Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cap.06: Termodinâmica da Combustão Disciplina: Máquinas Térmicas II – Motores de Combustão Interna Prof. Daut Couras Universidade Federal Rural do Semi-Árido Depart. de Ciências Amb. e Tecnológicas Engenharia Mecânica Prof.: Daut Couras Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.1. Ar e Combustíveis • Combustão ocorre no centro do ar; • Ar: mistura de inúmeros componentes: • Para cálculo de combustão: 21% de oxigênio e 79% de nitrogênio. GÁS % VOLUME MASSA MOLAR % (MOLAR) O2 20,95 31,998 20,95 N2 78,09 28,012 79,05 Ar 0,93 38,948 CO2 0,03 40,009 ar 100 28,962 Prof.: Daut Couras Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.1. Ar e Combustíveis • Por cada mole de oxigênio haverá: • Como o N tem uma massa molar de 28,16 kg/kmol a massa molar do ar seco será 28,962 kg/kmol (valor ponderado). • Geralmente contém vapor d’água (geralmente 0,5%). Nde773,3 2095,0 2095,01 Prof.: Daut Couras 6.1. Ar e Combustíveis • Influência do vapor de água no ar. Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II Prof.: Daut Couras 6.2. Reação entre o Combustível e o Ar • Um combustível do tipo CmHnOp que reage com oxigênio do ar o nitrogênio terá de ser considerado (20,95% de O2 e 79,05% de N2). • Porcentagem mássica de O2 será: • 1 kg de ar contém 0,232 kg de O2. 2232,02095,0 962,28 998,31 2095,022 Odekg M M m m ar O ar O Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.2.1. Coeficiente de Excesso de Ar • Mistura Estequiométrica: todo o ar é usado para queimar todo o combustível. • Coeficiente de excesso de ar(λ): • λ aumenta para misturas pobres. real esteq realar f esteqar f esteq real esteqf ar realf ar A F A F m m m m F A F A m m m m Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.2.1. Coeficiente de Excesso de Ar • Riqueza da mistura(ϕ): • ᶲ aumenta para misturas ricas. esteq real esteqar f realar f real esteq realf ar esteqf ar A F A F m m m m F A F A m m m m Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.2.2. Poder Calorífico do Combustível • Depende da determinação da entalpia (ou energia interna) dos reagentes e dos produtos da combustão(δQ= dU + p.dV). • Processos isocóricos: Qv = ∆U = (Uprod – Ureag) • Processos isobáricos: Qp = ∆H = ∆U+ p∆V então: Qp = Qv + p∆V • Combustíveis sólidos: ∆V=0, então Qp = Qv • Combustíveis líquidos e gasosos: ∆V > 0, então: Qp > Qv (0,3 a 0,4%). Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.2.2. Poder Calorífico do Combustível • A presença de água no estado vapor ou líquido nos produtos ocasiona diferenças no cálculo do poder calorífico. • Poder Calorífico Superior(PCS ou PCs): quando a água é condensada, aproveitando-se o calor latente de vaporização (HH2O). • Poder Calorífico Inferior(PCI ou Pci): quando vapor de água está presente. • Relação entre PCs e PCi: PCi = PCs – (mH2O/mf) x HH2O • 0ºC : 2500 kJ/kg • 25ºC: 2442 kJ/kg Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.2.2. Poder Calorífico do Combustível • Determinação do Poder Calorífico: • Sólidos e Líquidos: calorímetro queima a volume constante. Imerso em água à temperatura de referência, e o aumento de temperatura da água (e do calorímetro) é medido de modo a determinar-se o calor em jogo. Todo o vapor d’água produzido é condensado, desta maneira calcula-se o Qvs do combustível. • Gasosos: vazão cte de combustível e ar é queimado e os gases são arrefecidos por uma vazão de água até perto da temperatura inicial, incluindo a total condensação da água presente nos gases queimados. A potência térmica é calculada através da temperatura da água e sua vazão. Determina-se Qps. Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II Calor Específico (kJ/kg.K) Poder Calorífico (MJ/kg) Combustível Fórmula Hv (kJ/kg) Líquido Vapor Superior Inferior PCi da Mist. Estq. (MJ/kg) A/F Gasolina CnH1.87n 350 2,4 1,7 47,3 44 2,83 14,6 Gasóleo CnH1.8n 270 2,2 1,7 46,1 43,2 2,79 14,5 Fuel CnH1.7n 230 1,9 1,7 45,5 42,8 2,85 14,4 Metano CH4 509 0,63 2,2 55,5 50 2,72 17,2 Propano C3H8 426 2,5 1,6 50,4 46,4 2,75 15,7 Metanol CH4O 1103 2,6 1,72 22,7 20 2,68 6,5 Etanol C2H6O 840 2,5 1,93 29,7 26,9 2,69 9,0 Carbono C 33,8 33,8 2,70 11,5 Monóxido de C CO 1,05 10,1 10,1 2,91 2,5 Hidrogênio H2 1,44 142 120 3,4 34,3 6.2.2. Poder Calorífico do Combustível • Fórmula de Dulong e Petit – erro inferior a 5%: ][512,2][250,9 )8/][]([970,119 ][790,32 2 22 OHS OH CPCi Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.2.3. Poder Calorífico da Mistura • Refere-se a massa do combustível adicionada da massa de ar. • Coeficiente de excesso de ar tem-se: esteq fmist esteqreal f arf f mist esteqreal esteq real F Amm F A F A m mm m m F A F A F A F A 1 11 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.2.3. Poder Calorífico da Mistura • Poderes caloríficos da mistura em: • Termos de massa: • Termos de volume: • Onde: esteqmist f Mmist FA PCi m m PCiPC )/(1 , esteq mist esteqmist mist far f Vmist FA PCi FAV m PCi VV m PCiPC )/(1)/(1)( , far far mist mist mist VV mm V m Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.2.3. Poder Calorífico da Mistura • Num motor de injeção direta ou em motores em que os combustíveis sejam injetados no estado líquido: • Ignorando o volume do combustível, teremos: 2,1 800 f ar V V esteq ar ar f Vmist F A PCi V mPCi PC )( , Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.2.3. Poder Calorífico da Mistura • Hidrogênio possui um PC elevado mas o PC da mistura é significativamente inferior. • Grande volume ocupado pelo hidrogênio na mistura, que reduz a presença de ar. Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3. Cálculos em Combustão • Caso mais geral considera-se que um combustível tem: • Carbono • Hidrogênio • Enxofre • Oxigênio • Traços(l) • Massa unitária de combustível (f): f traços f O f S f H f c f kg kg l kg kg o kg kg S kg kg h kg kg ckg 221 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3. Cálculos em Combustão • Levando em consideração os pesos moleculares destes elementos, a combustão com oxigênio gera:OH h O h H h SO s O s S s CO c O c C c 222 22 22 22 1 22 323232 121212 Oxigênio necessário para queimar 1kg de comb. Produtos de Combustão Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3. Cálculos em Combustão • Em relação ao oxigênio, o seu peso molecular é 32, assim o oxigênio necessário à queima estequiométrica de 1kg de combustível é: • Ou seja: 32 3243212 ohsc F O esteq f O esteq kg kg ohsc F O 2937,7988,0664,2 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3. Cálculos em Combustão • Para o ar: • A necessidade de ar será: 31,4 232,0 1 22 O ar O ar M M m m f ar esteq kg kg ohsc F A 937,7988,0664,231,4 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.1. Cálculo da Quantidade de Ar • Considerando a queima de um combustível genérico: • A relação oxigênio/combustível será: f traços f O f S f H f c kg kg l kg kg o kg kg S kg kg h kg kg c 22 32 3243212 ohsc F O esteq f O kg kg 2 f O kg kmol 2 2 2 O O kmol kg Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.1. Cálculo da Quantidade de Ar • Se o ar contém 0,232 de O2, podemos escrever: ohsc F A esteq 31,45,3431,45,11 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.2. Cálculo dos Produtos de Combustão • O número de moles de produtos de combustão numa reação completa, estequiométrica e sem dissociação será: f ar ar esteq f prod p kg kmol M F A kg kghsc N 2095,01 43212 Combustão (A/F)esteq - (O/F)esteq Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.2. Cálculo dos Produtos de Combustão • Considerando que a água foi retirada dos produtos (anulando- se o termo h/4), fica somente CO2 e SO2 (equivalentes a CO2) nos produtos da combustão. Assim, a concentração de CO2 nos produtos de combustão será: • Nps é o número de moles nos produtos de combustão secos. ar esteqps CO M FAsc sc N N k )( 7905,0 3212 32122 max Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.2. Cálculo dos Produtos da Combustão • Havendo excesso de ar (e considerando gases secos – sem água – e sem dissociação): • A concentração de CO2 ficará: ar esteq ar esteq ps M FA M FAsc N )1()2095,01( 3212 ' Combustão (A/F)esteq - (O/F)esteq Excesso de ar ar esteq ps ps CO M FA N sc N N k )1( 3212 ' 2 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.2. Cálculo dos Produtos da Combustão • Coeficiente de excesso de ar(λ) pode ser calculado: • Logo: psar esteq ar esteq ps CO ps CO NM FA M FA N N N N k k 1 11 )1( 2 max 2 11max ar esteq ps M FA N k k Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.2. Cálculo dos Produtos da Combustão • Concentração de O2: • Se λ→∞os gases de escape são constituídos somente por ar, ou seja: omax=0,21 ar esteq ar esteq ps O M FAsc M FA N N o )2095,0( 3212 )1(2095,0 ' 2 ar esteq P M FA N o o 1 1 1 max o ok k max max 1 1 Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.3. Combustão Incompleta • Causas da combustão incompleta: falta de ar, da dissociação ou somente porque parte da mistura não queimou. • Produtos da combustão incompleta: CO, H2, NO e HC. • Número de moles presentes nos produtos de combustão: sem água; b – fração de CO nos gases não queimados. • As concentrações dos diversos gases nos produtos da combustão (secos) são: • k – CO2(+SO2) • z – CO • o – O2 ar esteq ar esteq ps M FA M FAbsc N )1()2095,01( 283212 '' Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.3. Combustão Incompleta • Concentrações: psN sc zk '' 3212 ps ps ps ps N N N sc N sc zk k ' '' '' 3212 ' 3212 max zkf M FA Nz zk k ar esteq ps , '' 1 2 11 max Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.3. Combustão Incompleta • Como: • E visto que omax = 0,2095, pode-se escrever: • A partir dos valores de k, o e z é possível calcular o valor de λ. ar esteq ar esteq ar esteq ps O M FA M FAbsc M FAb N N o )1()2095,01( 23212 )1(2095,0 2 '' 2 ),( ' )2095,0(2 2 1 ozf M FA N zo zo ar esteq ps Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.4. Dissociação • Quando uma combustão se dá a temperatura elevada (>1500K) nem todo o combustível se converte em CO2 e H2O. • Ocorre uma reação inversa de dissociação em CO, H2 e O2. • Existe porque o equilíbrio químico altera-se com a temperatura. Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.4. Dissociação • A reação pode ser descrita da seguinte forma: • Os compostos H, O, OH, NO poderão também ser adicionados ao lado direito da equação: 10 compostos nos produtos da reação. • Para determinar os valores a, b, c, ... será necessário calcular as condições de equilíbrio químico: temperatura e pressão dos gases de escape (com uma dada riqueza de mistura) • Processo iterativo. Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 2222222 )76,3( hNgHOfHeOdCOcCONObHaC yx 6.3.4. Dissociação • Outra forma de cálculo: Constantes de Dissociação. • Para cada reação há uma constante que permite calcular a taxa de reação. • Para a reação inversa (dissociação) haverá também uma constante. • Equilíbrio: quando as taxas de reação de cada reação forem iguais, o que permite calcular uma constante de dissociação em função da temperatura. Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II 6.3.4. Dissociação • Como nos motores a redução da temperatura é muito rápido não há tempo para formar: CO2 e H2O – equilíbrio químico “congelado”. • Aparece mais CO, H2 e O2 do que seria de esperar. • Dissociação é reação altamenteendotérmica: • Reduz a quantidade de calor efetivamente em jogo durante a combustão e baixa a temperatura máxima, diminuindo o rendimento do ciclo. • Se mais tarde a reação exotérmica inversa ocorra (a baixa temperatura): os gases de escape aumentam a temperatura (a reação ocorre na descarga). • Ocorre a formação de NOX. Universidade Federal Rural do Semi-Árido Máquinas Térmicas II
Compartilhar