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Aula 01 DIREITOS HUMANOS

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Direitos Humanos e Cidadania p/ PRF - Policial - 2016
Professor: Ricardo Torques
Direitos Humanos e Cidadania - PRF 
teoria e questões 
Aula 01 - Prof. Ricardo Torques 
 
 
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 88 
 
 
$8/$��� 
7(25,$�*(5$/�'26�',5(,726�+80$126 
Sumário 
1 - Considerações Iniciais ................................................................................................................ 3 
2 ± Afirmação histórica dos Direitos Humanos .................................................................................... 3 
2.1 ± Afirmação do conceito de pessoa na história .......................................................................... 4 
2.2 ± Grandes etapas históricas na afirmação dos Direitos Humanos ................................................. 5 
3 - Direitos Humanos e Responsabilização Estatal ............................................................................. 13 
3.1 - Nota Histórica e o Projeto da Comissão de Direitos Internacional das Nações Unidas sobre 
Responsabilidade Internacional dos Estados ................................................................................. 13 
3.2 ± Conceito e Elementos ........................................................................................................ 14 
3.3 - Finalidade da responsabilidade internacional ......................................................................... 16 
3.4 - Sujeitos passivo e ativo ..................................................................................................... 16 
3.5 - Pré-requisitos para a responsabilização ................................................................................ 17 
3.6 - Consequências .................................................................................................................. 19 
3.7 - Responsabilidade e normas de jus cogens ............................................................................ 20 
4 ± Direitos Humanos e Globalização .............................................................................................. 20 
4.1 - Consequências Negativas ................................................................................................... 21 
4.2 ± Consequências positivas dos Direitos Humanos .................................................................... 23 
5 - A Proteção Internacional dos Direitos Humanos ........................................................................... 25 
5.1 - Introdução ....................................................................................................................... 25 
5.2 - Precedentes Históricos ....................................................................................................... 25 
5.3 - Internacionalização dos Direitos Humanos ............................................................................ 27 
5.4 - Sistemas de Proteção Internacional dos Direitos Humanos ..................................................... 29 
5.5 - As Três Vertentes de Proteção Internacional ......................................................................... 32 
6 ± Questões ............................................................................................................................... 39 
6.1 - Questões sem Comentários ................................................................................................ 40 
6.2 ± Gabarito .......................................................................................................................... 49 
6.3 - Questões com Comentários ................................................................................................ 50 
7 - Lista de Questões de Aula ......................................................................................................... 77 
8 - Resumo .................................................................................................................................. 79 
9 - Considerações Finais ................................................................................................................ 89 
 
Direitos Humanos e Cidadania - PRF 
teoria e questões 
Aula 01 - Prof. Ricardo Torques 
 
 
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 88 
 
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+80$126 
1 - Considerações Iniciais 
Sejam bem-vindos ao nosso Curso de Direitos Humanos e Participação Social 
para a PRF. Para a aula de hoje reservamos os seguintes pontos da ementa do 
edital: 
2 Afirmação histórica dos direitos humanos. 
3 Direitos humanos e responsabilidade do Estado. 
9 Globalização e direitos humanos. 
10 As três vertentes da proteção internacional da pessoa humana. 
10.1 Direitos humanos, direito humanitário e direito dos refugiados. 
São assuntos abordados na Teoria Geral da nossa disciplina, que trazem aspectos 
históricos e informações conceituais sobre o desenvolvimento e consolidação da 
disciplina no âmbito internacional. 
Uma observação. Em relação ao estudo das vertentes dos Direitos Humanos, 
vamos inserir o estudo dentro da temática da proteção internacional dos Direitos 
Humanos, que nada mais retrata que a evolução histórica da matéria. Assim, a 
parte atinente à proteção internacional dos Direitos Humanos, nada mais é do 
que os aspectos históricos recentes que levaram à disseminação dos Direitos 
Humanos na comunidade internacional. 
Sem mais, boa a aula a todos! 
2 ± Afirmação histórica dos Direitos Humanos 
O estudo da afirmação histórica dos Direito Humanos remete à análise dos fatos 
históricos que levaram ao surgimento de direitos e garantias protetivos da 
dignidade das pessoas. Vimos que os Direitos Humanos são históricos e que 
foram criados de acordo com a evolução da sociedade. Assim, estudar a 
afirmação histórica dos Direito Humanos é estudar a história dessa 
disciplina. 
6HJXQGR�1RUEHUWR�%REELR�� RV�GLUHLWRV� KXPDQRV�QmR�QDVFHP� ³GH�XPD�YH]�SRU�
WRGDV´��PDV�HVWmR��VHJXQGR�OHFLRQD�+DQQDK�$UHQGW��HP�SURFHVVR�GH�FRQVWDQWH�
reconstrução. 
No Brasil, o autor referência para o estudo da história dos Direitos Humanos é 
Fábio Konder Comparato, que possui uma obra de 600 páginas, 
aproximadamente, apenas sobre esse assunto. Como esse autor é considerado 
frequente em provas, vamos sintetizar, neste tópico, os principais marcos 
históricos relacionados em sua obra, sempre de forma didática e objetiva. 
Direitos Humanos e Cidadania - PRF 
teoria e questões 
Aula 01 - Prof. Ricardo Torques 
 
 
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Ao iniciar sua obra, discorre o referido autor1: 
O que se trata, nestas páginas, é a parte mais bela e importante de toda História: a 
revelação de que todos os seres humanos, apesar das inúmeras diferenças biológicas e 
culturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito, como únicos entes no mundo 
capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento universal de 
que, em razão dessa radical igualdade, ninguém ± nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe 
social, grupo religioso ou nação ± pode afirmar-se superior aos demais. 
Pessoal, para que compreendamos a afirmação histórica dos Direitos Humanos 
vamos dividir o estudo em 2 partes: 
1º. afirmação do conceito de pessoa na história; 
2º. grandes etapas históricas na afirmação dos direitos humanos. 
2.1 ± Afirmação do conceito de pessoa na história 
O conceito de pessoa como objeto de reflexão na filosofia passa por um processo 
que evolui paulatinamente ao longo de vários séculos. Neste tópico vamos 
estudar os fundamentos para a compreensão da pessoa humana e a 
afirmação da existência dos direitos humanos.O homem ter passado a ser o centro das reflexões humanas implicou uma série 
de reflexões acerca da pessoa e da igualdade de tratamento entre elas, pelo 
simples fato de serem humanos. 
Vários são os pensadores e momentos históricos relevantes em torno do estudo 
da pessoa, da igualdade e da dignidade. Esses pensadores e momentos históricos 
refletem um conjunto de ideais que levaram à construção dos direitos humanos 
na contemporaneidade. Como é uma matéria bastante teórica e acadêmica, 
acreditamos ser de pouca valia para concurso. De toda forma, vamos trazer as 
principais reflexões num quadro-síntese, suficiente para a prova que faremos. 
GRÉCIA E 
ATENAS 
A lei escrita e os costumes são considerados o fundamento de toda a 
sociedade, repercutindo no regramento dos assuntos, de modo que a pessoa 
passou a ser objeto de reflexão. 
FILOSOFIA 
ESTOICA 
Centrou a discussão em torno da unidade moral do ser humano e da dignidade 
do homem, pelo qual devemos compreender todos como iguais embora 
existam muitas diferenças individuais. 
CRISTIANISMO 
O cristianismo prega que Jesus é modelo ético de pessoa, uma representação 
factível de Deus e suas doutrinas na terra, que defende a igualdade entre as 
pessoas. 
FILOSOFIA 
KANTIANA 
Segundo a filosofia de Emmanuel Kant, a igualdade é a essência da pessoa, 
responsável pelo núcleo do conceito de direitos humanos. Por conta disso, a 
dignidade da pessoa deve ser considerada um fim em si mesmo, não 
instrumento para ser chegar a determinado objetivo. 
 
