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RESUMO D. PROCESSUAL PENAL II

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15/05/2017 ajudajuridica.com/material­estudo/processo­penal­ii­resumo­compacto­para­provas/?print=print
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Processo Penal II – Resumo Compacto para Provas
Processo Penal II – Resumo Compacto para Provas
Fonte: Universidade Estácio de Sá e IBMEC
 
PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROCESSO PENAL:
 
1) Princípio da verdade real – o que se busca no processo é a verdade, pelo menos teoricamente. A reprodução dos fatos
deve ser como realmente aconteceu. O processo é o instrumento de apreciação da verdade.
 
2)  Princípio  da  indisponibilidade  –  só  existe  na  ação  penal  pública.  Quando  se  tratar  de  crime  de  ação  penal  pública
ninguém pode dispor do processo. É de competência do Ministério Público é ele que promove a ação penal pública e uma
vez  ajuizada,  ela  torna­se  indisponível,  ninguém  nem  o Ministério  Público  pode  desistir  da  ação  penal  pública,  porque
mesmo existindo a vítima, o direito é coletivo e não apenas dessa vítima. Nenhum efeito tem a vontade da parte, porque esse
tipo de ação é indisponível. De acordo com a Lei 9099/95 pode ser suspenso o processo para os casos em que a pena mínima
não é superior a um ano. Se decorrido o prazo de suspensão, a pessoa cumpre tudo, o processo é extinto. Esse é um tipo de
exceção para o princípio da indisponibilidade. Art. 129, I, CF.
 
3) Princípio da obrigatoriedade – só ocorre nas ações penais públicas. Não existe no juizado especial criminal porque lá
mesmo a ação penal pública incondicionada não é obrigatória. Nos demais é obrigatória. Naqueles casos previstos na Lei
9099/95,  nessa  lei  há  a  possibilidade  da  transação.  Nos  demais  casos  dessa  ação  estando  presentes  todos  os  seus
pressupostos, o Ministério Público é obrigado a propô­la.
 
4) Princípio do contraditório (art. 5º , LV, CF) – ninguém pode abrir mão da defesa, ou tem defesa ou o processo é nulo.
Nesse caso a nulidade é absoluta. Art. 261, CPP.
 
5) Princípio do devido processo legal  (art. 5º  , LIV, CF) – ninguém será privado da sua  liberdade e de seus bens sem o
devido processo legal. Tem que haver necessariamente o processo.
 
6) Princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas ( art. 5 º, LVI, CF) – não se admite no processo as provas produzidas
ilicitamente, tudo o que for obtido de forma criminosa, ilícita não deve servir de prova no processo penal. Na prática não
acontece  bem  assim.  Ex.:  um  grampo  telefônico,  interceptação  de  cartas  não  são  admissíveis.  Alguns  doutrinadores
entendem que a prova mesmo ilícita mas verdadeira deve ser admitida, essa é a posição da minoria. O que prevalece é o que
está na Constituição Federal.
 
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7) Princípio da presunção de inocência (art. 5 º, LVII, CF) – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória. Enquanto não existir uma sentença definitiva que o condene, o réu é considerado inocente.
Todo réu goza da presunção constitucional de inocência.
 
8) Princípio do favor­ rei – toda vez que a lei penal ou a lei processual penal comportar mais de uma interpretação ou uma
interpretação divergente, deve prevalecer aquela que seja mais benéfica para o réu. Se houver dúvida que se decida em favor
do réu – indubio pro réu. A condenação só pode existir quando houver a certeza da prova.
 
9) Princípio da oficialidade – é próprio apenas da ação penal pública. Só quem promove a ação penal pública é o Estado
por  intermédio  do  seu  órgão  oficial  público,  que  é  o  Ministério  Público  (art.  129,  I,  CF).  compete  privativamente  ao
Ministério Público o patrocínio da ação penal pública.
 
10)  Princípio  da  publicidade  –  os  atos  processuais  no  processo  criminal  são  públicos,  salvo  exceções  (art.  792,  CPP).
Quanto a imprensa o réu pode exigir que não tire fotos, por exemplo, mas a imprensa pode assistir o processo.
PRINCIPAIS TIPOS DE PROCESSO:
Inquisitório – o inquérito policial é inquisitório, enquanto que o nosso processo penal é acusatório. Surgiu por intermédio
do  tribunal  da  inquisição.  Tinha  como  características  básicas:  o  próprio  juiz  era  quem  instaurava  o  processo,  julgava,
procedia  ele  mesmo  a  toda  instrução;  os  processos  eram  na  maioria  dos  casos  secreto;  não  havia  contraditório,  não  se
permitia a defesa. Ocorreu no Brasil na época do descobrimento e na Europa. Instaurava o processo por mera denúncia; não
havia  nenhuma  garantia  para  o  cidadão;  o  juiz  podia  decidir  com  base  em  afirmações  extra­  autos  e  ele  não  precisava
fundamentar suas decisões.
 
Acusatório – é o processo penal moderno. As funções de ingressar no processo, de julgar e defender pertencem a órgãos
diversos;  existe  o  princípio  da  absoluta  igualdade  entre  as  partes  (todos  estão  no  mesmo  pé  de  igualdade);  o  juiz  está
obrigado a fundamentar as suas decisões; o contraditório é uma exigência que não pode deixar de existir. Só há uma decisão
judicial  que  não  é  fundamentada,  é  a  decisão  (voto)  dos  jurados  no  tribunal  do  júri  em  que  eles  estão  até  proibidos  de
fundamentar.
 
Misto – o processo teria a junção da parte condenatória e da parte inquisitória. Quando a ação penal tiver sido precedida de
um inquérito policial é um exemplo desse tipo de processo, já que o inquérito policial é inquisitório, enquanto que a ação
penal é acusatória. Há casos em que a ação penal não é precedida de inquérito é o caso do processo acusatório.
 
A prova penal::  a  doutrina,  em  geral,  conceitua  prova  como  elemento  (ou  elementos)  que,  no  processo  penal,  buscam
demonstrar  a  autoria  do  fato  criminoso.  E  a  respectiva  materialidade,  com  o  objetivo  de  agregar  elementos  para  os
participantes do processo (Juiz, Ministério Público, defensor, delegado, advogado) para formar a convicção e a construção
jurídica  das  respectivas  argumentações.  Em  regra,  as  provas  são  colhidas  na  fase  do  procedimento  administrativo,
denominado inquérito policial.
        Na fase processual, realiza­se a produção de provas (testemunhas, documentos, pericia, exame grafotécnico,
DNA, exames radiográficos, etc.) observando­se o principio do contraditório.
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        Vedação de provas ilícitas: diz o artigo 5º, inciso LVI que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
por meios ilícitos”. Portanto, podemos concluir que todas as provas obtidas por meio lícitos podem ser usadas.
 
