Buscar

Crimes contra a pessoa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 123 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Aula 03
Direito Penal p/ AGEPEN-CE (Agente Penitenciário) - Com videoaulas	
Professor: Renan Araujo
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 AULA 03: DOS CRIMES CONTRA A PESSOA. 
 
SUMçRIO 
1 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA ........................................................................... 3 
1.1 Dos crimes contra a vida ................................................................................ 3 
1.1.1 Homic’dio ...................................................................................................... 3 
1.1.1.1 Homic’dio simples .................................................................................... 5 
1.1.1.2 Homic’dio privilegiado (¤1¡) ...................................................................... 6 
1.1.1.3 Homic’dio qualificado ............................................................................... 7 
1.1.1.4 Homic’dio culposo .................................................................................. 10 
1.1.1.5 Homic’dio majorado ............................................................................... 11 
1.1.1.6 Perd‹o Judicial ...................................................................................... 11 
1.1.2 Instiga‹o ou aux’lio ao suic’dio ..................................................................... 12 
1.1.3 Infantic’dio .................................................................................................. 14 
1.1.4 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento ............................... 14 
1.1.5 Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da gestante ......................... 15 
1.1.6 Aborto praticado com o consentimento da gestante .......................................... 15 
1.1.7 A‹o Penal .................................................................................................. 17 
1.2 Das les›es corporais .................................................................................... 17 
1.3 Da periclita‹o da vida e saœde .................................................................... 21 
1.3.1 Perigo de Cont‡gio venŽreo ........................................................................... 22 
1.3.2 Perigo de cont‡gio de molŽstia grave .............................................................. 23 
1.3.3 Perigo para a vida ou saœde de outrem ........................................................... 24 
1.3.4 Abandono de incapaz .................................................................................... 24 
1.3.5 Exposi‹o ou abandono de recŽm-nascido ....................................................... 25 
1.3.6 Omiss‹o de socorro ...................................................................................... 26 
1.3.7 Maus-tratos ................................................................................................. 29 
1.3.8 A‹o penal .................................................................................................. 30 
1.4 Da rixa ......................................................................................................... 30 
1.5 Crimes contra a honra .................................................................................. 32 
1.5.1 Calœnia ....................................................................................................... 32 
1.5.2 Difama‹o .................................................................................................. 35 
1.5.3 Injœria ........................................................................................................ 36 
1.5.4 Disposi›es comuns ..................................................................................... 38 
1.6 Dos crimes contra a liberdade individual ...................................................... 39 
1.6.1 Constrangimento ilegal ................................................................................. 39 
1.6.2 Ameaa ...................................................................................................... 40 
1.6.3 Sequestro e c‡rcere privado .......................................................................... 41 
1.6.4 Redu‹o ˆ condi‹o an‡loga ˆ de escravo ....................................................... 42 
1.6.5 Tr‡fico de pessoas ....................................................................................... 43 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 1.6.6 Dos crimes contra a inviolabilidade do domic’lio, da correspondncia e dos segredos
 46 
2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 53 
3 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 65 
3.1 Sœmulas do STF ............................................................................................ 65 
3.2 Sœmulas do STJ ............................................................................................ 65 
4 RESUMO .............................................................................................................. 65 
5 EXERCêCIOS PARA PRATICAR ............................................................................. 71 
6 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 90 
7 GABARITO ........................................................................................................ 121 
 
 
Ol‡, meus amigos! Devorando os papiros? 
 
Hoje vamos estudar os crimes contra a pessoa, que representam o T’tulo 
I da Parte Especial do CP, e compreendem os arts. 121 a 154-B do CP. 
Nossa aula j‡ inclui a recente altera‹o promovida pela Lei 13.344/16, 
que incluiu o art. 149-A ao CP, tipificando o crime de Òtr‡fico de pessoasÓ. 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 1! DOS CRIMES CONTRA A PESSOA 
Os crimes contra a pessoa est‹o previstos no T’tulo I da Parte Especial do 
CP e podem ser divididos em seis grandes grupos: 
ü! Crimes contra a vida; 
ü! Les›es corporais; 
ü! Periclita‹o da vida e saœde; 
ü! Da Rixa; 
ü! Crimes contra a honra; 
ü! Crimes contra a Liberdade Individual 
 
Vamos estudar cada um destes subgrupos de crimes contra a pessoa 
isoladamente. 
 
1.1!Dos crimes contra a vida 
Os crimes contra a vida s‹o aqueles nos quais o bem jur’dico tutelado Ž a 
vida humana. A vida Ž o bem jur’dico mais importante do ser humano. N‹o Ž ˆ 
toa que os crimes contra a vida s‹o os primeiros crimes da parte especial do CP. 
A vida humana, para efeitos penais, pode ser tanto a vida intrauterina 
quanto a vida extrauterina, de forma que n‹o s— a vida de quem j‡ nasceu Ž 
tutelada, mas tambŽm ser‡ tutelada a vida daqueles que ainda est‹o no 
ventre materno (nascituros). 
Os arts. 121 a 123 cuidam da tutela da vida EXTRAUTERINA (De quem j‡ 
nasceu), enquanto os crimes dos arts. 124/127 tratam da tutela da vida 
INTRAUTERINA (Dos nascituros).1 
Vamos comear ent‹o! 
 
1.1.1!Homic’dio 
O art. 121 do CP diz: 
Homic’dio simples 
Art. 121. Matar alguem: 
Pena - reclus‹o, de seis a vinte anos. 
Caso de diminui‹o de pena 
¤ 1¼ Se oagente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou 
moral, ou sob o dom’nio de violenta emo‹o, logo em seguida a injusta provoca‹o 
da v’tima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um tero. 
Homic’dio qualificado 
¤ 2¡ Se o homic’dio Ž cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo futil; 
 
1 PRADO, Luis Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Volume 2. 5¼ edi‹o. Ed. Revista dos Tribunais. S‹o 
Paulo, 2006, p. 58 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso 
ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - ˆ trai‹o, de emboscada, ou mediante dissimula‹o ou outro recurso que dificulte 
ou torne impossivel a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execu‹o, a oculta‹o, a impunidade ou vantagem de outro 
crime: 
Feminic’dio (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) 
VI - contra a mulher por raz›es da condi‹o de sexo feminino: (Inclu’do 
pela Lei n¼ 13.104, de 2015) 
VII Ð contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constitui‹o Federal, integrantes do sistema prisional e da Fora Nacional de 
Segurana Pœblica, no exerc’cio da fun‹o ou em decorrncia dela, ou contra 
seu c™njuge, companheiro ou parente consangu’neo atŽ terceiro grau, em 
raz‹o dessa condi‹o: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.142, de 2015) 
Pena - reclus‹o, de doze a trinta anos. 
¤ 2o-A Considera-se que h‡ raz›es de condi‹o de sexo feminino quando o 
crime envolve: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) 
I - violncia domŽstica e familiar; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) 
II - menosprezo ou discrimina‹o ˆ condi‹o de mulher. (Inclu’do pela Lei 
n¼ 13.104, de 2015) 
Homic’dio culposo 
¤ 3¼ Se o homic’dio Ž culposo: (Vide Lei n¼ 4.611, de 1965) 
Pena - deten‹o, de um a trs anos. 
Aumento de pena 
¤ 4o No homic’dio culposo, a pena Ž aumentada de 1/3 (um tero), se o crime resulta 
de inobserv‰ncia de regra tŽcnica de profiss‹o, arte ou of’cio, ou se o agente deixa de 
prestar imediato socorro ˆ v’tima, n‹o procura diminuir as conseqŸncias do seu ato, 
ou foge para evitar pris‹o em flagrante. Sendo doloso o homic’dio, a pena Ž 
aumentada de 1/3 (um tero) se o crime Ž praticado contra pessoa menor de 14 
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 10.741, de 
2003) 
¤ 5¼ - Na hip—tese de homic’dio culposo, o juiz poder‡ deixar de aplicar a pena, se as 
conseqŸncias da infra‹o atingirem o pr—prio agente de forma t‹o grave que a san‹o 
penal se torne desnecess‡ria. (Inclu’do pela Lei n¼ 6.416, de 24.5.1977) 
¤ 6¼ A pena Ž aumentada de 1/3 (um tero) atŽ a metade se o crime for praticado 
por mil’cia privada, sob o pretexto de presta‹o de servio de segurana, ou por grupo 
de exterm’nio. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.720, de 2012) 
¤ 7o A pena do feminic’dio Ž aumentada de 1/3 (um tero) atŽ a metade se 
o crime for praticado: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) 
I - durante a gesta‹o ou nos 3 (trs) meses posteriores ao parto; (Inclu’do 
pela Lei n¼ 13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos 
ou com deficincia; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) 
III - na presena de descendente ou de ascendente da v’tima. (Inclu’do 
pela Lei n¼ 13.104, de 2015) 
 
O bem jur’dico tutelado, como disse, Ž a vida humana. O Homic’dio, 
entretanto, pode ocorrer nas seguintes modalidades: 
 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 a) Homic’dio Simples; 
b) Homic’dio privilegiado (¤1¡); 
c) Homic’dio qualificado (¤2¡); 
d) Homic’dio culposo (¤3¡); 
e) Homic’dio culposo majorado (¤4¡, primeira parte); 
f) Homic’dio doloso majorado (¤4¡, segunda parte e ¤¤ 6¼ e 7¼); 
 
