Buscar

DISFAGIA PÓS ACIDENTE VASCULAR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DISFAGIA PÓS-ACIDENTE VASCULAR 
CEREBRAL ISQUÊMICO UNILATERAL EM ADULTOS 
ESTUDO DE CASO 
 
Candirã Maraia Benvenuti 
Liziane Mattos Pereira 
Marielen Aparecida Revay 
 
Alunas do Curso de Especialização em Motricidade Oral pelo Centro de 
Especialização em Fonoaudiologia Clínica (CEFAC) 
Rua Alfredo Mayer, 242 – Bairro Campo da Água Verde – Cep 89460-000 – 
Canoinhas-SC Fone (047) 3622-3962/ 3622-4655 Fax (047) 3622-8915 
candimaraia@hotmail.com 
liziane@intercorp.com.br 
marielenrevay.f@bol.com.br 
 
Orientação: Dra. Ana Paula Berberian V. da Silva 
 
Instituição de Origem 
Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (CEFAC) 
Rua Cayoaá, 660 cep 05018-000 São Paulo-SP 
Fone/Fax (011) 3675-1677 cefac@cefac.br 
Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica 
 
 2
DISFAGIA PÓS-ACIDENTE VASCULAR 
CERERAL ISQUÊMICO UNILATERAL EM ADULTOS 
ESTUDO DE CASO 
 
 
 
 
 
 
 
Especializandas: Candirã Maraia Benvenuti 
 Liziane Mattos Pereira 
 Marielen Aparecida Revay 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2005 
 
 3
Resumo: 
 
Objetivo: descrever e analisar aspectos clínicos, diagnóstico e evolução de 
um paciente Pós Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Unilateral que recebeu 
tratamento fonoterápico. Método: relato de caso – o paciente tinha 68 anos de 
idade quando sofreu um desmaio e veio a ser atendido pelo pronto atendimento 
do Hospital Marieta Conder Bornhausen em Itajaí – SC, onde recebeu 
atendimento neurológico sendo diagnosticado Acidente Vascular Cerebral 
Isquêmico no lado Direito do Cérebro. Evoluiu no Pós AVCI com disfagia 
importante, sendo encaminhado para avaliação fonoaudiológica. O processo 
terapêutico envolveu estratégias de reabilitação com manobras posturais, 
manobras facilitadoras de compensação e manipulação do alimento real com 
consistências e volumes diferentes, bem como orientações ao paciente e seus 
familiares sobre as dificuldades com a alimentação e os cuidados a serem 
tomados para se ter uma deglutição segura e eficaz. Foram realizados também 
exercícios oromiofuncionais de sensibilidade e exercícios para facilitar a 
aproximação das pregas vocais. Resultados e discussão: pôde-se observar que 
um exame funcional complementar do distúrbio da deglutição, neste caso, a 
nasofibroscopia, é fundamental para se descobrir qual a real dificuldade do 
indivíduo em deglutir e verificar o comprometimento funcional no ato de deglutir. 
Observou-se também que a disfagia nos casos de pacientes com seqüelas de 
AVCI, a dificuldade do ato de engolir ocorre mais em fase oral e/ou faríngea. 
Pôde-se observar a eficácia do trabalho de estimulação sensóriomotora, onde 
primeiramente foi proporcionado ao paciente melhores condições de força, 
 4
mobilidade e sensibilidade, para então apresentar o alimento real. Assim, foram 
realizadas manobras posturais associadas às manobras de compensação, como a 
de cabeça virada para o lado comprometido e a deglutição supra glótica, as quais 
proporcionaram ao paciente condições de deglutir sem engasgos. Outro fator 
positivo que contribuiu para o processo de reabilitação foi a orientação e o 
acompanhamento nutricional, o qual proporcionou ao paciente ganho de peso 
para então poder sustentar o corpo e efetivar a intervenção reabilitadora. 
Conclusões: nas desordens neurológicas do tipo AVCI, os quais possuem como 
conseqüência disfagia, o diagnóstico preciso e diferencial através de exames e 
uma avaliação multidisciplinar completa com Fonoaudiólogo, Neurologista, 
Otorrinolaringologista e Nutricionista se destacam como prioridade para não haver 
implicações e nem riscos de levar o paciente a óbito. O trabalho fonoaudiológico, 
apesar de pouco conhecido nesta área de atuação, representa um importante 
papel frente às dificuldades de deglutição, uma vez que é esse profissional quem 
dará suporte técnico a todo o processo terapêutico, habilitando e reabilitando o 
indivíduo e oferecendo-lhe uma melhor qualidade de vida. A intervenção 
multidisciplinar permeando todo o processo terapêutico com trocas de informações 
entre os profissionais envolvidos otimizará a evolução e resolução dos casos de 
pacientes com disfagia pós AVCI. 
 
