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Atividades lúdicas como um diferencial contra agressividade no recreio

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Atividades lúdicas como um diferencial contra agressividade no recreio
Las actividades lúdicas como un contraste contra la agresividad en el recreo
	
	 
	*Graduada em Educação Física pela Faculdade Adventista de Hortolândia
**Professora Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia
**Doutora em Educação Física pela Unicamp
***Professora nas Faculdades Network
(Brasil)
	Marinalva Silva Souza*
Solãine Aparecida Gomes*
Helena Brandão Viana**
Roberta de Oliveira Guimarães***
hbviana2@gmail.com
	 
 
	 
	 
Resumo
          O presente estudo teve como objetivo analisar o projeto ”Recreio Dirigido” da Prefeitura de Hortolândia, verificando como este está sendo aplicado, e de que forma o lúdico está sendo utilizado pelos profissionais enquanto as crianças brincam nos intervalos de recreio escolar, a fim de contribuir com a diminuição da agressividade nos intervalo escolar. Participaram da pesquisa 20 profissionais que foram especialmente capacitados para aplicarem o Recreio Dirigido e os responsáveis institucionais das escolas da Rede Municipal de Hortolândia. Foi aplicado um questionário junto aos funcionários que aplicam o Recreio dirigido e aos Diretores dessas instituições. Com essa pesquisa observamos que esse projeto trouxe vários benefícios para convivência dos alunos no horário do recreio como a diminuição da agressividade, diminuição do bullying, valorizando a convivência entre os alunos, e o respeito deles para com todos.
          Unitermos: Recreio dirigido. Lúdico. Agressividade. Bullying.
 
	 
	
	EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/
	
1 / 1 
Introdução
    Na última década a violência dentro da escola entre os alunos vem aumentando muito, tanto a física quanto a psicológica. Essa violência é um problema que pode ser encontrado em qualquer parte do mundo, tanto nas escolas públicas como nas privadas. A divulgação desses atos de violência pela mídia é uma forma de informar ou alertar tanto os agressores quanto os agredidos que o bullying, ou qualquer tipo de agressividade pode deixar conseqüências irreparáveis em um indivíduo.
    Toda essa agressividade vinda por parte de alguns alunos vem preocupando o poder público e toda a sociedade, principalmente, pela forma como está sendo configurada. O conflito e a violência sempre existiram, inclusive na escola, que é um ambiente de aprendizagem em que os jovens estão aprendendo a conviver com as diferenças, a viver em sociedade.
    Sabemos que é no horário do recreio escolar que ocorre um aumento de atividades violentas entre os alunos. Há muitas hipóteses que podem explicar esse aumento de agressividade. Uma das maiores causas é o convívio familiar, mas temos também o grande número de alunos nas salas de aula, a falta de uma supervisão adequada, indisciplina, diferença social, entre outros fatores.
    A importância de atividades lúdicas para a diminuição do número de ocorrências provocadas pela agressividade é indiscutível. O uso de esportes e jogos recreativos para a minimização de ações negativas se faz importante. O recreio escolar, sendo utilizado de forma organizada onde predomine a integridade, o respeito, a brincadeira entre os alunos, é fundamental para o bom desenvolvimento desse momento, caso contrário, a falta do que fazer, ou o fazer descontrolado pode propiciar a agressividade. Na escola existem poucos momentos onde o aluno pode extravasar as suas energias. Isso normalmente ocorre no horário do recreio e nas aulas de educação física. Uma forma de castigo que continua sendo utilizada até hoje nas escolas com alunos indisciplinados, é a imobilidade física como punição, e esses perdem o direito de brincar com seus colegas no recreio e até mesmo são impedidos de participar da aula de educação física, como se a liberdade de se movimentar fosse um prêmio a ser conquistado pelo bom comportamento em outros momentos e ambientes escolares.
    Para desenvolvimento do recreio dirigido há necessidade em se pensar nas medidas tomadas em benefício da criança, na preservação do seu direito de brincar e no respeito a sua integridade física e moral e a escola deve, organizar diferentes atividades e materiais necessários, e providenciar uma pessoa para auxiliar cada atividade, porém dando liberdade para as que crianças escolham as atividades que desejam realizar.
    O Projeto Recreio Dirigido da Prefeitura de Hortolândia, tem como objetivo transformar o horário do recreio em momentos de socialização, alegria, trabalhar limites, regras e valorizar a convivência entre os alunos, o respeito deles para com outras pessoas, assim proporcionando atividades prazerosas que contribuam com desenvolvimento de todos, na formação e principalmente na construção de cidadania. O papel da escola é marcante na formação do aluno principalmente na construção de uma cultura de não violência, e para acontecer faz-se necessário propiciar atividades que gerem a paz, a solidariedade, a cooperação e o respeito mútuo como forma de viabilizar a inclusão social.