– Objeto da prova:  são  todos  os  fatos,  principais  ou  secundários,  que  reclamem uma  apreciação  judicial  e  exijam uma
comprovação. Todavia, existem determinados fatos que se excluem da necessidade de comprovação, que são:
               Fatos axiomáticos: são aqueles considerados evidentes, que decorrem da própria intuição, gerando grau de
certeza irrefutável. São fatos indiscutíveis, induvidosos, que dispensam questionamentos de qualquer ordem.
        Fatos notórios: assim considerados os que fazem parte do patrimônio cultural de cada pessoa. São fatos que
todo mundo sabe serem verdadeiros. O que é notório dispensa prova.
        Presunções legais: são juízos de certeza que decorrem da lei. Classificam­se em absolutas (que não aceitam
prova em contrário) e relativas (admitem a produção de prova em sentido oposto).
                Fatos  inúteis:  são  os  que  não  possuem nenhuma  relevância  na  decisão  da  causa,dispensando,  inclusive,
analise pelo julgador.
        Fatos incontroversos: ao contrario do Processo Civil, os fatos incontroversos não dispensam a prova, podendo
o juiz, inclusive, determinar, no curso da instrução ou antes de proferir sentença, a realização de diligencias para
dirimir a duvida sobre ponto relevante.
 
– Tipos de prova:
1. a) Quanto ao objeto:
       Provas diretas: são aquelas que por si sós demonstram mo próprio fato objeto da investigação.
       Provas indiretas: são aquelas que não demonstram, diretamente, determinado ato ou fato, mas que permitem
deduzir tais circunstâncias a partir de um raciocínio lógico.
 
1. b) Quanto ao valor:
           Provas  plenas:  são  aquelas  que  permitem  um  juízo  de  certeza  quanto  ao  fato  investigado,  podendo  ser
utilizadas, inclusive, como elemento principal na formação do convencimento do juízo acerca da responsabilidade
penal do acusado.
             Provas  não  plenas:  são  aquelas  que,  inseridas  em  condição  de  provas  circunstanciais,  podem  reforçar  a
convicção do magistrado quanto a determinado  fato, não podendo, porem,  ser  consideradas como o  fundamento
principal do ato decisório.
 
–  Sistema  de  apreciação  das  provas:  o  direito  pátrio  adota  o  chamado  sistema  do  livre  convencimento  motivado  (ou
persuasão  racional)  para  a  apreciação  das  provas.  O  mesmo  está  previsto  no  artigo  155  do  CPP,  que  diz  que  “O  juiz
formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua
decisão  exclusivamente  nos  elementos  informativos  colhidos  na  investigação,  ressalvadas  as  provas  cautelares,  não
repetíveis e antecipadas.” Assim, pode­se concluir com relação a esse sistema:
1)       Não limita o juiz aos meios de prova regulamentados em lei. Isso que dizer que, sendo licitas e legitimas, mesmo as
formas inominadas de prova poderão ser admitidas na formação da convicção do julgador.
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2)       Caracteriza­se pela ausência de hierarquia entre os meios de prova. O livre convencimento motivado não estabelece
valor prefixado na  legislação para cada meio de prova, nada  impedindo, portanto, que o  julgador venha a conferir maior
valor  a  determinadas  provas  em  detrimento  de  outras.  Entretanto,  essa  liberdade  não  e  absoluta,  encontrando  restrições
impostas na Lei e na Constituição, quais sejam:
1. a)       Necessidade de motivação: essa exigência decorre, principalmente, da Constituição, a qual, no artigo 93, IX,
obriga à motivação das decisões judiciais. Mas também está no próprio CPP, que diz, em seu artigo 381, I, que “a
sentença conterá a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão”.
2. b)             As  provas  deverão  constar  nos  autos  do  processo  judicial:  não  pode,  assim,  o  magistrado  formar  sua
convicção com base em elementos estranhos ao processo criminal.
3)       Exige, para fins de condenação, que as provas nas quais se fundar o juiz tenham sido produzidas em observância às
garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
 
1. a) Sistema da intima convicção (ou prova livre):  trata­se do sistema que confere ao  julgado  total  liberdade na
formação  de  seu  convencimento,  dispensando­se  qualquer  motivação  sobre  as  razoes  que  o  levaram  a  esta  ou
àquela decisão. Esse sistema não é a regra do CPP, sendo usado apenas nos julgamentos feitos pelo Tribunal do
Júri, caso em que o veredicto absolutório ou condenatório tem origem em um Conselho de Sentença, integrado por
pessoas do povo (os jurados).
 
–  Fases  do  procedimento  probatório:  são  quatro  as  etapas  que  compõem  o  procedimento  de  produção  de  provas  no
processo penal. São os seguintes momentos:
1) Proposição:  é  a  fase  na  qual  as  provas  são  requeridas  pelas  partes  ao  julgador  ou  por  elas  trazidas  à  sua  admissão.
Existem  dois momentos  de  propositura  das  provas:  no  pólo  acusatório,  no momento  do  oferecimento  da denúnciaou da
queixa crime e, no pólo defensivo, à fase de  resposta à acusação ou defesa prévia; e nos momentos extraordinários, que são
aquelas oportunidades de requerimentos de provas depois de já iniciada ou encerrada a instrução criminal.
2) Admissão: momento na qual as provas produzidas ou  requeridas pelas partes  serão deferidas ou não pelo magistrado.
Nos  momentos  ordinários,  as  provas  só  poderão  ser  indeferidas  se  forem  impertinentes  ao  processo.  Nos  momentos
extraordinários, poderão ser indeferidas pelo juiz a partir que esse se convença de que sãodesnecessárias para a formação de
seu convencimento, fazendo­o, é lógico, sempre fundamentadamente.
3) Produção: atos processuais destinados a trazer para dentro do processo as provas propostas pelas partes e admitidas pelo
magistrado. Exemplo: oitiva de testemunhas, requisição de documentos, etc.
4)       Valoração: normalmente, é o momento da própria sentença, no qual o juiz, valendo­se de seu livre convencimento e
sempre  motivando  seu  entendimento,  apreciará  cada  uma  das  provas  produzidas,  conferindo­lhes  o  valor  que  julgar
pertinente.
 