 
DESCRITORES: Acidente Vascular Cerebral, Deglutição, Disfagia e 
Fonoterapia. 
 
 5
Introdução: 
 
A alimentação é algo vital a qualquer pessoa para o seu bem estar físico e 
emocional. Qualquer alteração deste processo pode desencadear no indivíduo 
sérios problemas. A disfagia é uma dessas alterações. Ela é caracterizada como 
uma dificuldade na deglutição que pode impossibilitar o indivíduo a alimentar-se. 
A fonoaudiologia tem seu papel importante no tratamento das disfagias, 
possibilitando o indivíduo condições de alimentar-se de forma satisfatória, 
deglutindo sem engasgos e aspirações. Dessa forma, esta pesquisa vem 
descrever e analisar aspectos clínicos, diagnóstico e evolução de um paciente Pós 
Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Unilateral que recebeu tratamento 
fonoterápico. 
Para iniciarmos a análise sobre a disfagia neurogênica Pós-Acidente 
Vascular Cerebral Isquêmico Unilateral, faz-se necessário falarmos um pouco 
sobre a mesma e como acontece. 
A expressão AVC (Acidente Vascular Cerebral) refere-se a um complexo de 
sintomas de deficiência neurológica, durando pelo menos vinte e quatro horas e 
resultantes de lesões cerebrais provocadas por alterações da irrigação 
sanguínea1. 
O Acidente Vascular Cerebral é também conhecido como Derrame ou 
simplesmente AVC. É uma importante causa de morte na velhice e também uma 
importante fonte de seqüelas. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é muito 
freqüente em pessoas com mais de 65 anos de idade. Em 80% dos casos são 
 6
isquêmicos, isto é, são devidos a súbita falta de sangue em determinada região do 
cérebro, sem hemorragia 1. 
Como conseqüência de AVC podemos encontrar a disfagia, que refere-se a 
um distúrbio da deglutição o qual se não tratado pode trazer prejuízos graves ao 
paciente. 
Em sua normalidade o ato de engolir, sinônimo de deglutir, define-se como a 
passagem do alimento da boca ao estômago, caracterizado pelas fases 
preparatória, oral, faríngica e esofágica da deglutição, até a entrada do material no 
estômago 2. 
O trabalho fonoaudiológico deve estar intimamente interligado a atuação 
junto aos distúrbios da deglutição, já que este profissional é quem irá desenvolver 
e realizar orientações nutricionais individualizadas visando a correção dos hábitos 
alimentares inadequados, bem como, realizará exercícios de acordo com a 
necessidade de cada paciente, visando a melhora do estado nutricional e 
conseqüente à melhora de sua qualidade de vida. 
A função primordial da deglutição é permitir uma adequada nutrição e 
hidratação ao indivíduo – aspectos indispensáveis à manutenção da vida 3. 
A deglutição é uma função biológica, complexa e coordenada, pela qual 
substâncias passam da cavidade oral para a faringe, laringe e por fim o estômago. 
Seu objetivo, além da alimentação é de proteger as vias aéreas. Para deglutirmos 
de forma segura necessitamos de uma coordenação precisa, sobretudo da fase 
oral e faríngea. 
No entanto, para que seu devido funcionamento ocorra de forma normal, e o 
bolo alimentar não seja aspirado, faz-se necessário que aconteça um sincronismo 
 7
entre as ações dos músculos envolvidos no processo e sua conexão neurológica. 
Tais músculos, situados na região orofaríngea, respondendo a esta conexão 
neurológica, contraem erelaxam, dando início às fases da deglutição 4. 
A deglutição é dividida em três fases: oral, faríngea e esofágica, sendo a fase 
oral subdividida em preparatória oral e transporte oral 5. 
A primeira etapa da fase oral, a preparatória oral, inicia-se com a 
acomodação e organização do bolo alimentar sobre a língua. Nesta etapa é 
essencial que haja integridade no controle neuromotor que programa e coordena 
os movimentos intra-orais. A segunda etapa, o transporte oral, inicia-se assim que 
o bolo alimentar estiver preparado, após o vedamento labial o bolo é propulsado 
para região faríngea. Esta fase se dá de forma totalmente voluntária, onde além 
do córtex cerebral, três pares de nervos cranianos responsáveis pelo 
desenvolvimento da etapa preparatória e do transporte oral: o trigêmio (V), o facial 
(VII) e o hipoglosso (XII) 6. 
A fase faríngea inicia-se com o liciamento do reflexo de deglutição. O 
esfíncter velofaríngeo se fecha neste momento, e o alimento é propulsionado pela 
língua e direcionado para a faringe, sendo esta fase involuntária, porém 
consciente. Com o início dessa passagem faríngea, são acionados os 
mecanismos de proteção das vias aéreas inferiores: elevação de laringe e 
coaptação das pregas vocais e ariepiglóticas direcionando o bolo para o esôfago. 
Nesta fase ocorre a participação de três pares de nervos: glossofaríngeo (IX), 
vago (X) e acessório (XI) 6. 
 8
