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Herança Jacente e Vacância no Código Civil

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DA HERANÇA JACENTE
"Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância"
De acordo com o artigo 1.819 do Código Civil, a herança jacente é a hipótese de quando não há herdeiro certo e determinado, ou se não sabe da existência dele, ou quando a herança é repudiada. 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2017):
“Quando se abre a sucessão sem que o de cujos tenha deixado testamento, e não há conhecimento da existência de algum herdeiro, diz-se que a herança é jacente (CC, art. 1.819).(...) O Código Civil de 2002, inovando, considera a herança vacante desde logo, no caso de repúdio por parte de todos os chamados a suceder, proclamando: "Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante"(art. 1.826). Nesse caso, não há a fase da jacência."
 
	Ocorre que à luz do julgado em epigrafe, cumpre salientar que a jacência não se confunde com a vacância, é apenas uma fase do processo que antecede a esta. A herança "jaz enquanto não se apresentam herdeiros do de cujos para reclamá-la, não se sabendo se tais herdeiros existem ou não. O Estado, no intuito de impedir o perecimento da riqueza representada por aquele espólio, ordena sua arrecadação para o fim de entregá-lo aos herdeiros que aparecerem e demonstrarem tal condição. Somente quando, após as diligências legais, não aparecerem herdeiros, é que a herança, até agora jacente, é declarada vacante, para o fim de incorporar-se ao patrimônio do Poder Público".
O legislador protege, nesses casos, os credores do falecido: "É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança"(art. 1.821).
Segundo a abalizada lição de Itabaiana de Oliveira, " o conceito moderno da herança jacente difere do direito romano: este considerava a herança, embora não adida, pessoa jurídica, que representava a pessoa do defunto e, como tal, era capaz de adquirir direitos e de contrair obrigações; modernamente, porém, não há herança jacente neste sentido, porque, de acordo com os novos sistemas jurídicos, o domínio e a posse do decujus transmitem-se, desde logo, aos seus herdeiros. Assim, por direito pátrio, a herança é: a)jacente - quando não há herdeiro certo e determinado, ou quando se não sabe da existência dele, ou, ainda, quando é renunciada; b) vacante - quando é devolvida à fazenda pública por se ter verificado não haver herdeiros que se habilitassem no período da jacência".
A herança jacente não tem personalidade jurídica nem é o patrimônio autônomo sem sujeito, dada a força retro-operante que se insere à eventual aceitação da herança. Consiste, em verdade, num acervo de bens, administrado por um curador, sob fiscalização da autoridade judiciária, até que se habilitem os herdeiros, incertos ou desconhecidos, ou se declare por sentença a respectiva vacância.
O assunto comentado, trata-se do dispositivo das duas espécies de jacência: a sem testamento e a com testamento. A primeira desdobra-se em duas situações distintas: inexistência de herdeiros conhecidos (cônjuge ou companheiro, ou herdeiro descendente, ascendente e colateral sucessível, notoriamente conhecidos) e renúncia da herança, por parte destes. Num e noutro caso, hereditas jacet.
A segunda espécie, de jacência com testamento, configura-se quando o herdeiro instituído ou o testamento não existir ou não aceitar a herança, ou a testamentaria, e o falecido não deixar cônjuge nem companheiro, nem herdeiro presente, da classe dos supramencionados. Também nessa hipótese a herança será arrecadada e posta sob a administração de um curador. 
Herdeiros notoriamente conhecidos são os presentes no lugar em que se abre a sucessão, que podem ser facilmente localizados por serem conhecidos de todos. 
"Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante."
Dispõe o artigo 1.820 do Código Civil, que não havendo herdeiro aparente, o juiz promove a arrecadação dos bens, para preservar o acervo e entregá-lo aos herdeiros que se apresentem ou ao Poder Público, caso a herança seja declarada vacante.
