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ILUMINISMO 
Introdução
O Iluminismo foi um movimento filosófico, político, econômico, social e cultural que defendeu o uso da razão como o melhor caminho para se atingir a liberdade, a autonomia e a emancipação do ser humano;
Seus defensores acreditavam vigorosamente no progresso humano através da educação; em sua visão (um tanto quanto utópica...), a sociedade finalmente atingiria a perfeição quando as pessoas tivessem plena liberdade para pôr em prática o pensamento racional.
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O Iluminismo foi também pioneiro na aplicação de métodos científicos ao estudo das sociedades humanas, “rabiscando as modernas ciências sociais”;
A ideia básica, neste momento, era que leis racionais pudessem descrever até mesmo o comportamento social – assim como descreviam os fenômenos naturais - e que
Introdução
justamente o conhecimento destas leis poderia então ser usado para aprimorar as ações humanas.
Em 1693, Locke publica a obra “Pensamentos sobre educação”, defendendo ideias inovadoras, tais como: (1) a educação deve servir para a liberdade; (2) o exemplo é a melhor forma de repassar valores morais e habilidades fundamentais; (3) os pais devem estimular o intelecto de seus filhos; (4) os professores tendem a valorizar o poder etc.
Histórico
Histórico
Locke, já na década de 1680, procurava aplicar os princípios de seu amigo Isaac Newton (recentemente publicados) a áreas tão diversas quanto a psicologia, a economia e a teoria política;
A partir de Locke, “o Iluminismo atingiu a maturidade e começou a espalhar-se para outros países”. (Pevsner)
No século XVII, o movimento de construção do pensamento, portanto, concentrou-se nos problemas das ciências naturais, deixando de lado, por exemplo, as questões relacionadas à história. René Descartes (1596-1650), contudo, foi um dos grandes pensadores que abordou o tema (história) em seus escritos.
A Ideia de História
Para ele, no entanto, a história, “ainda que interessante e instrutiva, ainda que válida para assumir uma atitude prática na vida, não podia reivindicar a verdade” (Collingwood), pois em sua visão, não haveria como ter certeza que os acontecimentos descritos pela história tivessem ocorrido exatamente como foram relatados. Ou seja, para Descartes, a história não chegava a compor, de fato, um ramo do saber...
A Ideia de História
Destaque para o trabalho do filósofo, historiador e jurista italiano Giambattista Vico (1668-1774) que, no início do século XVIII, lançou-se ao desafio de formular os princípios do método histórico, “opondo-se à filosofia cartesiana”; 
Para Vico, sendo o homem o próprio autor da história e tendo ela já acontecido (ou seja, só se conhece o que já foi feito), nada impediria, a princípio, o seu conhecimento. 
A Ideia de História
A Ideia de História
Qual a principal limitação dos estudos históricos promovidos pelos pensadores iluministas?
Uma concepção verdadeiramente histórica da história humana entende que todas as coisas feitas pelo homem tem a sua razão de ser e que surgem com “a finalidade de atender às necessidades dos homens, cujas mentes as criaram”; 
Desta forma, considerar qualquer objeto/construção da história – como foi o caso da religião, combatida pelos iluministas - como inteiramente irracional “é olhar para ela, não como historiador, mas como publicista, como polemista de panfletos”. (Collingwood)
O Iluminismo, em resumo, adotava um sistema que, embora admitisse a existência de um Deus, negava a autoridade de qualquer igreja, questionando a sua própria necessidade (bem como a do clero): o chamado deísmo;
Deísmo: “O Deísmo  expressa uma posição filosófica e (...) religiosa que aceita a ação divina na criação do mundo (...) pela compreensão racional da Divindade, uma percepção que parte do conhecimento das leis que regem a vida e a Natureza. (...) Pela lógica deste pensamento, que racionaliza a crença em Deus, (...) é dispensável a criação de cultos religiosos formais” (Ana Lúcia Santana)
O Iluminismo e a Religião
O Iluminismo francês exerceu uma poderosa influência na Inglaterra; naquela época, muitos jovens de sua elite viajavam à França para completar sua educação; 
Dentre eles, alguns expoentes do pensamento inglês, tais como Adam Smith (1723-1790), o “pai da economia moderna”.
O Liberalismo Econômico
“A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes.”
“O Estado não deve interferir na economia. Ela se ajusta por si só.”
Uma nova escola de economistas se desenvolveu no período. Através de Adam Smith, foram apresentados uma série de “princípios invariáveis” do comportamento econômico, baseados na crença de que as pessoas, apesar de agirem de acordo com seus próprios interesses, através da competição trabalhariam para promover o progresso econômico geral: surgem as bases do liberalismo econômico. 
