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Processo Penal I Aulas digitadas

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Processo Penal I
Prof. Paulo Renato
21/02/2017
Bibliografia
- Fernando da Costa Tourinho Filho - Vol. I e II (Proc. I) e Vol. III e IV (Proc. II).
- Eugênio Passieli de Oliveira - (Autor do projeto do NCPP). 
- Renato Brasileiro.
- Marcelus Calastrus Linho – (Segue o programa da Estácio).
- Fernando Capez – (Livro único – teoria minoritária – simplório).
- Auri Lopes Junior – (progressista e ácido).
Aula – 02 (invertida com aula 01)
I – Introdução
1 – Conceito
O Direito Processual Penal pertence ao ramo do Direito Público que objetiva estabelecer as normas que deverão ser observadas em juízo para que o Estado exercite seu direito de punir, ficando garantido também o direito de defesa.
Ius Puniendi x Direito de liberdade
II – Princípios
1 – Devido processo legal (Duo Process of Law)
O “princípio do devido processo legal”, para a maior parte da doutrina, tem sua origem na magna Carta Libertatum (carta de João sem Terra, 1.215). Esse princípio foi reproduzido em diversos diplomas legais ao longo do tempo, e atualmente está previsto no ordenamento jurídico brasileiro no art. 5º, LIV, da CFRB.
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
O “princípio do devido processo legal” é o princípio basilar do qual todos os demais princípios constitucionais exsurgem. Estabelece que nenhuma pessoa pode perder seus bens ou a sua liberdade sem a observância de um procedimento previsto em lei.
Ex. (deve ser observado): Pena – menor que quatro (4) anos não cabe prisão preventiva.
2 – Contraditório (Art. 5º, LV, CRFB)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
A professora Ada Pelegrini sustenta que o “princípio do contraditório” tem como fundamento o binômio:
- necessidade - de informação (a parte dever ser informada);
- possibilidade – de defesa (a parte deve poder defender-se).
Art. 396.  Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Possibilidade de defesa – em PP, obrigatoriedade de defesa:
Art. 396-A...
        § 2o  Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
3 – Ampla defesa (Art. 5º, LV, CRFB)
O “princípio da ampla defesa” garante às partes o direito de utilizar todos os meios lícitos necessários para que possam demonstrar sua verdade dos fatos.
Fato jurídico – fato social que interessa ao direito.
Ambas as partes podem, licitamente, apresentar provas que convençam de sua versão ao fato (Art. 5º, LVI, CFRB):
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
4 – Igualdade entre as partes (Isonomia)
A doutrina defende a existência de duas espécies de igualdade. São elas:
Igualdade Real – nessa espécie de igualdade, todas as pessoas são consideradas iguais, sem qualquer destinação.
Igualdade proporcional (ou substancial) – essa espécie de igualdade leva em consideração as diferenças intrínsecas inerentes às pessoas, buscando reequilibra-las. Para tanto procura tratar os iguais como iguais, os desiguais como desiguais, na medida em que se desigualam. 
Art. 403, 609, § ú, e 626, caput e § ú, CPP (pró-réu – revisão criminal):
Art. 403.  Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
Art. 609. ...
        Parágrafo único.  Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de divergência.
Art. 626.  Julgando procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.
        Parágrafo único.  De qualquer maneira, não poderá ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
5 – Princípio da inocência
No Brasil, todas as pessoas são consideradas inocentes, até que sejam condenadas por sentença penal transitada em julgado, conforme art. 5º, LVII, CRFB.
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
 I______________II________________III_____________IV_________________V__________________VI
FATO	 RECEBIMENTO	 SENTENÇA	 ACÓRDÃO 	RECURSO	 RECURSO
	 DA DENÚNCIA						ESPECIAL	EXTRAORDINÁRIO
6 – Princípio da iniciativa das partes (da inércia da ação)
A acusação, especialmente no sistema acusatório, é inerte. Ela necessita de provocação da parte para se manifestar.
Jurisdictio ne procedat ex officio
Denúncia – ação penal pública;
Queixa-crime – ação penal privada.
7 – Princípio do juiz natural 
Esse princípio estabelece que os órgãos jurisdicionais devam ser criados pela forma estabelecida pela constituição, e antes do fato que será objeto do julgamento.
Art. 96. Compete privativamente:
I - aos tribunais:
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
O princípio do juiz natural objetiva evitar a criação de juízos ou tribunais de exceção, no Brasil vedados no art. 5º , XXXVII, CRFB.
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
8 – Princípio da imparcialidade do juiz
O Estado chamou para si o monopólio da administração da justiça. Para que esta possa ser ministrada com segurança para a sociedade, é necessário que os interesses do magistrado não se confundam com os interesses das partes. Para tanto, não poderá ele ser suspeito (art. 257, CPP) ou impedido (art. 252, CPP).
Art. 257.  Ao Ministério Público cabe:
        I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; e
        II - fiscalizar a execução da lei.
Art. 252.  O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:
        I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
        II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
        III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão;
        IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.oncreto
1) CASO CONCRETO:
a) Há entendimento de que um indiciado que não comparece quando devidamente intimado para prestar depoimento na Delegacia poderia responder pelo crime de desobediência do art. 330, CP. Porém, predomina o entendimento de que o referido crime não se aplica ao indiciado que não comparece para prestar depoimento na Delegacia, porque seria uma extensão do direito de permanecer calado.
b) O não comparecimento do réu intimado pessoalmente para a audiência de instrução e julgamento, AIJ, importará em revelia e poderá prejudicar a autodefesa. Se for o caso, o juiz poderá decretar a prisão preventiva do réu, mas ele não irá responder pelo crime de desobediência.
2) QUESTÃO OBJETIVA:
(b) - Princípio da Inocência. Ônus da prova é da acusação, excepcionalidade da prisão processual e justificada a necessidade de prisão sem prova cabal.
3) QUESTÃO OBJETIVA:
(d) – Estão corretas as questões I, II e IV.
I – Direito ao silêncio para acusado, testemunha, indiciado, etc, se a resposta imputar prática de crime.
II – O indiciado em inquérito ou acusado em processo é obrigado a fornecer padrões vocais paraperícia, sob pena de crime de desobediência.
IV – Pacificado pelo STF que juiz não pode aumentar pena de réu que mente em juízo.