1.1.1.1! Homic’dio simples 
ƒ aquele previsto no caput do art. 121 (Òmatar alguŽmÓ). O sujeito ativo 
pode ser qualquer pessoa f’sica, bem como qualquer pessoa f’sica pode ser 
sujeito passivo do delito. Entretanto, se o sujeito passivo for o Presidente da 
Repœblica, do Senado Federal, da C‰mara dos Deputados ou do STF, e o ato 
possuir cunho pol’tico, estaremos diante de um crime previsto na Lei de 
Segurana Nacional (art. 29 da Lei 7.710/89).2 
O tipo objetivo (conduta descrita como incriminada) Ž TIRAR A VIDA DE 
ALGUƒM. Mas para isso, precisamos saber quando se inicia a vida humana. 
A vida humana se inicia com o in’cio do parto. Para a maioria da Doutrina, o 
in’cio do parto (que gera in’cio da vida) se d‡ com o in’cio do processo de parto, 
no qual o feto passa a ter contato com a vida extrauterina3. 
N‹o h‡ necessidade de que o feto seja vi‡vel4, bastando que fique provado 
que nasceu com vida, basta isso! 
Assim, se for tirada a vida de alguŽm que ainda n‹o nasceu (ainda 
n‹o h‡ vida extrauterina, n‹o h‡ homic’dio, podendo haver aborto). 
Semelhantemente, se o fato for praticado por quem j‡ n‹o tem mais vida 
(cad‡ver), estaremos diante de UM CRIME IMPOSSêVEL (Por absoluta 
impropriedade do objeto). 
O homic’dio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de fogo, 
facada, pancadas, etc.), podendo ser praticado de forma comissiva (a‹o) ou 
omissiva (omiss‹o). Como assim? Isso mesmo, pode ser que alguŽm responda 
por homic’dio sem ter agido, mas tendo se omitido.5 
EXEMPLO: M‹e que, mesmo sabendo que o padrasto ir‡ matar seu filho, 
nada faz para impedi-lo, ainda que pudesse agir para evitar o crime sem preju’zo 
de sua integridade f’sica. Neste caso, se o padrasto vem a praticar o homic’dio, 
e ficar provado que a m‹e sabia e nada fez para impedir, ela responder‡ por 
HOMICêDIO DOLOSO (mesmo sem ter praticado qualquer ato!), na qualidade 
de crime omissivo IMPRîPRIO (recomendo a leitura do art. 13, ¤2¼ do 
CP). 
 
2 Caso a inten‹o seja destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, Žtnico, racial ou religioso, teremos o 
delito de homic’dio genocida, previsto no art. 1¼, a, da Lei 2.889/56. 
3 Por in’cio do parto entenda-se o in’cio da opera‹o, no caso de cesariana, ou o in’cio das contra›es 
expulsivas, no caso de parto normal. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 58 
4 Feto vi‡vel pode ser entendido como aquele que n‹o possui quaisquer doenas congnitas capazes de 
impossibilitar a continuidade da vida extrauterina, como os anencŽfalos, por exemplo. 
5 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 60/61 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 CUIDADO! O homic’dio pode ser praticado, ainda, por meios psicol—gicos, n‹o 
sendo obrigat—rio o uso de meios materiais.6 
 
O elemento subjetivo Ž o dolo, n‹o se exigindo qualquer finalidade espec’fica 
de agir (dolo espec’fico). Pode ser dolo direto ou dolo indireto (eventual ou 
alternativo). 
O crime se consuma quando a v’tima vem a falecer, sendo, portanto, 
um crime material. Como o delito pode ser fracionado em v‡rios atos (crime 
plurissubsistente), existe a possibilidade de tentativa, desde que, iniciada a 
execu‹o, o crime n‹o se consume por circunst‰ncias alheias ˆ vontade do 
agente. 
O homic’dio simples, ainda quando praticado por apenas uma pessoa, MAS 
EM ATIVIDADE TêPICA DE GRUPO DE EXTERMêNIO (CHACINA, POREXEMPLO), ƒ CRIME HEDIDONDO (art. 1¼, I da Lei 8.072/90). 
 
1.1.1.2! Homic’dio privilegiado (¤1¡) 
O Homic’dio privilegiado possui as mesmas caracter’sticas do homic’dio 
simples, com a peculiaridade de que a motiva‹o do crime, neste caso, Ž NOBRE. 
Ou seja, o crime Ž praticado em circunst‰ncias nas quais a Lei entende que a 
conduta do agente NÌO ƒ TÌO GRAVE. Pode ocorrer em trs situa›es7: 
¥! Motivo de relevante valor social Ð Por exemplo, matar o 
estuprador do bairro. 
¥! Motivo de relevante valor MORAL Ð Por exemplo, matar por 
compaix‹o (eutan‡sia)8. 
¥! Sob o dom’nio de violenta emo‹o, LOGO APîS injusta 
provoca‹o da v’tima Ð Agente pratica o crime movido por um 
sentimento de violenta raiva, imediatamente ap—s a cria‹o 
desse sentimento pela pr—pria v’tima9. Ex.: Imagine que o 
marido mate a pr—pria esposa ap—s ela o ter xingado, afirmando que 
ele era um frouxo e fracassado, e que ela j‡ teria dormido com toda 
a vizinhana. Nesse caso, se o marido agir de supet‹o, dando-lhe um 
tiro, por exemplo, Hç CRIME DE HOMICêDIO, mas em raz‹o da 
provoca‹o da v’tima (injusta) que criou a violenta emo‹o no 
infrator, o crime Ž privilegiado. 
 
 
6 EXEMPLO: Imagine que a filha, desejosa de ver sua m‹e morta, a fim de herdar seu patrim™nio, e sabendo 
que a m‹e possui problemas card’acos, simula uma situa‹o de sequestro de seu irm‹o caula. A m‹e, ao 
receber a liga‹o, tem um infarto do mioc‡rdio, fulminante, vindo a —bito. Nesse caso, a conduta dolosa 
e planejada da filha pode ser considerada homic’dio, pois o meio foi h‡bil para alcanar o 
resultado pretendido. 
7 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 61 
8 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 61/62 
9 CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi‹o. Ed. Juspodivm. Salvador, 
2015, p. 51/52 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 Mas quais as consequncias do crime privilegiado? A pena, nesse caso, 
Ž diminu’da de 1/6 a 1/3. 
 
CUIDADO! Se o crime for praticado em concurso de pessoas, a circunst‰ncia 
pessoal (violenta emo‹o) n‹o se comunica entre os agentes, respondendo 
por homic’dio simples aquele que n‹o estava sob violenta emo‹o.10 
 
1.1.1.3! Homic’dio qualificado 
O homic’dio qualificado Ž aquele para o qual se prev uma pena mais 
grave (12 a 30 anos), em raz‹o da maior reprovabilidade da conduta do 
agente. O homic’dio ser‡ qualificado quando for praticado: 
¥! Mediante paga ou promessa de recompensa ou OUTRO MOTIVO 
TORPE Ð Aqui se pune mais severamente o homic’dio praticado por 
motivo torpe, que Ž aquela motiva‹o repugnante, abjeta11, dando-se, 
como exemplo, a realiza‹o do crime mediante paga ou promessa de 
recompensa. Trata-se do mercen‡rio. Na modalidade de ÒpagaÓ, o 
pagamento acontece antes. Na modalidade Òpromessa de 
recompensaÓ, o pagamento dever‡ ocorrer depois do crime, mas a sua 
efetiva concretiza‹o (do pagamento) Ž IRRELEVANTE. Aqui h‡ o 
chamado concurso necess‡rio, pois Ž imprescind’vel que pelo menos 
duas pessoas participem (quem paga ou promete e quem executa). 
Havia divergncia a respeito da comunicabilidade da qualificadora para 
o mandante. O STJ, no informativo 575, decidiu que se trata de 
circunst‰ncia de car‡ter pessoal. Assim, o homic’dio, para o 
mandante, n‹o ser‡ necessariamente qualificado (a menos que 
o mandante esteja agindo por motivo torpe, fœtil, etc.)12. A Doutrina 
diverge sobre a natureza da ÒrecompensaÓ, mas prevalece o 
entendimento de que deva ter natureza econ™mica13, embora a 
recompensa de outra natureza tambŽm possa ser enquadrada como 
Òoutro motivo torpeÓ (H‡ interpreta‹o ANALîGICA aqui). A 
ÒvinganaÓ pode ou n‹o ser considerada motivo torpe, isso depende 
do caso concreto (posi‹o dos Tribunais). 
¥! Por motivo fœtil Ð Aqui temos o motivo banal, aquele no qual o 
agente retira a vida de alguŽm por um motivo bobo, rid’culo, ou seja, 
h‡ uma despropor‹o gigante entre o motivo do crime e o bem lesado 
 
10 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 63. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 52 
11 Um outro exemplo Ž a GANåNCIA. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 67 
12 ÒO reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" (inciso I do ¤ 2¼ do art. 121) 
em rela‹o ao executor do crime de homic’dio mercen‡rio n‹o qualifica automaticamente o delito 
em rela‹o ao mandante, nada obstante este possa incidir no referido dispositivo caso o motivo 
que o tenha levado a empreitar o —bito alheio seja torpe.Ó (REsp 1.209.852-PR, Rel. Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015, DJe 2/2/2016) 
Na Doutrina existe DIVERGæNCIA, havendo, inclusive, certa predomin‰ncia da tese CONTRçRIA, no 
sentido de que somente o executor responderia pela forma qualificada. 
13 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 54 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 (vida). MOTIVO INJUSTO ƒ DIFERENTE DE MOTIVO FòTIL. O 
motivo injusto Ž inerente ao homic’dio (se fosse justo, n‹o seria 
crime). A Doutrina majorit‡ria entende que o crime praticado ÒSEM 
MOTIVO ALGUMÓ (ausncia de motivo) tambŽm Ž qualificado. O STJ, 
entretanto, vem firmando entendimento no sentido contr‡rio, ou seja, 
de que seria homic’dio simples14. 
¥! Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum Ð Aqui temos mais uma hip—tese de INTERPRETA‚ÌO 
ANALîGICA, pois o legislador d‡ uma sŽrie de exemplos e no final 
abre a possibilidade para que outras condutas semelhantes sejam 
punidas da mesma forma. Temos aqui, n‹o uma qualificadora 
decorrente dos MOTIVOS DO CRIME, mas uma qualificadora 
decorrente dos MEIOS UTILIZADOS para a pr‡tica do delito. A 
Doutrina entende que a qualificadora do Òemprego de venenoÓ 
s— incide se a v’tima NÌO SABE que est‡ ingerindo veneno15; 
Se souber, o crime poder‡ ser qualificado pelo meio cruel. 
 
CUIDADO! MUITO CUIDADO! MAS MUITO CUIDADO MESMO! A 
utiliza‹o de tortura como MEIO para se praticar o homic’dio, qualifica o 
crime. Entretanto, se o agente pretende TORTURAR (esse Ž o objetivo), 
mas se excede (culposamente) e acaba matando a v’tima, NÌO Hç 
HOMICêDIO QUALIFICADO PELA TORTURA, mas TORTURA 
QUALIFICADA PELO RESULTADO MORTE (art. 1¡, ¤3¡ da Lei 9.455/97). 
 
