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HISTÓRIA DA PSICOLOGIA

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1
Dr. Thomé Eliziário Tavares Filho
História da Psicologia
Organizador:
Prof. Dr. Thomé Eliziário Tavares Filho
Filósofo, Psicanalista, Teólogo,
Psicopedagogo,
Mestre e Doutor em Psicologia
2
Apresentação
Nessa coletânea de textos pesquisados na Internet e outros de nossa autoria,
apresentamos os clássicos que fizeram a História da Psicologia, e todos são frutos de
pesquisa, e são produtos de experimentação e de investigação que se constituem nos
fundamentos básicos da Psicologia, à partir de seus conceitos, de suas teorias, e de seus
focos epistemológicos, que dão sentido às explicações da natureza humana, à partir de
seu desenvolvimento e das subjetividades comportamentais, que representam
ferramentas para se trabalhar na construção do homem. Desde as primeiras doutrinas
psicológicas como o Funcionalismo, o Estruturalismo, e as grandes correntes do
Behaviorismo, Gestalt, Psicanálise e a Psicologia Humanista, formalizam os padrões
sistêmicos dos fundamentos da história da Psicologia, cujo conteúdo se aplicam às
demais áreas da Psicologia e que assim justificam a sua aplicação científica.
Professor Doutor Thomé Eliziário Tavares Filho
3
Sumário
Capítulos Assuntos Páginas
Apresentação 1
Sumário 2
1 A Nova Psicologia 7
2 Funcionalismo 14
3 Estruturalismo 16
4 Behaviorismo 18
5 Gestalt 23
6 Teoria do Campo 27
7 Gestalterapia 37
8 Psicanálise 47
9 Carl Gustav Jung 55
10 A Teoria do Corpo de Wilhelm Riech 66
11 A Psicanálise de Alfred Adler 72
12 William James 88
13 Humanismo de Carl Rogers 100
14 Abraham Maslow 105
15 A Fenomenologia de Russerl 109
16 Existencialismo 112
17 O Existencialismo de Martin Heidegger 112
18 Considerações Finais 117
19 Referências 117
4
Capítulo I
A Nova Psisologia
Fechner passou parte de sua vida estudando tentando compreender a relação
entre os universos mental e material e através de suas pesquisas e documentos ele é
considerado o pai da psicologia experimental e seu objetivo era somente de
compreensão e foi com a partir das idéias dele que Wilhelm Wundt fundou uma a nova
ciência.
Wilhelm Wundt que nasceu em Neckarau no dia 16 de agosto de 1932, teve uma
infância solitária. Já na sua adolescência passava maior parte do tempo sonhando ao
invés de estudar e como desejava trabalhar com a ciência e ganhar a vida decidiu ser
médico. E com o decorrer do curso descobriu que a medicina não era sua área e decidiu
ir mais para o lado da fisiologia e assim que ele começou a fazer suas pesquisas e
experimentos dentro da psicologia. Em 1867, Wundt ministrou um curso de psicologia
fisiológica na Heidelberg, o primeiro curso formal dessa área do mundo. E essas aulas
lhe deram um bom arsenal para o seu mais importante livro Principles of physiological
psychology (Princípios da psicologia fisiológica) e depois passou 45 anos trabalhando
como professor de filosofia da University of Leipzig, montou seu laboratório e lançou a
revista Philosophical Studies, que foi a publicação oficial do novo laboratório e da nova
ciência e esse laboratório exerceu enorme influência no desenvolvimento da psicologia
moderna, servindo como modelo para novos laboratórios e constantes pesquisas.
Wundt voltou sua atenção para a filosofia outro grande talento que fez com que
eles escrevesse o seu primeiro livro: a criação da psicologia social, e produziu um
trabalho em 10 volumes intitulado Cultural psychology (Psicologia cultural), que
publicou entre 1900 e 1920. A psicologia cultural tratou de várias etapas do
desenvolvimento mental humano e serviu para dividir a nova ciência em duas partes
principais: a experimental e a social. Acreditava que as funções mentais mais simples,
como a sensação e a percepção deviam ser estudadas por meio de laboratório. Todavia
os processos mentais superiores, como a aprendizagem e a memória, não podiam ser
investigados pela experimentação científica por serem condicionados pela língua e por
outros aspectos culturais. Apesar de Wundt ter dedicado 10 anos ao desenvolvimento da
psicologia cultural, ela exerceu pouco impacto sobre a psicologia americana, entretanto,
Principles of physiologial psychology foi responsável por 61% das referências aos seus
trabalhos.
Wundt morreu com 88 anos de idade no mesmo ano que publicou sua
autobiografia em 1920.
O objeto de estudo de Wundt consistia na consciência. Concentrou-se no estudo
da capacidade própria de organização da mente, que deu o nome de voluntarismo que
seria a ideia de que a mente é capaz de organizar o conteúdo mental em processos de
pensamento de nível mais elevado e refere-se à força de vontade própria de organizar o
conteúdo da mente. Na opinião de Wundt, os psicólogos deveriam dedicar-se ao estudo
da experiência imediata e não da experiência mediata. A experiência mediata oferece
informações sobre qualquer coisa, exceto sobre os elementos dessa experiência; a
experiência imediata é equilibrada pela interpretação. Em seguida estabeleceu que o
método de observação devia ser necessariamente utilizar-se da introspecção, ou seja, do
autoexame do estado mental. É a autoanálise da mente para inspecionar e relatar
pensamentos ou sentimentos pessoais.
5
Wundt alegava ser a sensação uma das duas formas básicas de experiência. A
sensação surge sempre que um órgão do sentido é estimulado e os impulsos resultantes
atingem o cérebro. Pode ser classificada pela intensidade, duração e modalidade do
sentido. O sentimento é outra forma elementar da experiência. A sensação e o
sentimento são aspectos simultâneos da experiência imediata. O sentimento é o
complemento subjetivo da sensação. Sensações são acompanhadas de certas qualidades
de sentimento. A explicação de Wundt para os estados do sentimento, baseada em três
dimensões: prazer/desprazer, tensão/relaxamento e excitação/depressão chama-se
Teoria tridimensional do sentimento que ele definiu como as três dimensões
independentes do sentimento.
Wundt reconheceu que ao olharmos para os objetos do mundo real, nossa
percepção é dotada de unidade ou de totalidade. A apercepção é o processo pelo qual
elementos mentais são organizados.
Franz Brentano (1838-1917). Com cerca de 16 anos, Franz Brentano iniciou os
estudos para o sacerdócio. Freqüentou as universidades de Berlim, Munique e
Tübingen, na Alemanha, e formou-se em filosofia em Tübingen, em 1864. Foi ordenado
nesse ano e dois mais tarde começou a lecionar filosofia na University of Würzburg,
onde também escrevia e ministrava aulas a respeito do trabalho de Aristóteles.
O livro mais famoso de Brentano, Psychology from an empirical standpoint, foi
publicado em 1874, ano do lançamento da segunda parte da obra de Wundt, Principles
of physiological psychology.
Brentano é considerado um dos mais importantes psicólogo do inicio da
disciplina por causa da diversificação de seus interesses e se opunha à idéia de Wundt
de que a psicologia devia estudar o conteúdo da experiência consciente.
Psicologia do ato: sistema de psicologia de Brentano que se concentra mais nas
atividades mentais (por exemplo. No ato de ver) do que nos conteúdos mentais (por
exemplo, no ato de ser visto).
Ele afirmava que uma distinção devia ser feita entre a experiência como uma
estrutura e a experiência como uma atividade. Por exemplo, ao olhar para uma flor
vermelha, o conteúdo sensorial do objeto vermelho é diferente do ato de perceber ou
sentir a vermelhidão. Para Brentano, o ato de perceber a cor vermelha é um exemplo do
verdadeiro objeto e estudo da psicologia. Declarou que a cor consiste em uma qualidade
física, mas o ato e ver a cor é uma qualidade ou atividade mental. Brentano aperfeiçoou
duas formas de estudo dos atos mentais.
1. por meio do uso da memória (a lembrança dos processos mentais envolvidos em
um determinado estado mental);
2. por meio do uso da imaginação (imaginando um estado mental e observando os
processos mentais que ocorrem).
Embora a posiçãode Brentano atraísse um grupo de seguidores, a psicologia
wundtiana continuava a ter destaque.
Carl Stumpf (1848 - !936). Nascido em família de médicos na Bavária, Carl
Stumpf tomou contato com a ciência muito cedo, mas desenvolveu grande interesse pela
música.
Quando frenquentou a University of Würzburg, interessou-se pelo trabalho de
Brentano e concentrou a atenção a filosofia e na ciência. Em 1894, foi indicado para
ocupar a mais alta e honrosa posição como professor de psicologia da Alemanha na
University of Berlin.
Os primeiros trabalhos produzidos por Stumpf eram a respeito da percepção
espacial, no entanto seu trabalho de maior impacto, resultado do seu eterno interesse
pela música, foi Psychology of tone, publicado em dois volumes (1883 – 1890). Esse
trabalho e os posteriores, relacionados com a música, renderam-lhe a segunda posição
6
no campo da acústica, perdendo apenas para Helmholtz, e ambos foram considerados
pioneiros no estudo psicológico da música.
Fenomenologia : método de introspecção de Stumpf que examina a experiência
tal como ela ocorreu, sem tentar reduzi-la a seus componentes elementares. Também
uma abordagem baseada em uma descrição imparcial da experiência imediata conforme
ela ocorre, e não analisada ou reduzida aos elementos.
Oswald Külpe (1862 – 1915). Inicialmente, Oswald Külpe foi seguidor de
Wundt, mas acabou liderando um protesto estudantil contra o que chamou de limitações
da psicologia wundtiana. Külpe dedicou toda a sua carreira a trabalhar com os
problemas ignorados pela psicologia de Wundt.
