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Módulo XII EXTRATERRITORIALIDADE XIII TEMPO XIV EFICÁCIA

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – ICJ
TEORIA GERAL DO CRIME
Profa. Dra. Cibele Mara Dugaich
cibelemaradugaich@gmail.com
MÓDULO XII – EXTRATERRITORIALIDADE 
A EXTRATERRITORIALIDADE é a possibilidade de o Brasil aplicar a sua lei, julgar o agente, quando o crime ocorre fora do território nacional. A extraterritorialidade subdivide-se em duas: extraterritorialidade incondicionada e extraterritorialidade condicionada.
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA apesar de o fato ocorrer fora do território nacional, o Brasil poderá julgá-lo. O Brasil não se submete a nenhuma condição porque seu direito de aplicar a sua lei é regrado pela extraterritorialidade incondicionada.
ARTIGO 7º
Ficam sujeitos à lei penal brasileira, embora cometidos no estrangeiro
INCISO I – OS CRIMES
ALÍNEA A: contra a vida ou liberdade do presidente da república. (Princípio aplicável: da DEFESA)
ALÍNEA B: contra o patrimônio ou fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. (Princípio aplicável: DEFESA).
ALÍNEA C: contra a administração pública por quem está a seu serviço. (Princípio aplicável: DEFESA.)
ALÍNEA D: de genocídio praticado por brasileiro (princípio da nacionalidade) ou por estrangeiro domiciliado no Brasil (Princípio aplicável: da COMPETÊNCIA UNIVERSAL).
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA. São hipóteses nas quais o crime ocorre fora do território nacional, mas o Brasil poderá julgar o agente se forem observadas as devidas condições que temos de forma taxativa no Artigo 7º do CP §2º, nos casos do Inciso I que trata da extraterritorialidade condicionada.
II – OS CRIMES
ALÍNEA A – OS CRIMES QUE POR TRATADO OU CONVENÇÃO O BRASIL SE OBRIGOU A REPRIMIR. 
O Brasil é signatário de um tratado internacional de combate e repressão ao narcotráfico. Como ele está no território nacional, o Brasil pode prender e julgar. Aplica-se o PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA UNIVERSAL.
Ex: Traficante colombiano trafica cocaína para os EUA. A rota do tráfico é Colômbia – EUA. Se o colombiano vier a São Paulo, o Brasil pode processá-lo por tráfico de drogas, embora o traficante seja colombiano e as drogas nem sequer passarem pelo Brasil. 
praticados por brasileiros;
Exemplo: O Brasil recebe a denúncia de uma brasileira que saiu do país após ter se apropriado de uma joia em uma loja em New York. Quando ela entra no território nacional, o Brasil poderá julgá-la se preenchidas as condições, porque o Brasil se preocupa com a conduta dos brasileiros fora do Brasil, porque é a imagem do Brasil que está em jogo. Aplica-se o PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE
praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
Sabemos que embarcações ou aeronaves que são públicas ou que estão a serviço do governo brasileiro são consideradas território brasileiro por extensão independentemente de onde estiverem. 
Quando temos embarcações privadas ou mercantes, temos de saber onde se encontram para que possamos saber se poderá aplicada a lei da bandeira (no caso de território marítimo ou aéreo internacionais ou se, em território marítimo ou aéreo de outro país, será aplicada a lei do outro país.
Porém, se tivermos uma embarcação de bandeira brasileira em outro território e, no caso de um crime, aquele país não quiser julgar, o Brasil poderá julgar pela alínea C. Aplica-se o princípio da representação. É a única hipótese em que se deslumbra o princípio da representação.
§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
Entrar o agente no território nacional
Para que se possa iniciar o julgamento, o agente tem que estar o agente no território nacional. Ele poderá comparecer de livre espontânea vontade ou mediante extradição.
Se um fato for punível também no país em que foi praticado.
 Tem que ser crime nos dois polos.
Para que haja bigamia, os dois casamentos têm de ser proibido nos dois países em que o primeiro e o segundo casamento se realizaram. Se em um dos países vige a monogamia e em outro a poligamia, não há crime.
c) Estar o crime incluído entre aqueles que a lei autoriza extradição.
d) Não ter sido absolvido no estrangeiro e não ter aí cumprido pena.