– Ônus da prova: cabem às duas partes, sendo:
  Acusação: provas os fatos constitutivos da pretensão punitiva (tipicidade da conduta, autoria, materialidade, dolo
ou culpa, etc.)
    Defesa:  fatos  extintivos,  impeditivos  ou  modificativos  da  pretensão  punitiva  (inexistência  material  do  fato,
atipicidade, excludentes de ilicitude, causas de diminuição da pena, privilegio, desclassificação, causas extintivas
da punibilidade, etc.).
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– As provas em espécie:
 
1 – Perícia (artigos 158 a 184 do CPP): xame de alguma coisa ou alguém, para comprovar a materialidade das infrações que
deixam vestígios.
1. a)       Natureza jurídica: meio de prova.
2. b)       Fundamento jurídico: exige­se pericia sempre que o delito deixar vestígios materiais.
3. c)         Autoridade responsável pela captação:  autoridade policial ou  judiciária. Diz o artigo 159 do CPP que o
perito  deve  ser  oficial    portador  de  diploma  universitário.  Na  falta  deste,  poderão  ser  duas  pessoas  idôneas,
portadora  de  curso  superior,  preferencialmente  na  área  especifica,  dentre  as  que  tiverem  habilitação  técnica
relacionada com a natureza do exame (artigo 159, §1º). Se for matéria complexa, que abrange mais de uma área de
conhecimento, poderá ser designado mais de um perito (artigo 159, §7º).
4. d)       Momento: na investigação, pela autoridade policial e no processo, com determinação do juiz.
5. e)         Meio  de  produção:  é direto  quando  realizado  diante  do  vestígio  deixado  pela  infração  penal. Exemplo:
necropsia do cadáver. Será indireto quando for realizado com base em informações fornecidas aos peritos quando
não houverem o vestígio deixado pelo delito, inviabilizando­o.
6. f)       Outras considerações:
        Serão facultados ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a
formulação de quesitos e  indicação de assistente técnico (artigo 159, §3º). Se for matéria complexa, que envolva
mais de uma área de conhecimento, poderão as partes apresentarem mais de um assistente técnico (artigo 159, §7º,
parte final).
        O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do
laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadasdesta decisão (artigo 159, §4º).
                O  perito  pode  ser  convocado  para  prestar  esclarecimentos  em  audiência,  caso  haja  duvidas  sobre  suas
considerações.  Para  isso,  o  mandado  deve  ser  encaminhado  com  antecedência  mínima  de  dez  dias  da  data  da
audiência (artigo 159, §5º, I).
        Os assistentes apresentarão seus laudos em data a ser fixada pelo juiz (artigo 159, §5º, II).
                Salvo  se  for  impossível  sua  conservação,  o material  que  for  alvo  de  pericia  poderá  ser  apresentado  em
audiência para melhores esclarecimentos, desde que haja requerimento por alguma das partes. (artigo 159, §6º).
        O laudo pericial será elaborado de forma a descrever minuciosamente a matéria alvo de exame (artigo 160). O
perito terá 10 dias para apresentar o laudo, mas esse prazo pode ser estendido a requerimento deste e deferimento
pelo juiz responsável (artigo 160, §único).
1. g)       Pericias em casos especiais: o CPP enumera vários casos de pericias especiais, a saber:
      Necropsia: trata­se do exame interno do cadáver, sendo obrigatório nos casos de morte violenta.
Existem três exceções:
1.   Quando a causa mortis for absolutamente certa.
2.   Quando não houver indicativos para a prática de infração penal.
3.   Quando não for possível a realização da necropsia em face do desaparecimento dos vestígios. Nesse caso, a prova
testemunhal poderá suprir a falta de exame, nos termo do artigo 167 do CPP.
 