Divergências entre Külpe e Wundt: Külpe não questionou o processo de
pensamento, pois concordava com a visão de Wundt sobre a impossibilidade de análise
experimental dos processos mentais superiores. Entretanto, apenas alguns anos depois,
Külpe convenceu-se do contrário. Afinal Ebbinghaus estava estudando a memória, outro
processo mental superior.
Introspecção experimental sistemática: método de introspecçào de Külpe que
utilizava relatos retrospectivos de processos congnitivos das pessoas, após terem
completado uma tarefa experimental.
Pensamento sem Imagens: a ideia de Külpe de que o significado pode ocorrer
no pensamento sem qualquer componente sensorial ou imagético.
7
Capítulo II
FUNCIONALISMO
Marcos Gonçalves,
Marilane Nery de Lima, Silva Monteiro Oliveira1
Thomé Elizário Tavares Filho2
RESUMO
Este paper versa sobre o tema Funcionalismo. O Funcionalismo se originou
após alguns psicólogos terem criado o Estruturalismo. A história aponta que alguns
psicólogos foram terminantemente contra a natureza analítica do estruturalismo. Foi
através do psicólogo William James, graduado professor da Universidade de Harvard,
que se colocou contra esse pensamento meramente analítico dos estruturalistas, que
visava tão-somente uma análise dos elementos da consciência. Logo, o Funcionalismo
despontava para uma compreensão do indivíduo tendo por base sua natureza fluídica e
pessoal, ou seja, o intento do Funcionalismo era saber como a mente funcionava para
que assim o organismo pudesse de adaptar melhor ao mundo material. Portanto, o
Funcionalismo veio para combater a posição Estruturalista.
Palavras-chave: Psicologia Funcional. Precursores. Darwinismo Social. Contribuição
da Mulher.
1 INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO
O referido texto está dividido em três fases, a primeira, a fase das influências
anteriores, ou seja, o Funcionalismo sofreu sorte influência do Estruturalismo; segundo,
ocorreu a fase da fundação e evolução do Funcionalismo e, finalmente, a fase da
herança dos Funcionalistas. Através dos conhecimentos de Charles Darwin, considerado
pela História como o pai da Teoria da Revolução, segundo seu entendimento o homem
era um produto de sua evolução, ou seja, na natureza, o processo de seleção natural
resulta na sobrevivência dos organismos mais bem adaptados ao seu ambiente e na
eliminação dos demais. A partir de então, vários filósofos, fisiologistas, estudiosos, se
contrapõe ao histórico livro de Darwin cujo título era On the origin of species,
1 Acadêmicos do Curso de Psicologia, primeiro período, Faculdade Martha Falcão.
2
 Mestre em Filosofia Professor do Curso de Pós Graduação da Universidade Federal do Amazonas –
UFAM.
8
publicado em 1859. Outros aceitaram a evolução das espécies e trabalharam a partir
dela. Diante do exposto, Charles Darwin mudou o foco da nova psicologia da estrutura
da consciência para as suas funções.
Mas o que era o Funcionalismo? O Funcionalismo se preocupa com as funções
da mente, ou seja, em como ela é usada por um organismo para se adaptar ao seu
ambiente. Mas os funcionalistas ainda tinham uma grade indagação: efetivamente, o que
os processos mentais conseguem realizar? Ora, os funcionalistas estudaram a mente a
partir de um conglomerado ou acúmulo de funções e processos até atingir resultados
práticos no mundo real.
Observa-se que os trabalhos desenvolvidos por Titchener e Wundt, nada
apontava para um esclarecimento sobre as atividades mentais humanas, pois em nada
contribuíram para elucidar o que a mente humana fazia. De um lado Titchener,
estuturalista que visava o ponto de vista analítico, enquanto que Wundt, funcionalista,
considerado o pai da psicologia, ostentava uma posição na era estruturalista. Então, o
funcionalismo foi um protesto deliberado contra a psicologia experimental de Wundt e a
psicologia estrutural de Titchener, já que ambas eram restritivas demais, isto é, sem
conseguirem explicar o que a mente humana era capaz de fazer.
A partir desse ponto de vista científico, os funcionalistas passaram a se
interessar pelas aplicações em potencial da psicologia aos problemas do cotidiano, como
as pessoas funcionavam e se adaptavam a diferentes problemas.
Quando abordamos a fundação e a evolução da psicologia funcional, devemos
inicialmente destacar o trabalho desenvolvido pelo precursor da Psicologia Funcional,
que foi WILLIAM JAMES, considerado depois de WILHELM WUNDT a segunda
pessoa mais importante da Psicologia. No entanto, alguns colegas de James o
consideravam uma força contrária ao desenvolvimento da psicologia científica. Ele
mantinha um notório interesse em assuntos como telepatia, clarividência e outros
assuntos místicos. Os psicólogos americanos, como Titchener e Cattell, criticavam a sua
entusiástica exposição a esses fenômenos psíquicos e mentalísticos que ele, como
psicólogo experimentais, estavam tentando banir do campo.
James não fundou nenhum sistema formal de psicologia ou sequer teve algum
discípulo. Não houve uma escola de pensamento “jamesiana”. Embora a forma de
psicologia a ele associada fosse uma tentativa de ser científica e experimental, a própria
atitude e as realizações de James não eram experimentalistas. A Psicologia, que um dia
ele chamara de “pequena ciência detestável”, não era a sua paixão eterna, como era para
9
Wundt e Titchener. Jameds tabalhou com a Psicologia durante algum tempo e depois
mudou sua área de interesse.
Em seus últimos anos de vida, esse homem complexo e fascinante, que tanto
contribuira para a Psicologia, acabou deixando-a de lado (em uma ocasião, quando ia
realizar uma palestra na Princeton University, pediu para que não fosse apresentado
como Psicólogo). Ele até insistia em afirmar que a Psicologia não passava de “uma
elaboração do óbvio”. Mesmo que com a sua ausência a psicologia não deixava de
seguir adiante, às vezes cambaleante. James ocupou o seu lugar e teve a sua importância
garantida na História da Psicologia.
Entretanto, James não fundou a psicologia funcional, mas apresentou de forma
clara e eficaz as suas idéias dentro da atmosfera funcionalista, inspirando as gerações
posteriores de psicólogos. Três hipóteses são pontadas para explicar a importância de
William James na Psicologia, primeiro; James escrevia com clareza rara na ciência, sua
escrita era dotada de magnetismo,espontaneidade e charme; segundo, ele se posicionou
contra o objetivo de Wundt na Psicologia, ou seja, a análise da consciência a partir dos
seus elementos e, finalmente, ofereceu uma forma alternativa de analisar a mente, uma
visão congruente com a abordagem funcional da Psicologia. Em resumo, a era da
Psicologia americana estava preparada para ouvir o que James tinha a dizer.
Dentro de um dessa evolução Funcional devemos destacar a lula das mulheres
para serem aceitas como membros de uma sociedade contributiva, pois até então o
trabalho das mulheres não eram reconhecidos no mundo da Psicologia, parecia que elas
ainda se encontravam na Idade Média. Graças a William James, alguns trabalhos foram
admitidos, como por exemplo, o trabalho de estudo de pós-graduação de MARY
WHITON CALKINS, no qual James teve efetiva responsabilidade em derrubar as
barreiras do preconceitos e discriminação. Calkins acabou desenvolvendo a técnica da
associação de pares usada no estudo da memória além de haver contribuído de forma
significativa e duradoura para a Psicologia (Madigan e O’Hara, em 1992). Foi a
primeira mulher a tornar-se presidente da APA e, em 1906, ocupava a 12ª colocação
entre os 50 Psicólogos mais importantes dos Estados Unidos, reconhecimento muito
significativo por parte dos colegas a uma pessoa a quem havia sido recusada a
concessão do título de Ph.D.
Harvard University nunca aceitou sua matrícula formal, mas William James a
recebia de braços aberto nos seminários e pressionava a universidade a conceder-lhe a
graduação. Apesar dos esforços de James, Harvard recusou-se a conceder o doutorado a
10
uma mulher, embora o teste de Calkins (ministrado informalmente por James e outro
docente) fosse considerado “o mais brilhante exame de Ph.D. até então realizado em
Harvard”.
Desse modo, a Psicologia de Wundt e o estruturalismo de Titchener, não
sobreviveriam por muito tempo em sua forma original no ambiente intelectual
americano-o Zeitgeist e, assim, evoluíram para o funcionalismo. Não eram tipos
práticos de Psicologia, não lhe davam com a mente em funcionamento, nem podiam ser
aplicadas as questões, e aos problemas do dia-a-dia. Os novos psicólogos americanos,
transformaram a forma de psicologia Alemã, em um padrão americano, ou seja,
enquanto alguns psicólogos americanos em especial, Angell e Carr, desenvolviam a
abordagem funcionalista nos laboratórios acadêmicos, outros aplicavam em ambiente
fora da Universidade. As abordagens de Wundt e Titchener,que acabavam de criar a
“nova psicologia”, estavam rapidamente sendo superada por uma Psicologia ainda mais
atual. Mesmo Titchener, o grande psicólogo estruturalista, reconheceu essa
transformação avassaladora na Psicologia Americana.
A psicologia evoluiu e prosperou nos Estados Unidos. Seu entusiasmado
desenvolvimento entre 1880 e 1900 é um marco na história da ciência.
Em 1893, a Psicologia fez sua estréia diante de um ávido publico americano na
Feira Mundial de Chicago. Os Psicólogos organizaram exibições de equipamentos de
pesquisa, mediante o pagamento de uma taxa. Uma exibição mais ampla foi montada
em 1904, na Feira Comercial de Louisiana, em St.Louis no Missouri. Esse evento
contou com a participação de varias “estrelas” e com os principais conferencistas da
época, como E.B Titchener, C. Lloyd Morgan, Pierre Janet, G.Stanley Hall e John B.