1 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 13. 
Direitos Humanos e Cidadania - PRF 
teoria e questões 
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PENSAMENTO 
MARXISTA 
Compreende que houve uma inversão de valores com o desenvolvimento do 
modelo capitalista, na medida em que o operário passou ser considerado 
coisa, deixando de ser sujeito de direito. 
Em síntese, a compreensão em torno da pessoa foi valorizada. Juntamente, 
alguns conceitos atrelados à ética e aos comportamentos morais prevaleceram, 
indicando a necessidade de serem protegidos alguns direitos essenciais 
ao homem, em razão de sua natureza. 
É por conta disso, que parte dos doutrinadores atrelam os Direitos Humanos ao 
Direito Natural. Como já vimos nesta aula, Direitos Humanos e Direitos Naturais 
não se confundem para a corrente majoritária do pensamento filosófico. Contudo, 
é possível afirmar que em sua origem, os Direitos Humanos surgiram com a 
ascensão da acepção de Direitos Naturais, inatos ao homem. 
Contudo, conforme ficará patente neste material, os direitos humanos se 
desenvolvem e se afirmam com os acontecimentos históricos, não permanecendo 
de forma estanque, absoluta e imutável ao longo do tempo. 
Lançada a base sobre a qual se erigiu a disciplina Direitos Humanos, vamos 
passar ao estudo de como se desenrolou esse processo de desenvolvimento. 
2.2 ± Grandes etapas históricas na afirmação dos 
Direitos Humanos 
Nesse tópico vamos analisar os principais momentos históricos que marcaram a 
evolução e consolidação dos Direitos Humanos. 
Como o assunto é, na realidade, de História, com a pretensão de facilitar o 
entendimento vamos estudar o tema de forma sistemática e organizada, 
lançando apenas as informações consideradas primordiais para a sua prova. Isso 
permitirá que você, candidato, tenha uma noção global de como se deu o 
desenvolvimento histórico para a formação da nossa disciplina. 
Duas observações iniciais, a respeito dos momentos históricos, são importantes. 
Primeira, a compreensão de determinados direitos como humanos é, em regra, 
IUXWR�GH�GD�³GRU�ItVLFD�H�GR�VRIULPHQWR�PRUDO´. Melhor explicando, a cada 
momento histórico com registro de atrocidades, guerras e surtos de violência, a 
sociedade se sensibiliza e dá um passo adiante na afirmação dos direitos 
humanos. 
Segunda, em regra, a afirmação de determinado direito humano é 
acompanhada de grandes descobertas científicas ou invenções técnicas, 
conforme ensina Fábio Konder Comparato. 
Essas observações ficarão bastante claras à medida que avançarmos no estudo 
do curso histórico dos direitos humanos. 
Direitos Humanos e Cidadania - PRF 
teoria e questões 
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Período Axial 
Primeiramente vamos FRPSUHHQGHU� R� WHUPR� ³D[LDO´�� $[LDO� UHIHUH� D� HL[R�� 9DOH�
dizer, o período axial dos direitos humanos é o eixo sobre o qual se 
desenvolve a disciplina Direitos Humanos. 
Compreendido entre VIII a.C e II a.C., esse período levou à formação 
daquilo que conhecemos por humanidade. 
O século VIII a.C. marca o INÍCIO do período axial, quando os estudiosos 
estabeleceram princípios e diretrizes fundamentais da vida. 
Em seguida, no século V a.C. nasce a filosofia, que marca uma evolução: a 
passagem do saber mitológico para o saber da razão. Antes, as coisas eram 
fantásticas, tudo o que existia era fruto da criação dos deuses. Com a filosofia, o 
homem passou a exercer um papel crítico e racional na realidade, não mais 
apegado à mitologia. 
Em razão dessa mudança de postura, o homem passou a ser o centro das 
discussões. Dito de outra forma: as pessoas passaram a ser objeto de análise 
e de reflexão. 
Isso não quer dizer que deixou de existir a mitologia ou religião, mas com o 
tempo ela foi adaptada, de maneira que passou a se cultuar, por exemplo, 
antepassados, pessoas com modelos éticos para orientar o comportamento das 
novas gerações. 
Nesse período houve aproximação e compreensão mútua entre os diversos 
povos que compunham as comunidades da época. 
Assim leciona Fábio Konder Comparato2 sobre esse período: 
É a partir do período axial que, pela primeira vez na História, o ser humano passa a ser 
considerado, em sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão, não 
obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais. 
Reino Davídico, Democracia Ateniensee e República Romana 
A consciência histórica dos Direitos Humanos remonta ao desenvolvimento de 
mecanismos de limitação do poder político. Em regra os governantes criavam leis 
para justificar seu poder, contudo, nas sociedades abaixo referidas, o poder 
político encontrava-se subordinado. 
Ö Reino de Davi (século XI e X a.C): subordinação dos governantes à lei 
divina. 
Os governantes não criam o direito para justificar o exercício de seu poder, 
pelo contrário, estão submetidos a um conjunto de princípios e normas 
superiores (de caráter divino). 
Ö Democracia ateniense (século VIII a.C): sociedade subordinada à lei e 
com ativa participação popular no processo político. 
 
2 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 19. 
Direitos Humanos e Cidadania - PRF 
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Ö República Romana: há limitação do poder político por meio da instituição 
de um complexo sistema de controles recíprocos entre os diversos órgãos. 
Em suma, todas essas sociedades caracterizam-se pela LIMITAÇÃO DO 
PODER POLÍTICO e possuem importância na consolidação dos Direitos 
Humanos. 
Baixa Idade Média 
O início da Idade Média (denominada de Alta Idade Média) é marcada pelo 
esfacelamento do poder político e econômico, em razão da instauração do 
feudalismo. 
Contudo, a partir do século XI, houve o início de um movimento de retomada, 
no qual grupos dominantes passaram a pretender o controle político da 
sociedademedieval. Assim, os governantes, já na Baixa Idade Média, passaram 
a centralizar o poder político em suas mãos, o que implicou uma série de pressões 
de outros segmentos da sociedade no sentido contra abusos dessa reconstrução 
do poder político. 
Dois são os documentos marcantes dessa época: 
1. Declaração das Cortes de Leão de 1188; e 
2. Magna Carta de 1215. 
Esses diplomas, em síntese, foram capazes de assegurar, no surgimento dos 
direitos humanos, o valor liberdade. Essa liberdade, contudo, era específica e 
em favor de determinados estamentos da sociedade. 
Em suma: nesse período despontou A LIBERDADE COMO MANIFESTAÇÃO 
INICIAL DOS DIREITOS HUMANOS. 
Século XVII 
Esse período é caracterizado pelo que D� GRXWULQD� GHQRPLQD� GH� ³crise de 
consciência´�� QR� TXDO� RV� HVWXGLRVRV� H� SHQVDGRUHV� GD� pSRFD� SDVVDUDP� D�
questionar o poder político. 
Ao lado das revoluções científicas da época, houve o renascimento dos ideais 
republicanos e democráticos, intensificando-se o sentimento de 
liberdade e de resistência ao poder absolutista. 
Por conta disso, esse período é marcado pelo estatuto das liberdades pessoais, 
com destaque para: 
1. criação do habeas corpus; e 
2. Bill of Rights. 
Em suma: nesse período despontou o ESTATUTO DAS LIBERDADES 
PESSOAIS, guardando íntima relação com a temática dos Direitos Humanos. 
 
Direitos Humanos e Cidadania - PRF 
teoria e questões 
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Questão ± MPT/MPT - Procurador do Trabalho - 2015 
Sobre a evolução histórica dos direitos humanos, assinale a alternativa 
CORRETA: 
a) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América consiste em um rol de 
direitos fundamentais inserido na Declaração de Independência proclamada 
por Thomas Jefferson em 1776, posteriormente incorporado aos Artigos da 
Confederação. 
b) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América constitui-se de normas 
originárias constantes da Constituição aprovada na Convenção da Filadélfia 
em 1787. 
c) O Bill of Rights dos Estados Unidos da América foi inserido somente em 
1791 na Constituição americana, sob a forma de emendas constitucionais. 
d) O Bill of Rights formalmente não é uma norma federal nos Estados Unidos 
da América, mas sim uma interpretação extensiva da Declaração de Direitos 
da Virginia promovida pela jurisprudência da Suprema Corte americana. 
e) Não respondida. 
Comentários 
Essa questão é extremamente maldosa! 
Sabemos que o Bill Of Rights constitui uma declaração de direitos de lliberdade 
(de expressão, política e de tolerância religiosa). Trata-se de um documento que 
surgiu no Reino Unido em 1689 e possui grande relevância para a afirmação 
histórica dos Direitos Humanos. 
Contudo, não é desse documento que trata a questão. Ela refere-se ao Bill of 
Rights DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, que é o nome dado às primeiras 
10 emendas à Constituição dos EUA de 1787. Esse documento caracteriza-se por 
conter direitos básicos do cidadão em face do Estado, porém não se confunde 
com Bill os Rigths que estudamos acima. 
Portanto, a alternativa C é a correta e gabarito da questão. 
Independência Americana e Revolução Francesa 
Esse período é denominado por Fábio Konder Comparato3 D� ³certidão de 
nascimento dos Direitos Humanos´�� WHQGR� HP� YLVWD� TXH� KRXYH� R�
reconhecimento solene de que todos os homens são iguais, com mesmos 
direitos perante a sociedade. 
Dois são os documentos de destaque: 
1. Declaração de Independência dos EUA; e 
2. Declaração dos Direitos Homem e do Cidadão de 1789. 
 
3 COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 62. 
Direitos Humanos e Cidadania - PRF 
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Esse período marca o ressurgimento da democracia, que objetivou a defesa 
da classe burguesa contra o regime de privilégios e de governo irresponsável. 
Esse movimento foi fundamental para a consolidação da democracia, dos direitos 
de cidadania e da melhoria das condições de vida da sociedade. 
Em suma: nesse período desponta-se LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA, 
DIREITOS DE CIDADANIA E TENTATIVA DE MUDANÇA DAS CONDIÇÕES 
DE VIDA como manifestações dos Direitos Humanos. 
 
