 
O policiamento tradicional “não só tem falhado no controle, na prevenção do crime e em 
fazer do policiamento uma profissão, mas tem promovido uma separação pouco saudável 
entre a polícia e as comunidades servidas por ela”, conforme atesta Mark Harrison Moore, no 
livro Policiamento Moderno (EDUSP, 2003). Da mesma forma demonstra a pesquisa do IBOPE 
realizada em março de 2008. Menos da metade da população brasileira “confia” no serviço 
da polícia investigativa e ostensiva, respectivamente, 52% confiam na polícia civil e 48% na 
polícia militar. 
 
A SENASP tem o propósito de apresentar, neste curso a distância, outra estratégia de 
policiamento, “comprovadamente eficiente”, já utilizada em diversas organizações 
policiais pelo mundo afora. Este curso foi elaborado para potencializar as tarefas dos 
operadores do sistema de segurança pública, que devem ser focadas nas causas do(s) 
problema(s) de segurança, vivido pela comunidade. 
 
Sabe-se que toda sociedade (e a brasileira não é diferente) atravessa por diversos problemas 
no nível “global”, como desigualdade social, tráfico internacional de drogas e armas, 
terrorismo, tráfico de crianças, dentre outros, que muitas vezes não têm como ser resolvido 
pelos cidadãos no curto prazo. 
 
Mas é possível melhorar a qualidade de vida “local”, se os problemas diários, que mais 
incomodam os cidadãos (como pichação, som alto de veículos, violência doméstica, etc.), 
forem identificados e solucionados pelos operadores do sistema de segurança pública, 
especialmente os policiais, com o apoio das lideranças comunitárias. 
 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 04/03/2009 
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O grande desafio é como fazer? 
 
Este curso possibilitará a você, que é operador do sistema de segurança pública, utilizar o 
método IARA: 
 
Identificar os problemas vividos na sua comunidade; 
Analisar as suas causas principais; 
Responder com ações criativas; e 
Avaliar os seus impactos com o apoio da comunidade. 
 
Além de estudar o conteúdo do curso e realizar os exercícios propostos, verifique as 
atividades propostas no ambiente de aprendizagem. 
 
Bom estudo! 
 
Este curso criará condições para que você possa: 
Ampliar conhecimentos para: 
- Conceituar policiamento orientado para o problema; 
- Descrever as eras da polícia moderna; 
- Analisar as estratégias do policiamento moderno; 
- Descrever o método IARA (identificação, análise, resposta e avaliação); 
- Compreender o gerenciamento da rotina de trabalho; 
- Conceituar a teoria do crime de oportunidades; e 
- Identificar o processo do “triângulo do crime”. 
 
Desenvolver e exercitar habilidades para: 
- Utilizar o método IARA para resolver os problemas de segurança pública; 
- Elaborar o diagrama causa-efeito e plano de ação (5w2h); 
- Aplicar o “triângulo do crime” na análise do problema; 
- Utilizar a técnica de prevenção do crime situacional. 
 
Fortalecer atitudes para: 
- Reconhecer a importância de atuar em grupos de trabalhos orientados para o problema; 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
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- Valorizar as opiniões diferentes e convergi-las para solucionar o problema; 
- Desenvolver atitudes proativas para resolver os problemas em suas causas; e 
- Reconhecer a importância de atuar como facilitador (protagonista) do processo orientado para 
o problema. 
 
O curso está divido em 4 módulos: 
 
Módulo 1 – Fundamentos do policiamento moderno 
Módulo 2 – As metodologias de planejamento 
Módulo 3 – Método IARA 
Módulo 4 – Prevenção Situacional do Crime 
 
Reflexão 
Antes de iniciar a módulo 1, leia o texto extraído do livro: “A Síndrome da Rainha 
Vermelha”, de Marcos Rolim (2006). 
 
Texto extraído do livro A Síndrome da Rainha Vermelha 
 
“Vamos imaginar que você esteja passeando ao longo de um rio e que, subitamente, perceba 
que uma criança está sendo arrastada pela correnteza. Se você for uma pessoa minimamente 
solidária, por certo se jogará na água para tentar resgatar a criança. Suponhamos que você 
tenha sorte e que seu gesto seja resgatar a criança. Assim, como bom nadador, você consegue 
trazer a criança sã e salva em seus braços e tem razões de sobra para comemorar seu feito. 
Vamos imaginar agora que toda a vez que você passe por aquele lugar haja uma criança sendo 
levada pela correnteza, fazendo com que você seja, sempre, obrigado a repetir a mesma 
façanha. Certamente, as chances de salvar todas as crianças seriam menores e, ao mesmo 
tempo, o risco de você ser tragado pelas águas aumentaria. Mas, se isso ocorresse, pareceria 
evidente que algo estava acontecendo com essas crianças em um ponto anterior da 
correnteza. Portanto, tão logo a repetição das ocorrências fosse comprovada, pareceria-lhe 
não apenas o óbvio, mas urgente, descobrir o que estava acontecendo com as crianças antes 
de elas caírem na água. Então, você provavelmente iria percorrer as margens do rio em 
direção à sua nascente para tentar descobrir a causa de tão chocante e misteriosa sucessão 
de tragédias.” 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
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Imagine que o papel desempenhado pelas polícias modernas é superar a “lógica” de agir 
reativamente, que obriga os policiais a “nadar” o tempo todo, para tentar salvar “crianças 
que já estão afogadas” e reflita sobre as questões a seguir: 
 
1. Essa metáfora aplica-se no serviço de segurança pública? 
2. Geralmente, você atua no serviço de segurança pública de forma reativa ou age de 
maneira proativa aos problemas diários e repetitivos? 
3. É hábito de sua organização pensar ou planejar ações para subir o curso do rio para 
“salvar as crianças”? O que impede que isso ocorra? 
4. Que tipo de ação dá mais visibilidade na mídia e reconhecimento (prêmios ou medalhas) 
na sua comunidade e organização, tentar “salvar as crianças afogadas” ou “identificar o 
que gera os afogamentos”? 
 
 
Módulo 1 – Fundamentos do policiamento moderno 
 
Neste módulo serão discutidos os fundamentos do policiamento moderno. O conteúdo está 
dividido em 4 aulas: 
Aula 1 - As eras do policiamento moderno 
 
Aula 2 - As estratégias do policiamento moderno 
 
Aula 3 - O histórico do policiamento orientado para o problema (POP) 
 
Aula 4 - A relação do POP com policiamento comunitário 
 
A partir dos conhecimentos tratados neste módulo, você será capaz de: 
 
- Descrever as eras da polícia moderna; 
 
- Descrever as estratégias do policiamento moderno; e 
 
- Conceituarpoliciamento orientado para o problema. 
 
 
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Aula 1 - As eras do policiamento moderno 
 
Na apresentação deste curso, você refletiu sobre como as organizações policiais agem diante 
de um problema na comunidade. Preferencialmente de forma reativa, não foi mesmo? Pois 
bem, nesta aula, você estudará como surgiu essa lógica de policiamento moderno na 
sociedade ocidental. 
 
Você sabe como são divididas as eras do policiamento moderno? 
Para iniciar esta aula, há para você um desafio responda as perguntas: 
1. O filme apresentado demonstra um período do policiamento moderno? Qual período ele 
aborda? 
2. Como você acha que ele surgiu? 
3. Você acha que as estratégias de policiamento implementadas no Brasil receberam alguma 
influência externa? 
 
Respostas: 
1. O filme demonstra uma propaganda direcionada para as organizações policiais brasileiras, 
nos anos 60, refere-se à era da reforma. Esta era foi classificada pelos sociólogos, que se 
inicia nos anos 30 e vai até os anos 80, na maioria das organizações policiais de nossa 
sociedade ocidental, inclusive na brasileira. 
 
2. O policiamento moderno (como conhecido atualmente) surgiu na Inglaterra (1829), no 
instante em que se consolida a própria sociedade urbano-industrial a partir do século XIX. 
 
3. A sociedade brasileira tem características próprias, mas também é formada baseando-se 
nas características da sociedade urbano-industrial, por isso é que recebe influência direta na 
maneira que se executa o serviço policial. 
 
 
O objetivo desta aula é destacar como são divididos os períodos distintos do policiamento e 
como o policiamento orientado para o problema é fruto da evolução das estratégias de 
policiamento moderno, através de seus elementos de inovação nos Estados Unidos. Devido 
a influência dessa cultura nos países ocidentais, é necessário verificar como essas 
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transformações refletem e embasam, até os dias atuais, as estratégias implementadas nas 
polícias latino-americanas. 
 
De acordo com Moore, Trojanowicz (1993) e Dias Neto (2003), historicamente, o policiamento 
nos EUA é dividido em três períodos fundamentais: 
 
Figura 1.1: Eras do policiamento moderno americano 
Fonte adaptada de KELLING, George L. e MOORE, Mark Harrinson. A evolução da estratégia de 
policiamento, perspectivas em policiamento. Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do 
Estado do Rio de Janeiro, 1993. 
DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento comunitário e controle sobre a polícia: A experiência norte-
americana. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. 
 
