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CONTABILIDADE PUBLICA

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1 INTRODUÇAO 
 
A Administração Pública está submetida a condições estabelecidas pelo legislador no 
que tange as contratações de serviços e compra de bens para que o dinheiro público não seja 
utilizado para satisfação de interesses pessoais em detrimento aos interesses coletivos. Essa 
limitação é vista nos processos licitatórios com o objetivo de impedir a subjetividade das 
compras de bens e serviços públicos. 
 A Licitação, segundo Angélico (1994), é um instrumento jurídico que colabora para 
que as contratações públicas sejam feitas dentro da moralidade. Através de procedimentos 
administrativos ocorre a seleção da proposta que a entidade pública considerar mais vantajosa, 
ou seja, aquela que atenda os interesses da coletividade e da administração, observando 
sempre a preponderância do interesse público de forma que jamais viole os direitos 
fundamentais. 
 O procedimento licitatório é obrigatório nas entidades da Administração Pública 
Direta, onde citamos a União, os Estados Membros, o Distrito Federal e os Municípios, assim 
como na Administração Indireta, como as Autarquias, Fundações, Empresas Públicas, 
Sociedades de Economia Mista e suas subsidiárias. Ainda estão obrigadas a licitar, segundo a 
Lei 8.666/1993, as Corporações Legislativas, bem como o Poder Judiciário e os Tribunais de 
Contas. 
 De acordo com o autor Diógenes Gasparini (2002), a Licitação tem duas finalidades. 
A primeira visa proporcionar a obtenção da proposta mais vantajosa, ou seja, amenizar as 
despesas e os gastos para que haja uma maior economia nos cofres públicos e 
consequentemente, gere benefícios para a população. A outra finalidade é oferecer 
oportunidades iguais aos que desejam se relacionar profissionalmente com a Administração 
Pública. 
 São diversos os tipos de procedimentos da Administração Pública que exigem 
licitação. Por esse motivo, esse processo é composto de modalidades com características 
diferentes para cada tipo de contratação, são elas: a Concorrência, a Tomada de Preços, o 
Concurso, o Leilão, o Pregão e o Convite. 
 Nesse sentido, o presente trabalho tem o objetivo explicar e analisar as principais 
características e procedimentos aplicados no processo licitatório da modalidade de Convite 
com base na Lei 8.666 de 21 de Junho de 1993. 
 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 Licitação 
 
O autor MEIRELLES (1999, p. 23) conceitua licitação como sendo: 
O procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública 
seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Visa a 
propiciar iguais oportunidades aos que desejam contratar com o Poder 
Público, dentro dos padrões previamente estabelecidos pela Administração, e 
atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos 
(MEIRELLES, 1999, p. 23). 
 
 No processo de licitação, empresas do setor privado oferecem seus produtos e 
serviços, atendendo todas as regras solicitadas, para as empresas do setor público. Marinela 
(2010), complementa esse conceito afirmando que esse processo tem o objetivo de selecionar 
a melhor proposta, entre as empresas competidoras, e ganha aquela que preencher todos os 
requisitos necessários para a realização das obrigações solicitadas. 
 A base legal que estabeleceu normas gerais sobre licitações e contratos administrativos 
pertinentes a prestações de serviço, fornecimento de mercadorias, locações e alienações para 
as entidades públicas se encontra na Lei 8.666/93 de 21 de Junho de 1993. 
 