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        Exumação (artigo 163, CPP): ato de retirar o corpo da sepultura, ou desenterrá­lo. Este procedimento exige
justa causa, ou seja, buscar evidencias acerca da morte do individuo. Inumação é o ato contrario da exumação, é
quando  se  enterra  um  individuo.  tanto  a  exumação  quanto  a  inumação,  se  for  realizadas  sem  a  observância  das
formalidade legais, importarão na legitimidade da prova, sem prejuízo de se configurar na contravenção penal do
artigo 67, da lei 3688/41.
        Lesões corporais graves (artigo 168, §§ 2º e 3º, CPP): entende­se como lesões corporais graves, aquelas que
incapacitam a vitima para as suas ocupações habituais por mais de 30 dias. A constatação da  incapacidade deve
ocorrer  a  partir  do  exame  complementar  realizado  logo  que  ocorram  os  30  dias  (artigo  168,  §2º).  Se  não  for
possível a realização do exame complementar após o decurso dos 30 dias, a doutrina majoritária entende que a
prova testemunhal suprirá essa falta. Se a natureza da lesão, por si só não permite a afirmação de que o ofendido
ficou,  efetivamente,  incapaz  para  as  ocupações  habituais,  impõe­se  a  desclassificação  do  crime  da  forma
qualificada do artigo 129, §1º, I, do CP para a forma simples do artigo 129, caput, desse artigo.
        Furto qualificado pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa (artigo 171, 1ª parte, CPP): trata­se
do furto cometido mediante arrombamento de portas e janelas, destruição de telhas, corte de cercas e qualquer outra
forma  de  violação  de  obstáculos.  A  pericia  será  necessária  para  constatação  do  rompimento  do  obstáculo  à
subtração da coisa. Se esta pericia não for realizada, entende a jurisprudência dominante que , se a não realização
da pericia ocorreu da circunstancia de que os vestígios desapareceram, admitir­se­a a comprovação do rompimento
por meio de prova testemunhal (artigo 167, CPP).
              Furto  qualificado  pela  escalada  (artigo  171,  2ª  parte,  CPP):  a  escalada  compreende  no  ingresso  em
determinado  lugar  por meio  anormal  e  com  emprego  de meios  artificiais  de  particular  habilidade  ou  de  esforço
sensível. Em tais casos, a exigência de pericia depende do caso concreto. Caso não seja possível a pericia, entende
o STJ que a prova pericial não é o único meio para comprovar a qualificadora da escalada, podendo ser suprida
por outros meios.
       Incêndio (artigo 173, CPP): o artigo 173 do CPP diz que no caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e
o  lugar em que houver começado, o perigo que dele  tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a
extensão  do  dano  e  o  seu  valor  e  as  demais  circunstâncias  que  interessarem  à  elucidação  do  fato.  Em  tese,  a
realização da pericia técnica é necessária para a comprovação do caráter criminoso do incêndio. No entanto, se o
conjunto probatório, ai se incluindo a prova testemunhal, permitir essa conclusão, a perícia pode ser dispensada.
              Porte  ilegal  de  arma  de  fogo  (artigo  175,  CPP):  dispõe  o  artigo  175  que  serão  sujeitos  a  exame  os
instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se lhes verificar a natureza e a eficiência. Aplicando
esse dispositivo ao crime de porte ilegal de arma de fogo infere­se que, em principio, a arma utilizada deverá ser
apreendida  e  submetida  a  exame  para  verificação  de  sua  potencialidade  ofensiva.  Não  há  doutrina  dominante
quando  à possibilidade de  condenação pelos  crimes dos  artigos 14  e 16 da Lei  10.826/2003 na hipótese de não
ocorrerem apreensão e periciamento. Porém, entende­se que não é necessário que a arma esteja municiada para a
configuração do crime de porte ilegal de arma.
               Roubo majorado pelo uso de arma de  fogo  (artigo 157, §2º do CP C/C artigo 175 do CPP):seguindo o
dispositivo do  artigo 175 do CPP,  a  pericia da  arma utilizada nos  crimes de  roubo  é necessária. Na hipótese de
ausência dessa pericia, compreende a jurisprudência do STF, assim como o do STJ, entende que o reconhecimento
de causa de aumento prevista no artigo 157, §2º, I, do CP, prescinde da apreensão e da realização de pericia da arma
quando provado seu uso no roubo, por outros meios de prova.
             Grafia  em  escritos  (artigo  174,  CPP):  trata­se  da  pericia  que  tem  a  finalidade  de  confrontar  a  grafia
incorporada a um determinado documento com a letra da pessoa suspeita de tê­lo produzido. Para a sua realização,
a  autoridade  policial  poderá  requisitar  documentos  existentes  em órgãos  públicos  para  fins  de  confrontação. Na
ausência de documentos para fins de confrontação, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado.
É entendimento consolidado que o indiciado ou acusado não pode ser obrigado a fornecer o material gráfico, sob
pena de violação do principio da não autoincriminação.
               Falsificação de documentos  (artigo 158, CPP):  a  exigência da pericia  fundamenta­se no  artigo 158,  que
obriga esse exame quando se tratar de um crime que deixa vestígio. Em tal situação, a perícia é indispensável, sob
pena de inviabilizar o prosseguimento da ação penal e a prolação da sentença penal condenatória.
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       Dano: compreende a jurisprudência que a falta do exame de corpo de delito não impede a propositura da ação,
não  só  porque  ele  pode  ser  produzido  na  fase  instrutória,  mas,  também,  porque  pode  ser  suprido  por  prova
testemunhal.
               Tortura  (Lei 9455/97):  é possível o  suprimento da pericia por outros meios de prova quando os vestígios
houverem desaparecido.
       Crimes contra a dignidade sexual: a materialidade dos crimes contra a dignidade sexual, havendo vestígios,
deverá ser atestada mediante exame de corpo de delito. Não obstante, é tranqüila a jurisprudência no sentido de que
os crimes contra a dignidade sexual, a despeito da previsão do artigo 158 do CPP, pode o exame de corpo de delito
ser suprido por outros meios de prova quando tiverem desaparecido osvestígios.
 
2 – Interrogatório do réu (artigos 185 a 196 do CPP): ato de inquirição do denunciado, para que este narre sua versão dos
fatos.
1. a)   Natureza jurídica: é um meio de defesa.
2. b)    Fundamento  jurídico:  é  um  ato  obrigatório,  personalíssimo,  oral,  público  e  individual.  Assim,  temos  que
analisar os seguintes requisitos:
         Ato  obrigatório:  tratando­se  da  oportunidade  de  que  dispõe  o  denunciado  de  informar  ao  juízo  sua  versão
quanto  aos  fatos,  o  aprazamento  do  interrogatório  no  curso  do  processo  penal  é  imprescindível,  sob  pena  de
nulidade processual.
       Ato personalíssimo: somente o  imputado pode e deve ser  interrogado, não sendo possível sua representação,
substituição ou sucessão neste ato por qualquer pessoa.
     Ato oral: a regra é que seja o  interrogatório  realizado por meio de perguntas e  respostas orais. Entretanto,  tal
oralidade não chega a ser essencial ao ato, tanto é que o próprio CPP expõe exceções para o caso do imputado ser
surdo, mudo, surdo­mudo ou estrangeiro.
     Ato público: o interrogatório, em regra, será um ato público, podendo qualquer pessoa assistir a ele. Destina­se
essa  publicidade  à  constatação  de  que  as  declarações  feitas  pelo  acusado  foram  feita  espontaneamente,  sem
nenhuma forma de pressão. Entretanto, se a publicidade do interrogatório causa escândalo, inconveniente grave ou
perigo de perturbação da ordem, o juiz pode determinar que o ato seja realizado às portas fechadas.
        Ato individual: na hipótese de existirem dois ou mais denunciados no mesmo processo, não permite o CPP o
interrogatório  conjunto.  Assim  sendo,  nesse  caso,  cada  denunciado  será  ouvido  em  separado  e,  caso  hajam
contradições nas versões, o juiz pode realizar uma acareação entre eles.
1. c)       Autoridade responsável pela captação: autoridade policial e judiciária.
2. d)       Momento: investigação e processo
3. e)      Meio de produção: direto, por ser um ato personalíssimo.
4. f)       Procedimento:
5.       Será feita a qualificação do acusado (artigo 185);
6.       O juiz advertirá o acusado quanto ao direito de silencio (artigo 186);
7.       Realização, pelo juiz, de perguntas ao acusado (artigo 187). Inicialmente, serão feitas as perguntas subjetivas
(ou seja, sobre o próprio denunciado). Logo em seguida, serão feitas as perguntas objetivas (sobre o fato), que são
aquelas contidas no artigo 187, §2º, I a VIII.
8.             O  juiz  facultará  às  partes  a  realização  de  perguntas  ao  interrogando,  apenas  podendo  indeferi­las  se
impertinente ou irrelevantes (artigo 188).
9. g)       Outras considerações:
               A presença do defensor no  ato do  interrogatório  é obrigatória,  sob pena de nulidade  absoluta. Ausente o
advogado constituído pelo acusado, o juiz nomeara um defensor para assisti­lo.
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                O  artigo  185,  §5º,  1ª  parte,  CPP,  assegura  a  acusado,  antes  do  inicio  de  seu  interrogatório,  o  direito  a
entrevistar­se individualmente com seu advogado.
          O acusado tem o direito de permanecer em silencio, sendo que tal silencio não pode ser interpretado como
confissão e nem pode ser interpretado em prejuízo de sua defesa.
        A qualquer tempo, poderá ser feito um novo interrogatório do acusado.
        Encontrando­se preso o acusado, o interrogatório será realizado em sala própria, no estabelecimento em que o
acusado estiver recolhido. Em caráter excepcional, poderá o acusado ser ouvido por videoconferência.
 
