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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ CURSO DE DIREITO – UNIDADE MOREIRA CAMPOS DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO II PROF. MÁRCIO ALAN MENEZES MOREIRA NOTA DE AULA – TEMA: DESAPROPRIAÇÃO 1. CONCEITO E TIPOLOGIA É o procedimento de direito público pelo qual o poder público transfere para si a propriedade de terceiros. Objetivo: transferência do bem desapropriado para o acervo do expropriante. ATENÇÃO: existe a expropriação social – art. 1.228, §4º do CC. Diferente da pública é realizada por particulares. Natureza jurídica: procedimento administrativo. Pressuposto: utilidade pública; necessidade pública e interesse social. Fonte normativa: - art. 5º, XXIV (des. Ordinária, comum); - Dec. Lei 3365/41 – Casos de utilidade pública; - Lei 4132/62 – casos de interesse social; - art. 182, §4º da CF – urbanística sancionatória (regulamentada pela Lei 10257/01); - art. 184 CF; Lei 8629/93 e LC 76/93 – Desapropriação Rural - art. 243 – Desapropriação confiscatória. Objeto: art. 2º do DL 3365/41 – bens moveis e imóveis. Impossibilidades jurídicas: a lei considera o bem insuscetível de desapropriação. Ex: propriedade produtiva. Impossibilidades materiais: o bem, por sua natureza, torna-se inviável de ser desapropriado, Ex: moeda; direitos humanos. Situações especiais: cadáver. Bens públicos: devem obedecer à hierarquia federativa. Art. 2ª, §2º do DL 3365/41. Requer autorização do poder legislativo. O bem tombado pode ser desapropriado? Somente se o tombamento for feito pro ente menor (JSCF). Margens de rios navegáveis: segundo a sumula 479 do STF são de domínio público. Segundo o art. 31 do Dec. 24643/34 (código das águas) podem ser privados. Desapropriação é uma forma originária de aquisição da propriedade. Efeitos: - irreversibilidade da medida; - extinção dos direitos reais de terceiros sobre a coisa. Art. 31 do DL 3365/41. Competência: Legislativa: privativa da União. Art. 22, II, CF; Declaratória: concorrente. Art. 2º DL 3365/41. Exceção: DNIT/ANEEL. Executória: art. 3º - concessionarias, entidades de caráter público e que exercem função delegada. Destinação dos Bens: - A regra é definitivamente o bem ingressar na esfera jurídico do desapropriante. - Como exceção o bem fica provisoriamente em propriedade do expropriante e depois é remetido a um particular: Zona – art. 4º DL 3365/41. Urbanística Sancionatória Interesse Social Lei Delegada nº 4/62 Confisco. DESAPROPRIAÇÃO ORDINÁRIA Fase declaratória: 1ª passo: declaração expropriatória. Identificação precisa do bem. O fim a que se destina e o dispositivo legal Formalizada pro decreto expropriatório do Chefe do Poder Executivo. Possibilidade de formalização por Decreto Legislativo (art. 8º DL 3365/41); Natureza: é um ato administrativo. É possível que o particular ingresse com Ação Declaratória de Nulidade de Ato Administrativo (para atacar a declaração expropriatória). Efeitos da Declaração: - direito de penetração; - inicio do prazo de caducidade para promover a desapropriação: 05 anos. - Descreve bem e fixa a indenização; Realização de benfeitorias após a declaração: Úteis – só indeniza mediante autorização do poder púbico. Necessárias – devem ser indenizadas; Voluptuárias – não são indenizadas. É possível licença para obras depois da declaração – Sumula 23 do STF. Fase executória: Via administrativa: Acordo: deve haver certeza quanto ao domínio e quanto aos documentos que comprovam. Via Judicial: Ação de desapropriação: art. 9º. DL 3365/41. Autor: Poder Público/Expropriante. Réu: particular/proprietário. Inicial: oferta do preço/cópia do decreto expropriatório/planta e descrição do bem com suas confrontações. Contestação: art. 20 – versa apenas sobre preço e vícios processuais. Reconvenção: inadmissível. Imissão provisória na posse Art. 15 do DL 3365/41. Imóveis residenciais urbanos – Lei 1075/70. STJ – O IPTU até a imissão na posse é do proprietário. A imissão deve ser averbada no registro de imóveis. Pressupostos da imissão provisória: - declaração de urgência - depósito de valor Concretizados os pressupostos é direito subjetivo a imissão, não podendo o juiz negar. Quanto à urgência, o prazo para promover a desapropriação é de 120 dias. Pode ser incluída no decreto ou depois. ATENÇÃO: NÃO CONFUNDIR COM A AÇÃO DIRETA DO ART. 20 DO DL 3365/41. O valor a ser depositado