Watson. Uma exibição de Psicologia Popular como essa não contaria com o apoio de
Wundt e, obviamente, evento semelhante jamais ocorreria na Alemanha. A
popularização da Psicologia era o reflexo do temperamento americano. Essa tendência
transformou a formula de psicologia de Wundt em Psicologia Funcional, e transportou
muito além das fronteiras do laboratório experimental.
Assim os Estados Unidos acolheram a psicologia com grande entusiasmo e
rapidamente a introduziram nas salas de aulas das universidades e no cotidiano das
pessoas. Hoje seu campo de atuação é muito mais abrangente do que seus fundadores
podiam imaginar ou desejar.
Com o advento da Primeira Guerra Mundial os Psicólogos ganharam
notoriedade quando começaram a participar fazendo uma avaliação do nível de
11
inteligência dos recrutados, objetivando classifica-los para desenvolver tarefas que
correspondiam ao seu intelecto, ou seja, através de teste psicológicos.
Hugo Münsterberg, descrito como “propagandista criativo da psicologia
aplicada”, foi o fundador da psiclogia aplicada nos Estados Unidos e na Europa.
Todavia, devido seu aparente envolvimento com a Primeira Guerra Mundial, foi
acusado de espionagem.
Dentre os vários tipos de psicologias aplicadas, vamos destacar a Psicologia
Forense (testemunha ocular) e a Psicoterapia. A primeira, abordava uma ligação ente o
crime, “o uso de hipnose no interrogatório dos suspeitos, a aplicação de testes mentais
para detectar os culpados e a honestidade questionável da testemunha ocular” (pág.
220), a segunda, foi apontada como uma área diferente da psicologia aplicada, para
Münsterberg, tratava os pacientes em seu laboratório e não na clínica, sem qualquer
ônus. Ele acreditava que a doença mental era realmente um problema de desajuste
comportamental e não atribuível a conflitos incoscientes subjacentes, como afirmava
Sigmund Freud (pág. 221).
Finalmente, podemos afirmar como base conclusiva que, a Psicologia Funcional
sofreu várias mudanças ao longo dos tempos. Desde da Evolução das Espécies até sua
aplicabilidade no dia-a-dia do funcionalismo. A mente do indivíduo é um depósito de
informações que precisam ser redirecionada para o seu cotidiano, sua aplicabilidade no
mundo real.
Esse mundo real gira em torno das relações de trabalhos, interpessoalidade,
como, de fato, a Psicologia Funcional irá trazes benefícios práticos para o
aprimoramento das relações sociais. Nada mais pode ficar no campo do abstrato. Aqui
as Teorias deixaram de ser apenas uma forma, para ser um meio de aprendizado.
Nosso trabalho busca informar que a Psicologia Funcional teve a pretensão de
trazer essa disciplina para facilitar o entendimento dos problemas da vida diária para o
ambiente do indivíduo, ou seja, em como as pessoas podem se adaptar a diferentes
ambientes e viver socialmente entre as classes.
REFERÊNCIAS
SCHULLTZ, Duane P. e Sydney Ellen. História da Psicologia Moderna. 9ª. ed. São
Paulo: Câmara Brasileira de Livros, 2009.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS – ABNT. NBR 10520:
Citações em documentos. Rio de Janeiro, 2002.
12
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS – ABNT. NBR 6023:
Referências bibliográficas. Rio de Janeiro, 2002.
BEDAQUE. José Roberto dos Santos Tutela cautelar e tutela antecipada: tutelas
sumárias e tutelas de urgências. 2. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2001.
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 7. ed. Coimbra:
Almedina, 2003.
CASTELO, Jorge Pinheiro. Tutela antecipada na teoria geral do processo. Volume I.
São Paulo: LTr, 1999.
CRETTON, Ricardo Aziz. Os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e
sua aplicação no direito tributário. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001.
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições. Volume I. 3. ed. São Paulo: Malheiros,
2003.
HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Slles. Dicionário houaiss da língua
portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
ISKANDAR, Jamil Ibrahim. Normas da ABNT comentadas para trabalhos
científicos. 2. ed. Curitiba: Champagnat, 2003.
MARIONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela na reforma do código de
processo civil. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1996.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 18. ed. São
Paulo: Malheiros, 2005.
NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios do processo civil na constituição federal. 4. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios fundamentais: teoria geral dos recursos. 5. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
OLIVEIRA, Vallisney de Souza. Embargosà execução fiscal. São Paulo: Saraiva,
2000.
13
PASSOS, José Joaquim Calmon de. Comentários ao código de processo civil. Volume
III, 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994.
PINTO, Teresa Arruda Alvim. Agravo de Instrumento. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1991.
PORTANOVA, Rui. Princípios do processo civil. 6. ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2005.
SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico: 25. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Teoria geral do Processo civil. 2. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2000.
SOARES, Rogério Aguiar Munhoz. Tutela jurisdicional diferenciada. São Paulo:
Malheiros Editores, 2000.
TUCCI, Rogério Lauria e TUCCI, José Rogério Cruz e. Devido processo legal e tutela
jurisdicional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993.
ZAVASKI, Teori Albino. Antecipação da tutela. São Paulo: Saraiva, 1997.
14
Capítulo III
ESTRUTURALISMO
Joaquina de Jesus Soares3
Juliana Maria Duarte Marques4
Simone Lopes Marques5
Edward Bradford Titchener criou um novo método na psicologia, o
Estruturalismo. Apesar de afirmar que seus estudos tratavam do mesmo sistema que
Wundt mostrava, as duas psicologias eram muito diferentes, podendo até concluir que o
termo “estruturalismo” de Titchener só era próprio para a sua abordagem.
Titchener estudou apenas dois anos com Wundt, entretanto sofreu algumas
influências em termos de sua metodologia de ensino, do estilo de se vestir e até mesmo
a barba.
O Estruturalismo defendia o estudo dos elementos, a natureza a partir das
experiências vividas por cada indivíduo, sendo assim a principal estrutura da
consciência para a análise de suas partes componentes.
No ano de 1904, criou um grupo de pesquisa que se autodenominou “os
experimentalistas de Titchener”. As reuniões aconteciam regularmente e tinham o
objetivo de compartilhar observações e analisar experimentos. Porém, elas eram
bastante criticadas, pelo fato de serem proibidas para as mulheres, pelo fato de que eles
queriam interromper criticar e fumar a vontade. Os experimentalistas continuaram com
o grupo exclusivamente masculino até dois anos após sua morte.
Apesar das críticas recebidas por várias psicólogas da época por continuar
excluí-las do grupo de pesquisa, Titchener sempre apoiou o progresso feminino no ramo
da psicologia. Orientou vários trabalhos de pós-graduação e doutorado, inclusive até, a
primeira mulher a fazer Doutorado em psicologia Margaret Floy Washburn foi
orientada por ele.
A experiência consciente seria o principal objeto de estudo de Titchener, tanto a
física como a psicologia, podem ter o mesmo objeto de estudo, como o som e a luz,
porém, o ponto de vista de cada ciência é diferente. Os físicos veriam pelo lado dos
fenômenos da natureza que a luz ou o som poderiam produzir e os psicólogos, veriam
3Acadêmica do 1º período do curso de Psicologia da Faculdade Martha Falcão
4Acadêmica do 1º período do curso de Psicologia da Faculdade Martha Falcão
5 Acadêmica do 1º período do curso de Psicologia da Faculdade Martha Falcão
15
pelo lado das experiências vividas por cada indivíduo relacionado a isso. Para o criador
do Estruturalismo, a experiência consciente seria o ponto de partida para a pesquisa na
psicologia.
A Textbook of psychology (1909), livro lançado por E.B. Titchener afirma:
“No universo da física, no qual essas experiências são consideradas
independentes das pessoas que as vivenciam, não há calor nem frio,
não há escuridão nem luz, não há silêncio nem ruído. Somente quando
as experiências são consideradas dependentes de algum indivíduo é
que existem o calor e o frio, o preto e o branco, o colorido e o
cinzento, tons, assobios e estampidos. Esses são os objetos de estudos
da psicologia.”
O estruturalismo apresentou o erro de estímulo, que ocorre quando há uma
confusão a respeito do processo mental do estudo e o estímulo que está sendo
observado, ou seja, se um observador visse uma maçã e a descrevesse apenas com
características de sua percepção, ele estaria sofrendo um erro de estímulo, do ponto de
vista de Titchener, o observador teria que descrever o objeto a partir de sua consciência
elementar da experiência.
A principal abordagem do Estruturalismo era descobrir os fatos estruturais da
mente. Titchener dizia que a mente era o conjunto das experiências acumuladas e a
consciência eram experiências existentes em determinado momento.
Ele também usava métodos de introspecção experimental sistemática procurando
relatos detalhadamente enquanto o indivíduo estava no ato introspectivo. Tentava
entender a experiência consciente através das partes dos componentes, que era a
principal fundamentação de sua psicologia e concretizar sua hipótese da existência dos
“átomos da mente”.
Nas suas pesquisas, os reagentes eram em sua maioria passivos e poderiam
efetuar reações em outras substâncias, ou seja, medir a capacidade de um reagente em
uma substância e poder examiná-la melhor. Do ponto de vista estruturalista, os
reagentes eram como instrumentos mecânicos de registro que respondiam aos estímulos
observados.
REFERÊNCIAS
SCHULTZ, Duane P., DYDNEY, Ellen Schutz, História da Psicologia Moderna,
editora Thomson, tradução da 8ª edição norte-americana.