3 – Confissão (artigos 197 a 200, CPP) : trata­se da admissão de culpa feito pelo acusado da imputação que lhe foi feita. É
um ato voluntário (sem coação), expresso e formal.
1. a)       Natureza jurídica: é um meio de prova.
2. b)       Fundamento jurídico: direito do indiciado de admitir o fato, para conseguir o beneficio de atenuante.
3. c)       Autoridade responsável pela captação: autoridade policial ou judiciária.
4. d)       Momento: investigação e processo.
5. e)        Meio de produção:
6. f)       Classificação:
               Quanto ao momento: se não é realizada perante o juízo, é conhecida como extrajudicial. Se for realizada
perante o juiz, será chamada judicial.
         Quanto  à  natureza:  a  confissão  será  real  quando  for  efetivamente  realizada  pelo  investigado  ou  acusado,
perante autoridade, revelando a ele a autoria, circunstancias e motivação do delito cometido. A confissão será ficta
quando for feita através de ação ou omissão que leve à interpretação que o acusado é o autor do fato. Essa forma de
confissão não é reconhecida como prova no direito processual penal brasileiro, uma vez que não foi recepcionada
pela Constituição.
       Quanto à forma: será escrita quando realizada pelo próprio acusado por meio de carta, bilhete ou qualquer
outro documento escrito que venha a ser juntado aos autos ou, então, por meio de petições redigidas pelo advogado,
reconhecendo total ou parcialmente a acusação inserta na inicial acusatória. A confissão oral é aquela que decorre
da verbalização do acusado, perante autoridade policial ou judiciária ou por meio de interceptações telefônicas ou
ambientais (dentro do limite legal, obviamente).
       Quanto  ao  conteúdo:  a  confissão  será  simples  quando  o  acusado  limita­se  a  admitir  os  fatos  que  lhe  são
atribuídos. E  será qualificada  quando o  acusado  atribui  para  si  a  pratica da  infração, mas  agrega,  em  seu  favor,
fatos ou circunstancias que excluem o crime ou que o isentem de pena.
 
1. h)       Delação premiada: por delação premiada compreende­se o beneficio concedido ao criminoso que denunciar
outros  envolvidos na prática do mesmo crime que  lhe  está  sendo  imputado,  em  troca de  redução ou  até mesmo
isenção da pena imposta. No direto brasileiro,a  delação premiada está prevista em diversas leis, a saber:
        Lei dos crimes contra o sistema financeiro nacional (Lei 7492/86): redução da pena de um a dois terços (artigo
25, §2º).
      Código Penal: nos crimes de seqüestro, se houver concurso de agentes na sua prática, o que delatar os outros,
facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços (artigo 159, §4º).
       Lei dos crimes hediondos (Lei 8072/90): o participante que denunciar bando o quadrilha, possibilitando seu
desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços (artigo 8º, § único).
       Lei dos crimes contra a ordem tributária e relações de consumo (Lei 8137/90): redução de um a dois terços
(artigo 16, § único).
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      Lei do crime organizado (Lei 9034/95): nos crimes praticados em organização criminosa, a pena será reduzida
de um a dois terços, quando a colaboração espontânea do agente levar ao esclarecimento de infrações penais e sua
autoria (artigo 6º).
       Lei da lavagem de capitais (Lei 9613/90): A pena será reduzida de um a dois terços e começará a ser cumprida
em regime aberto, podendo o juiz deixar de aplicá­la ou substituí­la por pena restritiva de direitos (artigo 1º, §5º).
       Lei de proteção a vítimas e testemunhas (Lei 9807/99): o juiz pode conceder o perdão judicial e a conseqüente
extinção da punibilidade, se a colaboração, voluntária e efetiva, resultar na identificação dos demais coautores ou
participes, na localização da vitima ou na localização total ou parcial do produto do crime (artigo 13). A pena será
reduzida de um a dois terços se o mesmo colaborar voltariamente (artigo 14).Lei de drogas (Lei 11343/2006): redução da pena de um a dois terços (artigo 41).
 
4 – Perguntas ao ofendido (artigo 201, CPP): declarações prestadas pela vitima, dando sua versão in loco sobre os fatos.
1. a)       Natureza jurídica: meio de prova.
2. b)       Fundamento jurídico: mecanismo de captação de informação.
3. c)       Autoridade responsável pela captação: autoridade policial ou judiciária.
4. d)       Momento: investigação e processo.
5. e)        Meio de produção: direto.
6. f)       Outras considerações:
        O ofendido faz declaração.
                A  oitiva  do  ofendido  é  individual.  Ou  seja,  caso  haja  mais  de  uma  vitima,  cada  uma  será  ouvida
separadamente.
        O ofendido deve ser avisado quanto ao ingresso e a saída do acusado da prisão.
        As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por ele indicado, admitindo­se, por opção, o uso
de meio eletrônico.
        O ofendido também deve ser avisado acerca de audiência, sentença e acórdãos modificadores ou mantedores
de sentenças.
    Antes do inicio da audiência e durante a sua realização, será reservado ao ofendido espaço separado. Essa regra
visa preservar a integridade física e moral da vitima, não apenas nos momentos que antecedem o seu ingresso na
sala  de  audiências,  como  também  no  curso  de  sua  inquirição  pelo  juiz,  a  fim  de  que  possa  o  depoimento  ser
prestado ser o efeito de constrangimentos ou intimidações de qualquer ordem.
        O espaço referido no tópico anterior não é, necessariamente, um lugar distinto da sala de audiências, podendo
e devendo ser nesse mesmo local, apenas determinando o juiz que se retirem da sala o indiciado e terceiros que lá
eventualmente se encontrem, permanecendo apenas advogados, Ministério Público e serventuários da justiça.
       Se a declaração da vitima for em Tribunal do Júri e estiverem presentes um número grande de pessoas, o juiz poderá
ouvir o ofendido em sala separada, junto com o Promotor de Justiça, advogados e servidores, também os jurados.
      O ofendido pode ser encaminhado para acompanhamento multidisciplinar (psicólogo, assistentes sociais, etc.),
às custas do ofensor ou do Estado.
       Normalmente, os processos são públicos. Porem, a norma comporta algumas exceções. No caso da oitiva do
ofendido,  determinados  atos  serão  públicos  apenas  para  as  partes,  seus  procuradores  e  um  número  reduzido  de
indivíduos.
 