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Prof. Paulo Renato
07/03/2017
9 – Verdade Real
A doutrina defende a existência de 02 sistemas para a busca da Verdade processual:
A - A Verdade Formal – Nesse sistema o juiz é um ser inerte do ponto de vista do quadro probatório. Ele deve se limitar a apreciar as provas trazidas pelas partes aos autos, porque
	“QUID NON EST IN AUTOS NON EST IN MUNDO”
B - A Verdade Real – Nesse sistema o juiz é um ser ativo do ponto de vista do quadro probatório. Ele pode e deve produzir provas na busca da verdade dos fatos. O ordenamento jurídico brasileiro autoriza ao juiz participar da produção probatória, conforme se observa nos arts. 156 e 209, CPP:
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
        I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;
        II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
Art. 209.  O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
        § 1o  Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem.
        § 2o  Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa.
10 – Publicidade dos atos do processo
No Brasil, via de regra, os atos processuais são públicos. Havendo segredo de justiça, no entanto, quanto à intimidade das pessoas ou o interesse social o exigir (art. 5º, LX, CF).
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
11 – Motivação das decisões
Todas as decisões proferidas pela função Jurisdicional do Estado devem estar devidamente fundamentadas, sob pena de nulidade (art. 93, IX, CF).
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
OBS: Os princípios da Publicidade dos Atos do Processo e da Motivação da Decisões têm dupla finalidade:
1ª – dar ciência às partes dos fatos do processo, possibilitando o conformismo ou não com a decisão;
2ª – possibilitar o controle ocular da Função Jurisdicional do Estado.
12 – Favor Rei
Trata-se de um princípio que norteia a interpretação das normas processuais penais. A lei será sempre mais benéfica para o acusado (art. 366, CPP; 113, CP; ...5.415, STJ).
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena.
Aula - 2
Sujeitos e Sistemas Processuais.
I – Introdução
1 – Sujeitos principais:
Imparcial:
– o Juiz;
Parciais:
- Acusação – MP/Querelante.
- Defesa – Réu/Querelado.
Os sujeitos principais no processo são as pessoas que participam diretamente da relação jurídica de direito processual. Há um sujeito imparcial que é o juiz, e os sujeitos parciais:
Acusação – tem o MP na Ação Penal Pública e, o Querelante, na Ação Penal Privada.
Defesa – tem o Réu na Ação Penal Pública e, o Querelado, na Ação Penal Privada.
2 – Sujeitos secundários:
São pessoas que não integram a Relação Jurídica de Direito Processual, mas que contribuem com seu trabalho para o andamento processual (serventuários da justiça: peritos, intérpretes, etc, e eventual: carteiro).
II – Juiz
É o sujeito imparcial da Relação Jurídica do Direito Processual. A ele incumbe impulsionar o procedimento e solucionar as questões do processo.
II.1 – Conciliador - É um auxiliar do Juiz cuja função é buscar, de forma imparcial, a obtenção de um acordo entre as partes.
III - Acusação
1 – Ação Penal Pública
A acusação na APP é feita pelo Ministério Público, que pode atuar no processo basicamente de duas formas:
A – Órgão Agente – o MP é Órgão Agente quando for parte na Relação Jurídica de Direito Processual, via de regra, deflagrando a ação (via de regra no Processo Penal – também na Ação Civil Pública).
B – Órgão Interveniente - o MP é Órgão Interveniente quando ele for fiscal da Lei - “Custos Legis” – (art. 48, CPP) (via de regra no Processo Civil – também na Ação Penal Privada).
Art. 48.  A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
C – Assistente de Acusação – o art. 268, CPP, nos casos de Ação Pena Pública, autoriza o ofendido, seu representante legal nos casos de incapacidade ou sucessores (cônjuges, ascendentes, descendente ou irmãos, nos casos de morte ou declaração de ausência por sentença judicial), a habilitarem-se como assistente da acusação para auxiliar o MP.
Art. 268.  Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31.
Obs: Alguns autores entendem que a vítima teria interesse em se habilitar como assistente da acusação em todo e qualquer crime, porque seu desejo é a realização da justiça. Contudo predomina o entendimento de que a vítima só pode se habilitar como assistente da acusação quando o crime deixar repercussão patrimonial, porque seu interesse é obter a sentença condenatória para poder receber a indenização no Juízo Cível (art. 63, CPP).
Art. 63.  Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros.
2 – Ação Penal Privada
A legitimidade ativa é extraordinária. Via de regra, ela pertence ao ofendido, seu representante legal nos casos de incapacidade ou sucessores (cônjuges, ascendentes, descendente ou irmãos, nos casos de morte ou declaração de ausência por sentença judicial), à exceção da APP Personalíssima, em que a Legitimidade Ativa pertence somente ao ofendido.
IV – Defesa
1 – Defensor constituído
É o advogado escolhido pelo Réu que atua em Juízo por meio de procuração.
2 – Defensor dativo
É o advogado escolhido pelo Juiz para patrocinar a defesa do Réu que não possui defensor constituído (art. 263, CPP).
O defensor dativo, se o acusado possuir recursos, receberá os honorários arbitrados pelo Juiz (art. 263, § único, CPP).
Art. 263.  Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
        Parágrafo único.  O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz.
Lei Processual Penal no espaço
A Jurisdição Penal é uma função do Estado, reflexo de sua soberania. Em razão disso, a Lei Processual de um país se aplica no território desse país. Assim sendo, a Lei Processual Penal do Brasil se aplica a todo o território brasileiro, respeitados os Tratados e Convenções Internacionais de que o Brasil seja signatário (art. 1º, CPP).
        Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados:
        I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
        II - as prerrogativas constitucionaisdo Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100);
        III - os processos da competência da Justiça Militar;
        IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17);
        V - os processos por crimes de imprensa.         (Vide ADPF nº 130)
        Parágrafo único.  Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.
1) CASO CONCRETO:
R: O réu tem direito, durante o processo, a uma defesa técnica patrocinada por um defensor constituído ou um defensor dativo, a fim de garantir o contraditório e a ampla defesa.
A Constituição de 1.988 adotou o sistema acusatório, no qual a figura do acusador e a figura do julgador estão em pessoas diferentes. Além disso, os atos processuais são públicos, devendo haver o contraditório e a ampla defesa.
2) QUESTÃO OBJETIVA:
(b) - O acusado que é advogado pode apresentar defesa em nome próprio, sem necessidade de constituição de outro profissional.
3) QUESTÃO OBJETIVA:
(a) – O sistema de provas adotado é o do livre convencimento.
