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Ebook Treinamento Tático no Futsal

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TREINAMENTO TÁTICO NO FUTSAL
Elaborada pela Bibliotecária Clarice Tsuruda Takehana – CRB-9/653
M577t Miguel, Henrique 
 Treinamento tático no futsal / Henrique Miguel.- 
 Londrina ; Sport Training, 2015.- 80 p. : il. ( Teoria 
 e metodologia do treinamento desportivo ).
 
 
 ISBN 978 – 85 – 63794 – 12 – 3
 1.Futsal. 2. Futsal – Treinamento tático. I. Série. ll Título. 
CDD – 796.3348
TREINAMENTO TÁTICO NO FUTSAL
1ª EDIÇÃO
Henrique Miguel
Mestrando em Ciências da Saúde, com área de concentração na 
Ciência da Motricidade Humana; Especialista em Treinamento Desportivo;
Docente do Departamento de Educação Física da FEUC (São José do 
Rio Pardo - SP) e da UNIPINHAL (Espírito Santo do Pinhal - SP).
Colaborador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Futebol 
e Futsal da USP (GEPEFFS-USP);
Participa de importantes cursos, palestras e simpósios na área do 
Treinamento Desportivo, voltando-se especialmente para os processos 
de treinamento do rendimento, e na área de preparação física nos desportos 
coletivos, com ênfase nas modalidades de Futebol e Futsal.
2015
© Editora Sport Training
Capa e imagens:
Alane Calmon dos Santos
Preparação do original:
Luiz Antonio de Oliveira Ramos Filho
Leitura final:
Nanci Glade Gomes
Luiz Antonio de Oliveira Ramos Filho
Supervisão editorial:
Danhara Glade Gomes
Supervisão final:
Antonio Carlos Gomes
Projeto e editoração:
Fernando Henrique de Valentin Aguiar
Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à
EDITORA SPORT TRAINING
Rua Pernambuco, n° 1187, sala n° 07, Centro.
86020-121 – Londrina, Paraná, Brasil. Tel: (43) 3024-5654
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no 
todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer 
meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição 
na Web e outros), sem permissão expressa da Editora.
6 Henrique Miguel
CONSELHO EDITORIAL
Os originais da presente obra foram submetidos à comissão consultiva editorial, tendo 
sido aprovados pelos consultores ad hoc responsáveis, e recomendada a sua publicação 
na forma atual.
COMISSÃO EDITORIAL
Prof. Dr. Abdallah Achour Junior (UEL) 
Prof. Dr. Antonio Carlos da Silva (UNIFESP)
Prof. Dr. Antonio Carlos Gomes (CBAt)
Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes (UEL)
Prof. Dr. Edson Marcos de Godoy Palomares (Estácio de Sá)
Prof. Dr. Emerson Farto Ramirez (Universidade de Vigo – Espanha)
Prof. Dr. Enrico Fuini Puggina (USP) 
Prof. Dr. Hélcio Rossi Gonçalves (UEL) 
Prof. Dr. Hugo Tourinho Filho (USP) 
Prof. Dr. João Paulo Borin (UNICAMP) 
Profa. Dra. Ligia Andréa Pereira Gonçalves (UNIPAR) 
Prof. Dr. Paulo Cesar Montagner (UNICAMP)
Prof. Dr. Paulo Roberto de Oliveira (UNICAMP) 
Profa. Dra. Rosângela Marques Busto (UEL) 
Prof. Dr. Sérgio Gregório da Silva (UFPR) 
Prof. Dr. Tácito Pessoa de Souza Júnior (UFPR)
Prof. Dr. Valdomiro de Oliveira (UFPR) 
Prof. Dr. Wagner de Campos (UFPR) 
Prof. Me. Clovis Alberto Franciscon (CBAt) 
Prof. Me. Pedro Lanaro Filho (UEL)
A Deus, por me abençoar todas as 
manhãs e mostrar-me os caminhos certos 
nos momentos de dúvida e escuridão;
Aos atletas de futsal do DERLA/Aguaí, 
que serviram de instrumento de indagação 
para elaboração e finalização desse proje-
to;
Aos alunos e professores da Faculdade 
de Filosofia, Ciências e Letras de São José 
do Rio Pardo (SP) – FEUC e da UNIPINHAL 
(SP), pela convivência e questionamen-
tos que puderam servir de base para o 
interesse na discussão desse assunto. Em 
especial, aos professores e demais profis-
sionais das instituições: Ricardo Taveira, 
Roque, Gustavo, Chico, Cleide e Germano;
A todos os companheiros de graduação 
do Curso de Educação Física da Unifae, 
do Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu 
em Treinamento Desportivo da UniFMU, e 
do Curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu 
em Motricidade Humana (UCA) pela convi-
vência sempre produtiva nas aulas;
Aos companheiros do Grupo de 
Estudos e Pesquisas em Futebol e Futsal 
da USP (GEPEFFS – USP), em especial 
aos amigos Renê, Bruno Folmer, Alonso 
e Dr. Cortez. Aos meus primeiros mestres 
no futsal, professor Aécio e Tidu, que me 
mostraram como um esporte pode ser tão 
marcante na vida de uma pessoa;
A todos os meus familiares que podem 
dividir comigo o sabor de mais essa 
conquista nessa ainda recente, porém 
vitoriosa carreira, em especial aos meus 
avós paternos Waldemar e Terezinha e 
maternos, Marlene e Oswaldo;
Aos colegas de profissão, Marcelo 
Rodrigues, Estevam Oscar, Celso Bertozzi, 
Júlio, Luís Felipe, Sidnei de Parólis, 
Raphael Carneiro, Silvio César, Rogério 
e, em especial, ao amigo Marcus Vinícius 
Campos;
Aos professores do Curso de Educação 
Física da Unifae, da Pós-Graduação 
Lato-Sensu em Treinamento Desportivo 
da UniFMU, e da Pós-Graduação Stricto-
Sensu, pelos ensinamentos repassados 
com veracidade;
Em especial aos professores Antonio 
Carlos Gomes, Paulo Roberto de Oliveira, 
Fabiano Pinheiro Peres, pelos ensinamen-
tos, propostas e conceitos, que propicia-
ram a organização desse projeto.
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai, Orlando Miguel e minha 
mãe, Kátia Crivelari Miguel, pela real 
demonstração de afeto, amor, carinho, 
compreensão, honestidade e apoio em 
todos os momentos da minha caminhada.
Sem eles, todos estes momentos tornar-
se-iam impossíveis, portanto, uma vida 
DEDICATÓRIA
seria insuficiente para mostrar minha 
imensa gratidão.
À minha irmã, Gisele Miguel, pelo conví-
vio sempre produtivo e pela demonstração 
de respeito e orgulho.
À Thayrine, pelo carinho, apoio, afeto e 
partilha.
Alinhado com as teorias recentes em 
pedagogia do esporte, este livro traz inúme-
ras contribuições para o futsal, modalidade 
que culturalmente tem um papel impor-
tante no cenário nacional. Além disso, 
traz relações com a teoria do treinamento 
esportivo adequando princípios científicos, 
planejamento e organização da estrutu-
ra de preparação, bem como preza pela 
especificidade da preparação por meio de 
análise de jogo e adequação para a reali-
dade competitiva. 
Um dos diferenciais desse livro é a 
busca pela compreensão teórica aliada 
a vivência prática do futsal, muito em 
consequência da experiência acadêmica e 
empírica do autor com o treinamento neste 
esporte, fato que evidencia esta referên-
cia como instrumento de conhecimento 
em instituições de ensino superior e para 
treinadores de categorias de base e profis-
sional. 
Neste sentido, é importante o destaque 
colocado para a dimensão tática da modali-
dade, já que tratando-se de um espor-
te coletivo, o futsal está norteado pelas 
relações de cooperação e oposição entre 
participantes e adversários com comple-
xas interações na esfera individual, setorial 
e coletiva da modalidade. Exemplos práti-
cos aplicáveis na realidade concretizam a 
contribuição do autor com as metodologias 
de treinamento tático descritas. 
Dessa forma, os conhecimentos descri-
tos neste livro certamente permitirão um 
caminho seguro para aqueles que neces-
sitam prescrever o treinamento tático no 
futsal além de uma atualização rápida do 
que de mais moderno existe nesta temáti-
ca. 
Por todo o exposto, tenho a honra de 
apresentar esta obra, já que permitirá a 
teorização de um esporte com tamanha 
representatividade no cenário nacional. 
APRESENTAÇÃO
Tiago Volpi Braz*
*Doutorando em Educação Física pela UNIMEP
Prefaciar um livro é uma honra e uma 
responsabilidade enorme, mas quando o 
autor é um amigo, esta responsabilidade, o 
prazer e a honra se tornam ainda maiores.
Tenho observado de perto o avanço 
acadêmicode Henrique Miguel, e a sua 
preocupação em não levantar teoria, sem 
a qual não exista vivência prática.
O livro “Treinamento Tático no Futsal” 
é uma obra onde observo esta sua marca. 
Aqui, com uma linguagem simples e clara, 
embasada na ciência do treinamento 
desportivo, a teoria do treinamento tático 
é proposta de forma aplicável, dentro da 
realidade do leitor.
No primeiro capítulo, onde o conceito 
de tática é definido, o autor descreve de 
maneira clara as principais diferenças dos 
atletas nas várias ações táticas ofensivas 
e defensivas, além de abordar variadas 
situações de jogo, trazendo dados recen-
tes de competições dos diversos níveis.
No segundo capítulo, o autor aborda o 
processo ensino-aprendizagem dos fatores 
táticos, destacando o que há de mais 
importante ao trabalhar o ensino tático à 
atletas de futsal.
As condições influenciadoras no desen-
volvimento tático do atleta e de uma 
equipe de futsal são abordadas no terceiro 
capítulo, em que são descritos os aspec-
tos físicos, técnicos, psicológicos e sua 
influência no desenvolvimento tático do 
atleta e da equipe.
