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Formação do Pensamento Político Moderno

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Aula 4 - A Formação do Pensamento Político Moderno e as Questões Básicas da Ciência Política
A Formação do Pensamento Político Moderno: Estado de Natureza, Contrato Social e Estado Civil na Filosofia de Hobbes, Locke e Rousseau
Com a derrocada do Feudalismo e a ascensão da burguesia, na Europa, surgiu o Iluminismo: um movimento intelectual que rompeu definitivamente com qualquer herança medieval, buscando compreender a sociedade e suas relações como fenômenos sujeitos a leis naturais. Essa nova visão possibilitou a construção de modelos sociais, políticos e econômicos centrados na ideia do Estado como um "contrato social", que permitiria aos homens passar de um "estado de natureza" - em que predominava a barbárie - para um "estado civil" - em que predominam as leis. O termo contratualismo indica uma classe abrangente de teorias que tentam explicar os caminhos que levam as sociedades a formarem Estados, com o objetivo de manter a ordem social. Essa noção de contrato indica que as pessoas abrem mão de certos direitos para um governo ou uma autoridade, a fim de obter as vantagens da paz social e da ordem. Na origem do processo de reflexão sobre o modelo de organização política que emerge do feudalismo para o capitalismo, ganham destaque quatro autores que estabeleceram as bases do contratualismo.
Thomas Hobbes, com o Leviatã ( Foi um filósofo inglês que, em 1651, publicou sua principal obra, denominada O Leviatã. Nesse trabalho, o autor afirma que a sociedade precisa de uma autoridade à qual todos os membros devem se render, mesmo com prejuízo de sua liberdade individual – aquela que possa assegurar a paz interna e a defesa do bem comum. Esse soberano – quer seja um monarca, quer seja uma assembleia – deveria ser o Leviatã, que possuiria uma autoridade inquestionável.
Jean-Jacques Rousseau, com o Contrato Social ( Considerando as desigualdades sociais um fato lastimável, Jean-Jacques Rousseau tenta responder a questão que obriga um homem a obedecer a outro ou indicar com que direito um homem exerce autoridade sobre outro. Ele concluiu que somente um contrato tácito e livremente aceito por qualquer individuo permite a cada um “ligar-se a todos enquanto retém sua vontade livre”. A liberdade está inerente à lei livremente aceita. “Seguir o impulso de alguém é escravidão, mas obedecer a uma lei auto imposta é liberdade”. Ao considerar que todos os homens nascem livres e iguais, o contrato social encara o Estado como o resultado de um pacto, no qual os indivíduos não renunciam a seus direitos naturais, mas, ao contrario, entram em acordo para a proteção desses direitos. Cabe ao Estado o exercício dessa tarefa.
John Locke, com o Segundo Tratado sobre Governo ( John Locke pode ser considerado o precursor do liberalismo politico. Em suas obras, são feitas criticas à teoria do direito divino dos reis, ao principio da afirmação com bases na autoridade inata. Para Locke, a soberania não reside no Estado, e sim na população. Embora admitisse a supremacia estatal, Locke dizia que o Estado deve respeitar as leis natural e civil. Ele também defendeu a separação da Igreja e do Estado e a liberdade religiosa, recebendo por essas ideias forte oposição da Igreja Católica.
Montesquieu, com o Espirito das Leis ( Conhecido como Montesquieu, Charles-Louis de Secondat estabeleceu uma condição para o bom funcionamento do Estado de Direito: a separação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e a independencia entre eles. A ideia de equivalência indica que essas três funções deveriam ser dotadas de igual poder. Na teoria de Montesquieu, a separação de Poderes busca assegurar a existência de um poder que seja capaz de contrariar outro poder. Em outras palavras, trata-se de encontrar uma instancia independente apta a moderar o poder do rei (do Executivo). Isso é um problema politico – de correlação de forças -, e não um problema júrido-administrativo – de organização de funções.