¥! Ë trai‹o, de emboscada, ou qualquer outro meio que dificulte 
ou torne imposs’vel a defesa do ofendido Ð Nesse caso, o crime Ž 
qualificado em raz‹o, tambŽm, DO MEIO UTILIZADO, pois ele 
dificulta a defesa da v’tima. CUIDADO! A idade da v’tima (idoso ou 
criana, por exemplo), n‹o Ž MEIO PROCURADO PELO AGENTE, 
logo, n‹o qualifica o crime, embora, no caso concreto, torne mais dif’cil 
a defesa, em alguns casos. 
¥! Para assegurar a execu‹o, oculta‹o, a impunidade ou 
vantagem de outro crime Ð Aqui h‡ o que chamamos de conex‹o 
instrumental, ou seja, o agente pratica o homic’dio para assegurar 
alguma vantagem referente a outro crime, que pode consistir na 
execu‹o do outro crime, na oculta‹o do outro crime, na impunidade 
do outro crime ou na vantagem do outro crime. A conex‹o 
instrumental pode ser TELEOLîGICA (assegurar a execu‹o 
FUTURA de outro crime) OU CONSEQUENCIAL (assegurar a 
oculta‹o, a impunidade ou a vantagem do outro crime, que Jç 
OCORREU). O Òoutro crimeÓ NÌO PRECISA SER PRATICADO OU 
 
14 (AgRg no REsp 1289181/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 
29/10/2013)Ó 
15 PRADO, Luis Regis. Op.Cit., p. 69 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 TER SIDO PRATICADO PELO AGENTE, pode ter sido praticado por 
outra pessoa. 
¥! FEMINICêDIO Ð Aqui teremos um homic’dio qualificado em raz‹o de 
ter sido praticado contra mulher, em situa‹o denominada de 
Òviolncia de gneroÓ. N‹o basta, assim, que a v’tima seja mulher, 
deve ficar caracterizada a violncia de gnero. Mas como se 
caracteriza a violncia de gnero? O ¤2¼-A do art. 121, tambŽm 
inclu’do pela Lei 13.104/2015, estabelece que ser‡ considerada 
violncia de gnero quando o crime envolver violncia domŽstica e 
familiar ou menosprezo ou discrimina‹o ˆ condi‹o de mulher. 
¥! CONTRA AGENTES DE SEGURAN‚A E DAS FOR‚AS ARMADAS Ð 
O homic’dio tambŽm ser‡ considerado ÒqualificadoÓ quando for 
praticado contra integrantes das Foras Armadas (Marinha, ExŽrcito e 
Aeron‡utica), das foras de segurana pœblica (Pol’cias federal, 
rodovi‡ria federal, ferrovi‡ria federal, civil, militar e corpo de 
bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional (agentes 
penitenci‡rios) e integrantes da Fora Nacional de Segurana. 
Contudo, n‹o basta que o homic’dio seja praticado contra alguma 
destas pessoas para que seja qualificado, Ž necess‡rio que o crime 
tenha sido praticado em raz‹o da fun‹o exercida pelo agente. Se o 
crime n‹o tem qualquer rela‹o com a fun‹o pœblica exercida, 
n‹o se aplica esta qualificadora! 
AlŽm dos pr—prios agentes, o inciso VII relaciona tambŽm os parentes 
destes funcion‡rios pœblicos (c™njuge, companheiro ou parente 
consangu’neo atŽ terceiro grau). Assim, o homic’dio praticado contra 
qualquer destas pessoas, desde que guarde rela‹o com a fun‹o 
pœblica do agente, ser‡ considerado qualificado. 
 
16 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 58 
 
ü! E se houver mais de uma circunst‰ncia qualificadora (meio 
cruel motivo torpe, por exemplo)? Nesse caso, n‹o existe crime 
DUPLA OU TRIPLAMENTE QUALIFICADO. O crime Ž apenas 
qualificado. Se houver mais de uma qualificadora, uma delas qualifica 
o crime, e a outra (ou outras) Ž considerada como agravante genŽrica 
(se houver previs‹o) ou circunst‰ncia judicial desfavor‡vel16 (art. 59 
do CP), caso n‹o seja prevista como agravante. POSI‚ÌO ADOTADA 
PELO STF. 
ü! E se o crime for, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado 
(praticado por relevante valor moral e mediante emprego de 
veneno, por exemplo)? Nesse caso, temos o chamado homic’dio 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 
 
1.1.1.4! Homic’dio culposo 
O homic’dio culposo ocorre n‹o quando o agente quer a morte, mas quando 
o agente pratica uma conduta direcionada a outro fim (que pode ou n‹o ser l’cito), 
mas por inobserv‰ncia de um dever de cuidado (negligncia, imprudncia ou 
imper’cia), acaba por causar a morte da pessoa. 
A imprudncia Ž a precipita‹o, Ž o ato praticado com afoba‹o, t’pico 
dos AFOITOS. A negligncia, por sua vez, Ž a imprudncia na forma omissiva, 
ou seja, Ž a ausncia de precau‹o. O agente deixa de fazer alguma coisa que 
deveria para evitar o ocorrido. Na imper’cia, por sua vez, o agente comete o crime 
por n‹o possuir aptid‹o tŽcnica para realizar o ato. 
EXEMPLOS: Imagine que numa mesa de cirurgia, um MƒDICO-
CIRURGIÌO esquea uma pina na barriga do paciente, que vem a falecer em 
raz‹o disso. Nesse caso, n‹o houve imper’cia, pois o MƒDICO ƒ APTO PARA 
REALIZAR A CIRURGIA, tendo havido negligncia (o camarada n‹o tomou os 
cuidados devidos antes de dar os pontos na cirurgia). Houve, portanto, 
negligncia. 
Imaginem, agora, que no mesmo exemplo, o mŽdico que realizou a conduta 
foi um CLêNICO GERAL, que n‹o sabia fazer uma cirurgia, e tenha feito algo 
errado no procedimento. Aqui sim ter’amos imper’cia. 
CUIDADO! N‹o existe compensa‹o de culpas! Assim, se a v’tima 
tambŽm contribuiu para o resultado, o agente responde mesmo assim, 
mas essa circunst‰ncia (culpa da v’tima) ser‡ considerada em favor do rŽu 
na fixa‹o da pena.18 
 
EXEMPLO: Imagine que Rodrigo esteja dirigindo sua Ferrari a 300 km/h na 
Av. Paulista, de madrugada, acreditando que n‹o vai atropelar ninguŽm, porque 
Ž muito Òbom de rodaÓ (Imprudncia). Eis que, de repente, Nathalia atravessa 
a rua com o sinal fechado para ela (imprudncia), vindo a ser atropelada por 
Rodrigo, falecendo. Nesse caso, Rodrigo responder‡ por homic’dio culposo, sim, 
mas o fato de Nathalia ter agido com culpa tambŽm, ser‡ considerado 
 
17 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 65 
18 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 63 
qualificado-privilegiado. Mas, CUIDADO! Isso s— ser‡ poss’vel se 
a qualificadora for objetiva (relativa ao meio utilizado), pois a 
circunst‰ncia privilegiadora Ž sempre subjetiva (relativa aos motivos 
do crime). Assim, um crime nunca poder‡ ser praticado por motivo 
torpe e por motivo de relevante valo moral ou social, s‹o coisas 
colidentes17! O STF e o STJ entendem assim! 
ü! E sendo o crime qualificado-privilegiado, ser‡ ele hediondo? 
NÌO! Pois sendo o motivo deste crime, um motivo nobre, embora a 
execu‹o n‹o o seja, o motivo prepondera sobre o meio utilizado, por 
analogia ao art. 67 do CP. POSI‚ÌO MAJORITçRIA. 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 favoravelmente a Rodrigo quando da fixa‹o da pena base (Òcomportamento da 
v’timaÓ, art. 59 do CP). 
CUIDADO! Apenas para fins de registro, o homic’dio culposo na dire‹o de 
ve’culo automotor, desde o advento da Lei 9.503/97, Ž crime previsto no art. 
302 da referida lei (C—digo de Tr‰nsito Brasileiro). 
 
1.1.1.5! Homic’dio majorado 
O homic’dio pode ser majorado (ter a pena aumentada) no caso de ter sido 
cometido em algumas circunst‰ncias. S‹o elas: 
 
No homic’dio culposo (aumento de 1/3): 
ü! Resulta de inobserv‰ncia de regra tŽcnica ou profiss‹o, arte ou of’cio 
ü! Se o agente deixa de prestar imediato socorro ˆ v’tima 
ü! N‹o procura diminuir as consequncias de seu ato 
ü! Foge para evitar pris‹o em flagrante 
 
No homic’dio doloso: 
ü! Se o crime for cometido contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 
60 anos (aumento de 1/3) 
ü! Se o crime for praticado por mil’cia privada, sob o pretexto de 
presta‹o de servio de segurana, ou por grupo de exterm’nio 
(aumento de 1/3 atŽ a metade) 
ü! Se o crime, no caso de FEMINICêDIO, for praticado: a) durante a 
gesta‹o ou nos 3 (trs) meses posteriores ao parto; b) contra pessoa 
menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com 
deficincia; c) na presena de descendente ou de ascendente da v’tima 
(aumento de 1/3 atŽ a metade). 
 