Capítulo IV
16
Behaviorismo
 O Estruturalismo e o Funcionalismo desempenharam papéis importantes no
desenvolvimento inicial da Psicologia. Como cada perspectiva oferecia uma abordagem
sistemática do campo, elas foram consideradas escolas de psicologia rivais. Em 1920
ambas estavam sendo suplantadas por três escolas mais novas: o behaviorismo, a
psicologia da gestalt e a psicanálise. Das três escolas, o behaviorismo teve maior
influência na psicologia científica na América do Norte. O termo Behaviorismo foi
lançado por um americano chamado John B. Wastson, em um artigo publicado em
1913, que tinha como título “ Psicologia: como os behavioristas a vêem”. O termo em
inglês behavior tem como significado a palavra comportamento, por esse motivo
denominamos essa tendência teórica como Behaviorismo. O Behaviorismo também é
conhecido por: Teoria Comportamental, Comportamentalismo, Análise do
Comportamento.
 Wastson reagiu contra a concepção de que a experiência consciente era competência
da psicologia. Ele nada afirmou a respeito da consciência quando estudou o
comportamento de animais e bebês, decidiu não apenas que a psicologia animal e a
infantil poderiam ser ciências independentes, mas também que elas definiam um padrão
que a psicologia adulta poderia seguir.
 John Wastson afirmava que todo comportamento é resultado de condicionamento e que
o ambiente molda o comportamento reforçando hábitos específicos.
 O behaviorismo metodológico e o Behaviorismo metafísico têm as suas raízes nos
trabalhos pioneiros de Watson e Pavlov. O behaviorismo radical foi desenvolvido não
como um campo de pesquisa experimental, mas sim uma proposta de filosofia sobre o
comportamento humano que utiliza como referência outros filósofos da ciência do
século XX, contextualizado por todas das crises de paradigmas vivenciadas pelo
pensamento científico até hoje, seu principal autor foi o psicólogo americano Burruhs
Skinner (1953), que além de ser o representante mais importante do behaviorismo
radical, desenvolveu os princípios do condicionamento operante e a sistematização do
modelo de seleção por consequências para explicar o comportamento. O
condicionamento operante explica que quando após um comportamento ou atitude é
seguida a apresentação de um reforço, aquela resposta (ação) tem maior probabilidade
de se repetir com a mesma função.
Behaviorismo metodológico - Consiste na teoria explicativa do comportamento
publicamente observável da Psicologia, a qual postula que esta deve ocupar-se do
comportamento animal (humano e não humano) apenas quando for possível uma
observação pública para obter uma mensuração, ao invés de ocupar-se dosestados
mentais que possam gerar ou influenciar tais comportamentos. Assim o behaviorismo
metodológico acredita na existência da mente, mas a ignora em suas explicações sobre o
comportamento. Para o behaviorismo metodológico os estados mentais não se
classificam como objeto de estudo empírico. Seus postulados foram formulados
predominantemente pelo psicólogo americano John Watson.
 Em oposição ao Behaviorismo metodológico foi proposto o Behaviorismo radical,
desenvolvido por Burrhus F. Skinner
Behaviorismo Radical - Designa uma filosofia da Ciência do Comportamento por meio
da análise experimental do comportamento. O behaviorismo radical é a linha de estudo
17
criada por Skinner, em 1945. A base da corrente skinneriana está na formulação do
Comportamento Operante.
Comportamento operante: “inclui todos os movimentos de um organismo dos quais
se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo ao
redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta,
quer indiretamente.”
Reforçamento: Chamamos de reforço a toda conseqüência que, seguindo uma
resposta, altera a probabilidade futura de ocorrência dessa resposta. O reforço positivo é
todo evento que aumenta a probabilidade de futura da resposta que o produz.O reforço
negativo é todo evento que aumenta a probabilidade de futura da resposta que o remove.
Não se pode definir um evento como reforçador. A função reforçadora de um evento
ambiental qualquer só é definida por sua função sobre o comportamento do indivíduo.
 Behaviorismo Filosófico - O behaviorismo filosófico consiste na teoria analítica que
trata do sentido e da semântica das estruturas de pensamento e dos conceitos. Defende
que a idéia de estado mental, ou disposição mental, é na verdade a idéia de disposição
comportamental ou tendências comportamentais. Nesta concepção, são analisados os
estados mentais intencionais e representativos. Esta linha de pensamento fundamenta-se
basicamente nos postulados de Ryle e Wittgenstein.
 Os Behavioristas tendiam a discutir os fenômenos psicológicos em termos estímulos e
respostas. Notou-se que a psicologia de E-R em si não é uma teoria ou perspectiva, mas
um conjunto de termos que podem ser usados para comunicar informações psicológicas.
A terminologia E-R é muitas vezes utilizadas na psicologia atual.
 Os conceitos propostos pelo Behaviorismo têm sido aplicados hoje na área da
Educação. São conhecidos os métodos de ensino programado, o controle e a
organização das situações de aprendizado. No Brasil a área clínica é a que mais utiliza
os conhecimentos do Behaviorismo.
Referências
BOCK, Ana M. B. . FURTADO, Odair. TEIXEIRA, Maria de Lourdes. Psicologias. Editora Saraiva.
1999
BAUM, William M. Compreender o Behaviorismo.
SKINNER, B. F. Sobre o behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 1974.
ATKINSON, Rita L. ATKINSON, Richard C. SMITH, Edward E. - Introdução à Psicologia de Hilgard.
18
Capítulo V
Gestalt
1920
Alemanha
A Gestalt surgiu nas primeiras décadas deste século como uma espécie de resposta
ao atomismo psicológico, escola que pregava uma busca do todo psicológico
através da soma de suas partes mais elementares; o complexo viria pura e
simplesmente da reunião de seus elementos mais simples, era uma escola de
adição. A Escola da Forma dizia o contrário: não podemos separar as partes de um
todo pois dele elas dependem e não fazem sentido, pelo menos o mesmo, senão
enquanto partes formadoras daquele todo.
Em seu início, havia duas correntes na Gestalt, a dos dualistas e a dos monistas: os
primeiros acreditavam existir uma percepção mental que diferiria da sensorial.
Sendo assim, perceberíamos os elementos separadamente e só então eles
formariam o todo através de uma ação do espírito, de uma percepção mental. Um
desenho, por exemplo, não é um todo, mas o que estaria produzindo a forma total
que percebemos, o que ligaria seus elementos seria o espírito. Encontram-se nessa
corrente muitos resquícios do atomismo psicológico, enquanto que os monistas
realmente romperam com eles, ao sustentarem que as partes dependem mais do
todo que ele destas, que é ele quem as determina. Para os monistas o esquema da
percepção seria, basicamente: estímulos sensoriais -> forma -> sensação.
Para os monistas, forma e matéria não são separáveis, os elementos de uma forma
não existem em si, singularmente, isso só seria possível através de abstração.
Todos os elementos aparecem ao mesmo tempo, e um observar um ou outro, um
tomar um ou outro como figura ou fundo tornaria a experiência diferente. Cada
parte é percebida como elemento formador do todo, pertencente a ele.
A Gestalt como teoria filosófica
Em um âmbito filosófico (a Gestalt chegou a ser considerada uma 'filosofia da
forma'), pode-se dizer que foi deixado de lado o ego cogito cartesiano para, como
Husserl (que foi, de fato, mestre de Koffka, um dos papas desta escola), adotar-se
um ego cogito cogitatum: não há uma ruptura entre consciência - ou sensação, no
caso da escola da forma - e mundo. O "resíduo" a que se pode chegar por uma
redução, uma dissecação do real - ou de uma forma - não é o "eu penso", mas a
correlação entre o eu penso e o objeto de pensamento (o ego cogito cogitatum).
Em suma, não existiria consciência enquanto tal, mas toda consciência seria
consciência de.
Isso, porém, não se dá de forma separada, como pretendiam os associacionistas
(escola da psicologia que predominou no século XIX), mas concomitante:
tomemos como exemplo um carro na estrada, seguindo em direção contrária a
você. Para os associacionistas, há um intervencionismo do pensamento, ou seja,
suas sensações lhe dizem que o carro está diminuindo à medida em que se afasta,
19
mas, sendo conhecedor das leis da física, ou mesmo já tendo passado por esta
experiência, seu pensamento reagiria, corrigindo o equívoco. O dado sensorial
seria menos real que a percepção, e interpretado de acordo com a experiência.
Já para a Gestalt, isso tudo aconteceria de uma só vez e não através da
experiência, mas de acordo com o que é dado na situação em si. Cada vez seria
diferente, se apenas um dos elementos formadores diferisse; o todo seria o que há
de mais importante, o que vale aqui não é a experiência, todavia o agora e o que é
dado nesse agora. Percebe-se de maneira diferente de acordo com o contexto em
que o objeto/excitante está inserido, nossa sensação é global e varia dependendo
do evento/forma.
Essa foi a concepção que acabou, por assim dizer, "triunfante" em relação à outra,
e seus defensores, Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler, acabaram
por se tornar figuras de maior importância na Escola da Gestalt.
Essa teoria da forma não se manteve apenas dentro dos limites da psicologia, mas
pretendeu se estender à Física e à Filosofia, admitindo a existência de formas
fisiológicas e de formas físicas, além das formas psicológicas: as primeiras dizem
respeito aos organismos vivos, que funcionariam do todo para o uno; as células
seriam dependentes do organismo e não o contrário porque este teria a capacidade
de se adaptar. As segundas tratam do mundo físico: este tenderia, também, a um
equilíbrio total, uma busca da boa forma, mais homogênea e simétrica.
Finalmente, as formas psicológicas, que são colocadas de uma maneira bem
materialista: os gestaltistas não admitem a existência de um espírito, de alma, mas
que tudo se reduz à matéria bruta, sendo as formas psicológicas o subjetivo das
fisiológicas e estas apenas reduzidas às formas físicas.