Os teóricos do contratualismo influenciaram as várias revoluções burguesas que transformaram o cenário político no final do século XVIII - como a Guerra de Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789). Esses eventos históricos criaram as bases das modernas repúblicas e do Estado de Direito, cujo documento que representa a ideia do contrato social é a Constituição.
O Iluminismo: a Base Filosófica da Criação do Estado Burguês
Com o surgimento do Iluminismo, no século XVIII, a sociedade passou a ser cada vez mais abordada como uma problemática maior para os adeptos da “filosofia das luzes”. A partir desse momento, estabeleceu-se uma importante discussão sobre a compreensão da vida em sociedade: a passagem do “estado de natureza” para o “contrato social”. De acordo com Marilena Chauí, o conceito de estado de natureza tem a função de explicar a situação pré-social na qual os indivíduos existem isoladamente. Agora, vamos conhecer a concepção dos autores sobre o estado de natureza.
Thomas Hobbes ( As principais concepções do estado de natureza foram a de Thomas Hobbes e a de Jean-Jacques Rousseau. Na concepção de Hobbes (século XVII), os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra todos – “o homem lobo do homem”. Nesse estado, reina o medo e, principalmente, o grande medo: o da morte violenta. Para se protegerem uns dos outros, os humanos inventaram as armas e cercaram as terras que ocupavam. Essas duas atitudes são inúteis, pois sempre haverá alguém mais forte que vencerá o mais fraco e ocupará as terras cercadas. A vida não tem garantias. A posse não tem reconhecimento e, portanto, não existe. A única lei é a força do mais forte, que pode tudo enquanto tiver força para conquistar e conservar.
Jean-Jacques Rousseau ( Já na concepção de Rousseau (século XVIII), os indivíduos vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo com o que a natureza lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo gesto, pelo grito e pelo canto, numa língua generosa e benevolente. Esse estado de felicidade original, no qual os humanos existem sob a forma do bom selvagem inocente, termina quando alguém cerca um terreno e diz: “É meu”. A divisão entre o “meu” e o “teu”, isto é, a propriedade privada, dá origem ao estado de sociedade, que corresponde, agora, ao estado de natureza hobbesiano da guerra de todos contra todos. O estado de natureza de Hobbes e o estado de sociedade de Rousseau evidenciam uma percepção do social como luta entre fracos e fortes, vigorando a lei da selva (Para cessar esse estado de vida ameaçador e ameaçado, os humanos decidiram passar à sociedade civil, isto é, ao estado civil, criando o poder político e as leis. Essa passagem ocorreu por meio de um contrato social, pelo qual os indivíduos renunciaram à liberdade natural e à posse natural de bens, riquezas e armas, e concordaram em transferir a um terceiro – o soberano – o poder para criar e aplicar as leis, tornando-se autoridade política. O contrato social fundou, portanto, a soberania.) ou o poder da força.
John Locke ( Outro autor importante para a formação da ideologia burguesa foi John Locke, pioneiro do pensamento político liberal. Para esse autor, o Estado existe a partir do contrato social e tem as funções que Hobbes lhe atribui, mas sua principal finalidade é garantir o direito natural da propriedade. Dessa forma, a burguesia se vê inteiramente legitimada perante a realeza e a nobreza e, mais do que isso, surge como superior a elas, uma vez que o burguês acredita que é proprietário graças a seu próprio trabalho, enquanto reis e nobres são parasitas da sociedade. O problema, então, é garantir o direito à propriedade e impedir que algum tirano com poderes absolutos negue esse direito. A solução para esse problema seria apresentada por Charles-Louis de Secondat (Mais conhecido como Montesquieu, em O espírito das leis (1748), mostra, claramente, a imbricação de funções e a interdependência entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.).