Por fim, a fase esofágica, que é involuntária e inconsciente, inicia-se através 
dos movimentos peristálticos reflexos, onde o bolo alimentar á conduzido do 
esôfago para o estômago. 
Observa-se, portanto que o processo de deglutição ocorre de forma 
sincrônica e inter-relacionada, onde o desempenho da fase seguinte dependerá da 
fase anterior, assim como da integridade muscular e do córtex cerebral. Qualquer 
intercorrência neste processo poderá resultar no surgimento da disfagia 
neurogênica, que nada mais é que uma desordem no ato de deglutir que tem 
como causa uma doença ou trauma neurológico. Essas desordens neurológicas 
podem afetar a ação muscular responsável pelo transporte do bolo alimentar da 
boca ao estômago. Geralmente este tipo de disfagia apresenta alterações na fase 
oral e/ou faríngea, raramente é em nível de estômago. 
A presença de um pequeno desconforto a deglutição (como deglutir com 
esforço) ou dificuldade de alimentação (como engasgos) irão afetar a habilidade 
de o paciente consumir alimentos e, portanto, tem-se diminuída e prejudicada a 
ingestão de nutrientes 7. 
Desta forma, por se tratar de uma dificuldade de ingerir alimentos por via oral, 
a disfagia pode comprometer gravemente a condição nutricional do indivíduo e 
seu quadro clínico geral, debilitando-o e colocando sua saúde em risco, tendo 
graves conseqüências, como a desidratação, desnutrição, pneumonia aspirativa e 
até mesmo a mortalidade 8. 
Por vezes a dificuldade de alimentar-se é o primeiro sinal da doença, que 
pode não ter sido identificada. É importante saber que a instalação rápida dos 
sintomas sugere Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou Trauma. 
 9
A disfagia decorrente de AVC é a principal causa de mobilidade relacionada 
com complicações respiratórias e desnutrição. Estudos recentes tem indicado que 
a disfagia é muito comum após AVC, especialmente durante os primeiros dias. 
Após seis meses a maioria das dificuldades relacionadas com deglutição estão 
resolvidas, mas cerca de 8% dos pacientes ainda mantém disfagia orofaríngea. 
Os AVC’s se classificam em dois grandes grupos: AVC Isquêmico (chamado 
de infarto cerebral) e o AVC hemorrágico (chamado de hemorragia cerebral). 
“A interrupção aguda do Fluxo sanguíneo de alguma parte do cérebro 
determina o que se chama de Isquemia Cerebral, que, se durar por um período de 
tempo suficiente para provocar lesão no cérebro, leva ao Acidente Vascular 
Cerebral (AVC)” 9. 
Aparentemente, os grandes AVCs unilaterais causam disfagia, pela 
interrupção da comunicação corticobulbar ipsilateral (cápsula interna) que liga o 
centro de controle cortical da deglutição (na região frontal inferior), que coordena a 
deglutição 10. As lesões cerebrais no hemisfério direito parecem afetar mais a fase 
faríngea da deglutição, enquanto as lesões do hemisfério esquerdo parecem 
afetar mais a fase oral da deglutição. Quanto maior o comprometimento da fase 
faríngea, em pacientes com lesão cerebral direita, maior o risco de aspiração 3. 
A investigação clínica do paciente depois do AVC á fundamental, e o sinal de 
disfonia, dificuldade de engolir saliva ou alimentos e estado de alerta diminuído 
sugerem grande risco de aspiração e de complicações respiratórias. Uma 
avaliação direta, por meio de nasofibroscopia ou vídeofluroscopia, deve ser 
realizada para indicar se o paciente pode se alimentar por via oral, qual é a dieta 
mais apropriada (líquido, líquido-pastoso, pastoso, semi-sólido, sólido) e mais 
 10
importante ainda, para estabelecer o procedimento terapêutico mais eficiente e 
seguro. 
Referindo-se mais especificamente á reabilitação e aos cuidados dos 
pacientes com AVC, pode-se definir que a reabilitação é ensinar o paciente a 
cuidar de sua própria vida a despeito das limitações decorrentes da lesão do 
sistema nervoso central (SNC). A reabilitação não consiste somente na execução 
de exercícios; o tratamento envolve a recuperação do controle do paciente assim 
que possível 11, 12. 
Sendo a deglutição um complexo processo, suas alterações envolvem várias 
especialidades médicas e terapêuticas, entre elas a fonoaudiologia. Por isso o 
trabalho interdisciplinar na atuação deste sintoma é de fundamental importância. 
O tratamento fonoterápico em pacientes com disfagia neurogênica pós AVC 
deve envolver: estimulação sensóriomotoras; terapia indireta e direta, onde a 
primeira tem por objetivo melhorar as condições de força, mobilidade e 
sensibilidade geral do paciente sem a apresentação do alimento, e a segunda com 
os mesmos objetivos da anterior, porém envolvendo a apresentação do alimento 
real; manobras posturais; manobras facilitadoras; monitoramento terapêutico e 
exercícios para proporcionar a melhora dos achados clínicos da patologia em 
questão 13. 
 