Atividades dirigidas no tempo livre na escola
    Segundo Strazzacappa (2001) embora conscientes de que o corpo é o veiculo de expressão, o movimento corporal humano acaba dentro da escola restrito a momentos específicos como as aulas de educação física e o horário do intervalo ou recreio. Nas demais atividades em sala, normalmente a criança é direcionada a permanecer devidamente sentada em sua carteira, em silêncio e de preferência olhando para frente. Professores e diretores ainda hoje lançam mão da imobilidade física como punição e da liberdade de se movimentar como prêmio. Muitas vezes, os alunos indisciplinados (lembrando que muitas vezes o que define uma criança indisciplinada é exatamente o seu excesso de movimento) são impedidos de realizar atividades nos espaços livres fora da sala de aula, seja através da proibição de usufruir do horário do recreio ou da aula de educação física, enquanto os mais comportados podem ir ao pátio mais cedo para brincar. Estas atitudes evidenciam que o movimento é sinônimo de prazer e a imobilidade, de desconforto.
    Na escola o recreio é visto apenas como um momento para dar ao professor uma pausa na sua atividade, e dar ao aluno um tempo para extravasar energia, descansar ou merendar. É visto como um espaço improdutivo e está passando despercebido no contexto escolar. É preocupante o modo como esse espaço de tempo está sendo utilizado pelas crianças. Ao saírem das salas de aula, após ficarem sentadas por horas, elas “explodem” em movimento, com isso a necessidade da existência do recreio é indiscutível, pois são esses dois momentos que as crianças possuem para se movimentar, o recreio e a Educação Física. Há necessidade em se pense em desenvolver um recreio orientado, onde a escola organize, em forma de oficinas, diferentes atividades, materiais necessários e um orientador para cada atividade, dando a liberdade para que as crianças escolham a atividade que vão desenvolver. Que sejam tomadas medidas em benefício da criança, na preservação do seu direito de brincar e em respeito a sua integridade física e moral (NEUENFELD, 2003).
    A falta do que fazer, conforme Pereira; Neto; Smith, (1995), “fruto da ausência de apoio na organização de atividades e de espaços pobres, pouco interessantes e pouco variados, não favorece a ludicidade. Pode, inclusive, desencadear comportamentos de bullying, ou seja, manifestações agressivas”.
    Segundo Carolino (2006) no horário do recreio escolar está havendo um aumento de ocorrência de atividades violentas chamado pelos estudiosos de bullying.Porque é no recreio escolar, que reside a maior preocupação dos dirigentes escolares, visto que é nesse momento que acontecem os maiores índices de ocorrências.Algumas hipóteses podem explicar esse aumento dessa violência nos recreios: a superlotação das escolas, fraca supervisão, a falta de atenção para as necessidades das crianças na construção dos espaços físicos de recreio. É possívelque a maior causa de violência na escola pública seja o acúmulo de tensões que os alunos carregam originados das relações com a família e a sociedade. A importância das atividades esportivo-recreativas na diminuição do bullying, no número de ocorrências provocadas por indisciplina e nas mudanças de atitudes comportamentais dos alunos durante o recreio escolar, é indiscutível. O uso de esportes e jogos recreativos pode contribuir para a minimização de ações negativas e em seu lugar construir melhor o caráter e cidadania nos alunos.
    Em muitas escolas não há atividades orientadas durante o recreio e os jogos com bola na quadra (futebol é o mais comum) sem nenhum tipo de supervisão, é o que mais acontece. Sabe-se que este momento é um período em que ocorrem muitos problemas: não há supervisão dos professores, há um acúmulo de várias turmas e, conseqüentemente, alunos de diferentes idades dividem o mesmo espaço. Com isso, ocorrem diversas manifestações de agressão, sendo uma delas o bullying. Para que isso seja evitado, é importante que todos os docentes e funcionários da escola elaborem estratégias para evitar estes problemas. Este tipo de violência se manifesta, sutilmente, sob a forma de brincadeiras, apelidos, trotes, gozações e agressões físicas (BOTELHO & SOUZA, 2007).
    Também há o descaso do setor público, contribuindo para as dificuldades da escola em solucionar os conflitos devido à falta de implementação de políticas para a juventude, que possam favorecer o protagonismo infanto-juvenil. Os professores e diretores acabam exercendo múltiplas funções para poder atender a demanda dos alunos, agravada pela falta de recursos humanos, baixos salários e a situação de impotência. Entretanto, não há um reconhecimento geral por parte do corpo diretivo, docente e discente dessas questões como sendo uma forma de violência, sendo considerada natural no cotidiano escolar. Outros indicadores que muitas vezes refletem a violência associada a questões estruturais são a falta de acesso a lazer, cultura, habitação, renda (GROSSI et al, 2005).
    Consideramos também importante o envolvimento da família com a escola. É importante que não haja barreiras entre escola e família. A escola muitas vezes culpa a instituição familiar como a grande responsável pela indisciplina e pela violência das crianças na escola e isso não contribui para resolver o problema (GROSSI et al,2005).
    Alguns estudos realizados por pesquisadores sobre o recreio escolar traz dados interessantes. Cordazzo et al (2010) relatam que na hora da brincadeira principalmente no recreio as crianças apresentam preferência altamente significativa por brincar com parceiros do mesmo sexo. Entre as meninas preferiam brincar com vários parceiros quando estes eram do mesmo sexo. Parte dos meninos prefere brincar com poucos parceiros do mesmo sexo. Nas escolhas pelos brinquedos os mais escolhidos para brincadeira primeiramente foram relacionados com o desenvolvimento motor, brinquedos cognitivos, sem utilização de brinquedos, e por último, os brinquedo didático foi o menos utilizado. Outra informação deste estudo é que os meninos têm preferência por brinquedos motores, cognitivas e turbulentas, enquanto que as meninas preferiam os brinquedos sociais e o faz de conta.