Era Política (1º período: 1830 - 1930) 
Caracterizado, principalmente, por um policiamento que desempenhava diversas funções 
sociais, muita corrupção policial e sem profissionalização. 
 
Era da Reforma (2º período: 1930 – 1980)) 
Momento que surgem as Academias de Polícias, com o objetivo de formar os profissionais de 
polícia, tendo como foco combater o infrator e como tática prioritária o rádio-patrulhamento. 
 
Era solução de problemas com a comunidade (3º período: 1980 - 2000) 
Orienta-se na construção de um relacionamento de cooperação entre a polícia e a sociedade, 
tendo como base a participação das lideranças comunitárias e foco na solução dos problemas 
locais. 
 
A Era Política é caracterizada por um sistema de aplicação da lei, envolvendo um órgão 
permanente, com funcionários dedicados em tempo integral ao patrulhamento contínuo 
visando à prevenção do crime. (MOORE; KELLING, 1993) Neste contexto a polícia desenvolve 
um serviço social amplo, pois não está bem definida sua função social. 
 
A polícia conduzia inspeções sanitárias, zelava por crianças perdidas, checava óleo nas 
iluminações de rua, monitorava pesos e as medidas adotadas pelos comerciantes, concedia 
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licença para pedintes de rua, controlava odores advindos dos curtumes, realizava 
recenseamento, apreendia animais perdidos, obrigava as pessoas a criar seus porcos nos 
quintais e preservava o sabbath. (SKOGAN apud DIAS NETO, 2003, p. 7) 
 
Sabbath, ou sabá, é uma palavra de origem hebraica shabbath, que significa o descanso religioso que, 
conforme a legislação mosaica, devem os judeus observar no sábado, consagrado a Deus. (FERREIRA, 
2008) 
 
A polícia era uma importante instituição responsável pelo bem-estar social daquela 
sociedade, o grande objetivo era atender aos cidadãos e aos políticos locais. Certamente 
suas ações eram muito influenciadas pelas instituições político-partidárias locais, o que 
gerava uma enorme flexibilidade na atuação do policial. Para Dias Neto (2003), esta postura 
gerava uma enorme discricionariedade policial e, muitas vezes, hostilidade entre o policial e 
a própria comunidade, que para ser resolvida era utilizada a força. Toda esta característica 
gerava, entre a polícia e a comunidade local, um vínculo muito forte. Destaca-se que a 
principal tática de policiamento era o deslocamento a pé ou a cavalo, o que possibilitava 
um maior contato entre as pessoas. 
 
Segundo Goldstein (2003), as maiores críticas à Era Política era a violência e corrupção 
policiais, dentre outros desmandos, que foram evidenciados pela National Comminssion on 
Law Observance and Enforcement ocorrida em 1931, nos Estados Unidos. Outro grave 
problema era a forma de ingresso na carreira policial, resumida a uma oportunidade de 
emprego para protegidos políticos. 
 
Os únicos requisitos necessários para a indicação de um policial eram influência política e 
força física [...] Não havia necessidade de treinamento preliminar, os policiais eram 
considerados suficientemente preparados para o exercício de suas funções se portassem um 
revólver, cassetete, algemas e vestissem um uniforme [...] Tratava-se de uma era de 
incivilidade, ignorância, brutalidade e corrupção. (SKOGAN apud DIAS NETO, 2003, p. 7) 
 
Baseando-se nessas contradições, várias críticas surgiram, principalmente dentro da própria 
polícia, para aprimorar esse serviço. “Os defensores das reformas lutavam pela incorporação 
dos métodos gerenciais e operacionais da iniciativa privada”. (Dias Neto (2003, p. 9) O 
objetivo era criar um departamento policial “perfeito” – afora comumente chamado de 
modelo profissional. Portanto, havia um consenso que era preciso blindar a polícia de 
interferências da política externa, centralizar as estruturas internas de comando e controle, 
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delimitar a função do policial para prender os infratores da lei e formar o profissional de 
polícia. 
 
As características dessa Era Policial estão num serviço profissional distante da 
comunidade, focado no combate repressivo do crime e que utiliza principalmente o 
automóvel e o telefone para implementar o rádio-patrulhamento. É inegável que surge uma 
máquina burocrática eficiente e de um corpo profissional treinado, com as melhores 
tecnologias para o momento, mas os policiais não conseguem identificar os problemas 
cotidianos dos cidadãos. Com essa lógica, o policial fica distante e inacessível às demandas 
políticas próprias do jogo democrático. (DIAS NETO, 2003) 
 
Com o modelo profissional surge uma obsessão pela eficiência operacional e 
administrativa, dificultando o contato social sobre as decisões policiais. Uma das maiores 
críticas contra o modelo profissional refere-se à ausência de controle sobre a condutapolicial. Um movimento que aos poucos permitiu aos próprios cidadãos americanos de 
representar a sociedade civil na apuração e no julgamento das denúncias contra abusos 
policiais. Esse foi um importante passo para ter algum controle externo sobre a polícia, mas 
acirrou, ainda mais, os ânimos entre os ofendidos e os policiais. 
 
As atuais reformas na área policial estão fundadas na premissa de que deve haver uma 
relação sólida e consistente entre a polícia e a sociedade para que tenha efeito a política de 
prevenção criminal e na produção de segurança pública. (Dias Neto, 2003) 
 
Diante das iniciativas frustradas de relações públicas ou de reforma na estrutura 
administrativa policial surgem alternativas que fortalecem as idéias de partilhar entre a 
polícia e a comunidade a tarefa de planejar e implementar as políticas de segurança pública. 
 
As eras do policiamento moderno americano são apresentadas para uma análise temporal 
(quadro 1.1). Nesta síntese é possível perceber quais são as principais características de cada 
período e como ocorreu essa transformação que influenciou as principais estratégias de 
policiamento, que surgiram na Era da Reforma e na Era de Solução de Problemas com a 
Comunidade. 
 
Atenção! Deve-se ter o cuidado para não simplificar a análise de uma era policial somente 
em algumas características, sob o risco de distorcer todo um contexto histórico-social. 
Uma característica (total ou parcial), de um período pode repetir em outro, por exemplo: o 
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relacionamento íntimo entre a polícia e a comunidade, presente na era política e era da 
comunidade. Também é importante destacar que essas são características comuns entre a 
maioria dos órgãos policiais naquele período, portanto, as datas são parâmetros. 
 
Quadro 1.1 – Características das eras do policiamento moderno 
Caracteríticas gerais 
Era Política 
1830 - 1930 
Era da Reforma 
1930 - 1980 
Era soluções de Problema 
com a Comunidade 
1980 – 2000 
Autorização e 
legitimidade 
Políticos locais e lei Lei e profissionalismo 
Lei, profissionalismo e 
comunidade 
Função Serviço social amplo Controle do crime 
Serviço policial amplo e 
personalizado 
Relacionamento com 
a comunidade 
Íntimo Distante e remoto Íntimo 
Táticas e tecnologia Patrulhamento a pé 
Patrulhamento 
motorizado e 
acionamento por 
telefone 
Patrulhamento a pé, 
envolvimento da 
comunidade para solução 
de problemas 
Resultados esperados 
Satisfação dos 
cidadãos e dos 
políticos locais 
Respostas rápidas para 
controlar os crimes 
Qualidade de vida e 
satisfação da comunidade 
 
Fonte adaptada de KELLING, George L. e MOORE, Mark Harrinson. A evolução da estratégia de 
policiamento, perspectivas em policiamento. Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do 
Estado do Rio de Janeiro, 1993. 
MOORE, Mark Harrinson e TROJANOWICZ, Robert C. Estratégias institucionais para o policiamento. 
Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1993. 
DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento comunitário e controle sobre a polícia: A experiência norte-
americana. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 2 - As estratégias do policiamento 
 
Conforme foi visto na aula anterior, o policiamento moderno para ser melhor compreendido é 
dividido em eras. 
 
Leia a citação abaixo: 
A estrutura hierarquizada, militarizada dos departamentos de polícia contrapunha-se à 
essência do verdadeiro profissionalismo. [...] Se tal fato serviu para propiciar certa 
uniformidade nos departamentos de polícia e eliminar abusos, acabou, também, inibindo 
talentos e ambições entre os policiais. (WALKER apud DIAS NETO, 2003, p. 16) 
 
Baseado na citação do professor americano Walker, para você, essa situação se aplica no 
contexto de sua organização? Dê um exemplo. 
 
Resposta: Conforme pode ser percebido, as organizações policiais brasileiras (militar ou civil) 
também possuem essa característica, ou seja, com o objetivo de tornar o policial mais 
profissional, o seu contato direto com a comunidade ficou limitado e, de alguma forma, 
podou suas iniciativas para solucionar os problemas locais de forma criativa e audaciosa. 
 
A estratégia de policiamento direciona, dentre outros tópicos, os objetivos da polícia, seu 
foco de atuação, como se relaciona com a comunidade e as principais táticas a serem 
utilizadas. 
 