 
 
 
 
 11
Método: 
 
Esta pesquisa baseia-se em um relato de caso de um paciente do sexo 
masculino de 68 anos de idade, o qual teve histórico de desmaio em 
conseqüência de um AVCI. O paciente foi avaliado pela fonoaudióloga ainda no 
leito do Hospital Mariete Conder Bornhausen onde encontrava-se internado. 
Para a avaliação a fonoaudióloga utilizou-se de um protocolo 14(anexo) sendo 
preenchido conforme características apresentadas pelo paciente em relação aos 
aspectos funcionais da deglutição. 
Foram introduzidos alimentos de diferentes consistências e volumes, 
juntamente à ausculta cervical. 
 Para confirmar as alterações na deglutição, utilizou-se um exame 
complementar – nasofibroscopia – realizado no leito. 
Após avaliação iniciou-se a fonoterapia com sessões diárias a fim de 
promover uma melhora no paciente. Como estratégias de reabilitação, foi utilizado 
manobras posturais; manobras facilitadoras de compensação; manipulação do 
alimento real com consistências e volumes diferentes; exercícios oromiofuncionais 
de sensibilidade e propriocepção; exercícios específicos de voz; bem como 
orientações ao paciente e seus familiares sobre esclarecimentos da doença e os 
cuidados com a deglutição. 
 
 
 
