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1 Dr. Thomé Eliziário Tavares Filho História da Psicologia Organizador: Prof. Dr. Thomé Eliziário Tavares Filho Filósofo, Psicanalista, Teólogo, Psicopedagogo, Mestre e Doutor em Psicologia 2 Apresentação Nessa coletânea de textos pesquisados na Internet e outros de nossa autoria, apresentamos os clássicos que fizeram a História da Psicologia, e todos são frutos de pesquisa, e são produtos de experimentação e de investigação que se constituem nos fundamentos básicos da Psicologia, à partir de seus conceitos, de suas teorias, e de seus focos epistemológicos, que dão sentido às explicações da natureza humana, à partir de seu desenvolvimento e das subjetividades comportamentais, que representam ferramentas para se trabalhar na construção do homem. Desde as primeiras doutrinas psicológicas como o Funcionalismo, o Estruturalismo, e as grandes correntes do Behaviorismo, Gestalt, Psicanálise e a Psicologia Humanista, formalizam os padrões sistêmicos dos fundamentos da história da Psicologia, cujo conteúdo se aplicam às demais áreas da Psicologia e que assim justificam a sua aplicação científica. Professor Doutor Thomé Eliziário Tavares Filho 3 Sumário Capítulos Assuntos Páginas Apresentação 1 Sumário 2 1 A Nova Psicologia 7 2 Funcionalismo 14 3 Estruturalismo 16 4 Behaviorismo 18 5 Gestalt 23 6 Teoria do Campo 27 7 Gestalterapia 37 8 Psicanálise 47 9 Carl Gustav Jung 55 10 A Teoria do Corpo de Wilhelm Riech 66 11 A Psicanálise de Alfred Adler 72 12 William James 88 13 Humanismo de Carl Rogers 100 14 Abraham Maslow 105 15 A Fenomenologia de Russerl 109 16 Existencialismo 112 17 O Existencialismo de Martin Heidegger 112 18 Considerações Finais 117 19 Referências 117 4 Capítulo I A Nova Psisologia Fechner passou parte de sua vida estudando tentando compreender a relação entre os universos mental e material e através de suas pesquisas e documentos ele é considerado o pai da psicologia experimental e seu objetivo era somente de compreensão e foi com a partir das idéias dele que Wilhelm Wundt fundou uma a nova ciência. Wilhelm Wundt que nasceu em Neckarau no dia 16 de agosto de 1932, teve uma infância solitária. Já na sua adolescência passava maior parte do tempo sonhando ao invés de estudar e como desejava trabalhar com a ciência e ganhar a vida decidiu ser médico. E com o decorrer do curso descobriu que a medicina não era sua área e decidiu ir mais para o lado da fisiologia e assim que ele começou a fazer suas pesquisas e experimentos dentro da psicologia. Em 1867, Wundt ministrou um curso de psicologia fisiológica na Heidelberg, o primeiro curso formal dessa área do mundo. E essas aulas lhe deram um bom arsenal para o seu mais importante livro Principles of physiological psychology (Princípios da psicologia fisiológica) e depois passou 45 anos trabalhando como professor de filosofia da University of Leipzig, montou seu laboratório e lançou a revista Philosophical Studies, que foi a publicação oficial do novo laboratório e da nova ciência e esse laboratório exerceu enorme influência no desenvolvimento da psicologia moderna, servindo como modelo para novos laboratórios e constantes pesquisas. Wundt voltou sua atenção para a filosofia outro grande talento que fez com que eles escrevesse o seu primeiro livro: a criação da psicologia social, e produziu um trabalho em 10 volumes intitulado Cultural psychology (Psicologia cultural), que publicou entre 1900 e 1920. A psicologia cultural tratou de várias etapas do desenvolvimento mental humano e serviu para dividir a nova ciência em duas partes principais: a experimental e a social. Acreditava que as funções mentais mais simples, como a sensação e a percepção deviam ser estudadas por meio de laboratório. Todavia os processos mentais superiores, como a aprendizagem e a memória, não podiam ser investigados pela experimentação científica por serem condicionados pela língua e por outros aspectos culturais. Apesar