Organização Perceptual - Assimilação e Contraste; Figura e fundo
Somos bombardeados por estímulos físicos todo o tempo e, para compreendê-los,
formamos organizações perceptuais (termo que se aplica tanto ao processo de
organização quanto ao resultado em si). Há várias maneiras de se organizar esses
estímulos, e, de fato, o fazemos, mas de tal modo que exista sempre apenas uma:
nunca há dois tiposde organização em um só momento. Esse empreendimento se
dá de maneira espontânea, inerente ao indivíduo, porém o consciente pode exercer
um papel nesse processo, pois a organização perceptual ocorre dentro e fora da
consciência: se a pessoa quiser, poderá criá-la conscientemente, mas se não o
fizer, o inconsciente agirá.
Um ponto importante no processo de organização perceptual é a diferenciação do
campo perceptual. A maneira com que a forma é apresentada pode, por exemplo,
suscitar fenômenos como a associação e o contraste.
O primeiro destes princípios diz respeito a uma homogeneização das partes da
forma a que somos compelidos quando não há fronteiras entre elas, ou quando não
as percebemos. Os contornos se tornam importantes neste sentido: tendemos a
tornar cada parte homogênea em matéria de luz; a assimilação pode acontecer
quando há proximidade, especialmente quando estas áreas próximas não estão
delimitadas. Já o contraste consiste em perceber-se uma diferença maior do que
ela realmente é, e ocorre quando há uma separação das partes, quase de maneira
contrária à assimilação.
Porém deve-se sempre lembrar que, tanto assimilação como contraste são
"regidos" pela organização perceptual total, podendo, até mesmo haver a
ocorrência dos dois fenômenos em um mesmo objeto, dependendo de, por
exemplo, qual o fundo sob o qual está a figura. Estes dois conceitos, fundo e
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figura, são os mais simples da forma de organização perceptual: em qualquer
campo diferenciado, uma das partes sempre parece "saltar", se salientar em
relação às outras. A ela damos o nome de figura, sendo o fundo todo o resto.
O que nos permite diferenciá-los, enxergar uma separação entre ambos é o
contorno: uma fronteira física que mais parece pertencente à figura, conferindo
forma a ela. Se há uma inversão, se a figura passa a parecer fundo e vice-versa,
então o contorno passará, logicamente, a parecer pertencer à nova figura. A figura
sempre parece possuir o contorno. Se, em uma forma, não fica muito clara essa
separação (sendo que sempre veremos uma parte como figura e outra como fundo;
o que pode não ficar claro é o que qual das partes é definitivamente), há uma
flutuação, percebemos alternadamente os elementos como figura e fundo; porém,
sempre um de cada vez, e sempre um. Bom, nesse caso, ao acontecer essa
flutuação, o contorno passa a nos parecer completamente diferente em cada um
dos casos. Pode acontecer, também, de algo ser definido como figura embora não
haja um contorno, uma linha física que o delimite: esse fenômeno é conhecido
como fechamento e é muito comum, posto que certas formas estão de uma
maneira que nos pareça completa, não cabendo ali nenhum tipo de modificação; é
como se elas se bastassem, fossem suficientes, enfim, completas em si.
Na determinação de o que é figura e fundo influem diversos fatores, como
tamanho e localização, ou, caso esses sejam os mesmos, a área que for menor ou
mais fechada. Geralmente, o que pode ser agrupado com mais facilidade, pareça
seguir uma "linha", for mais homogêneo, ou até mesmo o que for mais conhecido
para quem observa (e aí entra a questão da subjetividade na percepção) passará a
ser visto como a figura. Há até mesmo a influência do sistema nervoso e outros
processos do tipo nessa determinação.
Figura e fundo são diferenciados não só em formas visuais, vale lembrar;
tendemos a separá-los em todas as experiências de percepção. Na chamada música
pop, por exemplo, geralmente percebemos a voz do cantor como figura e o
instrumental como fundo, como acompanhamento.
Agrupamento Perceptual - Wertheimer
Pode haver, e na maioria das vezes há, mais de dois elementos na forma: nesse
caso, o que seria figura? E fundo? Por quê? Max Wertheimer, tido como o
fundador da teoria da Gestalt, propõe em seu "Raciocínio Visual" certos
princípios, a seguir:
1) Proximidade
Em condições iguais, eventos próximos no tempo e espaço tenderão a permanecer
unidos, formando um só todo:
OO OO OO OO OO OO OO
OO OO OO OO OO OO OO
OO OO OO OO OO OO OO
2) Semelhança
Eventos semelhantes se agruparão entre si:
O X O X O X O X O X O X O
O X O X O X O X O X O X O
O X O X O X O X O X O X O
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Essa semelhança se dá por intensidade, cor,odor, peso, tamanho, forma etc. e se dá
em igualdade de condições.
3) Semelhança + Proximidade
É a simples adição dos dois princípios anteriores, se em condições iguais:
OO OX XO OO
OO OX XO OO
OO OX XO OO
4) Lei da Boa Continuidade
É o acompanhamento de uns elementos por outros, de modo que uma linha ou
uma forma continuem em uma direção ou maneira já conhecidas.
____|____ = ________ |
5) Pregnância
Há formas que parecem se impor em relação às outras, nos fazendo, por muito
tempo, não conseguir ver outra forma de distribuição:
OO OO OO OO OO OO OO OO OO
OO OO OO OO OO OO OO OO OO
OO OO OO OO OO OO OO OO OO
6) Destino Comum
Há certos elementos que parecem se dirigir a um mesmo lugar, se destacando de
outros que não o pareçam.
7) Persistência do Agrupamento Original
Em todos as formas, todos os estímulos, os elementos aproximam-se uns dos
outros e tendemos a fazer com que os grupos continuem os mesmos.
8) Experiência Passada ou Aprendizagem
É a subjetividade do percebedor: para cada um a percepção pode ser diferente, de
acordo com a experiência do indivíduo, de acordo com o que ele já viveu ou
aprendeu, conheceu. Tomemos como exemplo um texto qualquer: para um
analfabeto ou alguém que não conheça a língua em questão, parecerá uma confusã
completa, mas, para aquele que saiba ler ou conheça a língua, parecerá
inteiramente inteligível.
9) Clausura ou Fechamento
Os elementos de uma forma tendem a se agrupar de modo que formem uma figura
mais total ou fechada.
Conclusão
Essas tendências ou princípios, dependendo de sua intensidade podem produzir
efeitos diferentes, devemos sempre lembrar que, para a Escola da Forma, o todo
não é apenas a soma das partes, sua essência depende da configuração das partes.
A partir disso, podemos trazer ainda algumas considerações e conceitos finais: a
22
transposição das formas, por exemplo, é de um valor muito grande dentro do que
foi dito no parágrafo anterior; podemos transpor a mesma forma a partir de
elementos diferentes, de modo que a forma original ainda possa ser reconhecida,
como em:
OOXX
OO, XX
ou em uma melodia cujas notas sejam aumentadas todas em um tom, ou seja, o
todo é a configuração de seus elementos, mas também difere de acordo com os
elementos em si. Porém, não podemos nos esquecer da parte-todo, isto é, que as
partes dependem da natureza do todo.
Por último, vale falar, mais uma vez, sobre a subjetividade na percepção: deve-se
levar em conta a experiência vivida pelo sujeito, o seu nível de conhecimento ou
familiaridade com o assunto tratado et sic per omnia.
Enfim, a Escola da Gestalt não se limitou apenas à percepção, mas expandiu suas
teorias a várias áreas de conhecimento, revolucionando a psicologia e
influenciando diretamente muitos pensadores. Pode-se dizer, por exemplo, que o
behaviorismo de Skinner bebe basicamente da fonte da Gestalt.
Esta foi e continua sendo uma escola revolucionária e de um imenso valor
histórico.
Juliana Fausto
maio de 1999
Capítulo VI
Teoria do Campo de Kurt Lewin
23
Em 1935, Kurt Lewin já se referia em suas pesquisas sobre comportamento
social, ao importante papel da motivação. Para melhor explicar a motivação do
comportamento, elaborou a teoria de campo, que se baseia em duas suposições
fundamentais.
a) o comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes;
b) esses fatos coexistentes têm o caráter de um campo dinâmico, no qual cada parte do
campo depende de uma inter-relação com as demais outras partes.
O comportamento humano não depende somente do passado, ou do futuro, mas
do campo dinâmico atual e presente. Esse campo dinâmico é "o espaço de vida que
contém a pessoa e o seuambiente psicológico”. Lewin propõe a seguinte equação, para
explicar o comportamento humano:
C = f (P,M)
onde o comportamento (C) é função (f) ou resultado dainteração entre a pessoa (P) e o
meio ambiente (M) que a rodeia.
O ambiente psicológico (ou ambiente comportamental) é o ambiente tal como é
percebido e interpretado pela pessoa. Mais do que isso, é o ambiente relacionado com as
atuais necessidades do indivíduo. Alguns objetos, pessoas ou situações podem adquirir
valência no ambiente psicológico, determinado um campo dinâmico de forças
psicológicas.
Os objetos, pessoas ou situações adquirem para o indivíduo uma valência
positiva (quando podem ou prometem satisfazer necessidades presentes do individuo)
ou valência negativa (quando podem ou prometem ocasionar algum prejuízo).
Os objetos, pessoas ou situações de valência positiva atraem o indivíduo e os de
valência negativa o repelem. A atração é a força ou vetor dirigido para o objeto, pessoa
ou situação; a repulsa é a força ou vetor que o leva a se afastar do objeto, pessoa ou
situação, tentando escapar. Um vetor tende sempre a produzir locomoção em uma
certa direção. Quando dois ou mais vetores atuam sobre uma pessoa ao mesmo tempo, a
locomoção é uma espécie de resultante de forças. Lewin utilizou uma combinação de
análise topológica (para mapear o espaço vital) e vetorial (para indicar a força dos
motivos no comportamento), desenvolveu uma série de experimentos sobre a
motivação, a satisfação e a frustração os feitos da liderança autocrática e democrática
em grupos de trabalho etc.