 
 12
Relato do Caso: 
 
O paciente H. C. B. S. de 68 anos de idade, sexo masculino, aposentado do 
exército, residente em Balneário Camboriú/ SC, em 01/06/2002, sofreu desmaio 
em sua residência e foi encaminhado ao Hospital ematernidade Marieta Conder 
Bornhausen na cidade de Itajaí/ SC, onde prontamente recebeu atendimento 
neurológico sendo diagnosticado Acidente Vascular cerebral Isquêmico no lado 
direito do Cérebro, que refere-se a uma lesão cerebral, seja esta induzida por 
oclusão de um vaso ou redução da pressão de perfuração cerebral, seja esta 
provocada por redução do débito cardíaco ou por hiper ou hipotensão arterial 
grave e sustentada 15. 
Evoluiu no pós Acidente Vascular Cerebral Isquêmico com disfagia 
importante, apresentando pigarro constante, sendo então solicitada avaliação 
fonoaudiológica. 
A disfagia á um sintoma de uma doença de base que pode afetar qualquer 
parte do sistema digestivo desde a boca até o estômago 16. 
Avaliado pela fonoaudióloga em 04/06/2002, a qual observou ausência de 
elevação do palato mole à esquerda, reflexo de tosse presente, porém ineficaz, 
reflexo de vômito (GAG) presente, disfonia, alteração de elevação laríngea 
obrigando o paciente a utilizar manobras de eliminação da secreção pela boca no 
sentido de aliviar a sensação de corpo estranho na faringe. 
Para melhor diagnosticar as dificuldades de deglutição apresentadas, o 
paciente foi encaminhado para realização de nasofibroscopia, a qual foi realizada 
no leito, pois, a avaliação funcional da deglutição pela nasofibroscopia pode ser 
 13
feita no leito, permite um diagnóstico mais precoce da deglutição e é essencial nos 
casos em que o paciente não consegue controlar ou deglutir as próprias 
secreções 17. 
O exame demonstrou dificuldade em deglutir líquidos e sólidos, presença de 
resíduos alimentares em valéculas, movimentação ineficaz à esquerda e 
fechamento esfincteriano ineficiente. 
Com o resultado iniciou-se o trabalho fonoterápico com sessões diárias. 
Utilizando como estratégias de reabilitação manobras posturais, manobras 
facilitadoras de compensação e manipulação do alimento real com consistências e 
volumes diferentes, bem como orientações ao paciente e seus familiares sobre as 
dificuldades com a alimentação e os cuidados a serem tomados para se ter uma 
deglutição segura e eficaz. 
As orientações aos familiares e responsáveis são de fundamental importância 
para facilitar a reabilitação. O esclarecimento sobre a doença e suas 
características principais, e o livre acesso dos familiares junto ao fonoaudiólogo 
responsável auxiliam a terapia e diminuem a apreensão da família, frente à 
doença instalada 18. 
Para ajudar na reabilitação, foram realizadas manobras como a de cabeça 
virada para o lado comprometido, aplicada devido a ser uma postura que faz com 
que o bolo desça preferencialmente pelo lado melhor 19; como também a 
deglutição supra glótica, utilizada em pacientes com reduzido fechamento glótico, 
atraso no disparo da deglutição ou voz molhada 19. O paciente é orientado para 
segurar a respiração antes de engolir, aduzindo assim as pregas vocais antes de 
engolir 19. Deve então engolir e imediatamente após a deglutição tossir para limpar 
 14
a faringe, evitando assim a aspiração; tosse voluntária. Essa manobra é indicada 
para pacientes que apresentam voz molhada por penetração laríngea de saliva 
e/ou alimentos acima das pregas vocais 20; manobra de Mendelson que é indicada 
na excursão laríngea e para pacientes que apresentam dificuldades na abertura 
do esfíncter esofágico superior, pois o movimento de pinça que a laringe realiza no 
momento da deglutição, de elevação e anteriorização, auxilia na melhor abertura 
do esfíncter esofágico superior 20. 
Foram trabalhados também exercícios oromiofuncionais de sensibilidade 
(estimulação sensorial/ tátil-cinestésico), a fim de maximizar a propriocepção da 
cavidade oral e orofaringe e promover maior controle do bolo alimentar, pois na 
reintrodução de dieta em pacientes em início de terapia podem ser escolhidos 
alimentos frios, gelo picado ou com sabores mais bem definidos para melhor 
propriocepção do paciente 19. 
Exercícios como deglutição sonorizada, ataque vocal brusco e técnica de 
empuxo, também foram utilizados na tentativa de facilitar a aproximação da prega 
vocal paralisada. 
Após dois meses de terapia fonoaudiológica o paciente já estava deglutindo 
quantidade significativa de alimento via oral. 
O acompanhamento nutricional foi imprescindível para que o paciente 
ganhasse peso, uma vez que encontrava-se com índice elevado de desnutrição. 
 Estudos recentes referem que se as necessidades dietéticas forem 
abordadas imediatamente, poderá ser evitada a desnutrição depois do AVC. Os 
pacientes com diminuição da consciência, disfagia, déficits de percepção ou 
motores e depressão podem não conseguir comer ou beber o suficiente para as 
 15
necessidades diárias. Desnutrição e hidratação inadequada costumam predizer 
resultados insatisfatórios da reabilitação 21. 
Ao final do quinto mês de terapia fonoaudiológica, o paciente foi 
encaminhado para a avaliação Otorrinolaringológica, onde observou-se a 
hemilaringe esquerda, antes paralisada, com movimentos. 
A dieta de alimentos por via oral direcionada as necessidades nutricionais do 
paciente associados às manobras de facilitação da deglutição, demonstrou a 
eficácia e a importância do profissional fonoaudiólogo neste meio de reabilitação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16
Resultados e Discussão: 
 