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Prof. Paulo Renato
14/03/2017
Lei Processual no tempo
O art. 2º do CPP estabelece que a Lei Processual Penal terá efeito imediato, regulando os atos futuros, sem levar em consideração se está beneficiando ou agravando a situação do réu. No entanto os atos processuais penais serão reputados válidos se praticados consoante a lei antiga.
Art. 2o  A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
I______________II____________III____________IV____________V_____________VI _____________VII
OD (denuncia)	RD (denuncia)	CIT		RP (resp.)	AS (saneadora)	AIJ		SENT
OBS: Há uma posição doutrinária que faz a interpretação do art. 2º , CPP, à luz do art. 5º , XV, CF. Essa posição doutrinária sustenta que o termo “Lei Penal” do art. 5º , XV, CF, seria um gênero cuja Lei Penal Material e a Lei Penal Processual seriam espécies. Em razão disso a Lei Penal nova não poderia retroagir, salvo para beneficiar o réu.
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Redução do número de testemunhas de 8 para 5.
Sistemas Processuais Penais
I – Sistema inquisitivo
	O Sistema Inquisitivo teve seu apoio no século XIV e XV na Europa Ocidental. No Brasil ele foi utilizado nas Ordenações do Reino (Afonsinas, Manuelinas e Filipinas), tendo deixado resquícios até a CF/88.
	O sistema inquisitivo apresenta algumas características. São elas:
1 – A figura do acusador e a figura do julgador concentram-se numa única pessoa.
2 – Atos processuais secretos.
3 – Utilização da tortura como meio de se obter a confissão.
II – Sistema Acusatório
	O sistema acusatório é o sistema adotado pela CF/88, e apresenta duas características.
1 – A figura do acusador e a figura do julgador estão em pessoas diferentes (art. 129, I, CF/88) e atos processuais (art. 129, LV e LX, CF/88).
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
III – Sistema brasileiro
A doutrina critica o sistema processual penal brasileiro, afirmando ser ele um sistema acusatório não puro, um sistema misto neoinquisitorial, porque o juiz é um ser ativo do ponto de vista do quadro probatório, podendo, eventualmente, desempenhar a função de acusador.
INQUÉRITO POLICIAL
I – Introdução
Politia – O termo em latim significa “políticas de Estado” para a segurança pública. Posteriormente passou a designar órgão que desenvolviam essa política de Estado, tendo chegado ao Brasil o termo “POLÍCIA”.
	Polícia (art. 144, CF)
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
	De segurança ou Administrativa
	Judiciária
	Polícia Militar
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
	Rodoviária Federal
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
	Ferroviária Federal
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
	Polícia Federal
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito
III - exercer as funções de polícia marítima
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
	Polícia Civil
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
1 – Polícia de Segurança ou Administrativa
Ela tem a função precípua de garantir a ordem pública por meio do policiamento ostensivo.
2 – Polícia Judiciária
Ela tem a função principal de fazer a investigação.
I – Inquérito policial
1 – Conceito – O inquérito é um procedimento administrativo via de regra elaborado pela polícia judiciária, com objetivo de levantar elementos relativos a ocorrência de um crime e sua autoria para que o legislativo possa propor a ação penal.
2 – Natureza jurídica – O inquérito é um procedimento administrativo (conjunto de atos encadeados com uma finalidade) (art. 6º , CPP).
Art. 6o  Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
        I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; 
        II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; 
        III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
        IV - ouvir o ofendido;
        V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
        VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
        VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
        VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
        IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
         X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidadosdos filhos, indicado pela pessoa presa.
        
3 – Titularidade – O Estado (o delegado é órgão do Estado). A autoridade policial é um órgão do Estado que preside um inquérito.
4 – Características:
A – Escrito – Os atos do inquérito deverão ser colocados a termo.
B – Sigiloso - O inquérito é sigiloso, porque os seus atos não estão franqueados para o público em geral. Entretanto, ser sigiloso não significa ser secreto. Algumas pessoas, assim como os advogados, podem ter acesso aos autos do inquérito, conforme se observa do art. 7º , XIV, da Lei 8.906/94 e da S. Vinculante 14, especialmente os atos concluídos.
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
SÚMULA VINCULANTE 14
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
C – Inquisitorial – O inquérito policial é chamado inquisitorial porque nele não há contraditório.
OBS: Há uma posição doutrinária e jurisprudencial que defende a necessidade de um início de contraditório ainda na fase do inquérito, especialmente para os atos que não podem ser repetidos com eficácia durante o processo. Recentemente a Lei 13.245/16 alterou a Lei 8.906/94, inserindo o inciso XXI no art. 7º para permitir ao advogado a prática de uma série de atos durante o inquérito, como por exemplo, formular quesitos.
5 – Investigação direta pelo MP
A doutrina diverge quanto à possibilidade do MP fazer a investigação penal diretamente:
1ª c – o MP não pode fazer investigação penal porque essa atribuição não lhe foi conferida de forma expressa no art. 129 da Constituição, tendo o legislador originário atribuído essa função às polícias judiciárias (art. 144, § 1º, I e § 4º, CF).
2ª c – a CF não conferiu de forma expressa a atribuição de investigar ao MP, porém, o art. 129, VIII, confere ao MP o poder de requisitar diligências e à instauração de inquérito. Requer significa pedir, requisitar significa ordenar, portanto, o MP pode ordenar a instauração de inquérito e a realização de diligências, pela teoria dos poderes implícitos, ele pode investigar diretamente.
O STF já decidiu que o MP pode fazer investigações penais em situações excepcionais.
6 – Prescindibilidade do inquérito
O inquérito é prescindível, i.e., dispensável quando o legitimado já dispõe dos elementos mínimos necessários para propor a ação penal (justa causa – indícios suficientes de autoria e provas da existência de uma infração penal), caso contrário, se os elementos mínimos não estiverem disponíveis, o inquérito será necessário.
7 – Formas de instalação do inquérito
Cognição imediata (art. 5º, I, CPP)	- Portaria.
Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
        I - de ofício;
Na cognição imediata a autoridade policial, i.e., o Delegado, toma ciência da prática de uma infração penal, em razão das suas atividades normais de trabalho. O Delegado irá mandar instaurar o inquérito por meio de um ato administrativo chamado “PORTARIA” (No CPP “autoridade” = Delegado de polícia / Delegacia = Circunscrição).
Cognição mediata (art. 5º, I, CPP)	- A.P.F.
Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
        I - de ofício;
Na cognição mediata a autoridade policial toma ciência da prática de uma infração penal pela apresentação na Delegacia de uma pessoa presa em flagrante. A autoridade policial, de ofício, mandará instaurar um inquérito por meio de um A.P.F. (Auto de Prisão em Flagrante).
Cognição mediata (art. 5º, II, CPP):
- requerimento do ofendido;
- requisição do MP ou do JUIZ.
Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
        II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Nessa forma de cognição mediata, a autoridade policial toma ciência da prática de uma infração penal em razão de informação prestada pelo ofendido ou pelo MP. O Delegado irá instaurar um inquérito por requerimento do ofendido ou por requisição do MP.
Requerimento do ofendido		- a chamada “notícia crime”.
Obs 1: Queixa crime – Petição endereçada ao juiz em “Ação Penal Privada”.
Obs 2: A doutrina diverge com relação ao magistrado requisitar a instauração de inquérito. Alguns autores entendem ser possível porque o art. 5º, II, CPP, autoriza. Contudo, predomina o entendimento de que o Magistrado não pode requisitar a instauração de inquérito porque não foi dada à magistratura o mesmo poder conferido ao MP no art. 129, VIII, CF.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
1) CASO CONCRETO:
R: Alguns autores entendem que a delatio anônima não pode dar causa à instauração de inquérito porque ela viola o art. 5º, IV, CF/88, que garante a liberdade de expressão mas veda o anonimato. Porém, predomina o entendimento de que a delatio anônima pode dar ensejo à instauração de inquérito todas as vezes que houver supremacia do interesse social na apuração de infrações penais, ficando relativizada a norma do art. 5º, IV, CF/88, em razão do Princípio da Proporcionalidade.
2) QUESTÃO OBJETIVA:
(d) - Pode a autoridade policial negar ao advogado o acesso aos elementos de prova que ainda não tenham sido documentados no procedimento investigatório (S. vinculante 14, STF).
3) QUESTÃO OBJETIVA:
(b) – Não, as garantias processuais brasileiras não se aplicam a acusado interrogado em outro país, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais brasileiras só se aplicam em território nacional.
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Prof. Paulo Renato
21/03/2017
Termo circunstanciado
É a denominação dada ao processo investigativo nas infrações de menor potencial ofensivo, i.e., nas contravenções penais e nos crimes com pena máxima em abstrato não superior a 2 (dois) anos, conforme art. 61 e 69 da lei 9.099/95.
Art. 61.  Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. 
8 – Delatio crimes
Trata-se da informação que qualquer pessoa, que não seja a vítima, faz com relação à ocorrência de um crime de ação penal pública:
O Delegado, antes de instaurar o inquérito, deverá proceder a chamada “VPI” (Verificação da Procedência das Informações), conforme art. 5º, § 3º, CPP.
        Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
§ 3o  Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
9 – “Denúncia” anônima e art. 5º, IV, CF/88
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendovedado o anonimato;  
O termo “denúncia” não está sendo utilizado com o seu significado técnico, porque denúncia é nome da Petição Inicial que deflagra a Ação Penal Pública. O mais adequado seria utiliza “delatio anônima”.
A doutrina diverge com relação à possibilidade da delatio anônima dar causa à instauração de um inquérito.
1ª c – a delação anônima não pode ensejar a instauração de um inquérito porque ela viola o art. 5º, IV, CF, que garante a liberdade de expressão mas veda o anonimato.
2ª c – a maior parte da doutrina entende que a delatio anônima pode dar causa a instalação do inquérito, tendo como base o princípio da proporcionalidade.
O princípio da proporcionalidade é usado para solucionar conflitos entre normas constitucionais. O Brasil adotou o sistema da “cedência recíproca”, onde todas as normas constitucionais possuem a mesma hierarquia. Havendo conflito entre normas constitucionais, é preciso ponderar os valores inerentes a cada norma a fim de verificar qual norma deve preponderar.
Assim, sendo a delatio anônima, poderá dar causa à instalação de um inquérito todas as vezes que houver supremacia do interesse social na apuração de infrações penais, ficando relativizada a norma do art. 5º, IV, CF, devendo antes de se instaurar o inquérito proceder a V.P.I.
						Art. 5º, IV, CF
Supremacia
dos interesses
sociais na
Apuração de 
Infrações Penais
					
OBS: Para a prova, colocar as duas posições.	 
10 – Delatio facultativa e obrigatória
A delatio criminis, via de regra, é facultativa, porque o legislador, no art. 5º, § 3º, CPP, usou a palavra “poderá”. Entretanto, em algumas hipóteses, quando houver determinação legal, a delatio será obrigatória, como por exemplo, nos casos de funcionários públicos e profissionais da saúde, por força do art. 66 do Decreto Lei nº 3.688/41.
11 – Justa causa para a instalação do inquérito
Justa causa está sempre relacionada com a existência de uma infração penal e sua autoria. Para a instauração de um inquérito bastam indícios de autoria e indícios da existência de uma infração penal.
	Indício – do latim “indiciu” (apontar, indicar). 
12 – Habeas Corpus para excluir o indiciamento (trancar o inquérito)
A instauração de um inquérito exige justa causa. Caso ele seja instaurado sem esta, o indiciado pode impetrar um habeas corpus requerendo ao juiz a exclusão de seu nome do inquérito. 
13 – Procedimentos para a instalação de um inquérito
Crimes de ação penal pública incondicionada
A autoridade policial pode instaurar o inquérito de ofício, não necessitando de nenhuma manifestação da parte.
Crimes de ação penal pública condicionada à representação
O Delegado só pode instaurar o inquérito se o legitimado fizer a representação (art. 5º, § 4o , CPP).
        § 4o  O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
Crimes de ação penal privada
O Delegado só pode instaurar o inquérito se houver requerimento do legitimado para propor a ação (art. 5º, § 5º, CPP).
§ 5o  Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
Arquivamento e desarquivamento
1 - Conceito – o arquivamento é o ato que põe fim ao inquérito por falta de elementos mínimos para oferecimento da denúncia. 
2 - Natureza Jurídica 
Alguns autores entendem que o arquivamento é um ato administrativo, porque o inquérito é um procedimento administrativo. Porém, predomina o entendimento de que o arquivamento é uma decisão, porque ele é ordenado pelo juiz.
