Buscar

Idade Média: Romanismo, Germanismo e Cristianismo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Aula 2 - Romanismo, Germanismo e Cristianismo
Esse período de desestruturação e organização dos reinos germânicos é o período tratado como primeira Idade Média. O período que entendemos como a solidificação de um novo governo, uma organização europeia mais centralizada, na ascensão da politica de Carlos Magno, é chamado de alta Idade Média.
A primeira Idade Média é o período de transição entre a desestruturação do Império Romano e a organização dos Reinos Germânicos. A Idade Média tardia é o período entre a baixa Idade Média e a modernidade. A Idade Média Plena é chamada de Idade Média Central, que seria o auge do período feudal (o nome plena pode confundir os outros status). A Alta Idade Média é justamente o momento em que se tem a presença mais marcante, do governo carolíngio, da organização de uma Europa, de uma economia.
Carolíngio é o governo organizado especialmente em torno da figura de Carlos Magno. É o nome da dinastia da família, a qual se tem como marco o juramento de fidelidade que é considerado o embrião do período da Idade Média Central. O feudalismo não é só uma relação econômica de terra, mas, principalmente, um compromisso de fidelidade e a organização de fidelidade entre iguais para estabelecimento e a organização das terras. Vassalos e Suseranos são iguais.
A Idade Média Central é o período do surgimento das cidades. A Baixa Idade Média é o período das liberdades das universidades. A organização da economia imperial romana é basicamente mediterrânea. Na Alta Idade Média, há uma migração das principais relações econômicas do Mediterrâneo para o norte da Europa. Não é à toa que se tem crescimento das Ilhas Britânicas, o avanço dos Vikings, porque o território do norte da Europa começa a ser valorizado. Rotas comerciais passam pelo norte da Europa e, nesse sentido, há uma mudança de ciclo econômico.
O historiador deve olhar a Idade Média não como a idade das trevas, não como a idade romântica dos cavalheiros errantes. O historiador deve, entre tantas coisas, principalmente, reconhecer a capacidade de transformação, reorganização e de mutação. Ele deve ter o cuidado de não perder nunca o seu objeto primeiro, que é o homem no tempo. Se é o homem no tempo, não é o homem em mil anos. É saber que esse homem vai ter momentos específicos, que o local vai ter momentos específicos, que as relações têm momentos específicos. Então temos relações de poder diferenciadas, organizações sociais diferentes. Não se pode perder essa noção dos objetos de pesquisa.
Quando levantamos o entendimento da tradição germânica, precisamos lembrar da formação cultural do Império Romano. Lembrar que Cícero era lido, relido e falado no século I a.C. Ele defendia que ser romano era dominar as leis romanas, era viver como súdito da força, do conjunto e da lei romana. Outros autores vão trazer a ideia de que a romanidade deve ser trazida nas transformações. Por exemplo, ir para uma nova cidade e construir tudo no modelo de Roma, assim sente-se em casa.
Tentamos entender de onde vem o apoio ou a relação do Império com a Igreja. O cristianismo, entre o século I e o IV, se difundiu no mundo romano dentro de um emaranhado de processos. Ele se faz presente, dentro de muitas propostas filosóficas de intelectualidades locais, de propostas helenísticas, de propostas com características gregas. Ele vai se organizar no modelo do Império. Será o próprio Império Romano o espelho para se entender a organização da Igreja. Falamos de Império como instituição política, nunca como unidade. De unidade só se tem o discurso, como ideia se tem unidade, como instituição se tem o modelo. Como modelo, a Igreja vai, cada vez mais, funcionar nos moldes do Império. Ela vai crescer, nos séculos IV e V, em especial, em núcleos que, muitas vezes, estavam fora de estrutura central do Império, em núcleos intelectualizados. Ela vai se mostrar organizada, a ponto de que quando Constantino busca uma nova forma de colo, uma nova coalizão, essa busca é a Igreja. Já existiam elementos anteriores que buscavam e pensavam isso. Outras religiões, que pela visão cristã são chamadas de pragas, foram buscadas pelos romanos. É na busca pelo cristianismo, justamente, o momento do cristianismo assumir, de maneira clara, essa romanidade. O cristianismo se torna romano e, nesse sentido, ele consegue ser base do próprio Império. Se o Império vive, sob a força e a organização de suas leis, o espelho vai ser a mesma ordem. O imperador romano convoca um concílio, uma reunião geral de Bispos, para organizar a Igreja e dar forma para se entender determinadas características que se manifestam em torno daqueles 1000 anos. Podemos considerar, inclusive, marcos diferentes para o seu entendimento didático, de inicio e fim. O marco politico trabalhado de inicio e fim é a queda do Império Romano do Oriente. Há uma noção religiosa, a Idade Média começa na ascensão do cristianismo e termina com a reforma protestante.