Na extraterritorialidade incondicionada, o Brasil poderá processar o agente do mesmo jeito. Na extraterritorialidade condicionada, não, se o agente tiver sido absolvido num processo no estrangeiro, o Brasil não perde o direito de processá-lo. Se o agente tiver cumprido a totalidade da pena lá fora, o Brasil não pode fazer nada. Agora se ele tiver cumprido a pena parcialmente lá fora o Brasil pode processar.
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou por outro motivo não estar extinta a punibilidade segundo a lei mais favorável. 
§3º a lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se reunidas as condições do parágrafo anterior.
Não foi pedida ou foi negada a extradição.
Não houve requisição do Ministro da Justiça
Prevalece o sistema em que a lei é favorável. Exemplo de instintiva de punibilidade mais conhecida, mas não é a única que pode agir:
Prescrição é uma instintiva de punibilidade.
O Estado tem um prazo para punir alguém. Para quase todos os crimes, com exceção de dois, o Estado tem um prazo para punir. Suas exceções estão previstas Artigo 5º, XLII e XLIV da CF/88 – racismo e terrorismo
Se ocorrer uma instintiva de punibilidade no país em que foi praticado ou no Brasil, o Brasil não pode julgar. Isso na hipótese de extraterritorialidade condicionada.
O Brasil se preocupa com o modo que o brasileiro se compor no exterior, mas também procura proteger o brasileiro que se encontra no estrangeiro. Se um estrangeiro praticar um crime contra um brasileiro lá fora, o Brasil, desde que reunidas as sete condições, poderá julgar este estrangeiro.
Exemplo de um caso que aconteceu, mas que as condições não foram preenchidas – caso Jean Charles de Menezes – ele era um brasileiro residente no estrangeiro em Londres (Inglaterra). Ele foi vítima de crime praticado por policiais de Londres. 
O Brasil em tese poderia julgar os policiais, desde que reunidas as setes condições. Porém, duas dessas condições que não foram preenchidas: a do §2º e a do §3º. A do §2º,por não terem sido os agente absolvidos – eles foram absolvidos. E a do §3º, tem que haver requisição do ministro da justiça – não houve a requisição do ministro da justiça brasileira. 
Guilherme de Souza Nucci (2012, p.132), apresenta com propriedade uma crítica pontual à extraterritorialidade incondicionada.
Primeiramente, pode-se destacar que, sendo possível punir o agente, independentemente de qualquer condição, podemos atingir estágio nitidamente inconstitucional. Ilustrando: se determinada pessoa comete um roubp contra a embaixada brasileiro no exterior, e, no país onde a infração se dá, ela é punida, não há mais sentido algum em puni-la novamente no Brasil. É preciso lembrar que a Convenção Americana de Direitos Humanos, em vigor desde 1992, proíbe duplo processo e dupla punição pelo mesmo fato.(...) Em segundo lugar, asseverar que há interesse punitivo do Brasil em relação a estrangeiro que nunca colocou os pés em território nacional beira a unutilidade, uma vez que, a eventual sentença condenatória jamais será cumprida.
E o doutrinador complementa seu entendimento sobre a extraterritorialidade.
E assim, pensamos que a extraterritorialidade deveria ser, em qualquer situação, condicionada aos mesmos requisitos previstos no art. 7º, 2º, do Código Penal: entrar o agente no território brasileiro; haver dupla tipicidade (ser o fato punido tanto no Brasil como no país em que foi cometido o delito); estaro crime incluído dentre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; não ter sido absolvido no estrangeiro ou não ter cumprido pena; não estar extinta a punibilidade. (NUCCI, 2012, p. 133)
DEPORTAÇÃO É A RETIRADA FORÇADA DO ESTRANGEIRO DO TERRITÓRIO NACIONAL EM VIRTUDE DA SUA ENTRADA OU PERMANÊNCIA IRREGULAR.
Brasileiro não pode ser deportado do Brasil, simplesmente porque não entra, tampouco permanece irregularmente no Brasil. Somente estrangeiro pode ser deportado.
Suponha que um brasileiro entre nos EUA com visto de autorização por um determinado tempo, mas não deixa o país no prazo que lhe foi estipulado. Ele começa a trabalhar ilegalmente, se for pego fora do período que lhe fora originalmente permitido, será deportado.
