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Jurisdicao prova

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4. AÇÕES DO CONTROLE DIFUSO: no controle difuso não há ações específicas, como há no concentrado (ADI, ADC, ADO, ADPF)[2]: qualquer ação cabível no caso concreto pode ser utilizada para a realização do controle difuso. Por exemplo: caso uma lei inconstitucional esteja cerceando a liberdade de locomoção, será utilizado o habeas corpus; caso seja outra forma de ilegalidade, que não viole a liberdade de locomoção, pode ser utilizado mandado de segurança etc.          
5. DEMAIS DENOMINAÇÕES: o controle difuso também é conhecido como:
(i) controle concreto: pois é realizado durante o julgamento de um caso concreto.
(ii) por via de exceção: a declaração de inconstitucionalidade é uma exceção processual que deve ser enfrentada pelo juiz antes do julgamento de mérito.
(iii) por via de defesa: era assim chamado em razão de ser comumente usado como matéria de defesa; atualmente, porém, é utilizado tanto pela defesa quanto pela acusação, indistintamente.
(iv) subjetivo: pois há partes em litígio; diferentemente do concentrado, que é objetivo, não havendo partes.
 6. EFEITOS DAS DECISÕES NO CONTROLE DIFUSO: no controle difuso as decisões são inter partes, isto é, vinculam apenas as partes que litigaram em juízo. Vale salientar que com a repercussão geral, súmulas vinculantes e outras mudanças recentes cada vez mais as decisões no controle difuso têm se aproximado das do controle concentrado (erga omnes). Este fenômeno vem sendo chamado pela doutrina de abstrativização do controle difuso. Ressalta-se que como a lei declarada inconstitucional é nula, em regra, as decisões serão retroativas (ex tunc).
7. MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO NO CONTROLE DIFUSO: embora, em regra, as decisões no controle difuso sejam retroativas (ex tunc), invalidando a norma desde a sua promulgação, a jurisprudência do STF admite a modulação temporal dos efeitos da decisão, ou seja, que a norma seja declarada inconstitucional sem a atribuição de efeitos retroativos. Estando presentes no caso concreto (i) razões de segurança jurídica ou (ii) excepcional interesse social o STF, pelo voto de oito dos seus onze ministros (2/3), poderá atribuir efeitos ex nunc (desde então) ou pro futuro à decisão. Para isto, por analogia, aplica-se o artigo 27 da Lei 9.868/1999, que disciplina a modulação dos efeitos na ADI. Exemplos: Recurso Extraordinário 197.917/SP (Casa Mira Estrela); HC 82.959-7/SP (Lei de Crimes Hediondos).
[1] O STF reconhece também a possibilidade de controle de constitucionalidade feito pelo Tribunal de Contas a União, TCU. Eis o teor da Súmula 347 do STF: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público.”.
[2] ADI: ação direta de inconstitucionalidade; ADC: ação declaratória de constitucionalidade; ADO: ação direta de inconstitucionalidade por omissão; ADPF: arguição de descumprimento de preceito fundamental.
O controle judicial de constitucionalidade baseado na Carta de 1988 combina os métodos difuso-incidental e concentrado-principal.
Possui características dos sistemas americano e austríaco. É considerado, portanto, híbrido ou misto. 
Acerca do assunto, Clève dispõe que:
No sistema brasileiro, os juízes e tribunais dispõem de competência para conhecer e para decidir, com recurso possível para um Tribunal que, embora situado dentro da ordem judicial, é o órgão máximo para questões constitucionais. Esse modelo não se confunde com o norte-americano porque ao lado da fiscalização concreta, admite igualmente a fiscalização abstrata da constitucionalidade que é, no caso das leis estaduais e federais em face da Constituição Federal, concentrada no Supremo Tribunal Federal (CLÈVE, 1995, p. 57).
