Buscar

Transformação da Roma Antiga em República

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 7 - Roma República
Transformação da Roma Antiga
Esta aula passa pelas relações entre a transformação da Roma Antiga em uma república expansionista dos séculos IV - I a.C. Previamente precisamos ter um cuidado muito bem salientado pelo especialista Moses Finley em seu livro "O Estudioso da História Antiga e suas fontes" (Martins Fontes, 1994).  O autor busca demonstrar que Roma não nasce como Roma, e que a noção de romanidade, de uma sociedade evoluída e que se vale da escrita, é pura falácia. Vejamos: “É verdade que o que chamamos de “tradição literária” é um rotulo inadequado para um conglomerado muito complexo de dados, que inclui informações linguísticas e sobre as praticas religiosas as leis e as instituições políticas, bem como a narrativa de guerras, conspirações e diplomacia. Entretanto, a narrativa é a rainha da tradição; sem ela muitos dos outros dados seriam ininteligíveis. Por exemplo, como devemos aplicar à história dos inicios de Roma o fato de ter havido uma estreita afinidade entre o latim e várias outras línguas itálicas faladas no Lácio ou em torno dele? O que isso nos diz sobre os romanos e os volscos, ou sobre os romanos e os sabinos, sem os indícios supostamente enraizados de uma tradição literária? Não existe nenhuma garantia de que a tradição não tenha surgido precisamente com o objetivo de explicar um dado linguístico, religioso ou político.”.
A História de Roma
Boa parte do que sabemos da história de Roma do período da monarquia e dos princípios da república foi escrito séculos depois e a valorização da escrita é muito mais presente a partir do século I a.C. do que nos momentos anteriores. Os relatos que temos são provenientes de material arqueológico e vem da noção de história presente no mundo romano, muitas vezes contada de maneira secundária. Todo cuidado deve ser tomado com esses escritos. Segundo Finley, na já citada obra, os romanos construíram uma história narrativa e ligada diretamente aos grandes eventos, desde Rômulo e Remo até os feitos de seus generais e seus Imperadores. Temos a menção pela primeira vez a Roma em um texto escrito na obra de Dionísio de Halicarnasso em 496 a.C., os dados arqueológicos falam em uma ocupação da região do Lácio desde um século antes.
Veja o que diz Pedro Paulo Funari: Em uma mistura destes relatos, autores buscam uma reprodução factual deste momento, como Pedro Paulo Funari, em sua obra Paradidática Grécia e Roma. A República Romana nasce em 509 a.C., os nobres romanos, chamados de patrícios, teriam se revoltado contra seus dominadores etruscos, monarcas que representavam as últimas dinastias romanas, deposto o rei etrusco foi instaurado o sistema republicano.  Segundo os romanos, Brutus foi o líder da revolta contra os Tarquínios, e tornou-se o primeiro magistrado da Nova República.
Outro factualista famoso é Mário Curtis Giordani, com um olhar histórico longe da reflexão como objeto histórico. Giordani constrói grandes manuais, detalhados, e que de alguma forma acabam facilitando o conhecimento do contexto. Giordani, ao analisar a estrutura social romana em sua história de Roma, sinaliza que boa parte da organização republicana já estava presente em uma série de reformas organizadas pela dinastia dos Tarquínios, como por exemplo, a organização social entre Patrícios, militares e plebeus, todos passando em especial pela discussão da cidadania romana. "O cidadão romano abrangia aqueles que de alguma forma tinham o direito às suas benesses, mas mesmo essa cidadania não era única, havia uma divisão entre os cidadãos completos, ou de primeira classe, e os cidadãos incompletos.”. Ainda de acordo com Giordani... “Os cidadãos completos são os únicos que possuem todos os direitos civis e todos os direitos políticos.  Os direitos civis eram o de contrair matrimônio legítimo, os filhos nascidos dessa união desfrutavam da cidadania; o direito de resolver, independente, negócios de caráter particular; adquirir e transmitir propriedade, emprestar ou tomar, herdar, testar; capacidade de ingressar na justiça para tratar de todos esses assuntos.  Os direitos políticos eram o direito de voto em assembleias e comícios para eleger candidatos, ser elegível a magistraturas e de participar do sacerdócio.”. 