    No estudo realizado por Cruz e Carvalho (2006), as crianças tinham com foco especialmente os conflitos entre os sexos no recreio, e um número de meninos podia ser visto em brincadeiras que envolviam contato físico (lutinhas); havia também meninos e meninas participando de xingamentos, trocam de tapas, correrias e pega-pegas. Em atividades que envolviam meninos versus meninas, predominava uma mixagem de agressividade com elementos lúdicos, com intuito de aproximação, que pareciam, muitas vezes, ser a única forma possível de estar juntos. Essas ações de aproximação conflituosa entre os sexos podem ser caracterizadas em três modalidades: atividades turbulentas, invasão do espaço por um grupo de outro sexo e provocações verbais ou físicas. Muitas vezes brincar e bater expressam significados muito parecidos nas relações entre as crianças, mas o ato de bater também pode significar violência para todos que o praticam.
    As escolas ainda trabalham com uma educação mais voltada para os aspectos cognitivos, não privilegiando a dimensão holística, que envolve aspectos cognitivos, culturais, emocionais, entre outros, dos alunos. A agressividade dos alunos poderia ser extravasada de forma positiva através de atividades lúdicas, recreativas e esportivas. Espaços dialógicos na sala de aula, através de uma escuta ativa, que leve em consideração o universo dos alunos possibilita que a aprendizagem ocorra, uma vez que esta passa a ser significativa para os alunos (GROSSI et al, 2005).
    Portanto os objetivos deste trabalho foram analisar como é realizado o projeto Recreio Dirigido na prefeitura municipal de Hortolândia, analisar se houve mudança de comportamento do aluno na socialização e na diminuição da agressividade, verificar incidência acidentes no recreio escolar, verificar como foi a aceitação das crianças das atividades propostas.
Projeto Recreio Dirigido – Prefeitura Hortolândia SP
    O projeto foi elaborado pela Prefeitura Municipal de Hortolândia, visando a escola, ambiente de educação e de formação, que assiste e vivencia toda essa insegurança, cria alternativas para minimizar a violência e a agressividade. O projeto tem como objetivo transformar o horário do recreio em momentos de socialização, proporcionando atividades prazerosas que contribuam com desenvolvimento dos alunos e minimizem episódios de agressividade.
    Apresenta-se aqui os principais itens do projeto Recreio Dirigido, conforme consta nos documentos oficiais da Prefeitura de Hortolândia, SP.
Quadro 1. Dados do projeto Recreio Dirigido da Prefeitura de Hortolândia
Metodologia
    Tratou-se de uma Pesquisa de campo em caráter qualitativo, com observação sistemática e aplicação de questionário aos aplicantes do projeto.
Casuística
    Foram visitadas dez Escolas Municipais que possuem o projeto recreio dirigido, onde foram entrevistados sete Diretores/vice, três Coordenadores Pedagógicos e 10 inspetores de alunos que foram qualificados para esse projeto. Todos assinaram o Termo de Consentimento antes de responderem as perguntas.
    As questões foram elaboradas pelos pesquisadores baseados na revisão literária e com base no conteúdo do Projeto “Recreio Dirigido” e teve o objetivo de visar a opiniões dos profissionais que atuam diretamente com o projeto, e através deles, levantar o comportamento e opiniões das crianças participantes do projeto e seus pais.
Questionário aos dirigentes do “Recreio Dirigido”
Após a implantação do projeto “recreio dirigido” houve resultado positivo entre os alunos?
( ) Sim ( ) Não
Quais os resultados positivos em sua opinião?
Quando foi implantado nessa escola o projeto e por qual motivo?
Após a implantação do projeto “recreio dirigido”:
A) Houve apoio dos pais? ( ) Sim ( ) Não
B) Os pais já relataram opiniões? ( ) Sim ( ) Não
Quais? Qual é a aceitação das crianças com relação as brincadeiras sugeridas?
Para esse projeto acontecer há colaboração dos funcionários e direção?
( ) Sim ( ) Não
Houve diminuição de comportamento agressivo:
Com outras crianças: ( )sim ( ) não
Com os professores: ( )sim ( ) não
Com os funcionários: ( )sim ( ) não
Com os pais: ( )sim ( ) não
Houve uma boa integração de todas as crianças na escola?
( ) Sim ( ) Não
Inclusive das crianças com características especiais, pouco habilidosas, tímidas, obesas, deficientes?
( )Sim ( ) Não
Quais?
Resultados e análise dos dados
    Apresenta-se aqui os resultados da pesquisa.
    Na pergunta 1 quando perguntado se “Após a implantação do projeto Recreio dirigido houve resultado positivo entre os alunos”, todos os profissionais responderam (sim ) que houve resultado positivo.
Figura 1. Pergunta 2. Quais são os resultados positivos após a implantação do projeto.
    Podemos ver nos relatosque nove profissionais relataram que houve menos agressividade/brigas/violência, seis responderam que houve mais Integração, e cinco mais disciplina e menos correria.
Figura 2. Pergunta 3. Por qual motivo foi implantado
    Os motivos mais citados foram acidentes que ocorriam na hora do recreio, agressividade/violência, outro também que se destacou foi que a Secretaria de Educação exigiu.
