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RESUMO PENAL I

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TEMA 1
Princípio da territorialidade: Princípio da territorialidade aplica-se a lei penal brasileira aos fatos puníveis praticados no território nacional, previsto o artigo 5°, caput do CP. Ex: envio de drogas através dos portos brasileiros.
Princípio da extraterritorialidade: Foi julgado o crime de tortura contra brasileiros praticados por policiais uruguaios em seu território.
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
Súmula vinculante é fonte de DP?: as súmulas vinculantes não possuem força obrigatória. Deste modo conserva a independência do juiz e individualidade do caso, mas não padronizam e nem dinamizam a distribuição jurisdicional. 
TEMA 2
Elementos descritivos do tipo: o que é facilmente identificado por meio de uma constatação sensorial. Identificamos objetivos, seres, animais, ou coisas, sem dificuldades a partir dos nossos sentidos.
Elementos normativos do tipo: estão ligados não dependem apenas de raciocínio ou percepção, é necessário também o juízo de valor acerca dos dispositivos, Ex: indevidamente, fraudulentamente, coisa alheia...
Elementos subjetivos do tipo: levam em conta a vontade humana na ação. Sendo definido assim o fato doloso ou culposo, ou estão ligados ao artigo 23 do código pena, que prevê que não haverá crime se o réu agir em estado de necessidade, legítima defesa ou estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito
Atipicidade material da conduta: acontece quando um delito está formalmente posto, típico, porém no estudo do caso ele se torna atípico pela sua materialidade. Exemplo é a teoria da insignificância, quando um fato apresenta: mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica.
TEMA 3
Dolo direto: Pela vontade livre e consciente de um indivíduo de praticar uma conduta tipificada na legislação penal, dessa forma pode-se citar o exemplo da teoria da vontade, quando o indivíduo demonstra à vontade executar a ação. 
Dolo eventual: o agente assume o risco de cometer o crime, como por exemplo dirigir a 150 km/h em uma rua que o máximo permitido é 60 km/h, qualquer pessoa sabe que dirigir a essa velocidade provavelmente ocasionará uma morte, assumindo assim, o risco.
Culpa consciente: Um exemplo típico de culpa consciente é o artista de circo que utiliza facas para tornar sua apresentação mais atrativa, caso o atirador de facas acerte a pessoa, ele responderá pelo crime praticado a título de culpa, sendo esta culpa consciente.
Culpa inconsciente: não prevê o resultado, embora possível, desobedecendo, desse modo, sem saber, o determinado objetivo exigível. O agente não conhece concretamente a obrigação objetiva de cuidado, não obstante de lhe ser conhecível. Como por exemplo alguém que atinge involuntariamente a pessoa que passava pela rua, porque atirou um objeto pela janela por crer que ninguém calharia a passar naquele horário
TEMA 4
Tentativa imperfeita: a vítima é ferida, e, logo em seguida, o agente vem a ser desarmado.
Tentativa perfeita: o autor descarrega a arma na vítima. Lesionando-a.
Desistência Voluntária: “A” desfecha uma bala de arma de fogo contra “B”. Com a vítima já caída ao chão, em localidade deserta e com mais cinco cartuchos no tambor de seu revólver, “A” abandona a ideia de realizar outros tiros, quando podia fazê-lo para tirar a vida de “B”.
Arrependimento Eficaz: o agente descarrega sua arma de fogo na vítima, ferindo-a gravemente, mas, arrependendo-se do desejo de matá-la, presta-lhe imediato e exitoso socorro, impedido o evento letal.
Ineficácia absoluta do meio: o meio agregado ou o instrumento empregado para a execução do crime nunca o levarão ao fim. Um palito de dente para matar um adulto, uma arma de fogo sem munição ou uma arma falsificada, naturalmente percebível, por exemplo, são meios definitivamente ineficazes.
