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HABEAS CORPUS INCOMPETENCIA ALCIDES

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR MARIO CESAR RIBEIRO – TRF-1
PROCESSO DE ORIGEM: AÇÃO PENAL Nº 0004133-29.2015.4.01.3901 –Réu Preso
O advogado ALEXANDRE CARNEIRO PAIVA, inscrito na OAB/PA, sob o nº 15.814, com endereço profissional na Travessa Almirante Wandenkolk, nº 1243, Sala 703, Bairro Umarizal, Belém/PA, com arrimo no artigo 5º, LXVII, da Constituição da República e nos artigos 647, 648, III c/c com artigos 95, III e 108, ambos do Código de Processo Penal, vem respeitosamente a essa Colenda Corte, autorizado pelo paciente, impetrar ORDEM DE HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR, em favor de ALCIDES MACHADO JÚNIOR, brasileiro, solteiro, empresário, portador do RG n° 1015069, inscrito no CPF sob o n° 009.522.912-40, filho de Alcides Ferreira Machado e Rosalina Regina Machado, residente e domiciliado à Avenida Marques de Tamandaré, n° 23, Bairro Centro, CEP 68.140-000, Uruará-PA, o qual se encontra sob persistente constrangimento ilegal em virtude de estar sendo promovida ação penal por juízo não competente para fazê-lo - Juízo Federal da 2ª Vara da Subseção Judiciária de Santarém do Pará.
Assim, nos termos e pelos fundamentos a seguir aduzidos, impetra-se o presente writ com o objetivo de obter-se a remessa dos presentes autos à Justiça Estadual, bem como anular todos os atos decisórios já praticados. 
Ressaltando que já tramita na Justiça Estadual, ação penal, Processo n° 0023646-14.2015.8.14.0401, com apuração de fatos narrados na peça vestibular aqui em análise. No qual aquele juízo fazendo uso dos precedentes abaixo citados suscitou sua competência para processamento do feito.
-BREVE EXPOSIÇÃO FÁTICA:
O Acusado, ora Paciente fora denunciado na Comarca de Santarém, pelo Ministério Público Federal, por supostamente ter cometidos os crimes de falsidade ideológica em documento público, receptação qualificada de madeira ilegalmente extraída e crime ambiental, previsto no artigo 46 da Lei 49.605/98.
 Apenas a título de esclarecimento, uma breve síntese da peça vestibular: 
“A denúncia correu de investigações, que visaram apurar diversas estruturas paralelas na composição do comércio ilegal de madeira extraída clandestinamente de áreas públicas de União, como unidade de conservação e assentamentos do INCRA.
Em uma cadeia de custódia florestal regular de comércio madeireiro, a aprovação do plano de manejo florestal sustentável (PMFS) dá origem a um montante de créditos florestais madeireiros (diferido por espécie de árvore e volumetria) a ser utilizado pelo proprietário em uma espécie de conta-corrente com créditos e débitos de madeira comercializada. Cada indivíduo/ árvore retirado deste PMFS, seguirá com a respectiva volumetria de crédito florestal até o momento da serragem e venda mediante produto já transformado.
No Pará, a aprovação de PMFS deve ser realizado mediante aprovação perante a SEMAS, com vistoria física da área, acompanhamento de um engenheiro florestal que faça a avaliação da área e o inventário do produto madeireiro existente e daquele que pode ser objeto de exploração.
Tudo de forma calculado, considerando variantes de tempo e espaço, de acordo com o ciclo natural de uma floresta, para que seja mantido o seu equilíbrio de corte/derrubada e “refazimento”.
Assim, cada metro cúbico de crédito florestal (papel) deve corresponder exatamente à volumetria de madeira acompanhada. Forma-se, assim, uma espécie de conta-corrente de créditos florestais perante o SISFLORA: para cada metro cúbico de crédito aprovado em PMF deve corresponder o respectivo metro cúbico de madeira extraída licitamente.