de Wundt ter dedicado 10 anos ao desenvolvimento da psicologia cultural, ela exerceu pouco impacto sobre a psicologia americana, entretanto, Principles of physiologial psychology foi responsável por 61% das referências aos seus trabalhos. Wundt morreu com 88 anos de idade no mesmo ano que publicou sua autobiografia em 1920. O objeto de estudo de Wundt consistia na consciência. Concentrou-se no estudo da capacidade própria de organização da mente, que deu o nome de voluntarismo que seria a ideia de que a mente é capaz de organizar o conteúdo mental em processos de pensamento de nível mais elevado e refere-se à força de vontade própria de organizar o conteúdo da mente. Na opinião de Wundt, os psicólogos deveriam dedicar-se ao estudo da experiência imediata e não da experiência mediata. A experiência mediata oferece informações sobre qualquer coisa, exceto sobre os elementos dessa experiência; a experiência imediata é equilibrada pela interpretação. Em seguida estabeleceu que o método de observação devia ser necessariamente utilizar-se da introspecção, ou seja, do autoexame do estado mental. É a autoanálise da mente para inspecionar e relatar pensamentos ou sentimentos pessoais. 5 Wundt alegava ser a sensação uma das duas formas básicas de experiência. A sensação surge sempre que um órgão do sentido é estimulado e os impulsos resultantes atingem o cérebro. Pode ser classificada pela intensidade, duração e modalidade do sentido. O sentimento é outra forma elementar da experiência. A sensação e o sentimento são aspectos simultâneos da experiência imediata. O sentimento é o complemento subjetivo da sensação. Sensações são acompanhadas de certas qualidades de sentimento. A explicação de Wundt para os estados do sentimento, baseada em três dimensões: prazer/desprazer, tensão/relaxamento e excitação/depressão chama-se Teoria tridimensional do sentimento que ele definiu como as três dimensões independentes do sentimento. Wundt reconheceu que ao olharmos para os objetos do mundo real, nossa percepção é dotada de unidade ou de totalidade. A apercepção é o processo pelo qual elementos mentais são organizados. Franz Brentano (1838-1917). Com cerca de 16 anos, Franz Brentano iniciou os estudos para o sacerdócio. Freqüentou as universidades de Berlim, Munique e Tübingen, na Alemanha, e formou-se em filosofia em Tübingen, em 1864. Foi ordenado nesse ano e dois mais tarde começou a lecionar filosofia na University of Würzburg, onde também escrevia e ministrava aulas a respeito do trabalho de Aristóteles. O livro mais famoso de Brentano, Psychology from an empirical standpoint, foi publicado em 1874, ano do lançamento da segunda parte da obra de Wundt, Principles of physiological psychology. Brentano é considerado um dos mais importantes psicólogo do inicio da disciplina por causa da diversificação de seus interesses e se opunha à idéia de Wundt de que a psicologia devia estudar o conteúdo da experiência consciente. Psicologia do ato: sistema de psicologia de Brentano que se concentra mais nas atividades mentais (por exemplo. No ato de ver) do que nos conteúdos mentais (por exemplo, no ato de ser visto). Ele afirmava que uma distinção devia ser feita entre a experiência como uma estrutura e a experiência como uma atividade. Por exemplo, ao olhar para uma flor vermelha, o conteúdo sensorial do objeto vermelho é diferente do ato de perceber ou sentir a vermelhidão. Para Brentano, o ato de perceber a cor vermelha é um exemplo do verdadeiro objeto e estudo da psicologia. Declarou que a cor consiste em uma qualidade física, mas o ato e ver a cor é uma qualidade ou atividade mental. Brentano aperfeiçoou duas formas de estudo dos atos mentais. 