Questão ± FCC/DPE-SP - Defensor Público - 2015 
Analise as assertivas a seguir. 
,��³2V�GURLWV�GH�O
KRPPH��RV�GLUHLWRV�KXPDQRV��VmR�GLIHUHQFLDGRV�FRPR�WDLV�
dos droits du citoyen, dos direitos do cidadão. Quem é esse homme que é 
diferenciado do citoyen? Ninguém mais ninguém menos que o membro da 
sociedade burguesa." 
,,��³0XOKHU��GHVSHUWD��$�IRUoD�GD�UD]mR�VH�ID]�HVFXWDU�HP�WRGR�R�8QLYHUVR��
Reconhece teus direitos. O poderoso império da natureza não está mais 
envolto de preconceitos, de fanatismos, de superstições e de mentiras. A 
bandeira da verdade dissipou todas as nuvens da ignorância e da usurpação. 
O homem escravo multiplicou suas forças e teve necessidade de recorrer às 
tuas, para romper os seus ferros. Tornando-se livre, tornou-se injusto em 
relação à sua companheira." 
São autores, respectivamente, dos excertos críticos à Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão: 
a) Karl Marx e Simone de Beauvoir. 
b) Jean-Jacques Rosseau e Olympe de Gouges. 
c) Karl Marx e Olympe de Gouges. 
d) Jean-Jacques Rosseau e Simone de Beauvoir. 
e) Robespierre e Hannah Arendt. 
Comentários 
Temos aqui uma questão dificílima, mas que ilustra bem o nosso estudo. Em face 
disso, vamos comentá-la no material. A Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, marca a Revolução Francesa e é fundamental na afirmação histórica dos 
Direitos Humanos. 
Embora seja reconhecido como documento fundamental de Direitos Humanos, há 
autores que criticam o documento. Na questão, a FCC explorou justamente isso. 
Ela quer saber, em cada um dos itens, quais são os críticos referidos. 
Acrditamos que uma questão tal como essa é difícil de aparecer em provas. As 
provas de Defensor Público do Estado de São Paulo caracterizam-se por serem 
Direitos Humanos e Cidadania - PRF 
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as mais difíceis do Brasil na matéria. Assim, se nós soubermos até o que eles 
estão cobrando lá, não teremos dificuldade nenhuma em nossa prova. 
No primeiro item temos um excerto de Karl Marx crítico ferrenho da burguesia e 
do sistema capitalista desenvolvido após à Revolução Francesa. Notem que o 
excerto deixa claro qXH�D�'HFODUDomR�GH�'LUHLWRV�GR�+RPHP�p�IHLWD�SDUD�³XPD�
HVSpFLH�GH�KRPHP´��R�EXUJXrV� 
Em relação ao segundo item, temos uma citação de Gouges. Sem necessidade 
de nos aprofundarmos muito a respeito do tema, Marie Gouze (conhecida como 
Gouges) foi uma feminista revolucionária. Defendia os direitos das mulheres 
FULRX�XPD�REUD�GHQRPLQDGD�³'HFODUDomR�GRV�'LUHLWRV�GD�0XOKHU�H�GD�&LGDGm´��HP�
crítica à autoridade masculina e à relação desigual travada na Declaração. 
Desse modo, a alternativa C é a correta e gabarito da questão. 
Reconhecimento dos Direitos Humanos sociais de caráter econômico 
e social 
A intensa defesa da liberdade e das igualdades que permeavam o discurso após 
a Revolução Francesa e a Revolução Americana tornou-se inútil para a crescente 
e numerosa classe de trabalhadores. 
Isso levou ao surgimento do socialismo, entre cujas contribuições para os 
Direitos Humanos destaca-se o reconhecimento dos direitos de caráter 
econômico e social. 
Em suma: DECORRENTE DA OPRESSÃO À CLASSE TRABALHADORA, O 
SOCIALISMO VIABILIZOU O RECONHECIMENTO DE DIREITOS 
ECONÔMICOSE SOCIAIS COMO HUMANOS. 
Primeira fase de internacionalização dos Direitos Humanos 
Essa fase remonta o início do século XIX e perdura até o final da 2ª Guerra 
Mundial. 
Três são setores de destaque: 
1. direito humanitário, que culminou com um conjunto de leis para evitar o 
sofrimento de soldados prisioneiros, doentes e feridos, bem como a 
população atingida por conflitos bélicos. Destaca-se esse setor pela 
Convenção de Genebra de 1864, que fundou a Cruz Vermelha. 
2. luta contra a escravidão, cujo documento de destaque é o Ato Geral da 
Conferência de Bruxelas de 1890; e 
3. regulação dos direitos dos trabalhadores, com a criação da OIT em 
1919. 
Em suma: esse período é marcado pelo DIREITO HUMANITÁRIO, PELA LUTA 
CONTRA A ESCRAVIDÃO E PELA REGULAÇÃO DOS DIREITOS DOS 
TRABALHADORES. 
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Evolução dos Direitos Humanos a partir de 1945 
Esse período que se inicia ao emergir a 2º Guerra Mundial e perdura até os dias 
atuais. O período caracteriza-se pela preocupação da humanidade com o valor 
vida, em especial, após atrocidades e barbáries das guerras mundiais. Afirma a 
doutrina que há preocupação com o valor supremo da dignidade. 
A partir deste período, houve aprofundamento e a definitiva 
internacionalização dos Direitos Humanos, envolvendo não apenas os 
direitos individuais, mas também, direitos de natureza civil e política, 
direitos de conteúdo econômico e social. 
Em suma: esse período denota O RECONHECIMENTO DA DIGNIDADE COMO 
VALOR SUPREMO. 
Com isso finalizamos, baseados nos ensinamentos de Fábio Konder Comparato, 
os principais eventos históricos que marcam a afirmação dos Direitos Humanos. 
Como é de hábito em nossa aula, vejamos uma síntese do analisado neste 
capítulo. 
 
AFIRMAÇÃO HSTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS 
Constitui a análise dos principais eventos históricos que, de algum modo, contribuíram para o 
desenvolvimento e afirmação dos Direitos Humanos. Tais eventos, em regra estão relacionados 
a: 
 Atrocidades, guerras e surtos de violência; ou 
 Descobertas científicas ou invenções técnicas. 
PERÍODO OBSERVAÇÕES 
PERÍODO AXIAL 
Marca a passagem do pensamento filosófico, que passa ser 
centrado no ser humano, reconhecendo que o homem é o 
centro das atenções. 
REINO DAVÍDICO, DEMOCRACIA 
ATENIENSE E REPÚBLICA ROMANA 
Constituem formas políticas nas quais o poder político 
encontra-se subordinado à lei, seja por interesse divino 
(Reino de Davi), por interesse democrático (Atenas) ou pela 
estrutura segmentada e organizada da sociedade (Roma). 
BAIXA IDADE MÉDIA 
Marca a reação de setores da sociedade contra a retomada 
do poder, exigindo o respeito da direitos de liberdade. 
- Declaração das Cortes de Lesão de 1188; e 
 - Magna Carta de 1215. 
SÉCULO XVII 
Marca o renascimento de ideais republicanos e 
democráticos, com destaque para o sentimento de liberdade 
e resistência a governos absolutistas: 
- criação do habeas corpus 
- Bill Of Rights 
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INDEPENDÊNCIA AMERICANA E 
REVOLUÇÃO FRANCESA 
Período que marca o nascimento dos Direitos Humanos, com 
despontamento da legitimidade democrática, resguardo aos 
direitos de cidadania e valorização da dignidade. 
- Declaração de Independência dos EUA; e 
- Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
RECONHECIMENTO DOS DIREITOS 
HUMANOS SOCIAIS DE 
ECONÔMICOS E SOCIAIS 
Marca a reação da classe operária e difusão do pensamento 
socialista, que viabilizou o reconhecimento dos direitos 
econômicos e sociais como Direitos Humanos. 
PRIMEIRA FASE DE 
INTERNACIONALIZAÇÃO DOS 
DIREITOS HUMANOS 
Marca o surgimento do Direito Humanitário (Cruz Vermelha) 
± vertente dos Direitos Humanos ± a luta contra a 
escravidão (Ato Geral da Conferência de Bruxelas), bem 
como a regulação dos direitos trabalhistas (criação da OIT) 
EVOLUÇÃO DOS DIREITOS 
HUMANOS A PARTIR DE 1945 
Marca a efetiva internacionalização dos Direitos Humanos, 
com o reconhecimento da dignidade da pessoa como valor 
supremo. 
 