(...) A transferência de madeira obriga a empresa vendedora/remetente a emitir Guia Florestal –GF1/GF3 ou o documento de origem florestal-DOF (para transporte interestadual) documentos que acompanham o produto florestal durante todo o trajeto entre a empresa vendedora e a empresa compradora.
(...) Essa transferência de créditos corresponde às transações de produtos florestais, é operada diretamente por representantes das empresas vendedoras e compradoras, os quais mediante uso de senha pessoal e intransferível concedida pela SEMAS/PA e IBAMA, lançam do SISFLORA as informações em documentos públicos eletrônicos quanto a saída/débito e entrada/crédito de madeira.
Nestes moldes, o SISFLORA reúne dados referente a origem, transação comerciais e transporte de produtos florestais no âmbito do Estado do Pará. Este, a seu turno, alimenta sistema de controle de âmbito nacional, qual seja o sistema DOF, administrado pela autarquia Federal IBAMA.
(...) DESCRIÇÃO DA SUPOSTA CONDUTA CRIMINOSA DO PACIENTE.
12° FATO CRIMINOSO:
Em 06/05/2015 no Porto da UNIRIOS-Santarém, ALCIDES MACHADO (JUNINHO), ora paciente, tinha, supostamente, em depósito 38.60m³ de madeira serrada sem outorga pela autoridade competente (madeira ilegalmente extraída), para fins de comércio. Em face da mesma carga de madeira, Juninho fez inserir informação falsa em documento público eletrônico do SISFLORA.
Durante incursão de policiais federais no Porto da UNIRIOS em Santarém/PA, conjuntamente a fiscais do IBAMA, no dia 06/05/2015, foi apreendida madeira da MAGIZA INSDUSTRIA COMÉRCIO E EXPORTAÇÃO LTDA (CNPJ 01.718.037/0001-12), sendo lavrados os seguintes autos de infração do IBAMA:
9091385-E, por “apresentar informação falsa nos sistemas oficiais de controle-GF n°1430 vinculada a NF n° 000.002.467- não correspondente as informações constantes no SISFLORA”; e
9091389-E, por: “transportar 38,60 metros cúbicos de madeira serrada sem outorga pela autoridade competente”, impondo multa de R$ 11.580,000 (...).
 Ao final da Denúncia aduziu o parquet, quanto a Competência da Justiça de Federal que, às inserções de dados falsos no SISFLORA (Sistema estadual de controle, gerido pela SEMAS/PA) repercutem diretamente no sistema DOF (Sistema federal de controle, gerido pelo IBAMA) quando há comercialização de madeira onde o remetente ou o destinatário encontram-se em unidade de federação que adota o DOF, pois haverá lançamentos neste de origem ou destinação de créditos.
- DA RESPOSTA À ACUSAÇÃO:
Esta defesa ofertou em 09/12/2015, Resposta à Acusação, suscitando como preliminar a INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA do juízo, argüindo as razões já aqui esposadas, ocorre que o juízo coator, até a presente data em que pese encontrar-se o paciente preso, não teve sua resposta ainda analisada, todavia conforme a jurisprudência do STJ e STF, o juízo coator sequer deveria ter recebido a denúncia, o juízo coator deveria de imediato remeter os autos ao Juízo Estadual, mais especificamente a Vara de Combate ao Crime Organizado de Belém/PA, ante os demais corréus também ter sido imputado a conduta de formação de organização criminosa.
Em suma, o Paciente encontra-se submetido à ação penal perante juízo incompetente para julgar os fatos, haja vista que os supostos crimes cometidos pelo mesmo não afrontarem interesse direto da União capaz de ensejar a competência à Justiça Federal.
Sendo assim, é que se requer liminarmente a anulação dos atos já praticados pelo juízo coator e a suspensão da presente ação penal, até o julgamento final do presente writ e no mérito que esta corte declare a INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUÍZO FEDERAL na esteira dos precedentes já firmados pelo STF e STJ. 