Montesquieu ( A estabilidade do regime ideal implica que acorrelação entre as forças reais da sociedade possa se expressar, também, nas instituições políticas. Em outras palavras, o funcionamento das instituições deveria permitir que o poder das forças sociais contrariasse e, portanto, moderasse o poder das demais. Entendida dessa forma, a teoria dos poderes de Montesquieu se torna vertiginosamente contemporânea. Ela se inscreve na linha direta das teorias democráticas – aquelas que apontam a necessidade de arranjos institucionais para impedir que alguma força política possa, a priori, prevalecer sobre as demais, reservando-se a capacidade de alterar as regras depois de completado o jogo político. Nesse contexto, a Europa presenciou muitas e importantes mudanças no cenário político, econômico e social (Como as Revoluções Francesa e Industrial, que formaram a base do Estado moderno. Por isso, o que se chama, normalmente, de Revolução Burguesa é o processo pelo qual o sistema capitalista passou a dominar a vida humana, que se estendeu pelo mundo inteiro. Embora países como Holanda e Portugal tenham vivenciado o capitalismo mercantil antes, Inglaterra e, depois, França mergulharam nessa sucessão de transformações que marcaram a mudança radical da sociedade.).
Formas de Dominação Legítima em Max Weber
A dominação deve ser entendida, segundo Weber, como uma probabilidade de mando e de legitimidade deste. A crença é condição fundamental para que a relação entre aquele que manda (domina) e aquele que obedece (dominado) se realize. Portanto, não é toda e qualquer relação de poder que é legitimada, é preciso que aquele que obedece acredite voluntariamente naquele que tem poder de mando. O poder é sempre uma probabilidade, pois depende de outro para ser exercido. Weber fornece o exemplo da relação de poder entre senhor e escravo que é carente de uma relação voluntária, não havendo, portanto, legitimidade e sim obrigação; a consequência é que na primeira oportunidade os indivíduos fogem desta relação, abandonam seus senhores. Para Max Weber, a legitimidade é a crença social em determinado regime, que visa obter a obediência mais pela adesão do que pela coação, o que acontece sempre que os respectivos participantes representam o regime como válido. Nesse caso, a legitimidade se torna a fonte do respeito e da obediência consentida. Sua teoria trata dos tipos ideais de dominação legítimos. Weber define os três tipos puros de dominação como:
Racional-Legal ou Burocrática ( A dominação racional-legal é exercida dentro de um quadro administrativo composto de regras e leis escritas que devem ser seguidas por todos, não havendo privilégios pessoais. Ela é apoiada na crença de uma "legitimidade de ordens estatuídas e nos direitos de mando dos chamados a exercer autoridade legal". Esta é baseada em relações impessoais e os funcionários são incorporados ao quadro administrativo, através de um contrato, não por suas características pessoais, mas por sua competência técnica. Eles são livres, sendo que suas obrigações se limitam aos deveres e objetivos de seus cargos que estão dispostos dentro de uma hierarquia administrativa e suas competências são rigorosamente fixadas. Realizam seu trabalho e em troca recebem um salário fixo e regular que varia conforme a responsabilidade do cargo, que é exercido em forma exclusiva ou como principal ocupação. Há possibilidade de fazer carreira, podendo subir na hierarquia da profissão, através do tempo de serviço ou por competência, ou ambos. Importante ressaltar que os funcionários trabalham em seus cargos sem a apropriação dos mesmos. A dominação burocrática é puramente técnica, com o objetivo de atingir o mais alto grau de eficiência e nesse sentido é, formalmente, o mais racional conhecido meio de exercer a dominação sobre os seres humanos.
Dominação Tradicional ( A dominação tradicional repousa na crença das tradições, costumes que existem desde outros tempos. É a legitimidade na crença dos indivíduos nas ordens e poderes senhorias tradicionais. A autoridade é exercida e legitimada pela tradição e por normas escritas. O quadro administrativo, neste caso, pode ser recrutado não pela competência técnica, mas por vínculos pessoais e laços de fidelidade. As tarefas não estão claramente definidas, como na dominação racional, e os privilégios e deveres encontram-se sujeitos a modificações de acordo com a vontade de governante. Há outros tipos de dominação tradicional que são: o patriarcalismo, onde o poder é exercido segundo regras fixas de sucessão; e o patrimonialismo ou gerontocracia, que é a autoridade exercida pelos mais velhos, em idade, sendo os melhores conhecedores da tradição sagrada. Em um corpo administrativo encontramos o patrimonialismo quando os funcionários ligam-se ao chefe por laços de fidelidade pessoais.