O Liberalismo Econômico
“Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações” (1776)
Os defensores do liberalismo econômico, por sua vez, apontavam as mazelas do mercantilismo e sua doutrina baseada fortemente nas riquezas da terra (agricultura) e na acumulação de metais preciosos;
O Liberalismo Econômico
Os iluministas, naturalmente, combatiam com vigor a instituição do monopólio comercial, típico das economias colonialistas (Inglaterra, Portugal etc.) e/ou fortemente centralizadas (França). 
Ainda de acordo com Adam Smith, os governos deveriam evitar a regulação, em favor da livre operação da iniciativa privada e das próprias forças do mercado;
O Liberalismo Econômico
Este, por sinal, é um dos mais importantes enunciados da política econômica liberal e também mais um exemplo da crença dos iluministas em modelos gerais do comportamento humano derivados do pensamento racional. 
No século XVII, o colecionismo de antiguidades já havia se tornado moda também fora da Itália. E uma vez que Roma perdia o seu poder econômico, importantes coleções eram vendidas para a França, Inglaterra e outros países europeus. 
História & Herança Cultural
A França, através do influente Ministro das Finanças de Luís XIV, Jean-Baptiste Colbert, fundou em 1666 a Academia Francesa em Roma; seus membros tinham como função principal estudar os antigos monumentos da cidade, preparar desenhos em escala e propor “restauros” ilustrativos, baseados nas hipotéticas “formas originais” dos antigos monumentos. 
História & Herança Cultural
Sociedades acadêmicas na Itália também foram criadas por ingleses– a Sociedade dos Antiquários (1717) e a Sociedade dos Dilettanti (1734). Este intercâmbio entre artistas e estudiosos ingleses, franceses e italianos, por sinal, iria contribuir posteriormente para o nascimento e difusão do movimento neoclássico na Europa.
História & Herança Cultural
Descobertas Arqueológicas: Resultados
Em resumo: as grandes descobertas arqueológicas do século XVIII – e os estudos produzidos in loco - estão entre os principais fatores a influenciar o neoclassicismo, que – conforme veremos mais adiante – foi a solução escolhida pelos arquitetos para substituir os excessos do barroco tardio e do rococó.
O neoclássico, porém, ao procurar uma nova definição para a arquitetura, penetrou em todos os campos da arte (pintura, escultura etc.) e, como veremos adiante, ainda influencia , em maior ou menor grau, a cultura ocidental.
Hebe 
(Antonio Canova)
Descobertas Arqueológicas: Resultados
Antiochus e Stratonice
(Jean Auguste Ingres)
Winckelmann
Ou seja, a Antiguidade Clássica, até o século XVIII, era concebida como algo estático;
Uma consequência dessa “visão aistórica” e “assistemática” era “a compreensão das culturas grega e romana como
um continuum”, sem que se gerassem grandes esforços para diferenciar materiais de procedência grega ou romana.
Introdução
A tendência a ignorar as qualidades formais dos objetos antigos, por sua vez, difundiu o uso generalizado de reproduções (gravuras), que eram consideradas “suficientemente fiéis” para uma análise de conteúdo. 
Introdução
Tal confiança na “fidelidade”
das cópias gravadas era generalizada e aparentemente compartilhada até mesmo por J. J. Winckelmann antes da sua chegada a Roma (em 1755); 
Introdução
De fato, apesar de todo o seu interesse pela questão estética da arte antiga, ele jamais mencionou eventuais dificuldades ou sequer questionou o hábito de investigar essas qualidades nas reproduções gravadas enquanto desenvolveu seus estudos na Alemanha...
Consequentemente, foi um grande choque para Winckelmann descobrir, em Roma, “quão frágeis eram as bases de suas pesquisas anteriores”: “Antes eu achava que sabia tudo, mas não! Ao chegar aqui percebi que não sabia nada e que todos os escritores eram bestas e burros. Sinto-me menor do que era quando deixei a escola e cheguei à biblioteca de Bünau”.
Ou seja, Winckelmann, como pregavam os iluministas, teve a coragem de dar maior importância às suas próprias descobertas do que aceitar passivamente o que diziam as obras que consultava!
Introdução
Introdução
Winckelmann, portanto, passou a criticar todas as publicações até então compiladas a respeito da história da arte clássica, argumentando que os autores não haviam tido contato direto com os temas/objetos;
Podemos dizer que começou aí a sua preocupação em destacar o original em relação às cópias.