1. por meio do uso da memória (a lembrança dos processos mentais envolvidos em um determinado estado mental); 2. por meio do uso da imaginação (imaginando um estado mental e observando os processos mentais que ocorrem). Embora a posiçãode Brentano atraísse um grupo de seguidores, a psicologia wundtiana continuava a ter destaque. Carl Stumpf (1848 - !936). Nascido em família de médicos na Bavária, Carl Stumpf tomou contato com a ciência muito cedo, mas desenvolveu grande interesse pela música. Quando frenquentou a University of Würzburg, interessou-se pelo trabalho de Brentano e concentrou a atenção a filosofia e na ciência. Em 1894, foi indicado para ocupar a mais alta e honrosa posição como professor de psicologia da Alemanha na University of Berlin. Os primeiros trabalhos produzidos por Stumpf eram a respeito da percepção espacial, no entanto seu trabalho de maior impacto, resultado do seu eterno interesse pela música, foi Psychology of tone, publicado em dois volumes (1883 – 1890). Esse trabalho e os posteriores, relacionados com a música, renderam-lhe a segunda posição 6 no campo da acústica, perdendo apenas para Helmholtz, e ambos foram considerados pioneiros no estudo psicológico da música. Fenomenologia : método de introspecção de Stumpf que examina a experiência tal como ela ocorreu, sem tentar reduzi-la a seus componentes elementares. Também uma abordagem baseada em uma descrição imparcial da experiência imediata conforme ela ocorre, e não analisada ou reduzida aos elementos. Oswald Külpe (1862 – 1915). Inicialmente, Oswald Külpe foi seguidor de Wundt, mas acabou liderando um protesto estudantil contra o que chamou de limitações da psicologia wundtiana. Külpe dedicou toda a sua carreira a trabalhar com os problemas ignorados pela psicologia de Wundt. Divergências entre Külpe e Wundt: Külpe não questionou o processo de pensamento, pois concordava com a visão de Wundt sobre a impossibilidade de análise experimental dos processos mentais superiores. Entretanto, apenas alguns anos depois, Külpe convenceu-se do contrário. Afinal Ebbinghaus estava estudando a memória, outro processo mental superior. Introspecção experimental sistemática: método de introspecçào de Külpe que utilizava relatos retrospectivos de processos congnitivos das pessoas, após terem completado uma tarefa experimental. Pensamento sem Imagens: a ideia de Külpe de que o significado pode ocorrer no pensamento sem qualquer componente sensorial ou imagético. 7 Capítulo II FUNCIONALISMO Marcos Gonçalves, Marilane Nery de Lima, Silva Monteiro Oliveira1 Thomé Elizário Tavares Filho2 RESUMO Este paper versa sobre o tema Funcionalismo. O Funcionalismo se originou após alguns psicólogos terem criado o Estruturalismo. A história aponta que alguns psicólogos foram terminantemente contra a natureza analítica do estruturalismo. Foi através do psicólogo William James, graduado professor da Universidade de Harvard, que se colocou contra esse pensamento meramente analítico dos estruturalistas, que visava tão-somente uma análise dos elementos da consciência. Logo, o Funcionalismo despontava para uma compreensão do indivíduo tendo por base sua natureza fluídica e pessoal, ou seja, o intento do Funcionalismo era saber como a mente funcionava para que assim o organismo pudesse de adaptar melhor ao mundo material. Portanto, o Funcionalismo veio para combater a posição Estruturalista. Palavras-chave: Psicologia Funcional. Precursores. Darwinismo Social. Contribuição da Mulher. 1 INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO O referido texto está dividido em três fases, a primeira, a fase das influências anteriores, ou seja, o Funcionalismo sofreu sorte influência do Estruturalismo; segundo, ocorreu a fase da fundação e evolução do Funcionalismo e, finalmente, a fase da herança dos Funcionalistas. Através dos conhecimentos de Charles Darwin, considerado pela História como o pai da Teoria da Revolução, segundo seu entendimento o homem era um produto de sua evolução, ou seja, na natureza, o processo de seleção natural resulta na sobrevivência dos organismos mais bem adaptados ao seu ambiente e na eliminação dos demais. A partir de então, vários filósofos, fisiologistas, estudiosos, se contrapõe ao histórico livro de Darwin cujo título era On the origin of species, 1 Acadêmicos do Curso de Psicologia, primeiro período, Faculdade Martha Falcão. 