Figura 3. Pergunta 4a - Após a implantação houve apoio dos pais.
 
Figura 4. Referente à pergunta 4b
    Após a implantação, 40% dos pais relataram opinião, porém, ainda 30% dos pais não opinaram e 30% dos profissionais não responderam a essa questão. Essa teve um lado positivo onde a maioria dos pais relatou sua opinião.
Figura 5. Pergunta 4b (continuação) Quais opiniões os pais relataram
    Com relação à pergunta 4b, observando que a maioria dos pais não relatou opinião, os poucos que relataram, citaram diversos relatos passados pelas crianças e observações próprias.
Figura 6. Pergunta 5. Qual aceitação das crianças em relação as brincadeiras sugeridas
    A maioria relatam que são boas, se destacando as que acham regular.
Figura 7. Pergunta 6.
    Para esse projeto acontecer há colaboração dos funcionários e direção; a maioria dos profissionais relatou que há colaboração.
    Na pergunta 7a quando perguntado se “Houve diminuição de comportamento agressivo das crianças com as outras crianças”, todos os profissionais responderam sim, que houve diminuição do comportamento agressivo.
Figura 8. Pergunta 7b
    Houve diminuição de comportamento agressivo das crianças com os professores na opinião dos profissionais entrevistados.
Figura 9. Pergunta 7c
    Houve diminuição de comportamento agressivo das crianças com os funcionários.
    Na pergunta 7d quando perguntado se “Houve diminuição de comportamento agressivo das crianças com os pais”, a maioria dos profissionais não opinou e quem opinou disse que sim.
Figura 10. Pergunta 8
    Observa-se pelo gráfico que há uma boa integração das crianças envolvidas.
Figura 11. Pergunta 9
    Os profissionais relataram que houve integração de todas as crianças independente de suas necessidades especiais.
Discussão
    Há necessidade de trabalhar elementos relacionados ao afeto, acolhida, vínculo, autoestima, diálogo, valorização dos alunos e de suas potencialidades e resolução não violenta de conflitos, no qual os adolescentes deveriam cuidar das crianças menores, fazendo com que elas passem a se sentir mais valorizadas e com o objetivo de desenvolver um senso de comprometimento e responsabilidade (GROSSI et al, 2005).
    Como Carolino (2006) destacou a importância das atividades esportivo-recreativas na diminuição do bullying, no número de ocorrências provocadas por indisciplina e nas mudanças de atitudes comportamentais dos alunos durante o recreio escolar é indiscutível como o uso de esportes e jogos recreativos pode contribuir para a minimização de ações negativas e em seu lugar construir caráter e cidadania nos alunos.
    Segundo Spréa (2010) as brincadeiras comuns aos recreios escolares promovem a inclusão e troca de informações. Elas são realizadas pelas profissionais em conjunto com as crianças, ou seja, para que aconteçam é necessário que também uma criança ajude a outra. Com isso as crianças com características especiais, pouco habilidosas, tímidas, obesas, deficientes, passam a ser incluídas nas brincadeiras lúdicas, sendo benéfico a todos.
    Antes de realizar a pesquisa foi observados pelos profissionais que após a implantação do Projeto Recreio Dirigido houve diminuição de comportamento agressivo com outras crianças, com os professores, com os funcionários e com os pais.
    Há necessidade em desenvolver um recreio orientado, onde a escola organize, em forma de oficinas, diferentes atividades, materiais necessários e um orientador para cada atividade, dando a liberdade para que as crianças escolham a atividade que vão desenvolver. Que sejam tomadas medidas em benefício da criança, na preservação do seu direito de brincar e em respeito a sua integridade física e moral (NEUENFELD, 2003).
    Ao realizar a pesquisa observou-se que ao entrevistar os profissionais que vivenciam diretamente o projeto com as crianças, estes apenas relatam o que a direção esperava que eles falassem e não sua opinião pessoal, mesmo quando a direção não estava ao seu lado ouvindo com foi a sua resposta. Alguns até relatam que fazem a capacitação por obrigação. Mas por outro lado conhecemos profissionais que se dedicam e interagem com as crianças criando vínculo afetivo. O projeto é realmente benéfico às crianças, desde que os profissionais se empenhem para que ele realmente aconteça de forma esperada. Os profissionais deveriam levar em conta a criatividade e espontaneidade da criança envolvida na atividade, pois pode-se aprender muito com elas.
Considerações finais
    Na realização da pesquisa foi constatado que o projeto “Recreio Dirigido” está sendo realizada em todas as escolas, houve aceitação das crianças e são realizadas capacitações com os profissionais, focando sempre no bem estar das crianças. O projeto atingiu seu objetivo que é diminuição da agressividade, o bullying, acidentes, indisciplina e interação entre as crianças.
Referências
BOTELHO, R. G.; SOUZA, J M. C. Bullying e Educação Física na escola: Características, Casos, Conseqüências e estratégias de intervenção. Revista de Educação Física, Nº 139, Dezembro. 2007.