– Prova testemunhal (artigos 202 a 225): depoimento de uma pessoa que sabe algo relevante sobre a imputação feita contra
o acusado.
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1. a)       Natureza jurídica: meio de prova.
2. b)       Fundamento jurídico: qualquer pessoa pode ser  testemunha. Diz o artigo 202 que qualquer pessoa capaz de
perceber os acontecimentos ao seu redor e narrar o resultado destas suas percepções pode testemunhar.
3. c)       Autoridade responsável pela captação: autoridade policial e jurídica.
4. d)       Momento: investigação e processo.
5. e)       Meio de produção: direto.
6. f)       Classificação das testemunhas: doutrinariamente, tem­se aplicado a seguinte classificação das testemunhas:
        Testemunha  referida:  é  aquela  que,  embora  não  tenha  sido  arrolada  nos momentos  ordinários  (denúncia  ou
queixa para acusação, resposta à acusação, para o réu), poderá ser inquirida pelo juiz ou a requerimento das partes
por ter sido citada por outra testemunha.
        Testemunha judicial: aquela inquirida pelo juiz independentemente de ter sido arrolada por qualquer das partes
ou de ter sido requerida na oitiva.
        Testemunha própria: é a testemunha chamada para ser ouvida sobre o fato objeto do processo, seja porque os
tenha presenciado, seja porque deles ouviu dizer.
                Testemunha  imprópria  ou  instrumental:  é  a  que  prestada  depoimento  sobre  fatos  que  não  se  referem
diretamente ao mérito da ação penal. Neste caso, a testemunha não estará depondo sobre algo que presenciou ou
soube do ocorrido, e sim sobre um ato de persecução criminal que tenha assistido ou participado.
               Testemunha numérica: corresponde à  testemunha regularmente compromissada na forma do artigo 203 do
CPP.
    Testemunha não compromissada ou informante: contempladas no artigo 208 do CPP, são aquelas dispensadas do
compromisso em razão da presunção de serem suspeitas as suas declarações.
        Testemunha direta: trata­se da testemunha que presenciou os fatos por meio dos sentidos.
               Testemunha indireta: é aquela que declara ao magistrado sobre o que não presenciou, mas soube ou ouviu
dizer.
1. g)             Numero de  testemunhas: a quantidade de  testemunhas que podem ser arroladas pelas partes depende do
procedimento, a saber:
                Oito  testemunhas:  procedimento  comum  ordinário;  procedimento  do  júri;  procedimento  dos  crimes  de
responsabilidade de funcionário público; procedimento dos crimes contra a honra; procedimento dos crimes contra
a  propriedade  imaterial;  procedimento  dos  crimes  de  competência  dos  tribunais  dos Estados,  tribunais  regionais
federais e tribunais superiores; procedimento dos crimes eleitorais, quando punidos com pena máxima superior a
quatro anos.
        Cinco testemunhas: procedimento comum sumário; procedimento dos crimes falimentares; procedimento dos
juizados  especiais  criminais,  por  analogia  ao  artigo 522 do CPP  (inaplicável o  artigo 34 da  lei  9099/95, por  ser
especifico  dos  juizados  especiais  cíveis);  procedimento  previsto  na  lei  de  drogas  (artigos  54  e  55  da  lei
11343/2006); procedimentos dos crimes eleitorais, quando punidos com pena máxima de inferior a quatro anos.
        Três testemunhas: procedimento do crime de abuso de autoridade.
        Importante: o numero de testemunhas deve levar em consideração a quantidade de crimes imputados (para o
Ministério Publico) e da quantidade de réus no processo (para a defesa).
1. h)        Características da prova testemunhal:
                Oralidade:  em  regra,  o  depoimento  da  testemunha  deverá  ser  prestado  oralmente  perante  a  autoridade
responsável.
               Objetividade:  a  testemunha deverá depor  objetivamente  sobre os  fatos,  não  lhe  sendo permitido  fornecer
impressões pessoais, salvo quando forem essas inseparáveis da narrativa.
        Individualidade: as testemunhas serão ouvidas individualmente.
        Incomunicabilidade: não é permitido que as testemunhas se comuniquem entre si.
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        Retrospectividade: a testemunha prestará depoimento sobre fatos passados, nunca sobre fatos futuros.
1. i)        Outras considerações:
        Testemunha faz depoimento.
        Toda testemunha é advertida pelo julgador que poderá ser presa se mentir ou omitir algum fato. É o chamado
compromisso.
 
Estão isentos do compromisso: Os menores de 14 anos;    Doentes mentais;
Parentes  do  réu  enumerados  no  artigo  206  do  CPP:  ascendente,  descendente,  irmão  e  cônjuge,  ainda  que  separado
judicialmente; pai, mãe ou filho adotivo e os afins em linha reta (sogro, sogra, enteado, etc.).
        É possível a contradita nesses casos:
Em relação aos menores de 14 anos, doentes mentais ou parentes do réu. Estas pessoas são dispensadas do comprimisso,
podendo ser ouvidas como informantes.
Em relação à pessoa que seja proibida de depor, que são aquelas que têm ciência do fato em virtude da profissão (exemplo:
padre, psicólogo, etc.),  se acolhida a contraditapelo  juiz, essa  testemunha deve ser excluída do processo. Vale dizer, não
deve ser tomado seu depoimento pelo juiz.
               No caso das  testemunhas cujo depoimento, apesar de não ser  impedido ou suspeito, possa sugerir não ser
isenta (como no caso de amigos íntimos, por exemplo), a parte contrária pode­se fazer a argüição de defeito.
 
        Uma vez regularmente notificada para depor, a testemunha tem obrigação de comparecer a juízo, sob
pena de condução coercitiva, pagamento das despesas da condução, multa e, até mesmo, processo criminal por
desobediência. Esta regra possui duas exceções:
Pessoas que, em razão de doença ou idade, estiverem impossibilitadas de comparecer a juízo.
Presidente,  Vice  Presidente,  senadores,  deputados  federais,  ministros  de  estado,  governadores  de  estado,  secretários  de
estado, prefeitos, deputados estaduais, membros do Poder Judiciário, ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União,
dos Estados, do Distrito Federal, bem como do Tribunal Marítimo.
        Uma vez compromissada, a testemunha não pode mentir, sob pena de responder processo criminal por
falso testemunho (artigo 342, CP).
 