A deportação fica registrada no passaporte e nos registros do país. A deportação não esta atrelada à relevância penal, porque isso envolveria o cometimento de uma conduta criminosa. A deportação se dá por situação irregular no país. 
EXPULSÃO É A RETIRADA FORÇADA DO ESTRANGEIRO DO TERRITÓRIO NACIONAL POR CRIME AQUI COMETIDO.
O brasileiro não pode ser expulso do Brasil pelos motivos - motivo jurídico e lógico.
O motivo jurídico – a CF no artigo 5º veda a pena de banimento.
O motivo lógico – um estrangeiro é expulso para o seu país, portanto por uma questão lógica, o brasileiro não poderia ser expulso do Brasil para o próprio Brasil.
Ex: Uma angolana comete o crime de tráfico de entorpecente para o Brasil. O crime ocorreu em solo brasileiro. Tem-se um caso de expulsão. O crime gera um processo criminal no Brasil e um processo de administrativo de expulsão. Ela poderá ser expulsa para o seu país a qualquer momento do processo criminal, seja após a sentença condenatória, durante o cumprimento de pena, ou após o cumprimento da pena, porque o processo de expulsão independe do resultado do processo criminal.
EXTRADIÇÃO É A RETIRADA FORÇADA DO INDIVÍDUO DO TERRITÓRIO NACIONAL, A PEDIDO DE GOVERNO ESTRANGEIRO, POR FATO COMETIDO (CRIME) FORA DO TERRITÓRIO NACIONAL.
Geralmente o indivíduo extraditado é estrangeiro, mas, excepcionalmente, o brasileiro pode ser extraditado, embora nunca possa ser expulso, tampouco deportado.
As exceções para brasileiros, segundo Nucci (2012, p.138),
(...) referem-se a brasileiros naturalizados que, a rigor, não se distinguem dos natos. (Artigo 5º, LI da CF). As exceções que o mesmo diploma legal aponta: a) quando a naturalização foi adquirida posteriormente ao fato que motiva o pedido. b) quando for comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, exigindo-se sentença penal condenatório com trânsito em julgado.
Vejamos em que situação um brasileiro pode ser extraditado do Brasil. A pedido de governo estrangeiro. Na extradição, sempre existe um pedido de outro país. 
Supondo que a Itália queira a extradição de um italiano que, tendo cometido um crime na Itália, tenha fugido para o Brasil. Quando o governo italiano descobre que ele está no Brasil e pede a sua extradição. Os chefes de Estado dos dois países entram em contato por intermédio de um PEDIDO EXTRADICIONAL. Esse pedido se dá por intermédio de um representante do Brasil na Itália, no caso, o embaixador brasileiro e, em seguida, é enviado ao Ministério das Relações Exteriores no Brasil. Chegando ao Brasil, o pedido é encaminhado ao Ministério da Justiça e deste para o STF. Após a prisão do extraditando, o julgamento do pedido é procedido no STF. O julgamento somente se realiza se o extraditado estiver preso em prisão preventiva, conforme considera o STF. O julgamento se dá em duas fases: julgamento jurídico e julgamento político.
O JULGAMENTO JURÍDICO se processa perante o STF por meio de leis, são os chamados REQUISITOS MATERIAIS, conhecidos também como REQUISITOS CONSTITUCIONAIS (previstos no artigo 5º incisos LI e LII). Também são observados os REQUISITOS FORMAIS, também conhecidos como REQUISITOS LEGAIS (previstos no artigo 77º do Estatuto do Estrangeiro).
O STF analisa todos estes requisitos para deferir ou indeferir o pedido extradicional. Se o STF deferir, o caso irá para o JULGAMENTO POLÍTICO. O julgamento político é exercido pelo presidente da república. Se o STF indeferir, não é concedida a extradição e o julgamento político não se realiza. Logo, o julgamento político está atrelado ao parecer favorável do STF. 
Quando o presidente da república procede ao julgamento político, sua decisão tem o caráter meramente discricionário, ou seja, ele não precisa sequer fundamentar a concessão ou a negativa de extradição.
Um caso emblemático foi o de Cesare Battisti. O STF deferiu o pedido extradicional. O presidente da república negou a extradição de Cesare Battisti porque entendeu o ato como crime político - um ataque direto ao Estado ou aos representantes do Estado por finalidade política. 