2 Mestre em Filosofia Professor do Curso de Pós Graduação da Universidade Federal do Amazonas – UFAM. 8 publicado em 1859. Outros aceitaram a evolução das espécies e trabalharam a partir dela. Diante do exposto, Charles Darwin mudou o foco da nova psicologia da estrutura da consciência para as suas funções. Mas o que era o Funcionalismo? O Funcionalismo se preocupa com as funções da mente, ou seja, em como ela é usada por um organismo para se adaptar ao seu ambiente. Mas os funcionalistas ainda tinham uma grade indagação: efetivamente, o que os processos mentais conseguem realizar? Ora, os funcionalistas estudaram a mente a partir de um conglomerado ou acúmulo de funções e processos até atingir resultados práticos no mundo real. Observa-se que os trabalhos desenvolvidos por Titchener e Wundt, nada apontava para um esclarecimento sobre as atividades mentais humanas, pois em nada contribuíram para elucidar o que a mente humana fazia. De um lado Titchener, estuturalista que visava o ponto de vista analítico, enquanto que Wundt, funcionalista, considerado o pai da psicologia, ostentava uma posição na era estruturalista. Então, o funcionalismo foi um protesto deliberado contra a psicologia experimental de Wundt e a psicologia estrutural de Titchener, já que ambas eram restritivas demais, isto é, sem conseguirem explicar o que a mente humana era capaz de fazer. A partir desse ponto de vista científico, os funcionalistas passaram a se interessar pelas aplicações em potencial da psicologia aos problemas do cotidiano, como as pessoas funcionavam e se adaptavam a diferentes problemas. Quando abordamos a fundação e a evolução da psicologia funcional, devemos inicialmente destacar o trabalho desenvolvido pelo precursor da Psicologia Funcional, que foi WILLIAM JAMES, considerado depois de WILHELM WUNDT a segunda pessoa mais importante da Psicologia. No entanto, alguns colegas de James o consideravam uma força contrária ao desenvolvimento da psicologia científica. Ele mantinha um notório interesse em assuntos como telepatia, clarividência e outros assuntos místicos. Os psicólogos americanos, como Titchener e Cattell, criticavam a sua entusiástica exposição a esses fenômenos psíquicos e mentalísticos que ele, como psicólogo experimentais, estavam tentando banir do campo. James não fundou nenhum sistema formal de psicologia ou sequer teve algum discípulo. Não houve uma escola de pensamento “jamesiana”. Embora a forma de psicologia a ele associada fosse uma tentativa de ser científica e experimental, a própria atitude e as realizações de James não eram experimentalistas. A Psicologia, que um dia ele chamara de “pequena ciência detestável”, não era a sua paixão eterna, como era para 9 Wundt e Titchener. Jameds tabalhou com a Psicologia durante algum tempo e depois mudou sua área de interesse. Em seus últimos anos de vida, esse homem complexo e fascinante, que tanto contribuira para a Psicologia, acabou deixando-a de lado (em uma ocasião, quando ia realizar uma palestra na Princeton University, pediu para que não fosse apresentado como Psicólogo). Ele até insistia em afirmar que a Psicologia não passava de “uma elaboração do óbvio”. Mesmo que com a sua ausência a psicologia não deixava de seguir adiante, às vezes cambaleante. James ocupou o seu lugar e teve a sua importância garantida na História da Psicologia. Entretanto, James não fundou a psicologia funcional, mas apresentou de forma clara e eficaz as suas idéias dentro da atmosfera funcionalista, inspirando as gerações posteriores de psicólogos. Três hipóteses são pontadas para explicar a importância de William James na Psicologia, primeiro; James escrevia com clareza rara na ciência, sua escrita era dotada de magnetismo,espontaneidade e charme; segundo, ele se posicionou contra o objetivo de Wundt na Psicologia, ou seja, a