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A linguagem do Direito Econômico Carlos Côrtes Vieira Lopes – Procurador da Fazenda Nacional http://jurisprudenciaeconcursos.com.br Considerando que o Direito Econômico é uma das matérias menos estudadas para concurso, seja pelo valor diminuto de seus pontos ou pela dificuldade de sua compreensão. Fato que, por vezes, faz o candidato deixar de ganhar alguns pontos que poderiam fazer a diferença ao final da prova. Buscando uma maior elucidação sobre a matéria, em especial pelas inúmeras expressões que pouco são vistas em outros ramos do Direito, trago abaixo um glossário da linguagem freqüentemente utilizada nas provas de Direito Econômico. Direito Econômico – Ramo do Direito que se preocupa com a edição de normas jurídicas (regras e princípios) acerca da produção e circulação de produtos e serviços (atividade econômica de mercado, sejam elas públicas ou privadas), objetivando o desenvolvimento econômico do país, fazendo, em especial, o controle do mercado interno no país, estabelecendo limites e parâmetros. É tratada na CRFB/88 dos artigos 170 a 181, tendo como mais relevante o art. 174. Monopólio – Trata-se da situação de uma concorrência imperfeita, ou seja, o mercado de um determinado produto ou serviço é possuído por apenas uma sociedade, impondo seu preço. Monopólio legal – ocorre quando a primazia no mercado é assegurada através de uma lei. Oligopólio – Situação de mercados concentrados, onde em um numero pequeno de sociedades. Nesse caso também existem barreiras à entrada de novos concorrentes, mesmo não sendo necessariamente coordenadas as ações entre as sociedades dominantes. Cartel – Ocorre na hipótese de haver um ajuste sobre a fixação de preços (ou cotas de produção) a serem cobrados entre sociedades concorrentes, dividindo o mercado. Por vezes, é utilizada como forma de eliminar concorrência ou aumentar os preços, obtendo maiores lucros em detrimento do consumidor. Preço Predatório – corre quando uma sociedade reduz o preço de venda do produto ou serviço abaixo do valor de seu custo, incorrendo em perdas de curto prazo, objetivando eliminar a concorrência ou criar barreiras a entrada de novos concorrentes. Dumping – Trata-se da prática comercial que consiste em uma ou mais sociedade de um país venderem seus produtos, mercadorias ou serviços por preços extraordinariamente abaixo do valor de mercado para outro país, por determinado período de tempo, objetivando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no país de origem. Dessa forma, passa a dominar o mercado e A linguagem do Direito Econômico Carlos Côrtes Vieira Lopes – Procurador da Fazenda Nacional http://jurisprudenciaeconcursos.com.br impor preços altos. Trata-se de termo usado em comércio internacional e é reprimido pelos governos nacionais, quando comprovado. Truste – Ocorre quando empresas ou grupos que, sob uma mesma orientação, mas sem perder a autonomia, reúnem-se a fim de dominar o mercado e suprimir a livre concorrência. São grandes grupos ou empresas que controlam todas as etapas da produção, desde a retirada de matéria-prima da natureza até a distribuição das mercadorias. Pode ser vertical (visam controlar de forma seqüencial a produção de determinado gênero industrial desde a matéria-prima até o produto acabado, sendo que as empresas podem ser de diversos ramos) ou horizontal (constituídos por empresas que trabalham com o mesmo ramo de produtos). É combatida por atos ou leis Antitrustes. Venda casada – É expressamente proibida no Brasil (art. 39, I, da Lei 8.078/90 e art. 5°, II, da Lei 8.137/90). Caracteriza-se quando o consumidor, ao adquirir um produto, recebe conjuntamente outro produto, não necessariamente da mesma espécie. Incorporação - Operação societária em que uma ou mais sociedades empresariais têm seus patrimônios absorvidos por outra sociedade. Desaparecem as sociedades incorporadas, permanecendo, porém, com a sua natureza jurídica inalterada, a sociedade incorporadora. Fusão - Operação societária em que uma ou mais sociedades empresariais se unem extinguindo as sociedades anteriores a fim de criar uma nova. Cisão total - Operação societária por meio da qual uma sociedade empresarial divide seu patrimônio objetivando a criação de uma ou mais novas sociedades, cessando assim sua existência. Cisão parcial – Operação societária por meio da qual uma sociedade empresarial tem parte de seu patrimônio destacada, para constituir uma nova sociedade ou ser incorporada por outra já existente. Concorrência – É a liberdade que possuem os agentes econômicos para fazer o melhor uso de sua capacidade intelectual e organizacional, da melhor maneira possível, em relação aos fatores de produção de bens ou de prestação de serviços, com a finalidade de obter produtos de boa qualidade e a oferecê-los no mercado com valores atrativos. Concorrência