Introdução
Para ele, portanto, aqueles que falavam sobre a arte antiga “elogiavam-na em termos gerais ou então baseavam seus critérios em premissas falsas.” (Johkileto) 
André Felibien: “Princípios da Arquitetura, Escultura e Pintura...” (1697)
Em Resumo: no tempo de Winckelmann (meados do século XVIII), o padrão predominante no estudo das antiguidades ainda era muito marcado pelo “colecionismo enciclopédico” do século anterior (XVII); 
Ou seja, a maior parte dos “antiquários”, com poucas exceções, se referia à Antiguidade Clássica como um todo homogêneo, classificando objetos gregos e romanos em conjunto, nas mesmas “categorias temáticas ou utilitárias”, dando pouca atenção à sua aparência formal.
Introdução
J. J. Winckelmann
Johann Joachim Winckelmann (1717-1768) nasceu na Alemanha, tornando-se um arqueólogo e historiador da arte;
Considerado o “pai da história da arte”, foi o pioneiro dos estudos helenísticos e o primeiro a articular a diferença entre a arte grega, a arte greco-romana e a arte romana propriamente dita.
Curiosidade: de acordo com Louis Ruprecht Jr. (“Winckelmann and the Vatican’s First Profane Museum”), Winckelmann (em 1761) teria convencido o Vaticano a dividir em duas as suas galerias (uma sacra e uma profana), criando assim o seu primeiro “Museu Profano”, inteiramente desvinculado da biblioteca e aberto à visitação pública. 
J. J. Winckelmann
Louis Ruprecht Jr.: “... o profano foi separado do sagrado, o visual foi separado do textual, museus públicos foram separados das bibliotecas particulares, e como resultado a Arte foi definitivamente separada da Religião.... Essa é a história oculta e secreta de como um corajoso novo mundo do olhar passou a existir”. 
J. J. Winckelmann
Em paralelo às ações no Vaticano, Winckelmann também realizou visitas às escavações de Herculano e ao museu em Portici;
Deram-lhe autorização de permanecer no máximo 2 meses e, durante esse período, sem direito “a examinar de perto as peças, nem tomar notas e nem realizar desenhos”. Na verdade, essa atitude, na época, estendia-se a todos os visitantes...
J. J. Winckelmann
De acordo com Alex Potts (1994), a maior contribuição de Winckelmann para o estudo das antigas obras de arte foi justamente “a proposição de um sistema no qual a totalidade das esculturas da Antiguidade Clássica pudesse ser situada cronologicamente, de acordo com as mudanças em sua aparência exterior, ou seja, segundo a sua evolução estilística”. 
J. J. Winckelmann
Portanto, era essencial para Winckelmann que as antigas obras de arte, até mesmo os fragmentos, fossem cuidadosamente identificadas e preservadas para servirem como objetos de estudos.
J. J. Winckelmann
O fato dele distinguir o original – a partir dos quais seria feita a verificação dos fatos (estudos) - dos acréscimos posteriores foi significativo, pois focou a atenção justamente em salvaguardar o original.
Conjunto escultórico datado do século II de nossa era, “Marte e Vênus” foi cedido por empréstimo ao escritório de Silvio Berlusconi (quando presidente da Itália).
J. J. Winckelmann
Na virada do século (XVIII para o XIX), uma nova geração de intelectuais já adotava o seu método, não apenas para o estudo da Antiguidade Clássica, mas principalmente para outros períodos da história;
J. J. Winckelmann
Ao dar o primeiro passo em direção ao uso de métodos científicos para o estudo e a definição de objetos antigos (e para a sua avaliação histórica e artística), Winckelmann também tem sido louvado por alguns historiadores como o “pai da arqueologia moderna”.
Importante: Winckelmann não era contra o restauro; ele apenas insistia que o serviço fosse executado sem falsificar o conceito artístico da obra de arte original e sem que os acréscimos “modernos” enganassem o observador cuidadoso (incluindo os pesquisadores, é claro).
Restauro de “David” no ano 2500?
J. J. Winckelmann
Winckelmann tornou-se um dos principais teóricos – e defensores – do neoclássico, não apenas em função do seu grande conhecimento da Antiguidade Clássica, como também por sua crença no conceito da beleza ideal; 
Winckelmann e a “Beleza Ideal”
Para ele, o principal critério para a avaliação das obras de arte era, portanto, o da “beleza ideal” e o ponto culminante deste ideal encontrava-se justamente na escultura grega.
“O Discóbolo”, de Mirón (c.455 a.C.)
Acontece que, até o surgimento das ideias de Winckelmann, poucos artistas mostravam alguma preocupação em distinguir as obras originais gregas das romanas;
No final do século XVI, por exemplo, era costume identificar as estátuas antigas pelo vestuário: as estátuas nuas seriam gregas e as vestidas romanas. Teóricos da arte chegavam inclusive a defender este sistema afirmando que os romanos não teriam tido o talento necessário para representar as estátuas sem as vestes! (Porstner)
O restauro antes de Winckelmann
E mais: o acesso às principais coleções gregas e romanas era um privilégio para poucos. Durante um bom tempo, portanto, a principal forma de contato dos artistas com as peças clássicas era mesmo, como vimos antes, através de gravuras ou então, em casos mais raros, cópias feitas em gesso.