2.2 Lei das Licitações 
 
 O processo licitatório é uma obrigação presente na Constituição Federal do Brasil e 
está presente nos seguintes artigos: Art. 22, onde define a responsabilidade da União de 
legislar sobre as normas da licitação; Art. 37, quando obriga as empresas públicas a fazerem a 
licitação para a contratação de serviços e compra de bens; e no Art. 175, onde cria a 
obrigatoriedade também para os casos de concessão ou permissão. 
 Para exercer as regras gerais estabelecidas nesses artigos, foi criada em 21 de Julho de 
1993, a Lei 8.666, conhecida como Lei das Licitações. Nela, são descritas regras e 
procedimentos que serão necessários para contratações feitas pela Administração Pública. 
 Um dos principais feitos dessa Lei foi a criação das cinco modalidades de licitação no 
art. 22, são elas: concorrência, tomada de preços, convite, concurso e o leilão. E mais tardar a 
criação da sexta modalidade, na Lei 10.520 de 17 de Julho de 2002, o pregão. 
 A Lei 8.666/93 ainda estabelece normas gerais sobre licitações e contratos 
administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e 
locações no âmbito dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e 
estabelece a obrigatoriedade da realização da licitação antes de qualquer contratação com 
terceiros na Administração Pública. 
 
2.2.1 Fases da Licitação 
 
 O processo de Licitação compreende fases que vão desde a necessidade de uma 
entidade de adquirir bens e serviços até a execução do contrato. Essas fases estão claramente 
definidas na Figura 1. 
 
Figura 1: Fases do processo de Licitação 
 
Fonte: CESUMAR, 20121 
 
 O processo é dividido em fase interna e fase externa. A fase interna (Unidade III) 
compreende todo processo antes da publicação do instrumento de convocação e é parecido em 
todas as modalidades de licitação. Após a publicação do ato convocatório, onde o processo 
passa a se tornar público, inicia-se a fase externa (Unidade IV) que inclui a habilitação, a 
proposta comercial e, em alguns casos, a proposta técnica, além de diferir nos prazos e na 
seqüência dos procedimentos que são exclusivos de cada modalidade. A execução do contrato 
será tratada na Unidade V2. 
 
2.2.2 Tipos de Licitação 
 
 Existem quatro tipos de licitação, são elas: a de menor preço, a de melhor técnica, a de 
melhor técnica e preço e a de maior lance ou oferta. O art. 45 e 46 da Lei das Licitações 
conceituam cada uma delas: 
 
1
 CESUMAR - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: Licitações e 
contratos da Administração Pública. Luís Fernando Otero. Maringá - PR, 2012. 194 pág. Disponível em: 
http://www.ead.cesumar.br/moodle2009/lib/ead/arquivosApostilas/1490.pdf. Acesso em: 22 de Mai. de 2017. 
2
 CESUMAR, 2012, p. 35 e 36. 
 
Art. 45. I - a de menor preço - quando o critério de seleção da 
proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será 
vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as 
especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço; 
...IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou 
concessão de direito real de uso (ART. 45, LEI 8.666/93). 
 
Art. 46. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" 
serão utilizados exclusivamente para serviços de natureza 
predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, 
cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia 
consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos 
técnicos preliminares e projetos básicos e executivos, ressalvado o 
disposto no § 4o do artigo anterior (Art. 46, LEI 8.666/93). 
 
 Esses tipos de licitação se combinados com a modalidade de licitação, permitem a 
determinação do prazo entre a publicação do instrumento convocatório até o início da sessão 
pública. 
 
2.3 Modalidades da Licitação 
 
 A Lei das Licitações afirma a existência de cinco modalidades: a Concorrência, a 
Tomada de Preços, o Convite, o Concurso e o Leilão. Mesmo com o disposto no § 8º do art. 
223 ter vedado a criação de novas modalidades, no ano de 2000, foi criada pela União a sexta 
modalidade de licitação chamada Pregão. 
 
2.3.1 Concorrência 
 
 O § 1o do art. 22 define concorrência como sendo “a modalidadede licitação entre 
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os 
requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto”. 
 Essa modalidade é muito utilizada nas grandes contratações e é obrigatória, segundo o 
art. 23, nas obras e serviços de engenharia acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e 
quinhentos mil reais) e para as compras e outros serviços acima de R$ 650.000,00 (seiscentos 
e cinquenta mil reais). 
 