7  –  Reconhecimento  de  pessoas  e  coisas  (artigos  226  a  228):  ato  pelo  qual  uma  pessoa  afirma  certa  a  identidade  ou
qualidade de algo ou alguém (auto de reconhecimento).
1. a)      Formalidades: o artigo 226 do CPP estabelece as formalidades de efetivação do reconhecimento (tanto de
pessoas quanto de coisas), quais sejam:
        A pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
        A pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras que com ela tiverem
qualquer semelhança, convidando‑se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá‑la;
        Se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra
influência, não diga a verdade em face da pessoa que deve ser  reconhecida, a autoridade providenciará para que
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esta não veja aquela;
               Do ato de reconhecimento lavrar‑se‑a auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada
para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.
1. b)       Natureza jurídica: meio de prova.
2. c)       Fundamento jurídico: necessidade de reconhecimento.
3. d)       Autoridade responsável pela captação: autoridade policial e judiciária.
4. e)       Meio de produção:
5. f)       Outras considerações:
        O reconhecimento por meio de fotografia é um meio legitimo de prova.
               Havendo mais de uma pessoa que deva proceder ao reconhecimento, cada uma fará a prova em separado,
impedindo­se qualquer comunicação entre elas.
        Se a pessoa estiver presa, pode­se proceder o reconhecimento através de videoconferência.
 
8  –  Acareação  (artigos  229  e  230):  ato  procedimental  de  confronto  entre  pessoas,  para  que  esclareçam,  mediante
confirmação ou retratação, aspectos que se evidenciaram contraditórios.
1. a)       Natureza jurídica: meio de prova.
2. b)       Fundamento jurídico: detectar a contradição e esclarecê­la.
3. c)       Autoridade responsável pela captação: autoridade policial, na fase de inquérito, que pode ser por intermédio
de  sua  própria  iniciativa  ou  provocada  por  requisição  do  juiz  ou  do  Ministério  Público;  e  judiciária,  na  fase
processual, determinada pelo juiz de ofício ou a requerimento das partes.
4. d)       Momento: investigação e processo.
5. e)        Meio de produção: direta.
6. f)       Outras considerações:
        Podem ser acareados os acusados, as testemunhas e ofendidos, entre si ou uns com os outros.
        Peritos não são sujeitos a acareação.
           Não se deve constranger alguém a ser acareada. Porem, nada impede que essas pessoas sejam conduzidas à
Delegacia de Polícia ou ao Juízo na hipótese do não comparecimento injustificado.
 
9 – Prova documental (artigos 231 a 238): o artigo 232 do CPP define documento como quaisquer escritos, instrumentos
ou papéis, públicos ou particulares, e tem como finalidade servir de base material de informações.
1. a)       Natureza jurídica: meio de prova.
2. b)       Fundamento jurídico: prova direta sobre fato ou ato.
3. c)       Autoridade responsável pela captação: autoridade policial e judiciária.
4. d)       Momento: investigação e processo.
        Segundo dispõe o artigo 231 do CPP, documentos podem ser juntados em qualquer fase do processo.
               A exceção a essa regra está no artigo 479, restringindo, no Tribunal do Júri, a exibição de documento aos
jurados. De acordo com o dispositivo, é vedado apresentar os documentos aos jurados na hora da audiência. Estes
devem ser apresentados com, no mínimo, três dias de antecedência da audiência, para ser dado à outra parte tempo
para analisar o documento.
1. e)        Meio de produção:
2. f)       Outras considerações:
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        Não é licito ao juiz autorizar a apreensão de documentos que se encontrem em poder do advogado.
        Quanto ao valor probante dos documentos, deve ser levado em conta se o documento é publico ou particular:
Se é público, tem força probante não apenas entre as partes, mas também em relação a terceiros.
Se é particular, desde que subscritos pelas partes e sendo assinado por, no mínimo, duas testemunhas, tem força probante
quanto às obrigações nele contidas.
        Se o documento for provadamente falso, deve­se fazer o incidente de falsidade documental.
        O destinatário pode utilizar, como prova de defesa de seu direito, a correspondência que lhe foi encaminhada,
ainda que não haja o consentimento do remetente (artigo 233, §único).
        Quanto à utilização de documento por terceiros deve­se diferenciar as situações:
 Terceiro obtém a carta por meios fraudulentos, subtraindo­a, por exemplo, do respectivo destinatário. A prova será ilícita,
tendo em vista a evidente violação do artigo 5º, XII, da CR/88, bem como o artigo 233, caput, do CPP.
 Se o destinatário, pessoa conhecida do subscritor, mas que não tem relações de confiança, entregar a carta para terceiro.
O terceiro pode utilizar a correspondencia de forma licita, desde que não haja quebra de confiança.
 Se o destinatário da carta, pessoa conhecida do subscritor e que com ele mantém relações de confiança, entrega carta que
lhe foi encaminhada confidencialmente a terceiro. Considera­se violado o artigo 5º, X, da CR/88, em razão da quebra de
confiança levada a efeito pelo destinatário em relação ao subscritor. O documento não poderá ser usado contra o subscritor.
Mas pode ser usada para evitar condenação se o acusado for o terceiro.
 
10– Indícios (artigo 239): circunstâncias conhecidas e provadas, a partir das quais, por dedução, conclui­se sobre um fato
determinado.
1. a)       Natureza jurídica: meio de prova.
2. b)       Fundamento jurídico: fatos secundários relacionados ao principal.
3. c)       Autoridade responsável pela captação: autoridade policial e judiciária.
4. d)       Momento: investigação e processo.
5. e)        Meio de produção: direto.
6. f)       Outras considerações: Indícios não se confundem com presunções. Estas, com efeito, são estabelecidas pela
lei e, por isso, são capazes, em situações expressamente autorizadas, por si, a fundamentar juízo de condenação.
 