O restauro antes de Winckelmann
Gravura de François Perrier, parte da obra Segmenta nobelium signoroum et statuarum quae temporis dentem invidium evasere (1638), contendo imagens de quase uma centena de estátuas selecionadas em função de sua qualidade (misturando obras clássicas com as de Michelangelo!). 
Apesar dessas dificuldades, no século XVII, era senso comum que as estátuas antigas, para serem expostas, precisariam estar “completas”;
Quando lembramos a crescente procura por peças clássicas verificada a partir do século XVII (quando ricos visitantes, após conhecerem a Itália, passaram a querer formar as suas próprias coleções, em busca do prestígio que elas lhes forneciam), temos a explicação para o surgimento de uma verdadeira “indústria do restauro” nas principais cidades europeias (Roma, Florença, Paris, Londres etc.), fonte de renda para muitos artistas.
O restauro antes de Winckelmann
Além disso, ao executarem os “restauros”, era comum que o estilo pessoal de cada artista acabasse se refletindo no trabalho que produzia;
Não é de estranhar, portanto, que muitas coleções de Roma expusessem lado a lado obras “modernas” e peças antigas autênticas.
O restauro antes de Winckelmann
“Apolo e Dafne”, de Gian Lorenzo Bernini (c.1622) 
Estes “restauradores”, portanto, produziram peças que “não são nem inteiramente antigas e nem inteiramente modernas”, o que nos leva a ter que analisar as intervenções “sob a luz dos gostos barrocos dos patronos, das inovações artísticas e da aceitação (ou rejeição) dos modelos clássicos”. (Porstner)
O restauro antes de Winckelmann
“Adonis” (torso romano “completado” por François Duquesnoy na década de 1620)
E assim, Winckelmann, em parceria com Raphael Mengs (1728-1779) - pintor alemão e um dos principais teóricos do neoclassicismo - começou então a alertar – de maneira pioneira - para a importância de estabelecer-se regras claras para que se pudesse fazer uma efetiva distinção entre o material original (e genuíno) de tudo aquilo que havia sido acrescentado posteriormente;
Ou seja, uma forma de distinguir-se o “real” do “pastiche” ou do “imaginário”.
Winckelmann e o restauro
Algumas recomendações práticas apoiadas por Winckelmann: (a) que as novas partes fossem produzidas com o mesmo material da obra antiga, “completando respeitosamente as intenções artísticas originais”; (b) quando adições fossem necessárias, elas deviam ser ajustadas de acordo com a superfície degrada original; (c) que não fossem usadas as “pátinas artificiais”; (d) que a superfície original não fosse alterada (alisada) removendo as imperfeições; (e) que o ideal, porém, seria expor as peças sem adições, pois “um erudito pode descobrir isso um dia, como frequentemente acontece”.
Winckelmann e o restauro
NEOCLASSICO
As grandes descobertas arqueológicas do século XVIII (Herculano, Pompéia, Estabia etc.);
As escavações realizadas em Atenas, Palmira, Baalbek, Roma etc.;
O trabalho das sociedades acadêmicas na Itália criadas por ingleses - a Sociedade dos Antiquários (1717) e a Sociedade dos Dilettanti (1734) - e por franceses, que permitiram um rico intercâmbio entre artistas e estudiosos de diferentes origens.
Histórico - Influências
A documentação produzida a partir destas descobertas arqueológicas transformadas, logo a seguir, em inúmeras (e importantes) publicações;
As obras de Johann J. Winckelmann, em especial A História da Arte na Antiguidade (1764) e sua teoria sobre a “beleza ideal”; 
A tradução em diversas línguas de todas essas importantes obras e a influência que exerceram nos estudiosos de diversos países;
Histórico - Influências
O racionalismo proposto pelo Iluminismo e pela Revolução Industrial;
O surgimento e o crescimento de uma rica burguesia (os novos industriais, os banqueiros, os grandes comerciantes etc.), ansiosa por exibir o seu poder, seu prestígio e a sua erudição (nem sempre real...);
Tudo isso, como seria de se esperar, possibilitou a difusão do neoclassicismo nos principais países da Europa.