Há uma noção muitas vezes trabalhada com a estrutura militar, quando o exercito romano sucumbe aos bárbaros e quando o Mediterrâneo é tomado pelos turcos. Um marco parecido com o político, mas com um argumento diferente.
Sobre a Igreja um lembrete vital tem que ser dado: Ninguém nasce da Igreja, o bispo era um nobre dentro daquela sociedade, é um dos maiores naquela sociedade. Então, se a Igreja domina, se tem força, precisa pensar que ela sozinha não existe. Antes de tudo, a Igreja tem um conjunto em torno dela, ela é um corpo imerso dentro da sociedade e vai reproduzir as relações de poder imersas nessa sociedade. O bispo, muitas vezes, vai ser um cavaleiro, um prefeito de uma cidade, vai andar de armadura, porque ele nasceu nobre. Por exemplo, São Francisco de Assis, no século XIII, para se tornar santo despiu-se de todas as roupas da casa do pai. Isto é uma forma de negar a própria herança que lhe permitia uma ascensão de poder social.
Precisamos entender que o medieval tem características próprias e que temos que mergulhar nesses espaços específicos. O Ocidente que vamos estudar é aquele inscrito historicamente, que é sede da antiga divisão do Império Romano, onde os territórios a oeste do Império são tratados como Ocidente e a leste como Oriente. É nessa influencia da ideia de um mundo romano inegavelmente forte que está à própria noção que ainda hoje utilizamos para olhar o período de Oriente e Ocidente.
A região da Bretanha é caracterizada como sendo mais rural, com um olhar mais voltado para a produção. Esse olhar é o que é referido quando se fala em transição do período Antigo para o Medieval. Se destaca o processo de ruralizarão das produções e da organização social, não é uma ruralizarão física. As sociedades antigas, até a revolução industrial, são sociedades principalmente rurais, a maior parte da população está espalhada no campo, não esta concentrada em núcleos urbanos.
A diferença que, normalmente, é conversada do período antigo para o medieval é a perda da importância das cidades. A redução do contingente de cada cidade, sem duvida nenhuma, é bem maior do que o contingente, do que a quantidade de pessoas, em uma mesma área do mesmo tamanho no campo. Temos a cidade antiga, em especial, o período romano tardio, século III ao V, sendo, claramente, uma sociedade em que notamos que as relações de poder, o comércio, as decisões e a politica são decididas nas cidades. Quando começa-se a pensar a organização, começa-se a ter decisões mais dispersas. O período medieval, entre outras características, vai ser marcado dentro dessa leitura de uma redução das cidades.
O comércio romano girava em torno de Mediterrâneo, falamos em produções de latifúndios para abastecer grandes centros, falamos em grandes trocas comerciais em detrimento ao que começamos observando no período medieval, em que se têm cidades menores e a produção sendo especialmente voltada para aquele núcleo menor. Utilizando caminhos por terra, temos claramente o que os autores marxistas chamam de uma mudança de um modo de produção escravistavoltado para a grande propriedade. Para grande comércio, para o modo de produção que vai ser chamado depois de feudal – apesar de não ser mais possível utilizar feudal nesse momento -, o que é claramente, um modo de produção de policulturas com uma circulação comercial, muito mais terrestre de pequeno arco (de pequena distância) do que uma produção de modelo que se tinha, de grandes rotas, de grandes caminhos, de grandes celeiros.