Questão ± VUNESP/PC-SP - Auxiliar de Necropsia - 2014 
Considerando a evolução histórica e cronológica dos direitos humanos em 
âmbito internacional, pode-se afirmar que existiram três marcos históricos 
fundamentais. São eles: 
a) o jusnaturalismo, a promulgação da Constituição dos Estados Unidos da 
América e a independência do Brasil. 
b) a queda do Império Romano, a queda da Bastilha, na França, e a criação 
da Organização das Nações Unidas. 
c) o Iluminismo, a Revolução Francesa e o término da Segunda Guerra 
Mundial. 
d) o totalitarismo, a queda de Hitler e a Promulgação da Constituição 
Brasileira de 1988. 
e) a criação da Igreja Católica, o constitucionalismo e o fim da Primeira 
Guerra Mundial. 
Comentários 
Analisando as alternativas, excluímos a alternativa A, pois o junaturalismo 
constitui um movimento que é utilizado como fundamento dos Direitos Humanos 
e não como marco histórico evolutivo da matéria. Do mesmo modo, a 
independência do Brasil naõ possui significado na evolução dos Direitos Humanos. 
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A alternativa B está incorreta, pois embora as outras duas referências sejam 
relevantes, a queda do Império Romano não trouxe consequências importantes 
para a evolução da disciplina. 
A alternativa D também está incorreta, internamente a CF possui relevância em 
relação aos direitos fundamentais, contudo, não pode ser considerada marco 
histórico da evolução dos Direitos Humanos. Quanto ao totalitarismo e a queda 
de Hitler não podemos vinculá-los diretamente como marcos da nossa disciplina. 
A alternativa E também não pode ser o gabarito, pois, embora a Igreja Católica 
seja fundamental, na divulgação dos valores cristão, de respeito à pessoa, não é 
marco da evolução da disciplina. E, quanto ao constitucionalismo, é um 
movimento jurídico que influenciou indiretamente na internalização de Direitos 
Humanos. 
Portanto, a alternativa C é a correta e gabarito da questão. 
3 - Direitos Humanos e Responsabilização Estatal 
Este último tópico da aula é deliciado e amplo. Contudo, para concurso público, 
tendo em vista o que tem sido cobrado em prova, podemos fixar os tópicos a 
serem estudados. 
Assim, vamos tratar sobre alguns aspectos históricos, conceitos, elementos, 
sujeito ativo e sujeito passivo, bem como pré-requisitos para a responsabilização 
internacional. Na parte final, abordaremos as consequências da responsabilização 
e a relação da responsabilidade com as normas jus cogens e responsabilidade. 
3.1 - Nota Histórica e o Projeto da Comissão de 
Direitos Internacional das Nações Unidas sobre 
Responsabilidade Internacional dos Estados 
Historicamente, passou a se falar concretamente de responsabilização 
internacional por violações de Direitos Humanos após a 2ª Guerra Mundial. 
Destaca-se nesse período, com a formação da ONU, uma série de tentativas 
frustradas de estabelecer um conjunto de regramento para a responsabilização. 
Durante os primeiros 50 anos de existência, a ONU fez uma série de estudos, 
conseguindo, somente em 2001, redigir um texto que disciplina a 
responsabilidade internacional por violações de Direitos Humanos no sistema 
global. Esse diploma é denominado de Projeto da Comissão de Direitos 
Internacional dasNações Unidas sobre Responsabilidade Internacional 
dos Estados. Tal documento foi fruto da aproximação multilateral dos Estados 
em relação ao Direito Internacional, bem como de ideias de coexistência, 
cooperação, solidariedade e de unidade. 
O objetivo da responsabilização é exclusivamente buscar maior respeito às 
normas imperativas, dentre as quais estão os direitos fundamentais do homem. 
Isso porque se houver consequências previstas para as violações de Direitos 
Humanos, haverá maior proteção desses direitos. 
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3.2 ± Conceito e Elementos 
Por responsabilidade internacional entende-se o instituto jurídico de direito 
internacional mediante o qual se imputa ao Estado a prática de ato ilícito 
internacional, gerando o dever de reparação. 
Vejamos o conceito de Valério de Oliveira Mazzuoli4: 
A responsabilidade internacional do Estado é o instituto jurídico que visa responsabilizar 
uma potência soberana pela prática de um ato atentatório (ilícito) ao direito internacional 
perpetrado contra os direitos ou a dignidade de outro Estado, prevendo certa reparação a 
este último pelos prejuízos e gravames que injustamente sofreu. 
A ideia é simples: 
 
O conceito, segundo doutrina de Celso Albuquerque de Mello5, engloba 3 
elementos: 
1º. ato ilícito; 
2º. imputabilidade; 
3º. prejuízo (ou dano). 
Para configuração do ato ilícito é necessário que a ação ou omissão do Estado 
contrarie norma internacional, independentemente do Estado violador considerar 
a conduta ilícita internamente. 
Por imputabilidade devemos compreender o nexo causal entre o ato ilícito 
e o responsável pela violação. Dito de outra forma, será imputada a 
responsabilização ao Estado que causar um ato ilícito internacional de Direitos 
Humanos. 
O prejuízo (ou dano) à dignidade humana, por sua vez, é o objetivo da 
responsabilização internacional dos Estados, implicando no dever de 
reparação. Esse prejuízo pode ser de ordem material ou de ordem moral e 
constitui elemento essencial, fato gerador da responsabilidade internacional. 
A reparação é compreendida como o restabelecimento da ordem jurídica anterior 
ao fato (status quo ante) que gerou a violação de direito humano, a fim de 
alcançar a reparação dos prejuízos sofridos, tendo em vista os danos sofridos 
pela vítima. 
 
4 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direitos Humanos, Rio de Janeiro: Editora Forense, 
2014, p. 31. 
5 MELLO, Celso Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público. Vol. I, 15ª edição, Rio 
de Janeiro: Editora Renovar, 2004, p. 523. 
Violada uma norma de Direito Internacional surge o dever daquele que 
infringiu a norma reparar o dano causado.
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Segundo Celso Albuquerque de Mello6 a responsabilidade internacional 
caracteriza-se por ser: 
responsabilidade com a finalidade de reparar o prejuízo; o Direito Internacional 
praticamente não conhece a responsabilidade penal (castigo, e.g.). 
Excepcionalmente poderá haver responsabilização desproporcional ao prejuízo 
causado, com intuito educativo, quando se tratar de normas de jus cogens. 
 
A responsabilização em regra é reparatória, ou seja, busca retornar ao status 
anterior à violação. Se isso não for possível, é comum a comunidade recorrer à 
indenização financeira como forma compensatória. 
É importante destacar que a responsabilização penal em nosso estudo é 
excepcional. De acordo com Valério de Oliveira Mazzuoli7, a responsabilização 
penal somente ocorrerá em hipóteses excepcionais, como no caso de genocídio, 
crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Em tais situações, é possível 
aferir a responsabilidade pessoal do indivíduo, por intermédio de processos, tais 
como aqueles do Tribunal Penal Internacional. 
Antes de seguimos, registre-se que a responsabilização por atos ilícitos de 
direitos humanos é objetiva. Vale dizer, o Estado será responsabilizado pela 
simples violação da norma internacional, independentemente da demonstração 
de intenção ou culpa. 
 
6 MELLO, Celso Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público, p. 158. 
7 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direitos Humanos, Rio de Janeiro: Editora Forense, 
2014, p. 33. 
ELEMENTOS PARA A 
RESPONSABILIZAÇÃO
ato ilícito
ação ou omissão 
contrária à norma 
internacional de direitos 
humanos
imputabilidade
nexo entre o ato ilícito e 
o agente causador 
responsável
prejuízo
dano ao direito humanos 
da vítima
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3.3 - Finalidade da responsabilidade internacional 
De acordo com a doutrina podemos destacar duas finalidades principais da 
responsabilização internacional do Estado: a preventiva e a repressiva. 
Em um primeiro momento, a responsabilização implica em coagir o Estado a 
observar as normas compactuadas e compromissos firmados. Nesse caso, a 
atuação se dá previamente a qualquer violação das regras de direitos humanos. 
A finalidade preventiva não basta. Paralelamente, a responsabilização tem por 
finalidade repreender o Estado que praticar ato ilícito. 
O fundamento da responsabilização está no princípio da igualdade. Os Estados 
signatários dos tratados internacionais são tratados como iguais, de forma que 
aqueles que violarem as normas, devem ser responsabilizados como medida de 
justiça, ante o tratamento igualitário conferido aos estados. 
Por fim, cumpre observar que paralelamente à finalidade preventiva e repressiva 
que estudamos, a doutrina a finalidade limitativa. Vale dizer, a responsabilização 
tem por finalidade impor limites à atuação leviana ou arbitrária, prejudicial a 
terceiros, e que possam desiquilibrar as relações entre os Estados. 
De forma esquematizada, temos: 
 
 
3.4 - Sujeitos passivo e ativo 
Analisado o conceito questiona-se: 
Mas quem serão os sujeitos (ativo e passivo) envolvidos na 
responsabilização? 
São sujeitos ativos os titulares de direitos e obrigações no plano 
internacional. Assim, num primeiro momento os Estados serão os sujeitos 
FINALIDADES DA 
RESPONSABILIZAÇÃO
preventiva
busca coagir os Estados a 
observarem as obrigações 
assumidas
repressiva busca reparar atos ilícitos praticados pelos Estados
limitativa
busca impor limites à atuação 
leviana e arbitrária dos 
Estados, capaz de abalar as 
relações pacíficas.
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ativos, quando considerados na condição de agentes que, por omissão ou ação, 
causam prejuízos aos direitos de dignidade de outrem. 
Nesse contexto, Celso Albuquerque de Mello8 leciona: 
A responsabilidade é de Estado a Estado, mesmo quando é um simples particular a vítima 
ou o autor do ilícito no plano internacional. Para que haja endosso da reclamação do Estado 
nacional da vítima, o Estado cujo particular cometeu o ilícito é que virá a ser 
responsabilizado. 
Assim, são considerados passíveis de responsabilização, todos aqueles que 
são obrigados pelos Direitos Humanos Internacionais. A regra é a 
responsabilização do Estado, em razão de atos ou omissões que impliquem 
violações adireitos humanos praticados pelos órgãos e agentes estatais. Da 
mesma maneira, de acordo com a doutrina, atos cometidos por pessoas privadas, 
que receberam delegação para realização de tarefas públicas, por parte dos 
Estados, implicam a responsabilização do agente delegante, ou seja, do Estado. 
Questiona-se, nesse contexto, se a violação de direito humano de um 
indivíduo ou grupo de indivíduos poderia implicar a responsabilização do 
Estado. A resposta é SIM! Ao Estado é atribuído o dever de respeitar e de 
garantir a observância das normas de direitos humanos no âmbito interno. Assim, 
diante de uma violação de direitos de um nacional, surge o dever do Estado em 
agir para reparar a violação. Se não o fizer terá sido omisso, implicando a 
responsabilização internacional pela omissão estatal. 
 