Histórico - Influências
Para a história da arquitetura, portanto, o neoclassicismo do século XVIII foi um movimento “reacionário contra os excessos do Rococó e do Barroco tardio”;
Histórico - Arquitetura
Àquela altura, o Barroco, de fato, havia “atingido um impasse, em que só se afigurava possível uma elaboração cada vez maior das mesmas ideias”. (L. Benevolo)
De acordo com Benevolo, o neoclássico teria sido introduzido na França a partir da visita do influente Marquês de Marigny - junto com o arquiteto Jacques-Germain Soufflot (1713-1780) - ao norte da Itália em 1748; 
O Neoclássico na França
No retorno à França, artigos publicados pelos dois no jornal Le Mercur passaram a criticar duramente o Rococó, “preparando o terreno para o neoclássico”.
O Neoclássico na França
A cúpula de Sainte-Geneviève eleva-se sobre uma parede quase inteiramente lisa (pois as janelas originais foram tapadas em 1791 por Quatremère de Quincy).
Este monumento - o maior de todos os arcos do triunfo – ainda domina o longo eixo dos Champs-Elyseés (apesar de prejudicado por sua situação atual tão inadequada, rodeado por inúmeras avenidas...);
Como diz Benevolo, o arco de Napoleão “quase torna concreto o ideal de grandeza”. 
O Neoclássico na França
Na Inglaterra, contudo, o ambiente é bem “menos ambicioso” e muito mais “descontraído” do que o francês; 
Este “informalismo” inglês pode ser explicado tanto por sua estrutura social e política (menos rigorosa, com um maior equilíbrio entre a monarquia, a nobreza e a classe média), como também pela força da tradição inglesa no domínio da construção.
O Neoclássico na Inglaterra
Destaque inicial para o trabalho dos dois John Wood, pai e filho, na estância termal e recreativa de Bath ao longo do século XVIII;
Nascido em Bath, John Wood (o pai), além de arquiteto, era também um empreendedor e próspero homem de negócios; 
O seu desejo era o de transformar a pequena cidade de Bath, já conhecida por suas águas termais, em uma “Roma britânica”.
O Neoclássico na Inglaterra
John Wood, “the Elder” (1704-1754)
Entre 1727 e 1780, os Wood criaram dois importantes tipos de construção: os terraces (filas de típicas casas inglesas, alinhadas e padronizadas, que se tornaram um protótipo para ruas e praças na Grã-Bretanha por mais de um século) e uma série de “espaços harmoniosos, mas contrastantes” que ficaram na história como bons exemplos de arquitetura urbana: Queen Square, Gay Street, o Royal Circus e o Royal Crescent.
O Neoclássico na Inglaterra
O Neoclássico na Inglaterra
Royal Crescent
(Bath)
O Neoclássico na Inglaterra
The Royal Circus (começado por John Wood pai e concluído pelo filho) – Bath (Inglaterra)
Com alas extensas, torres nos cantos e diferentes pavilhões, cada secção deste edifício relativamente complexo constitui “uma experiência independente de purismo no estilo clássico palladiano”. 
O Neoclássico na Inglaterra
O grande projeto de William Kent para Holkham Hall – “uma obra-prima austera” - em Norfolk, foi começado em 1734; 
Chiswick House (c.1725), foi a villa que Lord Burlington criou para si mesmo, próximo a Londres;
Colocada simetricamente sobre uma plataforma, com “complicadas escadarias” e um pórtico, este edifício tem “um encanto especial” por imitar a Villa Rotonda de Palladio. 
O Neoclássico na Inglaterra
Porém, como está situada a uma latitude norte de 51° , ela obviamente funciona muito mal como habitação... 
O Neoclássico na Inglaterra
Ou seja, a maior crítica que podemos fazer ao uso indiscriminado desse estilo de arquitetura na Inglaterra é a sua inadequação ao clima rigoroso do país (especialmente durante o inverno)! 
O Neoclássico na Inglaterra
Nostell Priory, casa de campo reformada por Robert Adam a partir de 1766
Mas, de acordo com Benevolo, é como “decorador exímio” que R. Adam deve ser lembrado; ou seja, por seus projetos de mobiliário, tapetes, lareiras de mármore, tetos de estuque etc.
O Neoclássico na Inglaterra
Outro arquiteto inglês muito importante no período foi John Nash (1752-1835), que destacou-se principalmente como urbanista; 
Entre 1812 e 1827, Nash realizou um grande complexo de parques, ruas, terraces, praças e igrejas na região do West End de Londres, desde Regent’s Park (ao norte) até St. James’s Park (ao sul).
O Neoclássico na Inglaterra
Com este projeto, Nash transformou Londres “numa grande cidade cosmopolita”, transferindo o seu centro do “velho labirinto de ruas largas e estreitas da City e do Soho” para as zonas elegantes de St. James’s e Mayfair. 