O bárbaro, dentro da leitura romana, não queria dizer destruidor, até porque a estrutura das guerras que também estavam presentes no mundo romano faz referencia a um conjunto cultural, onde se está fora das relações socioculturais presentes no mundo romano. Quando se está fora dessas relações, não se reconhece o padrão chamado pelos romanos de Civitas, que depois dá origem à nossa ideia de civilização, se é um bárbaro. Desta forma, entendemos que a leitura pejorativa já estava presente entre os romanos e a adoção do termo bárbaro, que deve ser vista com cuidado, para não ser confundido com selvagens. Não há um isolamento, esses grupos chamados de bárbaros orbitam e fazem parte da estrutura do mundo romano. Desde o século I já há referencia a essas trocas nas fronteiras romanas. Ao longo período tardio, temos a presença desses grupos dentro do Império, eram aliados e muitas vezes guerreiros de Roma. Eles tinham a função de militares romanos. Chama atenção o pai de Romulo Augusto, Oreste, ele era um comandante romano, era um Magisters e, ao mesmo tempo, era também de origem Franca. Teoricamente, dentro dessa leitura, é considerado bárbaro. O que se chama bárbaro ou não vai depender muito do momento e dos interesses que estão sendo discutidos.
É necessário entender que o quadro de transformação, de transição do mundo romano, já vem em crise muito antes dessa ruptura pontual. A organização social já vem demonstrando elementos de transição saindo do que vai ser entendido como Antiguidade e apresentando características que serão lidas como medievais, ao longo de um período. O modo de produção romano era escravista, baseado em um grande comércio. A organização desse grande comércio já vem em claro declínio, desde o movimento em que se estabelece a figura da paz romana, vindo a reduzir o número de batalhas e o número de escravos.
Temos em vez dessa organização que está presente, desde o século II, as fronteiras romanas, apesar da ideia de fortificação, mais perenes quando Roma precisa organizar grandes batalhas. Não vai um grande e organizado exercito romano, mas, sim, um grupo com quem Roma fez um acordo, pagando ou concedendo permissões. Dessa forma, há o estabelecimento, por exemplo, dos visigodos e dos ostrogodos. Esses dois povos que vêm das regiões mais ocidentais e vão ocupar posições da Nécia, atual região da Sérvia e regiões ao norte do Mar Negro. Essas duas ocupações são importantes dentro do mundo romano e não são ocupações de características militares, são grupos rurais e que não entram no grande comercio e nem na grande produção escravista, vão tender a ter produção de caráter menor. O Império Romano, uma vez cessada a sua expansão, uma vez tendo áreas fora do seu controle e, mais do que isso, uma vez que os governos romanos dependiam diretamente do recurso dessas vitorias que tinham uma “maquina estatal cara”, com uma organização multifacetada, não podiam fazer com pouco dinheiro uma politica de “Panis Cercensis”. Começa-se a ter mais fome e aquela cidade, que já tinha demostrado crises, se torna um local de extrema pobreza, em muitos espaços, com isso, o comercio fica mais frágil, sem incentivo.
Alguns produtores ainda conseguem se manter, mas outros não tem capacidade de se organizar para manter seu latifúndio. Começa-se a ter a ideia de uma cessão de terras, isso não acontece do dia para a noite. O sistema de cessão de terras é o sistema de colonato. O colonato esta claramente presente, na organização social romana, desde o século III (alguns defendem o século II). Ele seria a cessão de parte das terras em troca de trabalho, nas suas próprias terras, em determinados momentos específicos. A vantagem disso em relação ao sistema escravista é que não há necessidade de se manter o colono. Se há um sistema produzindo bem, o escravismo é um ótimo negocio, com muito lucro. Quando ocorre uma redução na produção, o romano diminui o numero de escravos, não por bondade, o que ocorre é uma politica de descentralização, de ruralização, para que se possa ter, muitas vezes, uma reacomodação do sistema, que se mostrava enfraquecido por conta de sua própria estrutura. Sobre a relação do Império com os romanos temos que observar que a relação entre os dois é bastante longa. As terras Góticas.
�PAGE \* MERGEFORMAT�4�

Outros materiais