1.1.1.6! Perd‹o Judicial 
Em determinados crimes o Estado confere o perd‹o ao infrator (N‹o 
confundir perd‹o judicial com perd‹o do ofendido), por entender que a 
aplica‹o da pena n‹o Ž necess‡ria. ƒ o chamado Òperd‹o judicialÓ. ƒ o que 
ocorre, por exemplo, no caso de homic’dio culposo no qual o infrator tenha 
perdido alguŽm querido (Lembram-se do caso Herbert Viana?). Essa hip—tese 
est‡ prevista no art. 121, ¤ 5¡ do CP: 
¤ 5¼ - Na hip—tese de homic’dio culposo, o juiz poder‡ deixar de aplicar a pena, se as 
conseqŸncias da infra‹o atingirem o pr—prio agente de forma t‹o grave que a san‹o 
penal se torne desnecess‡ria. (Inclu’do pela Lei n¼ 6.416, de 24.5.1977) 
 
 
Ent‹o,nesse caso, ocorrendo o perd‹o judicial, tambŽm estar‡ extinta a 
punibilidade. AlŽm disso, o art. 120 do CP diz que se houver o perd‹o judicial, 
esta sentena que concede o perd‹o judicial n‹o Ž considerada para fins de 
reincidncia. 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 O perd‹o judicial, diferentemente do perd‹o do ofendido, n‹o 
precisa ser aceito pelo infrator para produzir seus efeitos. A sentena que 
concede o perd‹o judicial Ž declarat—ria da extin‹o da punibilidade, n‹o 
subsistindo qualquer efeito condenat—rio (Conforme sœmula n¡ 18 do STJ). 
 
1.1.2!Instiga‹o ou aux’lio ao suic’dio 
Este crime est‡ previsto no art. 122 do CP. Vejamos: 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguŽm a suicidar-se ou prestar-lhe aux’lio para que o 
faa: 
Pena - reclus‹o, de dois a seis anos, se o suic’dio se consuma; ou reclus‹o, de um a 
trs anos, se da tentativa de suic’dio resulta les‹o corporal de natureza grave. 
Par‡grafo œnico - A pena Ž duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime Ž praticado por motivo ego’stico; 
II - se a v’tima Ž menor ou tem diminu’da, por qualquer causa, a capacidade de 
resistncia. 
 
O suic’dio Ž a elimina‹o direta e volunt‡ria da pr—pria vida. O suic’dio n‹o 
Ž crime (ou sua tentativa), mas a conduta do terceiro que auxilia outra pessoa 
a se matar (material ou moralmente) Ž crime. 
Aqui, a participa‹o no suic’dio n‹o Ž uma conduta acess—ria (porque o 
suic’dio n‹o Ž crime!), mas conduta principal, ou seja, o pr—prio nœcleo do tipo 
penal. Assim, quem auxilia outra pessoa a se matar n‹o Ž part’cipe deste crime, 
mas AUTOR. 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, e Ž admitido o concurso de pessoas 
(duas ou mais pessoas se reunirem para auxiliarem outra a se suicidar). No 
entanto, somente a PESSOA QUE POSSUA ALGUM DISCERNIMENTO pode 
ser sujeito passivo do crime19, eis que se a pessoa (suicida) n‹o tiver qualquer 
discernimento, estaremos diante de um homic’dio, tendo o agente se valido da 
ausncia de autocontrole da v’tima para induzi-la a se matar (sem que esta 
quisesse esse resultado). 
EXEMPLO: Imagine que A, desejando a morte de B (um doente mental, 
completamente alienado), o induz a se jogar do 20¡ andar de um prŽdio. B, 
maluco (coitado!), se joga, achando que Ž o ÒsupermanÓ. Nesse caso, n‹o houve 
instiga‹o ou induzimento ao suic’dio, mas HOMICêDIO, pois A se valeu da 
ausncia de discernimento de B para mat‡-lo. 
 
O crime pode ser praticado de 03 formas: 
ü! Induzimento Ð O agente faz nascer na v’tima a ideia de se matar 
 
19 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 81/82 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 ü! Instiga‹o Ð O agente refora a ideia j‡ existente na cabea da 
v’tima, que est‡ pensando em se matar 
ü! Aux’lio Ð O agente presta algum tipo de aux’lio material ˆ v’tima 
(empresta uma arma de fogo, por exemplo) 
 
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, n‹o sendo admitido na forma culposa. 
ƒ poss’vel a pr‡tica do crime mediante dolo eventual. Imagine o pai que coloca a 
filha, jovem gr‡vida, para fora de casa, sabendo que a filha Ž descontrolada e 
havia ameaado se matar, n‹o se importando com o resultado (n‹o Ž pac’fico 
na Doutrina). 
A consuma‹o Ž bastante discutida na Doutrina, mas vem se fixando o 
seguinte entendimento: 
ü! A v’tima morre Ð Crime consumado (pena de 02 a 06 anos de reclus‹o) 
ü! V’tima n‹o morre, mas sofre les›es graves Ð Crime consumado (pena 
de 01 a 03 anos) 
ü! V’tima n‹o morre nem sofre les›es graves Ð INDIFERENTE PENAL 
 
Assim, para esta Doutrina, o crime se consumaria com a ocorrncia do 
evento morte ou das les›es corporais graves (crime material), ou ser um 
indiferente penal (quando, n‹o obstante a conduta do agente, o suicida n‹o sofre 
ao menos les›es graves). Trata-se de entendimento da Doutrina moderna.20 
Outra parte da Doutrina entende que o crime Ž FORMAL, se consumando 
no momento em que o infrator pratica a conduta, sendo a ocorrncia da morte 
ou de les›es graves, MERA CONDI‚ÌO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE. Trata-
se do entendimento da Doutrina cl‡ssica.21 
Outra parcela doutrin‡ria entende que o crime se consuma com a ocorrncia 
da morte. No caso de les›es graves ter’amos apenas tentativa pun’vel (pena mais 
branda) e no caso de n‹o ocorrer qualquer destes resultados ter’amos tentativa 
impun’vel. 
ƒ bem dividido na Doutrina, mas eu ficaria com a primeira. 
O crime pode aparecer, ainda, na forma majorada (Pena duplicada), 
quando praticado nas seguintes hip—teses: 
 
ü! Por motivo ego’stico 
ü! Se a v’tima Ž menor ou tem diminu’da a capacidade de resistncia 
(Se a v’tima n‹o tem nenhum discernimento, Ž homic’dio, lembram-
se?) 
 
 
 
20 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 73/74 
21 Nesse sentido, dentre outros, LUIZ REGIS PRADO. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 86/87 
 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 1.1.3!Infantic’dio 
O infantic’dio Ž o crime mediante o qual a m‹e, sob influncia do estado 
puerperal, mata o pr—prio filho recŽm-nascido, durante ou logo ap—s o 
parto: 
Art. 123 - Matar, sob a influncia do estado puerperal, o pr—prio filho, durante o parto 
ou logo ap—s: 
Pena - deten‹o, de dois a seis anos. 
 
O objeto jur’dico tutelado aqui tambŽm Ž a vida humana. Trata-se, na 
verdade, de uma ÒespŽcie de homic’dioÓ que recebe puni‹o mais branda em 
raz‹o da comprova‹o cient’fica acerca dos transtornos que o estado puerperal 
pode causar na m‹e. 
O sujeito ativo, aqui, somente pode ser a m‹e da v’tima, e ainda, desde 
que esteja sob influncia do estado puerperal (CRIME PRîPRIO). O sujeito 
passivo Ž o ser humano, recŽm-nascido, logo ap—s o parto ou durante ele. 
 
CUIDADO! Embora seja crime pr—prio, Ž plenamente admiss’vel o concurso 
de agentes, que responder‹o por infantic’dio (desde que conheam a 
condi‹o do agente, de m‹e da v’tima), nos termos do art. 30 do CP. 
 
ƒ necess‡rio que a gestante pratique o fato SOB INFLUæNCIA DO ESTADO 
PUERPERAL, e que esse estado emocional seja a causa do fato. 
Mas atŽ quando vai o estado puerperal? N‹o h‡ certeza mŽdica, 
devendo ser objeto de per’cia no caso concreto. 
O crime s— Ž admitido na forma dolosa (dolo direto e dolo eventual), n‹o 
sendo admitido na forma culposa. A pergunta que fica Ž: E se a m‹e, durante 
o estado puerperal, culposamente mata o pr—prio filho? Nesse caso, temos 
simplesmente um homic’dio culposo22. 
E se a m‹e, por equ’voco, acaba por matar filho de outra pessoa 
(confunde com seu pr—prio filho)? Nesse caso, responde normalmente por 
infantic’dio, como se tivesse praticado o delito efetivamente contra seu filho, por 
se tratar de erro sobre a pessoa (nos termos do art. 20, ¤3¼ do CP).23 
O crime se consuma com a morte da criana e a tentativa Ž plenamente 
poss’vel. 
 
1.1.4!Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Est‡ previsto no art. 124 do CP. Vejamos: 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
Pena - deten‹o, de um a trs anos. 
 
 
22 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 101 
23 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 101 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br15 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 Nesse caso, o sujeito ativo s— pode ser a m‹e (gestante). No caso de 
estarmos diante da segunda hip—tese (permitir que outra pessoa pratique o 
aborto em si), o crime Ž praticado somente pela m‹e, respondendo o terceiro 
pelo crime do art. 126 (Exce‹o ˆ teoria monista, que Ž a teoria segundo a qual 
os comparsas devem responder pelo mesmo crime). Assim, este crime Ž um 
crime DE MÌO PRîPRIA. 
O sujeito passivo Ž o feto (nascituro). 
Como se v, pode ser praticado de duas formas distintas: 
 
ü! Gestante pratica o aborto em si pr—pria 
ü! Gestante permite que outra pessoa pratique o aborto nela. 
 
O crime s— Ž punido na forma dolosa. Se o aborto Ž culposo, a 
gestante n‹o comete crime (Ex.: Gestante pratica esportes radicais, vindo a 
se acidentar e causar a morte do filho). 
O crime se consuma com a morte do feto, Ž claro. A tentativa Ž plenamente 
poss’vel. 
 
1.1.5!Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da gestante 
Nesse crime o terceiro pratica o aborto na gestante, sem que esta 
concorde com a conduta. Vejamos o que diz o art. 125: 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclus‹o, de trs a dez anos. 
 
