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A Crise de Sistema Políade e a Ascenção dos Macedônios

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Aula 5 – A Crise de Sistema Políade e a Ascenção dos Macedônios
Esparta
Esparta era uma pólis situada na região conhecida como Lacedemônia. Baseava seu modelo político em uma oligarquia governada por dois reis. Após o século VI a.C, houve uma diminuição de sua produção cultural e fortalecimento de um modelo militarista. Os espartanos chamavam seus cidadãos de esparciatas. Sua educação iniciava-se por volta dos 7 anos, quando eram obrigados a viver com os demais cidadãos da pólis em um regime de caserna. Eram fisicamente habilitados à luta, aprendendo a sobreviver ao frio e à fome. As meninas também eram obrigadas à prática da atividade física para se tornarem boas “parideiras”. Ao nascerem, as crianças eram conduzidas aos éforos, que avaliavam suas características físicas. Caso possuíssem algum tipo de deformidade, eram jogadas do Monte Taigeto por não servirem aos interesses da comunidade. Para manter esse modelo, os espartanos submeteram populações vizinhas da Lacônia e constuitíram duas formas de submissão: os periecos e os hilotas.
Periecos ( Poderiam se dedicar as atividades comerciais e ao artesanato. Não possuíam direitos políticos e gozavam de autonomia limitada. Contribuíam com impostos e eram obrigados a servir o exército espartano em unidades diferenciadas.
Hilotas ( Eram subordinados e exerciam atividades bastante pesados e pagavam tributos. Eram mantidos em suas terras o que os faziam ainda mais revoltados. Os espartanos viviam temerosos de uma rebelião desse grupo.
Atenas
Atenas, como vimos na última aula, vem de um grande desenvolvimento cultural. A cidade (pólis) é construída em torno da valorização da escrita. Seus referenciais de poder passam necessariamente pelo desenvolvimento da filosofia e do pensamento escrito. Esse elemento é central dentro de Atenas. Após as vitórias diante dos persas, Atenas passa a ser o centro do poder grego, a liderança da liga de Delos. Cobra impostos, o que garante sua posição de representante máxima dos exércitos.
Esparta, tradicional potência militar da região do Peloponeso, inicia uma sistemática resistência ao crescimento ateniense. O ponto crítico se dá quando os Coríntios se recusam a permanecer na liga de Delos e os espartanos afirmam que, se houvesse qualquer ataque a esses, a guerra começaria. E assim se fez. Certeza? A guerra do Peloponeso é diferente de outras guerras da antiguidade, como afirma Finley. Ela se torna famosa não pelos seus efeitos de maneira direta, mas sim pelo fato de ser narrada por Tucídides.
Tucídides e os seus contemporâneos entendem que a história só pode ser escrita por aqueles que viveram a história, não existe história pela observação do passado e o autor cumpre isso na prática. Seu trabalho, ao narrar os eventos da guerra do Peloponeso, era manter informados seus contemporâneos e deixar para a posteridade a verdade dos fatos. Claro que devemos relativizar, Tucídides era um ateniense relatando os eventos da guerra do Peloponeso, financiado por um dos principais líderes atenienses, Péricles. Finley, em O Uso e o Abuso da História, mais especificamente no artigo os gregos antigos e sua nação, sinaliza para desconstruir a ideia de que a Guerra do Peloponeso foi uma guerra civil ou coisa que o valha. É essencial captar o tom contextual exato. Todo grego antigo, vivendo numa sociedade complexa, pertencia a uma multiplicidade de grupos. Sabemos que as poleis guardavam grande proximidade cultural, mas isso não fazia dela uma nação no sentido moderno.
Após a perda da última frota no final do extenuante conflito com Esparta, os atenienses concederam - num gesto sem precedentes - a cidadania ática a Samos, o aliado mais fiel, isto é, fizeram uma tardia e desesperada tentativa para se duplicar como comunidade. A efêmera medida foi revertida pela rendição de Atenas em abril de 404 e pela expulsão, uns meses depois, dos democratas de Samos por parte do golpista ateniense, Lisandro. Pouco tempo depois, foi de novo posta em prática pela democracia restaurada no arcontado de Euclides. Era uma maneira de honrar os democratas exilados de Samos. Setenta anos mais tarde, quando Filipe da Macedônia derrotou, em Queroneia, a coligação chefiada por Atenas e pareceu por momentos que o vencedor, famoso por ser capaz de arrasar totalmente as cidades vencidas, se dirigia para uma Atenas praticamente indefesa, um político chamado Hipérides, democrático tão irregular na militância como original na sua vida privada, propôs a libertação de cento e cinquenta mil escravos agrícola e mineiros. Todavia, acabou por se julgado pela sua ilegal iniciativa, acusado de ser agitador.