Absoluta impropriedade do objeto: a pessoa ou a coisa sobre que incide a conduta é categoricamente inconveniente para a produção de determinado efeito danoso. Exemplo: matar um cadáver, ingerir substância abortiva quando não se está grávida ou furtar alguma pessoa que não tem um extraordinário trocado no bolso. No delito de roubo, caso o bem não tenha estima econômica ou a vítima não tenha qualquer contagem existirá delinquência impossível diante a impropriedade incondicional do objeto material; entretanto, subsidiariamente, o agente responderá pelo delito de constrangimento ilegal, funcionando o tipo do art. 146 o Código Penal como soldado de reserva.
TEMA 5
Causas absolutamente independentes.
a) preexistentes: Exemplo: o genro atira em sua sogra, mas ela não morre em consequência dos tiros, e sim de um envenenamento anterior provocado pela nora, por ocasião do café matinal. O envenenamento não possui relação com os disparos, sendo diversa a sua origem. Além disso, produziu por si só o resultado, já que a causa mortis foi a intoxicação aguda provocada pelo veneno e não a hemorragia interna traumática produzida pelos disparos. Por ser anterior à conduta, denomina-se preexistente. Assim, é independente porque produziu por si só o resultado; é absolutamente independente porque não derivou da conduta; e é preexistente porque atuou antes desta. 
b) concomitantes: Exemplo: no exato momento em que o genro está inoculando veneno letal na artéria da sogra, dois assaltantes entram na residência e efetuam disparos contra a velhinha, matando-a instantaneamente. Essa conduta tem origem totalmente diversa da do genro desalmado, estando inteiramente desvinculada de sua linha de desdobramento causal. É independente porque por si só produziu o resultado; é absolutamente independente porque teve origem diversa da conduta; e é concomitante porque, por uma dessas trágicas coincidências do destino, atuou ao mesmo tempo da conduta. 
c) supervenientes: Exemplo: após o genro ter envenenado sua sogra, antes de o veneno produzir efeitos, um maníaco invade a casa e mata a indesejável senhora a facadas. O fato posterior não tem qualquer relação com a conduta do rapaz. É independente porque produziu por si só o resultado; é absolutamente independente porque a facada não guarda nenhuma relação com o envenenamento; e é superveniente porque atuou após a conduta. 
Causas Relativamente Independentes 
a) preexistentes: atuam antes da conduta. “A” desfere um golpe de faca na vítima, que é hemofílica e vem a morrer em face da conduta, somada à contribuição de seu peculiar estado fisiológico. No caso, o golpe isoladamente seria insuficiente para produzir o resultado fatal, de modo que a hemofilia atuou de forma independente, produzindo por si só o resultado. O processo patológico, contudo, só foi detonado a partir da conduta, razão pela qual sua independência é apenas relativa. Como se trata de causa que já existia antes da agressão, denomina-se preexistente.
b) concomitantes: “A” atira na vítima, que, assustada, sofre um ataque cardíaco e morre. O tiro provocou o susto e, indiretamente, a morte. A causa do óbito foi a parada cardíaca e não a hemorragia traumática provocada pelo disparo. Trata-se de causa que por si só produziu o resultado (independente), mas que se originou a partir da conduta (relativamente), tendo atuado ao mesmo tempo desta (concomitante). 
c) supervenientes: a vítima de um atentado é levada ao hospital e sofre acidente no trajeto, vindo, por esse motivo, a falecer. A causa é independente, porque a morte foi provocada pelo acidente e não pelo atentado, mas essa independência é relativa, já que, se não fosse o ataque, a vítima não estaria na ambulância acidentada e não morreria. Tendo atuado posteriormente à conduta, denomina-se causa superveniente.
TEMA 6
Omissão própria: O sujeito percebe que seu inimigo, cego, dirige-se, sem saber, na direção de um precipício. Querendo sua morte, não o alerta, permitindo à vítima a queda fatal. 
No caso fictício, o sujeito nãoresponderá por homicídio, uma vez eu não tinha dever jurídico de impedir a morte. Responde, todavia, por omissão de socorro qualificada, descrita no art. 135, parágrafo único, CP. 