O quarto capítulo traz ao leitor os 
sistemas de jogo, que são os responsá-
veis diretos na estruturação tática de uma 
equipe. O autor deixa evidente os princi-
pais aspectos de cada sistema e suas 
aplicações.
Uma reflexão quanto aos métodos de 
ensino global e sintético é proposta pelo 
autor no quinto capítulo, discutindo a 
tendência atual, porém de uma forma que 
o leitor se sinta livre para trabalhar com o 
método que julgar melhor.
Os conceitos teórico-científicos da 
periodização tática (PT), algo muito discuti-
do no desporto coletivo atual, são aborda-
dos no sexto capítulo, onde de maneira 
simples e prática o autor discorre sobre as 
características, conceitos metodológicos 
e princípios da PT, bem como possíveis 
inadequações a sua utilização.
No capítulo final, são propostos exercí-
cios práticos, onde a teoria dos capítulos 
anteriores pode ser trabalhada em diver-
sas situações e objetivos.
Uma boa leitura e desfrutem ao máximo 
dessa obra.
PREFÁCIO
Marcus Vinícius de Almeida Campos*
*Docente do Curso de Educação Física da Faculdade de 
Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Pardo – FEUC
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 15
 
PARTE 1 
BASES E CONCEITOS DO TREINAMENTO TÁTICO NO FUTSAL 
CAPÍTULO I 
1. CONCEITOS TÁTICOS NO FUTSAL ................................................................. 19
Definição ............................................................................................................... 19
Tática ofensiva ..................................................................................................... 20
Tática defensiva ................................................................................................... 20
O futsal como esporte de cooperação/oposição ............................................... 21
Funções dos atletas na organização tática do futsal ....................................... 22
Função em relação à zona de posicionamento ................................................. 25
Situações de jogo e ações táticas ...................................................................... 26
Contra-ataques .................................................................................................... 26
Ações do goleiro linha ......................................................................................... 28
 
CAPÍTULO II 
2. INTELIGÊNCIA TÁTICA NOS JOGADORES DE FUTSAL ............................... 31
Aprendizagem tática ............................................................................................ 31
Fatores que compõem a aprendizagem tática ................................................... 33
Fundamentação ................................................................................................... 33
Formação ............................................................................................................. 34
Princípios .............................................................................................................. 34
Aprendizado tático e as ações de jogo ............................................................... 36
 
SUMÁRIO
CAPÍTULO III 
3. FATORES QUE INTERFEREM NO DESENVOLVIMENTO TÁTICO ................. 40
Condições individuais e coletivas ....................................................................... 41
Condições de jogo ................................................................................................ 42
Condições da regra de jogo ................................................................................. 43
Condições do processo de comunicação/ação ................................................. 44
 
CAPÍTULO IV 
4. SISTEMAS DE JOGO NO FUTSAL ................................................................... 45
Definição dos sistemas de jogo ........................................................................... 45
Sistema 2-2 ............................................................................................................ 46
Sistema 3-1 ............................................................................................................ 46
Sistema 1-1-2/ 2-1-1/, “Y” ou funil ........................................................................ 46
Sistema losango .................................................................................................... 46
Sistema 4-0 ............................................................................................................ 48
Sistema 1-4 ............................................................................................................ 48
 
PARTE 2 
TENDÊNCIAS ATUAIS PARA O TREINAMENTO TÁTICO NO FUTSAL
 
CAPÍTULO V 
5. TREINAMENTO TÁTICO GLOBAL E ANALÍTICO SINTÉTICO ........................ 51
Treinamento tático global ..................................................................................... 51
Treinamento analítico sintético ............................................................................ 53
 
CAPÍTULO VI 
6. PERIODIZAÇÃO TÁTICA NO FUTSAL ............................................................. 55
Uma nova tendência de treino ............................................................................. 55
Características da periodização tática (PT) ........................................................ 55
Conceitos metodológicos da periodização tática .............................................. 57
Princípio da hierarquização dos componentes de jogo ........................................ 58
Princípio da especificidade do modelo de jogo .................................................... 59
Princípio da alternância horizontal ....................................................................... 60
Princípio das propensões ..................................................................................... 61
Princípio da progressão complexa ....................................................................... 61
Subprincípio da intensidade e concentração decisional ...................................... 62
Subprincípio da liderança ..................................................................................... 63
Subprincípio da descoberta guiada ...................................................................... 63
Precipitações na utilização da periodização tática ............................................ 63
PARTE 3 
METODOLOGIAS PRÁTICAS APLICADAS AO TREINAMENTO TÁTICO NO 
FUTSAL 
CAPÍTULO VII 
7. EXERCÍCIOS PRÁTICOS ................................................................................... 66
A utilização dos jogos reduzidos .........................................................................66
Jogos de manutenção de posse de bola ............................................................ 66
Jogos de superioridade e inferioridade numérica ............................................. 67
Jogos de transição ................................................................................................ 69
Jogos de utilização efetiva do pivô ..................................................................... 69
Jogos de largura e profundidade ........................................................................ 72
Jogos de utilização do goleiro linha ................................................................... 75
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 78
“Quanto mais aumenta nosso 
conhecimento, mais evidente fica 
nossa ignorância”.
(John F. Kennedy)
Treinamento Tático no Futsal 15
Com o avanço da ciência do treina-
mento desportivo, os vários fatores que 
englobam a dinâmica do esporte têm sido 
cada vez mais estudados e avaliados 
pelos profissionais das diversas modali-
dades competitivas profissionais. O futsal, 
como parte integrante dessa proposta de 
estudos, atualmente, passa por transfor-
mações notórias, no seu contexto de traba-
lho físico, técnico e tático, mostrando um 
crescimento assustador nos mais diferen-
tes e variados cantos do mundo (Miguel e 
Campos, 2012). 
Como desporto coletivo de quadra, tal 
qual o basquetebol, o voleibol e o hande-
bol, o futsal necessita de uma análise 
minuciosa para otimização de suas diver-
sas vertentes de trabalho, a fim de buscar 
um perfeito nível esportivo para os atletas 
que compõem o grupo, culminando numa 
proposta mais eficaz de rendimento coleti-
vo dentro de uma partida ou de uma 
competição.
Na busca pela evolução, o futsal tem 
se destacado como uma das modalidades 
que procuram amplamente a aproximação 
da ciência. 
Esta moderna visão possibilitou várias 
parcerias entre clubes e universidades, de 
forma a modificar e desenvolver o antigo 
“futebol de salão”.
INTRODUÇÃO
Tal fato proporcionou debates que 
ocasionariam as profundas mudanças nas 
regras e auxiliariam na modificação das 
estruturas de planejamento do treinamento 
desportivo da modalidade. Contudo, muito 
trabalho ainda deve ser feito para que a 
lacuna existente entre o campo prático e o 
teórico da modalidade possa ser superada, 
facilitando a comunicação entre todos os 
componentes da comissão técnica de uma 
equipe.
Os fatores físicos do futsal têm sido 
bastante abordados por especialistas e 
profissionais da área, sendo que muitas 
pesquisas apontam dados relevantes e 
importantes sobre as capacidades mais 
exigidas em uma partida de futsal (Campos, 
Miguel e Rodrigues, 2012). Por meio da 
descrição desses estudos, podemos deter-
minar a carga de trabalho realizada por 
cada jogador no contexto de um jogo, de 
um campeonato, ou até mesmo, durante 
uma temporada. Por exemplo, é possível 
saber quantos metros, ou quilômetros, um 
ala percorre em uma partida. 
Pode-se verificar com muita clareza, 
também, a intensidade desses desloca-
mentos (corrida frontal, corrida lateral, 
deslocamento de costas, corrida de baixa 
intensidade, de alta intensidade ou sprint, 
etc.), e qual o tempo médio que esse atleta 
16 Henrique Miguel
necessita para se recuperar, no que diz 
respeito ao seu aporte fisiológico, para 
sair e entrar durante o jogo e conseguir 
um rendimento ideal (o maior tempo e da 
melhor forma possível).
Os fatores técnicos, por sua vez, preci-
sam ser treinados e trabalhados desde a 
seleção e preparação do atleta nas catego-
rias que iniciam a modalidade. A automa-
ção desses fatores na sua forma de reali-
zação ideal leva o jogador a patamares 
essenciais para a prática do futsal. Nas 
categorias maiores, o atleta irá lapidar e 
maximizar suas potencialidades a fim de 
tornar-se extremamente eficiente na reali-
zação das mesmas durante uma partida. 
Em suma, um atleta destro precisa ter 
eficiência também nas habilidades exigidas 
com sua perna esquerda, ou vice-versa.
Como o futsal tornou-se uma modali-
dade muito rápida durante sua evolução, 
os processos defensivos de marcação 
dão poucos espaços para as investidas 
de ataque, fazendo com que os atletas 
busquem alternativas imediatas para 
desestabilizar esse sistema. Assim, as 
noções técnicas juntamente com os 
processos de consciência corporal, são 
fundamentais para o êxito esportivo indivi-
dual e coletivo.
Todavia, um fator pouco estudado no 
âmbito do futsal é a proposta de trabalho 
tático de uma equipe. Por ser de difícil visua-
lização durante uma partida e de complexo 
entendimento por parte de muitos estudio-
sos do esporte, essa proposta é bem 
menos evidente quando comparada aos 
fatores físicos e técnicos. Pouquíssimos 
estudos refletem os paradigmas táticos 
que são utilizados no futsal de alto nível, 
deixando apenas aos processos do cotidia-
no de treinamento seu conhecimento e 
sua disseminação para a proliferação dos 
padrões de jogo da modalidade. 
Penso que o futsal atualmente no 
Brasil, assim como o futebol, já é um 
fator cultural. Nasce e cresce regionaliza-
do com o ambiente ao qual está inserido. 
Dessa forma, em cada lugar do país há 
uma maneira diferente de se trabalhar, de 
se jogar e de se aprender futsal. Porém, 
felizmente não há um modelo fixo, que 
decida o que cada jogador aprenderá ou o 
que cada equipe deverá fazer durante uma 
partida. Os fatores táticos estão envolvidos 
nessa proposta.