–  Busca  e  apreensão  (artigos  240  a  250):  por  busca  compreendem­se  as  diligênciasrealizadas  com  o  objetivo  de
investigação  e  descoberta  de  materiais  que  possam  ser  utilizados  no  inquérito  policial  ou  no  processo  criminal. É  uma
atitude de procura, a ser realizada em lugares ou em pessoas. Já a apreensão depreende­se o ato de retirar alguma coisa que
se encontre em poder de uma pessoa ou em determinado lugar, a fim de que possa ser utilizada com caráter probatório ou
assecuratório de direitos.
1. a)       Natureza jurídica: meio de prova.
2. b)       Fundamento jurídico: descobrir algo.
3. c)       Autoridade responsável pela captação: autoridade policial e judiciária.
4. d)       Momento: investigação e processo.
5. e)        Meio de produção:
6. f)       Considerações sobre a busca domiciliar:
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        A busca e a apreensão poderá ser realizada na casa do investigado ou acusado (artigo 240, §1º), a chamada
busca domiciliar. Também pode ser  realizada no corpo da pessoa ou em objetos que  traga consigo, é a chamada
busca pessoal (artigo 240, §2º).
  A busca e a apreensão domiciliar só podem ser feitas se atendidas as exigências constitucionais (artigo 5º, XI, da CR/88).
Como casa, devemos utilizar os conceitos dos artigos 70 e 72 do Código Civil (local onde a pessoa se estabelece com animo
definitivo ou onde exerce sua profissão) e as definições dos artigos 150, §4º, do CP e 246 do CPP.
  O pátio da casa deve ter o mesmo tratamento.
  Os veículos não, pois se trata de coisas que pertencem à pessoa.
  Trailers, cabine de barcos, barracas, motor homes e afins só terão proteção constitucional se forem destinados à habitação.
    Repartições  públicas  se  equiparam  ao  domicilio.  Sendo  necessária  a  autorização  da  autoridade  competente  para  o  seu
ingresso.
  Quarto  ocupado  de  hotel,  motel,  pensão,  hospedaria  e  congêneres  também  podem  ser  considerados  como  domicilio  se
forem ocupadas para este fim.
 O STF afastou a proteção constitucional da inviolabilidade domiciliar em relação aos escritórios, consultórios, gabinetes de
trabalho e similares quando não ocupados por qualquer pessoa no momento da busca.
        A busca e apreensão domiciliar, obviamente, só podem ser realizadas com autorização judicial, devidamente
fundamentada.
           A busca e a apreensão domiciliar só podem ser feitas durante o dia, salvo nos casos de flagrante, desastre e
socorro, ou a qualquer hora, se houver consentimento do morador.
               O artigo 240, §1º, do CPP estabelece, em rol taxativo, as hipóteses de cabimento de busca e apreensão
domiciliar. Consistem tais hipóteses:
1. a)       Prisão de criminosos;
2. b)       Apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
3. c)       Apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
4. d)       Apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
5. e)       Descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
6. f)          Apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
7. g)       Apreender pessoas vítimas de crimes;
8. h)       Colher qualquer elemento de convicção.
               Comparecendo a autoridade ou seus agentes ao local da busca, deverão declarar ao morador as respectivas
condições, bem como o objeto da diligencia. Em caso de desobediência  do morador, o  artigo 245, §2º,  do CPP,
autoriza o ingresso forçado.
        No caso de recalcitrância (o morador atrapalha a busca dentro do domicilio), a autoridade pode dar voz de
prisão ao morador e conduzi­lo à delegacia de policia para os devidos fins.
        Se o morador estiver ausente, a autoridade poderá arrombar as portas e empregar violência contra coisas que
estejam fechadas ou lacradas. Nesse caso, deve­se solicitar a algum vizinho que acompanhe a diligência e este não
poderá recusar, visto que a intimação para assistir o ato configura ordem legal.
        Assim que terminado o ato de busca domiciliar, os executores devem lavrar auto circunstanciado, assinando­o
com duas testemunhas presenciais, registrando detalhadamente os fatos ocorridos no curso da diligência, alegações
de abusos, ou indagações quanto ao objeto de apreensão.
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        No caso de foro privilegiado (juízes), a busca só poderá ser realizada em função de mandado expedido pelo
Presidente do Tribunal de Justiça, ou por determinação do Órgão Especial, ou ainda por quem estes delegarem.
       O mesmo será feito com relação ao membro do Ministério Público. Porém, quem expedirá o mandado será o
Procurador Geral.
1. i)        Considerações sobre a busca pessoal:
        Não é necessária autorização judicial para se fazer busca pessoal, bastando a suspeita, desde que fundada.
        Mulher só pode ser revistada por mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência (artigo 249).
               Em regra, a busca deve ser realizada em território de sua própria circunscrição. Mas o artigo 250 do CPP
possibilita  que  a  autoridade  ou  seus  agentes  penetrem  no  território  de  jurisdição  distinta  quando  estiverem  em
atitude de seguimento de pessoas ou coisas.
        No caso de foro privilegiado, a busca (de caráter geral) pode ser feita. Sendo constatada a atividade ilícita pelo
detentor do foro privilegiado, seguir­se­á, então o seu encaminhamento à autoridade competente para a lavratura do
auto de prisão em flagrante e adoção das medidas investigatórias cabíveis.
      No  caso  dos magistrados,  eles  deverão  ser  encaminhados  ao  Presidente  do  Tribunal  que  são  vinculados  para  fins  de
lavratura do respectivo auto (artigo 33, II, da Lei Complementar 35/79).
     Os membros do Ministério Público, deverão ser encaminhados ao Procurador Geral de Justiça com  idêntica  finalidade
(artigo 40, III, da Lei 8625/93).
   Importante: a prisão em flagrante de juízes e membros do MP é restrita aos crimes inafiançáveis.
               Ainda  em  relação  ao  foro  privilegiado,  se  a  busca  pessoal  for  realizada  com  o  propósito  de  investigar
determinada pessoa, a diligência exige determinação da autoridade legalmente incumbida ao poder de investigá­la.
 
– Observações gerais:
O acervo probatório  colhido na  fase  pré  processual  servirá  de  elemento para  sustentar  a  futura  ação penal. Em  regra,  as
provas  são  a  materialização,  no  inquérito  policial,  onde  a  atribuição  da  policia  civil,  federal  e  judiciária  militar,  em
acatamento ao preceito do artigo 144, terão suas atribuições especificas. Por derradeiro, o fundamento processual localiza­se
no artigo 12 do CPP.
O termo policia judiciária não pode ser confundido com a função jurisdicional do Estado (poder judiciário). Na verdade, a
policia judiciária integra o Poder Executivo, atuando como auxiliar do judiciário, no levantamento do acervo probatório.
Na  produção  de  provas  na  fase  processual,  torna­se  imprescindível  o  conhecimento  técnico  da  prova  a  ser  examinada,
podendo a parte  interessada,  contratar  profissional  com notória  capacidade  técnica na  área  especifica,  tendo por objetivo
formar elementos de convicção para construção da tese jurídica a ser ministrada no momento adequado.

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