O STF deverá analisar requisitos materias e formais.
OS REQUISITOS MATERIAIS SÃO:
Brasileiro nato nunca será extraditado. (salvo exceção de brasileiro naturalizado, conforme mencionado anteriormente por Nucci (2012, p.138).
O brasileiro naturalizado pode ser extraditado somente em 2 hipóteses.
1- por tráfico de entorpecentes a qualquer tempo (antes ou depois de ser naturalizado) 
2- qualquer crime antes da naturalização
Ex: os EUA pediram a extradicional do Fernandinho Beira-mar que foi analisado pelo STF e negado com base no fato de que Fernandinho Beira-mar é brasileiro nato.
Exemplo: Cabe lembrar o caso Salvatore Cacciola. Na década de 90, ele cometeu crimes contra o patrimônio do Estado brasileiro em valores elevadíssimos. Foi condenado, mas em recurso, antes de o processo transitar em julgado, impetrou habeas corpus no STF. O HC foi concedido e ele foi colocado em liberdade. O passaporte brasileiro não foi recolhido para evitar a fuga, tampouco se cogitou que ele pudesse ter a cidadania italiana. 
Cacciola fugiu para Itália, via Uruguai. Na Itália, foi fotografado e sua foto saiu no jornal o Estadão. O Brasil pediu a extradição, mas a Itália negou porque Cacciola é italiano e, como tal, não pode ser extraditado. 
Porém, Cacciola foi para Mônaco jogar num cassino e se hospedou num hotel. Existe uma regra na comunidade europeia de que todo estrangeiro quando se hospeda em Mônaco, o hotel tem que consultar os arquivos da Interpol para saber se é foragido, se foi expedido mandado de prisão internacional. Quando foi pedida a extradição do Cacciola, o Brasil não só expediu um mandado de prisão interno, como um mandado de prisão internacional.
O pedido foi julgado pelo Tribunal de Mônaco. Os requisitos formais todos foram preenchidos: Cacciola não era cidadão monocásico. Não cometera crime de opinião ou político. Tratava-se de crime comum. Apesar de não haver tratado entre Brasil e Mônaco, o Brasil assumiu o compromisso de reciprocidade. O parecer de primeira instância da Justiça monecástica foi favorável à extradição em 17 de julho de 2008, Salvatore Cacciola veio para o Brasil, onde permaneceu preso até 25 de agosto de 2011, quando foi beneficiado por liberdade condicional, passando a responder aos processos em liberdade.
2) O estrangeiro como regra é extraditado, salvo se ele cometer o crime de opinião ou político.
Crime de opinião é o crime de manifestação de ideia. O Brasil não extradita, assim os países democráticos não extraditam nesta hipótese.
REQUISITOS FORMAIS
Dupla tipicidade. Crime no exterior e no Brasil. Se o crime cometido no exterior não é crime no Brasil, o Brasil não extradita.
Tratado extradicional bilateral.
Vamos supor um tratado internacional geral ao qual o país adere apenas por se tornar signatário. 
Exemplo de um tratado internacional geral: Tratado de Roma, que trata sobre Tribunal Penal Internacional. Os países que querem aderir ao tratado de Roma se tornam signatários dele. Os EUA não são signatários do Tratado de Roma, mas o Brasil é.
 No caso da extradição, o tratado não é geral, o tratado é bilateral.
Para que o Brasil possa extraditar, faz necessário que haja um tratadocom aquele país específico. Na falta deste tratado, tem-se a possibilidade de haver um COMPROMISSO DE RECIPROCIDADE OU PROMESSA RECIPROCIDADE. O país que pede a extradição pode assumir o compromisso de dar o requisito por cumprido e, no futuro, caso o Brasil venha a extradição de alguém a esse país, ele também dará o requisito como cumprido. Caso o compromisso não seja firmado, no futuro, um requisito de igual sorte será igualmente ignorado. 
Exemplo: Ronald Biggs, na década de 60, cometeu o assalto ao trem pagador na Inglaterra. Embora preso e condenado, fugiu para o Rio de Janeiro, Casou-se e teve um filho. Quando descoberto, a Inglaterra pediu a extradição para o Brasil.