Ao realizar intervenção com paciente com disfagia pós AVCI, pôde-se 
observar que um exame funcional complementar do distúrbio da deglutição, neste 
caso, a nasofibroscopia, é fundamental para se descobrir qual a real dificuldade do 
indivíduo em deglutir e verificar o comprometimento funcional no ato de deglutir. 
Pôde-se observar também que a disfagia sendo uma alteração que pode 
afetar o transporte do bolo alimentar em qualquer parte do tubo digestivo desde a 
boca até o estômago, nos casos de pacientes com seqüelas de AVCI, a 
dificuldade do ato de engolir ocorre mais na fase oral e/ou faríngea e raramente a 
na fase esofágica. 
No que diz respeito às estratégias utilizadas no tratamento de pacientes com 
disfagia pós AVCI, pôde-se observar a eficácia do trabalho de estimulação 
sensóriomotora, onde primeiramente foi proporcionado ao paciente melhores 
condições de força, mobilidade e sensibilidade, para então apresentar o alimento 
real. Assim, foram realizadas manobras posturais associadas às manobras de 
compensação, como a de cabeça virada para o lado comprometido e a deglutição 
supra glótica, as quais proporcionaram ao paciente condições de deglutir sem 
engasgos. 
Outro fator positivo que contribuiu para o processo de reabilitação foi a 
orientação e o acompanhamento nutricional, o qual proporcionou ao paciente 
ganho de peso para então poder sustentar o corpo e efetivar a intervenção 
reabilitadora. 
 
 17
Conclusão: 
 
Ao término da pesquisa pôde-se observar que: 
- Nas desordens neurológicas do tipo AVCI, os quais possuem como 
conseqüência disfagia, o diagnóstico preciso e diferencial através de 
exames e uma avaliação multidisciplinar completa com Fonoaudiólogo, 
Neurologista, Otorrinolaringologista e Nutricionista se destacam como 
prioridade para não haver implicações e nem riscos de levar o 
paciente a óbito. 
- O trabalho fonoaudiológico, apesar de pouco conhecido nesta área de 
atuação, representa um importante papel frente às dificuldades de 
deglutição, uma vez que é esse profissional quem dará suporte técnico 
a todo o processo terapêutico, habilitando e reabilitando o indivíduo e 
oferecendo-lhe uma melhor qualidade de vida. 
- A intervenção multidisciplinar permeando todo o processo terapêutico 
com trocas de informações entre osprofissionais envolvidos otimizará 
a evolução e resolução dos casos de pacientes com disfagia pós 
AVCI. 
 
 
 
 
 