O direito ao sacerdócio é um elemento importante e central para entendermos esta formação. No mundo romano até 450 a.C., a justiça era organizada em torno da figura do Pontífice. Definição de Pontífice: aquele que faz a ligação, a ponte entre os dois mundos, humano e não humano. Era este sacerdote que recebia as demandas dos cidadãos e era o responsável por julgá-las. Devemos destacar que as leis estavam estabelecidas pela tradição oral, não escrita, em que os fundamentos desta tradição definiam os caminhos a serem tomados, e tendo uma tendenciosa decisão que associada a fatores como a falta do direito a cidadania plena constituíam um quadro insustentável. A Roma Republicana não era mais uma pequena cidade a organização de seus exércitos, o funcionamento de suas vias administrativas dependia diretamente daqueles cidadãos considerados de segunda classe.  Funari constrói um modelo simples, mas bem direto: “Os romanos estavam socialmente divididos em patrícios, os nobres, chefes das famílias poderosas, proprietários de terra; clientes, que eram servidores ou protegidos dos nobres; e plebe, congregando todos os outros cidadãos. Nos primeiros tempos da República romana, os patrícios detinham todos os direitos políticos e só eles podiam ter cargos políticos, como os de cônsul e senador.".
A Disputa entre Patrícios e Plebeus
Até o século V, os plebeus foram mantidos sob relativo controle, apesar de serem considerados, como vimos, cidadãos de segunda classe. Após sua retirada para o Monte Aventino e a criação do cargo de tribuno da plebe, houve um período de “calmaria” interrompido por novas contingências:
A crescente concentração fundiária;
A não distribuição do ager publicus (terra pública) conquistada com o apoio militar dos camponeses plebeus;
O enriquecimento de parte dos plebeus através do comércio.
Isso fez com que essa camada voltasse a pleitear melhorias em suas condições. Dentre as melhorias conquistadas pelos plebeus citamos:
Senado ( Órgão que conservou o número de trezentos elementos por quase meio milênio. Conseguiram maior influência após o fim da monarquia. Não tinha poderes executivos, mas servia de consultor aos magistrados eleitos em questões de política interna e externa, finanças e religião, e aconselhava-os em propostas legislativas, embora tendessem a dar liberdade a esses funcionários, já que pertenciam à mesma camada dos senadores. Os cônsules, por sua vez, ouviam o Senado dada a vulnerabilidade de cargo, posto serem substituídos anualmente.
Lei das XII Tábuas ( Documento redigido, segundo a tradição, no ano de 451 a.C. Primeira codificação escrita do Direito com uma determinação ainda bastante dura para as camadas menos abastadas da população.
Lei Canuleia ( Documento datado de 445 a.C., permitia casamentos mistos entre patrícios e plebeus e direitos civis comuns a ambas as camadas.
Cônsules ( Magistrados, em número de dois, eleitos anualmente e responsáveis pelo comando do exército, a interpretação e a execução das leis. Estavam sujeitos ao veto mútuo.
Lei Lesetia ( Documento datado de 366 a.C, permitia que os plebeus se tornassem cônsules e censores.
Lei Licínia ( Documento datado de 325 a.C, acabava com a possibilidade de escravidão por dívidas.
Tribunato da Plebe ( Os plebeus passaram a ter um representante no Senado. Inicialmente era um patrício, mais tarde, um plebeu de nascimento. Poderiam vetar a aprovação de uma lei que fosse prejudicial aos interesses dos plebeus.
É importante salientar uma importante permanência do período anterior, as relações de patronagem. Seu destaque se deve ao fato de servir de sustentáculo político para os indivíduos mais abastados da sociedade e ser uma estrutura de longa duração chegando até o Império. A partir do conceito de patronagem, inicia-sea problemática envolvendo a situação dos plebeus e sua exclusão político-social. Indicar suas primeiras conquistas utilizando alguns fragmentos da Lei das XII Tábuas para chegar às leis que criavam o tribunato da plebe e permitiam aos plebeus se tornarem cônsules. No âmbito econômico, a montagem do aparato republicano permitiu a Roma ampliar sua política expansionista para além das fronteiras da Península chegando, com as Guerras Púnicas, a estabelecer a hegemonia no Mar Mediterrâneo.