Uma estratégia que funcionou no passado, necessariamente, não tem que ser eficaz 
atualmente, principalmente em sociedades heterogêneas e conectadas em rede, pelo 
processo da globalização, com alto avanço tecnológico e informacional. A área de segurança 
pública não está fora desse contexto de (pós)modernidade, é possível adotar políticas 
públicas para solucionar essas questões e almejar metas que atendam as comunidades locais. 
 
É importante destacar que a segurança pública acumulou experiências policiais diversas, 
na tentativa de atingir seus objetivos organizacionais, estabelecer seu profissionalismo e, 
em alguns locais, alcançar legitimação na própria comunidade. Mas, para Goldstein (2003), 
não é um hábito registrar essas estratégias no meio acadêmico e, principalmente, discuti-las 
nos órgãos policiais. 
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Para correlacionar a origem das estratégias de policiamento com as respectivas eras de 
policiamento recorre-se à evolução histórica apresentada por Moore, Trojanowicz (1993) e 
Kelling; Moore (1993); conforme a figura 1.2, que você verá a seguir. 
 
Figura 1.2 - Estratégias do policiamento moderno 
 
Fonte adaptada de KELLING, George L. e MOORE, Mark Harrinson. A evolução da estratégia de policiamento, 
perspectivas em policiamento. Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do Estado do Rio 
de Janeiro, 1993. 
MOORE, Mark Harrinson e TROJANOWICZ, Robert C. Estratégias institucionais para o policiamento. Cadernos 
de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1993. 
DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento comunitário e controle sobre a polícia: A experiência norte-
americana. 2ª edição Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003. 
 
Veja a seguir em que consiste cada uma das estratégias de policiamento. 
 
Policiamento Profissional (Era da Reforma) 
A estratégia de policiamento que orientou mundialmente o policiamento moderno, a partir de 
1930, e até hoje direciona a maioria das instituições policiais, é o policiamento profissional. 
É também denominado como policiamento tradicional ou combate profissional do crime. 
Ela foi concebida num contexto histórico que buscava diminuir os conflitos urbanos que 
surgiam diante da ausência de estratégias policiais eficientes na Era Política (1830-1930). 
 
Ela tem como principal característica foco direto sobre o controle do crime, como sendo a 
missão central da polícia, e só da polícia. Com isso, aumentam o status e a autonomia da 
polícia. Baseada nesse foco, a instituição policial se organiza em unidades centralizadas, com 
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profissionais que têm o aporte de orçamento público para pessoal, logística, tecnologia e 
treinamento, dentre outros recursos necessários para desenvolver esse serviço. 
 
O objetivo da estratégia de combate profissional do crime é criar uma força de combate do 
tipo militar, disciplinadae tecnicamente sofisticada, que não pratique a brutalidade no 
seu cotidiano. As principais tecnologias operacionais dessa estratégia incluem a utilização de 
patrulhas motorizadas (de preferência automóveis), suplementadas com rádio, atuando de 
modo a criar uma sensação de onipresença e respondendo rapidamente aos chamados, 
principalmente aqueles originados pelo telefone 190 ou 911. 
 
Policiamento Estratégico (Era da Reforma) 
 
O policiamento estratégico tenta resolver os pontos fracos do policiamento profissional no 
combate ao crime, acrescentando reflexão e energia (MOORE; TROJANOWCZ, 1993). Essa 
estratégia representou um novo esforço das instituições policiais na definição de um escopo 
competitivo para as suas ações, direcionando-as para determinados tipos de delitos. Dessa 
forma, enfatiza uma maior capacidade para lidar com os crimes que não estão bem 
controlados pelo modelo tradicional. 
 
O objetivo básico da polícia permanece o mesmo, que é o controle efetivo do crime. O 
estilo administrativo continua centralizado. Através de pesquisas e estudos, a patrulha nas 
ruas é direcionada, melhorando a forma de emprego. O policiamento estratégico reconhece 
que a comunidade pode ser um importante instrumento de auxílio para a polícia. 
Recebem ênfase, os crimes praticados por delinqüentes individuais ou associações 
criminosas sofisticadas, que geram grande repercussão devido ao grau elevado de violência 
ou ao método intricado, por exemplo: crimes de homicídio em série, terrorismo, narcotráfico, 
pedofilia, xenofobia, homofobia, descaminho ou contrabando, dentre outros. 
 
Essa estratégia de policiamento carece de uma alta capacidade investigativa, por isso, 
incrementou unidades especializadas de investigação. No entanto, “o policiamento 
estratégico trouxe poucas melhorias à prevenção dos delitos comuns dos bairros e ruas, 
apesar de haver introduzido a tática do lançamento das patrulhas direcionadas”. 
 
Policiamento orientado para o problema (Era de resolução de problemas com a 
comunidade) 
 
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O policiamento para (re)solução de problemas, também conhecido como policiamento 
orientado para o problema (POP), é uma estratégia que tem como objetivo principal 
melhorar o policiamento profissional, acrescentando reflexão e prevenção criminal. 
 
Para diversos autores “[...] o policiamento orientado para a solução de problemas conota 
mais do que uma orientação e o empenho em uma tarefa particular. Ele implica em um 
programa, com sugestões sobre o que a polícia precisa fazer”, segundo Skolnik; Bayley (2002, 
p. 39). 
 
O POP pressupõe que os crimes podem estar sendo causados por problemas específicos e 
talvez contínuos na mesma localidade. Conclui-se que o crime pode ser minimizado (ou até 
mesmo extinto) através de ações preventivas, para evitar que seja rompida a ordem pública. 
Essa estratégia determina o aumento das tarefas da polícia ao reagir contra o crime na sua 
causa, muito além do patrulhamento preventivo, investigação ou ações repressivas. 
 
Policiamento Comunitário (Era de resolução de problemas com a comunidade) 
 
A estratégia de policiamento comunitário vai, ainda, mais longe nos esforços para melhorar a 
capacidade da polícia. O policiamento comunitário, que é a atividade prática da filosofia 
de trabalho da polícia comunitária, enfatiza a criação de uma parceria eficaz e eficiente 
entre a comunidade e a polícia. 
 
O policiamento comunitário tem a necessidade de deixar a comunidade nomear seus 
problemas e buscar solucioná-los em parceria com a polícia. As instituições, como a 
família, a escola, a igreja, as associações de bairro e os grupos de comerciantes, são 
considerados parceiros imprescindíveis da polícia para a criação de um grupo coeso de 
colaboradores. O êxito da polícia está não somente em sua capacidade de combater o crime, 
mas na habilidade de criar e desenvolver comunidades competentes para solucionar os seus 
próprios problemas. 
 
A polícia comunitária como filosofia muda os fins, os meios, o estilo administrativo e o 
relacionamento da polícia com a comunidade. O objetivo finalístico é para além do combate 
ao crime, pois permite a inclusão da redução do medo do crime, da manutenção da ordem e 
de alguns tipos de serviços sociais de emergência. 
 
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Os meios englobam toda a sabedoria acumulada pela resolução de problemas (método IARA). 
O estilo administrativo muda de concentrado para desconcentrado, de policiais especialistas 
para generalistas. O papel da comunidade evolui de meramente informar ou alertar a polícia, 
para participante do controle do crime e na criação de comunidades ordeiras. 
 
Aula 3 - O histórico do policiamento orientado para o problema 
 
Em meados da década de 1970, nos Estados Unidos, foi sugerido que a produtividade dos 
policiais poderia melhorar se o trabalho policial fosse reorganizado com base em fatores 
motivadores. Tal sugestão resultou em uma forma de organização do trabalho policial que foi 
chamado de “Team Policing”. 
“Team Policing” 
No modelo “Team Policing”, os policiais eram divididos em pequenos grupos e designados, de 
modo permanente, para pequenas áreas ou bairros. Os policiais da equipe deviam lidar com 
todos os tipos de problema, agindo como generalistas. Tal experimento, embora tenha 
alcançado um bom resultado, foi abandonado pela maioria dos departamentos. 
 
Além desse experimento, outros foram implementados durante o final da década de 1970 e 
início dos anos 80. O patrulhamento a pé tornou-se familiar em muitas localidades (Newark, 
New Jersey, Flint e Michign). Foi observado que o patrulhamento a pé era rapidamente 
percebido pela comunidade e, adicionalmente, aumentava a satisfação com o trabalho 
policial, levando a uma significativa redução da percepção dos problemas decorrentes de 
crimes pela vizinhança. 
 
Esses e outros estudos destruíram alguns mitos sobre o trabalho policial. Pesquisas realizadas 
na década de 70 sugeriram que a informação poderia ajudar na melhoria da habilidade dos 
policiais para lidar com o crime. Todos esses estudos e outros desenvolvidos sobre o 
policiamento a pé e a redução do medo do crime criou oportunidades para a polícia conhecer 
a preocupação da comunidade com os problemas de desordem, como, por exemplo, gangues, 
prostituição, etc. Os policiais descobriram que quando a polícia questionava os cidadãos sobre 
suas prioridades, eles ficavam agradecidos pela preocupação e forneciam informações úteis. 
 