análise da consciência a partir dos seus elementos e, finalmente, ofereceu uma forma alternativa de analisar a mente, uma visão congruente com a abordagem funcional da Psicologia. Em resumo, a era da Psicologia americana estava preparada para ouvir o que James tinha a dizer. Dentro de um dessa evolução Funcional devemos destacar a lula das mulheres para serem aceitas como membros de uma sociedade contributiva, pois até então o trabalho das mulheres não eram reconhecidos no mundo da Psicologia, parecia que elas ainda se encontravam na Idade Média. Graças a William James, alguns trabalhos foram admitidos, como por exemplo, o trabalho de estudo de pós-graduação de MARY WHITON CALKINS, no qual James teve efetiva responsabilidade em derrubar as barreiras do preconceitos e discriminação. Calkins acabou desenvolvendo a técnica da associação de pares usada no estudo da memória além de haver contribuído de forma significativa e duradoura para a Psicologia (Madigan e O’Hara, em 1992). Foi a primeira mulher a tornar-se presidente da APA e, em 1906, ocupava a 12ª colocação entre os 50 Psicólogos mais importantes dos Estados Unidos, reconhecimento muito significativo por parte dos colegas a uma pessoa a quem havia sido recusada a concessão do título de Ph.D. Harvard University nunca aceitou sua matrícula formal, mas William James a recebia de braços aberto nos seminários e pressionava a universidade a conceder-lhe a graduação. Apesar dos esforços de James, Harvard recusou-se a conceder o doutorado a 10 uma mulher, embora o teste de Calkins (ministrado informalmente por James e outro docente) fosse considerado “o mais brilhante exame de Ph.D. até então realizado em Harvard”. Desse modo, a Psicologia de Wundt e o estruturalismo de Titchener, não sobreviveriam por muito tempo em sua forma original no ambiente intelectual americano-o Zeitgeist e, assim, evoluíram para o funcionalismo. Não eram tipos práticos de Psicologia, não lhe davam com a mente em funcionamento, nem podiam ser aplicadas as questões, e aos problemas do dia-a-dia. Os novos psicólogos americanos, transformaram a forma de psicologia Alemã, em um padrão americano, ou seja, enquanto alguns psicólogos americanos em especial, Angell e Carr, desenvolviam a abordagem funcionalista nos laboratórios acadêmicos, outros aplicavam em ambiente fora da Universidade. As abordagens de Wundt e Titchener,que acabavam de criar a “nova psicologia”, estavam rapidamente sendo superada por uma Psicologia ainda mais atual. Mesmo Titchener, o grande psicólogo estruturalista, reconheceu essa transformação avassaladora na Psicologia Americana. A psicologia evoluiu e prosperou nos Estados Unidos. Seu entusiasmado desenvolvimento entre 1880 e 1900 é um marco na história da ciência. Em 1893, a Psicologia fez sua estréia diante de um ávido publico americano na Feira Mundial de Chicago. Os Psicólogos organizaram exibições de equipamentos de pesquisa, mediante o pagamento de uma taxa. Uma exibição mais ampla foi montada em 1904, na Feira Comercial de Louisiana, em St.Louis no Missouri. Esse evento contou com a participação de varias “estrelas” e com os principais conferencistas da época, como E.B Titchener, C. Lloyd Morgan, Pierre Janet, G.Stanley Hall e John B. Watson. Uma exibição de Psicologia Popular como essa não contaria com o apoio de Wundt e, obviamente, evento semelhante jamais ocorreria na Alemanha. A popularização da Psicologia era o reflexo do temperamento americano. Essa tendência transformou a formula de psicologia de Wundt em Psicologia Funcional, e transportou muito além das fronteiras do laboratório experimental. Assim os Estados Unidos acolheram a psicologia com grande entusiasmo e rapidamente a introduziram nas salas de aulas das universidades e no cotidiano das pessoas. Hoje seu campo de atuação é muito mais abrangente do que seus fundadores podiam imaginar ou desejar. Com o advento da Primeira Guerra Mundial os Psicólogos ganharam notoriedade quando