3 – Sujeito ativo
Ação Penal Pública
	MP
	JUIZ
	PGR
	JUIZ
	Requer (art. 28, CPP)
	1 - Concordando, ordena arquivamento (art. 18, CPP)
	xxx
	xxx
	
	2 – discordando, remete
	1 – oferece denúncia
	xxx
	
	
	2 – ordena outro promotor **
	xxx
	
	
	3 – insiste no arquivamento
	decide
Princípio da independência funcional.
* MP – opinis iuris
** promotor – longa manus
b – Ação Penal Privada
	A maior parte da doutrina entende que não cabe pedido de arquivamento nas ações penais privadas, porque a lei estabeleceu outros mecanismos para o querelante abdicar do direito de ação (renúncia e decadência).
OBS: O professor Tourinho Filho levanta a possibilidade do querelante, ao invés de oferecer a queixa crime, protocolar um pedido de arquivamento. O juiz deve receber essa petição como sendo renúncia expressa.
4 – Modalidades de Arquivamento
A - Arquivamento expresso
No arquivamento expresso o MP requer o arquivamento por escrito, explicitando as razões.
A.1 – Arquivamento objetivo.
Sujeito – Tício
Delito – furto e estelionato
Denúncia – furto
Arquivamento - estelionato
O arquivamento objetivo recai sobre o fato delituoso.
A.2 – Arquivamento subjetivo.
Sujeito – Mévio e Josefa
Delito – furto
Denunciado – Josefa
Arquivamento - Mévio
O arquivamento subjetivo recai sobre a pessoa..
B - Arquivamento implícito
O arquivamento implícito também poderá ser objetivo ou subjetivo. Ele ocorre quando o MP oferece denúncia por um fato ou pessoa, silenciando com relação a outro fato ou pessoa. Será como se tivesse ocorrido o esquecimento, porém este não houve. O MP deixou de oferecer denúncia pelo fato ou pessoa porque não possuía elementos mínimos para tanto.
Obs: O STF entende que o arquivamento implícito é ilegal, porque dificulta o controle dos princípios da obrigatoriedade e da indivisibilidade, que norteiam as ações penais públicas.
5 – Definitividade da decisão de arquivamento
A decisão que ordena o arquivamento faz coisa julgada formal. Ela traz ínsita a cláusula
rebus sic stantibus
i.e., mantida a situação da coisa, em razão disso, surgindo noticias novas é possível desarquivar (art. 18, CPP).
Art. 18.  Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
A – Espécie de prova nova
A.1 – Prova formalmente nova
É a prova que não existia ao tempo do inquérito, mas que não muda a situação fática que ensejou o arquivamento. Ex: testemunha ouviu dizer.
A.2 – Prova substancialmente nova
É a prova que não existia ao tempo do inquérito, mas que altera a situação fática que ensejou o arquivamento.
É essa a espécie de prova que autoriza o desarquivamento. Ex: testemunha viu o corpo aparecer em determinado local.
6 – Art. 18 do CPP x Súmula 524 do STF
Art. 18 do CPP	- noticia de novas provas		= desarquivamento do inquérito.
S. 524 do STF	- existência de novas provas	= propositura de ação penal
								(oferecimento de denúncia)
O art. 18 do CPP trata do desarquivamento e exige somente notícias de novas provas para que o inquérito possa ser desarquivado. A Súmula 524, no entanto, trata do início da ação penal e exige a existência de novas provas para que o MP possa oferecer denúncia.
1) CASO CONCRETO:
R: o ART. 10, § 1o, CPP, determina que o Delegado, ao final do inquérito, faça o relatório e encaminhe pra o juiz que atua no órgão com competência para julgamento, e esse encaminhará o inquérito para o MP. Entretanto, o sistema adotado na Constituição é o acusatório, cabendo ao MP a função privativa de promover a Ação Penal Pública, conforme o art. 127, I, CF/88. Assim sendo, mais adequado seria o delegado encaminhar o inquérito diretamente para o MP.
2) QUESTÃO OBJETIVA:
(B) - A instauração de inquérito policial é dispensável caso a acusação possua elementos suficientes para a propositura da ação penal.
3) QUESTÃO OBJETIVA:
(b) – Considerando que ocorrera prisão em flagrante, ante a não assinatura do termo de Comparecimento ao JECRIM, deve o Delegado de Polícia lavrar auto de prisão em flagrante, fixando fiança.
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Prof. Paulo Renato
28/03/2017
7 – Arquivamento e queixa crime substitutiva
Queixa crime substitutiva é um nome da petição que deflagra a Ação Penal Privada Subsidiária da Pública. Esta tem cabimentoquando o MP fica inerte, deixando transcorrer
in albis
(em branco) os prazos do art. 46, CPP, para oferecimento da denúncia.
        Art. 46.  O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
Nas hipóteses em que o MP requer o arquivamento ele não fica inerte, não cabendo, portanto, a propositura de Ação Penal Privada Subsidiária da Pública, por meio da “queixa crime substitutiva” (nome da petição).
Obs: Fase pré-processual é a fase de inquérito.
8 – Prazos para a conclusão do inquérito
A – Regra geral
Art. 10, CPP:
Art. 10.  O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
- 10 dias	- indiciado preso
- 30 dias	- indiciado solto
B – Exceção com o indiciado preso
B.1 – Justiça Federal:
15 dias prorrogáveis por mais 15 dias – Art. 66, Lei 5.010/66.
B.2 – Prisão temporária (garantir a eficácia do inquérito):
B.2.1 – Regra – 5 dias prorrogáveis por mais 5 – Art. 2º, Lei 7.960/89.
B.2.2 – Crimes hediondos e equiparados – 30 dias prorrogáveis por mais 30 – Art. 2º, Lei 8.072/90.
C – Lei de Drogas (equiparado a hediondo)
Art. 51, Lei 11. 393/66:
- 30 dias - indiciado preso.
- 90 dias - indiciado solto.
9 – Arquivamento e análise do mérito
A decisão que ordena o arquivamento, via de regra faz coisa julgada formal, mas traz insta cláusula rebus sic stantibus, razão pela qual, surgindo notícias de novas provas, é possível o desarquivamento. Contudo, se o juiz, ao ordenar o arquivamento analisar o mérito, reconhecendo, por exemplo, prescrição ou atipicidade da conduta, essa decisão fará coisa julgada material, não podendo haver o desarquivamento.
- coisa julgada material (com mérito) – Ex: atipicidade, prescrição, etc.
- coisa julgada formal (sem mérito) – falta de provas.
I – AÇÃO PENAL
1 – Conceito
Ação é o direito de exigir do Estado o poder dever de prestar a jurisdição.