 
 
 
 
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Princípios do novo modelo 
 
Ao mesmo tempo, a abordagem de policiamento orientada para o problema do professor 
Herman Goldstein estava sendo testada em Madison, Wisconsin; Baltimore County, Maryland; 
e Newport News, Virgínia. Nesses estudos comprovou-se a satisfação dos policiais em 
trabalhar utilizando uma abordagem holística, sendo capazes de utilizar a solução de 
problemas com sucesso em parceria com outras agências. Da mesma forma, os cidadãos 
pareciam satisfeitos em trabalhar com a polícia para solucionar problemas locais. 
 
Os policiais receberam maior autonomia para solucionar problemas e treinamento para 
entender as causas subjacentes aos problemas, trabalhando para encontrar soluções 
criativas. 
 
Para Goldstein, o modelo orientado para a solução de problemas requer não apenas mudança 
no trabalho policial, mas, também, na estrutura organizacional da polícia. Embora o controle 
do crime permaneça uma função importante, a mesma ênfase édada para a PREVENÇÃO. 
 
Ao utilizar esse modelo, os policiais fazem uma elevada utilização da discrição e escapam 
da forma rotineira e padronizada de lidar com os incidentes do dia-a-dia. 
 
Razões para o surgimento do POP 
 
- A dificuldade do policiamento tradicional para conter a criminalidade; 
- O crescimento da diversidade cultural; 
- A preferência pelo patrulhamento motorizado; 
- O aumento da criminalidade; 
- Uma visão científica da gestão aplicada ao policiamento; 
- A ênfase na mudança organizacional, incluindo a descentralização e o aumento da discrição 
dos policiais; e 
- Distanciamento dos policiais da comunidade (isolamento), dentre outras. 
 
A solução de problemas aplicada ao trabalho policial fundamenta-se na idéia de que é 
possível a aplicação da metodologia pelo policial em seu trabalho cotidiano e, além disso, 
que essa aplicação pode ser efetiva na redução ou solução dos problemas. 
 
 
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Aula 4 - A relação do pop com policiamento comunitário 
 
Baseado no texto da aula anterior, para você, qual é o conceito do policiamento orientado 
para o problema? 
 
Resposta: O policiamento orientado para o problema é uma estratégia de policiamento 
moderno, que direciona as atividades policiais para identificar os problemas policiais 
repetitivos, analisar suas causas, resolvê-los e avaliar os resultados alcançados. 
 
O POP foi detalhado por Goldstein, em 1979, com a seguinte definição “[...] a resolução de 
problemas constituía o verdadeiro propósito do policiamento e propugnava por uma 
polícia que identificasse e buscasse as causas dos problemas subjacentes às repetidas 
chamadas policiais”. (CERQUEIRA, 2001) Dessa forma, Goldstein busca, através de um estudo 
metodológico, demonstrar que a polícia deve agir nas causas e não apenas nos efeitos. 
 
O policiamento orientado para o problema encontra sustentação teórica com a colocação de 
Clarke e Felson, pois argumenta que o comportamento individual é resultado da interação 
entre o indivíduo e o ambiente. Essa colocação assegura que a oportunidade pode ser 
considerada a principal causa do crime. 
 
Clarke e Felson 
Os autores, entretanto, têm preferido utilizar a palavra “abordagem das atividades 
rotineiras” para se referirem à teoria das oportunidades, uma vez que no sentido estrito 
da palavra, nenhuma delas pode ser considerada uma teoria. 
 
Embora a teoria das oportunidades seja freqüentemente utilizada para estudo das causas do 
crime, sua aplicação tem sido maior nos crimes contra o patrimônio. Por sua versatilidade, 
ela também pode ser utilizada para o entendimento de todos os tipos de crimes, inclusive os 
crimes contra a pessoa. 
 
Por acreditar que o medo do crime favorece o aumento das taxas de crime e a decadência 
dos bairros, inúmeros programas de redução do medo foram desenvolvidos, alguns em 
parceria com a comunidade. 
 
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A abordagem das atividades rotineiras teve início a partir das explicações utilizadas para os 
crimes predatórios em um artigo escrito por Cohen e Felson, em 1979. A teoria pode ser 
resumida considerando que “para que um crime ocorra deve haver convergência de 
tempo e espaço em, pelo menos, três elementos: um provável agressor, um alvo 
adequado, na ausência de um guardião capaz de impedir o crime”. 
 
Essa estratégia de policiamento implica em mudanças estruturais da polícia, aumentando a 
discricionariedade do policial (aumento de sua capacidade de decisão, iniciativa e de 
resolução de problemas). 
 
O POP desafia a polícia a lidar com a desordem e situações que causem medo, visando um 
maior controle do crime. Os meios utilizados são diferentes dos anteriores e inclui um 
diagnóstico das causas subjacentes do crime, a mobilização da comunidade e de instituições 
governamentais e não-governamentais. Encoraja uma descentralização geográfica e a 
existência de policiais generalistas e capacitados. 
 
A solução de problemas pode ser parte da rotina de trabalho policial e seu emprego regular 
pode contribuir para a redução ou solução dos crimes, melhorar a sensação de segurança e, 
até mesmo, diminuir a desordem física e moral vivenciada nos bairros. 
 
Solucionar problemas no policiamento não é novidade, a diferença é que o policiamento 
orientado para o problema apresenta um método analítico. O model SARA (modelo IARA) é 
formado pelo acróstico de cada fase. Ele foi formulado por John Eck e Bill Spelman. 
 
Correlação entre o POP e o policiamento comunitário 
 
Para você qual a relação entre a estratégia de policiamento comunitário com o policiamento 
orientado para o problema? 
Resposta : Alguns estudos apresentam as diferenças entre policiamento orientado para o 
problema e policiamento comunitário, e a maioria acredita que o POP é um método a ser 
utilizado no policiamento comunitário. O policiamento orientado para o problema permite ser 
implementado de duas formas, com o envolvimento comunitário ou isoladamente, enquanto 
que o comunitário, essencialmente precisa do envolvimento da comunidade. 
 
O POP e o policiamento comunitário têm uma relação de complementaridade e os 
estudiosos divergem ao afirmar “quem nasceu primeiro” e quem é a “ferramenta” de quem. 
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De uma maneira geral, o que tem prevalecido é a idéia de que a solução de problemas é a 
estratégia que permite praticar a filosofia do policiamento comunitário. Ele (o método 
solução de problemas) possibilita o exame das causas subjacentes que provocam a 
repetição dos crimes e desordens, auxiliando os policiais a identificar problemas, analisá-
los, desenvolver respostas e avaliar os resultados. 
Herman Goldstein é considerado por muitos como o principal arquiteto do policiamento 
orientado para o problema. Seu livro, “Policing a Free Society” (1977), está entre as mais 
freqüentes obras citadas na literatura de policia. Um trabalho posterior, “Problem Oriented 
Policing” (1990), aborda com mais profundidade e riqueza o assunto. 
 
O termo POP foi impresso pelo autor, em 1979, como resultado de sua frustração em 
constatar a insistência dos policiais em responder incidentes apenas com operações. O autor 
critica a ênfase que é dada à rapidez do atendimento em detrimento da qualidade do 
resultado. Para Goldstein, o telefone, mais do que qualquer política ou estratégia interna ou 
externa, ditava as ações da polícia. 
 
O POP deve envolver a comunidade para descobrir com maior clareza quais são os 
problemas que realmente a incomoda. Mas muitas unidades policiais montam grupos 
temporários, como “força tarefa”, para solucionar os problemas sem, muitas vezes, ouvir a 
comunidade. Dessa forma, a polícia utiliza a estratégia do POP, mas não realiza o 
policiamento comunitário. É importante frisar que, nesse caso, não é possível agregar algum 
juízo de valor certo ou errado, uma visão maniqueísta, pois, em algumas situações é 
necessário dar uma resposta imediata à comunidade, principalmente, se for a intenção dar 
sensação de segurança. O certo é que esse tipo de resposta provisória é frágil e geralmente 
não tem soluções definitivas para um problema. 
 
O policiamento comunitário e o POP estimulam a polícia a ser mais imaginativa no que 
toca aos métodos operacionais. E, principalmente, amplia a percepção das polícias para 
metas que vão além dos objetivos de lutar contra o crime e de exercer um policiamento 
tradicional. 
 
As estratégias organizacionais sugerem trocar burocracias de comando e controle, 
extremamente centralizadas,por organizações profissionais descentralizadas. Elas procuram 
redefinir os objetivos gerais de policiamento, alterar os principais programas operacionais e 
as tecnologias usadas, e encontrar a legitimidade e a popularidade do policiamento. É uma 
mudança de comportamento de todo o público interno, em todos os níveis organizacionais 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 1 
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(estratégico, tático e operacional), bem como da relação com os líderes governamentais e 
comunitários. 
 