3
 § 8º “É vedada a criação de outras modalidades de licitação ou a combinação das referidas neste artigo”. 
 Todas as modalidades passam, igualmente, pela fase interna. Após essa publicação, 
inicia-se o prazo de publicidade que vai até a parte do recebimento de propostas, esse prazo é 
mínimo e varia de acordo com o tipo de licitação. De acordo com o art. 21, a modalidade de 
concorrência é de 45 dias para melhor “técnica” e “técnica e preço” e de 30 dias para os 
demais casos. 
A modalidade de concorrência possui algumas características que a diferem das outras, 
entre elas a ampla participação, ou seja, qualquer um pode participar desde que atendem aos 
requisitos do edital e a ampla publicidade porque como essa modalidade trata principalmente 
de grandes contratações, ela precisa de um prazo maior na publicidade4. 
 
2.3.2 Tomada de Preços 
 
 A Tomada de Preços é definida pelo § 2o do art. 22 como “a modalidade de licitação 
entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas 
para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada 
a necessária qualificação”. Com essa definição, conclui-se inicialmente que a tomada de 
preços difere da de concorrência por não possui ampla participação, ou seja, somente 
participam aqueles que já estão cadastrados ou os que possuem requisitos de cadastro até três 
dias antes do recebimento de propostas. 
 Essa modalidade, segundo o art.23, pode ser usada para contratações de serviços de 
engenharia de até 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) e para compras e outros 
serviços de até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinqüenta mil reais). O prazo de recebimento de 
propostas, mencionados no art.21, é de 30 dias para a “melhor técnica” e “técnica e preço” e 
15 dias para menor preço. 
 
2.3.3 Convite 
 
 O § 3o do art. 22 traz o conceito da modalidade de licitação denominada Convite, em 
que participam os: 
 
...interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, 
escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade 
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento 
convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente 
 
4
 CESUMAR, 2012, p. 65. 
especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 
(vinte e quatro) horas da apresentação das propostas (ART. 22, LEI 
8.666/1993). 
 
 O art. 23 afirma que essa modalidade permite a contratação de serviços de engenharia 
de até 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais) e para as demais compras e serviços de até 
80.000,00. O instrumento convocatório dessa modalidade é a carta-convite, não precisa de 
edital, e o intervalo entre a emissão da carta até a entrega aos convidados é de 5 dias úteis. 
 
2.3.4 Concurso 
 
 O Concurso é uma modalidade de licitação em que pode participar qualquer 
interessado para a escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de 
prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na 
imprensa oficial com antecedência mínima de 45 dias5. 
 Essa modalidade não pode ser confundida com o processo seletivo para empregos 
públicos. A diferença dessa modalidade para as demais é que não possui tipo de licitação e 
valor de contratação6. 
 
2.3.5 Leilão 
 
 O Leilão é uma modalidade de licitação em que “quaisquer interessados para a venda 
de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou 
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior 
lance, igual ou superior ao valor da avaliação” (§ 5o do Art.22). 
 Os bens são leiloados por um leiloeiro oficial ou um servidor designado pela 
Administração. Esses bens, após a conclusão do leilão, são pagos a vista ou de acordo com as 
especificações do edital. O prazo mínimo para publicação do edital é de 15 dias com ampla 
divulgação deste7. 
 
2.3.6 Pregão 
 
 
5
 § 4o do Art. 22 da Lei 8.666/93. 
6
 CESUMAR, 2012, p. 75. 
7
 CESUMAR, 2012, p. 76. 
 O pregão é a sexta modalidade instituída pela Medida Provisória 2026/2000, 
inicialmente destinada à União e posteriormente convertida na Lei 10.520/2002 para a 
Administração Pública. O conceito dessa modalidade, trazido pela Lei 10.520/2002 é: 
 
Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a 
licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei. 
... Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e 
efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade 
possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações 
usuais no mercado (LEI 10.520/2002). 
 