começaram a participar fazendo uma avaliação do nível de 11 inteligência dos recrutados, objetivando classifica-los para desenvolver tarefas que correspondiam ao seu intelecto, ou seja, através de teste psicológicos. Hugo Münsterberg, descrito como “propagandista criativo da psicologia aplicada”, foi o fundador da psiclogia aplicada nos Estados Unidos e na Europa. Todavia, devido seu aparente envolvimento com a Primeira Guerra Mundial, foi acusado de espionagem. Dentre os vários tipos de psicologias aplicadas, vamos destacar a Psicologia Forense (testemunha ocular) e a Psicoterapia. A primeira, abordava uma ligação ente o crime, “o uso de hipnose no interrogatório dos suspeitos, a aplicação de testes mentais para detectar os culpados e a honestidade questionável da testemunha ocular” (pág. 220), a segunda, foi apontada como uma área diferente da psicologia aplicada, para Münsterberg, tratava os pacientes em seu laboratório e não na clínica, sem qualquer ônus. Ele acreditava que a doença mental era realmente um problema de desajuste comportamental e não atribuível a conflitos incoscientes subjacentes, como afirmava Sigmund Freud (pág. 221). Finalmente, podemos afirmar como base conclusiva que, a Psicologia Funcional sofreu várias mudanças ao longo dos tempos. Desde da Evolução das Espécies até sua aplicabilidade no dia-a-dia do funcionalismo. A mente do indivíduo é um depósito de informações que precisam ser redirecionada para o seu cotidiano, sua aplicabilidade no mundo real. Esse mundo real gira em torno das relações de trabalhos, interpessoalidade, como, de fato, a Psicologia Funcional irá trazes benefícios práticos para o aprimoramento das relações sociais. Nada mais pode ficar no campo do abstrato. Aqui as Teorias deixaram de ser apenas uma forma, para ser um meio de aprendizado. Nosso trabalho busca informar que a Psicologia Funcional teve a pretensão de trazer essa disciplina para facilitar o entendimento dos problemas da vida diária para o ambiente do indivíduo, ou seja, em como as pessoas podem se adaptar a diferentes ambientes e viver socialmente entre as classes. REFERÊNCIAS SCHULLTZ, Duane P. e Sydney Ellen. História da Psicologia Moderna. 9ª. ed. São Paulo: Câmara Brasileira de Livros, 2009. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS – ABNT. NBR 10520: Citações em documentos. Rio de Janeiro, 2002. 12 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS – ABNT. NBR 6023: Referências bibliográficas. Rio de Janeiro, 2002. BEDAQUE. José Roberto dos Santos Tutela cautelar e tutela antecipada: tutelas sumárias e tutelas de urgências. 2. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2001. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 7. ed. Coimbra: Almedina, 2003. CASTELO, Jorge Pinheiro. Tutela antecipada na teoria geral do processo. Volume I. São Paulo: LTr, 1999. CRETTON, Ricardo Aziz. Os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e sua aplicação no direito tributário. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições. Volume I. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2003. HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Slles. Dicionário houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. ISKANDAR, Jamil Ibrahim. Normas da ABNT comentadas para trabalhos científicos. 2. ed. Curitiba: Champagnat, 2003. MARIONI, Luiz Guilherme. A antecipação da tutela na reforma do código de processo civil. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1996. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2005. NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios do processo civil na constituição federal. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios fundamentais: teoria geral dos recursos. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. OLIVEIRA, Vallisney de Souza. Embargosà execução fiscal. São Paulo: Saraiva, 2000. 