A conduta aqui Ž bem simples, n‹o havendo muitas observa›es a se fazer. 
N‹o Ž necess‡rio que se trate de um mŽdico, podendo ser praticado por 
qualquer pessoa (CRIME COMUM). O sujeito passivo, aqui, como em todos os 
outros delitos de aborto, Ž o feto. Entretanto, nesse crime espec’fico tambŽm 
ser‡ v’tima (sujeito passivo) a gestante. 
Embora o crime ocorra quando n‹o houver o consentimento da gestante, 
tambŽm ocorrer‡ o crime quando o consentimento for prestado por quem n‹o 
possua condi›es de prest‡-lo (menor de 14 anos, ou alienada mental), ou 
se o consentimento Ž obtido mediante fraude por parte do agente (infrator). 
O crime se consuma com a morte do feto, sendo plenamente poss’vel a 
tentativa. 
Se o agente pretende matar a m‹e, sabendo que est‡ gr‡vida, e ambos os 
resultados ocorrem, responder‡ por ambos os crimes (homic’dio e aborto) em 
concurso. 
 
1.1.6!Aborto praticado com o consentimento da gestante 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos. 
Par‡grafo œnico. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante n‹o Ž maior de 
quatorze anos, ou Ž alienada ou debil mental, ou se o consentimento Ž obtido mediante 
fraude, grave ameaa ou violncia 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 
Aqui, embora o aborto seja praticado por terceiro, h‡ o consentimento da 
gestante. Trata-se da figura do camarada que praticou o aborto na gestante, com 
a concord‰ncia ou a pedido desta. 
A gestante responde pelo crime do art. 124 e o terceiro responde por 
este delito. 
Como disse a vocs, o consentimento s— Ž v‡lido (de forma a caracterizar 
ESTE crime) quando a gestante tem condi›es de manifestar vontade. Quando 
a gestante n‹o tiver condi›es de manifestar a pr—pria vontade, ou o faz em 
raz‹o de ter sido enganada pela fraude do agente, o crime cometido (pelo agente, 
n‹o pela gestante) Ž o do art. 125, conforme podemos extrair da reda‹o do art. 
125 c/c art. 126, ¤ œnico do CP. 
O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa, COM EXCE‚ÌO DA 
PRîPRIA GESTANTE! O sujeito passivo Ž apenas o feto. 
O elemento subjetivo aqui, como nos demais casos de aborto, Ž SOMENTE 
O DOLO. 
O crime se consuma com a morte do feto, podendo ocorrer a modalidade 
tentada, quando, embora praticada a conduta, o feto n‹o falece, sobrevivendo.24 
 
 
ü! Se no aborto provocado por terceiro (arts. 125 e 126), em decorrncia 
dos meios utilizados pelo terceiro, ou em decorrncia do aborto em si, a 
gestante sofre les‹o corporal grave, as penas s‹o aumentadas de 1/3; se 
sobrevŽm a morte da gestante as penas s‹o duplicadas. Vejamos: 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores s‹o aumentadas de um 
tero, se, em conseqŸncia do aborto ou dos meios empregados para provoc‡-lo, a 
gestante sofre les‹o corporal de natureza grave; e s‹o duplicadas, se, por qualquer 
dessas causas, lhe sobrevŽm a morte. 
ü! O aborto PRATICADO POR MƒDICO, quando for a œnica forma de 
salvar a VIDA da gestante, ou QUANDO A GESTA‚ÌO FOR 
DECORRENTE DE ESTUPRO (e houver prŽvia autoriza‹o da gestante), 
NÌO ƒ CRIME25: 
Art. 128 - N‹o se pune o aborto praticado por mŽdico: 
Aborto necess‡rio 
I - se n‹o h‡ outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto Ž precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
 
24 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 115/116 
25 Atualmente o STF entende que o aborto de fetos anencŽfalos (ou anencef‡licos, ou seja, sem cŽrebro ou 
com m‡-forma‹o cerebral) n‹o Ž crime, estando criada, jurisprudencialmente, mais uma exce‹o. Ver: 
ADPF 54 / DF (STF) 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 ü! N‹o se exige que haja sentena reconhecendo o estupro; basta que haja, 
ao menos, boletim de ocorrncia registrado na Delegacia.26 
 
1.1.7!A‹o Penal 
 
TODOS os crimes contra VIDA s‹o de a‹o PENAL PòBLICA 
INCONDICIONADA. 
 
1.2!Das les›es corporais 
As les›es corporais podem ser definidas como quaisquer danos provocados 
no sistema de funcionalidade normal do corpo humano. 
O crime de les›es corporais est‡ previsto no art. 129 do CP, e possui diversas 
variantes, que est‹o previstas nos seus ¤¤: 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saœde de outrem: 
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano. 
Les‹o corporal de natureza grave 
¤ 1¼ Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupa›es habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou fun‹o; 
IV - acelera‹o de parto: 
Pena - reclus‹o, de um a cinco anos. 
¤ 2¡ Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incuravel; 
III - perda ou inutiliza‹o do membro, sentido ou fun‹o; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclus‹o, de dois a oito anos. 
Les‹o corporal seguida de morte 
¤ 3¡ Se resulta morte e as circunst‰ncias evidenciam que o agente n‹o qu’s o 
resultado, nem assumiu o risco de produz’-lo: 
Pena - reclus‹o, de quatro a doze anos. 
Diminui‹o de pena 
¤ 4¡ Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou 
moral ou sob o dom’nio de violenta emo‹o, logo em seguida a injusta provoca‹o da 
v’tima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um tero. 
Substitui‹o da pena 
 
26 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 123. 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 ¤ 5¡ O juiz, n‹o sendo graves as les›es, pode ainda substituir a pena de deten‹o 
pela de multa, de duzentos mil rŽis a dois contos de rŽis: 
I - se ocorre qualquer das hip—teses do par‡grafo anterior; 
II - se as les›es s‹o rec’procas. 
Les‹o corporal culposa 
¤ 6¡ Se a les‹o Ž culposa: (Vide Lei n¼ 4.611, de 1965) 
Pena - deten‹o, de dois meses a um ano.Aumento de pena 
¤ 7¡ No caso de les‹o culposa, aumenta-se a pena de um tero, se ocorre qualquer 
das hip—teses do art. 121, ¤ 4¡. 
¤ 7¼ - Aumenta-se a pena de um tero, se ocorrer qualquer das hip—teses do art. 121, 
¤ 4¼. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 8.069, de 1990) 
¤ 8¼ - Aplica-se ˆ les‹o culposa o disposto no ¤ 5¼ do art. 121.(Reda‹o dada pela Lei 
n¼ 8.069, de 1990) 
Violncia DomŽstica (Inclu’do pela Lei n¼ 10.886, de 2004) 
¤ 9o Se a les‹o for praticada contra ascendente, descendente, irm‹o, c™njuge ou 
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se 
o agente das rela›es domŽsticas, de coabita‹o ou de hospitalidade: (Reda‹o dada 
pela Lei n¼ 11.340, de 2006) 
Pena - deten‹o, de 3 (trs) meses a 3 (trs) anos. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 11.340, 
de 2006) 
¤ 10. Nos casos previstos nos ¤¤ 1o a 3o deste artigo, se as circunst‰ncias s‹o as 
indicadas no ¤ 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um tero). (Inclu’do pela 
Lei n¼ 10.886, de 2004) 
¤ 11. Na hip—tese do ¤ 9o deste artigo, a pena ser‡ aumentada de um tero se o crime 
for cometido contra pessoa portadora de deficincia. (Inclu’do pela Lei n¼ 11.340, de 
2006) 
¤ 12. Se a les‹o for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 
144 da Constitui‹o Federal, integrantes do sistema prisional e da Fora Nacional de 
Segurana Pœblica, no exerc’cio da fun‹o ou em decorrncia dela, ou contra seu 
c™njuge, companheiro ou parente consangu’neo atŽ terceiro grau, em raz‹o dessa 
condi‹o, a pena Ž aumentada de um a dois teros. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.142, 
de 2015) 
 
A les‹o corporal Ž um crime que pode ser praticado por qualquer sujeito 
ativo, tambŽm podendo ser qualquer pessoa o sujeito passivo. Em alguns 
casos, no entanto, somente pode ser sujeito passivo a mulher gr‡vida 
(art. 129, ¤¤1¡, IV e 2¡, V). 
Trata-se de crime que pode ser praticado de diversas maneiras, pancadas, 
perfura›es, cortes, etc. 
O bem jur’dico tutelado Ž a incolumidade f’sica da pessoa (integridade f’sica). 
A autoles‹o n‹o Ž crime (causar les›es corporais em si mesmo), por 
ausncia de lesividade a bem jur’dico de terceiro. 
A les‹o corporal pode ser classificada como: 
 
ü! Simples (caput) 
ü! Qualificada (¤¤ 1¡, 2¡ e 3¡) 
ü! Privilegiada (¤¤ 4¡ e 5¡) 
ü! Culposa (¤ 6¡) 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 
A les‹o corporal simples Ž a prevista no art. 129, caput, e ocorrer‡ sempre 
que n‹o resultar em les›es de natureza mais grave ou morte. 
A les‹o qualificada pode se dar pela ocorrncia de resultado grave (les›es 
graves) ou em decorrncia do resultado morte (Les‹o corporal seguida 
de morte). 
As seguintes situa›es s‹o consideradas como les›es graves para fins 
penais: 
LESÍES CORPORAIS GRAVES 
RESULTADO PENA 
LESÍES GRAVES (Doutrina) 
§! Incapacidade para as ocupa›es 
habituais, por mais de trinta dias 
§! Perigo de vida 
§! Debilidade permanente de 
membro, sentido ou fun‹o 
§! Acelera‹o de parto 
 
PENA Ð 01 a 05 anos de reclus‹o 
LESÍES GRAVêSSIMAS 
(Doutrina) 
§! Incapacidade permanente para o 
trabalho 
§! Enfermidade incur‡vel 
§! Perda ou inutiliza‹o do membro, 
sentido ou fun‹o 
§! Deformidade permanente 
§! Aborto 
PENA Ð 02 a 08 anos de reclus‹o 
 
 
O CP trata ambas como les›es graves, mas em raz‹o da pena diferenciada 
para cada uma delas, a Doutrina chama as primeiras de LESÍES GRAVES e as 
segundas de LESÍES GRAVêSSIMAS.27 
A les‹o corporal seguida de morte Ž um crime qualificado pelo resultado, 
mais especificamente, um crime PRETERDOLOSO (dolo na conduta inicial 
e culpa na ocorrncia do resultado) pois o agente comea praticando 
dolosamente um crime (les‹o corporal) e acaba por cometer, culposamente, 
outro crime mais grave (homic’dio). Nesse caso, temos a les‹o corporal seguida 
de morte, prevista no ¤3¡ do art. 129, ˆ qual se prev pena de 04 A 12 ANOS. 
H‡, ainda, a figura da les‹o corporal privilegiada, que ocorre em duas 
situa›es: 
ü! Agente comete o crime movido por relevante valor moral ou 
social, ou movido por violenta emo‹o, logo em seguida ˆ 
 
27 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 146/149 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 injusta provoca‹o da v’tima Ð A pena Ž diminu’da de 1/6 a 1/3 
(aplicam-se as mesmas considera›es acerca do homic’dio 
privilegiado). 
ü! N‹o sendo graves as les›es: a) Ocorrer a situa‹o anterior; ou 
b) se tratar de les›es rec’procas entre infrator e ofendido Ð O 
JUIZ PODE SUBSITTUIR A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
POR PENA DE MULTA. 
 