CARDOZZO, S. T. D. et al. Brincadeira em Escola de Ensino Fundamental: Um estudo observacional, Universidade Federal de Santa Catarina, Interação em Psicologia, 2010, 14(1), p. 43-52 43
CAROLINO, H. C., A aplicação do esporte, jogos e recreação, a partir do programa segundo tempo, com instrumentos para minimizar e conter atividades violentas, indisciplinas e acidente o durante o recreio dos alunos do ensino fundamental das escolas públicas do município de fortaleza. 2006. Universidade de Brasília. UNB, Centro de ensino a distancia. CEAD, Especialização em esporte escolar. Fortaleza, C.E.
CARVALHO, M. P. Jogos de gênero: O recreio numa escola de ensino fundamental. 2006. Assistente Pedagógica da UnA Tecnológica e Professora em Educação a Distância da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL).
GROSSI, P. K. et AL, Violência no meio escolar: a inclusão social através da educação para paz. Revista Virtual Texto & Contexto, nº 4, ano IV, dez. 2005.
MERIDA, M., A inserção da Educação Física no projeto pedagógico de uma escola pública de ensino fundamental: Um caso que deu certo. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, Ano 3, nº 3:55-62, 2004.
NEUENFELD, D. J. Recreio Escolar: O que acontece longe dos olhos dos professores? R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 14, n. 1, p. 37-45, 1. sem. 2003.
PEREIRA, B.; NETO, C.; SMITH, P. Os espaços de recreio e a prevenção do “Bullying” na escola. In: NETO, C.(Org.). Jogo e desenvolvimento da criança. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana, p. 238-257, 1995.
SPRÉA, N. E. A intenção das brincadeiras um estudo sobre a produção das culturas infantis no recreio de escolas em Curitiba. Capitulo 2. 2010. p. 27-83. Curitiba, S.P.
STRAZZACAPA, M., A Educação e a Fábrica de corpos: A dança na escola. Caderno Cedes, ano XXI, nº 53, abril. 2001. p. 69-83.
A escola tem vivenciado um aumento da agressividade e da violência nos diversos momentos, especialmente nos períodos de intervalo entre as atividades formais.
Objetivo
Apresentar a possibilidade de que os alunos aproveitem o intervalo de forma humanizado, através da integração social.
Propor um recreio lúdico dirigido é um momento de tornar o intervalo escolar (recreio) em um espaço agradável e desafiador para os alunos, com jogos, brincadeiras, oficinas, rodas cantadas, promovendo o exercício da criatividade por parte das crianças e da equipe técnica responsável por essas ações.
As atividades lúdico-recreativas deverão ser realizadas diariamente, junto aos alunos de1ª a 4ª séries (ciclos I e II) do Ensino Fundamental.
O desenvolvimento deverá ser contínua em busca da concretização das metas,evitando as freqüentes rupturas e fragmentações do percurso, assegurando a continuidade do processo escolar.
Hipótese
O Recreio Dirigido desenvolve no aluno a iniciativa, a imaginação, o raciocínio, a memória, a atenção, a curiosidade, o interesse e os limites; proporcionando para os alunos um momento com tarefas prazerosas.
Cultiva o senso de responsabilidade individual, bem como coletiva em situações que pedem cooperação. Sua prioridade não deve somente proporcionar divertimento ou acalmar os ânimos, o ideal é que todas as atividades propostas tenham uma intenção educativa.
Justificativa
A justificativa da criação do projeto está pautada, no uso inadequado dos momentos de recreio. As crianças utilizam o período do recreio de forma desregrada, muitos ainda não são capazes de lidar com o tempo de forma construtiva e proveitosa.
Este estudo, tem por objetivo investigar a interferência das atividades lúdicas no sentido de diminuir a violência no recreio.
A escola tem vivenciado um aumento da agressividade e da violência, nos diversos momentos, especialmente nos períodos de intervalo entre as atividades formais. Isto pode estar ocorrendo, também, devido à falta de ações mais significativas, ou mesmo, pela falta de experiência com atividades que envolvam o espírito de colaboração e o respeito pela opinião do outro.
O recreio organizado, também chamado pedagógico, dirigido, surge, com o intuito de tornar este espaço-tempo ordenado, por meio de jogos dirigidos e com a participação de professores e alunos. O recreio organizado, o processo de aprendizagem não é interrompido, mas se torna constante, busca diminuir a violência, os acidentes, a indisciplina, a correria e a gritaria durante este período.
Caracterizado como um tempo escolar improdutivo, o recreio ainda é desvalorizado como tempo de produção de cultura, mas os usos do recreio pelos sujeitos escolares (alunos, professores, funcionários) revelam as necessidades e flexibilidades que este possui, não significando que o recreio não contenha apenas regras fixas e punições demarcadas. Assim, o recreio é tempo de múltiplas interações, jogos de interesses e de conflitos na escola, pois os sujeitos não perdem a sua capacidade de indignação, de produção de brincadeiras, ainda que a escola se movimente no sentido da repressão.
Ao criar o recreio, a escola não o fez sem objetivos, impondo-lhe determinadas regras para que este fosse também mais um elemento escolar que pudesse ser utilizado para atender seus anseios educativos. O recreio possui seu tempo bem delimitado: início–fim, demarcados pela sirene. Mas as crianças, (re)produtoras de práticas lúdicas conseguem fazer com que não haja somente um começo e um término desse tempo, transformam esse espaço num momento de correria, tumultos, brigas e violência.