- DA INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA DA JUSTIÇA FEDERAL:
Em outras palavras, não deve prosperar o argumento do representante do Ministério Público Federal de que considerando que o sistema DOF é gerido pelo IBAMA e o sistema SISFLORA/PA pela SEMAS/PA, existindo uma atuação sinérgica entre SISFLORA e o DOF, de modo que a alimentação fraudulenta do sistema estadual repercute diretamente sobre o sistema informatizado federal, essencial para garantir a comercialização da madeira.
Desta forma, conforme jurisprudência sedimentada no STF, a atividade fiscalizatória do IBAMA não caracteriza interesse da União capaz de ensejar competência à Justiça Federal para processar e julgar o crime descrito no art.46, parágrafo único da Lei n° 9.605/98. Ora tal dispositivonão tem por escopo proteger a atividade de polícia do IBAMA quanto aos crimes ambientais.
Neste diapasão, têm-se que apresentação dessas guias falsas à autarquia federal, no caso do IBAMA, mediante movimentação no sistema SISFLORA/PA representa apenas violação reflexa aos bens, serviços e interesses da União, não atraindo, assim, a competência da Justiça Federal para julgar o feito, pois não caracteriza a violação ao art.109, IV, da Constituição Federal.
Ainda quanto ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Pará (SEMAS/PA) é a gestora do SISFLORA, assim as supostas práticas delitivas narradas na denúncia, teve como finalidade a obtenção de guias florestais, também provenientes daquele sistema para dar a aparência de legalidade às atividades que envolvem o manejo de produtos de origem florestal.
Afirmou ainda que a apresentação de documentos falsos à autarquia federal revela somente interesse federal indireto, inexistindo qualquer ação executiva fiscal ou a comprovação de débitos pendentes no âmbito federal.
Não ensejando elementos ou circunstâncias que justifiquem a atração da competência da Justiça Federal, com base no artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, para a apreciação de eventual demanda criminal decorrente dos fatos.
Diante das razões expostas, é atribuição do Ministério Público Estadual do Pará apurar os fatos descritos, assim vejamos:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 1. CRIME AMBIENTAL. ART. 46. DA LEI Nº 9.605/98. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA ESTADUAL DE CONTROLE DE MOVIMENTAÇÃO DE PRODUTO FLORESTAL (EXTRAÇÃO IRREGULAR DE MADEIRA). 2. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 3. RECURSO PROVIDO. 1. A proteção ao meio ambiente é matéria de competência comum da União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios, nos termos do art. 23, inciso VI, da Constituição Federal. Inexistindo dispositivo expresso, constitucional ou legal, sobre qual a Justiça competente quanto aos crimes ambientais, tem-se, em regra, que o processo e o julgamento desses crimes é da competência da Justiça Comum Estadual. 2. A caracterização da fraude na inserção de dados inseridos no sistema SISFLORA/PA - sistema eletrônico de controle de dados ambiental mantido e organizado pelo Estado do Pará -, cujo objetivo era a obtenção de guias florestais para dar aparência de legalidade à atividade ilícita de extração de madeira, representa apenas violação reflexa aos bens, serviços e interesses da União, não atraindo, assim, a competência da Justiça Federal para julgar o feito, pois não caracterizada a violação ao art. 109, IV, da Constituição Federal. 3. Recurso ordinário em habeas corpus provido para determinar a remessa dos autos à Justiça Estadual.(STJ - RHC: 35551 PA 2013/0031143-0, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 11/06/2013, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/06/2013)
O Ministério Público Federal, em pronunciamento da lavra da ilustre Subprocuradora-Geral da República Dra. CLÁUDIA SAMPAIO MARQUES, fazendo-o em parecer assim fundamentou:“Conflito Negativo de Atribuição entre o Ministério Público do Estado do Pará e o Ministério Público Federal. Suposta prática de crime de falsidade ideológica e de crime previsto na Lei nº 9.605/98. Venda de madeira sem licença da autoridade competente. Falsificação incidente sobre documentos elaborados por meio do acesso e operacionalização de um sistema que controla a comercialização de produtos florestais e que é administrado por órgão estadual ambiental. Fiscalização ambiental exercida pelo IBAMA. Interesse federal