Lewin foi um profundo inspirador dos autores da Escola das Relações Humanas
e das demais outras teorias desenvolvidas a partir desta.
Ciclo Motivacional
A partir da Teoria das Relações Humanas, todo o acervo de teorias psicológicas
acerca da motivação humana passou a ser aplicado dentro da empresa. Verificou-se que
todo comportamento humano é motivado.
Que a motivação, no sentido psicológico, é a tensão persistente que leva o
individuo a alguma forma de comportamento visando à satisfação de uma ou mais
24
determinadas necessidades. O organismo humano permanece em estado de equilíbrio
psicológico (equilíbrio de forças psicológicas, segundo Lewin), até que um estímulo o
rompa e crie uma necessidade.
Essa necessidade provoca um estado de tensão em substituição ao anterior
estado de equilíbrio. A tensão conduz a um comportamento ou ação capazes de atingir
alguma forma de satisfação daquela necessidade.
Quando satisfeita a necessidade, o organismo retoma ao seu estado de equilíbrio
inicial, até que outro estímulo sobrevenha. Toda satisfação é basicamente uma
liberação de tensão, uma descarga tensional que permite o retorno ao equilíbrio anterior.
Ciclo Motivacional
Nem sempre a satisfação das necessidades é obtida. Pode existir alguma barreira
ou obstáculo ao alcance da satisfação de alguma necessidade. Toda vez que alguma
satisfação é bloqueada por alguma barreira, ocorre frustração. Havendo frustração a
tensão existente não é liberada através da descarga provocada pela satisfação. Essa
tensão acumulada no organismo mantém o estado de desequilíbrio.
Por outro lado, o ciclo motivacional pode ter outra solução além da satisfação da
necessidade ou da sua frustração: a compensação ou transferência. Ocorre a
Equilíbrio
Comportamento
Tensão
Estímulo
ou incentivo
NecessidadeSatisfação
25
compensação (ou transferência) quando o indivíduo tenta satisfazer alguma necessidade
impossível de ser satisfeita, através da satisfação de outra necessidade complementar ou
substitutiva.
 Assim, a satisfação de outra necessidade aplaca a necessidade mais importante e
reduz ou evita afrustração. Desta forma toda necessidade humana pode ser satisfeita,
frustrada ou compensada.
Ciclo Motivacional
O homem frustrado pode se tornar agressivo. A liberação da tensão acumulada
pode acontecer a agressividade física, verbal, simbólica, etc
Tensão retida pela não-satisfação da necessidade pode provocar formas de
reação, como ansiedade, aflição, estados de intenso nervosismo ou ainda outras formas
de conseqüência, como insônia, distúrbios circulatórios, digestivos etc;
Estilos de Comportamento Motivacional
Participar: é o organizador do comportamento motivacional das pessoas que se
preocupam especialmente com o próprio desenvolvimento pessoal para poder fazer jus
às responsabilidades que Ihes foram colocadas sobre os ombros.
Elas têm uma atitude de grande cooperação e são reconhecidas como formadoras
de talentos. Facilmente se põem em ação quando ouvem a frase: “Preciso da sua
ajuda”.
Agir: este estilo de comportamento motivacional se guia pela importância que dá aos
desafios. Cheias de energia pessoal, essas pessoas agitam-se mais e são mais rápidas
que a média das pessoas com as quais trabalha. No geral, esperam que sejam solicitadas
a entrar em ação por meio da frase que lhe faz mais sentido: “Sei que você é capaz.”
Manter: é o organizador comportamental daqueles que se motivam especialmente por
desempenhar atividades que demandem análise, lógica, organização. Trata-se de alguém
que tem os pés no chão e a cabeça acima dos ombros. Sensibiliza-se quando é solicitado
a desenvolver cuidadosamente um trabalho.
Conciliar: caracteriza aquele que tem grande habilidade de interação pessoal, sendo
otimista e encorajando os demais a verem lados diferentes do problema que estão
vivendo, sendo diplomatas e valorizando, sobretudo a harmonia no convívio, sente-se
especialmente motivado em situação nas quais é solicitado a vender uma idéia.
Conclusão
A compreensão mais ampla daquilo que foi definido como motivação não será
conseguida senão dentro da medida em que se esteja atento com relação à dimensão de
ordem interior ou intrínseca, devendo ser, por isso, um fenômeno comportamental
qualitativamente diferente das ações condicionadas por estímulos externos.
26
Esse entendimento vai influenciar necessariamente o caráter típico da filosofia
administrativa que se assume com relação ao elemento humano dentro das
organizações.
A única coisa que se pode fazer para manter pessoas motivadas é conhecer suas
necessidades e oferecer fatores de satisfação de tais necessidades.
O desconhecimento desse aspecto irá fazer com que paradoxalmente se consiga
desmotivar as pessoas.
 Portanto, a grande preocupação não reside em adotar estratégias que motivem as
pessoas, mas principalmente criar um ambiente de trabalho no qual o trabalhador
mantenha o tônus motivacional que tinha em seu primeiro dia de trabalho.
Referências Bibliográficas
ARCHER, E. R. The myth "of motivation. The Personnel Administrator, EUA, Oec.
1978.
BENNIS, W. A formação do líder. São Paulo: Atlas, 1996. BERGAMINI, C. Motivação
no trabalho. São Paulo: Atlas, 1996.
DRUCKER, P. Fator humano e desempenho. São Paulo: Pioneira, 1977.
FAYOL, H. Administração industrial. São Paulo: Atlas, 1994. FROMM, E. A análise
do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
GOLEMAN, O. A inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é
ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
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Capítulo VII
Gestalterapia de Friederich Perls
A teoria da Gestalt desenvolveu-se como protesto contra a análise atomística vigente no final
do século XIX. A análise atomística tentava compreender a experiência da pessoa de forma
que os elementos dessa experiência eram reduzidos aos seus componentes mais simples,
sendo que cada componente era analisado separadamente dos outros e, a experiência total era
entendida como uma soma destes componentes. A chamada Gestalt-terapia surge no início da
década de 50, a partir das reflexões de Friederich Perls, um psicanalista nascido em Berlim
em 1893, que emigrou durante a década de 40 para a África do Sul e posteriormente para os
Estados Unidos da América, onde juntamente com um grupo de intelectuais norte-americanos
desenvolveuesta nova abordagem.
1. Crescimento Psicológico
Perls definia a saúde e a maturidade psicológicas como sendo a capacidade de emergir do
apoio e da regulação ambientais para um auto-apoio e uma auto-regulação. O processo
terapêutico representa um esforço na direção desta emergência. O elemento crucial no auto-
apoio e na auto-regulação é o equilíbrio. Uma das proposições básicas da teoria da Gestalt é
que todo organismo possui a capacidade de realizar um equilíbrio ótimo consigo e com seu
meio. As condições para realizar este equilíbrio envolvem uma conscientização desobstruída
da hierarquia de necessidades, que descrevemos anteriormente. Uma apreciação plena desta
hierarquia de necessidades só pode ser realizada através da conscientização que envolve todo
organismo, uma vez que necessidades são experienciadas por cada parte do organismo e sua
hierarquia é estabelecida por meio de sua coordenação. Perls considera o ritmo de
contato/fuga com o meio ambiente como componente principal do equilíbrio do organismo. A
imaturidade e a neurose implicam uma percepção impropria do que constitui este ritmo ou
uma incapacidade de regular seu equilíbrio. Indivíduos auto-apoiados e auto-regulados se
caracterizam pelo livre fluir e pelo delineamento claro da formação figura-fundo (definição de
sentido) nas expressões de suas necessidades de contato e retraimento. Tais indivíduos
reconhecem sua própria capacidade de escolher os meios de satisfazer necessidades à medida
que estas emergem. Têm consciência das fronteiras entre e eles mesmos e os outros e estão
particularmente conscientes da distinção entre suas fantasias sobre os outros (ou o ambiente)
e o que experienciam através do contato direto.
2. Psicologia da Gestalt
Embora não haja equivalente preciso em português para a palavra alemã gestalt, o sentido
mais geral que se pode dar ao termo seria uma espécie de disposição ou configuração de uma
organização específica das partes que constituiria um todo particular. O princípio mais
importante da abordagem gestáltica é a afirmação de que a análise das partes nunca pode
proporcionar uma compreensão do todo, uma vez que o todo será definido pelas interações e
interdependências das partes. As partes de uma gestalt não mantêm sua identidade quando
estão separadas de sua função e lugar no todo. Assim sendo, a teoria da Gestalt foi
inicialmente formulada no final do século XIX na Alemanha e Áustria. Em 1912, Max
Wertheimer publicou um trabalho considerado o fundamento da escola gestáltica, onde
descrevia um experimento executado por Wertheimer e seus colegas, planejado para explorar
certos aspectos da percepção do movimento. Numa sala escura, eles faziam reluzir em rápida
sucessão dois pontos de luz próximos um do outro, variando os intervalos de tempo entre os
clarões. Descobriram que quando o intervalo entre os clarões era menor que 3/100 de
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segundo, eles pareciam simultâneos. Quando o intervalo era de 6/100 de segundo, o
observador dizia ver o clarão mover-se do primeiro ponto ao segundo. Quando o intervalo era
de 20/100 de segundo ou mais, os pontos de luz foram observados como o eram de fato, ou
seja, dois clarões de luz separados. A descoberta crucial do experimento refere-se à percepção
de movimento quando os clarões estavam separados por aproximadamente 6/100 de segundo.