Cânfora sinaliza que, no final do século V, mais precisamente no último trintênio, iniciara-se no mundo grego uma fase de conflitos extremamente sangrenta: uma guerra que envolvera quase todas as cidades deixando pouco espaço aos neutrais - uma guerra entre todos as cidades estado da Grécia antiga, isto transforma os espaços da Grécia antiga, trabalha com a própria concepção do poder no mundo ateniense.
Péricles, naturalmente, conhecia bem as etapas e os truques de uma carreira. Quando Ésquilo pôs em cena Os Persas, a tragédia que exaltava Temístocles, foi ele quem se responsabilizou pelas despesas de instrução do coro. A imagem corrente é que Péricles corrompeu as massas introduzindo pagamentos estatais para a participação nos espetáculos e para a participação nos júris do tribunal, além de outras remunerações públicas e festas. A adoção sistemática destas formas de salário estatal moldou a democracia ateniense no período de seu maior florescimento, consolidando a imagem de liderança aristocrática. Quando o Péricles de Tucídides descreve o sistema político ateniense, opõe democracia à liberdade: a falta de outro termo - diz ele - costumamos atribuir a este regime a designação de democracia porque envolve a maioria na pleiteia: trata-se, porém, de um sistema político livre.
Em certo sentido, o orador estabelece uma antítese entre democracia e liberdade. Então a própria guerra transforma e enfraquece a organização do mundo grego. As oligarquias estão ampliadas, a relação com os estrangeiros será revista, uma vez que Macedônios, por exemplo, já estão incorporados à Hélade. Mossé, em seu livro O Processo de Sócrates é bem dramático sobre esse momento: “Se Atenas, com efeito, durante a maior parte do século V foi a cidade-Estado mais poderosa do mundo Grego, se no momento em que Péricles pronunciava o elogio da democracia, a guerra, que durava há um ano, ainda não tinha calado suas forças atuantes, não ia mais fazê-lo no início do século IV. Um quarto de século de conflitos, que para simplificar, chamamos de Guerra do Peloponeso, tinha feito dela uma cidade vencida, uma cidade assassinada, uma cidade dilacerada.”.
Xenofontes, continuador do relato de Tucídides, comemora a vitória de Esparta como uma vitória da liberdade.Não devemos entender que o domínio oligárquico espartano tenha sido melhor que o ateniense. No entanto, significou o distanciamento de Atenas do centro de poder. Claude Mossé demonstra a substituição dos modelos políticos da Hélade por centros oligárquicos e pela ascensão dos macedônios no mundo grego.
Macedônia
Os macedônios não eram estranhos no mundo ateniense. Eles participavam no século V das Olimpíadas e participaram em alguns momentos de batalhas do mundo grego. Acontece que a Macedônia era uma região maior que as principais cidades Estado, tinha uma economia e um sistema de guerra. No entanto, o mundo grego era referência cultural mais importante, tinha sistemas complexos e construções que geravam admiração dos grupos tratados como bárbaros, como os macedônios. Alexandre da Macedônia ganha notoriedade durante o período tebano, ou seja, após a derrota de Esparta em novo embate entre as poleis gregas.
As tradicionais cidades-Estado estavam enfraquecidas, empobrecidas e precisavam do apoio militar de Felipe. Ele envia então, nobres para serem educados nos valores do mundo grego. Um deles é seu filho, Alexandre. FelipeII da Macedônia apaixonou-se pela bela sacerdotisa tebana, a princesa Olímpia, no século IV. Boa parte da história sobre Alexandre é escrita por Plutarco, grego do século II. A distância temporal em sua narrativa faz com que tenhamos cuidado em apreciar seus relatos.
Alexandre, o Grande, é a figura do marco decisivo entre o período chamado helenístico (até o século II d.C.) e o que o precedeu. O relacionamento entre macedônios e gregos é historicamente complexo. Embora as cidades-Estados gregas fossem primeiramente democracias ou oligarquias, Macedônia era um reino composto por cantões separados governados por líderes locais poderosos. Ao iniciar seu relacionamento com os Macedônios, os gregos começaram a repensar seus padrões culturais. Os gregos esperaram determinados comportamentos para demonstrar que você era grego: participação nos jogos e consulta aos oráculos, por exemplo. Os macedônios participavam nesses eventos, mas eram geralmente os reis macedônios que afirmaram ser gregos.