É necessário que haja um direciona-
mento de atitudes que possa surpreender o 
adversário em determinados momentos do 
jogo, onde possa haver um desequilíbrio 
defensivo que acarretará numa superiori-
dade ofensiva. Em contrapartida, é neces-
sário que uma equipe possua manobras 
defensivas que impeçam as investidas do 
ataque adversário, evitando jogadas que 
levem perigo à sua meta.
O treinamento tático na literatura inter-
nacional é pouco discutido, porém, tem 
papel fundamental durante um macroci-
clo de trabalho dentro das modalidades 
coletivas. Há duas maneiras distintas de 
se trabalhar os fatores táticos durante um 
período de treinamento. O primeiro deles, 
e mais utilizado, é trabalhar de maneira 
fracionada junto a outras capacidades, ou 
seja, trabalhar os fatores físico, técnico e 
tático em sessões de treino separadas. 
Nessa proposta, embora o controle do 
trabalho seja mais preciso, perde-se um 
pouco a confiabilidade quanto ao aspecto 
de sua especificidade. 
Em contrapartida, uma nova tendência 
de treinamento tático vem assumindo papel 
importante na periodização desportiva da 
Treinamento Tático no Futsal 17
modalidade. O treinamento tático global, 
ou como denominam alguns profissionais 
da área, periodização tática, vem tomando 
forma e está sendo inserida gradualmente 
no planejamento de trabalho das equipes 
de alto nível. 
Abordada principalmente por estudio-
sos do esporte português, essa proposta 
está cada dia mais presente no cotidiano 
de treinamento do futebol, e, por sua vez, 
vem rompendo as barreiras dos esportes 
coletivos, chegando também ao futsal. Tal 
contexto define que os fatores do treina-
mento não devem ser divisíveis, fazen-
do com que as atividades presentes no 
desenvolvimento do treinamento possam 
proporcionar aos atletas situações mais 
parecidas às circunstâncias reais que 
encontrarão durante o contexto de um ou 
mais jogos.
Não é objetivo desta obra manifestar 
preferência por um ou outro tipo de treina-
mento tático. Primeiramente, é importante 
termos em mente que seu plantel defini-
rá o tipo de trabalho a ser realizado. A 
consciência tática dos atletas de um grupo 
é responsável pelo sucesso do mesmo 
no que se refere aos fatores anteriormen-te mencionados, e essa não é uma tarefa 
fácil. Existem muitos pontos que podem 
interferir nas respostas táticas de um 
atleta, e o profissional deve estar atento a 
esses acontecimentos.
Espero que o entendimento desta obra 
possa auxiliá-lo de diversas maneiras no 
seu âmbito de trabalho, sendo uma ferra-
menta que venha a somar na sua brilhante 
carreira como profissional dos esportes. 
Boa leitura.
PARTE 1
BASES E CONCEITOS DO
TREINAMENTO TÁTICO NO FUTSAL 
Treinamento Tático no Futsal 19
DEFINIÇÕES
Segundo Garganta (2000), a tática 
pode ser entendida como um processo que 
se refere à maneira ou à forma com que 
os atletas, principalmente das modalidades 
coletivas, consigam manifestar-se duran-
te os vários momentos de um jogo. As 
experiências táticas adquiridas em contex-
tos anteriores podem resultar em uma 
melhor adaptação tática, configurando a 
especificidade adequada de cada modali-
dade competitiva esportiva. Dessa forma, 
busca-se o planejamento adequado que irá 
focar um objetivo específico de acordo com 
as pretensões de uma equipe.
A tática é representada através de atitu-
des, procedimentos e ações que podem ser 
realizados tanto no âmbito ofensivo quanto 
no defensivo, que visa a melhor utilização 
dos fatores e gestuais técnicos, proporcio-
nando uma supremacia ou um desequilí-
brio no processo tático adversário. A tática 
nos esportes pode ser visualizada como 
recurso fundamental na tentativa de suces-
so dentro de um jogo, abrangendo todos 
os demais elementos (físicos, técnicos e 
psicológicos) que podem influenciar nessa 
perspectiva.
Os esportes coletivos possuem carac-
terísticas que são totalmente imprevisíveis. 
Na maioria das vezes, os acontecimentos 
decorridos durante um jogo não se repetem 
sempre na mesma ordem cronológica. Por 
esse motivo, é necessário que os atletas 
aprendam a tomar decisões rápidas, possi-
bilitando a resolução de ações-problema 
da melhor forma possível. Esse processo 
de tomada de decisões é uma atitude ou 
ação tática que pressupõe a atitude cogniti-
va do atleta e tem uma participação efetiva 
do treinador como elo entre o conhecimen-
to e o desenvolvimento do jogador (Paula 
et al., 2000).
É importante ressaltar que nos espor-
tes coletivos, não basta ao atleta dominar 
profundamente os conceitos táticos indivi-
duais. É necessário que o jogador tenha em 
mente um aprendizado global das propos-
tas táticas coletivas, proporcionando uma 
melhor interação com o meio instável onde 
acontece o jogo. As diferentes mudan-
ças repentinas existentes nessa situação 
necessitam do entendimento coletivo, a fim 
de construir recursos que possam capaci-
tar a equipe a vencer obstáculos propostos 
por seu adversário.
A tática de jogo no futsal pode ser dividi-
da em duas situações: a primeira define-se 
por tática de ataque ou ofensiva e, a segun-
da, por tática de defesa ou defensiva.
CONCEITOS TÁTICOS NO FUTSAL
1
20 Henrique Miguel
TÁTICA OFENSIVA
A tática ofensiva tem início quando a 
equipe detém a posse de bola e necessita 
de situações-problema para desequilibrar 
o sistema defensivo adversário. O conceito 
principal para essa situação é a realização 
de uma manobra que possibilite a criação de 
superioridade numérica sobre a defesa.
Este processo visa a troca rápida de 
passes entre os componentes de uma equipe, 
as movimentações diferentes no espaço da 
quadra (ambiente de jogo), gerando confu-
são entre os defensores oponentes. Também 
faz parte das táticas ofensivas às infiltrações 
no sistema defensivo, o desequilíbrio gerado 
pela ação ofensiva coletiva ou individual de 
forma racional e planejada e a utilização 
inteligente dos fatores técnicos que possam 
gerar benefícios frente ao adversário.
Todas essas propostas visam o objetivo de 
marcar o gol e buscar uma vantagem real na 
partida e no placar final, culminando na vitória.
TÁTICA DEFENSIVA
A tática defensiva diz respeito às ações 
em que a equipe não detém a posse de 
bola, tentando impedir que o adversá-
rio consiga o desequilíbrio em seu setor 
defensivo.
A marcação pode ser realizada indivi-
dualmente ou em zona, aumentando ou 
diminuindo os espaços da quadra de jogo 
adversária. Essa proposta pode ser feita 
sob pressão, meia pressão, quadra inteira, 
meia quadra, marcação com dobra, marca-
ção sem dobra, e outras inúmeras termi-
nologias que são vistas nas instruções dos 
vários profissionais que trabalham com a 
modalidade.
A Tabela 1 explica com mais clareza 
os fatores encontrados nas propostas de 
ações táticas ofensivas e defensivas no 
futsal atual.
Contudo, visualizando todos os termos 
descritos anteriormente, é importante que 
Treinamento Tático no Futsal 21
não façamos confusões entre tática e 
estratégia. Tática é a aplicação incisiva e 
concreta dos meios de ação e estratégia é 
o processo ao qual adaptamos a tática aos 
objetivos escolhidos.
O FUTSAL COMO ESPORTE DE 
COOPERAÇÃO/OPOSIÇÃO
Segundo Ferreira (2001), o futsal, como 
outros esportes coletivos, orienta-se por 
22 Henrique Miguel
movimentações e ações de ataque e defesa 
realizadas quase que simultaneamente 
pelas duas equipes envolvidas na partida, 
tendo como objetivo principal a realização 
do maior número de gols na equipe adver-
sária, impedindo que essa faça o mesmo. 
Esse constante processo de ataque contra 
defesa durante toda a partida, torna o jogo 
de futsal muito atraente aos espectadores, 
proporcionando um ótimo espetáculo aos 
apaixonados pelo esporte.
O futsal enquadra-se nos esportes de 
cooperação/oposição, em que aconte-
ce uma intervenção sobre a bola (objeto 
móvel), de forma alternada, conforme 
demonstração na Figura 1 (Bayer, 1986; 
Moreno, 1994; Graça e Oliveira, 1995).
FUNÇÕES DOS ATLETAS 
NA ORGANIZAÇÃO 
TÁTICA DO FUTSAL
Como dito anteriormente, o futsal é uma 
modalidade na qual atletas se enfrentam 
em duas equipes de cinco jogadores cada 
uma, sendo um deles o goleiro. No futsal, 
como nas demais modalidades coletivas, 
é importante haver jogadores que possam 
ocupar certos lugares dentro da quadra 
(ou campo) de jogo, a fim de maximizar o 
desempenho da equipe, proporcionando 
situações favoráveis ao ataque ou à defesa 
durante os vários momentos de uma parti-
da. Essa divisão entre os atletas é funda-
mental para todo o processo de trabalho da 
Treinamento Tático no Futsal 23
equipe, desde o treinamento até os jogos 
propriamente ditos.
É importante esses posicionamentos 
serem aprendidos já nas categorias de 
base, sendo apenas aprimorados poste-
riormente nos vários anos de vivência 
da modalidade. Dessa forma, exige-se 
a atuação dos jogadores em diferentes 
posições, desempenhando funções múlti-
plas.
Esse complexo processo deve ser pauta-
do na versatilidade, exigindo dos técnicos 
e responsáveis da área novas condutas e 
propostas pedagógicas (Santana, 2004). 
O aprendizado tático adquirido pelo atleta 
necessita de vários momentos importan-
tes, passando por adaptações e readap-
tações neurofisiológicas, culminando num 
processo de inteligência tática do jogo.