Destaca-se que no sistema brasileiro, o controle de constitucionalidade pode ser exercido por qualquer órgão ou instância do Poder Judiciário, ou seja, por qualquer juiz ou tribunal. Apenas o controle de constitucionalidade pela via principal ou abstrata é de exclusividade do Supremo Tribunal Federal, com relação à Constituição Federal, ou dos Tribunais de Justiça, no caso de afronta às Constituições dos Estados (CUNHA JÚNIOR, 2007, p. 90).
O controle difuso teve origem nos Estados Unidos e fundamenta-se na ideia do julgamento da inconstitucionalidade de uma norma a partir de um caso concreto.
Caracateriza-se, assim, pela existência de uma demanda judicial concreta que, para ser decidida, exige a prévia análise de uma questão constitucional. Ou seja, antes do julgamento do mérito da causa, o Poder Judiciário deve analisar como antecedente necessário a constitucionalidade de um ato normativo.
Dirley da Cunha Júnior, ao tratar do método difuso-incidental, ensina que:
Pelo método difuso-incidental, todo e qualquer juiz ou tribunal pode exercer, por ocasião de uma demanda judicial concreta, o controle da constitucionalidade dos atos e das omissões do poder público, sobretudo em face da surpreendente criação, entre nós, de ação especial de controle das omissões inconstitucionais do poder público, isto é, do mandado de injunção, circunstância que não nega, porém, o controle destas omissões, segundo defendemos, através de qualquer ação judicial comum dirigida a qualquer juiz ou tribunal (CUNHA JÚNIOR, 2007, p. 89).
E complementa:
À vista desse modelo, o controle da constitucionalidade dos atos ou omissões do poder público é realizado no curso de uma demanda judicial concreta, e como incidente dela, por qualquer juiz ou tribunal. Daí afirmar-se que o controle difuso é um controle incidental. É uma combinação necessária. Vale dizer, o exame da constitucionalidade da conduta estatal pode ser agitado, incidenter tantum, por qualquer das partes envolvidas numa controvérsia judicial, perante qualquer órgão do Poder Judiciário, independente de instância ou grau de jurisdição, por meio de uma ação subjetiva (ou peça de defesa) ou de um recurso. Pressupõe a existência de um conflito de interesses, no bojo de uma ação judicial, na qual uma das partes alega a inconstitucionalidade de uma lei ou ato que a outra pretende ver aplicada ao caso. Enfim, desde que se possa deduzir uma pretensão acerca de algum bem da vida ou na defesa de algum interesse subjetivo, pode o interessado arguir, em sede concreta, a inconstitucionalidade como seu fundamento jurídico. No controle em tela, a questão constitucional, consistente na inconstitucionalidade dos atos ou omissões do Estado, ostenta a natureza de questão prejudicial (pré=antes; judicial=de julgar), na medida em que deve ser decidida pelo juiz ou tribunal antes de julgar a própria controvérsia e para poder, até mesmo, resolvê-la definitivamente. É um antecedente lógico e uma conditio sine qua non da resolução do conflito (CUNHA JÚNIOR, 2007, p. 101).
Nota-se, pois, que no controle difuso ou incidental, o objeto da ação é uma controvérsia judicial qualquer, e não a constitucionalidade em si.
Em outras palavras, o objeto da ação é um direito pretendido que, para sua concretização, envolve a aplicação de uma lei que a parte argumenta ser inconstitucional.
E pelo fato de a controvérsia constitucional surgir no curso de uma demanda judicial concreta, qualquer juiz ou tribunal pode analisar a constitucionalidade da norma e afastar sua aplicação no caso concreto, por considerá-la inconstitucional. Representa uma questão acessória, que deve ser decidida previamente ao julgamento do caso em exame.
Deve-se ressaltar que os tribunais só podem declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros de seu órgão especial (artigo 97 da Constituição Federal). É a chamada reserva de plenário.
Além disso, a declaração de inconstitucionalidade feita por um juiz ou tribunal inferior pode ser submetida ao Supremo Tribunal Federal, por meio de recurso extraordinário, na forma do artigo 102, III, da Constituição.