A les‹o corporal na modalidade culposa est‡ prevista no ¤6¡ do art. 129, 
e Ž praticada quando h‡ viola‹o a um dever objetivo de cuidado (negligncia, 
imprudncia ou imper’cia). Lembrando que o crime de les›es corporais 
culposas em dire‹o de ve’culo automotor Ž crime especial, previsto no 
CTB, logo, n‹o se aplica o CP nesse caso. 
ƒ poss’vel, ainda, que havendo les‹o corporal culposa, o Juiz conceda o 
perd‹o judicial ao infrator, conforme tambŽm ocorre no homic’dio culposo, 
quando as consequncias do crime atingirem o infrator de tal forma que a pena 
se torne desnecess‡ria. 
Finalizando o crime de les›es corporais, o CP trata da VIOLæNCIA 
DOMƒSTICA. A violncia domŽstica Ž aquela praticada em face de ascendente, 
descendente, irm‹o, c™njuge, companheiro, pessoa com quem conviva, OU 
TENHA CONVIVIDO, ou, ainda, quando o agente se prevalece de rela›es 
domŽsticas de convivncia ou hospitalidade. 
Em casos como este, a pena Ž de 03 meses a 03 anos. 
AlŽm disso: 
¥! SE O CRIME FOR QUALIFICADO (LESÍES GRAVES, 
GRAVêSSIMAS OU MORTE) Ð A PENA ƒ AUMENTADA DE 1/3. 
¥! SE A VêTIMA DE VIOLæNCIA DOMƒSTICA, NO CASO DO ¤9¡, ƒ 
PORTADORA DE DEFICIæNCIA (FêSICA OU MENTAL) Ð A PENA ƒ 
AUMENTADA DE 1/3. 
 
 
ü! Em caso de violncia domŽstica, s— se aplicam as disposi›es espec’ficas 
se a les‹o for dolosa. Se a les‹o for culposa, a regra Ž a mesma das 
les›es comuns (n‹o domŽsticas). 
ü! No crime de violncia domŽstica, Ž poss’vel o enquadramento, por 
exemplo, da Bab‡, que se prevalece da convivncia com a criana para 
agredi-la. 
ü! Nos crimes de les‹o corporal, a A‚ÌO PENAL ƒ PòBLICA 
INCONDICIONADA. No entanto, em caso de LESÌO LEVE OU 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 LESÌO CORPORAL CULPOSA, A A‚ÌO SERç PòBLICA 
CONDICIONADA Ë REPRESENTA‚ÌO (art. 88 da Lei 9.099/95). 
ü! CUIDADO! Se a les‹o Ž praticada com violncia domŽstica ˆ MULHER, 
EM QUALQUER CASO, A A‚ÌO ƒ PòBLICA INCONDICIONADA 
(Posicionamento do STF)28. 
ü! CUIDADO: A Lei 12.720/12 alterou a reda‹o do ¤7¼ do art. 129 do 
CP, de forma a estabelecer uma causa de aumento de pena (em 1/3) 
no caso de o crime de les‹o corporal, em sendo culposa, resultar de 
inobserv‰ncia de regra tŽcnica da profiss‹o ou no caso de o agente n‹o 
prestar socorro ou fugir. Incidir‡ a mesma causa de aumento de pena 
no caso de, em sendo les‹o dolosa, o crime for praticado: a) Contra 
menor de 14 anos ou maior de 60 anos; b) Por mil’cia privada ou 
grupo de exterm’nio. 
¥! CUIDADO MASTER! A Lei 13.142/15 incluiu o ¤12 no art. 129 do CP, 
trazendo uma NOVA CAUSA DE AUMENTO DE PENA. A pena ser‡ 
aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime de les›es corporais for praticadocontra integrantes das Foras Armadas (Marinha, ExŽrcito e 
Aeron‡utica), das foras de segurana pœblica (Pol’cias federal, 
rodovi‡ria federal, ferrovi‡ria federal, civil, militar e corpo de bombeiros 
militar), dos agentes do sistema prisional (agentes penitenci‡rios) e 
integrantes da Fora Nacional de Segurana. Contudo, n‹o basta que 
o crime seja praticado contra alguma destas pessoas para a causa de 
aumento de pena seja aplicada, Ž necess‡rio que o crime tenha sido 
praticado em raz‹o da fun‹o exercida pelo agente. Se o crime n‹o 
tem qualquer rela‹o com a fun‹o pœblica exercida, n‹o se 
aplica esta causa de aumento de pena! 
AlŽm dos pr—prios agentes, o ¤12 relaciona tambŽm os parentes destes 
funcion‡rios pœblicos (c™njuge, companheiro ou parente consangu’neo 
atŽ terceiro grau). Assim, o crime de les›es corporais praticado contra 
qualquer destas pessoas, desde que guarde rela‹o com a fun‹o 
pœblica do agente, ser‡ majorado (haver‡ aplica‹o da causa de 
aumento de pena).29 
 
1.3!Da periclita‹o da vida e saœde 
 
Aqui o CP cuida de crimes de ÒperigoÓ, ou seja, atos praticados pelo agente 
que, embora n‹o causando danos, exp›em a perigo de dano outra ou outras 
pessoas. Temos aqui, portanto, crimes FORMAIS, pois a ocorrncia do dano Ž 
irrelevante para a consuma‹o destes delitos. 
 
28 O STF passou a adotar este entendimento no julgamento da ADI - 4424. 
29 Tal conduta passou a ser considerada, ainda, crime hediondo, nos termos do art. 1¼, I-A da Lei 8.072/90, 
inclu’do pela Lei 13.142/15. 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 Alguns Doutrinadores entendem que h‡, nos crimes deste cap’tulo, crimes 
de perigo concreto (em que se exige demonstra‹o de quem sofreu a exposi‹o 
real de perigo de dano) e crimes de perigo abstrato (nos quais a lei presume que 
a conduta exponha a perigo de dano, n‹o sendo necess‡rio provar que alguŽm 
foi exposto a este risco). 
O debate existe, pois parte da Doutrina entende que os crimes de perigo 
abstrato n‹o foram recepcionados pela Constitui‹o, pois, pelo PRINCêPIO DA 
LESIVIDADE, uma conduta s— pode ser penalmente tutelada se causar dano ou 
pelo menos perigo concreto de dano a alguŽm. 
Vamos analisar cada um dos delitos: 
 
1.3.1!Perigo de Cont‡gio venŽreo 
Art. 130 - Expor alguŽm, por meio de rela›es sexuais ou qualquer ato libidinoso, a 
cont‡gio de molŽstia venŽrea, de que sabe ou deve saber que est‡ contaminado: 
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, ou multa. 
¤ 1¼ - Se Ž inten‹o do agente transmitir a molŽstia: 
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa. 
¤ 2¼ - Somente se procede mediante representa‹o. 
 
Nesse crime, tutela-se a saœde da pessoa (alguns Doutrinadores entendem 
que se tutela tambŽm a vida). 
Sujeito ativo e passivo podem ser qualquer pessoa. Parte da Doutrina 
entende que o crime Ž pr—prio, pois exige do sujeito ativo uma condi‹o especial 
(estar contaminado com molŽstia grave que possa ser transmitida sexualmente). 
O tipo objetivo (conduta) Ž a pr‡tica de rela‹o sexual ou ato libidinoso, por 
pessoa portadora de molŽstia venŽrea com outra pessoa, expondo-a a risco de 
se contaminar. 30 
O CP n‹o diz o que Ž molŽstia venŽrea (NORMA PENAL EM BRANCO), 
devendo a norma ser complementada, o que ocorre mediante portaria do 
MinistŽrio da Saœde. 
ƒ IRRELEVANTE SE A OUTRA PESSOA CONCORDA! A Doutrina entende 
que ela n‹o pode dispor de sua saœde, sendo, portanto, irrelevante a anuncia 
da v’tima (CONTROVERTIDO ISTO). 
A efetiva contamina‹o Ž irrelevante para a consuma‹o do delito, que se 
d‡ com a mera ocorrncia da rela‹o, que Ž o ato que gera a exposi‹o a perigo. 
A tentativa Ž poss’vel, pois o crime Ž plurissubsistente. 
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo (direto ou eventual). N‹o se exige o 
dolo de QUERER CONTAMINAR (dolo espec’fico), mas apenas o dolo de querer 
 
30 A transmiss‹o do v’rus da AIDS n‹o caracteriza este delito. Segundo a doutrina majorit‡ria, tal 
conduta poder‡ caracterizar perigo de cont‡gio de molŽstia grave, les‹o corporal grave ou homic’dio, a 
depender do dolo do agente e do resultado obtido (h‡ FORTE divergncia doutrin‡ria). CUNHA, RogŽrio 
Sanches. Op. Cit., p. 122 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 MANTER RELA‚ÍES SEXUAIS, pouco importando se o agente quer ou n‹o 
contaminar o parceiro. N‹o se admite na forma culposa. 
Embora n‹o se exija um dolo espec’fico do agente, caso o infrator possua 
inten‹o de efetivamente contaminar a v’tima, incidir‡ a qualificadora do ¤1¡ 
(pena mais grave). 
A a‹o penal neste crime Ž PòBLICA CONDICIONADA Ë 
REPRESENTA‚ÌO. 
 