 O tipo de licitação dessa nova modalidade é sempre o de menor preço, não cabendo 
serviços de engenharia porque não estão incluídos na definição de bens e serviços comuns. A 
diferença principal dessa modalidade para as demais é na fase de habilitação porque as outras 
iniciam com a verificação de todos os candidatos antes de avaliarem as propostas e no pregão 
é feito o contrário, primeiro os candidatos fazem as propostas e depois é verificado se quem a 
fez é competente para seguir as outras exigências8. 
 Outra diferença é na fase dos lances, que permite os candidatos conseguirem melhorar 
suas propostas verbalmente ou por via eletrônica, neste último só é permitido para, de acordo 
com o inciso VIII do art. 4°, “o autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com 
preços até 10% (dez por cento) superiores àquela poderão fazer novos lances verbais e 
sucessivos, até a proclamação do vencedor”. 
 
2.4 Princípios da Licitação 
 
 Para efetuar os processos licitatórios de forma correta e de acordo com as exigências 
legais é necessário seguir alguns princípios. O autor MEIRELLES (2008, p.275) enfatiza essa 
idéia afirmando que “o procedimento licitatório está sujeito a determinados princípios, cujo 
descumprimento descaracteriza o instituto e invalida seu resultado seletivo”. 
 Nesse sentido, o art. 3° da Lei 8.666/93 dispõe sobre os princípios que precisam ser 
cumpridos durante a licitação, são eles: 
• Princípio da Isonomia (Igualdade): significa dar tratamento igual a todos os interessados 
na licitação. 
• Princípio da Legalidade: obediência às leis. 
 
 
8
 CESUMAR, 2012, p. 78. 
• Princípio da Impessoalidade: entende-se que não é permitido que os agentes públicos 
tenham privilégios. 
• Princípio da Moralidade e da Probidade Administrativa: este princípio implica na 
observância dos padrões impostos aos agentes públicos no desenvolvimento de suas funções. 
A conduta dos licitantes e dos agentes públicos tem que ser, além de lícita, compatível com a 
moral, a ética, os bons costumes e as regras da boa administração. 
• Princípio da Publicidade: constitui-se no dever da divulgação oficial dos atos. 
• Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: no ato convocatório constam 
todas as normas e critérios aplicáveis à licitação. 
• Princípio do Julgamento Objetivo: citada no art. 3° da Lei nº 8.666, é a seleção da 
proposta mais vantajosa.2.5 Quem está obrigado a licitar 
 
 A obrigatoriedade do processo licitatório tem o embasamento legal no inciso XXI do 
art. 37 da Constituição Federal de 1988, que afirma: 
 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, 
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação 
pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com 
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições 
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as 
exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do 
cumprimento das obrigações (ART. 37, CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL/1988). 
 
 Para enfatizar a ideia de obrigação, a Lei das Licitações também trouxe no art. 2° que 
toda contratação de um bem ou serviço por um ente público precisa ser precedido de licitação: 
 
Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, 
concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando 
contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, 
ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei (ART. 2°, Lei 8.666/1993). 
 
 A Lei das Licitações, no entanto, definiu três formas de contratação que são isentas de 
participarem do processo de licitação, são elas: a licitação dispensável, a dispensada ou a 
inexigível. 
A Licitação Dispensável é embasada pelo art. 24 da Lei 8.666/93 e os principais 
motivos são: contratações de pequeno valor, em situações de urgência e emergência; 
contratações de serviço de energia elétrica e gás natural; compra de um imóvel que somente 
ele atenda as necessidades da entidade, entre outros. 
A Licitação Dispensada, embasada legalmente pelo art. 17, tem como principais 
motivos: institutos da dação em pagamento, da troca, da doação, da alienação de bens, da 
locação, entre outros. 
Por último, a Licitação Inexigível que acontece a partir do momento que se comprova 
que não há possibilidade de fazer uma concorrência. O art. 25 traz, por exemplo, que se 
encaixam nessa inexigibilidade os casos de exclusividade de prestações de serviço ou compra 
de mercadorias. 
 