 
 18
Referências Bibliográficas: 
 
1. Mausner B. Introdução a epidemologia. 2ª ed. Lisboa: Fundação 
Calouste Gulbenkian; 1999. 
2. Carrara-De Angelis E; Mourão LF; Fúria, CL. Avaliação e tratamento das 
disfagias após tratamento do câncer de cabeça e pescoço. In: Carrara-De 
Angelis E; Mourão LF; Kowalski LP. A atuação fonoaudiológica no 
câncer de cabeça e pescoço. São Paulo: Louvise; 2000. p. 155-162. 
3. Filho, EDM; Gomes GF; Furkin AM. A deglutição normal. In: Filho, EDM; 
Gomes GF; Furkin AM. Manual de cuidados co paciente com disfagia. 
São Paulo: Louvise; 2000. p. 17-27. 
4. Marchesan IQ. Deglutição e Normalidade. In: Furkin AM, Santin CS. 
Disfagias Orofaríngeas. Carapicuíba: Pró-Fono; 1999. p. 12-16. 
5. Silva RG. Disfagias neurogênicas em adultos: uma resposta para avaliação 
clínica. In: Furkin AM, Santin CS. Disfagias Orofaríngeas. Carapicuíba: 
Pró-Fono; 1999. p. 26-27. 
6. Douglas CR. Fisiologia da deglutição. In: Douglas CR. Tratado de 
Fisiologia aplicado à fonoaudiologia. São Paulo: Robe; 2002. p. 372-386. 
7. Cortés LS; et al. Análise clínica da deglutição e dificuldades de 
alimentação em pacientes idosos em acompanhamento ambulatorial. 
São Paulo, Distúrbios da Comunicação 2003; 14 (2): p. 211-235. 
8. Marchini JS, Ferriolli E e Moriguti JC. Suporte nutricional no paciente 
idoso: definição, diagnóstico, avaliação e intervenção. Ribeirão Preto, 
Medicina, 1998, v. 1, p. 54-61. 
 19
9. Acidente Vascular Cerebral. Disponível em: 
URL:http://www.sarah.br/paginas/doenças/pop/p_02_acidente_vasc_cereb.
htm 
10. Machado ABM. Neuroanatomia funcional. 2ª ed. São Paulo: Atheneu; 
1993. 380p 
11. Bobath B. Hemiplegia no adulto: avaliação e tratamento. São Paulo: 
Manole; 1999. 
12. Charness, Acidente Vascular Cerebral. 1986. Disponível em: 
URL:http://www.clientes.netvisão.pt/terapia/avc.htp 
13. Furkin AM. Fonoterapia nas disfagias orofaríngicas neurogênicas. In: Furkin 
AM, Santin CS. Disfagias Orofaríngeas. Carapicuíba: Pró-Fono; 1999. p. 
12-16. 
14. Furkin AM. Disfagias Orofaríngeas. 1999 
15. Nobre M. Acidente Vascular Cerebral (AVC); 2004. Disponível em: 
URL:http://www.clientes.netvisão.pt/terapia/avc.htp 
16. Dompel, 1986 
17. Dória S, Abreu MAB, Busch RF, Assumpção R, Nico MAC, Duprat A, Costa 
HO. Estudo comparativo da deglutição com nasofibrolaringoscopia e 
vídeodeglutograma em pacientes com acidente vascular cerebral. São 
Paulo: Otorrinolaringoscopia. v. 69, n. 5: 2003. 
18. Busch R, Fernandes AMF, Simões V. Disfagia neurogênica. In: Filho OL e 
cols. Tratado de Fonoaudiologia. 2ª ed. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2005. 
p. 839-854. 
 20
19. Filho, EDM; Gomes GF; Furkin AM. Manual de cuidados co paciente com 
disfagia. São Paulo: Louvise; 2000. p.29-31 
20. Furkin AM e Silva RG. Programa de reabilitação em disfagia 
neurogênica. 2ª ed. São Paulo: Frôntis; 2000. p.1-8. 
21. Neves PP, Fontes SV, Fukujima MM, Matas SLA, Prado GF. Profissionais 
da saúde, que assistem pacientes com Acidente Vascular Cerebral, 
necessitam de informação especializada [periódicos on-line]. Revista 
de Neurociências 2004. 12p. Disponível em: 
URL:http://www.neuropsiconews.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexos: 
 
 
 
 
 22
Anexo 1 
(protocolo) 
Protocolo de Avaliação Fonoaudiológica 
Avaliação Funcional da deglutição 
Nome: RH: 
Data de Nascimento: Idade: 
Encaminhado por: 
Examinador: Data: 
 