Podemos observar, em vários momen-
tos de um jogo de futsal, situações táticas 
que podem modificar a organização normal 
de uma equipe. Contudo, a maior parte dos 
profissionais da modalidade procura ter em 
quadra, na maior parte do tempo (quando 
em condições normais de jogo), a seguin-
te definição de elenco: um goleiro, um fixo, 
dois alas e um pivô.
Por ser um esporte intermitente, dinâmi-
co e de diversas movimentações por parte 
dos jogadores durante a realização do jogo, 
vários atletas têm buscado exercer mais de 
uma função dentro de quadra, facilitando a 
organização tática de sua equipe.
O equilíbrio defensivo e ofensivo de 
uma equipe necessita doentendimento 
tático colocado em questão. As respostas 
dadas pelos atletas durante a partida é de 
extrema responsabilidade dos integrantes 
da comissão técnica que prescrevem e 
repassam o treinamento.
Com exceção do goleiro, os jogadores de 
futsal utilizam-se, na maior parte das vezes, 
dos mesmos recursos físicos durante uma 
partida; portanto, descrevo a seguir esses 
jogadores e suas principais características 
quanto à sua função tática no jogo de futsal.
O goleiro
• É o atleta responsável por impedir a 
entrada da bola em sua baliza (Figura 2);
• Quando fora de sua área de meta, 
trabalha a bola com seus pés e passa 
a ser um jogador de linha como os 
demais, atuando no sistema ofensivo 
que é designado dentro do padrão de 
jogo da equipe;
• É peça fundamental no futsal atual, 
pois, além de ser o principal jogador do 
sistema defensivo de uma equipe, pode 
auxiliar de forma efetiva nos movimen-
tos de ataque e contra-ataque;
• Possui padrões e aspectos fisiológi-
cos diferentes dos demais jogadores 
em uma partida de futsal.
O fixo 
• Responsável pelo processo funda-
mental de destruição de jogadas adver-
sárias, sendo peça essencial na inicia-
ção de um contra-ataque (Figura 3);
• Serve de referência aos demais 
companheiros na montagem do sistema 
defensivo, bem como dificulta qualquer 
armação de ataque da equipe adversá-
ria;
• Ocupa sempre uma região frontal à 
sua meta, utilizando-se do referencial 
da sua meia quadra até a área penal a 
qual defende.
24 Henrique Miguel
Os alas
• Responsáveis pela movimenta-
ção lateral da equipe, utilizam-se de 
jogadas paralelas com as linhas laterais 
da quadra e movimentações diagonais 
que dificultam a marcação adversária 
(Figura 4);
• Em momentos defensivos, os alas 
auxiliam na cobertura, mantendo 
sempre o balanço defensivo, buscando 
a superioridade numérica de defesa, o 
que dificulta as ações de ataque adver-
sárias; 
• Na maioria das vezes, são os atletas que 
mais finalizam durante uma partida e os que 
mais tocam na bola durante uma jogada.
O pivô
• É o homem de referência ofensiva em 
uma equipe de futsal (Figura 5);
• É responsável, principalmente, por 
servir os companheiros que estão 
melhores posicionados para a finaliza-
ção do gol;
• Geralmente é um atleta fisicamente 
forte, conseguindo trabalhar de costas 
para a meta adversária, facilitando o 
trabalho de seus companheiros nas 
investidas de ataque;
• Ocupa um espaço localizado da meia 
quadra ofensiva, até a área penal do gol 
que está atacando;
• Quando cria um deslocamento total 
Treinamento Tático no Futsal 25
para as laterais da quadra, auxilia na 
movimentação diagonal dos alas e na 
movimentação paralela do fixo, princi-
palmente nas jogadas ofensivas.
FUNÇÃO EM RELAÇÃO À 
ZONA DE POSICIONAMENTO
Por se tratar de uma modalidade em 
que os atletas estão em constante desloca-
mento, podemos observar que nem sempre 
os jogadores ocupam suas respectivas 
posições em vários momentos da partida.
Sendo assim, outra forma de definir 
o posicionamento tático dos jogadores 
de futsal, é observá-los de acordo com a 
zona de posicionamento na quadra. Por 
exemplo, quando uma determinada equipe 
está defendendo e seu ala está na zona de 
atuação do fixo, esse ala passa a exercer 
a função do fixo momentaneamente (Figura 
6). 
O mesmo acontece quando um pivô 
desloca-se para a zona de atuação do ala, 
passando a realizar o papel de ala durante 
aquele momento específico do jogo. Tal fato 
obriga os atletas da modalidade a vivencia-
rem todas as propostas táticas possíveis em 
uma partida de futsal, a fim de desenvolver 
um repertório avançado de ações de jogo.
26 Henrique Miguel
SITUAÇÕES DE JOGO E 
AÇÕES TÁTICAS
As situações de jogo são os fatos 
ocorridos durante uma partida que podem 
ocasionar propostas transformadas em 
vantagens no decorrer de uma jogada 
ou ato de jogo. Muitas dessas situações 
podem ser observadas em propostas 
defensivas, ofensivas, recuperações de 
bola ou ações de bolas paradas.
Contra-ataques
No futsal, os contra-ataques são muito 
frequentes, devido à constante troca 
de posse de bola entre as equipes que 
disputam uma partida. A versatilidade dos 
atletas é fundamental, tanto no ataque 
(terminando uma jogada com a marca-
ção do tento), quanto na defesa de sua 
meta (não deixando que o atleta adversá-
rio consiga chegar facilmente ao gol que 
está defendendo). O contra-ataque pode 
ser direto ou indireto (Bello Júnior, 1998; 
Garganta, 2002).
Contra-ataque indireto
O contra-ataque indireto é consequên-
cia de um desarme, ocorrido principalmen-
te na defesa, onde há a troca de passes 
entre os jogadores até o momento ideal de 
conclusão à meta adversária.
Treinamento Tático no Futsal 27
Contra-ataque direto
O contra-ataque direto, poderia ser 
assim descrito, para situações quando 
ocorre um novo ataque através de uma 
defesa do goleiro e o passe desse é feito 
para um jogador de linha progredir em 
direção à meta adversária com situação 
favorável à marcação do tento. 
Poucos estudos ainda têm se preocupa-
do com as ações táticas do futsal, porém, 
elas podem auxiliar de maneira significati-
va na prescrição do treinamento da modali-
dade.
Ferreira (2004), abordando as situa-
ções de contra-ataque no futsal, pesqui-
sou nove partidas do campeonato mundial 
universitário da modalidade, sendo que 
as seleções observadas foram Ucrânia, 
Rússia e Brasil. Das 277 ações obser-
vadas durante as partidas pesquisadas 
pelo autor, 39% delas, ou seja, 108 ações 
ocorreram em contra-ataques, demons-
trando a quantidade de oportunidades 
construídas ao contra-atacar. 
Santana e Garcia (2003), abordando a 
mesma temática de Ferreira (2004), busca-
ram estudar a incidência de contra-ataques 
em uma competição profissional do futsal 
brasileiro. Foram analisadas 28 partidas, 
observando-se que 521 ações foram reali-
zadas em contra-ataques, em que 78% 
constituíram-se de contra-ataques diretos 
e 22% caracterizaram-se como contra-ata-
ques indiretos. Dos contra-ataques carac-
terizados como diretos, 28% desses foram 
iniciados pelo goleiro, mostrando a impor-
tância desse jogador durante a situação de 
jogo em destaque (Tabela 2).
Outra pesquisa que pode descrever tal 
situação foi a de Marchi et al. (2010). Os 
autores analisaram 20 partidas da Liga 
Nacional de Futsal do ano de 2009. De 
acordo com os dados do estudo, foram 
observados 285 contra-ataques, estabe-
lecendo uma média de 14,47 (± 3,791) 
contra-ataques por partida. Durante as 
partidas pesquisadas, 88 gols foram anota-
dos, sendo que 30 deles ocorreram em 
situações de contra-ataque. O levantamen-
to minucioso da pesquisa pode ser obser-
vado na Tabela 3.
 Quando a equipe estiver bem postada 
em quadra, as oportunidades de contra- 
ataque ocorrem com mais frequência, 
fazendo com que uma equipe possa tirar 
vantagem desse propósito frente à outra. É 
importante ressaltar então, que o contra-a-
taque mostra-se uma arma fundamental na 
estrutura de jogo de um time.
São mais frequentes as oportunidades de 
contra-ataque quando a equipe estiver bem 
postada em quadra. Essa vantagem frente ao 
adversário ratifica a importância dessa tática 
28 Henrique Miguel
na estrutura de jogo, pois o erro em empregá- 
la pode acarretar uma ação contrária, com 
igual ou maior perigo à meta defendida.
Ações do goleiro-linha
No futsal atual, a atuação do goleiro 
deixou de ser vista como a de um atleta 
que está restrito apenas às funções de 
defesa dentro da área de meta. Esse 
jogador, ultimamente, tem papel impor-
tantíssimo nos contra-ataques, após uma 
defesa ou uma rápida reposição de bola; 
no futsal de alto nível, pode ser um jogador 
a mais dentro do sistema dejogo ofensi-
vo de sua equipe (Soares, 2012). A partir 
do momento em que sai de sua área, pode 
jogar com os pés como se fora os demais 
jogadores de linha, podendo ter contato de 
quatro segundos com a bola em sua meia 
quadra e posse ilimitada na quadra adver-
sária.
Para buscar uma situação tática ofensiva 
de mais eficácia, em muitas oportunidades, 
a realização dessa ação não é feita por um 
goleiro de fato, e sim, por um atleta de linha 
que busca um ponto diferencial no balanço 
ofensivo da equipe, sendo quase sempre 
usada nas partidas em que o resultado não 
é favorável, e necessita-se reverter esse 
quadro.
Quando colocada em prática, a ação do 
goleiro-linha no futsal modifica toda a estru-
tura tática, não apenas da equipe que está 
realizando a movimentação, mas também, 
da equipe que atua contra esse sistema. 