2 – Natureza Jurídica
É direito subjetivo público, abstrato e autônomo. (É direito potestativo – o sujeito exerce diretamente e à sua decisão, sujeitando a parte).
3 – Titularidade
	O titular do direito de ação penal é o Estado, porque é dele o direito de punir.
4 – Exercício do direito de ação
A – Ação Penal Pública
Na ação penal pública quem exercita o direito de ação é o MP. Este não é o dono da ação, é mandatário (art. 42, CPP).
        Art. 42.  O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
B – Ação Penal Privada
O Estado, na ação penal privada, concede Legitimidade Extraordinária. Os legitimados, via de regra, são: o ofendido, seu representante legal nos casos de incapacidade, ou seus sucessores (cônjuge, ascendente, descendente, ou irmão) nos casos de morte ou declaração de ausência por sentença. A exceção é a Ação Penal Privada Personalíssima, na qual a legitimidade pertence somente ao ofendido.
5 – Condições para o Legítimo Exercício do direito de ação
A – Condições Genéricas:
1 – Legitimidade;
2 – Interesse de agir;
3 – Possibilidade Jurídica do Pedido;
4 – Justa causa (essa posição é genérica).
A.1 – Justa Causa na Ação Penal
A Justa Causa para o início de ação penal consiste em indício suficiente de autoria e provas da existência de uma infração penal.
B – Condições específicas na Ação Penal
Toda e qualquer ação deve preencher as condições genéricas para o legítimo exercício do direito de ação. Algumas ações, no entanto, além destas, devem preencher também condições específicas como, p.e., a representação, nos crimes de ação penal pública condicionados à representação.
Obs: A representação, do ponto de vista da Teoria Geral do Processo, é uma condição específica para o legítimo exercício do direito de ação. Porém, no PP, normalmente ela recebe a denominação de “Condição de Procedibilidade”.
6 – Classificação Subjetiva da Ação Penal
Ação Penal:
A – Pública		a.1 – Incondicionada
			a.2 – Condicionada:	a.2.1 – à representação
							a.2.2 – à requisição do Ministro da Justiça
B – Privada Subsidiária da Pública
C – Privada		c.1 – exclusiva ou propriamente dita
			c.2 - personalíssima
No Processo penal, via de regra, as ações penais são públicas incondicionadas. No silêncio do legislador, essa será a natureza da ação.
As ações penais serão públicas condicionadas ou ações penais privadas quando o legislador expressamente determinar.
Art. 145, CP	- Crime contra a honra: AP Privada Exclusiva.
        Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Art. 236, § ú., CP	- Casamento com erro essencial e ocultação de impedimento: AP Privada Personalíssima.
        Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
        Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Art. 145, p.u., CP, DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL:
        Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
        Parágrafo único.  Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
141, I	- Crime contra a honra do Presidente da República: AP Pública condicionada à requisição do Min. da Justiça.
141, II	- Crime contra a honra de Func. Público: AP Pública condicionada à representação.
140, § 3o - Injúria preconceituosa: AP Pública condicionada à representação.
Art. 147, CP	- Ameaça: AP Pública condicionada à representação.
        Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
        Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
Art. 182, CP	- Crime contra patrimônio de cônjuge, irmão, tio ou sobrinho coabitante: AP Pública Condicionada à Representação. 
Obs: Patrimônio de pai para filho é antecipação de herança.
Art. 88, Lei 9.099/95 JECRIM - Lesão: AP Pública Condicionada à representação.
Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.
Art. 225, CP	- Crime contra a liberdade sexual: AP Pública Condicionada à Representação. 
Art. 225.  Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.
Art. 225, p.ú., CP	- Liberdade sexual de menor ou vulnerável: AP Pública Incondicionada.
Parágrafo único.  Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
Art. 41, Lei 11.340/06 – Violência doméstica – não se aplica Lei 9.099/95: AP Pública Incondicionada.
Art. 121, CP	- Crime contra a vida: não tem exceção, é AP Pública Incondicionada.
Art. 157, CP	- Crime contra o patrimônio “Roubo”: não tem exceção, é AP Pública Incondicionada.
Art. 129, §§ 1º, 2º, 3º, CP	- Lesão corporal grave, gravíssima, seguida de morte: não tem exceção, é AP Pública Incondicionada.
1) CASO CONCRETO:
R: Trata-se de arquivamento implícito subjetivo. A Súmula 524, STF, exige a existência de novas provas para queo MP possa oferecer denúncia após o arquivamento do inquérito. Assim sendo, para os que entendem que o arquivamento implícito é válido, no caso concreto o MP somente poderá oferecer denúncia se sobrevier provas substancialmente novas. Porém, o STF entende que o arquivamento implícito é ilegal, razão pela qual, não se aplica a S. 524, STF, podendo o MP oferecer denúncia.
2) QUESTÃO OBJETIVA:
(d) - Requerer o arquivamento a conduta típica, porém prescrita. Se alegar a prescrição e o juiz reconhecer é questão de mérito – coisa julgada material.
3) QUESTÃO OBJETIVA:
(C) – Em caso de cognição imediata, autoridade policial instaurou inquérito, concluindo não haver crime. Deve relatar o inquérito policial, sugerindo ao MP seu arquivamento, o que será apreciado pelo juiz.
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Prof. Paulo Renato
04/04/2017
7 – Princípios
A – Da Oficialidade (remete aos Princípios: Da Obrigatoriedade e Da Indisponibilidade)
	As normas que regulam as Ações Penais Públicas são ditas OFICIAIS porque elas não podem ser afastadas pela vontade das partes, tendo em vista que são cogentes (não são dispositivas) de interesse público.
B – Da Obrigatoriedade
Concluído o inquérito, se existirem elementos mínimos necessários, o MP estará obrigado a oferecer a denúncia, não podendo deixar de fazer por questão de foro íntimo tais como:
- convicção ideológica, filosófica, religiosa, etc.
C – Da Indisponibilidade
	Depois de iniciada a ação penal o MP não poderá dela desistir (art. 42, CPP).
        Art. 42.  O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
D – Da Indivisibilidade
	Nos casos de concurso de pessoas, havendo indícios suficientes de autoria, o MP deverá oferecer denúncia em face de todos os autores ou partícipes, não podenedo deixar alguém de fora por questões de foro íntimo.
E – Da Intrancedência
	A ação penal não pode ultrapassar as pessoas que praticaram o delito.
III – AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
	Nos crimes de APPI o MP estar obrigado a propor a ação, não havendo necessidade da implementação de nenhuma condição específica para legitimar o direito de ação.
III – AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO
1 – LEGITIMIDADE
	A legitimidade para fazer a representação pertence ao ofendido, ao representante legal, em caso de incapacidade (art. 24, caput, CPP), ou sucessores (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão), nos casos de morte ou declaração de ausência por sentença, conforme art. 24, p.ú., CPP).
Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
        § 1o  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Obs: Os crimes contra a honra de funcionário público no exercício da função é de APPCR por força do art. 145, p.ú., CP. Porém a S. 214, STF estabelece legitimidade concorrente mediante queixa do ofendido e do MP mediante representação. Assim sendo, nos crimes contra a honra do funcionário público, no exercício da função, a ação poderá ser Pública Condicionada à Representação ou Ação Penal Privada.
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
2 – Prazo Decadencial
	O artigo 38, CPP, estabelece que o legitimado dispõe de um prazo decadencial de seis (06) meses, contados do dia em que tiver ciência de quem foi o autor do delito. (prova)
        Art. 38.  Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Menor de 18 anos
	Nas hipótese em que a vítima seja menor de dezoito (18) anos, somente o seu representante legal poderá fazer a representação, dispondo de um prazo decadencial de seis meses. Porém a doutrina e a jurisprudência entendem que quando o menor completar dezoito (18) anos se iniciará para ele o prazo decadencial de seis meses.
Ex: Ameaça verbal:
vítima 17 anos _____6 meses_(representante legal)
vítima 17 anos _____ (vítima)_____ vítima 18 anos_______6 meses__
3 – Eficácia Objetiva
	A representação possui Eficácia Objetiva, ela é do fato e envolve todas as pessoas que dele tenham participado, conhecidas ou não pela vítima.
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:
        Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
        Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
Ex: Fato: Sair sem pagar do motel do Sr. Joaquim.
Tício, Tícia, Mévio e Mévia usam um quarto e saem sem pagar. Sr. Joaquim conhece Tício e Mévia, e representa contra eles pelo fato. Porém, outros estavam envolvidos.
A denúncia é relativa ao fato, envolvendo todos, mesmo que conhecidos apenas dois.
4 – Natureza Jurídica
Condição de PROCEDIBILIDADE
	A representação é uma condição de procedibilidade, sem a qual o MP não pode oferecer denúncia. Do ponto de vista da Teoria Geral do Processo, a representação é uma condição específica para o legítimo exercício do direito de ação.
5 – Retratação e seu efeito
	A retratação é a retirada da representação. Ela pode ser ocorrer antes do oferecimento da denúncia, conforme art. 25, CPP. O seu principal efeito é a retirada da condição de procedibilidade, impedindo a propositura da ação pelo MP.
				 Retratação				 Retratação
 10/02____________20/03__________30/04_____________19/06___________15/07____________11/08
Ameaça verbal	 Representação	 Retratação da Retratação 	 Retratação da Retratação
Deram-se as retratações antes de o MP oferecer a denúncia.
Não cabe a denúncia de 11/08. Decadência do prazo de seis (06) meses.
IV – AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA
A requisição do Ministro da Justiça é uma condição de procedibilidade sem a qual o MP não pode oferecer denúncia. 
O art. 25, CPP, não prevê a retratação da requisição do Ministro da Justiça. Alguns autores entendem que ela é possível fazendo analogia no art. 25, CPP. Contudo prevalece o entendimento de que não cabe a retratação da requisição do Ministro da Justiça em razão da relevância dos bens jurídicos tutelados por essa espécie de ação. O Legislador não quis incluir retratação da requisição do Ministro da Justiça no art. 25, CPP, de forma proposital. Trata-se de um silêncio eloquente para impedir referida retratação.
V – CURADOR ESPECIAL
	Nas hipóteses em que o ofendido é incapaz, se ele não possuir representante legal ou se os interesses do incapaz colidirem com os de seu representante, o juiz, de Ofício ou a requerimento do MP, nomeará um curador especial, na forma do art. 33, CPP.
        Art. 33.  Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.
Obs: No cível o MP atua para defender o interesse do incapaz
VI – AÇÃO PENAL PRIVADA
1 – Princípios
A – Da Oportunidade
	O legitimado para a Ação Penal Privada (legitimidade extraordinária) tem a faculdade de propor ou não ação. Caso ele decida propor a ação, poderá fazer no momento em que entenda ser mais oportuno, dentro do prazo decadencial de seis (06) meses, se demorar cinco (05) meses para levarà autoridade e a investigação demorar mais de um (01) mês, decai o direito de queixa ou representação).
B – Da Disponibilidade (diametralmente oposto ao P. da Oportunidade)
	Depois de iniciada a Ação Penal Privada, o querelante pode desistir da ação por meio do perdão ou da perempção, a qualquer tempo, até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
C – Da Indivisibilidade
	Alguns casos de concurso de pessoas, havendo indícios suficientes de autoria, o legitimado deverá propor a ação em face de todos os coautores ou partícipes. Caso deixe alguém de fora por questão por questão de foro íntimo, tal ato será considerado renúncia tácita, que se estenderá a todos os coautores e partícipes.
D – Da Indivisibilidade ação penal não pode ultrapassar a pessoa que praticou o delito.
2 – LEGITIMIDADE ATIVA
A – Ação Penal Exclusivamente Privada ou propriamente dita
Os legitimados para propor a ação são:
- o ofendido, seu representante legal nos casos de incapacidade (art. 30, CPP), ou sucessores (cônjuge, ascendente, descendente, irmãos) no caso de morte ou declaração de ausência por sentença judicial (art. 31, CPP).
        Art. 30.  Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo caberá intentar a ação privada.
        Art. 31.  No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
B – Ação Penal Privada personalíssima
A legitimidade ativa pertence somente ao ofendido.
3 – CONDIÇÕES PARA O LEGÍTIMO EXERCÍCIO DO DIREITO DE AÇÃO PENAL PRIVADA
	As Ações Penais Privadas, assim como toda e qualquer ação, devem preencher as condições genéricas para o legítimo exercício do direito de ação.
	A Ação Penal Privada Personalíssima do art. 236, CPP, além das condições genéricas deverá preencher também uma condição específica, que é o trânsito em julgado da sentença que anula o casamento no juízo cível.