As estratégias de policiamento, apesar de terem características distintas, não são 
concorrentes, elas têm um sentido de complementaridade ao longo do tempo. Cada 
estratégia é um trabalho desenvolvido para o seu contexto histórico e busca suprir uma 
lacuna, que ainda não era abordada ou desenvolvida na tarefa policial, da estratégia anterior. 
Conforme pode ser analisado, as estratégias ampliaram o campo de atuação, com foco na 
segurança pública. Veja a figura 1.3. 
 
Figura 1.3: Crescimento das estratégias do policiamento moderno 
 
As características isoladas de cada estratégia de policiamento (comunitário, orientado para o 
problema, estratégico e profissional) são por si só, insuficientes para promover a segurança 
pública. Todos esses modelos dependem da “capacidade de enxergar por trás da 
superfície de um problema (simples ou complexo)”. (Moore; Trojanowicz (1993)). É 
importante haver um equilíbrio entre as táticas policiais reativas e preventivas, isto é, qualquer 
estratégia de policiamento deve estar alinhada com uma política de segurança que 
contemple o combate profissional contra o crime e ter a capacidade de envolver a 
comunidade na solução dos problemas rotineiros local. 
 
 
Fonte: MOREIRA, Cícero Nunes. Apostila da disciplina de Polícia Comunitária para o curso de Formação de 
Oficiais. Mimeo. Academia de Polícia Militar, Polícia Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. 
 
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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1) A era da reforma é também conhecida como era profissional, uma das características desta 
era policial é o patrulhamento motorizado e o rádio atendimento. Marque a alternativa que 
apresenta características deste período: 
 
( ) A função da polícia é promover um serviço social amplo. 
 
( ) Os resultados esperados é a satisfação dos cidadãos e dos políticos. 
 
( ) O relacionamento do policial com a comunidade é muito íntimo. 
 
( ) A função da polícia é controlar o crime. 
 
2) A respeito do Policiamento Orientado para o Problema, marque a alternativa CORRETA: 
 
( ) O POP é uma estratégia de policiamento, que surgiu no Japão na década de 70, pelo 
professor Herman Goldstein. 
 
( ) A metodologia de solução de problemas é de fácil compreensão e pode ser aplicada no 
trabalho policial, durante o seu cotidiano. 
 
( ) A repressão qualificada é uma tática operacional utilizada de forma preferencial. 
 
( ) O policiamento comunitário é uma técnica que substitui o policiamento orientado para o 
problema. 
 
3) São características comuns entre o policiamento orientado para o problema e o policiamento 
comunitário, EXCETO: 
 
( ) São estratégias de policiamento direcionadas paras as atividades preventivas. 
 
( ) Utilizam método para analisar o problema (identificação, análise, resposta e avaliação). 
 
( ) Estimula a desconcentração do serviço de segurança pública. 
 
( ) É um tipo de estratégia, exclusivamente, do nível operacional, portanto não é importante 
ser ensinada para os policiais da administração. 
 
Respostas: 
 
1) A função da polícia é controlar o crime. 
 
2) A metodologia de solução de problemas é de fácil compreensão e pode ser aplicada no 
trabalho policial, durante o seu cotidiano. 
 
3) É um tipo de estratégia, exclusivamente, do nível operacional, portanto não é importante ser 
ensinada para os policiais da administração. 
 
Este é o final do módulo 1 
 
Fundamentos do policiamento moderno 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
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Módulo 2 – As metodologias de planejamento 
 
No primeiro módulo você viu como são estruturadas as eras do policiamento moderno e quais 
estratégias decorrem de cada período. Neste módulo, você estudará quais são as 
metodologias utilizadas para desenvolver um planejamento. 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas: 
 
Aula 1 - O que é planejamento estratégico. 
 
Aula 2 - O sistema de gestão para atingir metas. 
 
Aula 3 - A relação do policiamento orientado para o problema com o ciclo PDCA. 
 
 
A partir dos conhecimentos tratados neste módulo, você será capaz de: 
 
- Conceituar planejamento estratégico; 
 
- Conceituar metas; 
 
- Compreender o gerenciamento da rotina de trabalho; e 
 
- Correlacionar o POP com o PDCA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 2 
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Aula 1 - O que é planejamento 
 
Por que planejar? 
Para iniciar esta unidade, será proposto a você um desafio. Leia o texto: “O irônico sorriso 
do gato”, de Mário Sergio Cortella e responda as perguntas: 
 
O IRÔNICO SORRISO DO GATO 
Mário Sergio Cortella* 
 
A escolha dos caminhos depende do lugar almejado 
Há alguns meses, participando de um congresso sobre O professor e a leitura de 
jornal, pude debater a respeito da "overdose" ferramental que invade cada vez mais o 
cotidiano social e, sem dúvida, também o mundo da escola. 
Relembrávamos nesse debate uma das mais contundentes reflexões sobre a vida 
humana e que não pode ser esquecida, tamanha é a importância que carrega também para o 
debate pedagógico: Alice no País das Maravilhas, escrita no século XIX pelo matemático 
inglês, Charles Dodgson (que deu a si mesmo o apelido Lewis Carroll). 
Nessa obra, Alice cai. Ela está atrás de um coelho e cai em um mundo 
desconhecido (na verdade, a menina cai dentro de si mesma). Entre as inúmeras personagens 
fantásticas da obra, duas delas estão muito próximas de nós: uma é um coelho que está 
sempre atrasado, correndo para lá e para cá com o relógio na mão; a outra é um gato do qual 
somente aparece o sorriso, somente ficam visíveis os dentes e, às vezes, o rabo. Há uma cena 
que a gente não deve ocultar – principalmente quando se fala em ferramentas para o trabalho 
pedagógico e, muitas vezes, da percepção equivocada da tecnologia como redentora da 
educação: o encontro de Alice com o gato. Contando resumidamente, na cena, Alice está 
perdida, andando naquele lugar e, de repente, vê no alto da árvore o gato. Só o rabão do 
gato e aquele sorriso. Ela olha para ele lá em cima e diz assim: "Você pode me ajudar?" Ele 
falou: "Sim, pois não." "Para onde vai essa estrada?", pergunta ela. Ele respondeu com outra 
pergunta (que sempre devemos nos fazer): "Para onde você quer ir?". Ela disse: "Eu não sei, 
estou perdida." Ele, então, diz assim: "Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho 
serve." 
Para quem não sabe para onde vai, serve de qualquer maneira o jornal, a revista, 
o livro, a internet, o videocassete, o cinema, etc. E aí, qualquer um de nós, na ansiedade de 
modernizar o modelo pedagógico, eletrifica sofregamente a sala de aula ou, mais 
desesperadamente, sonha em fazer isso, imaginando o quanto o trabalho seria espetacular 
com esses instrumentos. Daí, se possível, o professorenche a sala de aparatos tecnológicos, 
como se, para fazer algo que interesse às pessoas, precisasse eletrificar continuamente o 
processo, metendo aparelhos eletrônicos ligados para todo o lado. Muitos dizem que, como os 
alunos estão habituados com isso, precisamos modernizar o ensino. Será? 
Depende da finalidade do "para onde se desejar ir". Se você sabe para onde quer 
ir, vai usar a ferramenta necessária. O que se deve modernizar não é primeiramente a 
ferramenta, mas sim o tratamento intencional dado aos conteúdos trabalhados na escola. 
Por isso, é preciso trazer sempre na memória o ditado chinês que diz: "Quando 
você aponta a lua bela e brilhante, o tolo olha atentamente a ponta do seu dedo." 
*Professor de pós-graduação em Educação (currículo) da PUC-SP. 
 
1. Na sua organização, as atividades de policiamento são planejadas envolvendo o nível de 
execução (atividade de linha)? 
2. Existe rotina para gerenciar as atividades diárias do policial militar, que está focada no 
problema? 
 
Resposta: 
1. Uma das características do policiamento profissional (tradicional) é a centralização do 
planejamento, geralmente na seção operacional. A estratégia de policiamento orientado para 
o problema propõe que o planejamento deve envolver todos os níveis organizacionais, 
principalmente o nível de execução, para evitar que o policial fique perdido, sem saber para 
onde seguir quando deparar com um problema. 
2. Existem várias rotinas de gerenciamento, que facilitam a execução e o acompanhamento 
das metas propostas para o policial. Uma organização que almeja executar o policiamento 
com qualidade tem que focar nesse objetivo organizacional, para dar um “norte” para as 
pessoas. 
 
Ao responder a essas perguntas, você refletiu sobre a importância do planejamento, 
envolvendo principalmente o nível operacional (atividade linha). Assim como sobre a 
necessidade de desenvolver formas de gerenciar diariamente as tarefas, com o 
estabelecimento de metas, para cada setor do Sistema de Defesa Social/Segurança Pública. 
 
Agora, responda, o que é planejamento? 
 
