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Obesidade Infantil Objetivos Estudar as consequências clinicas da obesidade infantil Entender o perfil nutricional para crianças (peso, IMC, circunferência abdominal, cervical) Correlacionar a obesidade, lipidograma e as doenças cardiovasculares Políticas públicas para enfrentamento do problema. Referências Kliegman. Nelson – tratado de pediatria, 18ed Sociedade Brasileira de Pediatria. Tratado de pediatria, 2ed Kronenberg. Willians – tratado de endocrinologia, 11ed Pimenta. Políticas Públicas de Intervenção na Obesidade Infantil no Brasil, 2015 Objetivo 1: Estudar as consequências clinicas da obesidade infantil SBP Definição: A obesidade é uma doença crônica, complexa, de etiologia multifatorial e que resulta de balanço energético positivo. Seu desenvolvimento ocorre, na grande maioria dos casos, pela associação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais. Prevalência: MUNDO: Aproximadamente 10% da população mundial, de 5 a 17 anos, está com excesso de peso e 1/4 desse percentual já apresenta obesidade. Sendo que o índice nas américas e Europa é maior que 20% BRASIL: Entre 1974 e 1997, a prevalência de sobrepeso e obesidade na faixa etária de 6 a 17 anos subiu de 4,1% para 13,9%. NELSON Fisiologia da regulaçao da fome e saciedade O tecido adiposo e do trato gastrointestinal regulam o controle da ingestão de alimentos (apetite e saciedade) através de um feedback neuroendócrino com o sistema nervoso central no núcleo arqueado do hipotálamo. Os hormônios gastrointestinais, incluindo a colecistoquinina, o peptídeo semelhante ao glucagon-1, e o peptídeo YY, assim como o feedback neuronal vagal promovem a saciedade, enquanto a grelina estimula o apetite. O tecido adiposo faz o feedback para o cérebro sobre os níveis de armazenamento de energia através da liberação de leptina e adiponectina. Em resposta a esses estímulos ocorre liberação dos neuropeptídios como neuropeptídio Y, o peptídeo relacionado ao gene agouti e a orexina, que parecem estar envolvidos na estimulação do apetite. Enquanto as melanocortinas e o hormônio estimulante da alfa-melanocortina estão envolvidos na saciedade. Alterações nessas vias de controle da saciedade e do apetite muitas vezes são vistas na obesidade, inclusive na obesidade infantil, e muitas dessas alterações têm grande influência genética. Etiologia: Fatores ambientais: Os tipos e custos das comidas mudaram muitos nas últimas décadas. Atualmente existe uma infinidade de alimentos pouco nutritivos e muito calóricos. Ocorreu também um aumento do sedentarismo. Crianças passam cada vez mais tempo vendo TV ou usando celulares e jogos virtuais. Há relação direta entre tempo gasto com essas atividades e níveis altos de IMC. O ambiente familiar e seus hábitos também tem grande importância na obesidade. Fatores genéticos: Leptina: é um hormônio regulador do apetite e do armazenamento de gordura. É produzido pelo tecido adiposo e por isso em obesos sua quantidade circulante é alta, o que pode acarretar diminuição da sensibilidade à leptina em obesos. Defeitos nos genes ou receptores da leptina (hormônio produzido pelo tecido adiposo e que tem a função o controle do metabolismo basal, aumentando o gasto energético) Aspectos psicológicos: Obesidade reativa: Os distúrbios emocionais podem aumentar o risco de superalimentação. Entretanto, distúrbios psicológicos podem ser também consequências da obesidade. SBD Consequências clinicas da obesidade na infância e adolescência Diabetes mellitus O DM2, que era encontrado geralmente na fase adulta, está cada vez mais prevalente entre crianças e adolescentes devido ao aumento da prevalência da obesidade. A hiperinsulinemia está muito presente em obesos devido a grande massa de tecido adiposo. Bem como a resistência à insulina devido principalmente aos compostos inflamatórios liberados pelos adipócitos como a IL-6 e TNF-alfa. A baixa captação da glicose devido a resistência a insulina e a liberação de glicose hepática, provoca hiperglicemia. Doença