1.3.2!Perigo de cont‡gio de molŽstia grave 
Nos termos do art. 132 do CP: 
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem molŽstia grave de que est‡ 
contaminado, ato capaz de produzir o cont‡gio: 
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa. 
 
O bem jur’dico tutelado aqui tambŽm Ž a saœde da pessoa, entendendo 
alguns autores que a vida tambŽm Ž tutelada nesse tipo penal. 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que contaminada com 
molŽstia grave (crime PRîPRIO). Essa Ž a posi‹o predominante. Sujeito 
passivo pode ser qualquer pessoa QUE NÌO ESTEJA CONTAMINADA PELA 
MESMA MOLƒSTIA. 
O elemento subjetivo aqui exigido Ž o dolo, mas exige-se, ainda, o chamado 
ELEMENTO SUBJETIVO ESPECêFICO (OU DOLO ESPECêFICO OU ESPECIAL 
FIM DE AGIR), que consiste numa vontade alŽm da mera vontade de praticar o 
ato que exp›e a perigo. Aqui o CP exige que o agente QUEIRA TRANSMITIR A 
DOEN‚A. Havendo necessidade de que o AGENTE QUEIRA O RESULTADO, 
NÌO CABE DOLO EVENTUAL, tampouco CULPA. 
N‹o se exige que o agente se utilize da rela‹o sexual para transmitir a 
molŽstia grave, podendo ser QUALQUER MEIO APTO PARA TRANSMITIR A 
DOEN‚A. 
O crime se consuma com a mera realiza‹o do ato (crime formal), n‹o se 
exigindo que o resultado ocorra (contamina‹o). A tentativa Ž admiss’vel. 
Se o resultado ocorrer, duas situa›es podem se mostrar: 
ü! A doena que contaminou a v’tima causou les‹o leve Ð Nesse 
caso, fica absorvida pelo crime de perigo de cont‡gio de molŽstia 
grave. 
ü! A doena que contaminou a v’tima causou les›es graves ou a 
morte Ð O agente responde por estes crimes (les›es corporais graves 
ou morte). 
 
A a‹o penal aqui Ž PòBLICA INCONDICIONADA. 
 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 1.3.3!Perigo para a vida ou saœde de outrem 
Art. 132 - Expor a vida ou a saœde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, se o fato n‹o constitui crime mais grave. 
Par‡grafo œnico. A pena Ž aumentada de um sexto a um tero se a exposi‹o da vida 
ou da saœde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a presta‹o 
de servios em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas 
legais. ( Inclu’do pela Lei n¼ 9.777, de 29.12.1998) 
 
Trata-se da conduta da pessoa que, mediante qualquer a‹o ou omiss‹o, 
exp›e a perigo a vida ou a saœde de outra pessoa. Pode ser na forma omissiva, 
como disse, quando o infrator deixa de fazer algo para evitar a exposi‹o de 
perigo (Patr‹o que deixa de fornecer equipamentos de segurana, por exemplo). 
Os sujeitos,ativo e passivo, podem ser quaisquer pessoas. O 
elemento subjetivo exigido Ž o dolo, mas n‹o o dolo de causar dano, e sim o dolo 
de expor a perigo (inten‹o meramente de praticar o ato que gera o perigo). N‹o 
se admite na forma culposa. 
Se o agente pratica o ato como meio para obter um resultado mais grave 
(tentativa de homic’dio, por exemplo), responde pelo crime mais grave (Trata-
se, aqui, de um crime subsidi‡rio, conforme podemos ver da reda‹o do art., que 
fala Òse o fato n‹o constitui crime mais graveÓ). 
O crime se consuma com a mera exposi‹o da v’tima ao RISCO DE DANO 
(perigo). Caso o resultado ocorra, duas hip—teses podem ocorrer: 
Ø! O resultado gera um delito mais grave Ð Responde pelo delito mais 
grave 
Ø! O resultado Ž menos grave do que o crime de exposi‹o a 
perigo Ð Responde pelo crime de exposi‹o a perigo 
 
Na forma comissiva (mediante uma a‹o), o crime Ž plurissubsistente (pode 
ser fracionado em v‡rios atos), admitindo, portanto, a tentativa. 
O crime possui, ainda, uma causa de aumento de pena, prevista no ¤ œnico, 
que incidir‡ sempre que o crime ocorrer em decorrncia de transporte 
irregular de pessoas para presta‹o de servios em estabelecimentos. 
EXEMPLO: Transporte de Òboias-friasÓ na caamba do caminh‹o, sem 
qualquer prote‹o. 
 
 
1.3.4!Abandono de incapaz 
Art. 133 - Abandonar pessoa que est‡ sob seu cuidado, guarda, vigil‰ncia ou 
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do 
abandono: 
Pena - deten‹o, de seis meses a trs anos. 
¤ 1¼ - Se do abandono resulta les‹o corporal de natureza grave: 
Pena - reclus‹o, de um a cinco anos. 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 ¤ 2¼ - Se resulta a morte: 
Pena - reclus‹o, de quatro a doze anos. 
Aumento de pena 
¤ 3¼ - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um tero: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente Ž ascendente ou descendente, c™njuge, irm‹o, tutor ou curador da 
v’tima. 
III - se a v’tima Ž maior de 60 (sessenta) anos (Inclu’do pela Lei n¼ 10.741, de 2003) 
 
A conduta punida aqui Ž a de deixar ao relento pessoa incapaz que esteja 
sob a guarda do agente, de forma a proteger a vida e a integridade daquele que 
n‹o tem meio de se proteger. 
O crime Ž PRîPRIO, pois se exige que o sujeito ativo tenha uma qualidade 
especial: Ter o dever de guarda e vigil‰ncia da pessoa abandonada. 
A condi‹o de ÒincapazÓ n‹o Ž a mesma que se tem no direito civil. Incapaz, 
para os fins deste delito Ž qualquer pessoa que n‹o tenha condi›es de se 
proteger sozinha, seja ela incapaz civilmente ou n‹o.31 
O elemento subjetivo Ž o dolo, consistente na inten‹o de abandonar o 
incapaz, causando perigo a ele, ainda que n‹o se pretenda que com ele acontea 
qualquer coisa. N‹o se admite na forma culposa. 
Caso o agente tenha dolo de produzir algum dano (abandonou o 
incapaz para que lhe ocorresse algo de ruim, como a morte), responder‡ 
pelo crime na modalidade tentada (caso o resultado n‹o ocorra) ou 
consumada, caso o resultado ocorra. 
A consuma‹o do delito se d‡ com o mero ato de abandonar o incapaz, sendo 
indiferente, para a consuma‹o do delito, a ocorrncia de algum dano.32 
No entanto, caso ocorram les›es graves, ou morte, as penas ser‹o 
diferentes, conforme previs‹o dos ¤¤ 1¡ e 2¡ do CP (Formas qualificadas pelo 
resultado). 
Poder‡, ainda, haver uma causa de aumento de pena (de 1/3), caso: 
 
ü! O abandono ocorra em local ermo (deserto) 
ü! O agente for ascendente (pai, m‹e), descendente (filho, neto), 
irm‹o, c™njuge, tutor ou curador da v’tima 
ü! Se a v’tima possuir mais de 60 anos 
 
1.3.5!Exposi‹o ou abandono de recŽm-nascido 
Art. 134 - Expor ou abandonar recŽm-nascido, para ocultar desonra pr—pria: 
 
31 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 187. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 132 
32 Sustenta-se que Ž necess‡rio que a v’tima seja exposta, ao menos, a uma situa‹o de risco CONCRETO 
(crime de perigo concreto). PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 190 e CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 133. 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 Pena - deten‹o, de seis meses a dois anos. 
¤ 1¼ - Se do fato resulta les‹o corporal de natureza grave: 
Pena - deten‹o, de um a trs anos. 
¤ 2¼ - Se resulta a morte: 
Pena - deten‹o, de dois a seis anos. 
 
A Doutrina n‹o Ž un‰nime, mas a maioria entende que, neste caso, o sujeito 
ativo s— pode ser a m‹e ou pai do recŽm-nascido, sendo, portanto, crime 
pr—prio.33 
A conduta pode ser comissiva (a‹o) ou omissiva (omiss‹o), na 
medida em que o agente pode expor o recŽm-nascido a perigo (a‹o) ou 
abandon‡-lo (a‹o ou omiss‹o). 
O elemento subjetivo Ž o dolo, consistente na vontade de expor o recŽm-
nascido a perigo, com a finalidade de ocultar a pr—pria desonra. Assim, alŽm 
do dolo, exige-se o especial fim de agir, consistente na inten‹o de ocultar a 
pr—pria desonra. Caso n‹o haja essa inten‹o, o agente responde pelo crime de 
abandono de incapaz (art. 133). N‹o se pune na modalidade culposa. 
A consuma‹o se d‡ com a mera coloca‹o do recŽm-nascido na situa‹o de 
perigo concreto, e pode haver tentativa, quando a conduta for comissiva, na 
medida em que, POR EXEMPLO, pode a m‹e ser surpreendida quando deixava 
a criana na lata do lixo. 
 
1.3.6!Omiss‹o de socorro 
Nos termos do art. 135 do CP: 
Art. 135 - Deixar de prestar assistncia, quando poss’vel faz-lo sem risco pessoal, ˆ 
criana abandonada ou extraviada, ou ˆ pessoa inv‡lida ou ferida, ao desamparo ou 
em grave e iminente perigo; ou n‹o pedir, nesses casos, o socorro da autoridade 
pœblica: 
Pena - deten‹o, de um a seis meses, ou multa. 
Par‡grafo œnico - A pena Ž aumentada de metade, se da omiss‹o resulta les‹o corporal 
de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
Aqui o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (CRIME COMUM), podendo 
ser qualquer pessoa, tambŽm, o sujeito passivo, desde que se enquadre numa 
das situa›es previstas no tipo penal. N‹o h‡ necessidade de que haja 
nenhum v’nculo espec’fico entre os sujeitos. 
A conduta somente pode ser praticada na forma omissiva (Crime omissivo 
puro). 
Com rela‹o ao CONCURSO DE AGENTES, a Doutrina se divide: 
 
33 H‡ quem sustente que somente a m‹e pode ser o sujeito ativo (Cezar Roberto Bitencourt), j‡ que se fala 
em Òesconder desonra pr—priaÓ. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 135. No mesmo sentido, Luiz Regis 
Prazo. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 197 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 
1 Ð Parte entende que NÌO Hç POSSIBILIDADE DE COAUTORIA OU 
PARTICIPA‚ÌO (Concurso de agentes), pois TODAS AS PESSOAS 
PRATICAM O NòCLEO DO TIPO, DE MANEIRA AUTïNOMA. 
2 Ð Outra parte da Doutrina entende que Ž poss’vel tanto a coautoria quanto 
a participa‹o, quando, por exemplo, duas pessoas combinam de n‹o socorrer a 
v’tima, de forma que poderia haver concurso de pessoas, na modalidade 
de coautoria, mas Ž minorit‡rio. 
3 Ð A Doutrina ligeiramente majorit‡ria entende que Ž poss’vel 
PARTICIPA‚ÌO, mas NÌO COAUTORIA. 
 