Por outro lado, os sujeitos passivos são as pessoas, comunidades ou grupos 
que sofram a violação de direitos humanos. 
3.5 - Pré-requisitos para a responsabilização 
Neste ponto, podemos elencar dois assuntos principais: 
 
8 MELLO, Celso Albuquerque. Curso de Direito Internacional Público, p. 158. 
SUJEITOS PASSÍVEIS DE
RESPONSABILIZAÇÃO
ESTADO
direta, decorrente 
de ação ou 
omissão
pelas violações que 
causar a seus nacionais 
ou contra outros 
Estado, indivíduos ou 
grupo de indivíduos
indireta, 
decorrente de 
omissão estatal
pelas violações 
perpetradas por 
residentes contra 
indivíduo ou grupo de 
indivíduos, quando o 
Estado NÃO tomar 
providências.
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ƒ a aplicação das normas de Direito Humanos às pessoas não signatárias 
dos tratados internacionais e 
ƒ a regra de esgotamento do Direito Interno antes da aplicação das normas 
de Direito Internacional. 
Vejamos: 
ª O fundamento da responsabilização internacional reside do princípio da 
igualdade soberana entre os Estados. 
E o que significa esse princípio? 
Trata-se da ideia de reciprocidade. Os Estados, ao firmarem tratados de direitos 
humanos, comprometem-se em relação aos demais em respeitar e 
garantir os Direitos Humanos. Esse desejo é soberano e vincula o Estado 
perante a comunidade internacional. 
A regra não nos traz maiores dúvidas, contudo, pergunta-se: 
E se o Estado não assinou o tratado internacional, poderá violá-lo, 
observando tão somente suas regras internas? 
Obviamente que não! Estudamos os Direitos Humanos nasceram diante de 
graves violações à dignidade da pessoa, o que sensibilizou a comunidade 
internacional para firmar acordos de respeito aos direitos humanos. Esses 
acordos, pós 2ª Guerra Mundial alastraram-se pelo mundo e são considerados 
hoje consenso em todas as sociedades, independentemente de sua vontade e 
suas características cultuais, políticas e sociais próprias. 
Assim, da violação de um direito humano, em não havendo reparação interna, 
surge na comunidade internacional, seja por meio dos Estados, seja por 
intermédio das organizações internacionais, a necessidade de acionar aquele que 
violou tais normas, imputando-o a responsabilização internacional. 
ª A responsabilização internacional do Estado, todavia, não é direta. 
Compreendem os estudiosos de Direito Internacional Público que primeiro devem 
ser esgotados os recursos internos dos Estados. Se esses meios forem 
ineficazes ou suficientes surge a possibilidade responsabilização 
internacional. 
O Estado poderá ser chamado a responder pela omissão diante de violação a 
direito humano de pessoa ou grupo de indivíduos residentes. Nos referimos à 
responsabilidade indireta do Estado. O indivíduo ou coletividade, seja nacional ou 
estrangeiro, que esteja em determinado Estado, caso sofra violação de seus 
direitos humanos, terá direito à reparação pelos prejuízos causados. A regra é 
que a reparação seja realizada internamente, diante da assunção do 
compromisso de todos os Estados em verem respeitados e garantidos os direitos 
humanos. 
Contudo, em decorrência da omissão ou inefetividade dos meios internos será 
possível acionar a comunidade internacional, que promoverá, por meio das 
organizações internacionais, a responsabilização daquele Estado perante a 
comunidade internacional. 
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3.6 - Consequências 
A doutrina enumera as seguintes consequências ou as obrigações dos Estados 
decorrentes de violação a Direitos Humanos. Apontamos no quadro a seguir as 
diversas possibilidades de consequência da responsabilização dos Estados. 
OBRIGAÇÕES DOS ESTADOS DECORRENTES DE VIOLAÇÃO A DIREITOS HUMANOS 
Consequência Observações: 
Cessação da 
violação de direito 
 Os Estados são obrigados a agir, incondicionalmente, para a cessação 
de violações de Direitos Humanos. Consiste no dever de garantir a 
dignidade das pessoas. 
Omissão de futuras 
violações 
 O Estado deve abster-se de praticar futuras condutas violadoras de 
direitos humanos 
Restituição natural 
 Uma vez violado o direito humano, compete ao Estado repará-lo, 
retornando ao status quo ante. 
Satisfação 
 Corresponde a todas as formas imateriais de satisfação de violações 
a Direitos Humanos como desculpas oficiais, programas de formação e 
capacitação dos responsáveis pela violação a Direitos Humanos. 
Indenização 
 Se a restituição natural ou a satisfação não forem possíveis, haverá a 
indenização, que pode constituir compensação pecuniária. 
PRÉ-REQUISITOS PARA A 
RESPONSABILIZAÇÃO
aplicação das normas de Diretios 
Humanos às pessoas não signatárias 
dos tratados internacionais
esgotamento dos mecanismos internos 
antes da aplicação das normas de 
Direito Internacional
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3.7 - Responsabilidade e normas de jus cogens 
Para finalizar o assunto da responsabilidade internacional e a aula de hoje cumpre 
estudarmos algumas particularidades da responsabilização em decorrência da 
norma jus cogens. 
As normas de jus cogens encontram fundamento na Convenção de Viena de 1969 
e são consideradas como normas imperativas em sentido estrito, o que significa 
que os direitos humanos contêm um conjunto de valores considerados essenciais 
para a comunidade, de maneira que possuem superioridade normativa em 
relação às demais normas internacionais. 
Assim, as normas jus cogens são responsáveis pelas matérias mais 
importantes e imprescindíveis, em termos de Direitos Humanos, cuja 
violação representa risco à preservação do Estado e dos valores humanos 
básicos. De acordo com a doutrina, a violação a norma jus cogens implica, num 
primeiro plano, o dever de cooperação mútuo da sociedade para por fim ao 
estado de violação. Além disso, não é aceito que nenhum Estado soberano, 
reconhecido internacionalmente, admita como lícita situação de violação à norma 
imperativa de direito humano. Diante de tal realidade, qualquer Estado poderá 
acionar ou ser acionado para cessarem as violações às normas de jus cogens, 
bem como para prestarem auxílio e assistência para superação das graves 
violações de direitos humanos. 
Entendem os estudiosos que a reparação do dano quando se trata de violação de 
norma jus cogens é diferenciada, de modo a se falar em regime agravado de 
responsabilidade. Vale dizer, para além dos mecanismos tradicionais de 
reparação que vimos na presenteaula, a comunidade internacional tem-se aceito 
a aplicação de sanções com caráter punitivo e educativo. Assim, para além 
da indenização do sujeito ativo, haverá a aplicação de sanções que objetivem 
coibir e educar o sujeito passivo, para que tais violações não sejam perpetradas 
novamente. 
 
Finalizamos, assim, a parte teórica. Vejamos, em seguida as questões desta aula! 
4 ± Direitos Humanos e Globalização 
Quanto a esse assunto, devemos tão somente tecer alguns comentários e indicar 
algumas tendências. Dificilmente a temática será objeto de prova, uma vez que 
‡Dever de cooperação mútuo da sociedade para por fim ao estado de
violação.
‡Não se aceita por nenhum Estado das normas jus cogens, ainda que o
Estado violador não tenha assumido compromisso internacional de respeitá-
lo.
‡Aplicação de sanções de caráter punitivo e educativo em razão do
denominado regime agravo de responsabilidade nas violações de normas jus
cogens.
RESPONSABILIDADE E NORMAS "JUS COGENS"
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não é um assXQWR� ³REMHWLYDPHQWH� FREUiYHO´� HP� SURYDV� GH� FRQFXUVR� S~EOLFR��
Contudo, alguns conceitos gerais são importantes. 
Por globalização devemos compreender a integração dos povos e culturas, 
objetivando a unificação de regras de comportamento com a expansão e 
facilitação das relações entre os países. Como sabemos o movimento 
globalizatório decorreu da expansão do processo econômico e irradiou efeitos 
para os Direitos Humanos, de ordem positiva e de ordem negativa. 
Segundo Norberto Bobbio, esse movimento contemporâneo levou à ampliação 
dos direitos. Muitos direitos até então assegurados apenas a determinados 
povos tornam-se globalizados, universais. 
Nesse sentido, vejamos alguns dos efeitos da globalização, segundo o referido 
autor9: 
a) aumento da quantidade de Bens considerados merecedores de Tutela; 
b) extensão da titularidade de certos Direitos típicos a outros sujeitos que não o Homem; 
F��D�FRQVLGHUDomR�GR�+RPHP�QmR�PDLV�FRPR�HQWH�JHQpULFR�RX�³HP�DEVWUDWR´��PDV�VLP�QD�
concretude das maneiras de ele ser em SociedadH��WDLV�FRPR�³FULDQoD��YHOKR��GRHQWH´��TXH�
passou a seu subordinar à lógica do mercado. 
Ciente de tais efeitos, os pensadores procuram sintetizar as consequências 
positivas e as consequências negativas causadas em razão globalização 
dos Direitos Humanos. 
4.1 - Consequências Negativas 
Doutrina estrangeira aponta quatro consequências negativas por conta de 
influência da globalização em nossa disciplina: 
1. agravamento de tendências destrutivas da vida social e da vida 
natural; 
2. constituição de grandes entidades privadas transnacionais que 
IXQFLRQDP� FRPR� HVSpFLHV� GH� ³HVWDGRV� SULYDGRV� PXQGLDLV´��
dispostas a se submeter aos estados nacionais; 
3. adequação de uma única potência hegemônica mundial que possui 
a prerrogativa de impor sua própria compreensão prática, política, 
econômica, social e cultural a todo o mundo; 
4. surgimento de fenômeno cultural legitimador da lógica do sistema, 
na perspectiva da afirmação do pensamento único. 
Assim, a racionalidade do mercado rompe com o princípio fundante da dignidade 
e da cidadania, de modo que os direitos humanos deixam de ser direitos que 
objetivam à proteção da dignidade, para servir à livre iniciativa dos agentes 
econômicos. 
Esses efeitos são tão deletérios, que é possível falar em uma crise dos direitos 
humanos, em decorrência da globalização: a) pela ausência de direitos para 
 