Filipe II foi visto como o homem que transformou a Macedônia e fez dos macedônios, gregos. Filipe certamente nunca esperou assentar ao trono de rei. Seu pai, Amyntas III (393-370 BC), tinha dois filhos mais velhos que precederam Filipe II no trono. Alexander II (370-368 BC), que foi assassinado por seu cunhado e Perdiccas III, que governou entre 360-359. O reinado de Alexandre foi marcado por guerras nas fronteiras, em especial contra as tribos do norte que pacificou usando técnicas bastante gregas: diplomacia, corrupção e aliança militar.
Após ter fixado as fronteiras do norte de seu reino, as ambições de Felipe se moveram para o sul e o leste. Uma vez que tinha capturado as minas de ouro de Mt. Pangaion, a etapa seguinte era tratar das cidades do Chalcidice: Torone, Olynthus e Amphipolis. Esse movimento acabou por envolvê-lo em um conflito com Atenas que considerava Amphipolis como sua própria colônia. Filipe II expandiu seu território ora apoiando, ora atacando as poleis gregas, valendo-se de suas próprias disputas, até os limites de Termópolis. Filipe torna-se um dos poderes mais importantes do mundo grego, a ponto de no século IV, Demóstenes, um orador ateniense, defender claramente na Ágora a aliança com Felipe. Em 338, o último exército livre dos gregos foi destruído pelos macedônios, com o Felipe comandando diretamente o exército com seu filho de 16, Alexandre, na frente de batalha.
Em Coríntios, Felipe estabelece a liga helênica, mas não reivindica um poder rela frente aos gregos. Dois anos mais tarde, em 336, Felipe foi assassinado e sucedido por seu filho, Alexandre. A vitória macedônica iniciaria uma era nova, em que os exércitos de Alexandre levariam elementos da cultura grega de Atenas a Afeganistão, mas não até a guerra da independência de encontro aos turcos, 2.100 anos mais tarde, os gregos estariam livres. A construção mítica trabalha a ideia de que na noite de núpcias, antes de Felipe possuir Olímpia fisicamente, Zeus desce como um raio e a engravida.  Felipe, desconfiado, prende Olímpia em uma torre na floresta até que seu filho a reconduz ao trono ao seu lado. Caros, não podemos pensar no mito de maneira dura, mas entender sua representatividade.
Primeiro, a união de Felipe com o mundo grego, foi feita através de uma aliança humana.
O “bárbaro” e da bela sacerdotisa, a representante divina.
Alexandre, como o sucessor do trono macedônio, teria sido concebido por Zeus, ou seja, era, antes de tudo, filho do mundo grego e da sua tradição.
Nesse sentido, é que entendemos a legitimidade alcançada por Alexandre. Sem dúvida um domínio aristocrático nas póleis, que não representavam uma monarquia, como a compreendemos, mas um reconhecimento aristocrático do poder macedônico em torno de Alexandre. Vejamos:
Primeiro combateu vitoriosamente os Trácios que se opunham ao poder de Alexandre. Em uma assembleia em 335 a.C. em Coríntios é escolhido como o líder militar dos gregos para uma nova campanha conta os persas.
Reprimiu ainda revoltas como Ilírios a norte e em Tebas contra seu domínio.
As vitórias sobre os persas foram emblemáticas, nas imediações de onde provavelmente era Troia cumpriu-se oferendas aos guerreiros que por ali passaram, Dário III depois de uma série de derrotas militares foi vencido.
Alexandre, e o modelo de governo macedônico, bebeu de maneira singular na organização persa. Suas vitórias sobre a Babilônia e Egito fazem com que o próprio Alexandre assuma o título de rei da Pérsia. O conceito de rei dos reis é reformulado. Para marcar seu poder, Alexandre manda construir grandes cidades no Oriente, sempre com a visão de dialogar com as duas culturas.
O helenismo sem dúvida nenhuma é a relação entre estes dois mundos. Existe muito de personificação neste momento, mas, por favor, evitemos. Não é Alexandre capaz de tudo como Plutarco defendeu, nem tão pouco, outros heróis que a história inventa, tenhamos sempre cuidado. Vale a pena sinalizar que não devemos acreditar no discurso fílmico como verdade, é licença poética e para o historiador ajuda a visualizar, pensar.  O discurso do filme, por exemplo, é claramente afirmar que a opção sexual não invalida ninguém de ser um herói...  O que no mundo grego é uma prática bem diferente, uma leitura não sexualizada como pensada na prática contemporânea.
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