desleal - A concorrência desleal constitui a violação dos princípios da livre e correta concorrência, mediante a prática de um conjunto de atividades destinadas a criar confusão entre os consumidores. São atos que podem ser praticados, objetivando a captação ou desvio da clientela, provocando, por conseguinte, prejuízos ao sujeito passivo. A linguagem do Direito Econômico Carlos Côrtes Vieira Lopes – Procurador da Fazenda Nacional http://jurisprudenciaeconcursos.com.br Acordo de leniência – Trata-se de acordo celebrado entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), atuando em nome da União, e pessoas físicas ou jurídicas autoras de infração contra a ordem econômica. Permite ao infrator colaborar nas investigações, no próprio processo administrativo e apresentar provas inéditas e suficientes para a condenação dos demais envolvidos na suposta infração. Nesse caso, o agente poderá adquirir alguns benefícios: extinção da ação punitiva da administração pública ou redução da penalidade imposta pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). É o mecanismo de manutenção da ordem concorrencial com o escopo de coibir a prática de infração à ordem econômica. Compromisso de desempenho – Consiste na fixação de obrigações a serem definidas pelo Plenário do CADE, assegurando o cumprimento das condições previstas no art. 54, § 1°, da Lei 8.884/94. Compromisso de cessação – Trata-se de instrumento de composição de conflitos concorrenciais, com objetivo de reprimir o abuso do poder econômico, protegendo, desta forma, a concorrência. A concorrência efetiva e prontamente restaurada é tão importante para o mercado quanto à repressão, uma vez que a cessação espontânea traz benefícios imediatos para o mercado. Posição dominante – Ocorre quando uma empresa ou grupo de empresas controla parcela substancial de mercado relevante, como fornecedor, intermediário, adquirente ou financiador de um produto, serviço ou tecnologia a ele relativa. A posição dominante a que se refere o parágrafo anterior é presumida quando a empresa ou grupo de empresas controla 20% (vinte por cento) de mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo CADE para setores específicos da economia (art. 20, §§ 2° e 3° da Lei 8.884/94). SÃO PESSOAS JURÍDICAS OU ÓRGÃOS: CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Trata-se de Autarquia Federal vinculada ao Ministério da Justiça, com sede no Distrito Federal, com poderes judicantes em todo território nacional (art. 3° da Lei 8.884/94). SDE – Secretaria de Direito Econômico, dirigida por um Secretário a ser indicado pelo Ministro da Justiça e nomeado pelo Presidente da República (art. 13 da Lei 8.884/94). SEAE – Secretaria de Acompanhamento Econômico. Órgão específico e singular do Ministério da Fazenda, criado pela Medida Provisória n.º 813, de 1º de janeiro de 1995.É o principal órgão do Poder Executivo encarregado de acompanhar os preços da economia, subsidiar decisões em matéria de reajustes e revisões de tarifas públicas, bem como apreciar atos de concentração entre empresas e reprimir condutas anticoncorrenciais. A linguagem do Direito Econômico Carlos Côrtes Vieira Lopes – Procurador da Fazenda Nacional http://jurisprudenciaeconcursos.com.br SÃO REGRAS DE DIREITO ECONÔMICO - Equilíbrio – Trata-se do equilíbrio de diversos interesses sociais, a fim de se efetivar a política econômica em conformidade com a ideologia constitucionalmente adotada. Busca-se, portanto, a adequação entre os interesses individuais e sociais confrontantes, valendo-se dos fundamentos econômicos da ideologia adotada. - Equivalência – Trata-se da forma com que se ajustam as obrigações contraídas pelos sujeitos das atividades econômicas no mercado. Havendo a ocorrência de medidas de política econômica que foram postas em prática por autoridade superior e estas influírem nos valores de bens e serviços em proporções superiores às que representem as oscilações normais da conjuntura econômica, o pagamento da obrigação estipulada deverá satisfazer, na data de sua efetivação, ao “valor” correspondente ao que representava na época em que houve a contratação. - Recompensa - A toda ação econômica deverá corresponder um proveito coincidente com os gastos realizados pelo seu sujeito. Havendo a prestação de qualquer obrigação, necessariamente, deverá haver o retorno correspondente, ou seja, observa-se aqui a comutatividade. No entanto, a contraprestação não deve ser compensatória apenas ao particular, mas a toda a coletividade e, havendo oposição de interesses entre estes, há de prevalecer a situação mais benéfica à coletividade. - Liberdade de ação – O indivíduo pode atuar no mercado livremente, sem oposição governamental (princípio da livre iniciativa), contudo não deverá ser responsabilizado pelas conseqüências decorrentes de atos de autoridade superior que venham a modificar