Omissão imprópria ou comissão por omissão: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: exemplo: Padrasto estuprou enteada de 11 anos. A vítima relatou os fatos à mãe, que se manteve em total inércia em relação aos abusos constantes que ocorriam dentro da residência da família e em diversos lugares da propriedade rural em que moravam. A mãe da vítima chegou, inclusive, a presenciar o ato sexual ocorrido na cama do casal, saindo do quarto sem dizer uma palavra.
Tendo a mãe o dever legal de cuidar da filha, era no mínimo esperado que protegesse a filha do ato repugnante cometido pelo seu esposo. Contrariamente, a mãe se manteve em total inércia, sendo considerada dolosa sua omissão, imputando-lhe a responsabilidade penal pelo resultado.
Poder de agir: é a “possibilidade real, física, de o agente evitar o resultado”. Ou seja, é necessário haver circunstâncias que possibilitem o agente de impedir a ocorrência da lesão ou perigo ao bem jurídico
Dever de agir: por sua vez, é um dever especial de proteção, restringido a três situações.
A primeira é a quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. É o caso, por exemplo, da mãe em relação ao filho. 
A segunda é a quem de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado. O médico de plantão é um exemplo. 
A terceira e última hipótese é quando a pessoa, em razão de seu comportamento anterior, cria o risco da ocorrência do resultado. 
TEMA 7
Criação ou incremento de um risco juridicamente relevante: "Quem dirige um automóvel, de acordo com as normas legais, oferece a si próprio e a terceiros um risco tolerado, permitido. Se, contudo, desobedecendo as regras, faz manobra irregular, realizando o que a doutrina denomina "infração de dever objetivo de cuidado", como uma ultrapassagem perigosa, emprego de velocidade incompatível nas proximidades de uma escola, desrespeito a sinal vermelho de cruzamento, "racha", direção em estado de embriaguez etc., produz um risco proibido (desvalor da ação)."
Portanto, a título de exemplo: Jorge, trafegando em via com velocidade máxima permitida de 50km/h, acelera seu carro, chegando a uma velocidade de 90km/h, causando atropelamento de Carlos, criança de 10 anos que saia da escola. Devido à gravidade das lesões, Carlos vai a óbito. Jorge, no momento em que desrespeitou a velocidade permitida, assumiu um risco proibido, o que custou a vida de Carlos. 
Princípio da confiança: Durante uma cirurgia, uma enfermeira fornece ao cirurgião uma injeção com medicamento trocado, em face disso o paciente vem a falecer. O cirurgião naturalmente confiou em sua funcionária ao ministrar a droga fatal no paciente, portanto, não terá agido com culpa. A violação do dever de cuidar não foi do médico, mas sim da funcionaria. 
Um motorista que está trafegando pela preferencial não para ao passar por um cruzamento, confiando que o veículo da via secundária aguardará sua passagem. Em caso de acidente, não terá agido com culpa. 
Autocolocação em perigo: alguém efetua fatos que estabelecem uma situação de perigo para si próprio ou se expõe a um perigo já ocorrente. Exemplo: o passageiro dum automóvel que não usava cinto de segurança e, em razão de colisão, vem a se ferir. O motorista não deve ser responsabilizado por não exigir ou zelar, de forma ampla, a utilização daquele equipamento
TEMA 8
Ilicitude: é a conduta contrária ao ordenamento jurídico, constituindo-se como uma ação ou omissão ilegal. É requisito para o crime, pois, se não houver ilicitude, isto é, se um ato for lícito, de acordo com o ordenamento jurídico, não haverá crime. 
Culpabilidade: a possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão, costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou um fato típico e ilícito. Não se trata de elemento do crime, mas pressuposto para imposição de pena.
Diferença de ilicitude e culpabilidade: enquanto a ilicitude avalia se uma conduta é contraria ou não ao direito, a culpabilidade examina se o agente deve ou não responder pelo crime. A ilicitude é pressuposto para a culpabilidade, uma vez que, se um ato for lícito, não é passível de ser culpável.