depende da posição do STF (art. 15, alienas) ou do STJ (valor mínimo para o IPTU ou valor real do bem). Levantamento do valor: até 80% - art. 33, §2º - DL 3365/41. Requisitos: - provar a propriedade; - quitar as dívidas fiscais; - Lançar edital, com 10 dias, para notificação de terceiros. PROVA – é a pericial. INTERVENÇÃO DO MP – Obrigatória. SENTENÇA – art. 27 – não há vedação de julgamento extra ou ultra petita. - Efeitos: Autoriza a imissão definitiva; É título para a transferência da propriedade. MOMENTO QUE OCORRE A TRANSFERÊNCIA – COM O PAGAMENTO! INDENIZAÇÃO: previa, justa e em dinheiro. Exceção: Desapropriação para fins de Reforma Agrária e Desapropriação Urbanística Sancionatória. DESAPROPRIÇÃO QUANDO EXISTE ENFITEUSE: - senhorio direto (01 laudêmio +10 foros anuais); - enfiteuta – valor real do bem; - Senhorio direto (poder público): redução de 17% do valor integral do terreno. Art. 103, §2º, Dec. Lei 9760/46. JAZIDAS: art. 176 da CF. Pertencem à União. Só indeniza se tiver sido outorgada autorização para lavra. JUROS MORATÓRIOS: decorrem da demora no pagamento da indenização. Base: valor da indenização fixado na sentença. Termo a quo: art. 15-B DL 3365/41. Percentual: 6% ao ano. O DL 3365/41 fala em “até”, mas deve ser entendido como 6% exatos Precatório: apresentado até 01/07 – não haverá juros de mora até 31 de dezembro do exercício seguinte. Precatório apresentado após 1 de julho: não correm juris até 31.12 do exercício seguinte ao que deveria ser feito o pagamento. JUROS COMPENSATÓRIOS: são devidos como compensação pela ocorrência da imissão provisória na posse. Base: diferença entre os 80% levantados e o valor fixado na sentença. Percentual: 06% (STF decidiu que são de 12%). ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA: Até o pagamento, mesmo mais de uma vez. HONORÁRIOS: calculados com base na diferença entre o valor da sentença e valor da oferta. Inclui os juros moratórios e os compensatórios. Limite: 0,5-5%. Teto: STF decidiu que é inconstitucional fixar um teto. DESISTÊNCIA: o impossível se houver pagamento (mesmo o parcial); o Impossível se a ocupação causou alterações substanciais. Requisitos (GASPARINI): definida antes da ultimação da desapropriação; ressarcimento pelos danos; ressarcimento das despesas processuais; devolução do mesmo bem. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA Art. 35 do DL 3365/41. Havendo incorporação (fato consumado) não há retorno. Ação de ressarcimento: segundo o STF o prazo é de cinco anos. Segundo CABM e JSCF o prazo é de 10 anos (usucapião). DIREITO DE EXTENSÃO O objetivo é alcançar a totalidade do bem. Art. 12 do Decreto Federal nª 4956/1903. Pode ser arguido na contestação. Na desapropriação indireta deve ser aguido na Inicial. RETROCESSÃO Art. 519 do CC. Requisitos: o bem não teve o destino para o qual foi desapropriado; o bem não deve ter sido utilizado em obras e serviços públicos. Natureza: Direito real – prescrição de 10 anos; Direito Pessoal prescrição de 05 anos (Dec. Lei 20910/32). TREDESTINAÇÃO Lícita X Ilícita. DESAPROPRIAÇÃORURAL: Motivada por interesse social. O imóvel deve ser improdutivo. Art. 184 – 186 da CF. Hipóteses na Lei 8629/93 e na LC 76/93 (procedimento). - Competência: União. - Indenização: títulos da dívida agrária com resgate em até 20 anos, a partir do segundo ano. - Benfeitorias: pagas em dinheiro. Não cabem juros compensatórios. Bens que não podem ser desapropriados: art. 185 da CF. Procedimento: - Decreto (Presidente) – prazo de caducidade – 02 anos. - Vistoria; - Comunicação ao proprietário; Fase judicial: -Legitimados: União ou Incra. -Despacho inicial: em 48hs – defere a imissão provisória na posse, com averbação no registro de imóveis. -Contestação – 15 dias. -Perícia -Intervenção do MP; - verificação da “invasão” – art. 2º, §6º - Lei 8629/93 - Audiência - Sentença Benfeitorias pagas em dinheiro = PORÉM SEGUEM O RITO DO PRECATÓRIO. DESAPROPRIAÇÃO CONFISCO Art. 243 da CF/88. Competência: União. Apreensão dos bens. Leis 8257/91 e Dec. 557/92. (verificar a legislação para o procedimento). DESAPROPRIAÇÃO URBANÍSTICA SANCIONATÓRIA Art. 182 da CF. Regulamentado pela Lei 19257/01 – Estatuto da Cidade – art. 8º. Competência: município. Indenização: títulos da dívida pública, resgate em até dez anos, em prestação anuais. Não cabem juros compensatórios.
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