Na hora do intervalo os alunos interagem com o mundo, permitindo que os mesmos vão aos poucos desvendando o mundo adulto; e para que isso ocorra com sucesso, é preciso que o conhecimento a ser construído através do brinquedo não seja descontextualizado do mundo real, ou seja, deve-se aproveitar as experiências de vida da criança e através dela, propor situações que possam unir o jogo, o brinquedo e a brincadeira à construção do conhecimento.
Vygotsky também é um importante teórico, pois em suas teses sustenta que:
Numa visão sociológica da questão disciplinar, poderíamos dizer que a essência da democracia estaria em substituir o respeito unilateral pelo respeito mútuo. Assim sendo, a formação do futuro cidadão, deverá ser baseada numa disciplina tendo como base à cooperação, rumo a autonomia. Neste sentido, Piaget ainda afirma que “a critica nasce da discussão, e só é possível entre iguais: portanto, só a cooperação realizará o que a coação intelectual é incapaz de realizar”. (PIAGET, 1996; p. 298-299).
Portanto, nas atividades, a criança tem a oportunidade de interagir com pessoas e objetos, liberar sua criatividade, explorar seus limites e adquirir repertórios comportamentais / afetivos de forma reforçadora e prazerosa.
Passando por tudo isto nas atividades escolares a criança passa por um processo de transformação interior, que é facilmente constatado dentro da sala de aula, onde a criança torna-se capaz de questionar mais, de não ter vergonha de ‘errar’, de saber perder um jogo e de saber esperar por sua vez.
Metodologia
Metodologia adotada será baseada em bibliografias.
A primeira etapa para a implantação do projeto será o levantamento de dados utilizando-se um questionário aberto, com os alunos.
1- O que você tem achado do recreio?
2- O que incomoda você no recreio?
3- De que você costuma brincar na hora do recreio?
4- Você tem brincado com colegas de outras turmas? Por quê?
5- Que brincadeiras ou jogos você gostaria que tivesse no recreio?
6- Você gostaria de aprender outras brincadeiras e jogos para a hora do recreio?
A etapa seguinte para enriquecer o projeto é ampliar a pesquisa com algumas atividades bem simples.
1- Entrevista com pais, avós e tias levantando brincadeiras e jogos de outras épocas, e fazendo uma tabela das brincadeiras mais conhecidas.
2- Aprendendo a brincar com as brincadeiras levantadas pela pesquisa. Convidar pais ou avós que possam estar presentes na hora do recreio para ensinar como se faz (confecção) ou como se brinca (regras).
3- Registro oral e escrito de cantigas e refrões que por acaso façam parte das brincadeiras resgatadas.
4- Introduzir musica no intervalo.
4- Organizar uma brinquedoteca, com ajuda dos alunos.
5- Introduzir o Cantinho da Leitura.
Organizando o novo recreio deve ter uma distribuição de tarefas para melhor organização das sugestões levantadas.
Desenvolvimento
Jean Piaget, para explicar o desenvolvimento intelectual, partiu da idéia que os atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico e organizações do meio ambiente, sempre procurando manter um equilíbrio. Assim, Piaget entende que o desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento biológico (WADSWORTH, 1996). Para Piaget, a atividade intelectual não pode ser separada do funcionamento “total” do organismo (1952 p.7) :
Do ponto de vista biológico, organização é inseparável da adaptação: Eles são dois processos complementares de um único mecanismo, sendo que o primeiro é o aspecto interno do ciclo do qual a adaptação constitui o aspecto externo.
Ainda segundo Piaget (PULASKI, 1986), a adaptação é a essência do funcionamento intelectual, assim como a essência do funcionamento biológico. É uma das tendências básicas inerentes a todas as espécies. A outra tendência é a organização. Que constitui a habilidade de integrar as estruturas físicas e psicológicas em sistemas coerentes. Ainda segundo o autor, a adaptação acontece através da organização, e assim, o organismo discrimina entre a miríade de estímulos e sensações com os quais é bombardeado e as organiza em alguma forma de estrutura. Esse processo de adaptação é então realizado sob duas operações, a assimilação e a acomodação.
Em Vygotsky é clara a interatividade do sujeito com a cultura e como esta cultura vai produzindo o sujeito social. O sujeito é um efeito da cultura se queremos aproximar, pois que o psicólogo destaca o lugar das interações sociais como espaço privilegiado de construção de sentidos e, portanto, da linguagem como criação do sujeito, a linguagem torna-se o veículo da construção da subjetividade, “através dos outros, nos tornamos nós mesmos”.
O pensamento e a linguagem são a chave para a compreensão da natureza da consciência humana. As palavras, segundo Vygotsky, desempenham um papel central no desenvolvimento do pensamento e na evolução histórica da consciência como um todo.
O que as crianças podem fazer com assistência de outros, pode ser em algum sentido um indicativo ainda melhor do seu desenvolvimento mental do que o que elas podem fazer sozinhas.