TEMA 9
Erro sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação e as respectivas consequências: O agente pega uma caneta alheia, supondo-a de sua propriedade. Seu erro não incidiu sobre nenhuma regra legal, mas sobre uma situação concreta, isto é, um dado da realidade. A equivocada apreciação da situação de fato (pensou que a caneta alheia fosse sua) fez com que imaginasse estar pegando um bem próprio, e não um objeto pertencente a terceiro. Ocorre que essa realidade desconhecida pelo agente se encontra descrita no tipo que prevê o crime de furto como seu elementar (coisa alheia móvel). Devido ao erro, o agente ficou impedido de saber que estava subtraindo coisa alheia e, consequentemente, de ter conhecimento da existência de um elemento imprescindível para aquele crime. Esse desconhecimento eliminou a sua consciência e vontade de realizar o fato típico, pois, se não sabia que estava subtraindo coisa alheia, evidentemente, não poderia querer subtraí-la. Por essa razão, o erro, quando incidente sobre situação de fato definida como elemento de tipo incriminador, exclui o dolo, impedindo o sujeito de saber que está cometendo o crime.
Conclusão: o erro de tipo é um equívoco do agente sobre uma realidade descrita no tipo penal incriminador como elementar, circunstância ou dado secundário ou sobre uma situação de fato descrita como elementar de tipo permissivo (pressuposto de uma causa de justificação)
Erro sobre a existência ou limites de uma causa de justificação e as respectivas consequências: o agente casa-se com mulher já casada, supondo ser ela solteira, viúva ou divorciada. Operou-se um equívoco sobre o estado civil da nubente, ou seja, sobre a sua situação jurídica. Essa situação, por sua vez, encontra-se descrita como elementar do tipo da bigamia. Assim, a confusão sobre esse dado da realidade impediu o agente de ter conhecimento de um elemento imprescindível para a existência do crime, excluindo sua consciência e, consequentemente, sua vontade de realizar a conduta típica. Sim, porque, se não tinha conhecimento do impedimento absolutamente dirimente, por óbvio não podia ter a vontade de cometer a bigamia. A consequência é a exclusão do dolo. Quanto à mulher, por ter ampla consciência do impedimento, subsiste a conduta dolosa.
TEMA 10
Erro sobre a pessoa e as respectivas consequências: Exemplo: o agente deseja matar o pequenino filho de sua amante, para poder desfrutá-la com exclusividade. No dia dos fatos, à saída da escolinha, do alto de um edifício, o perverso autor efetua um disparo certeiro na cabeça da vítima, supondo tê-la matado. No entanto, ao aproximar-se do local, constata que, na verdade, assassinou um anãozinho que trabalhava no estabelecimento como bedel, confundindo-o, portanto, com a criança que desejava eliminar. 
Consequência: Responderá por homicídio doloso qualificado, com a incidência da causa de aumento do § 4º do art. 121 (crime cometido contra menor de 14 anos), pois, para fins de repressão criminal, levam-se em conta as características da vítima virtual (como se o agente tivesse mesmo matado a criança).
Erro na execução e as respectivas consequências: Em face do erro na execução do crime, o agente, em vez de atingir a vítima pretendida (virtual), acaba por acertar um terceiro inocente (vítima efetiva). Denomina-se unidade simples ou resultado único, porque somente é atingida a pessoa diversa daquela visada, não sofrendo a vítima virtual qualquer lesão.
Consequência: o agente queria atingir a vítima virtual, mas não conseguiu, por erro na execução, logo, deveriaresponder por tentativa de homicídio. Além disso, acabou atingindo um terceiro inocente por culpa. Dessa forma, em princípio, deveria responder por tentativa de homicídio (em relação à vítima virtual) em concurso com lesões corporais ou homicídio culposo. Mas, pela teoria da aberratio delicti, não é assim que funciona. Segundo dispõe o art. 73 do Código Penal, o agente responde do mesmo modo que no erro sobre a pessoa, ou seja, pelo crime efetivamente cometido contra o terceiro inocente, como se este fosse a vítima virtual. Faz-se uma presunção legal de que o agente atingiu a pessoa que queria, levando-se em conta suas características. O erro é acidental e, portanto, juridicamente irrelevante.

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