Por volta de 450 a.C, os plebeus conseguiram que as leis não fossem mais julgadas pelos pontífices, mas por grupos políticos e principalmente que estas leis fossem escritas. Mas como os Plebeus conseguiram a organização das "Doze Tábuas", esse limitador ao poderio romano? Precisamos pensar nas vitórias romanas sobre Cartago, o grande marco de transformação da política e da economia do mediterrâneo.
O exército romano foi organizado a partir destas guerras de expansão romana, primeiro na própria península itálica, depois as vitórias sobre Cartagineses. Exemplificamos só a primeira batalha, as disputas com Cartago são longas e emblemáticas. Para dar mais vontade, uma arma de guerra utilizada pelos cartginenses era especialmente temida pelos romanos: Tanques de guerra. Eram utilizados no exército elefantes, que quando os exércitos estavam alinhados no campo de batalha, eram fustigados, com a máxima velocidade contra o inimigo. Era mortal, abalava o ânimo dos adversários. Na organização do exército romano, seu treinamento e uniformização, no entanto, um antídoto foi tramado.  Quando os elefantes partiam, o comandante dava ordem para se alinharem em colunas, fazendo com que os animais passassem sem serem incomodados e evitando maiores danos ao exército.
O Expansionismo Romano
O expansionismo romano teve início dentro da Península Itálica. Após o término da dominação etrusca, até por uma questão de manutenção de sua autonomia, os romanos se lançaram em uma série de batalhas contra seus vizinhos: latinos, equos, volscos, etruscos. Com o passar dos séculos, a península já não bastava, então, eles começaram a empreender incursões ao longo do Mediterrâneo. Nesse processo, seus interesses comerciais esbarraram nos projetos de Cartago (antiga colônia fenícia, situada no norte da África). O resultado foram as chamadas Guerras Púnicas, três conflitos, ocorridos entre o final do século III a.C e II a.C que culminaram na destruição de Cartago e consolidação de Roma como senhora do Mar Mediterrâneo, que passou a ser denominado Mare Nostrum. O exército vai acompanhar esse processo de transformação. Durante os séculos IV e III AC o exército de Roma se transforma de um exército camponês, convocado somente para as batalhas e um exército profissional, em que um longo período de serviço militar era designado. Com as reformas de Mário no século II ou exército romano passa a ser tornar permanente, divididos em legiões e comandados por líderes militares com vínculos diretos com o Equites.
A Noção de Mare Nostrum
A noção de Mare Nostrum em que considera o mar mediterrâneo como o lago romano, a área de organização sociopolítica do mundo romano era cada vez mais marcada no século II, no entanto os desafios para a organização romana eram ainda enormes. Cícero, por exemplo, revela esta tensão um século depois, na defesa de que Roma continuasse a ser uma aristocracia, sinalizando que os homens precisavam ser guiados e a popularização ou a ascensão de membros que não fossem os Optimates cidadãos plenos ao poder significaria um dos principais princípios romanos: A Civitas.
Roma e Sua Expansão
Civitas é a ideia de uma ordem a ser cumprida, princípios a serem respeitados. Roma em sua expansão usa para muito além de seus exércitos, traz conhecimentos, Deuses e cultos que aumentam o seu panteão religioso. Em cada conquista, Roma faz questão de construir um templo ao Deus local, como uma forma de reconhecimento.  Mas o que leva Roma aos domínios, fora um aumento do comércio, escravos e impostos.  Segundo Cícero, Roma oferece a Civitas, o ser romano. Ainda que sinalize que é absolutamente necessário não se perder o controle desta ordem, pois sem ela não existe Roma. Muitas vezes imaginamos que como Roma estava em uma grande expansão militar, seu domínio era incontestável, seu poder centralizado, pleno. Devemos relativizar, ter um cuidado enorme em imaginar o mundo romano como algo próximo ao Estado que conhecemos hoje.  Roma é um Império, que passa pouco a pouco por um processo de helenização e que cada vez fica mais clara a noção de que o seu reconhecimento é o elemento central. Mais que isso, internamente suas disputas continuam sendo grandes, a insatisfação e os próprios problemas do sistema começam a aparecer.
�PAGE \* MERGEFORMAT�4�

Outros materiais