indireto. Competência da Justiça Estadual. Parecer pelo reconhecimento da atribuição do Ministério Público do Estado do Pará.1. Cuida-se de conflito negativo de atribuição suscitado pelo Ministério Público do Estado do Pará relativamente ao Ministério Público Federal para atuar em inquérito policial que apura a suposta prática de crime previsto no artigo 46, parágrafo único, da Lei nº 9.605/98, e de falsidade ideológica, em decorrência da inserção de dados falsos no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais do Estado do Pará – SISFLORA/PA e no Sistema DOF – Documento de Origem Florestal – pela empresa PROMAP – Produtos de Madeira do Pará Ltda.2. Com base em informações fornecidas pelo Sistema de Proteção da Amazônia – SIPAM sobre a existência de inconsistências em dados de Guias Florestais – GF e documentos de origem florestal, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA constatou que a empresa PROMAP - Produtos de Madeira do Pará Ltda alienou madeira serrada sem licença válida outorgada pela autoridade competente. Apurou-se que os representantes da referida empresa procederam à inserção de dados falsos no SISFLORA, visando o comércio e o transporte de produto florestal ilegal.3. Conforme documentos que acompanharam o Ofício nº 525/2012/MP/PGJ, para a Procuradoria da República no Estado do Pará a suposta infração penal não prejudicou interesse da União, tendo em vista que incumbe à Secretaria Estadual do Meio Ambiente efetuar o controle sobre a emissão de guias florestais, inclusive a guia para transporte de produtos florestais diversos – GF3, observando que ‘todo o controle da madeira está submetido ao SISFLORA’, sistema que é gerido pela referida Secretaria.4. Acrescentou o órgão suscitado que ‘não há indícios de que o produto florestal seja oriundo de áreas pertencentes ou protegidas diretamente pela União’.5. Para a Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Pará a falsificação foi feita para enganar a fiscalização do IBAMA, por intermédio de ‘informações diversas das que deveriam constar no DOF e no SISFLORA’, e, nesse cenário, ‘a conduta dos indiciados atingiu diretamente o serviço desempenhado pelo IBAMA’. 6. No mais, o Ministério Público Estadual sustentou a não absorção do delito de falsidade documental pelo ilícito penal tipificado no artigo 46, parágrafo único, da Lei nº 9.605/98, e que, em razão da conexão dos crimes mencionados, a suposta prática do delito do artigo 299 do Código Penal (falsidade ideológica) atrairia a competência da Justiça Federal.7. Conforme o artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, compete à Justiça Federal processar e julgar as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas.8. Em sintonia com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, para a atração da competência da Justiça Federal prevista no artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, o interesse da União deve ser direto e específico.9. A empresa PROMAP – Produtos de Madeira do Pará Ltda. teria supostamente incluído informações falsas no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais do Estado do Pará – SISFLORA/PA para a emissão de guias florestais – GFs, a comercialização e o transporte de produto florestal ilegal, o que configuraria, em tese, crime de falsidade documental, previsto no artigo 299 do Código Penal, e infração penal ambiental prevista no artigo 46, parágrafo único, da Lei 9.605/98.10. O Cadastro de Exploradores e Consumidores de Produtos Florestais no Estado do Pará – CEPROF/PA – e o Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais do mesmo Estado – SISFLORA/PA – foram instituídos pelo Decreto Estadual nº 2.592/2006.11. Sobre a obrigatoriedade de efetuar o cadastramento no CEPROF/PA, inclusive para a obtenção de acesso ao SISFLORA/PA, e sobre as situações genéricas em que o uso do sistema é necessário, os artigos 2º, §1º e 4º do referido Decreto dizem o seguinte:‘Art. 2º As pessoas físicas e jurídicas responsáveis por empreendimentos que extraiam, coletem, beneficiem, transformem, industrializem, comercializem, armazenem ou consumam produtos, subprodutos ou matéria-prima de qualquer formação florestal do Estado do Pará, inclusive de plantios e reflorestamentos, serão obrigadas a se registrar no Cadastro de Exploradores e Consumidores de ProdutosFlorestais do Estado do Pará – CEPROF-PA, nos termos das normas complementares editadas pela Secretaria Executiva de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTAM-PA.