Uma maior demanda fisiológica por parte 
dos defensores é requerida, pois a marca-
ção sempre deverá ser feita com um atleta 
a menos (situação de 5x4), mesmo esse 
embate ocorrendo em uma quadra reduzi-
da (na maioria das vezes meia quadra, 
chegando a um terço de quadra em alguns 
momentos).
A equipe que mantém o poder ofensivo 
também deverá sofrer modificações duran-
te o processo, pois as movimentações 
deverão ser mais intensas e a procura por 
um espaço melhor e uma chance ótima 
Treinamento Tático no Futsal 29
para a marcação do tento deverão ocorrer 
com mais veemência.
Soares et al. (2012) observaram que 
muitos técnicos de elite do futsal brasileiro 
adotam com frequência a ação do goleiro-
linha. Dessa forma, investigaram a utiliza-
ção desse sistema de jogo e sua importân-
cia para os treinadores, na Liga Nacional 
de Futsal do ano de 2011.
Os autores do estudo entrevistaram os 
comandantes de equipes de elite do futsal 
brasileiro e notaram, através das respostas 
dos técnicos, que a função do goleiro-linha, 
em sua totalidade, é a tentativa da mudan-
ça do resultado da partida, através da 
variação tática ofensiva, somando sempre 
um atleta a mais na quadra de ataque para 
um engajamento que resulte no gol.
Contudo, há divergências entre a utili-
zação desse sistema, pois, apesar de ser 
favorável ao ataque, 83,3% dos técnicos 
que responderam à pesquisa, disseram 
também já terem perdido jogos devido 
à utilização dessa tática. O fato ocorreu 
principalmente no erro de passes no 
ataque, na finalização deficiente ou na falta 
de atenção do engajamento de ataque.
A Figura 7 representa a ação tática 
capaz de gerar uma situação de 5 jogado-
res contra 4 adversários (5x4 na linha), com 
o goleiro colocado de diversas formas pela 
quadra de jogo.
30 Henrique Miguel
Treinamento Tático no Futsal 31
APRENDIZAGEM TÁTICA
Para que os atletas de futsal (ou das 
demais modalidades coletivas) possam 
efetivar as estratégias ofensivas e defen-
sivas da melhor forma possível, é funda-
mental que os aspectos cognitivos de 
ensino-aprendizagem sejam assimilados 
de maneira integral, a fim de proporcionar 
ao jogador um conjunto de habilidades que 
lhe possa servir de instrumento nas diver-
sas situações que encontrará durante a 
partida (Greco, 2006). 
Santana (1996) descreve ser o perío-
do da adolescência o mais adequado para 
absorção da iniciação tática. Nesse perío-
do, os jovens passam pela transição das 
categorias menores para as maiores. Esse 
amadurecimento na modalidade tem seu 
alicerce embasado nas mudanças neuro-
fisiológicas que ocorrem individualmente 
com o atleta.
Para a aquisição tática, é necessá-
rio que os profissionais da modalidade 
não retirem do atleta a espontaneida-
de e a criatividade. É dever do treinador 
das categorias de base proporcionar ao 
jovem o maior número possível de vivên-
cias motoras, que incluem não apenas os 
propósitos técnicos, mas também, a liber-
dade de ocupação dos espaços de todos 
os setores da quadra de jogo. O atleta (na 
assimilação dos fatores táticos) precisa 
praticar e vivenciar todas as funções de 
jogo existentes no futsal, sem necessida-
de inicial de especialização. É necessário 
“sentir” o jogo, para que o mesmo faça 
sentido ao atleta.
Seguindo os relatos de Greco (2009), 
a fundamentação tática dos atletas de 
futsal possui relação direta com as situa-
ções básicas do processo ensino-apren-
dizagem vinculadas ao desenvolvimen-
to paralelo dos aspectos cognitivos 
individuais. Dessa forma, as capacidades 
de perceber, antecipar, agrupar, cobrir ou 
definir a melhor situação a ser emprega-
da durante o momento específico do jogo, 
só são possíveis quando o atleta conhece 
e assimila tal situação ao seu repertório 
individual. Portanto, é de suma importância 
que os treinadores do futsal conheçam os 
mais variados processos cognitivos indivi-
duais, sendo que esse fator torna-se de 
grande importância ao treinamento tático 
da modalidade. A seguir, descrevo alguns 
desses fatores que considero fundamen-
tais.
INTELIGÊNCIA TÁTICA NOS 
JOGADORES DE FUTSAL
2
32 Henrique Miguel
Percepção
É o processo de extração da informa-
ção do meio ambiente, em que o indiví-
duo consegue dar significado às coisas e 
aos objetos, a partir de um conhecimento 
prévio. A percepção está em constante 
interação com o aprendizado (Paula et al., 
2000).
Atenção
Estado seletivo e intenso da percepção, 
sendo que somente uma pequena quanti-
dade desses estímulos sensoriais eviden-
cia-se na percepção. Quando apoiada na 
experiência e na cognição, focaliza somen-
te o que se deseja perceber. Nos esportes, 
pode ser dividida em atenção concentrati-
va, distributiva e capacidade de alternação 
da atenção (Samulsky, 2009).
Memória
Capacidade de adquirir, conservar e 
restituir informações provindas de uma 
situação já realizada, observada ou viven-
ciada. Tanto a memória de curta duração 
quanto a de longa duração refletem o 
processo de armazenamento e recupe-
ração de experiências (De Vries, 1986; 
Doron e Parot, 2002).
Antecipação
Processo de perceber e avaliar uma 
situação antes do seu acontecimento. É 
baseada em experiências anteriores e na 
cognição. De maneira intencional, uma 
pessoa pode antecipar o produto de uma 
ação (metas da ação), as consequências 
(efeitos da ação) e os valores da ação 
(sentido da ação), bem como antecipar um 
processo geral dessa ação (aspecto instru-
mental), (Samulsky, 2009).
Inteligência
É definida como uma capacidade 
mental de observar, raciocinar, planejar, 
resolver problemas, pensar de maneira 
abstrata, compreender ideias complexas 
e aprender. A inteligência é constituída por 
três habilidades mentais: analítica, criativa 
e prática (Stemberg, 2005).
Pensamento
Pode ser visualizado de duas manei-
ras. O pensamento convergente aplica-
se quando o jogador procura resolver um 
problema com uma sequência definida e 
hierárquica de alternativas, evidenciando 
uma solução mais adequada. Em contra-
partida, o pensamento divergente é prati-
cado em situações em que não se percebe 
uma hierarquia de fatores de ações e há 
várias propostas de diferentes e possíveis 
resoluções. Esse tipo de pensamento está 
ligado diretamente à criatividade do indiví-
duo, sendo que as duas formas de pensa-
mento relacionam-se entre si e fornecem 
subsídios uma à outra (Greco, 1999).
Tomada de decisão
É o processo relacionado à seleção de 
uma resposta em meio a várias respostas 
Treinamento Tático no Futsal 33
possíveis. Dessa forma, consiste em 
determinar as possibilidades de suces-
so na análise de certos resultados em 
diferentes probabilidades. A tomada de 
decisão envolve todos os processos 
cognitivos abordados anteriormente e 
solidifica-se num atleta, quando está efeti-
vamente ligada à efetuação de uma habili-
dade motora (padrão técnico) relaciona-
da ao contexto de umaação (Dantas e 
Manoel, 2005).
O componente tático (individual e 
coletivo) torna-se fator de grande impor-
tância nos esportes coletivos e proble-
mática de grande relevância no processo 
ensino-aprendizagem-treinamento.
A eficácia das propostas táticas depen-
de de vários fatores. Segundo Paoli 
(2008), a inteligência tática do jogador 
deve ser visualizada e configurada por 
meio de alguns pontos:
• Capacidade de realizar coberturas;
• Sentido de formação e disciplina 
tática;
• Capacidade de armar, marcar e finali-
zar;
• Capacidade de perceber, antecipar e 
tomar decisões em diferentes situações 
do jogo (ofensivo e defensivo);
• Executar funções ofensivas e defensi-
vas sem abandonar padrões determina-
dos pela tática de jogo;
• Capacidade de jogar em espaços 
reduzidos;
• Capacidade de ocupar espaços livres 
com inteligência;
• Capacidade de adaptar-se ou alterar 
seu posicionamento em função da 
tática de jogo;
• Capacidade de marcar e desmarcar-
se;
• Capacidade de organizar sua equipe 
em quadra.
FATORES QUE COMPÕEM O 
APRENDIZADO TÁTICO
Como abordado anteriormente, o 
desenvolvimento adequado dos compo-
nentes cognitivos, por meio do treinamen-
to sistematizado, orientado e organizado, 
pode auxiliar de maneira significativa na 
formação, estruturação e compreensão 
tática dos atletas de futsal.
Portanto, Weineck (1986), aborda três 
pilares para o desenvolvimento tático dos 
atletas das modalidades coletivas.
Fundamentação
São as propostas que fundamentam e 
servem de base para a estruturação da aprendi-
zagem tática. Podem ser descritas como:
Capacidades cognitivas
Conhecimentos táticos, inteligência de 
jogo e capacidade mental de adaptação, 
modificação e aprendizagem.
Habilidades técnicas
Execução particular dos fundamentos 
do futsal (ou de outra modalidade esportiva 
coletiva).
34 Henrique Miguel
Capacidades psicofísicas
Relação do estado físico, mental e 
emocional dos atletas. É fator de grande 
relevância na elaboração do plano tático.
Formação
O conceito de formação voltado à tática 
pode ser dividido em duas formas: forma-
ção teórica e formação prática. A primeira 
consiste na transmissão de informações, 
visando à aprendizagem e reflexão da 
modalidade, proporcionando ao atleta um 
pensamento lógico dedutivo, flexível, criati-
vo e crítico. Essa proposta consiste, por 
sua vez, em alguns fatores:
Instrução da capacidade 
de aprendizagem
Vivenciada através da aquisição, classi-
ficação e atualização de conhecimentos 
inerentes à modalidade, ou seja, situações 
de entendimento das condições de organi-
zação da modalidade.