O Neoclássico na Inglaterra
Cornwall Terrace
O plano de Nash para Londres consistiu basicamente dos seguintes elementos: (1) os 10 terraces à volta do Regent’s Park; (2) a incorporação do Portland Place, de Robert Adam; (3) a criação de uma Royal Mile completamente nova, composta pela Upper e Lower Regent Street; (4) a praça do Piccadilly Circus; (5) a Waterloo Place; (6) a Carlton House Terrace e (7) o St. James’s Park, assim como uma série de ruas e espaços adjacentes; 
Dentro deste grande plano, Nash foi o arquiteto de quase todos os edifícios.
O Neoclássico na Inglaterra
O traçado das ruas criadas por Nash tinha grande qualidade: as retas e as curvas, por exemplo, “eram cuidadosamente demarcadas com pequenas torres de canto”.
O Neoclássico na Inglaterra
Western Strand
(próximo ao Trafalgar Square)
www.peterberthoud.co.uk
No resto da Europa, percebemos que o Classicismo, assim como na França napoleônica, foi adotado “como a materialização dos ideais autocráticos”.
O Neoclássico no Continente Europeu
Alte Pinakotheke (Munique: 1826-1836), de Franz Leo von Klenze
A Engenharia e Neoclassicismo
Para o espírito iluminista, as “tradicionais formas renascentistas” justificavam-se por duas razões principais: (1) o fato de que correspondiam aos antigos modelos greco-romanos (que agora eram estudados com um maior rigor científico) e (2) o fato de que a racionalidade das formas clássicas acabavam favorecendo os construtores naquelas situações em que os elementos tradicionais (colunas, arquitraves etc.) podiam ser assimilados mais facilmente pelos elementos construtivos (pilares, vigas etc.). 
A partir do início do século XIX, “duas posições opostas, ambas extremas e representadas por um instituto oficial, se confrontavam na França”: a École des Beaux-Arts e a École Polytechnique, ambas em Paris; (S. Giedion)
 A École des Beaux-Arts, criada em 1803 por Napoleão (uma das 5 instituições que compunham o Institut de France), tinha um programa que cobria toda a área das artes plásticas, mantendo “aquela unidade entre a arquitetura e as outras artes que (...), infelizmente, fomentou “um isolamento crescente das artes em relação às condições da vida cotidiana”.
A Engenharia e Neoclassicismo
A École Polytechnique (fundada em 1794), por sua vez, oferecia “uma formação científica uniforme para as escolas técnicas avançadas” – l’école des ponts et chaussées, l’école des mines, l’école de l’artillerie etc. – contando com ilustres matemáticos, físicos e químicos em seu quadro docente;
S. Giedion: “a École Polytechnique desempenhava o importante papel de combinar a ciência teórica à prática. O fato de ter influenciado diretamente a indústria é irrefutável”.
A Engenharia e Neoclassicismo
A existência em separado dessas duas Écoles, portanto, era um reflexo – e também um agente fomentador – da crescente “cisão entre arquitetura e construção” que seria observada ao longo do século XIX e que, por sua vez, “criaria a demanda por uma nova arquitetura”; (S. Giedion)
De fato, as questões mais discutidas na época surgiam das controvérsias entre estas duas escolas: (1) Que princípios deve seguir a formação de um arquiteto?; (2) Qual a relação entre o engenheiro e o arquiteto? (3) Quais as atribuições específicas de cada um? (4) Eles constituem um só profissional? 
A Engenharia e Neoclassicismo
No final do século XVIII, alguns professores demonstraram preocupação com o fato de que a arquitetura estaria ficando para trás em termos de progresso e ciência;
Em função disso, começaram a surgir tentativas de construir uma verdadeira “ciência da arquitetura”; 
A Ciência da Arquitetura
O trabalho de Jean-Nicolas-Louis Durand (1760-1834) na École Polytechnique, neste aspecto, resume este esforço de alcançar uma sistematização do conhecimento arquitetônico.
De 1796 a 1833, Jean-Nicolas Durand lecionou no curso anual de arquitetura da École, desenvolvendo um método para “adquirir as verdadeiras habilidades arquitetônicas em um curto período de tempo”: as palestras semanais (com 1 hora de duração) eram seguidas de oficinas de desenho com 3 horas de duração, nas quais os alunos geralmente copiavam as plantas impressas em seus livros. 
A Ciência da Arquitetura
Durand: “...conveniência e economia são os meios que deve naturalmente empregar a arquitetura e as fontes das quais deve extrair seus princípios, os únicos que podem nos guiar no estudo e no exercício dessa arte”;
Conveniência: resultado da solidez, salubridade e comodidade (“se o número e o tamanho de todas suas partes, se sua forma, sua situação e sua disposição estão na mais exata relação com sua destinação”).