2.6 Convite 
 
 A modalidade licitatória Convite envolve, segundo Bittencourt (2012), a participação 
de no mínimo três convidados, cadastrados ou não, para contratações de bens e serviços 
públicos. Em geral essa modalidade compreende acordos de menor valor (150.000,00 obras e 
serviços de engenharia e R$80.000,00 para compras e serviços em geral) e pode ser estendida 
a participação para aqueles interessados que não estão cadastrados desde que se pronunciem 
24 horas antes da data de publicação das propostas. 
 Uma das características dessa modalidade é que a Administração pode escolher quais 
empresas receberão o convite para participar do processo licitatório e após essa convocação, é 
obrigada a afixar o instrumento convocatório em local de fácil acesso para caso outras 
empresas se interessem. 
Outra característica é que o instrumento convocatório não é o Edital, e sim a Carta-
Convite que, segundo Alexandrino (2005), é enviada diretamente aos interessados sem 
necessidade de ser publicada, devendo, entretanto, ser afixada em local apropriado. 
Devido ao fato das empresas participantes do processo serem escolhidas pela 
Administração, fica evidente a não necessidade de fazer o processo de habilitação, ou seja, as 
empresas não precisariam apresentar os documentos nessa fase, mas a grande maioria dos 
entes públicos ainda utilizam essa etapa. O §1º do art. 51 da Lei das Licitações ainda enfatiza 
a simplicidade dessa modalidade quando autoriza a possibilidade da comissão ser de somente 
um servidor nas pequenas unidades administrativas. A Figura 2 traz os procedimentos 
adotados para a licitação na modalidade de convite. 
 
 
Figura 2: Procedimentos licitatórios na modalidade de Convite. 
 
Fonte: CESUMAR, 2012 
 
 Na fase interna, o prazo mínimo para publicidade é de 05 dias úteis. E os demais 
procedimentos, com exceção da fase da Habilitação que é a mais simples, são os mesmos da 
concorrência e da tomada de preços. 
 
2.7 Exemplo de Modalidade de Convite 
 
 A Prefeitura Municipal de Parapuã em São Paulo possui, em sua página eletrônica9, 
uma aba de Licitações em que se destaca a modalidade de “Carta Convite de Preços”. Um dos 
exemplos é a carta publicada no dia 06 de Abril de 2017, n° 03/2017: 
 
Descrição: A presente licitação destina-se exclusivamente as microempresas 
ou empresas de pequeno porte, consoante o disposto no art. 47, inc. I, da Lei 
Complementar nº 123/06, com nova redação dada pela Lei Complementar 
147/2014, a colher propostas para a contratação de empresa especializada, 
para o fornecimento imediato de materiais de escritório e papelaria para 
atender as necessidades da Rede Municipal de Educação, a serem utilizados 
no exercício de 2017, por menor preço por item do Anexo I do edital. 
Data de abertura: 20/04/2017 - 09:00 (PREFEITURA MUNICIPAL DE 
PARAPUÃ, 2017). 
 
 Possivelmente esse processo licitatório já foi concluído porque teve a data de abertura 
no dia 20/04/2017 e teve um prazo de 05 dias para as empresas convidadas apresentarem suas 
propostas. 
 