A declaração de vacância, como assinala Lacerda de Almeida, "põe fim ao estado de jacência da herança e, ao mesmo tempo, devolve-a ao ente público, que a adquire ato contínuo. O estado de jacência é, pois, transitório e limitado por natureza. A derelição em que se acha a herança termina com a devolução desta aos herdeiros devidamente habilitados, ou, caso não apareçam e se habilitem, com a sentença declaratória da vacância e consequente incorporação dos bens ao patrimônio do Poder Público".
A vacância é, pois, quase sempre o estado definitivo da herança que foi jacente. Habilitado o herdeiro, desaparecem, graças à retroatividade da adição, os efeitos da jacência. A procedência da habilitação converte em inventário a arrecadação e exclui a possibilidade de vacância.
Se, ao contrário, inexistir herdeiro habilitado, ou pender habilitação, "será a herança declarada vacante". como consta no artigo mencionado em estudo. A herança, como já referido, é considerada jacente quando não há herdeiro certo, ou não se sabe de sua existência; e vacante, quando é devolvida ao Município, por ter-se verificado, depois de praticadas todas as diligências, não haver herdeiro. 
Segundo Silvio Rodrigues, "herança vacante é a que não foi disputada, com êxito, por qualquer herdeiro e que, judicialmente, foi proclamada de ninguém".
"É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança".
Segundo o art. 1.821 do Código Civil, aberto o inventário, podem os credores fazer sua habilitação, anexando os documentos idôneos, comprobatórios dos créditos que postulam. É evidente que aqui se aplica o princípio das "forças da herança" - art. 1.792 - e, se superadas, pela existência de muitas dívidas, o juiz pagará, no final, proporcionalmente a todos os credores, respeitadas as preferências legais. 
A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal.
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão.
Prescreve o art. 1.822 do Código Civil, somente depois de cinco anos a herança será, definitivamente, incorporada ao município. Nesse longo período dois fatos podem vir a acontecer: surge um herdeiro necessário ou transcorre o prazo sem qualquer reivindicação de sucessores, e, finalmente, todos os chamados a suceder renunciam a herança. Ainda assim, qualquer descendente ou ascendente poderá habilitar-se, exibindo seu título de herdeiro, no prazo máximo de cinco anos. Se isso se verificar, o processo prosseguirá, com os herdeiros reconhecidos, que ficarão obrigados a ressarcir o Município ou o Estado pelos gastos efetuados. 
Esse prazo de cinco anos é contado da abertura da sucessão. Após esse prazo, os herdeiros necessários podem, por ação direta, postular seus direitos, ou, opinam alguns autores, transcorridos os cinco anos sem manifestação, o município adquire pelo menor prazo da usucapião. 
A sentença que declara vaga a herança põe fim à imprecisão que caracteriza a situação de jacência, estabelecendo a certeza jurídica de que o patrimônio hereditário não tem titular até o momento da delação ao ente público. Concomitantemente, ao declarar vago o patrimônio hereditário, a sentença de vacância devolve-o ipsoiure ao Poder Público. 
É só neste momento, diz Walter Moraes, "que acontece a delação ao Estado, e não na abertura da sucessão: porque, com efeito, antes disso o Estado não estava convocando à sucessão nem a deixa lhe era oferecida. Trata-se então da única hipótese em que o momento do início da delação afasta-se cronologicamente da abertura da sucessão, colocando-se entre uma e outra etapas do fenômeno sucessório um espaço vazio, que é a mesma vacância".
 Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante.
Preceitua o art. 1.823 do Código Civil, que todos os herdeiros necessários – descontentes ascendentes e cônjuge tenham sido chamados, obedecendo à preferencia das classes, renunciando a seus possíveis direitos, determinando que, então sejam chamados os colaterais até quarto grau, mas igualmente, também não queiram receber a sua parcela. Dessa forma, constatando-se a inexistência de herdeiros necessários e legítimos, a herança é vacante, permitindo que o Poder público se habilite e arrecade-a.
O herdeiro pode, em ação de herança, demandar o reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da herança, ou parte dela, contra que, na qualidade de herdeiro, ou mesmo sem título, a possua.