Economia: “...tendemos a concluir que um edifício será tão menos dispendioso quanto mais simétrico, mais regular e mais simples ele for”.
A Ciência da Arquitetura
Durand passou a criticar, portanto, a noção tradicional das ordens clássicas: “é preciso concluir, necessariamente, que as ordens não formam, de fato, a essência da arquitetura; que o prazer que se extrai de sua utilização e da decoração que daí resulta não existe; que essa mesma decoração é uma quimera e as despesas a que leva constituem uma loucura”. (Durand)
A Ciência da Arquitetura
Ele efetua, assim, uma espécie de “seleção das formas” tradicionais, dando preferência justamente às mais “simples e esquemáticas”, aplicadas a esquemas modulados (uma ideia que antecipou a moderna noção de industrialização da construção).
Prancha do “Précis...” (1802)
A Ciência da Arquitetura
Em seu tratado de 1802, estão expostas as principais características da arquitetura defendida por Durand, muitas delas válidas até hoje: 
o modo de composição por justaposição das paredes; 
a independência da estrutura em relação aos acabamentos;
A Ciência da Arquitetura
a preferência por cotas em números “redondos” ;
paredes “limpas”, sem pilastras engastadas, pedras angulares, rusticados etc.;
a preferência pelas formas elementares (especialmente o quadrado) nos projetos etc.
A Ciência da Arquitetura
ROMANTICO
O Movimento Romântico teve origem na Inglaterra, principalmente como manifestação literária; 
Na literatura, o Romantismo foi “a reação do sentimento contra a razão, da natureza contra o artificialismo, da simplicidade contra a ostentação, da fé contra o ceticismo”.
Histórico
Caspar Friedrich – “Wanderer above the sea of fog” (1818)
Histórico
Qualquer que seja seu objeto (arte, literatura, arquitetura), “a atitude romântica é de nostalgia, isto é, antagonismo ao presente, um presente que, para alguns, era principalmente a frivolidade rococó, para outros, o racionalismo sem imaginação, e para outros ainda, um feio industrialismo e comercialismo”. (R. Jordan)
Histórico
Ao lado disso, não podemos deixar de levar em conta que, neste momento, a maior clientela dos arquitetos vai ser justamente uma burguesia em ascensão – em grande parte ligada à indústria - que, além de não possuir uma educação erudita (sem falar na “falta de boas maneiras” sugerida por Pevsner...), era composta de “individualistas convictos”.
Histórico
Assim sendo, “infelizmente, para o futuro imediato da arquitetura”, inúmeros estilos possíveis haviam sido explorados – muitas vez só por diversão - por alguns admiradores “ociosos e sofisticados” do século XVIII, compondo verdadeiras “fantasias nostálgicas de um tempo e um espaço distantes”; 
Os ingleses, por exemplo, usam o termo “folly” para descrever algumas dessas “brincadeiras” arquitetônicas...
Templo “arruinado” nos jardins do Castelo de Highclere (Inglaterra)
“Nenhuma destas follies tinha qualquer mérito intrínseco; (...) transbordavam de sentimentalismo e de resto eram vãs. (...) tudo isto existia, por razões que talvez fossem válidas, mas que de certo eram mais literárias e românticas do que puramente de ordem arquitetônica”. (Jordan)
Histórico
Folly – Pagode chinês do Kew Gardens, em Londres (1762) projeto de Sir William Chambers
Uma vez que o importante é a interpretação, “o mesmo tratamento é aplicável a todo tipo de forma do passado, (...) produzindo os respectivos revivals: o neogótico, e neobizantino, o neo-árabe, e assim por diante”; (Benevolo) 
Os autores ingleses chamam a este movimento, em sua forma mais ampla, de historicism (“historicismo”).
Histórico
“Iranistan”, casa do magnata americano P. T. Barnum (1848)
Consequentemente, nas primeiras três décadas do século XIX, encontraremos “a mais alarmante situação social e estética na arquitetura”: os arquitetos acreditavam que qualquer coisa criada nos séculos anteriores à Revolução Industrial seria necessariamente melhor que qualquer obra que expressasse o caráter de sua própria era!
Histórico
Wray Castle (c.1840)
Os clientes, por sua vez, agora também exigiam outras qualidades além das estéticas para aprovar um projeto; 
Neste caso, além de compreender as associações propostas pelos defensores do Movimento Romântico, os clientes também procuravam uma qualidade que eles, neste momento, já tinham condições de captar ou mesmo
de conferir: a fidelidade da imitação. 