9 BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. (Coutinho, Carlos Nélson ± trad.). 5º reimp. Rio de 
Janeiro: Editora Campus, 1992, p. 68 
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a população mundial; b) pela atuação contraditória de Estados que, 
mesmo signatários de tratados internacionais, violam direitos humanos; 
c) pelo esvaziamento do conteúdo das ações emancipatórias, na medida 
em que os direitos humanos tornaram-se discurso oficial e institucional; 
e d) crise quanto a acepção dos diretos humanos ante da dita hegemonia 
de pensamento único. 
Diante dessa realidade, o principal desafio dos direitos humanos, nos próximos 
anos, será a defesa dos direitos humanos econômicos, sociais e culturais. A 
defesa das liberdades é importante, contudo, não se pode precarizar os demais 
direitos humanos notadamente os direitos prestacionais, sob o adágio de 
assegurarem apenas as liberdades individuais. 
Nesse contexto, Augusto Cançado Trindade10 enuncia que 
O grande desafio encontra-se em situar a pessoa humana no centro de todo o processo de 
desenvolvimento, o que requer um espírito de maior solidariamente em cada sociedade 
nacional e a consciência deque a sorte de cada um está inexoravelmente ligada à sorte de 
todos. 
A nova ordem mundial deve se opor às irracionalidades, por vezes, causadas pelo 
mercado, não deixando de considerar as diversidades históricas e culturais, bem 
como, eventuais compensações e reparações dos grupos vulneráveis e 
marginalizados, historicamente excluídos da sociedade. Caso contrário, todo o 
processo de afirmação e consolidação histórica dos Direitos Humanos que vimos 
na aula de hoje, deixaria de fazer sentido e voltaríamos milênios na História. 
 
Questão ± FCC/DPE-SP - Defensor Público - 2015 
³6H�Ki�XP�GLUHLWR�KXPDQR�j�YLGD�H�j�LQWHJULGDGH�ItVLFD��FRPR�VH�SRGH�DFHLWDU�
então, com anuência, que as intervenções militares ocidentais matem mais 
pessoas inocentes que as atrocidades dos ditadores e dos terroristas? Os 
EUA, é o que se diz, utilizam os direitos humanos apenas como pretexto para 
os interesses totalmente profanos do poder e da economia; não lhes 
interessa a situação jurídica da população, mas apenas o petróleo. E por 
isso, assim prossegue o argumento, há dois pesos e duas medidas: em toda 
parte onde os detentores do poder se destacam pelo bom comportamento, 
deixando por exemplo que os bombardeiros norte-americanos estacionem 
em seus territórios (como na Turquia, provavelmente, ou na Arábia Saudita), 
a autonomeada polícia mundial ocidental não há de objetar nada contra a 
pilhagem, a perseguição e a chacina de grupos inteiros da população ou 
contra as condições ditatoriais." 
(KURZ, Robert. Paradoxos dos direitos humanos. Folha de São Paulo, São 
Paulo, 16 mar. 2003. Caderno Mais!, p. 9-11) 
 
10 CANÇADO TRINDADE, Augusto. O Brasil e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais. Brasília: Cordenações de Publicações, 2000 (versão eletrônica). 
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O excerto acima é relacionado ao 
a) Multiculturalismo dos direitos humanos. 
b) Universalismo de confluência dos direitos humanos. 
c) Imperialismo dos direitos humanos. 
d) Relativismo dos direitos humanos. 
e) Universalismo dos direitos humanos. 
Comentários 
Novamente temos uma questão complexa, recentemente abordada pela FCC. Ela 
ilustra bem os aspectos negativos impostos aos Direitos Humanos em face do 
movimento globalizatório. 
Há pensadoUHV�� WDLV� FRPR� (ULF� +REVEDZQ�� TXH� IDODP� HP� ³LPSHULDOLVPR� GRV�
'LUHLWRV�+XPDQRV´�� 
E o que seria isso? 
Em termos simples, seria uma forma de impor vontades e concepções ocidentais 
a países com outras concepções, sob o argumento de que tais países violam 
sistematicamente os direitos mais básicos daspessoas, bem como adotam 
governos didatoriais. 
Argumenta-se que em tais situações apenas a força armada poderia assegurar 
minimamente o respeito a direitos humanos. 
Há uma distorção argumentativa a fim de justificar outras pretensões, como o 
capitalismo, a concepção ocidental de mundo e até mesmo interesses 
econômicos, sob o adágio dos Direitos Humanos. 
Esse movimento, portanto, é prejudicial aos Direitos Humanos e viola a 
relatividade imanente a tais direitos. 
Portanto, a alternativa C é a correta e gabarito da questão. 
4.2 ± Consequências positivas dos Direitos Humanos 
Para além dos aspectos negativos que a globalização, podemos apontar alguns 
aspectos positivos deste acontecimento contemporâneo. 
Segundo José de Morais11, devemos compreender inicialmente a globalização não 
apenas pelo seu aspecto econômico, mas analisá-la em sentido amplo. Nesse 
contexto, podemos vislumbrar a globalização como um projeto civilizatório 
com implicações profícuas em nosso objeto de estudo. 
Primeiramente, podemos visualizar uma escalada mundial que se concretiza 
no plano local (nas mais diversas sociedades) certos padrões de justiça 
e de solidariedade, com vistas à proteção da dignidade da pessoa. Trata-
 
11 Morais, José. L. B. Direitos Humanos, Estado e Globalização. In: RÚBIO, David Sanchez. 
Direitos Humanos e Globalização. 2ª edição, Porto Alegre: ediPUCRS, 2010, p. 143. 
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se de uma postura universalista em relação ao compartilhamento dos valores 
democráticos. 
É possível, ainda, perceber que a globalização, pela aproximação de diversos 
polos, conduz a um pensamento universal democrático, entre cujos 
projetos está a proteção à pessoa. 
Além disso, podemos afirmar que a globalização tem o condão de expor a 
julgamento a condução de governos locais. Em razão disso, eventuais 
violações a Direitos Humanos vêm à tona na sociedade mundial, 
favorecendo a mobilização da sociedade contra tais comportamentos. Em meio a 
esse contexto, tornou-se comum a instituição de organismos especializados na 
proteção dos direitos humanos, notadamente a ONU e a OIT. 
É possível perceber que a relação entre Direitos Humanos e Globalização é 
teórica, com conceitos e informações abstratas. 
 