O movimento aparente não era função dos estímulos isoladamente, mas dependia das
características relacionadas à organização neural e perceptiva do campo. Os resultados deste
experimento levaram a algumas reformulações fundamentais no estudo da percepção e,
durante as décadas de vinte, trinta e quarenta do nosso século, a teoria da Gestalt foi aplicada
ao estudo da aprendizagem, resolução de problemas, motivação, psicologia social e, até certo
ponto, à teoria da personalidade. A escola gestáltica causou enorme impacto em todo o campo
da Psicologia. Na metade do século XX, a abordagem desta escola tinha-se tornado tão
intrínseca à corrente central da Psicologia que a noção de um movimento gestáltico por si
próprio e emancipado deixou de existir. Uma contribuição importante dos adeptos da Gestalt
refere-se à exploração da maneira como as partes constituem e estão relacionadas com um
todo. Além disso, a teoria da Gestalt ofereceu algumas sugestões a respeito dos modos pelos
quais os organismos se adaptam para alcançar sua organização e equilíbrio ótimos. Um
aspecto desta adaptação envolve a forma pela qual um organismo torna suas percepções
significativas, a maneira pela qual distingue figura do fundo. A escola gestáltica estendeu o
fenômeno figura-fundo para descrever a maneira pela qual um organismo seleciona o que é
ou não é de seu interesse num dado momento. Para um homem sedento, um copo de água
colocado entre seus pratos favoritos emerge como figura principal contra o fundo menos
importante constituído pela comida. A percepção adapta-se à necessidade, capacitando-nos a
satisfazer nossas necessidades. Uma vez satisfeita a sede do exemplo, sua percepção da
pessoa sobre o que é figura e o que é fundo provavelmente se modificará, de acordo com as
mudanças nos interesses e necessidades dominantes. Embora, por volta de 1940 a teoria da
Gestalt já tivesse sido aplicada em muitas áreas da Psicologia, foi em grande parte ignorada
no exame da dinâmica da estrutura da personalidade e do crescimento pessoal. Além do mais,
ainda não havia nenhuma formulação de princípios da Gestalt específicos para psicoterapia.
Assim, a partir desse ponto podemos começar a ver o papel de Fritz Perls, responsável pela
ampliação da teoria da Gestalt na psicoterapia e de uma teoria de mudança psicológica. A
abordagem gestáltica inspirou-se em formulações da Psicologia e da Filosofia, adotando
alguns referenciais, tais como, a percepção gestáltica de que "o todo é diferente da soma das
partes". A percepção gestáltica propõe que todo fenômeno psíquico seja visto como um todo,
em suas relações e dinamismos. Por essa razão a Gestalt não considera o comportamento da
pessoa isoladamente. Ela procura explorar a situação em que se deu, sua importância e
significado naquele momento e situação. Considera o homem como um ser em relação, seu
organismo é um sistema em equilíbrio, ou em constante busca de equilíbrio e auto-regulação
em sua relação com o meio. O terapeuta gestáltico é especialmente atento à forma como se
expressa o cliente, não só em termos de verbalização, mas também em termos de linguagem
gestual, corporal. motora. Perls mostra que a agressividade também desempenha um papel
construtivo na maneira como a pessoa se relaciona com o mundo e consigo mesma.
3. Existencialismo e Fenomenologia
Perls descreveu a Gestalt-terapia como uma terapia existencial, baseada na filosofia
existencial e utilizando-se de princípios considerados existencialistas e fenomenológicos.
Embora a Gestalt-terapia não se tenha desenvolvido diretamente a partir de antecedentes
fenomenológicos e existenciais particulares, vários aspectos do trabalho de Perls equiparam-
se àqueles desenvolvidos em muitas escolas do existencialismo e fenomenologia. A influência
destas escolas foi difusa, porém substancial. Em geral, Perls contestava de forma ferrenha a
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idéia de que se poderia abranger o estudo do ser humano através de uma abordagem
científico-natural-mecanicista inteiramente racional, como recomendava o positivismo. A
partir disso, Perls associou-se à maioria dos existencialistas, insistindo que o mundo vivencial
de um indivíduo só pode ser compreendido por meio da descrição direta que o próprio
indivíduo faz de sua situação única. Do mesmo modo, Perls sustentou que o encontro do
terapeuta com um paciente, constitui um encontro existencial entre duas pessoas e não uma
variante do clássico relacionamento médico-paciente. O primeiro livro publicado por
Friederich Perls, antes mesmo do nascimento da Gestalt-Terapia, foi "The Ego, Hunger and
Aggression"(1942), onde expressa de forma condensadasua crítica à teoria de Freud. A idéia
de que mente e corpo constituem dois aspectos diferentes da existência diferentes e
completamente separados, era uma noção que Perls, assim como os existencialistas, achavam
intolerável. De acordo com suas objeções, assim como não poderia haver cisão entre mente e
corpo, abandonou também a idéia da cisão entre sujeito e objeto e, mesmo, a da cisão entre
organismo e meio. Ao invés de considerar que cada ser humano encontra um mundo que ele
experiencia como sendo completamente separado de si mesmo, Perls acreditava que as
pessoas criam e constituem seus próprios mundos. Dessa forma o mundo existe para um dado
indivíduo como sua própria descoberta do mundo. O conceito de intencionalidade é básico,
tanto para o existencialismo e fenomenologia quanto para o trabalho de Perls. A mente ou
consciência é entendida como intenção e não pode ser compreendida à parte do que é pensado
ou pretendido. Os sentidos dos atos psíquicos ou intenções devem ser alcançados em seus
próprios termos, fenomenologicamente, e em termos de sua própria intenção particular.
Assim, a crítica existencialista da noção freudiana de instintos é a mesma de Perls, e a libido
constitui um ato psíquico, nem mais básico nem mais universal que qualquer outro. Todo ato
psíquico é intenção, e toda intenção deve ser compreendida em seus próprios termos, e não
em termos de um ato psíquico mais básico. Entre o pensamento existencialista, dois temas
são da maior importância; a experiência do nada e a preocupação com a morte e o medo. Ao
examinar a visão que Perls tem da neurose, veremos que esses mesmos temas também
constituem elementos importantes em sua teoria sobre o funcionamento psicológico. O
método fenomenológico de compreender através da descrição é básico no pensamento de
Perls. Todas as ações implicam escolha, todos os critérios, de escolha são eles próprios
selecionados e explanações causais não são suficientes para justificar as escolhas ou ações de
alguém. Além disso, a confiança fenomenológica na intuição para o conhecimento das
essências assemelha-se à confiança de Perls naquilo que ele chama de inteligência ou
sabedoria natural do organismo. Finalmente, o próprio modo de Perls propor sua abordagem
inclui, como qualquer descrição fenomenológica, as características fenomenológicas e
existenciais descritas acima. Seus livros não são argumentações descrevendo um ponto de
vista particular, uma vez que, na estrutura fenomenológica, a argumentação perde o sentido a
não ser que o leitor, fora do contexto de sua própria experiência, decida aceitar as premissas
de Perls desde o início. O estilo de Perls é imaginativo e pessoal, e sua tentativa é existencial
no sentido em que propõe uma teoria do desenvolvimento psicológico que é inseparável do
envolvimento de Perls com seu próprio desenvolvimento.
4. O Organismo como um Todo
Um conceito fundamental subjacente ao trabalho de Perls tem sua formulação explícita, como
vimos, a partir do trabalho dos psicólogos da Gestalt. Na teoria de Perls, a noção de
organismo como um todo é central, tanto em relação ao funcionamento orgânico quanto à
participação do organismo em seu meio para criar um campo único de atividades. No
contexto do funcionamento intra-orgânico, Perls insistia em que os seres humanos são
organismos unificados e em que não há nenhuma diferença entre o tipo de atividade física e
mental. Perls definia atividade mental como atividade da pessoa toda que se desenvolve num
nível mais baixo de energia que a atividade física. Esta concepção dos níveis de atividades do
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comportamento humano levou Perls a sugerir que qualquer aspecto do comportamento de um
indivíduo pode ser considerado como uma manifestação do todo, do ser total da pessoa.
Assim sendo, na terapia, o que o paciente faz ou como ele se movimenta, fala e assim por
diante, fornece tanta informação a seu respeito quanto o que ele pensa ou diz.
Além do holismo ao nível orgânico, Perls acentuou a importância do fato de considerar o
indivíduo como parte perene de um campo mais amplo, o qual inclui o organismo e seu meio.
Assim como Perls protestava contra a noção de divisão corpo-mente, protestava também
contra a divisão interno-externo. Ele considerava que a questão das pessoas serem dirigidas
por forças internas ou externas não tinha nenhum sentido em si, uma vez que os efeitos
causais de um são inseparáveis dos efeitos causais do outro. Há, no entanto, um limite de
contato entre o indivíduo e seu meio e é esse limite que define a relação entre eles. Num
indivíduo saudável este limite é fluido, sempre permitindo contato e depois afastamento do
meio. Contatar constitui a formação de uma gestalt e afastar-se representa seu fechamento.
Num indivíduo neurótico as funções de contato e afastamento estão perturbadas, e ele se
encontra frente a um aglomerado de gestalten que estão de alguma forma inacabadas ou nem
plenamente formadas nem plenamente fechadas. Perls sugeriu que as pistas para este ritmo
de contato e afastamento são ditadas por uma hierarquia de necessidades. As necessidades
dominantes emergem como ou figura contra o fundo da personalidade total. A ação efetiva é
dirigida para a satisfação de uma necessidade dominante. Os neuróticos são freqüentemente
incapazes de perceber quais de suas necessidades são dominantes ou de definir sua relação
com o meio, de forma a satisfazer tais necessidades. Assim, a neurose acarreta alterações nos
processos funcionais de contato e afastamento, e acabam causando uma distorção na
existência do indivíduo enquanto organismo unificado.