Todo aprendizado é necessariamente mediado– e isso torna o papel do ensino e do professor mais ativo e determinante, Segundo Vygotsky, ao contrário, o primeiro contato da criança com novas atividades, habilidades ou informações deve ter a participação de um adulto. Ao internalizar um procedimento, a criança “se apropria” dele, tornando-o voluntário e independente
Ressalte a importância da instituição escolar na formação do conhecimento. Para ele, a intervenção pedagógica provoca avanços que não ocorreriam espontaneamente. Ao formular o conceito de zona proximal, Vygotsky mostrou que o bom ensino é aquele que estimula a criança a atingir um nível de compreensão e habilidade que ainda não domina completamente, “puxando” dela um novo conhecimento. O psicólogo considerava ainda que todo aprendizado amplia o universo mental do aluno. O ensino de um novo conteúdo não se resume à aquisição de uma habilidade ou de um conjunto de informações, mas amplia as estruturas cognitivas da criança. Assim, por exemplo, com o domínio da escrita, o aluno adquire também capacidades de reflexão e controle do próprio funcionamento psicológico.
Para Paulo Freire, provocar mudança não bastam ferramentas adequadas, mas a paixão pela transformação, o que só é possível quando são mobilizados os sentimentos das pessoas. Por isso, os textos de Paulo Freire têm uma profunda preocupação estética. Ele tenta fazer ciência com poesia. “Che Guevara também acreditava nisso, e dizia que o verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor”, compara o especialista. Como cientista social, destaca-se sua incansável luta para explicar a realidade social e sua influência sobre a educação, despertando nas pessoas o desejo de transformá-la.
“A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda”.
Para Freire, portanto, o professor deve ser capaz de vencer a arrogância e convocar os estudantes para a participação ativa das aulas, produzindo e adquirindo conhecimento com eles, permitindo que todos se tornem sujeitos de aprendizagem.
Freire argumenta que a auto-suficiência é incompatível com o diálogo. Os professores que não têm humildade, ou a perdem, não podem aproximar-se dos alunos. Não podem ser seus companheiros no que ele chama de “pronúncia de mundo”.
No livro “O Recreio na escola”, Lenea Gaelzer, diz que educar não é somente assegurar conhecimento, mas, principalmente, favorecer o desenvolvimento integral da personalidade do educando, tendo em vista a formação de um cidadão consciente, disciplinado e feliz.
O recreio não deve ser um período ocioso, ele deve ser planejado, realizado e avaliado em relação ao crescimento integral, á maturidade individual, a formação de hábitos sadios.
Fichtner observou que a inadequação do currículo escolar, no qual predominam ainda atividades puramente intelectuais, em detrimento de outras atividades praticas e criativas que permitiriam ao aluno aprender o seu mundo através da utilização de suas potencialidades corporais.
Os procedimentos adotados pelos professores são pobres quanto á estimulação sensorial e perceptomotriz da criança que, por sua própria condição sócio-famíliar, é carente de um repertório de experiências significativas para a aprendizagem e o desenvolvimento da personalidade.
Segundo Lino de Macedo, para as crianças o brincar e jogar são modos de aprender e se desenvolver. Não importa que não saibam disso. Ao fazerem essas atividades, elas vivem experiências fundamentais.
Através dos jogos e brincadeiras no recreio, as crianças aprendem a respeitar regras, dividir espaço e tempo das atividades, dialogar com os colegas e aprendem a cuidar de si e dos amigos.
Lino de Macedo diz que “Através do lúdico também se aprendem a brincar a divertir, que são qualidades da criança”. Quando brincamos de casinha ou de professor, construímos nossas hipóteses sobre estes conteúdos. A criança aprende e se desenvolve através dessas suposições e assim vão construindo sua personalidade.
Quando um programa de recreio direcionado for levado para escola, propiciará aos alunos um lazer produtivo sem correrias e gritarias pelo pátio, fazendo-os conhecer uma maneira nova de brincar estimulando a boa convivência e a socialização entre eles.
Para Tizuko Morchila Kishimoto, especialista em educação infantil, a criança necessita dos estímulos lúdicos, pois quando os jogos e as brincadeiras são desenvolvidas na criança, o jogo tem efeito positivo na esfera cognitiva, social e moral.
Sabemos que é possível ao ser humano adquirir e construir o saber brincando, pois aprendemos a conviver, a ganhar ou perder, a esperar nossa vez e lidamos melhor com possíveis frustrações.
Vários estudos comprovam que o desenvolvimento infantil é um processo que depende das experiências anteriores das crianças, do ambiente em que vive e de suas relações com esse ambiente. Deve-se considerá-la como um sujeito em desenvolvimento que explora as situações e fórmula significados, assumindo ações.
Para Huizinga, este pensador, é no jogo e pelo jogo que a civilização surge e se desenvolve. Mais do que isso, “o jogo é fato mais antigo que a cultura”. Dito de outra maneira, “a cultura surge sob a forma de jogo”. Para ele, o jogo é mais do que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico, o jogo “é uma função significante, isto é, encerra um determinado sentido”.
No jogo, verificam-se todas as características lúdicas: ordem, tensão, movimento, mudança, solenidade, ritmo e entusiasmo. Em que pese serem estas características marcadamente estéticas e em que pese o fato de que o jogo, enquanto tal, esteja posto para além do domínio do bem e do mal, “o elemento de tensão lhe confere um certo valor ético, na medida em que são postas à prova as qualidades do jogador: sua força e tenacidade, sua habilidade e coragem e, igualmente, suas capacidades espirituais, sua lealdade”. No jogo, não existe possibilidade para a manifestação de quaisquer ceticismos. Nele, o jogador, “apesar de seu ardente desejo de ganhar, deve sempre obedecer às regras do jogo”.