GLOBALIZAÇÃO E DIREITOS HUMANOS 
GLOBALIZAÇÃO EM 
SENTIDO ESTRITO 
 globalização econômica; 
 prejudicial à proteção almejada pelos Direitos Humanos; e 
 a globalização enquanto um processo econômico trouxe mais 
malefícios que benefícios aos direitos humanos, especialmente 
violações dos direitos sociais, econômicos e culturais (direitos de 
segunda dimensão). 
GLOBALIZAÇÃO EM 
SENTIDO AMPLO 
 globalização civilizatória; 
 favorável à expansão dos Direitos Humanos; e 
 em outro turno a globalização considerada em sentido amplo 
favoreceu à disseminação de políticas e condutas protetivas dos 
direitos humanos e age como mecanismo inibidor de violações a esses 
direitos pela exposição internacional. 
Procuramos trazer neste tópico as principais discussões que envolvem a 
globalização e Direitos Humanos. O tema é complexo e cheio de entendimentos 
variados. 
Para a sua prova, leve, consigo, a informação de que a globalização traz 
diversas implicações aos Direitos Humanos. Essas implicações podem ser 
negativas, notadamente, quando se refere ao poderio econômico das 
grandes empresas multinacionais. Em outro sentido, poderá ser positivo 
na medida em que será instrumento para a disseminação de condutas e 
políticas protetivas dos direitos da dignidade. 
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5 - A Proteção Internacional dos Direitos Humanos 
5.1 - Introdução 
Os Direitos Humanos difundiram-se pouco antes da 1ª Guerra Mundial, vindo a 
se consolidar definitivamente como ramo do Direito Internacional Público, após a 
2ª Guerra Mundial, com a criação da ONU em 1945. 
Atualmente, em razão do forte desenvolvimento da disciplina na comunidade 
internacional, é impossível pensar em Direito Internacional, sem passar pela 
temática dos Direitos Humanos. 
O Direito Internacional dos Direitos Humanos, pode ser definido como a parte 
do Direito Internacional Público, que se responsabiliza pela temática dos 
direitos humanos, por meio de um conjunto de normas e de medidas 
internacionais voltadas à proteção da dignidade da pessoa em sentido 
amplo. 
5.2 - Precedentes Históricos 
Embora já tenhamos passado por vários aspectos históricos, vamos tratar dos 
precedentes históricos apontados por Flávia Piovesan12, que servem de 
fundamento para o desenvolvimento dos Direitos Humanos no âmbito 
internacional. 
A importância de estudarmos os precedentes históricos é dupla. Primeiro porque 
esses precedentes são acontecimentos que marcam o surgimento e a 
consolidação dos Direitos Humanos na órbita internacional. Segundo porque o 
assunto é constante em provas de concurso público. 
Assim, desde logo: 
 
 
 
12 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Direito Constitucional Internacional. 13ª edição, 
rev., atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 175/185. 
PRECEDENTES HISTÓRICOS
Direito Humanitário Liga das Nações OIT
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O direito humanitário refere-se ao conjunto de normas e de medidas que 
objetivam proteger os direitos humanos nos períodos de guerra, em 
especial, prisioneiros, combatentes e civis envolvidos. 
Algum tempo antes da 1ª Guerra Mundial, com o denominado 
Movimento da Cruz Vermelha, começaram a surgir as primeiras 
movimentações protetivas de direito humanitário. Por Cruz Vermelha 
compreende-se um movimento da comunidade internacional voltado à 
prestação de assistência humanitária, com objetivo de proteger a vida 
e a saúde das pessoas envolvidas em conflitos armados. Caracteriza-
se a Cruz Vermelha por ser um movimento neutro e imparcial, presente 
hoje na maioria dos países. 
A Liga das Nações, por sua vez, criada em 1920, após 1ª Guerra Mundial, teve 
por finalidade promover a cooperação, a paz e a segurança internacional. 
Segundo os doutrinadores, embora não tenha conseguido implementar seus 
objetivos tendo em vista a deflagração da 2ª Guerra Mundial anos mais tarde, a 
/LJD�GDV�1Do}HV�FRQVWLWXL�R�³embrião da ONU´� 
Por fim, merece menção a Organização Mundial do Trabalho (OIT), criada em 
1919, com objetivo de instituir e promover normas internacionais de 
condições mínimas e dignas de trabalho. 
 
 
Conforme ensina Flávia Piovesan, esses precedentes marcam o surgimento 
dos Direitos Humanos, que irão se consolidar após a 2ª Guerra Mundial. Nesse 
sentido, vejamos os ensinamentos de Rafael Barreto13��DR�FRPSDUDU�³R�DQWHV´�H�
³R�GHSRLV´�GD���*UDQGH�*XHUUD�� 
Antes, o debate sobre direitos humanos era bem embrionário, começando a ocupar a pauta 
das discussões internacionais; depois, a ideia de afirmação dos direitos humanos passa a 
dominar a pauta das discussões internacionais e ocasiona o surgimento de diversas 
 
13 BARRETTO, Rafael. Direitos Humanos. 2ª edição, rev., ampl. e atual., Bahia: Editora 
Juspodvim, 2012, p. 101. 
DIREITO HUMANITÁRIO
conjunto de normas e 
de medidas que 
objetivam proteger 
direitos humanos dos 
envolvidos em 
períodos de guerra.Movimento da Cruz 
Vermelha
LIGA DAS NAÇÕES
organismo 
internacional criado 
com o intuito de 
promover a 
cooperação, paz e 
segurança 
internacional.
"embrião da ONU"
OIT
organismo 
internacional que 
teve por objetivo 
instituir e promover 
normas internacionais 
de condições mínimas 
e digna de trabalho.
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entidades (estatais e privadas) e de diversos atos normativos voltados à proteção dos 
direitos humanos. 
Segundo a doutrina, o Tribunal de Nuremberg deu considerável contribuição para 
a disseminação da proteção internacional dos Direitos Humanos. Embora fosse 
um órgão de exceção cuja legalidade era discutível, demonstrou a preocupação 
da comunidade internacional em punir atos violadores dos direitos humanos, em 
especial aqueles perpetrados pelos regimes nazifascistas. 
5.3 - Internacionalização dos Direitos Humanos 
Os precedentes acima estudados, juntamente com a deflagração da 2ª Guerra 
Mundial, implicaram mudança de consciência da sociedade, que se mobilizou 
contra tais barbáries. 
Inicialmente, a mobilização foi local, dentro dos limites territoriais. Com o tempo, 
comunidades e grupos de países passaram a se organizar em prol da defesa dos 
Direitos Humanos. 
Com propagação da preocupação contra violações de Direitos Humanos vários 
compromissos foram assumidos. Em razão disso, tratados internacionais foram 
assinados com o objetivo de instrumentalizar e vincular a vontade dos 
signatários. Por conta disso, fala-se, que determinadas regras internacionais de 
direitos humanos são tão importantes que, se instrumentalizadas num 
documento internacional, possuem maior hierarquia em relação às demais 
normas internacionais. São as denominadas normas jus cogens. As normas jus 
cogens de Direitos Humanos, em razão da essencialidade da matéria que tratam, 
se impõem sobre qualquer outro regramento internacional. 
Portanto, em termos bem simples, podemos dizer que a internacionalização 
dos direitos humanos, nada mais é do que a expansão, para além das 
fronteiras nacionais, dos direitos fundamentais da pessoa humana, bem 
FRPR�D�FRQVDJUDomR�GDV�QRUPDV�³MXV�FRJHQV´. 
De toda forma, questiona-se o motivo pelo qual os 
Estado aceitam se condicionar aos tratados 
internacionais de direitos humanos, uma vez que esses 
tratados trazem apenas deveres aos países acordantes, ao 
contrário, por exemplo, de tratados e acordos econômicos que trazem ônus e 
benefícios para os signatários. Segundo André Carvalho Ramos14, seis são os 
motivos principais que, conjuntamente, levaram à internacionalização dos 
Direitos Humanos. Vale dizer, que viabilizaram que os Estados, diante de sua 
soberania, decidissem pela assunção e obrigações perante os demais países: 
1. repúdio às barbáries da 2ª Guerra Mundial; 
2. vontade dos Estados de adquirir legitimidade na arena internacional, 
distanciando-se de governos ditatoriais e de constante violação de direitos 
humanos; 
 
14 RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. 
2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2012 (versão eletrônica). 
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3. forma de estabelecer o diálogo ético entre os povos; 
4. finalidade de garantir um patamar mínimo de direitos dignos, que 
potencializam as relações econômicas entre países (por exemplo, respeito 
à propriedade, à propriedade intelectual, à vedação ao confisco etc.); 
5. intensa atuação da sociedade civil organizada no combate às violações de 
direitos humanos; e 
6. indignação da comunidade como um todo contra desrespeito a direitos 
EiVLFRV�GH�WRGR�VHU�KXPDQRV��³PRELOL]DomR�GD�YHUJRQKD´�� 
Todos esses fatores constituem a base sobre a qual os Direitos Humanos se 
espraiaram pelo mundo todo, levando à formação de diversos sistemas de 
proteção. 
Para fins de prova: 
 
 
Vejamos como o assunto apareceu em provas de concurso público. 
 