5. Ênfase no Aqui e Agora
A visão holística levou Perls a dar ênfase particular à importância da auto-percepção presente
e imediata que um indivíduo tem de seu meio. Os neuróticos são incapazes de viver no
presente, pois carregam cronicamente consigo situações inacabadas (gestalten incompletas)
do passado. Sua atenção é, pelo menos em parte, absorvida por essas situações e eles não têm
nem consciência nem energia para lidar plenamente com o presente. Visto que a natureza
destrutiva destas situações inacabadas aparece no presente, os indivíduos neuróticos sentem-
se incapazes de viver com sucesso. Assim, a Gestalt-terapia não investiga o passado com a
finalidade de procurar traumas ou situações inacabadas, mas convida o paciente simplesmente
a se concentrar para tornar-se consciente de sua experiência presente, pressupondo que os
fragmentos de situações inacabadas e problemas não resolvidos do passado emergirão
inevitavelmente como parte desta experiência presente. À medida que estas situações
inacabadas aparecem, pede-se ao paciente que as represente e experimente de novo, a fim de
completá-las e assimilá-las no presente. Perls definiu ansiedade como a lacuna, a "tensão
entre o agora e o depois". A inabilidade das pessoas para tolerar essa tensão, sugeria Perls,
leva-as a preencher a lacuna com planejamentos, ensaios e tentativas de tornar o futuro
seguro. Isto não apenas desvia a energia e a atenção do presente, criando assim situações
inacabadas perpetuamente, mas também impede o tipo de abertura para o futuro, decorrente
do crescimento e da espontaneidade. Além da natureza estritamente terapêutica deste
enfoque ligado à conscientização do presente, uma tendência subjacente ao trabalho de Perls é
a apologia de viver com a atenção voltada para o presente, ao invés do passado ou futuro,
como algo bom que leva ao crescimento psicológico. Aqui vemos mais uma vez como o
trabalho psicológico de Perls está fortemente baseado num contexto filosófico, num tipo de
weltanschauung que pressupõe que a experiência presente de uma pessoa, num dado
momento, é a única experiência presente possível e que a condição para se sentir satisfeito e
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realizado a cada momento da vida é a simples aceitação sincera desta experiência presente.
6. A preponderância do Como sobre o Porquê
Uma conseqüência natural da orientação fenomenológicade Perls e de sua abordagem
holística é a ênfase na importância da compreensão da experiência de uma maneira descritiva
e não causal. Estrutura e função são idênticas e se um indivíduo compreende como faz
alguma coisa, esta pessoa está na posição de compreender a ação em si. Segundo Perls, o
determinante causal, ou seja, o porquê da ação, é irrelevante para qualquer compreensão plena
da mesma. Perls considera que toda ação tem causas múltiplas, assim como toda causa tem
causas múltiplas, e as explicações de tais causas nos distanciam mais e mais da compreensão
do ato em si. Além disso, uma vez que todo elemento da existência de alguém só pode ser
compreendido como parte de uma das várias gestalten, não há qualquer possibilidade deste
elemento ser compreendido como sendo "causado" separadamente de toda a matriz de causas
da qual participa. Uma relação causal não pode existir entre elementos que formam um todo;
todo elemento causa e é causado por outros. Assim, na prática da Gestalt-terapia, a ênfase está
em ampliar constantemente a consciência da maneira como a pessoa se comporta, e não em
esforçar-se para analisar a razão pela qual a pessoa se comporta de tal forma.
7. Conscientização
Os três principais conceitos da abordagem de Perls examinados até agora, o organismo como
um todo, a ênfase no aqui e agora, e a preponderância do Como sobre o Porquê, constituem os
fundamentos para entender a conscientização, o ponto central de sua abordagem terapêutica.
O processo de crescimento, nos termos de Perls, é um processo de expansão das áreas de
autoconsciência e o fator mais importante que inibe o crescimento psicológico é a fuga da
conscientização. Perls acreditava plenamente no que ele chamava de sabedoria do organismo.
Considerava o indivíduo maduro e saudável um indivíduo auto-apoiado e auto-regulado. Via
o cultivo da autoconscientização como sendo dirigido para o reconhecimento da natureza
auto-reguladora do organismo humano. Segundo a teoria da Gestalt, Perls sugeriu que o
princípio da hierarquia e necessidades está sempre operando na pessoa. Em outras palavras, a
necessidade mais urgente, a situação inacabada mais importante, sempre emerge se a pessoa
estiver simplesmente consciente da experiência de si mesma a todo momento. Perls
desenvolveu a noção de um continuum de consciência como um meio de encorajar esta
autoconscientização. Manter um continuum de consciência parece demasiadamente simples,
apenas estar consciente do que estamos experienciando a cada instante. No entanto, a maioria
das pessoas interrompe o continuum quase de imediato, e esta interrupção em geral é causada
pela conscientização de algo desagradável.
Assim, estabelece-se a fuga em relação a pensamentos, expectativas, recordações e
associações de uma experiência à outra. Nenhuma dessas experiências associadas são de fato
experienciadas, elas são tocadas de leve, em flashes sucessivos, sem que haja assimilação do
material. O sujeito deixa a conscientização desagradável inicial tão fora do contexto quanto o
resto do material. Esta fuga de uma conscientização contínua, esta auto-interrupção, impede o
indivíduo de encarar e trabalhar com a conscientização desagradável. Ele ou ela permanece
empacado numa situação inacabada. Estar consciente é prestar atenção às figuras
perpetuamente emergentes da própria percepção. Evitar a tomada de consciência é enrijecer o
livre fluir natural do delineamento figura e fundo. Perls sugeria que para cada indivíduo
existem três zonas de consciência: consciência de si mesmo, consciência do mundo e
consciência do que está "entre", um tipo de zona intermediária da fantasia. Ele considerava o
exame desta última zona (que impede a conscientização das outras duas) como a grande
contribuição de Freud. Sugeriu, contudo, que Freud concentrou-se tão completamente na
compreensão desta zona intermediária que ignorou a importância de trabalhar para o
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desenvolvimento da capacidade de conscientizar-se nas zonas de si mesmo e do mundo. Em
contraste, a maior parte da abordagem de Perls inclui uma tentativa muito deliberada de
ampliar a conscientização e obter contato direto consigo e com o mundo. Ao acentuar a
natureza do auto-apoio e da auto-regulação do bem-estar psicológico, Perls não quer dizer que
o indivíduo pode existir, de algum modo, separado de seu meio ambiente. Na verdade, o
equilíbrio orgânico supõe uma constante interação com o meio. O ponto crucial para Perls é
que podemos escolher a maneira como nos relacionamos com o meio. Somos auto-apoiados e
auto-regulados quanto ao fato de que reconhecemos nossa própria capacidade de determinar
como nos apoiamos e regulamos dentro de um campo que inclui muito mais do que nós
mesmos.
Perls descreve vários modos pelos quais se realiza o crescimento psicológico. O primeiro
envolve o completar situações ou resolver gestalten inacabadas. Ele também sugere que a
neurose pode ser vagamente considerada como um tipo de estrutura em cinco camadas, e que
o crescimento psicológico (e eventualmente a libertação da neurose) ocorre na passagem
através destas cinco camadas. Perls denomina a primeira camada de camada dos clichês ou
da existência dos sinais. Ela inclui todos os sinais de contato: "bom dia", "oi", "o tempo está
bom, não é?" A segunda camada é a dos papéis ou jogos. É a camada do "como se" em que as
pessoas fingem que são aquelas que gostariam de ser. Assim, o homem de negócios sempre
competente, a menininha sempre bonitinha, a pessoa muito importante. Depois de termos
reorganizado essas duas camadas, Perls sugere que alcançamos a camada do impasse, também
denominada camada da anti-existência ou do evitar fóbico. Aqui experienciamos o vazio, o
nada, é o ponto em que, geralmente, interrompemos nossa tomada de consciência e
retrocedemos à camada dos papéis para evitarmos o nada. Se, no entanto, formos capazes de
manter nossa autoconsciência neste vazio, alcançaremos a morte ou camada implosiva. Esta
camada aparece como morte ou medo da morte, pois consiste numa paralisia de forças
opostas. Experienciando esta camada contraimo-nos e comprimimo-nos, ou seja, implodimos.
No entanto, se pudermos ficar em contato com esta morte, alcançare-mos a última camada, a
camada explosiva. Perls sugere que a tomada de consciência deste nível constitui a
emergência da pessoa autêntica, do verdadeiro self, da pessoa capaz de experienciar e
expressar suas emoções. E Perls adverte: Agora, não se apavorem com a palavra explosão. A
maior parte de vocês sabe dirigir um carro. Existem milhares de explosões por minuto dentro
do cilindro. Isto é diferente da violenta explosão do catatônico: esta seria como a explosão
num tanque de gasolina. Outra coisa, uma única explosão não quer dizer nada. As assim
chamadas quebras de couraça da teoria reichiana tem tão pouca utilidade quanto o insight da
psicanálise. As coisas ainda precisam ser trabalhadas. Existem quatro tipos de explosões que
o indivíduo pode experienciar ao emergir da camada da morte. Existe a explosão em pesar,
que envolve o trabalho com uma perda ou morte que não tinha sido previamente assimilada.
Existe a explosão em orgasmo em pessoas sexualmente bloqueadas. Existe a explosão em
raiva, quando sua expressão foi reprimida e, por fim, existe a explosão de alegria e riso,
alegria de viver. A estrutura de nossos papéis é coesiva, pois destina-se a absorver e controlar
a energia destas explosões. A concepção errônea básica de que essa energia precisa ser
controlada deriva de nosso medo do vazio e do nada (terceira camada). Interpretamos a
experiência de um vazio como sendo um vazio estéril e não um vazio fecundo. Perls sugere
que as filosofias orientais, a filosofia Zen em particular, têm muito a nos ensinar a respeito da
experiência do nada, positiva e geradora de vida, e a respeito da importância de permitirmos a
experiência do nada sem interrompê-la. Em todas suas descrições de como um indivíduo se
desenvolve, Perls mantém a

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