Histórico
Wray Castle (c.1840)
Para Vanbrugh, os antigos castelos medievais tinham um significado especial, o que o levou a defender veementemente a preservação das ruínas autênticas quando as encontrava, pois elas “provocavam reflexões vivas e agradáveis (...) sobre as pessoas que aí habitaram e sobre os memoráveis feitos que aí se realizaram” e também porque “com teixos e azevinhos da agreste vegetação” essas ruínas compunham “um dos mais agradáveis objetos que o melhor dos pintores de paisagens poderia criar”.
Neogótico: Introdução
Ao utilizar destes dois argumentos – o “associativo” e o “pitoresco” – Vanbrugh e seus contemporâneos do século XVIII criaram a base do ressurgimento romântico na arquitetura, no qual o estilo neogótico teria grande destaque.
Fountains Abbey 
(Inglaterra)
Neogótico: Introdução
Em 1845, têm início os trabalhos de restauro da célebre Catedral de Notre-Dame de Paris, projeto de Jean Baptiste Lassus e Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc. 
Desenho de Viollet-le-Duc retratando o saque e a destruição da sacristia de Notre Dame durante os conflitos políticos de 1831
O Neogótico
Consequentemente, após 1830 na França, testemunhamos a construção em estilo gótico de inúmeras casas particulares e edifícios religiosos (às vezes por exigência do próprio clero);
Exemplo: só na década de 1850 foram construídas quase 100 igrejas neogóticas na França! 
O Neogótico
Basílica de Sainte-Clotilde, em Paris (1827-1857)
Por volta de 1835, o arquiteto e escritor Augustus Welby Pugin (1812-1852) estabeleceu definitivamente a associação entre o cristianismo e o estilo gótico na Inglaterra e transferiu esta relação para a teoria e a prática arquitetônicas inglesas;
A partir dele, construir segundo as formas da Idade Média era “um dever moral”.
O Neogótico
Em 1846, a Academia Francesa, apesar de aceitar a admiração histórica do estilo gótico e de reconhecer a necessidade de preservar seus monumentos, lança um manifesto condenando a imitação dos estilos medievais como uma atitude “arbitrária e artificiosa”: “será possível retroceder quatro séculos e dar como expressão monumental a uma sociedade que possui suas necessidades, seus costumes, seus hábitos próprios, uma arquitetura nascida da necessidade, costumes, hábitos da sociedade do século XII?”.
O Neogótico
Para a Academia, somente um “capricho” ou um “divertimento” poderia justificar a construção de uma igreja ou de um castelo gótico em pleno século XIX;
 Ela ainda afirma que um verdadeiro cristão, diante de um daqueles “plágios” góticos, jamais sentiria a mesma “comoção” provocada por um templo religioso gótico autêntico.
O Neogótico
Votivkirche Wien
(1856-1879)
Além disso, para a Academia, estava claro que o valor estético das edificações projetadas pelos neoclássicos era superior ao das construções neogóticas (afirmação com a qual o próprio Pevsner concorda...).
O Neogótico
Agências do Banque de France
Em resposta a estas colocações, os principais defensores do neogótico, tais como Eugène E. Viollet-le-Duc e Jean-Baptiste Lassus, observam que a alternativa proposta pela Academia, ou seja, a linguagem clássica, também era um produto da imitação;
E mais: que o estilo clássico, além de adotar modelos ainda mais antigos que o gótico, havia sido criado para um clima bastante diferente do clima francês e inglês, por exemplo.
O Neogótico
E. E. Viollet-le-Duc
(1814-1879)
Viollet-le-Duc, além disso, também fora um dos defensores do uso do ferro nas construções – desde que fosse usado “segundo suas características peculiares, e não como substituto dos materiais tradicionais” – e procurou usar este material em seus projetos de uma forma bastante inovadora (apesar da visível influência gótica de seu traçado).
O Neogótico
Dessa forma, ao associar o movimento neogótico com o racionalismo, Viollet-le-Duc provocou uma importante “reviravolta” neste movimento: ele estimulou não apenas um “salutar reexame” da herança artística do passado, como também uma análise menos preconceituosa dos processos construtivos “modernos”;
O Neogótico
E de fato, os livros publicados por Viollet-le-Duc tiveram grande influência na formação da geração seguinte de arquitetos, geração da qual, por exemplo, surgiram os “mestres” da Art Nouveau. 
O Neogrego
Quanto ao revival clássico, os anos de 1820-1840 caracterizam-se pelo “mais correto” estilo neogrego (ou seja, o momento em que a “fantasia deixou de ser utilizada no tratamento da Antiguidade” pela arquitetura); (Pevsner)
Os resultados são “eficientes” e, nas mãos dos melhores arquitetos, de uma “dignidade nobre”; (Pevsner) 
Para alguns historiadores, o neogrego representa justamente a fase final do movimento neoclássico.

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