Observe atentamente a charge abaixo e responda: 
 
 
Figura 2.1: Ilustração sobre planejamento 
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1. Na figura 2.1, qual o “assunto” ilustrado: produção, finanças, marketing ou saúde? 
2. Quais são os “elementos” necessários para prestar esse serviço? 
3. Qual é o “tempo” para sua realização? 
4. Quais “unidades organizacionais” precisam ser envolvidas para prestar esse serviço: 
departamentos, grupos de pessoas ou divisões de serviço? 
5. Quais são as “características” que envolvem esse processo: simples ou complexo; ênfase na 
qualidade ou quantidade; estratégico ou tático; confidencial ou público; formal ou informal; 
econômico ou oneroso? 
 
Respostas: 
1. A figura retrata o planejamento de uma cirurgia médica, ou melhor, a sua ausência. 
2. O assunto abordado é saúde. 
3.Os elementos necessários para planejar este serviço estão vinculados ao objetivo do 
hospital, às estratégias utilizadas para prestar o serviço, às políticas internas, aos 
orçamentos, às normas de conduta médica, aos princípios éticos, dentre outros. 
4. O tempo ou período para executar esse serviço é curto. 
5. Para que esse serviço seja executado é necessário o envolvimento de outros setores, 
dentro do hospital: Departamento de Enfermaria, Departamento do CTI, Grupo de 
anestesistas, serviço “terceirizado” de entrega de materiais (medicamentos, sangue, 
instrumentos cirúrgicos, etc.). 
É possível inferir que esse planejamento tem a característica de ser complexo, focado na 
qualidade, operacional, confidencial (envolve pessoas que devem ter sua identidade 
preservada), formal e econômico (ou, até mesmo caro, se imaginar que é um procedimento 
muito difícil de ser realizado). 
 
Ao responder às perguntas da página anterior, você estabeleceu as cinco dimensões do 
planejamento, que são: 
 
Assunto 
abordado 
 
Elementos 
 
Tempo 
 
Unidades 
Organizacionais 
 
Características 
 
• Marketing 
• Finanças 
• Segurança 
•Saúde 
• Recursos 
Humanos 
• Propósitos 
• Objetivos 
• Estratégias 
 • Políticas 
internas 
• Programas 
• Orçamentos 
• Curto 
• Médio 
• Longo 
 
• Departamento 
de Negócios 
• Departamento 
de Investigação 
• Seção de 
Finanças 
• Divisão de 
Combate ao 
• Complexo ou 
Simples 
• Prioriza a 
qualidade ou 
quantidade 
• Estratégico, 
Tático ou 
Operacional 
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 • Normas 
• Códigos de 
Conduta 
• Manuais de 
Procedimentos 
 
Crime Organizado 
• Seção de 
Prevenção 
Criminal 
 
• Confidencial ou 
Público 
• Formal ou 
Informal 
• Econômico ou 
Oneroso 
 
 
Para facilitar a estruturação do planejamento é importante contemplar as cinco dimensões 
descritas. 
 
Afinal, o que é planejamento? 
Planejamento é um processo desenvolvido para alcançar uma situação futura desejada de um 
modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços humanos e 
recursos pela empresa. 
Toda empresa (pública ou privada) precisa desenvolver estratégias almejando os seguintes 
aspectos: 
Eficiência 
 
É fazer as tarefas de maneira adequada para resolver os problemas, 
guardar os recursos, cumprir seu dever e reduzir seus custos. 
Eficácia 
 
É fazer as tarefas certas para produzir alternativas criativas, maximizar a 
utilização dos recursos, obter resultado e aumentar o lucro. 
Efetividade 
 
É a capacidade da empresa coordenar de forma constante, no tempo, 
esforços e energias, tendo em vista o alcance dos resultados globais. 
 
 
 
 
 
 
 
Na verdade, esses aspectos interagem-se. Por isso, a fórmula administrativa para desenvolver 
o sucesso da estratégia é: 
 
Figura 2.2: Fórmula da efetividade 
 
O objetivo do planejamento é desenvolver processos, técnicas e atitudes administrativas, 
as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões 
presentes. Isto é definido em função do objetivo empresarial, que facilitará a decisão no 
futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. 
O exercício sistemático do planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo de 
tomar a decisão e aumenta a chance de alcançar os objetivos e desafios enfrentados. 
O planejamento pode provocar uma série de modificações nas: 
 
 
 
Baseado nesse diagrama, quais são as modificações que você acha que podem ocorrer numa 
empresa? 
 
 
 
 
 
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Resposta: 
- As modificações relacionadas às pessoas podem corresponder à necessidade de treinamento, 
substituições, transferências, avaliações periódicas, premiação, dentre outras. 
- Na tecnologia, as modificações estão relacionadas com a evolução dos conhecimentos para 
desempenhar aquela tarefa, uma nova maneira de desenvolver aquele serviço ou produzir o 
produto, no ajuste do ambiente. 
- No sistema, as modificações podem ocorrer na divisão das responsabilidades, na 
desconcentração da empresa, na descentralização dos serviços, na criação de novas 
instruções, dentre outros. 
 
 
Considerando os níveis hierárquicos apresentados na pirâmide organizacional, o planejamento 
pode ser dividido em três níveis, observe: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.3: Os níveis de planejamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Planejamento Estratégico 
É o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para estabelecer a 
melhor direção a ser tomada para uma empresa. Busca otimizar o grau de interação entre os 
fatores externos – que não são controláveis – e internos para formular objetivos e cursos de 
ação. 
Planejamento Tático 
É o processo administrativo que tem por objetivo otimizar uma determinada área da empresa, 
setor de finanças, setor operacional, setor logístico, dentre outros. Portanto, trabalha com a 
decomposição dos objetivos do planejamento estratégico. 
Planejamento Operacional 
É o processo de formalizar, através de documentos, das metodologias e implantações 
estabelecidas. Basicamente, são os planos de ação ou plano operacional. O foco são as tarefas 
cotidianas. 
 
Aula 2 - Sistema de Gestão para atingir metas 
 
Conforme foi visto na aula anterior, no planejamento estratégico são definidas as metas que 
se quer atingir, os principais produtos ou serviços, tecnologias e processos de produção que 
serão utilizados numa empresa. Observe a citação abaixo: 
Não se gerencia o que não se mede.... 
Não se mede o que não se define... 
Não se define o que não se entende... 
Não há sucesso no que não se gerencia... 
 
William Edwards Deming 
 
Baseado na citação do professor americano Deming, para você, o que é meta? 
Dê um exemplo. 
 
 
 
 
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Resposta: 
- Meta é a quantificação do objetivo com atribuição de valores (custos), com estabelecimento 
de prazos (tempo) e definição de responsabilidades. 
- Exemplo: Eu tenho o objetivo de emagrecer para ficar com o peso ideal entre 73-79 kg. Para 
atingir esse objetivo “pessoal” vou estabelecer, com ajuda de minha nutricionista, uma meta de 
perder 3kg por mês. Para isso vou adotar o seguinte método: modificar minha dieta alimentar e 
implementar caminhadas diárias de 20 minutos; e tenho disponível para custear alimentação e 
academia a quantia mensal de R$ 250,00. 
 
O que não pode ser quantificado não pode ser definido como meta. Observe que a palavra 
método é formada pela união dos termos meta + hodos = caminho. É a maneira de como 
fazer; é um sistema de práticas, técnicas e regras usadas pelas pessoas que trabalham em 
uma disciplina. 
 
De forma simples, uma estratégia define as metas que se querem atingir, os principais 
produtos ou serviços, tecnologias e processos de produção que serão utilizados. Por isso, 
elaborar metas é quantificar cada objetivo, atribuir valores (custos), estabelecer prazos 
(tempo) e definir responsabilidades. 
 
A estratégia orienta, ainda, a maneira como a instituição irá se relacionar com seus 
funcionários, seus parceiros e seus clientes. Uma estratégia é definida quando um 
executivo descobre a melhor maneira de usar sua instituição para enfrentar os desafios ou 
para explorar as oportunidades. 
 
Gerenciar a rotina de tarefas é garantir meios para que o nível operacional atinja resultados 
de produtividade e qualidade esperados pelo nível institucional. 
 
Geralmente, as empresas modernas utilizam o sistema de gestão para formular, desdobrar e 
atingir metas. Esse processo de gerência envolve os três níveis hierárquicos. 
 
O nível estratégico é responsável pela formulação estratégica e estabelece metas anuais e a 
longo prazo para a empresa. O nível tático tem o dever de desdobrar essas metas, através de 
diretrizes e normas. O nível operacional tem como tarefa cotidiana atingir e gerenciar as 
rotinas de trabalho para cumprir as metas pactuadas. 
Perceba como que todas as pessoas, em todos os níveis, devem estar voltadas para atingir 
esse objetivo. 
 