A Doutrina exige, ainda, que o sujeito ativo esteja PRESENTE na situa‹o 
de perigo, ou seja, que esteja presenciando a situa‹oem que a v’tima se 
encontra e deixe de prestar socorro, QUANDO PODIA FAZER ISTO SEM CRIAR 
RISCO PARA SI. Assim, se o agente apenas sabe que outra pessoa est‡ em 
risco, mas n‹o se move atŽ o lugar para salv‡-la, n‹o h‡ crime de omiss‹o de 
socorro (S— ego’smo mesmo, rs.). 
AlŽm disso, aquele que causou a situa‹o de perigo de dano, NÌO 
RESPONDE PELO CRIME, pois seria um absurdo punir alguŽm por criar uma 
situa‹o e por n‹o socorrer a v’tima. 
EXEMPLO: Imagine que A esfaqueie B, com vontade de matar, e o veja 
agonizando, mas nada faa para salv‡-lo. Nesse caso, A responder‡ apenas 
pelo homic’dio (consumado ou tentado), mas n‹o pela omiss‹o de socorro. 
 
O agente pode praticar a conduta de duas formas: 
ü! Deixando de prestar o socorro imediato ˆ pessoa 
ü! Caso n‹o possa faz-lo, deixando de comunicar ˆ autoridade 
pœblica para que proceda ao socorro da pessoa 
 
O AGENTE NÌO PODE ESCOLHER! Se ele tem condi›es de prestar o 
socorro, deve prest‡-lo, n‹o podendo escolher por chamar o socorro da 
autoridade pœblica.34 
O elemento subjetivo Ž o dolo (que pode ser direto ou eventual), n‹o se 
admitindo na forma culposa. 
O crime se consuma quando o agente efetivamente se omite na 
presta‹o do socorro e, sendo um crime omissivo pr—prio, n‹o admite 
tentativa. 
A Doutrina entende que no caso de Òcriana abandonada ou extraviadaÓ, o 
perigo Ž presumido (perigo concreto), devendo ser provada, nos demais casos, a 
efetiva exposi‹o, da pessoa n‹o socorrida, a perigo. 
 
34 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 207/208 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 O ¤ œnico traz uma causa de aumento de pena, que estabelece o 
aumento da pena em METADE, caso ocorra les›es graves na pessoa que n‹o 
foi socorrida, ou, no caso de sobrevir a morte da pessoa n‹o socorrida, a 
pena ser‡ TRIPLICADA. 
A Doutrina exige que se comprove que o socorro (n‹o prestado pelo agente) 
tivesse o cond‹o de evitar estes resultados para que se apliquem as causas de 
aumento de pena. 
A omiss‹o de socorro nos acidentes de tr‰nsito (caso o agente esteja 
envolvido no acidente) Ž regulada pelo CTB. Caso o agente n‹o tenha se 
envolvido no acidente, tendo apenas presenciado pessoa que necessitava 
de ajuda por ter se envolvido em acidente de tr‰nsito, responde pelo art. 
135 do CP. 
EXEMPLO: JosŽ se envolve num acidente de tr‰nsito com Juliana. Juliana fica 
em situa‹o cr’tica, mas JosŽ, que saiu bem, se omite no socorro. Marcelo, que 
passava pelo local, tambŽm se omite. Nesse caso, JosŽ responde pelo delito 
previsto no CTB e Marcelo pelo delito do art. 135 do CP. 
 
A omiss‹o de socorro ˆ pessoa idosa Ž crime espec’fico previsto no 
Estatuto do Idoso. 
A Lei 12.653/12 trouxe uma modalidade ÒespecialÓ de omiss‹o de 
socorro, que Ž a de condicionamento para atendimento mŽdico-hospitalar 
emergencial, novo tipo penal previsto no art. 135-A do CP: 
Condicionamento de atendimento mŽdico-hospitalar emergencial (Inclu’do pela Lei n¼ 
12.653, de 2012). 
Art. 135-A. Exigir cheque-cau‹o, nota promiss—ria ou qualquer garantia, bem como 
o preenchimento prŽvio de formul‡rios administrativos, como condi‹o para o 
atendimento mŽdico-hospitalar emergencial: (Inclu’do pela Lei n¼ 12.653, de 2012). 
Pena - deten‹o, de 3 (trs) meses a 1 (um) ano, e multa. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.653, 
de 2012). 
Par‡grafo œnico. A pena Ž aumentada atŽ o dobro se da negativa de atendimento 
resulta les‹o corporal de natureza grave, e atŽ o triplo se resulta a morte. (Inclu’do 
pela Lei n¼ 12.653, de 2012). 
 
Ainda n‹o h‡ forte Doutrina sobre o tema, mas entende-se que o sujeito 
ativo, no caso, seria o respons‡vel pelo estabelecimento. 
ƒ de se ressaltar que a conduta somente ser‡ t’pica no caso de se 
tratar de atendimento EMERGENCIAL. A exigncia n‹o precisa ser, 
necessariamente, de garantia financeira, pode se tratar de exigncia de 
preenchimento de formul‡rios administrativos, de forma que se verifica que o 
tipo penal pretende abarcar uma gama elevada de condutas. 
Percebam que o ¤ œnico traz causa especial de aumento de pena, elevando-
se a pena aplicada atŽ o DOBRO no caso de LESÌO GRAVE e atŽ o TRIPLO, 
no caso de MORTE. 
 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 1.3.7!Maus-tratos 
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saœde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou 
vigil‰ncia, para fim de educa‹o, ensino, tratamento ou cust—dia, quer privando-a de 
alimenta‹o ou cuidados indispens‡veis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou 
inadequado, quer abusando de meios de corre‹o ou disciplina: 
Pena - deten‹o, de dois meses a um ano, ou multa. 
¤ 1¼ - Se do fato resulta les‹o corporal de natureza grave: 
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos. 
¤ 2¼ - Se resulta a morte: 
Pena - reclus‹o, de quatro a doze anos. 
¤ 3¼ - Aumenta-se a pena de um tero, se o crime Ž praticado contra pessoa menor 
de 14 (catorze) anos. (Inclu’do pela Lei n¼ 8.069, de 1990) 
 
O crime de maus-tratos Ž um crime PRîPRIO (s— pode ser praticado por 
quem detenha a guarda ou vigil‰ncia da v’tima). 
Tutela-se, aqui, a saœde e a vida da pessoa sob guarda ou vigil‰ncia de 
outrem. 
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, devendo haver A FINALIDADE 
ESPECIAL DE AGIR (Dolo espec’fico), consistente NA INTEN‚ÌO DE 
EDUCAR, ENSINAR, TRATA OU CUSTODIAR. N‹o se admite, obviamente, na 
forma culposa. 
O tipo objetivo (conduta incriminada) Ž PLURINUCLEAR, ou seja, o crime 
pode ser praticado de diversas maneiras diferentes: 
 
ü! Privar de alimenta‹o 
ü! Privar de cuidados indispens‡veis 
ü! Sujeitar a trabalho excessivo ou inadequado 
ü! Abusar dos meios de corre‹o ou disciplina 
 
Assim, se o agente, mediante alguma destas condutas, exp›e a perigo de 
les‹o (ˆ saœde ou ˆ vida) pessoa sob sua guarda, e o faz, COM A INTEN‚ÌO 
espec’fica prevista no tipo penal, comete o crime em tela. 
 
 CUIDADO! Este crime n‹o se confunde com o crime de 
tortura! No crime de tortura Ž necess‡rio que a v’tima seja submetida a 
intenso sofrimento (f’sico ou mental) e a inten‹o do agente dever ser a de 
torturar, ou seja causar sofrimento excessivo com a finalidade espec’fica de 
obter alguma declara‹o da v’tima, para simplesmente demonstrar poder, etc. 
Ou seja, SÌO CRIMES BEM DIFERENTES! 
 
47991593487
 
 
 
Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 12 
DIREITO PENAL P/ AGEPEN-CE (2017) Ð AGENTE PENITENCIçRIO 
Teoria e quest›es 
Aula 03 Ð Prof. Renan Araujo 
 O momento da consuma‹o varia conforme cada uma das modalidades de 
conduta poss’veis. Se a conduta for comissiva (praticar alguma les‹o), o crime 
se consuma com efetiva ocorrncia da les‹o, podendo haver tentativa, em raz‹o 
de ser o crime plurissubsistente, ou seja, Ž poss’vel que o agente venha a ser 
impedido de consumar o delito no momento em que estava prestes a pratic‡-lo. 
Em se tratando de conduta omissiva, n‹o h‡ possibilidade de 
tentativa (deixar de alimentar, deixar de prestar cuidados b‡sicos, etc.). 
A Doutrina majorit‡ria exige, ainda, que no caso de Òdeixar de alimentarÓ a 
conduta seja HABITUAL, ou seja, deve ocorrer frequentemente, n‹o 
configurando o crime o castigo de Òdeixar sem jantarÓ, por exemplo. 
Os ¤¤ 1¡ e 2¡ trazem hip—teses nas quais a conduta do agente acaba por 
causar les›es graves ou morte. No primeiro caso (les›es graves), a pena ser‡ de 
1 a 4 anos. No segundo

Outros materiais