Instrução dos fatores 
emocionais e motivacionais
Para execução do desenvolvimento 
tático, o atleta necessita do autodomínio 
de suas capacidades individuais. Sem o 
interesse necessário do atleta, dificilmente 
se alcança um nível desejado de perfor-
mance.
Na formação prática, observa-se a 
aquisição e assimilação dos comportamen-
tos táticos. A automatização de uma ação 
necessita de constante repetição. Assim, 
quando o atleta automatiza uma situa-
ção, esse pode fixar a atenção em outros 
detalhes do jogo. Esse processo pode ser 
chamado de autonomia das ações táticas.
Instrução da capacidade de 
raciocínio da modalidade 
esportiva (inteligência de jogo) 
Processo em que o atleta busca uma 
adaptação e uma readaptação às mudan-
ças constantes durante a realização de um 
jogo, nos seus mais variados momentos.
Instrução da capacidade 
de antecipação
Busca da ampliação do número de 
respostas automatizadas, antecipando as 
situações de jogo.
Instrução da percepção e 
treinamento da atenção
Capacidade de agir ou reagir de forma 
rápida e adequada, evitando uma sobre-
carga desnecessária. Esse processo 
implica na percepção correta de diversos 
estímulos.
Princípios
Os princípios da aprendizagem tática 
viabilizam o conhecimento tático de forma 
mais abrangente. Pode ser dividido da 
seguinte forma:
Treinamento Tático no Futsal 35
Formação tática
Combinação e estruturação perfeita 
entre a teoria e a prática.
Comportamento tático
Realização do processo pedagógico de 
ensino-aprendizagem do contexto tático. 
A dificuldade tende a ser progressiva, 
trabalhando o comportamento tático base 
até suas diversas variáveis.
Domínio tático
Atingido quando as ações táticas são 
realizadas nas mais diferentes situações, 
principalmente em condições adversas. 
A Figura 8 apresenta um resumo sobre os 
principais aspectos do aprendizado tático.
36 Henrique Miguel
APRENDIZADO TÁTICO E AS 
SITUAÇÕES DE JOGO
Segundo Mutti (2003), um dos grandes 
problemas encontrados entre jogadores e 
técnicos, é a comunicação entre eles. Em 
muitas oportunidades, o atleta não realiza 
o pedido do técnico porque não consegue 
entender o que lhe foi solicitado.
Esse problema pode ocorrer por diver-
sos fatores, mas é relacionado principal-
mente à forma com que o atleta (receptor 
da informação) interpreta individualmente 
a mensagem repassada.
Existem, então, várias situações tradi-
cionais do futsal que devem ser bem enten-
didas pelos jogadores, a fim de se buscar 
uma melhor realização a partir de uma 
automatização do procedimento tático. A 
seguir, coloco alguns fatores que podem 
acrescentar uma dinâmica mais efetiva no 
trabalho tático.
Paralela
Está relacionado à movimentação do 
atleta ou ao passe realizado numa linha 
imaginária paralela à lateral da quadra de 
jogo (Figura 9).
Diagonal
Está relacionada à movimentação do 
atleta ou ao passe realizado numa linha 
imaginária diagonal às laterais da quadra 
(Figura 10).
Largura
Utilização de uma movimentação que 
consiga trabalhar o mais próximo possí-
vel às laterais da quadra, fazendo com 
que o adversário forneça espaços no setor 
central defensivo, aumentando a distância 
entre os defensores (Figura 11).
Profundidade
Utilização de uma movimentação que 
consiga trabalhar o mais próximo possível 
da linha de fundo adversária, permitindo 
penetrações dos jogadores em espaços 
deixados pela não compactação do setor 
defensivo (Figura 12).
Aproximação-vazio
Conceito que visa deslocar a marca-
ção para um local específico através da 
movimentação de um ou mais atletas, 
abrindo espaços para a penetração efetiva 
de outro atleta da equipe que ataca (Figura 
13).
Ocupação do espaço
Situação que pode ocorrer tanto no 
âmbito ofensivo quanto no defensivo, 
visando evitar que espaços deixados 
na quadra possam ser aproveitados de 
maneira efetiva pela equipe adversária 
(Figura 14).
Treinamento Tático no Futsal 37
38 Henrique Miguel
Dobra de marcação
Situação que ocorre no processo defen-
sivo, em que o atleta que ataca é aborda-
do por dois jogadores do setor defensivo. 
Existem locais na quadra propícios para 
a realização dessa manobra (Figura 15).
Ultrapassagem ou “overlap”
Ação na qual um atleta que se encon-
tra atrás de um companheiro que detém a 
posse de bola faz a ultrapassagem pelo 
mesmo, dando-lhe uma opção de jogada 
ofensiva de passe ou de desequilíbrio da 
marcação. É denominada overlap pelo 
deslocamento do primeiro atleta acontecer 
simultaneamente ao passe ou ao “arrasto” 
da marcação (Figura 16).
Cobertura
Processo em que um jogador defen-
sivo abandona sua zona de marcação 
para fazer a abordagem num atacante 
que conseguiu vencer a marcação de um 
primeiro defensor (Figura 17).
Existem outras inúmeras situações 
específicas de jogo que poderiam ser 
citadas nesse contexto. Porém, cabe ao 
treinador evidenciar as mais importantes 
e treiná-las, a fim de proporcionar uma 
automatização ideal às respostas do 
jogo.
Treinamento Tático no Futsal 39
40 Henrique MiguelFATORES QUE INTERFEREM NO 
DESENVOLVIMENTO TÁTICO
No que se refere às táticas de jogo 
no futsal, podemos citar Greco (2000), 
que corrobora a organização desse fator 
nas modalidades coletivas, demons-
trando alguns pontos importantes no 
desenvolvimento desse aspecto, respon-
sável pelo melhor plano de jogo de uma 
equipe durante uma partida ou uma compe-
tição (Figura 18).
3
Treinamento Tático no Futsal 41
Um determinado atleta, quando neces-
sita solucionar um problema dentro do 
contexto de jogo, precisa estruturar rapida-
mente uma série de fatores que o levem 
à realização da tática individual. Essa 
proposta torna-se mais amplamente exigi-
da nos desportos coletivos, pela participa-
ção de vários atletas numa mesma jogada, 
sendo ela uma ação tática ofensiva ou 
uma ação tática defensiva. Para que a 
tática da equipe seja realizada da melhor 
forma possível, é necessário que haja uma 
grande organização dos atletas no espaço 
de jogo, bem como a devida estruturação 
dos papéis que cada um deve realizar 
dentro do momento em que são exigidos. 
Também é importante ressaltar que 
a distribuição de responsabilidades dos 
membros da equipe evita a sobrecarga 
de determinado atleta, tanto no âmbito 
de ataque quanto no de defesa, permitin-
do que o sistema de jogo flua com mais 
naturalidade.
Segundo Mutti (2003), vários fatores 
podem ser vistos como pontos cruciais na 
execução das situações-problema dentro 
do jogo de futsal. As ações táticas podem 
perder eficácia quando um atleta não reali-
za corretamente as orientações exigidas 
pela comissão técnica, alterando de forma 
aguda a tática coletiva.
Tal fator leva a um desequilíbrio lógico 
entre a “instrução idealizada” e a “manobra 
realizada”. A sintonia entre os jogadores de 
uma equipe e a fidedignidade aos concei-
tos táticos trabalhados durante as sessões 
de treinamento tornam-se pontos funda-
mentais para a realização de uma proposta 
tática que obtenha êxito.
Contudo, algumas circunstâncias podem 
desestruturar o padrão de jogo e desestabilizar 
todo o processo tático definido por uma equipe.
CONDIÇÕES INDIVIDUAIS OU 
COLETIVAS
Condição física
O condicionamento físico é fator prepon-
derante para que um atleta, de qualquer 
modalidade, exerça sua atividade espor-
tiva num nível elevado (Bompa, 2002). O 
trabalho físico deve ser bem estruturado 
na periodização de treinamento do futsal, 
pois a execução dos esquemas táticos 
necessita de um elevado estado físico dos 
jogadores. 
Como o futsal é um esporte muito 
dinâmico, há a necessidade de diversas 
movimentações e coberturas precisas. A 
proposta de ataque e defesa está sempre 
em constante alternância, gerando um 
grande desgaste físico nos atletas durante 
a realização do jogo.
Por exemplo, uma equipe com condi-
cionamento físico abaixo do esperado não 
conseguirá manter uma marcação pressão 
na quadra adversária durante um tempo 
elevado (Santimaria, Arruda e Almeida, 
2009).
Condição técnica
Para que um padrão tático possa ser 
realizado com excelência, é necessário 
que os atletas possuam um refinado reper-
tório técnico durante suas ações. Todo 
esse trabalho precisa ser minuciosamen-
te galgado durante as categorias de base, 
para que no alto nível, as habilidades 
possam ser apenas polidas de acordo com 
as necessidades táticas. 
Uma equipe que possui jogadores 
altamente técnicos, teoricamente tende a 
42 Henrique Miguel
realizar as situações táticas com mais facili-
dade, conseguindo desequilibrar a defesa 
adversária de forma mais acentuada. 
Várias jogadas no futsal dependem da 
habilidade técnica dos atletas, sejam elas 
no contexto defensivo ou no ofensivo. Um 
fator que devemos sempre ter em mente, é 
que a tática apenas sobrevive por meio da 
técnica. Um passe diagonal bem coloca-
do para o ala oposto, um chute de média 
distância, ou um drible que desequilibra o 
padrão defensivo são exemplos de como 
a técnica é essencial à proposta tática de 
um treinador.
Condição psicológica
Os fatores psicológicos estão cada 
dia mais em evidência nos relatos dos 
estudiosos do esporte. Os atletas preci-
sam estar motivados, confiantes e tranqui-
los para exercer seu papel dentro do jogo. 
Além disso, a união coletiva torna-se 
essencial para um bom direcionamento 
tático da partida. 
Muitos outros contextos podem ser 
discutidos dentro das condições psicoló-
gicas, como: jogar na quadra adversária, 
torcida contra e a favor, nível da compe-
tição, momento da competição, tempera-
mento dos atletas do plantel, entre outros. 