São legitimados para provocar o controle difuso todos aqueles que integram a relação processual, o representante do Ministério Público que atue
no feito, bem como o juiz, de ofício.
Por seu turno, a decisão no âmbito do controle difuso só alcança as partes do processo (eficácia inter partes), não possui efeito vinculante e, via de regra, produz efeitos retroativos (ex tunc)
A decisão só alcança as partes do processo porque no controle incidental o interessado, no curso de uma ação, requer a declaração da inconstitucionalidade da norma com única pretensão de afastar a sua aplicação ao caso concreto. Logo, é somente para as partes que integram o caso concreto que o juízo estará decidindo, constituindo a decisão uma resposta à pretensão daquele que arguiu a inconstitucionalidade. Com isso, a pronúncia de inconstitucionalidade não retira a lei do ordenamento jurídico. Em relação a terceiros, não participantes da lide, a lei continuará a ser aplicada, integralmente, ainda que supostamente esses terceiros se encontrem em situação jurídica semelhante à das pessoas que foram parte na ação em que foi declarada a inconstitucionalidade.
Assim, a lei ou ato normativo declarado inconstitucional no caso concreto continua vigente.
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MODULAÇÃO DOS EFEITOS / ADI
Quanto à existência de suspensão dos efeitos da lei antes da decisão definitiva da Corte, persistem no ordenamento jurídico brasileiro as medidas cautelares, que são cabíveis na ação direta de inconstitucionalidade e na ação declaratória de constitucionalidade. Assim sendo, na hipótese da ação direta de inconstitucionalidade, o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, concederá liminar para suspender a vigência da norma impugnada até a decisão final, em caráter excepcional de urgência. 
Note-se que, inicialmente as medidas cautelares eram concedidas por construção jurisprudencial, entretanto, diante da edição da lei 9.868/99, a aplicação de medidas cautelares, em sede de ação direta de inconstitucionalidade e de ação declaratória de constitucionalidade, passou a estar prevista expressamente em nosso ordenamento. 
Em suma, no sistema jurídico brasileiro tem-se desenvolvido técnicas de interpretação constitucional que permitem a suspensão dos efeitos da lei em caráter 
excepcional, até que a decisão definitiva seja prolatada, além de possibilitar que o STF module os efeitos de suas decisões, por meio de técnicas de declarações parciais ou totais de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, efeitos ex tunc, ex nunc, pro futuro e interpretação conforme a constituição. 
O Supremo Tribunal Federal proferiu, em várias oportunidades, decisões com modulações de seus efeitos com o intuito de dar interpretação conforme a constituição a certos dispositivos normativos. Com o advento da Lei 9.868, de 1999, essa questão foi, enfim, positivada. O artigo 27 da referida lei estabeleceu que: 
Art. 27.Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
É possível perceber, então, que o legislador brasileiro optou por um modelo diferenciado, em que é possível, a depender do caso, a adoção de outras medidas que não somente a declaração de nulidade total da norma. 
Nosso ordenamento jurídico permite, por exemplo, a declaração de nulidade parcial, hipótese em que somente os dispositivos inconstitucionais serão declarados nulos e não a totalidade da lei. No entanto, caso as normas subsistentes não possam existir de forma autônoma, ou caso elas não correspondam à vontade do legislador, não será possível a manutenção dessa lei no ordenamento. 
Outra técnica existente é a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto. O Tribunal poderá, portanto, considerar inconstitucional uma hipótese de aplicação da lei, sem que haja alteração alguma no texto normativo. 
Na Interpretação conforme a constituição, por sua vez, o juiz ou Tribunal, no caso de haver duas interpretações possíveis de uma lei, deverá optar por aquela que se mostre compatível com a constituição.Portanto, o Tribunal declarará a legitimidade do ato questionado desde que interpretado em conformidade com o texto constitucional. 
Cabe ressaltar que o afastamento do princípio da nulidade só ocorrerá quando demonstrado que a declaração de inconstitucionalidade traria danos à segurança 
jurídica ou a algum outro valor constitucional diretamente vinculado ao interesse social.

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