13 PASSOS, José Joaquim Calmon de. Comentários ao código de processo civil. Volume III, 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994. PINTO, Teresa Arruda Alvim. Agravo de Instrumento. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1991. PORTANOVA, Rui. Princípios do processo civil. 6. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico: 25. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. SILVA, Ovídio Araújo Baptista da. Teoria geral do Processo civil. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. SOARES, Rogério Aguiar Munhoz. Tutela jurisdicional diferenciada. São Paulo: Malheiros Editores, 2000. TUCCI, Rogério Lauria e TUCCI, José Rogério Cruz e. Devido processo legal e tutela jurisdicional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993. ZAVASKI, Teori Albino. Antecipação da tutela. São Paulo: Saraiva, 1997. 14 Capítulo III ESTRUTURALISMO Joaquina de Jesus Soares3 Juliana Maria Duarte Marques4 Simone Lopes Marques5 Edward Bradford Titchener criou um novo método na psicologia, o Estruturalismo. Apesar de afirmar que seus estudos tratavam do mesmo sistema que Wundt mostrava, as duas psicologias eram muito diferentes, podendo até concluir que o termo “estruturalismo” de Titchener só era próprio para a sua abordagem. Titchener estudou apenas dois anos com Wundt, entretanto sofreu algumas influências em termos de sua metodologia de ensino, do estilo de se vestir e até mesmo a barba. O Estruturalismo defendia o estudo dos elementos, a natureza a partir das experiências vividas por cada indivíduo, sendo assim a principal estrutura da consciência para a análise de suas partes componentes. No ano de 1904, criou um grupo de pesquisa que se autodenominou “os experimentalistas de Titchener”. As reuniões aconteciam regularmente e tinham o objetivo de compartilhar observações e analisar experimentos. Porém, elas eram bastante criticadas, pelo fato de serem proibidas para as mulheres, pelo fato de que eles queriam interromper criticar e fumar a vontade. Os experimentalistas continuaram com o grupo exclusivamente masculino até dois anos após sua morte. Apesar das críticas recebidas por várias psicólogas da época por continuar excluí-las do grupo de pesquisa, Titchener sempre apoiou o progresso feminino no ramo da psicologia. Orientou vários trabalhos de pós-graduação e doutorado, inclusive até, a primeira mulher a fazer Doutorado em psicologia Margaret Floy Washburn foi orientada por ele. A experiência consciente seria o principal objeto de estudo de Titchener, tanto a física como a psicologia, podem ter o mesmo objeto de estudo, como o som e a luz, porém, o ponto de vista de cada ciência é diferente. Os físicos veriam pelo lado dos fenômenos da natureza que a luz ou o som poderiam produzir e os psicólogos, veriam 3Acadêmica do 1º período do curso de Psicologia da Faculdade Martha Falcão 4Acadêmica do 1º período do curso de Psicologia da Faculdade Martha Falcão 5 Acadêmica do 1º período do curso de Psicologia da Faculdade Martha Falcão 15 pelo lado das experiências vividas por cada indivíduo relacionado a isso. Para o criador do Estruturalismo, a experiência consciente seria o ponto de partida para a pesquisa na psicologia. A Textbook of psychology (1909), livro lançado por E.B. Titchener afirma: “No universo da física, no qual essas experiências são consideradas independentes das pessoas que as vivenciam, não há calor nem frio, não há escuridão nem luz, não há silêncio nem ruído. Somente quando as experiências são consideradas dependentes de algum indivíduo é que existem o calor e o frio, o preto e o branco, o colorido e o cinzento, tons, assobios e estampidos. Esses são os objetos de estudos da psicologia.” O estruturalismo apresentou o erro de estímulo, que ocorre quando há uma confusão a respeito do processo mental do estudo e o estímulo que está sendo observado, ou seja, se um observador visse uma maçã e a descrevesse apenas com características de sua percepção, ele estaria sofrendo um erro de estímulo, do ponto de vista de Titchener, o observador