Por esse motivo, é necessário que os 
membros da comissão técnica saibam 
como administrar os pontos de desequilí-
brio psicológico dos atletas, evitando que 
essa se torne uma situação de desequilí-
brio do planejamento de trabalho esporti-
vo (Machado, 1997).
CONDIÇÕES DE JOGO
Adversário
Uma análise sobre o adversário é o 
fator mais importante quando tratamos 
sobre a tática de jogo a ser definida para 
uma partida. Acerca dos conhecimentos 
que possuímos da equipe adversária, é 
possível montar e estruturar o padrão de 
jogo, as táticas ofensivas e defensivas e as 
estratégias que poderão ser utilizadas no 
transcorrer do jogo. Dessa forma, indepen-
dente da categoria em que se trabalhe, 
deve-se realizar um estudo prévio a respei-
to do adversário, levantando todas as infor-
mações que possam fazer diferença frente 
à sua equipe (jogadores mais habilidosos, 
sistema tático mais empregado pelo adver-
sário, utilização efetiva das bolas paradas, 
utilização do goleiro como homem de linha, 
pontos vulneráveis de marcação individual 
ou defesa coletiva, utilização da referência 
de ataque com o pivô, entre outros). No 
alto rendimento, não há mais espaço para 
o empirismo, portanto, dificilmente esque-
matiza-se um plano de jogo de uma equipe 
sem saber como o adversário esteve posta-
do nos últimos jogos. Subestimar o adver-
sário antes mesmo de o jogo começar, é o 
primeiro passo para o fracasso.
Situações pré-jogo
Essas situações também são muito 
comuns nos esportes de alto nível. 
Imprevistos podem ocorrer nos momentos 
que antecedem a uma prova, um jogo, uma 
Treinamento Tático no Futsal 43
corrida, etc. No futsal, isso não é diferen-
te. A perda de um atleta antes do início do 
jogo ou a modificação da escalação adver-
sária são pontos que merecem atenção por 
parte da comissão técnica. Quanto mais 
rápidas forem as respostas a essas situa-
ções anteriores à partida, menos proble-
mas ocorrerão durante a realização da 
mesma.
Situações durante o jogo
Os acontecimentos durante a realiza-
ção do jogo podem modificar profundamen-
te o padrão tático de uma equipe. Esses 
incidentes podem modificar de maneira 
significativa a tática ofensiva e a defensi-
va, sendo que a comissão técnica deve 
estar atenta a um desequilíbrio desfavorá-
vel, corrigindo-a de forma rápida e eficaz. 
Podemos exemplificar essas situações- 
problema como a expulsão de um atleta, a 
utilização do goleiro-linha pelo adversário, 
a postura incorreta dos setores de marca-
ção ou ataque, a vantagem ou desvanta-
gem no placar, entre outros.
CONDIÇÕES DA REGRA DO JOGO
Dimensão da quadra
Atualmente há muitos esforços no futsal 
para que as dimensões das quadras de 
jogo sejam padronizadas, evitando que o 
nível do espetáculo caia bruscamente em 
algumas competições. Nas partidas oficiais 
internacionais, as medidas da quadra não 
diferenciam, evitando o favorecimento de 
uma ou outra equipe. 
As diferentes quadras podem favorecer 
ou desfavorecer determinado tipo de 
esquema tático, tanto no seu âmbito ofensi-
vo quanto no defensivo. Por exemplo, 
quadras pequenas tendem a favorecer 
equipes de marcação forte, pois o adver-
sário terá pouco espaço para suas ações 
táticasde ataque. Em contrapartida, uma 
equipe que possui bons finalizadores 
pode utilizar-se das medidas restritas da 
quadra para tentar furar o bloqueio defen-
sivo adversário, com finalizações de média 
distância.
Regulamento
É uma situação variável de competição 
para competição. A tática de uma equipe 
depende da estrutura do regulamento de 
uma competição, a fim de se buscar o êxito 
esportivo. Por exemplo, saldo de gols, gols 
anotados dentro e fora de casa, confronto 
direto, número de vitórias, quantidade de 
partidas nos jogos que decidem a competi-
ção, vantagem de poder jogar pelo empate, 
são apenas algumas situações que podem 
modificar a estrutura tática de uma equipe 
no planejamento para um jogo.
Regras
O planejamento tático de uma equipe 
depende das regras de cada esporte, 
assim, sem regras, não há tática. A tática 
de jogo do futsal foi muito modificada de 
acordo com as mudanças das regras. A 
atuação do goleiro-linha, por exemplo, 
foi uma alteração de regra que permitiu a 
criação de uma infinidade de possibilida-
des táticas para sua utilização durante o 
contexto do jogo.
44 Henrique Miguel
CONDIÇÕES DO PROCESSO DE 
COMUNICAÇÃO-AÇÃO
Informação insuficiente
Muitos problemas táticos encontrados 
dentro de uma partida de futsal ocorrem 
pela informação incompleta ou “quebrada” 
por parte dos técnicos da modalidade. As 
informações dadas aos atletas, principal-
mente durante as sessões de treinamento, 
devem ser claras e precisas, mostrando o 
que realmente deve ser realizado durante 
as ações táticas. 
A informação não deve se estender 
demais, ou seja, precisa ser sucinta, fazen-
do com que o atleta não perca o verda-
deiro foco do que deve executar. É claro 
que atletas com mais experiência tendem 
a responder mais rápido às situações-pro-
blemas propostas pelo técnico ou por outro 
integrante da comissão técnica.
Tática coletiva imperfeita
A tática coletiva necessita que todos 
os atletas conheçam suas funções e as 
desempenhem da melhor forma possível 
durante o jogo. Quando um atleta equivo-
ca-se na sua função pré-estabelecida, 
possivelmente atrapalhará todo o sistema 
tático que o grupo realiza, culminando num 
desequilíbrio (seja ele ofensivo ou defensi-
vo), que sobrecarregará um companheiro 
da outra função. 
Esses desequilíbrios podem custar 
muito caro, principalmente se ocorrerem 
no setor defensivo. Dessa forma, a atenção 
no jogo de futsal deve ser redobrada, 
evitando que o foco do atleta seja perdido 
durante a partida.
Processo organizacional
Os atletas no alto rendimento preci-
sam saber organizar-se dentro do siste-
ma tático de jogo, mesmo que o adver-
sário proponha desequilíbrios constantes 
a eles. No setor defensivo e nas bolas 
paradas, esse processo organizacional 
deve antever todas as possibilidades 
de êxito que o adversário possa realizar 
durante a jogada. 
A bola é o alvo do jogo de futsal, contu-
do, ela só traz problemas à defesa quando 
está em posse de um jogador adversá-
rio. Isso nos remete à afirmação de que 
a marcação deve ser realizada sempre 
no atleta, e nunca diretamente na bola. A 
maior falha que ocorre dentro das jogadas 
de bola parada (faltas, laterais e escan-
teios), acontece quando o marcador deixa 
de focar seu adversário direto e mantém 
os olhares apenas na bola.
Treinamento Tático no Futsal 45
DEFINIÇÃO DOS SISTEMAS 
DE JOGO
O futsal, assim como as demais modali-
dades coletivas, conta com alguns siste-
mas que auxiliam na estruturação tática da 
equipe, visando uma melhor organização 
dos atletas dentro da quadra de jogo.
De acordo com cada sistema, o técnico 
pode utilizar suas peças da melhor forma 
possível, buscando o aproveitamento 
integral das características individuais dos 
jogadores que fazem parte do seu plantel.
Segundo Mutti (2003), podemos definir 
sistema como “a colocação dos jogado-
res em quadra com o objetivo de anular 
as manobras ofensivas do adversário e 
confundir seus dispositivos defensivos 
SISTEMAS DE JOGO 
NO FUTSAL
4
46 Henrique Miguel
para marcar o gol”.
A partir do momento em que os jogado-
res entendem a tática como processo 
fundamental do jogo, as movimentações 
e manobras ofensivas e defensivas dentro 
dos sistemas trazem enormes benefícios 
para a equipe (Figura 19).
A seguir, serão descritos os principais 
sistemas de jogo utilizados no futsal.
SISTEMA 2-2
Foi o pioneiro dos sistemas de jogo do 
futsal sendo muito utilizado nas catego-
rias menores (por ser muito simples e de 
fácil execução), porém não oferece muita 
mobilidade ao conjunto devido à dispo-
sição dos jogadores dentro de quadra. 
Consiste fundamentalmente num balanço 
de ataque e defesa, com dois jogadores 
colocados no setor ofensivo e outros dois 
no setor defensivo. Segundo Voser (2001), 
o posicionamento mais utilizado no siste-
ma 2-2 é o tipo “caixote” (Figura 20).
SISTEMA 3-1
Consiste na manutenção de um homem 
responsável pelo setor defensivo, dois 
alas que fazem o trabalho de ataque e 
defesa e um jogador mais avançado com 
a função específica de ataque. É o siste-
ma que sucede o 2-2, visto que pode trazer 
mais movimentações aos atletas dentro 
da quadra de jogo. Inicialmente o fixo não 
possui muita mobilidade para jogadas 
ofensivas, porém, esse fator modifica-se 
com a aquisição tática no processo de 
automatização dos conceitos de resposta 
aos fatores de jogo (Figura 21).
SISTEMA 1-1-2, 2-1-1, “Y” OU FUNIL
Existem várias definições para esse 
sistema de jogo. Sua principal caracterís-
tica é possuir apenas um homem mais ao 
centro da quadra auxiliando principalmente 
nas descidas dos alas, fazendo a cobertura 
de defesa. Outra característica a ser desta-
cada é que esse sistema pode possuir um 
“Y” ofensivo (quando o setor ofensivo está 
ocupado com dois jogadores) ou um “Y” 
defensivo (quando o setor defensivo está 
ocupado com dois jogadores), demonstra-
dos na Figura 22-A e 22-B.