Carismática ( A dominação carismática pode ser caracterizada pelo seu caráter de tipo extraordinário e irracional. Weber define carisma como uma qualidade pessoal considerada extraordinária atribuída a um indivíduo que possui poderes ou qualidades sobrenaturais. Esses indivíduos são enviados por Deus para o cumprimento de uma "missão". Portanto, este indivíduo é reconhecido como um líder por seus seguidores e, assim, a autoridade carismática é legitimada. Os carismáticos, geralmente, são profetas religiosos, políticos, demagogos, e apresentam, na maioria das vezes, provas de seu poder, fazendo milagres ou revelações divinas. Entretanto, Weber aponta para possibilidade de uma existência permanente de um líder carismático. Tal fenômeno foi chamado de rotinização do carisma. Para que isso ocorra são necessárias mudanças profundas, pois implicam a transformação da autoridade carismática em tradicional ou legal. Sendo assim, as atividades do corpo administrativo passam a ser exercidas de forma regular, seja através da constituição de normas tradicionais, seja por promulgação de regras legais. Haverá um problema a ser resolvido, que é o da sucessão daquele que não será eleito, geralmente o líder carismático escolhe entre aqueles de sua confiança ou então por hereditariedade.
A construção dos tipos ideais de autoridade é primordial para a compreensão do desenvolvimento das instituições, nas quais a burocracia é a mais importante, por ser a mais característica da sociedade moderna ocidental que tem em sua essência o pensamento racional. Esses três tipos de dominação não são encontrados isoladamente, na realidade, eles coexistem. A sociedade brasileira é um bom exemplo dessa coexistência, pois as relações de trabalho nas organizações (lugar, em princípio, exemplar da relação impessoal) são, ao contrário, pessoais e permeadas de privilégios. A seleção nem sempre atende aos critérios meritocráticos, competência comprovada para o cargo. Em muitos casos as relações pessoais valem muito mais do que um diploma.
A relação Estado-Sociedade na Concepção Marxista
Segundo Marx e Engels, em A ideologia Alemã - Feuerbach (São Paulo: Hucitec, 1987), o Estado é a forma na qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual se resume toda a sociedade civil de uma época. Segue-se que todas as instituições comuns são mediadas pelo Estado e adquirem através dele uma forma política. Daí a ilusão de que a lei se baseia na vontade e, mais ainda, na vontade destacada de sua base real - na vontade livre da mesma forma, o direito é reduzido novamente à lei. Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo (O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho. Esse fato diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas.) é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais baseadas na concepção materialista e dialética da História. O marxismo interpreta a vida social conforme a dinâmica da base produtiva das sociedades e das lutas de classes daí consequentes.A emancipação social ocorreria mediante a revolução comandada pelo proletariado. Marx e Engels não eram favoráveis à revolução exclusivamente por razões "altruístas", a lógica da Revolução estaria embutida na própria lógica das contradições do sistema capitalista (Tais contradições engendrariam a crise que culminaria na revolução: "A revolução, portanto, vai além das manifestações de vontade dos revolucionários. Ela está inscrita na própria história real, e por isso, está também na lógica (dialética) que a desvenda". E isso se deve ao fato de que a ascensão burguesa acaba por produzir seus próprios "coveiros" – o proletariado – segundo as palavras de Marx e Engels no Manifesto Comunista.). O marxismo influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos. Ultrapassou as ideias dos seus precursores, tornando-se uma corrente político-teórica que abrange uma ampla gama de pensadores e militantes, nem sempre coincidentes, e assumindo posições teóricas e políticas por vezes antagônicas. Marx afirma que o aparelho jurídico do Estado, nesse tipo de sociedade, tem como objetivos:
Organizar e justificar a dominação da burguesia sobre o proletariado;
Favorecer os negócios da classe dominante.
Dessa forma, para Marx, não existe Estado representativo do conjunto da sociedade. Seu papel é o representante dos interesses da burguesia.
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