3 CONVITE X CONCORRÊNCIA 
 
 
9
 http://www.parapua.sp.gov.br/licitacoes/carta-convite-de-precos. 
 Ao comparar as duas modalidades de licitação, convite e concorrência, observa-se que 
as principais diferenças são: instrumento convocatório, prazo de publicidade, valores de 
compras e serviços e participantes do processo. 
O instrumento convocatório é a principal diferença, onde na concorrência é através de 
Edital e na modalidade convite é através de Carta-Convite. 
O prazo de publicidade da modalidade de concorrência é de 45 dias para “melhor 
técnica” e “técnica e preço” e de 30 dias para os demais casos. Em contrapartida, o prazo da 
emissão do ato convocatório na modalidade convite até a entrega aos convidados para iniciar 
o processo de apresentação de propostas é de 05 dias. 
Se tratando dos valores de compras e contratação de serviços, de acordo com o art. 23, 
na licitação por concorrência é de 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais) e para as 
compras e outros serviços acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) e na 
licitação por convite é de 150.000,00 obras e serviços de engenharia e R$80.000,00 para 
compras e serviços em geral. Com esses dados conclui-se que a concorrência é uma 
modalidade para as grandes contratações e o convite é para as contratações de menor valor. 
Na Concorrência existe a ampla participação, ou seja, todos interessados que 
atenderem aos requisitos constados no Edital podem participar. Na modalidade convite, 
inicialmente são convidadas pela Administração três empresas e depois, afixado o ato 
convocatório em local apropriado para as demais. 
 
4 CONCLUSÃO 
 
 Sabe-se que a necessidade de adquirir bens e serviços da sociedade faz a 
Administração Pública realizar procedimentos constantes na legislação, como o processo 
licitatório. 
O processo licitatório é obrigatório para a maioria dos entes públicos e seu principal 
objetivo é a busca por uma proposta mais vantajosa. Desse modo, através de um instrumento 
convocatório, empresas participantes tentam comprovar que são capazes de se contratar com o 
Poder Público atendendo os requisitos necessários. 
 Esse processo possui várias modalidades que se diferenciam em documentos, prazos, 
entre outros procedimentos. Dentre essas modalidades está a licitação por convite que é a 
forma mais simples de contratação apresentada pela legislação. 
 O ato convocatório dessa modalidade é através de Carta-Convite e tem o menor prazo 
de publicidade se comparado as outras, apenas 05 dias. A própria Administração envia a cartapara no mínimo três empresas e afixa essa em local apropriado para as demais interessadas. 
 Apesar de não haver obrigatoriedade quanto ao meio de divulgação do ato 
convocatório na modalidade convite, muitas empresas públicas ainda publicam esse ato com o 
objetivo de atingir o maior número de licitantes possíveis buscando aumentar as chances de 
obter uma proposta mais vantajosa para a Administração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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ANGELICO, João. Contabilidade Pública. São Paulo: Atlas,1994. 
BITTENCOURT, Sidney. Licitação. Rio De Janeiro, 2012. 
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília, 5 de Out. de 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm Acesso em: 15 
de Mai. de 2017. 
_______. Lei 10.520 de 17 de Jul. de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, 
modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e 
dá outras providências. Brasília, 17 de Jul. de 2002, 181º da Independência e 114º da 
República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10520.htm Acesso 
em: 22 de Mai. de 2017. 
_______. Lei 8.666 de 21 de Junho de 1993. Regulamenta o art.37, inciso XXI, da 
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração 
Pública e dá outras providências. Brasília, 21 de Jun. de 1993, 172o da Independência e 
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Acesso em: 22 de Mai. de 2017. 
CESUMAR - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância: Licitações e contratos da Administração Pública. Luís Fernando Otero. Maringá 
- PR, 2012. 194 pag. Disponível em: 
http://www.ead.cesumar.br/moodle2009/lib/ead/arquivosApostilas/1490.pdf. Acesso em: 22 
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GASPARINI, Diogenes. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 2002. 
MARINELA. Fernanda. Direito Administrativo. 4. ed. Niterói: Impetus, 2010, p. 315. 
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 24 Ed. São Paulo: Malheiros 
Editores. 1999. 749p. 
_____________________. Direito Administrativo Brasileiro. 34. ed. São Paulo: Malheiros 
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PREFEITURA MUNICIPAL DE PARAPUÃ. Licitações: Carta Convite de Preços n° 
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http://www.parapua.sp.gov.br/licitacoes/carta-convite-de-precos/convite-de-precos-n-
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