cardiovascular De modo geral, envolve exacerbações de outros riscos tal como hipertensão, diabetes e dislipidemia. Esses fatores aumentam o risco de arteriosclerose, TVP, TEP, infarto, AVC... Estudos indicam que a obesidade que ocorre em idade mais precoce tem maior influência sobre doença cardiovascular que a obesidade de início mais tardio. Hipertensão arterial A obesidade está associada ao aumento dos níveis pressóricos. Tanto a pressão sistólica como a diastólica aumentam com o incremento do índice de massa corporal. A hiperinsulinemia diminui a excreção de Na+ nos rins, elevando a PA A obesidade é uma das principais causas de hipertensão arterial em crianças e adolescentes, favorecendo a ocorrência de eventos cerebrovasculares e cardiovasculares futuros. Dislipidemia Pode estar relacionada à resistência insulínica e consequente hiperinsulinemia da obesidade, que aumenta a síntese e secreção hepática de triacilgliceróis. Além disso, o fígado metaboliza os ácidos graxos livres e produz mais triacilgliceróis. A alteração do perfil lipídico mais frequente consiste no aumento dos triglicérides séricos e do VLDL-colesterol e na diminuição da fração HDL-colesterol. Esteatose hepática O aumento de triglicérides e ácidos graxos livres circulantes contribui para o acúmulo de gordura no fígado, desencadeando a esteatose hepática, com possibilidades de progressão para fibrose e cirrose. Síndrome metabólica É a associação entre obesidade, hipertensão arterial, perfil lipídico adverso, alterações no metabolismo da glicose (intolerância à glicose, resistência insulínica ou DM2), que tem alta associação com doenças cardiovasculares. Está associada principalmente com a gordura abdominal, pois e a que mais sofre lipólise. Adolescentes com sobrepeso têm taxas 30% maiores que os de peso normal. Complicações ortopédicas Muito frequentes quadros de desgastes articulares precoces (joelho). Deslizamento da epífise da cabeça do fêmur também é comum Distúrbios da função pulmonar Diminuição do VR e do volume expiratório máximo e tendência para redução geral do volume pulmonar podem ser observados nos obesos. Podem ocorrer em casos mais graves apneia do sono, fadiga noturna e hipertensão pulmonar. Alterações dermatológicas São comuns as estrias, a fragilidade da pele nas regiões das dobras Tendência às infecções fúngicas e/ou bacterianas Acantose nigricans (escurecimento da pele nas axilas e no pescoço) relacionada à estimulação dos melanócitos pelo hiperinsulinismo. OBJETIVO 2: Entender o perfil nutricional para crianças (peso, IMC, circunferência abdominal, cervical) WILLIAMS CLASSIFICAÇÃO ADULTOS: Embora não seja medida direta da adiposidade, o método mais usado para avaliar a obesidade e o índice de massa corporal (IMC), igual ao peso/estatura² (em kg/m²). Estudos sugerem que os riscos relacionados à obesidade começam a aumentar quando o IMC é maior que 25. Embora o IMC 30 é o limiar usado para obesidade. A medida da circunferência abdominal e o ganho de peso na vida adulta também são fatores de risco que elevam muito o risco de desenvolvimento de DM, HAS, dislipidemia e doenças cardíacas. Outros métodos para quantificação: antropometria (espessura da prega cutânea), densitometria (pesagem sob a água), TC ou RM e a impedância elétrica. NELSON Classificação nas crianças e adolescentes: Índice de massa corporal – IMC Apesar dos avanços tecnológicos na avaliação da gordura corpora, o IMC combinado com a avaliação clínica é suficiente para determinar o diagnóstico. Em função das mudanças na adiposidade durante a infância usado o percentil de IMC é para fazer essa classificação Rebote da adiposidade: A adiposidade das crianças surge no primeiro ano de vida, se reduz e atinge o mínimo por volta dos cinco a seis anos de idade, quando então aumenta novamente. Quando ocorre precocemente aumenta o risco de obesidade mais adiante. Obs.: os valores de IMC paracrianças são abaixo dos valores de referência para adultos. As tabelas com os percentis contem gráficos com curvas que