Apesar de ter se casado com uma brasileira, ele não havia feito o pedido de cidadania que, por sua vez, não se dá automaticamente. Assim, Biggs não era brasileiro nato, nem tampouco naturalizado. Os requisitos formais se preenchiam, pois o crime cometido era reconhecido como crime nos dois países e não se tratava de um crime de opinião, tampouco de um crime político, segundo a ótica dos dois países. Ele cometera um crime comum. 
Como não houvesse tratado extradicional bilateral na época, o Supremo convocou o embaixador inglês e, tendo em vista a inexistência de tratado extradicional bilateral, fez o pedido, mas o Reino Unido não se comprometeu à reciprocidade.
Quando um pedido extradicional é negado, pelo mesmo fato, nunca mais será concedido. 
Quando a Inglaterra celebrou o tratado extradicional com o Brasil, foi feito o um novo pedido extradicional de BIggs. Mas, como o pedido tinha como base o mesmo crime, ou seja, o mesmo fato, que anteriormente fora negado pelo STF, o novo pedido não foi concedido.
3- O Brasil não extradita em caso de o agente ser submetido a um Tribunal de exceção, vedação ao Tribunal de exceção.
O Tribunal de exceção é aquele em que a lei posterior que cria um crime julga fato que ocorreu antes.
Exemplo de Tribunal de Exceção: Tribunal de Nuremberg – criado em 48.
Antes de 1948, não existiam crimes contra a humanidade. Os nazistas cometeram tais crimes quando esses crimes ainda não existiam. Foi o Tribunal de Nuremberg que os criou para julgar posteriormente. O Brasil não extradita se for para Tribunal de Exceção. 
O Brasil pode pedir que se assumam compromissos.
Se o país requerente aplica a pena perpétua, o Brasil pede que essa pena seja comutada, trocada por privativa de liberdade de até 30 anos.
Se a pena é de morte o Brasil pede que a comutação para privativa de liberdade de até 30 anos.
MÓDULO XIV – PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
Artigo 8º
A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada quando idênticas.
Pena cumprida no exterior: é possível ocorrer de alguém ser condenado simultaneamente pelo mesmo fato. Isso fere o princípio que proíbe dupla punição pelo mesmo fato. 
Caso a pena cumprida do exterior seja idêntica à que for aplicada no Brasil (exemplo: pena privativa de liberdade no exterior e pena privativa de liberdade no Brasil), será feita a compensação; caso a pena cumprida no exterior seja diversa da que for aplicada no brasil (exemplo: multa no exterior e privativa de liberdade no Brasil), a pena a ser fixada pelo juiz brasileiro há de ser atenuada. (NUCCI, 2012, p.141).
Exemplo: um sujeito é condenado na França a 10 anos de reclusão por tráfico internacional, e a 12 anos aqui no Brasil pelo mesmo crime. Se ele cumprir os 10 anos em Portugal, então ele deverá cumprir apenas mais 2 no Brasil. Se tivesse de cumprir a pena integral de 12 anos aqui no Brasil depois te ter passado 10 na cadeia portuguesa, haveria violação do princípio ne bis in idem. A pena cumprida no exterior atenua a pena cumprida aqui.
DETRAÇÃO é o desconto na pena privativa de liberdade do tempo de prisão cumprida no Brasil ou no estrangeiro.
MÓDULO XV - EFICÁCIA DA SENTENÇA PENAL ESTRANGEIRA – Artigo 9º do CP
Em razão do princípio da soberania, as sentenças penais estrangeiras não têm eficácia no Brasil. Se um determinado traficante for condenado na China à pena de morte por tráfico de drogas, essa sentença não poderá ser cumprida no Brasil.
Exceções: pode ser cumprida aqui desde que haja uma homologação do tribunal competente que, atualmente é o Superior Tribunal de Justiça. A homologação serve: a) permitir que a vítima a utilize para obter reparação civil do dano; b) possibilitar o cumprimento de medida de segurança; c) viabilizar o confisco de bens em razão de lavagem de dinheiro ocorrida no exterior.
Em alguns casos a sentença estrangeira produz efeitos imediatos aqui no Brasil. É o caso da reincidência: o sujeito que pratica um crime no exterior é considerado reincidente ao retornar ao Brasil. Se ele voltar a praticar crimes, desta vez aqui no território nacional, sua situação estará agravada.

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