 
Policiamento orientado para o pro
SENASP/MJ - Última atualização 
 
 
Estabelecer 
metas 
 
Desdobrar 
metas e 
medidas 
Atingir 
metas 
 
Figura 2.4: O sis
Fonte: FREITAS 
 
 
Atenção! O gerenc
insumos, o início d
mudanças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O SISTEMA DE GESTÃO PARA
ATINGIR METAS
blema – Módulo 2 
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Formulação Nível 
Estratégico estratégica 
METAS DA EMPRESA 
Desdobramento das 
diretrizes 
Nível Tático 
Gerenciamento da rotina 
do trabalho 
Nível 
Operacional 
tema de gestão para atingir metas 
(2003). 
iamento da rotina só pode ser realizado com metas. As metas são os 
o trabalho do gerenciamento. Não se atinge metas sem que se façam 
Aula 3 - A relação do PDCA com POP 
 
Conforme foi visto na aula anterior, é no nível operacional que ocorre o gerenciamento da 
rotina do trabalho para atingir as metas, visando melhorar a qualidade do serviço prestado 
ou do produto produzido. 
Foi Walter A. Shewhart que deu um salto significativo no conceito de qualidade, pois associou 
as técnicas estatísticas à realidade da empresa de telefonia Bell Telephone Laboratories. 
Shewarth desenvolveu os gráficos de controle, que utilizam maciçamente os princípios 
estatísticos, bem como o próprio ciclo PDCA. Perceba que PDCA é uma sigla formada pelo 
anagrama das palavras em inglês de cada fase desse ciclo, que direciona as atividades de plan 
= planejar, do = fazer, check = verificar e action = atuar. 
 
Figura 2.5: Diagrama do PDCA 
ACTION (atuar) 
- Atue no processo em função dos resultados obtidos. 
PLAN (planejar) 
- Defina as metas. 
- Determine os métodos para alcançá-las. 
DO (fazer) 
- Treine e eduque. 
CHECK (avaliar) 
- Execute o trabalho. 
- Verifique os efeitos do trabalho executado. 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 2 
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Para detalhar melhor o processo PDCA, observe (figura 2.6) a seqüência de tarefas que deve 
ser desencadeada para atingir uma meta e, conseqüentemente, aperfeiçoar a qualidade de 
uma empresa. 
 
Problema: Identificação do problema. 
 
Observação: Reconhecimento das características do problema. 
 
Análise do processo: Descoberta das causas principais. 
 
Plano de ação: Contramedidas às causas principais. 
 
Treinamento dos executores – Comunicação das contramedidas 
 
Atuação conforme plano de ação. 
 
Verificação: confirmação da efetividade da ação 
 
sim 
 
Padronização e conclusão 
 
Figura 2.6: luxo de tarefas do PDCA 
 
Baseado na figura 2.6, para você, qual a correlação que se pode fazer entre a estratégia de 
POP com o método PDCA? 
 
Perceba a semelhança da metodologia, observando o fluxo das atividades entre o método 
PDCA e o método IARA. 
 
 
 
 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 2 
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 Figura 2.5: Diagrama do PDCA 
 
Resposta: Conforme pode ser constatado o PCDA, que é uma ferramenta gerencial 
desenvolvida, em 1924, inspirou aos professores americanos John Eck e Bill Spelman no 
desenvolvimento do model SARA (modelo IARA), que é uma metodologia utilizada na 
estratégia de policiamento orientado para o problema. O método IARA é uma técnica voltada 
para a melhoria da qualidade do serviço policial. 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1) Planejamento é um processo desenvolvido para alcançar uma situação futura desejada de 
um modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços humanos e 
recursos pela empresa. Baseado na afirmação acima,marque a alternativa ERRADA: 
 
( ) Uma das dimensões do planejamento é o seu tempo, que pode ser classificado como curto, 
médio e longo prazo. 
 
( ) Eficácia é a capacidade de produzir alternativas criativas, para obter o resultado e 
aumentar o lucro. 
 
( ) Efetividade é o confronto da eficiência no planejamento. 
 
( ) O planejamento aumenta capacidade de alcançar os objetivos almejados e reduz a 
incerteza. 
 
2) Relacione as colunas Baseando-se nos níveis hierárquicos de uma organização: 
 
(1) Planejamento estratégico. 
 
(2) Planejamento tático 
 
(3) Planejamento operacional 
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( ) É o processo administrativo que tem por objetivo dinamizar uma área da empresa. 
 
( ) Orienta a melhor direção a ser tomado por uma empresa; busca otimizar os fatores 
externos, que não são controláveis. 
 
( ) O foco são as tarefas cotidianas. São exemplos os planos de ação. 
 
3) Marque a alternativa FALSA sobre a relação do POP com o gerenciamento da rotina do 
trabalho. 
 
( ) Foi Walter Shewart que propôs o ciclo PDCA (plan, do, check e action), uma ferramenta 
gerencial em 1924. 
 
( ) Na fase de “planejar” são definidas as metas e determinado os métodos para alcançá-la. 
 
( ) Na fase de “avaliar” são treinadas as pessoas e executado o trabalho. 
 
( ) O ciclo PCDA tem uma correlação direta pelo método IARA, desenvolvido pelo professor 
John Eck e Bill Spelman. 
 
Respostas: 
 
1) Efetividade é o confronto da eficiência no planejamento. 
 
2) 3, 1 e 2. 
 
3) Na fase de “avaliar” são treinadas as pessoas e executado o trabalho. 
 
Este é o final do módulo 2 
 
As metodologias de planejamento 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
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Módulo 3 – Método IARA 
 
No módulo 2, você estudou sobre as principais metodologias para construir um planejamento do 
serviço de segurança pública. Neste módulo, você estudará como se processa o método IARA e 
como aplicá-lo para solucionar os problemas “repetitivos” de segurança pública. 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 4 aulas: 
 
Aula 1 - Identificação 
Aula 2 - Análise 
Aula 3 - Resposta 
Aula 4 - Avaliação 
 
A partir dos conhecimentos tratados neste módulo, você será capaz de: 
 
- Compreender o método IARA (identificação, análise, resposta e avaliação); 
 
- Utilizar o método IARA para resolver os problemas de segurança pública; 
 
- Elaborar o diagrama causa-efeito e plano de ação (5w2h); e 
 
- Ter atitudes pró ativas para resolver os problemas em suas causas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 1 – Identificação 
 
O que é um problema policial? 
Para iniciar esta aula, um desafio para você. Observe atentamente a charge e responda: 
 
Resposta: 
1. A figura retrata um ambiente hospitaleiro para o mosquito Aedes aegypti, o vetor da “dengue”, 
que é um grave problema contemporâneo. Para relembrar, epidemia é uma doença que surge 
rapidamente num lugar e acomete, em pouco tempo, grande número de pessoas. 
 2. A dengue apesar de ser uma doença que afeta milhares de pessoas, quase que simultaneamente, 
não tem sua distribuição em todo o território brasileiro de forma homogênea. Por exemplo: Numa 
mesma cidade, se os bairros de mesma quantidade de população forem comparados, é possível 
identificar os que têm maior ou menor número de vítimas. Ainda, analisando os períodos que 
ocorreram as últimas epidemias é fácil notar que o vetor propaga a doença, principalmente, nos 
meses após as chuvas, depois que o ambiente fica favorável para a eclosão das larvas. 
3. Como já conhecido, a dengue é uma doença causada por um vírus e caracterizada por cefaléia, 
dores nos músculos e nas articulações, comprometimento de vias aéreas superiores, febre, dentre 
outros sintomas. Uma vez contraída a doença, o procedimento é tomar remédios, hidratar-se e 
repousar (estratégias reativas). Mas esses procedimentos de forma isolada, não acabam com a 
doença, somente aliviam os sintomas. As soluções mais eficientes para resolver o problema é 
interromper o ciclo de vida do mosquito (estratégias proativas), seja através da aplicação de 
inseticidas, eliminação dos depósitos de água parada, educação dos cidadãos, etc 
 
 
 
 
1. Essa figura refere-se a qual problema 
vivenciado na sociedade brasileira? 
2. Ele ocorre de maneira uniforme em todo o 
território brasileiro e durante todos os meses do 
ano? 
3. Quais são as principais estratégias para 
solucioná-lo? 
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Qual a relação da epidemia da dengue com o policiamento orientado para o problema? 
 
Trata-se do mesmo assunto: “solução de problema”. Uma das diferenças básicas é o campo da 
ciência utilizado para elaborar “as respostas”, a dengue na área da “saúde” e o crime na área da 
“segurança.” 
 
Solucionar problemas no policiamento não é uma situação nova. A diferença é que o 
policiamento orientado para o problema apresenta um método para trabalhar as causas do 
problema, que geralmente também é utilizado no policiamento comunitário: “o método IARA”. 
 
A solução de problemas pode ser parte da rotina do trabalho policial e seu emprego regular pode 
contribuir para a redução ou solução dos crimes, melhorar a sensação de segurança e, até mesmo, 
diminuir a desordem física e moral vivenciada nos bairros. 
 
O primeiro passo é reconhecer que as ocorrências (que possuem um mesmo padrão de repetição) 
são “incidentes” de um problema maior, que precisam ter suas origens (causas) bem 
compreendidas para ser solucionado. 
 