Questão ± CESPE/DEPEN ± Direitos Humanos e Cidadania ± 
Agente Penitenciário Federal ± 2015 
Consensualmente considerada um prolongamento natural da Carta da 
Organização das Nações Unidas (ONU, 1945), a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (DUDH) foi aprovada pela Assembleia-geral da ONU em 
1948 (Resolução 217-A). O documento reflete o desejo de paz, justiça, 
desenvolvimento e cooperação internacional que tomou conta de quase todo 
o mundo após duas grandes guerras no espaço de apenas duas décadas. 
Com relação a esse assunto, julgue os itens que se seguem. 
A internacionalização dos direitos humanos, objetivo central da DUDH, é uma 
forma de resposta ao mal absoluto que caracterizou regimes políticos como 
o nazismo, de que o genocídio promovido em campos de extermínio seria o 
exemplo mais dramático. 
Comentários 
INTERNACIONALIZAÇÃO 
DOS DIREITOS HUMANOS
Constitui a expansão, para além das 
fronteiras nacionais, dos direitos 
fundamentais da pessoa humana, bem 
FRPR�D�FRQVDJUDomR�GDV�QRUPDV�³MXV�
FRJHQV´
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Essa assertiva é muito interessante. A DUDH representa um marco fundamental 
para os Direitos Humanos. A internacionalização dos Direitos Humanos é 
marcada, por entre outros motivos, pela estruturação da ONU e pela edição da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
É exatamente esse o ensinamento da doutrina exposta em aula: 
Nesse contexto, leciona Sidney Guerra15: 
Consolida-se o movimento da internacionalização dos direitos humanos, no qual as relações 
dos Estados com seus nacionais deixam de ter apenas o interesse doméstico e passam a 
ser de interesse internacional, e definitivamente o sistema internacional deixa de ser apenas 
um diálogo entre Estados, sendo a relação de um Estado com seus nacionais uma questão 
de interesse internacional. 
Devemos memorizar: 
 
Portanto, a assertiva está correta. 
Na sequência, vamos pinçar, algumas noções iniciais sobre os sistemas de 
proteção de direitos humanos. 
5.4 - Sistemas de Proteção Internacional dos Direitos 
Humanos 
Após os eventos históricos e, em razão dos motivos acima mencionados, a 
expansão dos Direitos Humanos ocorreu no planeta todo em planos diferentes. 
No plano internacional geral, a criação da ONU deu origem ao sistema global 
de Direitos Humanos. Já no plano internacional local, países geograficamente 
próximos e com características sociais, econômicas e culturais semelhantes 
uniram-se na defesa dos Direitos Humanos, dando origem aos denominados 
sistemas regionais de Direitos Humanos. 
Assim, temos atualmente um Sistema Global de Direitos Humanos, capitaneado 
pela ONU, e sistemas regionais, que se formam no âmbito dos continentes 
americano, europeu e africano. 
 
15 GUERRA, Sidney. Direitos Humanos, 2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva: 2014, p. 105. 
DUDH
É o principal instrumento do Sistema Global
É a principal contribuição para a universalização da proteção ao ser 
humano.
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Para fins de prova, é importante direcionar o estudo para o Sistema Global e para 
o Sistema Americano de DireitosHumanos. Em relação ao Sistema Europeu e 
Sistema Africano veremos tão somente os aspectos principais de cada um deles. 
É importante registrar, ainda, que, para além dos sistemas internacionais de 
Direitos Humanos, cada país possui uma organização específica em relação ao 
tema, denominados sistemas nacionais de proteção aos Direitos Humanos. 
Também objeto de aula futura, o Brasil possui um arcabouço normativo, que 
inicia na Constituição Federal e se especializa em diversos diplomas legislativos 
infracionais. Para além da proteção legal de Direitos Humanos, o Poder Executivo, 
denotadamente o Poder Executivo Federal, disciplina diversas políticas públicas 
no sentido de garantir os direitos fundamentais, pelos denominados Planos e 
Programas de Direitos Humanos. 
Portanto, com influência sobre as relações jurídicas no Brasil temos um sistema 
interno de proteção aos direitos humanos, que convive com o Sistema Americano 
de direitos humanos e com o Sistema Global de direitos humanos. 
SISTEMAS INTERNACIONAIS
DE DIREITOS HUMANOS
Sistema Global (ONU) Sistemas Regionais
Sistema Europeu de Direitos 
Humanos
Organização dos Estados 
Americanos (OEA)
Organização da Unidade 
Africana
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Seguindo com o estudo da proteção internacional dos Direitos 
Humanos, devemos nos ater a um aspecto importante: o inter-
relacionamento entre esses diversos sistemas de proteção. 
Conforme esquema acima, no Brasil existe um sistema interno que 
convive com outros dois sistemas de internacionais de proteção. 
Em face disso, questiona-se: 
E se suas normas forem divergentes? Se uma delas for mais benéfica 
ou mais exigente que a outra? Qual se aplica? 
Ao se falar em relacionamento entre os sistemas, podemos vislumbrar três 
possibilidades de relação, conforme esquema ao lado. 
 
PROTEÇÃO 
DOS 
DIREITOS 
HUMANOS 
NO BRASIL
Sistema Interno 
de Proteção aos 
Direitos 
Humanos
Sistema Global 
de Proteção aos 
Direitos 
Humanos
Sistema 
Americano de 
Proteção aos 
Direitos 
Humanos
SISTEMAS
INTERNOS DE
CADA PAÍS
SISTEMA
GLOBAL
SISTEMAS
REGIONAIS
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No que atine à relação entre o sistema nacional e internacional devemos observar 
previamente a regra de que o sistema internacional é subsidiário, atuando 
apenas na omissão das normas de direito interno. 
Desde logo, lembre-se: 
 
Além disso, é possível que esses sistemas prevejam as mesmas regras de direitos 
humanos. Embora haja certa redundância, entende a doutrina que a proteção 
por vários planos é positiva para a máxima efetividade da proteção. 
Há entre os sistemas uma relação de complementaridade, em função de que 
um sistema complementa outro que eventualmente não preveja determinada 
regra de proteção específica. 
Por outro lado, podem surgir conflitos entre esses sistemas, hipótese que será 
definido de acordo com a norma mais benéfica à pessoa humana 
(assemelha-se ao in dubio pro operario, do Direito do Trabalho)16. 
 
5.5 - As Três Vertentes de Proteção Internacional 
$�WHVH�DFHUFD�GDV�GHQRPLQDGDV�³YHUWHQWHV�GH�SURWHomR�LQWHUQDFLRQDO�GRV�'LUHLWRV�
+XPDQRV´�IRL�H[SRVWD�SRU�$QW{QLR�$XJXVWR�&DQoDGR�7ULQGDGH��6HJXQGR�R�DXWRU��
por vertentes entende-se a separação em ramos de proteção internacional. 
O mesmo autor, posteriormente, teceu críticas quanto a essa cisão, afirmando a 
necessidade de superar a visão compartimentalizada da proteção 
internacional, de maneira que todos os órgãos e instrumentos devem 
objetivar a proteção ao ser humano sob qualquer dos seus aspectos. 
 
16 Envolvendo a temática de aplicação da norma mais favorável à dignidade da pessoa, sugere-
se a leitura do nosso artigo ,QWHUSUHWDomR�³SUR�KRPLQH´�GRV�'LUHLWRV�+XPDQRV, disponível 
em https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/interpretacao-pro-homine-dos-direitos-
humanos/, acesso em 22.10.2014. 
Os sistemas internacionais de proteção aos Direitos 
Humanos (globais ou regionais) são subsidiários ao dever 
interno de atuação.
‡ A máxima efetividade dos sistemas de proteção.
‡ A relação de complementaridade entre sistemas
para a integral proteção aos direitos humanos.
‡ A aplicação da norma mais favorável à vítima de
violação a direito humano, quando tutelado por
dois ou mais sistemas.
INTER-RELACIONAMENTO 
ENTRE SISTEMAS
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Nesse sentido leciona Flávia Piovesan17: 
A visão compartimentalizada, (...), encontra-se definitivamente superada, considerando a 
identidade de propósitos de proteção dos direitos humanos, bem como a aproximação 
dessas vertentes nos planos conceitual, normativo, hermenêutico e operacional. 
Não obstante a superação dessa divisão vamos analisar cada uma das vertentes, 
pois o assunto é frequente em provas de concurso público. Como sempre, 
procuraremos expor os assuntos de forma didática e esquematizada, com o fito 
de facilitar a apreensão dos conceitos-chave para a prova. 
Assim, desde logo: 
 
 
Vejamos cada uma delas. 
Direitos Humanos 
Os direitos humanos, enquanto vertente de proteção internacional, ganham 
relevo na comunidade internacional após o término da 2ª Guerra Mundial, diante 
do repúdio às violações da dignidade durante a guerra. Em razão disso, os 
Estados passaram a se reunir e firmar tratados internacionais que se difundiram 
e, com o tempo, passaram a ser implementados. Todo esse contexto é 
sobremaneira importante para a proteção da dignidade da pessoa, objeto dos 
Direitos Humanos. 
Vamos fazer uma distinção conceitual tênue. Prestem atenção! Nossa matéria ± 
Direitos Humanos ± engloba em termos gerais as três vertentes do gráfico acima. 
Nesse sentido, fala-se em Direitos Humanos latu sensu (ou sentido amplo). A 
vertente de Direitos Humanos, que estamos analisando neste tópico, é 
denominada Direitos Humanos stricto sensu (ou em sentido estrito). Entendido? 
Não há diferença em termos práticos para a doutrina contemporânea, hoje essas 
vertentes são vistas de forma conjunta. De todo modo, para fins de prova é 
importante distingui-las... 
 
17 PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos, 13ª edição, rev., atual., São Paulo: Editora 
Saraiva, 2013, p. 224. 
V
E
R
T
E
N
T
E
S
D
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P
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E
Ç
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M
A
N
O
S Direitos Humanos
Direito Humanitário
Direito dos Refugiados
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Nessa vertente de proteção os Estados decidem, por livre e espontânea 
vontade (no exercício da soberania), firmar tratados internacionais para 
a proteção dos Direitos Humanos. Esses tratados internacionais, por sua vez, 
preveem as hipóteses de violação, a forma de apuração e as consequências 
decorrentes da violação aos Direitos Humanos. 
A principal característica dessa vertente de proteção reside na possibilidade de 
um signatário do tratado internacional firmado, possuir legitimidade 
ativa para denunciar violação a direitos humanos, bem como a 
possibilidade de

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