1. Dados relevantes de histórico e evolução: 
2. Sintomas e estado atual: 
3. Dados otorrinolaringológicos gerais: 
• Presença de traqueostomia: ( )N ( )S 
• Cavidade Nasal: 
 permeabilidade: 
 adenóide: 
 23
 tuba auditiva: 
 presença de SNG/SNE: ( )N ( )S 
 ( )à esquerda ( )à direita 
• Cavidade oral e orofaringe: 
-mucosa: 
 aspecto geral: 
 lesões - localização: 
 alterações de coloração: 
 outros: 
-dentes e arcadas: 
 presença / ausência: 
 estado de conservação: 
 prótese (ajustes, pontos de atrito, desgaste): 
 evidências de ressecção: 
 outros: 
-língua, pilares, amígdalas, palato duro: 
 24
 lesões e evidências de ressecções - descrição e localização: 
 reconstrução - aspecto: 
 alterações de mobilidade: 
 outros: 
-palato mole: 
 lesões e evidências de ressecções - descrição e localização: 
 mobilidade: 
 fechamento velofaríngeo durante a deglutição: 
 fechamento velofaríngeo durante a fonação: 
4. Funções: 
• Deglutição: 
refluxo nasal: ( )S ( )N 
evidências de aspiração:( )S ( )durante ( )depois ( )N 
elevação de laringe: ( )presente ( )ausente 
evidências de atraso no disparo da deglutição:( )S ( )N 
deglutição incompleta: ( )S ( )N 
 25
deglutições múltiplas: ( )S ( )N 
tentativa de manobras facilitadoras (S - sólido, P - pastoso, L-
líquido) 
 inalterada presente ausente 
deglutição supraglótica ( ) ( ) ( ) 
apoio + pausa respiratória induzida ( ) ( ) ( ) 
 manobras posturais de cabeça: 
 para baixo ( ) ( ) ( ) 
 para trás ( ) ( ) ( )
 virada para direita ( ) ( ) ( ) 
 virada para esquerda ( ) ( ) ( ) 
 oclusão da traqueostoma ( ) ( ) ( ) 
manobras de coaptacão glótica: 
 empuxe ( ) ( ) ( ) 
 apoio - cadeira ( ) ( ) ( ) 
 tosse ( ) ( ) ( ) 
 26
 pigarro ( ) ( ) ( ) 
 pressão sobre a cartilagem 
 tireóide ( ) ( ) ( ) 
 deglutição incompleta + sonorização(?Bum?) 
 ( ) ( ) ( ) 
 ataques vocais bruscos ( ) ( ) ( ) 
 / b: / ( ) ( ) ( ) 
 vocal f ( ) ( ) ( ) 
• Fonação: 
 ação esfinctérica: 
 estruturas participantes: 
 grau de fechamento: ( )completo ( )incompleto 
 ação vibratória: 
 - manobras facilitadoras inalterada presente ausente 
 vibração de lábios ( ) ( ) ( ) 
 vibração de língua ( ) ( ) ( ) 
 27
 bumming / vogais nasais ( ) ( ) ( ) 
 escala musical ( ) ( ) ( ) 
 - evidências de elevação laríngea: 
 melhora da qualidade vocal depois destas manobras: ( )S ( )N 
 diminuição de resíduos após emissões facilitadoras: ( )S ( )N 
 qualidade vocal imediatamente após a deglutição> 
 ( )úmida ( )inalterada ( )ruidosa 
 
5. Outras observações: 
6. Outros exames realizados: 
7. Conduta: 
8. Reavaliado em: 
 
 
 
 
 
 28
Anexo 2: 
 
(Termo de Consentimento já enviado para o CEFAC). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29
 
Termo de Responsabilidade: 
 
Nós, Candirã Maraia Benvenuti (RG 3.684.027 e CPF 457.215.212-87), 
Liziane Mattos Pereira (RG 3.754.624 e CPF 030.170.309-46) e Marielen 
Aparecida Revay (RG 3.169.260 e CPF 000.637.219-88), nos responsabilizamos 
pelo conteúdo e autenticidade do trabalho intitulado como DisfagiaPós Acidente 
Vascular Cerebral Isquêmico Unilateral em Adultos – Estudo de Caso e 
declaramos que o referido artigo nunca foi publicado ou enviado para outra revista, 
tendo a Revista CEFAC direito de exclusividade sobre a comercialização, edição e 
publicação seja impresso ou on-line na Internet. Autorizamos os editores à 
realizarem de forma adequada, preservando o conteúdo. 
 
 
Florianópolis, 20 de julho de 2005. 
 
 
_________________________ _______________________ 
 Candirã Maraia Benvenutti Liziane Mattos Pereira 
 
 
 _________________________ 
 Marielen Aparecida Revay

Outros materiais