A rigor, pois, a civilização pode ser vista como um jogo, governado por certas regras, e a verdadeira civilização exige também o espírito esportivo, ou seja, a capacidade de jogar conforme as regras combinadas.
A recreação (lúdico) é uma ocorrência de todos os tempos, é parte integrante da vida de todo ser humano, mas também é um problema que surge e deve ser estudado e orientado como um dos aspectos fundamentais da estrutura social.
Huizinga, afirma que, “brincadeira e aprendizagem são consideradas ações com finalidades bastante diferentes e não podem habitar o mesmo espaço e tempo. Isto não está certo, o professor é quem cria oportunidades para que o Brincar aconteça, sem atrapalhar as aulas. São os recreios, os momentos livres”.
Referencial Teórico
•Lev Semionovitch Vygotsky
Vygotsky nasceu em 1896 na Bielo-Rússia,. Nasceu no mesmo ano que Piaget (coincidência?!), mas viveu muitíssimo menos, pois morreu de tuberculose em 1934, antes de completar 38 anos.
Vygotsky enfatizava o processo histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para o teórico, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de troca com o meio, a partir de um processo denominado mediação.
Considera o aprendizado um processo externo e independente e que não se envolve ativamente no desenvolvimento da criança, e importante criar situações estímulos auxiliares ou “artificiais” e que podem ser alteradas pela ação humana.
•Jean Piaget
Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, 1896 e faleceu em Genebra em 17 de setembro de 1980. Estudou a evolução do pensamento até a adolescência, procurando entender os mecanismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo.
A criança é concebida como um ser dinâmico, que a todo o momento interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas. Essa interação com o ambiente faz com que construa estruturamentais e adquira maneiras de fazê-las funcionar. O eixo central, portanto, é a interação organismo-meio e essa interação acontece através de dois processos simultâneos: a organização interna e a adaptação ao meio, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida.
•Paulo Reglus Neves Freire
Paulo Freire nasceu em 1921, no Recife, Pernambuco, faleceu em 02 de maio 1997, São Paulo.
Para Freire a participação do sujeito e a diversidade do mundo são os elementos fundamentais no processo educacional que permite a caracterização de uma abordagem democrática na educação. O processo de construção pedagógica do sujeito refere-se a uma ação de diálogo e uma conscientização que pode ser revertida a uma prática social. Uma prática educativa difundida na ação dialógica do sujeito implica na noção de cidadania democrática, pela quais os agentes são responsáveis, capazes de participar politicamente na sociedade.
•KISHIMOTO, Tizuko Morchida
Chefe do departamento de Metodologia de ensino e educação Comparada da Faculdade de Educação da USP, Coordenadora do Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos da mesma instituição e Professora Livre Docente, responsável por cursos de pós graduação e especialização na área da Educação Infantil.
Realiza pesquisas e publica livros e artigos sobre Educação Infantil, brinquedos e brincadeiras.
•MACEDO,Lino de.
Graduado em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Preto, Mestrado Psicologia Social e Experimental pela Universidade De São Paulo, doutorado em Ciências-Pscicologias pela USP com ênfase na teoria de Piaget. Atualmente é professor titular da USP. Atuando principalmente no Construtivismo, Educação, Jogos, Avaliação e Psicologia.
•Johan Huizinga
Professor e historiador holandês, especialista em línguas e literaturas hindus e estudioso das transformações culturais como da mentalidade medieval, e também da crise moral, intelectual e estética que acompanhou a crise política do período pré-nazista. Estudou nas universidades de Groningen e Leipzig e lecionou literatura em Haarlem, Groningen e Leiden. Reitor da Universidade de Leiden quando os alemães ocuparam os Países Baixos (1942), foi detido e confinado em De Steeg, perto de Arnhem, onde morreu. Conhecido por seus trabalhos sobre a última etapa da Idade Média, a Reforma e o Renascimento, durante sua atividade como intelectual construiu uma reputação por toda a Europa. Considerado o fundador da moderna história cultural, sua obra mais conhecida, é Homo Ludens (1938), onde propunha um novo modelo de civilização, sua principal contribuição social.
Referencial Bibliográfico
Obras conhecidas e não lidas.
•VYGOTSKY, L. – Pensamento e linguagem. SP, Martins Fontes, 1988.
•VYGOTSKY, Leontiev, Luria. – Psicologia e Pedagogia. Lisboa, Estampa, 1977.
• VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1991. 4.ed..
•PIAGET, Jean. Para onde vai à educação? 7° ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980.
•FREIRE, João B. Educação de corpo inteiro. Teoria e prática da Educação Física. São Paulo, Scipione, 1989.
•FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 43. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, p. 66-7. Ibidem, p. 74.
•KISHIMOTO,Tizuko Morchida. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993
•KISHIMOTO,Tizuko Morchida. O brincar e suas teorias.São Paulo: Pioneira1998
•MACEDO, Lino. – Aprender Com Jogos e Situação Problema. Artmed Editora. 1º Edição -2000
•MACEDO,Lino de – artigo; Revista Nova escola , São Paulo, 2008
•HUIZINGA,Johan .Homo Ludens: O Jogo Como Elemento Da Cultura. Perspectiva; 4 edição.

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