§ 1° O cadastramento das pessoas físicas e jurídicas no CEPROF-PA é condição obrigatória para o acesso e a operacionalização do SISFLORA-PA no exercício das atividades descritas no 'caput' deste artigo, no âmbito do Estado do Pará, não desobrigando o empreendedor do cumprimento da legislação ambiental e demais exigências legais.Art. 4° O Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais – SISFLORA-PA é instrumento necessário para operacionalização das atividades de cadastro, licenciamento, comercialização e transporte de produtos florestais, com validade em todo território nacional, conforme estabelecido neste Decreto.’12. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA/PA, com atribuições anteriormente exercidas pela Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTAM/PA, é o órgão gestor do SISFLORA/PA (artigo 5º).13. A Guia Florestal do Estado do Pará – GF/PA foi instituída pelo Decreto Estadual nº 2592/2006 como documento operacional do SISFLORA/PA, para, obrigatoriamente, acompanhar e legalizar o transporte de produtos florestais, ou outro produto integrado por matéria-prima florestal ou outras formas de vegetação (artigo 6º e 10).14. Dessa forma, constata-se que os dados falsos foram inseridos em sistema estadual, denominado Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais do Pará – SISFLORA/PA, gerido por órgão público estadual ambiental (Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA/PA), e que a falsificação teve como finalidade a obtenção de Guias Florestais, também provenientes desse sistema, para dar a aparência de legalidade às atividades que envolvem o manejo de produtos de origem florestal.15. Por outro lado, sobre a competência para processar e julgar ilícito penal ambiental previsto na Lei 9.605/98, o Supremo Tribunal Federal firmou posicionamento no sentido de que não caracteriza interesse direto e específico da União, a firmar a competência da Justiça Federal, o exercício da atividade de fiscalização ambiental pelo IBAMA (RE 300.244/SC, Rel. Min. Moreira Alves, Primeira Turma, DJ 19.11.2001; HC 81.916/PA, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJ 11.10.2002; RE 349.189/TO, Rel. Min. Moreira Alves, Primeira Turma, DJ 14.11.2002; RE 349.191/TO, Rel. Min. Ilmar Galvão, Primeira Turma, DJ 07.03.2003).16. Atente-se que a apresentação de documentos falsos à autarquia federal, no caso ‘sub examine’, revela somente interesse federal indireto, inexistindo, ‘exempli grati’, qualquer ação executiva fiscal ou a comprovação de débitos pendentes no âmbito federal.17. Assim sendo, não há elementos ou circunstâncias que justifiquem a atração da competência da Justiça Federal, com base no artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal, para a apreciação de eventual demanda criminal decorrente dos fatos.18. Por conseguinte, a atribuição para atuar no feito é do Ministério Público do Estado do Pará. 19. Ante o exposto, manifesta-se o Ministério Público Federal pelo reconhecimento da atribuição do Ministério Público do Estado do Pará.”(AI738.982-AgR/PR, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – AI813.692-AgR/RS, Rel. Min. CELSO DE MELLO – MS28.677-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO – MS28.989-MC/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RE172.292/SP, Rel. Min. MOREIRA ALVES, v.g.).(grifos nossos).
Outrossim, é de notar-se que a própria Constituição, além de atribuir competência legislativa concorrente à União, Estados e Distrito Federal para legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle de poluição (artigo 24, VI), determina que têm competência comum (artigo 23, VI) para proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, a indicar que, ainda em face dos demais entes que integram a Federação, a união só tem interesse genérico sobre a proteção, do meio ambiente em todo o ambiente ecologicamente equilibrado por atentado à preservação do patrimônio.
Na espécie, o paciente foi denunciado, tópico denominado de 12º fato criminoso, por supostamente ter em depósito 38,60m³ (trinta e oito metros e sessenta centiares cúbicos) de madeira serrada apresentando para isto informação falsa no sistema SISFLORA, após a constatação foram lavrados pelo IBAMA autos de infração que foram objetos de defesa no procedimento administrativo conforme documentos em anexo.