SISTEMA LOSANGO
Para muitos autores, o sistema losan-
go é apenas uma variação do sistema 
3-1. Contudo, procuro abordar esses dois 
sistemas separadamente. Como já dito, 
no sistema 3-1, ainda há uma pequena 
deficiência na movimentação do fixo ao 
ataque, o que não proporciona uma chega-
da efetiva com quatro jogadores. 
Já no sistema losango, os jogado-
res estão mais agrupados, dando-lhes a 
oportunidade de movimentações rápidas 
e coberturas mais precisas. Esse siste-
ma ainda propicia as movimentações de 
rodízio e de engajamento (Figura 23).
Treinamento Tático no Futsal 47
48 Henrique Miguel
SISTEMA 4-0
É o sistema mais empregado atual-
mente no futsal de alto nível. Conhecido 
também como sistema quatro em linha, 
pois na sua disposição observamos que 
os atletas estão colocados quase numa 
mesma linha. Proporciona muita mobilida-
de aos atletas, desde que saibam como 
reagir às respostas de jogo. Também é 
propício à marcação, pois, na maioria das 
vezes, temos os quatro jogadores atrás da 
linha da bola.
Para que tenha efeito ofensivo adequa-
do, o sistema quatro em linha necessita 
de constantes aproximações e buscas por 
espaços, estruturados por diversas trocas 
de posições (Figura 24).
SISTEMA 1-4
Com as mudanças efetivas da modali-
dade no decorrer dos anos, tornou possível 
utilizar o goleiro como elemento de ataque 
durante uma partida. O sistema 1-4 conta 
com a mobilidade da equipe e a superio-
ridade numérica dada pela participação 
efetiva do goleiro. É importante ressaltar 
que, na maioria das vezes, quem desem-
penha o papel de goleiro-linha é um atleta 
que tenha facilidade de passe e finaliza-
ções de média distância.
Esse sistema busca uma troca de 
passes constante, trabalhando sobre o 
desgaste físico da equipe adversária, no 
processode superioridade numérica de 
ataque (Figura 25).
Treinamento Tático no Futsal 49
50 Henrique Miguel
PARTE 2
TENDÊNCIAS ATUAIS PARA O 
TREINAMENTO TÁTICO NO FUTSAL
Treinamento Tático no Futsal 51
5
TREINAMENTO TÁTICO GLOBAL 
E ANALÍTICO SINTÉTICO
Primeiramente, é importante observar-
mos nas modalidades coletivas que o traba-
lho dos fatores técnico-tático deve estar 
inserido no processo de treinamento, junta-
mente com os fatores físico e psicológico.
Gomes (2002; 2010) aborda sobre o 
referido índice de cargas de treinamento 
em esportes de diferentes características 
em relação ao volume de trabalho anual 
(Tabela 4).
No treinamento desportivo atual, tem-se 
discutido muito sobre os métodos de ensino 
das abordagens táticas nas modalidades 
coletivas, contudo, o papel do técnico torna-
se fundamental no processo. Independente 
da postura que assuma diante do ensina-
mento das propostas táticas, o feedback 
observado no cotidiano com seus atletas 
precisa ser avaliado da melhor forma possí-
vel. A informação dada deve ser sucinta e 
precisa para uma melhor assimilação por 
parte dos atletas que compõem o plantel da 
equipe.
TREINAMENTO TÁTICO GLOBAL
Consiste no estudo e na realização 
das ações táticas inerentes à modalidade 
numa situação de caráter integral, ou seja, 
52 Henrique Miguel
o atleta recebe as informações a serem 
realizadas de uma só vez.
Nos esportes coletivos, essas informa-
ções devem ser passadas em grupo, pois 
a tática de jogo só é possível quando todos 
os atletas da equipe conseguem assimilar o 
que é pretendido pelo técnico, buscando a 
realização da ação na melhor performance 
possível.
Uma das vantagens da proposta é a 
interação permanente entre as fases do 
contexto tático, mantendo assim uma estru-
tura completa que possui início, meio e 
fim, dando um caráter generalizado à ação 
(Figura 26).
No entanto, algumas dificuldades 
podem ser encontradas ao colocar-se a 
proposta em prática:
• Dificuldade de execução por parte 
dos jogadores quando se tratar de reali-
zar uma ação tática complexa;
• Dificuldade de focar diferentes 
respostas para uma mesma situação- 
problema, quando a ação inicial não 
está automatizada;
• Por ser um trabalho que exige muito 
mais do aparato fisiológico, o atleta 
pode entrar em fadiga mais rápido;
• Dificuldade de corrigir imediatamente 
os erros durante a movimentação ou a 
ação tática por parte do técnico.
Treinamento Tático no Futsal 53
Os estudos minuciosos sobre o treina-
mento global proporcionaram novas 
metodologias de trabalho tático para as 
modalidades coletivas, que vêm sendo 
empregadas aos poucos na ciência do 
treinamento esportivo. Uma delas é a 
periodização tática, proposta que discutire-
mos melhor no próximo capítulo deste livro.
TREINAMENTO ANALÍTICO-
SINTÉTICO
O treinamento analítico sintético repre-
senta a divisão das ações em partes 
distintas, a fim de se obter, ao final, uma 
somatória que culmine na realização da 
ação tática completa. Os fatores podem 
ser relativamente independentes entre si, 
sendo levados posteriormente a uma ação 
globalizada.
Ainda nos dias atuais é muito utilizada 
nas categorias menores, em que os atletas 
necessitam visualizar as diversas partes 
distintas da ação que irão realizar durante 
um momento específico do jogo.
É de suma importância que o desmem-
bramento de uma ação tática não deixe que 
a estrutura da movimentação ou do padrão 
pretendido perca sua eficiência. Muitas 
vezes a execução por partes isoladas pode 
causar confusões aos atletas, principal-
mente com a utilização das várias situa-
ções técnicas oriundas do futsal (chutar, 
driblar, fintar, passar, receber e etc.).
Podemos utilizar a divisão das ações 
táticas em pequenas partes destacadas, 
que possuam um número reduzido de 
informações, facilitando a assimilação por 
parte dos atletas.
Uma das deficiências notórias dessa 
proposta de trabalho é que nem sempre 
as ações táticas podem ser divisíveis. 
Algumas situações impedem o desmem-
bramento de uma movimentação de 
ataque, por exemplo, fato que torna inviá-
vel divisão da ação em pontos distintos.
A utilização de exercícios que comple-
tem os diferentes momentos de uma ação 
tática podem ser frequentemente corri-
gidos pelo técnico, trabalhando sobre os 
erros de forma repetitiva e constante, até a 
realização adequada (Figura 27).
Portanto, alguns pontos importantes 
podem ser destacados no trabalho analí-
tico-sintético:
• Divisibilidade das ações táticas, 
ofensivas e defensivas, desde que a 
situação assim permita;
• Informação constante dentro da reali-
zação das partes distintas, buscando a 
melhor realização da ação;
• Informação dada de forma mais 
sucinta e desmembrada, buscando a 
totalidade da ação apenas no momento 
em que as partes forem aprendidas e 
realizadas com destreza e performance 
adequada;
• Possibilidade de realizar repetições 
sucessivas apenas da parte que a 
equipe mais necessita dentro da ação 
tática;
• Obter uma forma ideal de desmem-
brar a ação sem danificar o processo 
tático em sua totalidade, bem como 
todas as ações técnicas que devem ser 
empregadas para a realização ideal da 
proposta pretendida.
54 Henrique Miguel
Treinamento Tático no Futsal 55
6
PERIODIZAÇÃO
TÁTICA NO FUTSAL
UMA NOVA TENDÊNCIA DE TREINO
Atualmente, com a evolução da ciência 
do treinamento, vem ganhando cada vez 
mais espaço a metodologia de trabalho 
denominada Periodização Tática (PT). 
Muito difundida no futebol, e transportada 
(mesmo que lentamente) para as modali-
dades coletivas em geral, essa metodolo-
gia visa romper os conceitos da periodi-
zação esportiva clássica, que procurava 
desmembrar os conteúdos do treinamen-
to, a fim de proporcionar ao atleta uma 
somatória produtiva de performance num 
momento posterior.
Em seu contexto mais aplicado, a 
metodologia da Periodização Tática tem 
sido profundamente discutida no desporto 
português, em que nomes como Mourinho, 
Peseiro, Carvalhal e Queiroz, podem ser 
citados como técnicos desportivos respon-
sáveis pela disseminação dessa proposta.
Na literatura internacional, muito pouco 
se aborda sobre a PT no treinamento do 
futsal. Neste capítulo, contudo, procurarei 
abordar a temática de uma forma simples 
e prática, fazendo com que seja possí-
vel usufruir a metodologia no seu cotidia-
no de trabalho, embasado em conceitos 
teórico-científicos capazes de auxiliar 
na estruturação e no entendimento mais 
aprofundado desse conceito que se torna 
muito discutido no desporto coletivo atual.
CARACTERÍSTICAS DA 
PERIODIZAÇÃO TÁTICA (PT)
A formação dos atletas no despor-
to coletivo (inclusive no futsal) promove 
uma seleção natural desde as categorias 
de base até a chegada às equipes de alto 
rendimento. A preocupação principal de 
muitos técnicos é a seleção do indivíduo/
atleta mais alto, mais forte fisicamente, 
mais veloz, mais flexível, mais ágil, esque-
cendo a verdadeira essência da proposta 
da modalidade em que ele será inserido 
(Garganta, 2002). É importante que encon-
tremos atletas que “pensem o jogo”, e não 
simplesmente atletas que apenas “joguem 
o jogo”.
Assim, o treino das modalidades 
coletivas perde toda a sua efetividade 
quando separado e desmembrado de 
forma desordenada, sem exigir do atleta 
a capacidade de pensar o jogo como 
uma situação de equilíbrio-desequilíbrio e 
56 Henrique Miguel
problema-solução (Losa et al., 2006).
Segundo Mourinho (2001), a PT é a 
forma particular da periodização de treina-
mento que se relaciona com a distribuição 
num espaço de tempo definido, de manei-
ra regular, dos componentes táticos de 
jogo, nos seus contextos coletivos e indivi-

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