De acordo como art. 1824 do Código Civil, todo e qualquer herdeiro terá de provar sua qualidade. Para tanto, serve-se da certidão de nascimento, se solteiro, de casamento, se for casado ou viúvo. De toda forma, tendo o herdeiro essa certidão que lhe dá poderes para receber a herança, deverá juntar no processo de inventário. Mesmo que o inventário já esta findo, poderá o herdeiro preterido ajuizar a ação de petição de herança, prevista no art. 628 do CPC/2015. O detalhe da nova legislação é que vincula o aforamento da ação antes da partilha.
A ação de petição de herança, ainda que exercida por um só dos herdeiros, poderá compreender todos os bens hereditários.
No art. 1825 do Código Civil, o direito de um só herdeiro, com seu título e ajuizando uma ação de petição inicial de herança, desconstitui a partilha já realizada, beneficiando a todos os demais herdeiros. Há uma universalidade até a legitima partilha, entregando o direito a cada herdeiro ao seu titular. A lei faculta, ou seja, não deverão ser arrolados todos os bens, obrigatoriamente. Se o herdeiro postula seu direto em petição de herança, por seu filho de herdeiro pré-morto, seu direito ao direito daquele que vivo estivesse. Cabe examinar a partilha anterior, igualdade dos coerdeiros, etc...
O possuidor da herança está obrigado a restituição dos bens do acervo, fixando-se-lhe a responsabilidade segundo a sua posse, observando o disposto nos arts. 1.214 a 1.222. 
Se aquele que detém a coisa, sem legitimidade, não devolver de plano a herança, total ou parcial, será considerado como possuidor de má-fé, consoante os arts. 1.214. a 1.222.
Parágrafo Único. A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora.
Nessa hipótese do § único, responderá o possuidor, como de má-fé, desde que citado, como os encargos de mora, perdas e danos e juros legais de 1% (hum por cento) ao mês, o que pode tornar-se extremamente oneroso pelo decurso do tempo, até trânsito em julgado.
O herdeiro ode demandar os bens da herança, mesmo em poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do possuidor originário pelo valor dos bens analisados.
Decorre o art. 1.827, que pode um herdeiro que tenha o quinhão na partilha vender determinada unidade imobiliária. O comprador, se agiu de boa-fé, não poderá a coisa, face à proteção do Código, mas aquele vendedor e herdeiro terá de ressarcir o outro, que, somente, agora, ajuizou a petição de herança. 
Parágrafo Único. São eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé.
A lei faz diferença entre alienação onerosa e gratuita, considerando eficaz e valida aquela alienação onerosa e de má-fé a não onerosa. Nessa ultima forma, o terceiro poderá a coisa reivindicada. O ônus da prova é do detentor da coisa, comprovando que o adquiriu legitimamente, pagando o justo preço a quem de direito.
O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem recebeu.
No que decorre o art. 1.828, o herdeiro é, mas não haz jus o montante que lhe é entregue na partilha; outra vez, representa uma determinada pessoa herdeira, como se ele fosse, sem o ser. Aí sim configura-se o possuidor de má-fé, ate que seja comprovada sua ilegitimidade na titularidade dos bens. Se ele tiver feito alguma alienação, mesmo que onerosa, o verdadeiro herdeiro poderá refugiar-se na lei.
“Se o herdeiro aparente, de boa-fé, paga um legado indevido, (exemplo, o testamento foi declarado nulo), ao verdadeiro sucessor cabe demandar contra o legatário a restituição do legado. Justifica-se a solução porque o legatário recebeu liberalidade e , sendo indevida, a restituição não lhe acarretará prejuízo, só não terá vantagem correspondente ao legado.”1
REFERÊNCIAS:
http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8819/Da-heranca-jacente-e-da-heranca-vacante
https://www.direitocom.com/codigo-civil-comentado
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm
https://www.direitocom.com/codigo-civil-comentado
1 Código Civil Comentado. Doutrina e Jurisprudência: Lei nº 10.406/2002

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