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
        Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
        Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
1) CASO CONCRETO:
R: Não pode o MP deixar de oferecer denúncia. A conduta praticada pelo acusado é de ação penal pública incondicionada, devendo o MP oferecer denúncia se estiverem presentes os elementos mínimos necessários, não podendo deixar de fazê-lo por questões de foro íntimo em razão do Princípio da Obrigatoriedade. Assim sendo, o MP não poderá acatar o pedido da vítima.
2) QUESTÃO OBJETIVA:
(a) – Paulo Ricardo, funcionário público, ofendido em razão do exercício de suas funções. Será concorrente a legitimidade de Paulo Ricardo, mediante queixa-crime, e a do MP, condicionada à representação do ofendido. S. 714, STF.
3) QUESTÃO OBJETIVA:
(D) – Maria, 18 anos, vítima de crime processado mediante Ação Penal Pública Condicionada à Representação. Caso Maria exerça seu direito à representação e o MP não promova a ação penal no prazo legal, Maria poderá mover Ação Penal Privada Subsidiária da Pública.
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Prof. Paulo Renato
11/04/2017
4 – CAUSAS EXTINTIVAS DO DIREITO DE AÇÃO PENAL PRIVADA
										Perdão																Renúncia			queixa-crime			Perempção
A – Renúncia
A renúncia é uma causa extintiva de punibilidade, por meio da qual o legitimado abdica de propor a Ação Penal Privada. Art. 107, V, CP.
        Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
              V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
A.1 – Características
A renúncia ocorre antes do inicio da Ação Penal Privada, e consiste num ato unilateral.
A.2 – Formas
A.2.1 – Renúncia expressa – ela é feita de forma escrita (art. 50, CPP).
        Art. 50.  A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.
A.2.2 – Renúncia tácita – importa na prática de qualquer ato incompatível com a vontade de propor a ação penal, tais como: tornar-se amigo íntimo do ofensor (namorado/namorada, etc).
Obs: A renúncia tácita admite qualquer meio de prova permitido em direito (art. 57, CPP).
        Art. 57.  A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova.
A.3 – Extensão da renúncia
Nos casos de concurso de pessoas, a renúncia feita para um dos indivíduos a todos se estenderá (art. 49, CPP).
        Art. 49.  A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
B – Perdão
	O perdão é uma causa extintiva de punibilidade (art. 107, V, CPP, supra) por meio da qual o querelante desiste de prosseguir com a ação penal por motivo de indulgência.
B.1 – Características
	O perdão ocorre após o início da ação penal e consiste em um ato bilateral, porque exige a aceitação do querelado, conforme art. 51, CPP.
        Art. 51.  O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
B.2 – Formas
B.2.1 – Perdão processual – ele é oferecido diretamente dentro do processo, por escrito, por meio de uma petição, ou verbalmente, em audiência.
Obs: Perdão judicial – quando a ação penal, pública ou privada, é considerada excesso, pois o réu já é considerado punido pela perda.
B.2.2 – Perdão extraprocessual – ele é oferecido fora do processo e trazido aos autos posteriormente, como prova da extinção da punibilidade. Pode ser expresso, se oferecido por escrito, ou tácito, que importa em qualquer ato incompatível com a vontade de prosseguir com a ação penal privada.
Obs: O perdão tácito pode ser comprovado por meio de qualquer prova admitida em direito (art. 57, CPP, supracitado).
B.3 – Extensão do perdão
Nos casos de concurso de pessoas, o perdão oferecido para um dos indivíduos a todos se estenderá, salvo para aquele que recusar.
B.4 – DIES AD QUEM de perdão
	O último dia em que pode ser oferecido perdão é o dia do trânsito em julgado da sentença penal (art. 106, CP).
        Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito:
        § 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória. 
C – Perempção
	É a causa extintiva de punibilidade quando se verifica uma das hipóteses do art. 60, CPP (art. 107, IV, CP).
        Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
        IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
        Art. 60.  Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
        I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
        II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
        III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
        IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
VII – AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA
	Trata-se de uma Ação Penal Pública em que o MP fica inerte, deixando transcorrer os prazos do art. 46, CPP. Nessas hipóteses, o art. 5º, LIX, CFRB e o art. 29, CPP, conferem legitimidade extraordinária subsidiária para o ofendido, seu representante legal ou sucessores provocarem o Poder Judiciário por meio de Ação Penal Privada Subsidiária da Pública.
        Art. 46.  O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Públicoreceber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
        Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
1 – NATUREZA JURÍDICA DA APPSP
	A APPSP é uma ação penal pública que se torna privada em razão da inércia do MP. Porém, ela não perde as características de pública, porque nela não cabe a renúncia, o perdão ou perempção. Caso isso ocorra o MP retoma o polo ativo, voltando a ação a ser pública.
2 – PRAZO DECADENCIAL
	O art. 38, CPP, estabelece que o legitimado possui um prazo decadencial de seis meses para propor a Ação Penal Privada Subsidiária da Pública, contados do dia em que o MP perdeu o prazo do art. 46, CPP. Entretanto, os prazos do art. 46, CPP, são impróprios para o MP, i.e., não geram preclusão temporal, porque o MP pode oferecer denúncia a qualquer tempo, até que ocorra a prescrição da pretensão punitiva do Estado.
	Assim sendo, a relevância dos prazos do art. 46, CPP, é marcar o DIES A QUO, i.e., o dia de início do prazo decadencial para o legitimado propor a Ação Penal Privada Subsidiária da Pública 
									6 meses
							Legitimado					 5 dias											prescrição		 art. 46
Réu preso						 MP		
VIII – INTERVENÇÃO DO MP
1 – Ação Penal Exclusivamente Privada e Ação Penal Privada Personalíssima
	O MP é fiscal da Lei. Ele atuará como fiscal do Princípio da Indivisibilidade (art. 48, CPP, supracitado). 
	O MP não possui legitimidade para propor Ação Penal Privada. Caso o legitimado deixe alguém de fora da queixa-crime, o MP no máximo poderá requerer ao juiz para intimar o querelante, a fim de justificar as razões pelas quais deixou alguém de fora.
2 – Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
	O MP é assistente obrigatório. Ele poderá repudiar a queixa e oferecer denúncia. Caso aceite a queixa-crime substitutiva, irá atuar obrigatoriamente ao lado do querelante, produzindo provas, fazendo alegações e recorrendo, se for o caso.
	Nas hipóteses de negligência do querelante o MP retoma o polo ativo, voltando á Ação Penal Pública, conforme art. 29, in fine, CPP.

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