a orientação dada à política econômica vigente no momento em que os atos foram praticados. A responsabilidade, no caso, seria do Governo. - Primazia da realidade social – Trata-se de regulamentação das atividades econômicas (seus atos e fatos), ajustando-os à ideologia adotada, devendo realizar-se com total respeito e adequação ao contexto econômico e social fático, evitando-se eventuais distorções entre a realidade formal e a material. - Interesse social – Deve harmonizar os interesses individuais e coletivos, os privados e os públicos, a fim de promover a realização da Justiça Social e materialização do desenvolvimento econômico, priorizando-se, sempre, o interesse da sociedade com um todo em detrimento de mero interesse particular. - Indexação – Obrigação do Governo de reajustar os preços de produtos expostos ao comércio e as formas de ganho, quando em conseqüência da política econômica adotada houve desestabilização da economia e desvalorização monetária. A linguagem do Direito Econômico Carlos Côrtes Vieira Lopes – Procurador da Fazenda Nacional http://jurisprudenciaeconcursos.com.br - Utilidade Pública – Para toda a situação que o Estado tente adequar a iniciativa privada aos interesses comuns da coletividade (em especial, mas não exclusivamente, através de concessões ou permissões) deverá ser observada a utilidade pública. - Oportunidade – É necessária a verificação do contexto em que se dará a medida econômica, sendo de se observar toda realidade fática que a envolve, a fim de avaliar se a medida foi adequada ou não. - Razão – Por vezes, no caso concreto, possibilita-se uma afronta à lei se a decisão econômica for mais benéfica para a sociedade e para o mercado, em circunst6ancia especiais, objetivando a concretização da política econômica adotada (que carrega certo grau de mutabilidade, para adequar-se as alterações de leis e realidades fáticas). - Irreversibilidade – impõe restrição ao livre arbítrio do agente de medidas político econômicas, uma vez que este os atos praticados geram de imediatos efeitos na realidade social, não sendo possível o retorno ao estado anterior. - Precaução – busca-se evitar que medidas de política econômica, não coincidentes com o interesse geral ou com as atividades econômicas em particular, sejam postas em prática, sem o oferecimento de garantias concretas pelos agentes econômicos, no caso de possíveis prejuízos decorrentes da falta de habilidade na administração, gerenciamento, planejamento ou execução de projetos e investimentos. SÃO INSTITUTOS DE DIREITO ECONÔMICO: - Intervenção – a ser realizada pelo Estado na economia. Pode se dar através de elaboração de normas para disciplinar a economia (realização de planejamento) ou através da prática concreta de atos econômicos, seja direta ou indiretamente (neste caso através de sociedades de economia mista ou empresas públicas). Em razão do princípio liberal essa intervenção somente ocorre em casos excepcionais e fundamenta-se no art. 173, da CRFB/88 (imperativos de segurança nacional ou interesse coletivo relevante). - Repartição – A partir disso políticas econômicas são traçadas de forma a se atribuir a cada componente da sociedade uma parte da riqueza criada. O sentido central deste instituto está expresso no caput do art. 170, no qual se assume a asseguração a todos de existência digna, conforme os ditames da justiça social, como a finalidade da Ordem Econômica Constitucional. - Planejamento – O Estado estabelece suas metas e os meios necessários para alcançá-las. Envolve atos de natureza política, econômica, administrativa e jurídica, podendo constituir-se de planos de longo, médio ou curto prazo; globais ou setoriais. A linguagem do Direito Econômico Carlos Côrtes Vieira Lopes – Procurador da Fazenda Nacional http://jurisprudenciaeconcursos.com.br - Produção – Constitui-se dos seguintes fatores: I) recursos naturais ou matéria-prima; II) trabalho; III) capital; e IV) organização. - Circulação – Instituto composto dos seguintes elementos: I) mercado (como local de circulação); II)procura e oferta de bens e serviços; III) moeda; IV) créditos; e V) preços. - Consumo - Quanto mais amplo o campo de incidência desta economia e quanto maior o número de participantes da mesma, seja como fornecedores ou consumidores, maior a quantidade de bens e serviços oferecidos e requeridos. Conseqüentemente, maior número de relações jurídicas efetivadas. Considera-se consumidor, no Brasil, apenas aquele que se encontra na posição final da cadeia de consumo. BIBLIOGRAFIA SOUZA, Washington Peluso Albino de. Primeiras linhas de direito econômico. SILVEIRA, Cláudia Maria Toledo. Direito Econômico e Cidadania. Jus Navigandi, Teresina, ano 2, n. 20, 12 out. 1997. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/80>. Acesso em: 27 jun. 2011. WIKIPÉDIA
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