Isto posto, conforme os fatos narrados e a interpretação dos tribunais superiores já aplicadas a situações idênticas, bem como a documentação acostada a esta peça, resta provado que inexiste afronta direta a união ou suas autarquias que ensejem a atuação da justiça federal, razão pela qual requer que o presente feito seja remetido para o juízo estadual supra declinado.
4 - DA CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR:
Ab initio, deve-se ressaltar que o deferimento de liminar em Habeas Corpus é medida excepcional, reservada para caso em que se evidencie, de modo flagrante, coação ilegal ou derivada de abuso de poder, em detrimento do direito de liberdade, exigindo demonstração inequívoca dos requisitos autorizadores do periculum in mora e do fumus boni iuris.
Conforme já dito acima, a jurisprudência sedimentada do STF, esclarece e concretiza que a atividade fiscalizatória do IBAMA não caracteriza interesse da União capaz de ensejar competência à Justiça Federal para processar e julgar crimes ambientais.
In casu, evidencia-se o fumus boni iuris, tendo em vista que a decisão proferida pelo Juízo a quo não somente não reconheceu a incompetência do Juízo, como deu andamento na ação penal, na qual encontra-se na fase de analise das Respostas à Acusação.
Com efeito, se entende que a realização de atos processuais sem que tenha sido definido o Juízo competente para o processamento da Ação Penal, só acarretaria desnecessário ônus ao Poder Judiciário, uma vez que declarada a incompetência daquele Juízo, incorreria na declaração de nulidade de todos os atos praticados.
Assim, a prudência recomenda que seja analisada e julgada a questão levantada pelo impetrante, e assim, definir qual o juízo Competente para o processamento da demanda.
Desta forma, necessário se faz suspender os atos praticados, até que haja manifestação acerca do Juízo competente para o julgamento da causa.
Quanto ao periculum in mora , verifica-se que o prosseguimento do curso da ação penal poderá dar ensejo a condenação do paciente ao arrepio das garantias constitucionais.
Diante do exposto, latente que deve ser concedida a medida liminar, no intuito de suspender o andamento da presente ação penal até julgamento final do writ.
5 - DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, demonstrados os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora, requer o impetrante a esse colendo Tribunal Regional Federal da 1ª Região:
1 - Que seja deferido o pedido de liminar para suspender o andamento da ação penal, no intuito de suspender os atos já realizados ou que por ventura, venham a ser praticados nos autos da Ação Penal, até o julgamento final do presente writ.
2 - Que seja, em seguida, ouvido o douto representante ministerial que oficia perante essa Corte de Justiça.
3 - Que seja o advogado que esta subscreve oportunamente cientificado, através do fone: (91) 991933223 ou Email: alexandrefap@hotmail.com, da data em que o remédio constitucional for levado a julgamento pelo Órgão competente do TRF 1ª Região, pois pretende proferir sustentação oral.
4 - No mérito requer que seja Declarada a Incompetência Absoluta do Juízo Federal, devendo serem anulados todos os atos decisórios praticado pelo mesmo e consequentemente declarada à nulidade do processo, devendo os autos ser remetido ao Juízo Estadual – Vara de Combate ao Crime Organizado de Belém.
Nestes termos, pede deferimento.
Brasília, 05 de abril de 2016.
ALEXANDRECARNEIRO PAIVA.
ADVOGADO
OAB/PA – 15.814
ROL DE DOCUMENTOS:
 1 - Cópia de Trecho da Denúncia com a conduta imputada ao paciente;
 2 - Cópia da Denúncia;
 3- Cópia da resposta à acusação e documentos
4- Voto MPF situação análoga
5 – Decisão juízo estadual
6 - Cópia da Decisão proferida em Habeas Corpus n° 35.551- PA (2013/0031143-0) –Superior Tribunal de Justiça;
7 - Cópia da Decisão proferida em Habeas Corpus n° 81.916-8- STF.

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