correlacionam o IMC com a obesidade nessas fases da vida. SBP Medidas de pregas cutâneas e circunferência abdominal Além do IMC recomenda-se como critério de diagnóstico a avaliação das dobras cutâneas subescapular (DCSE) e tricipital (DCT). As medidas de pregas cutâneas refletem melhor as mudanças na gordura subcutânea e fornecem maior entendimento do IMC. Diminuem os erros de avaliação de indivíduos atletas. OBS.: Também seguem tabelas específicas com percentis, relacionados de acordo com idade e sexo Relação peso/estatura (P/E) e escore Z do P/E Fazem uma correlação entre o peso e a estatura principalmente de crianças. Não é muito utilizado, porém é prático para definir metas de emagrecimento. OBJETIVO 3: Correlacionar a obesidade, lipidograma e as doenças cardiovasculares SBP Alterações no perfil lipídico e risco cardiovascular da obesidade infantil Alterações no perfil lipídico podem aparecer já na infância, em indivíduos obesos, com aceleração do processo aterogênico, embora sem manifestações clínicas nessa faixa etária. O depósito de lipídios na parede das artérias pode iniciar-se na infância, conforme a gravidade da hipercolesterolemia, formando acúmulos lineares de gorduras que progridem, levando ao espessamento e à fibrose da parede da artéria no adulto. As lipoproteínas LDL têm como principal função o transporte do colesterol do fígado para os tecidos periféricos. As HDL transportam o excesso de colesterol para o fígado, onde ele será eliminado, no processo conhecido como “transporte reverso do colesterol”. Nos indivíduos obesos, ocorre aumento da síntese hepática de colesterol com maior produção de VLDL-C (ruim), aumento dos TG e redução do HDL-C (bom). HDL protege contra o risco de doenças cardiovasculares. A combinação de baixos níveis de HDL, altos índices de LDL e TG aliado a presença de outros fatores associados, como hipertensão, glicemia elevada, estado pró-trombótico e pró-inflamatório, influi no potencial aterogênico. Alterações nos níveis de VLDL, HDL, TC na infância persistem até a vida adulta elevando os riscos de doenças cardiovasculares Por isso é muito importante a avaliação periódica do perfil lipídico de crianças. OBJETIVO 4: Políticas públicas para enfrentamento do problema. PIMENTA As políticas têm como objetivo a promoção da saúde, prevenção e controle das doenças de forma ampliada, integrada e conectada aos mais diversos setores da sociedade. Além do acesso a programas de atendimento médico, nutricional, psicológico e social direcionados para esse público, com atenção mais voltada às instituições escolares e controle maior na alimentação em geral. Política Nacional de Alimentação e Nutrição – PNAN Origina-se dos esforços da OMS no sentido de conter os avanços de doenças causadas por má alimentação e nutrição. As propostas da atual PNAN são: Melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, vigilância alimentar e nutricional. Prevenção e cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição Ações da PNAN: Inclusão de metas nacionais para reduzir a obesidade no Plano Nacional de Saúde Aprovação de diretrizes nacionais para a alimentação saudável, Repasse de recursos federais para o financiamento de ações específicas de promoção de alimentação saudável e de atividade física nos municípios Resolução da ANVISA, que regulamenta a publicidade de alimentos não saudáveis. Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE Representa um conjunto de políticas públicas com incentivo à produção local de alimentos e a agricultura familiar (30% no mínimo), favorecendo a oferta de frutas e hortaliças nas escolas e comunidades. Programa Saúde na Escola – PSE Objetivo: Desenvolvimento de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde de crianças e adolescentes de cinco a dezenove anos no ambiente escolar. Promove investimentos na conscientização de jovens, professores e pais com relação aos mais diversas temáticas, inclusive alimentação saudável e prevenção da obesidade.
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