No policiamento tradicional (rádio-atendimento) a ação do policial é como receitar um 
analgésico para quem está com dengue. Traz alívio temporário, mas não resolve o problema, pois 
o mosquito (vetor) permanece picando as demais pessoas. O remédio é necessário para aquele 
instante, assim como atender uma ocorrência policial, mas a solução é provisória e limitada. Como 
a polícia não soluciona as causas ocultas que criou o problema, ele, muito provavelmente, voltará a 
ocorrer. 
 
No policiamento orientado para o problema, o ideal é analisar como que esse problema está 
ocorrendo, considerando esse caso, atingir o ciclo de vida do vetor (mosquito), como eliminar os 
locais onde tem água parada (pneus velhos, garrafas, vasos, dentre outros), aplicar um inseticida 
ou, até mesmo, desenvolver novos medicamentos para ter uma solução mais duradoura ou 
minimizar esse problema. 
 
Para criar uma resposta adequada, os policiais utilizam as informações obtidas a partir do 
atendimento das ocorrências, de outras fontes da própria comunidade, de pesquisas, etc., para 
terem uma visão clara do problema. Após esse procedimento, podem lidar com as condições 
subjacentes ao problema. 
 
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O serviço policial, no contexto do policiamento orientado para o problema, é muito semelhante ao 
serviço médico preventivo, observe a comparação feita no texto abaixo: 
 
“O médico (policial) fala com o paciente (comunidade) para descrever sua doença (violência de 
gênero – briga de marido e mulher). Algumas vezes a soluçãoestá unicamente com os pacientes (a 
comunidade). Por exemplo, retirar os objetos que possibilitam a concentração de água parada e 
limpa em sua casa (o marido e sua esposa decidem participar de uma terapia de casal, para evitar 
as brigas repetidas). Algumas vezes isso será resolvido pelo médico (policial) e pelo paciente (a 
comunidade) trabalhando juntos, isto é, uma mudança de comportamento acompanhado por 
medicação (mediação do conflito na delegacia policial). Ou apenas o profissional, o médico (a 
polícia), pode resolver o problema através de uma cirurgia (aplicação severa da lei). Ou, ainda, 
temos que aceitar o fato de que alguns problemas simplesmente não podem ser resolvidos, como 
uma doença terminal, por exemplo (problemas sociais graves)”. MOREIRA (2005). 
 
Serviço médico preventivo 
 ROLIM apud GOLDSTEIN (2006: p.23) faz uma importante comparação entre o serviço público de 
segurança e o serviço médico. “A polícia tem sido tradicionalmente ligada ao crime, assim como os 
médicos têm sido relacionados à doença”, entretanto, a ciência médica já conseguiu construir um 
objeto de estudo, mais delineado, sob a ótica positivista da modernidade, as doenças são 
classificadas em especialidades, programas preventivos são experimentados (dentro de um sistema 
lógico). Em contraste, na segurança pública a criminalidade ainda é tratada com muito empirismo 
pelos operadores do sistema de segurança pública; apesar de ser um tema recorrente nas agendas 
de qualquer programa de políticas públicas. 
 
Estudo de caso (baseado na construção de um cenário fictício) 
 
Agora que já sabe o contexto do policiamento orientado para o problema, leia o texto “Estudo de 
caso: bairro Santa Terezinha” (Anexo1) baseado em problemas reais, para “rodar” o ciclo do 
método IARA. Em seguida faça as atividades práticas. 
 
 
 
 
 
 
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Veja como ocorre a 1ª fase do método IARA – Identificação. Observe o ciclo abaixo: 
 
 
Inicialmente é preciso saber o que é um 
problema. 
Problema é aquilo que nos incomoda e é 
objeto de discussão, que pede alguma 
solução, que tem a conotação negativa, em 
qualquer domínio do conhecimento. 
 
Afinal, o que é um problema policial? 
 
- Para GOLDSTEIN (2001), problema policial é “um grupo de duas ou mais ocorrências (cluster de 
incidentes) que são similares em um ou mais aspectos (procedimentos, localização, pessoas e 
tempo), que causa danos e, além disso, é uma preocupação para a polícia e, principalmente, 
para a comunidade”; e acomete, em pouco tempo, grande número de pessoas. 
 
- CERQUEIRA (2001) conceitua que problema “é qualquer situação que cause alarme, dano 
ameaça ou medo, ou que possa evoluir para um distúrbio na comunidade”. 
 
Perceba que os autores, apesar de terem conceitos diferentes, não se restringem em limitar o 
problema policial simplesmente “ao crime ou contravenção”, e também não “generalizam” o 
problema policial. Por exemplo: Uma dificuldade financeira vivida por uma família, que é uma 
questão privada, não cabe uma intervenção policial, num primeiro momento. Se fosse assim, a 
polícia abraçaria tudo que fosse problema social, para ser solucionado, perdendo o seu foco de 
atuação. 
 
Inicialmente, o policial deve identificar os problemas em sua área e procurar por um “padrão ou 
ocorrência persistente e repetitiva”. As ocorrências policiais (problemas) podem ser similares em 
vários aspectos, observe algumas características que facilitam o seu agrupamento: 
 
 
Tipo da infração - Este é o indicador mais comum e demonstra a maneira como as pessoas atuam. 
Consomem álcool? Usam drogas ilícitas? Como praticam o delito? 
Localização - Os problemas podem ocorrer no mesmo local, como em Zonas Quentes de 
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Criminalidade (ZQC), como o centro da cidade, próximo de bares nos estádios de futebol, 
complexos residenciais infestados por assaltantes, etc. 
Pessoas - Quem são os atores sociais envolvidos? Podem ser criminosos reincidentes ou, até 
mesmo, vítimas que já sofreram mais de um tipo de dano. 
Tempo - Qual período ocorre? De forma sazonal, no mesmo dia da semana, na mesma hora da 
noite. Por exemplo: o problema ocorre durante um congestionamento de trânsito rush, durante o 
período de atividades de turismo, etc. 
Eventos - Os problemas podem aumentar durante alguns eventos específicos. Por exemplo: 
durante o período do carnaval, durante um longo feriado ou apósum show de rock. 
 
Parece não haver limite para os tipos de problemas que um policial pode enfrentar e existem vários 
tipos de problemas em que se pode utilizar o modelo de solução de problemas: uma série de 
roubos em uma determinada localidade; “surf” de jovens sobre os ônibus; briga de gangs; 
venda de drogas na porta da escola; alcoolismo e desordem em local público; roubo e furto de 
carros; vadiagem; alarmes disparados em áreas comerciais; problemas de tráfego e 
estacionamento; pichação; prostituição de rua; dentre outros problemas. 
 
Geralmente, “os cidadãos se preocupam com problemas relacionados com o crime, porém, 
muitas vezes, os problemas relacionados à qualidade de vida podem ser mais importantes para 
seus níveis de conforto diário...” (Kelly, 1997). Cabe ao policial orientar a comunidade onde 
trabalha no momento de selecionar o problema. 
 
Buscando pequenas vitórias 
 
As pessoas costumam procurar por problemas em grande escala, definindo-os em termos de 
“gangues armadas”, “doentes mentais”, “crime organizado”, “crime violento”, etc. Vistos dessa 
maneira, os problemas se tornam tão grandes que são difíceis de lidar. Percebendo isso, um 
estudioso chamado KARL WEICK criou o conceito de “pequenas vitórias”. Alguns problemas são 
tão profundos, estáveis e enraizados que são “impossíveis” de serem eliminados. O conceito de 
“pequenas vitórias” ajuda a entender a natureza da análise e a resolver o problema. 
 
Embora uma pequena vitória possa não ser importante, uma série de pequenas vitórias pode 
ter um impacto significativo no todo do problema. Eliminar os danos (venda de drogas, venda de 
bebidas, etc.) é uma estratégia sensível e realista para reduzir o impacto do comportamento da 
briga de gangues (quebrar um problemão em probleminhas). A idéia de pequenas vitórias é também 
uma boa ferramenta quando trabalhada em grupo. 
Policiamento orientado para o problema – Módulo 3 
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O objetivo primário dessa etapa (Identificação) é conduzir um levantamento preliminar para 
determinar se o problema realmente existe e se uma análise adicional é necessária. Para 
facilitar a seleção de um problema, no método IARA, o profissional de segurança precisa fazer as 
seguintes perguntas: 
 
Se o policial encontrou respostas afirmativas (sim) para as três perguntas, então ele deve continuar 
com o método IARA. Se encontrou pelo menos uma resposta negativa (não), o problema deve ser 
novamente discutido com as lideranças locais, para ser melhor identificado, ou deve ser tratado 
com a estratégia de policiamento tradicional. 
 
 Importante! 
É preciso perceber se o problema está associado a um evento “repetitivo” que gera dano, medo ou 
desordem. Se o incidente com que a polícia está lidando não se encaixa dentro dessa definição de 
problema (fatos repetitivos), então o modelo de solução de problemas não deve ser aplicado e a 
questão deve ser tratada com a estratégia de policial tradicional (reativa). 
 
Assim como age um paramédico, diante de um acidente de trânsito, ele atua somente de maneira 
emergencial. Observe este exemplo na área de segurança: No período

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