teria que descrever o objeto a partir de sua consciência elementar da experiência. A principal abordagem do Estruturalismo era descobrir os fatos estruturais da mente. Titchener dizia que a mente era o conjunto das experiências acumuladas e a consciência eram experiências existentes em determinado momento. Ele também usava métodos de introspecção experimental sistemática procurando relatos detalhadamente enquanto o indivíduo estava no ato introspectivo. Tentava entender a experiência consciente através das partes dos componentes, que era a principal fundamentação de sua psicologia e concretizar sua hipótese da existência dos “átomos da mente”. Nas suas pesquisas, os reagentes eram em sua maioria passivos e poderiam efetuar reações em outras substâncias, ou seja, medir a capacidade de um reagente em uma substância e poder examiná-la melhor. Do ponto de vista estruturalista, os reagentes eram como instrumentos mecânicos de registro que respondiam aos estímulos observados. REFERÊNCIAS SCHULTZ, Duane P., DYDNEY, Ellen Schutz, História da Psicologia Moderna, editora Thomson, tradução da 8ª edição norte-americana. Capítulo IV 16 Behaviorismo O Estruturalismo e o Funcionalismo desempenharam papéis importantes no desenvolvimento inicial da Psicologia. Como cada perspectiva oferecia uma abordagem sistemática do campo, elas foram consideradas escolas de psicologia rivais. Em 1920 ambas estavam sendo suplantadas por três escolas mais novas: o behaviorismo, a psicologia da gestalt e a psicanálise. Das três escolas, o behaviorismo teve maior influência na psicologia científica na América do Norte. O termo Behaviorismo foi lançado por um americano chamado John B. Wastson, em um artigo publicado em 1913, que tinha como título “ Psicologia: como os behavioristas a vêem”. O termo em inglês behavior tem como significado a palavra comportamento, por esse motivo denominamos essa tendência teórica como Behaviorismo. O Behaviorismo também é conhecido por: Teoria Comportamental, Comportamentalismo, Análise do Comportamento. Wastson reagiu contra a concepção de que a experiência consciente era competência da psicologia. Ele nada afirmou a respeito da consciência quando estudou o comportamento de animais e bebês, decidiu não apenas que a psicologia animal e a infantil poderiam ser ciências independentes, mas também que elas definiam um padrão que a psicologia adulta poderia seguir. John Wastson afirmava que todo comportamento é resultado de condicionamento e que o ambiente molda o comportamento reforçando hábitos específicos. O behaviorismo metodológico e o Behaviorismo metafísico têm as suas raízes nos trabalhos pioneiros de Watson e Pavlov. O behaviorismo radical foi desenvolvido não como um campo de pesquisa experimental, mas sim uma proposta de filosofia sobre o comportamento humano que utiliza como referência outros filósofos da ciência do século XX, contextualizado por todas das crises de paradigmas vivenciadas pelo pensamento científico até hoje, seu principal autor foi o psicólogo americano Burruhs Skinner (1953), que além de ser o representante mais importante do behaviorismo radical, desenvolveu os princípios do condicionamento operante e a sistematização do modelo de seleção por consequências para explicar o comportamento. O condicionamento operante explica que quando após um comportamento ou atitude é seguida a apresentação de um reforço, aquela resposta (ação) tem maior probabilidade de se repetir com a mesma função. Behaviorismo metodológico - Consiste na teoria explicativa do comportamento publicamente observável da Psicologia, a qual postula que esta deve ocupar-se do comportamento animal (humano e não humano) apenas quando for possível uma observação pública para obter uma mensuração, ao invés de ocupar-se dosestados mentais que possam gerar ou influenciar tais comportamentos. Assim o behaviorismo metodológico acredita na existência da mente, mas a ignora em suas explicações sobre o comportamento. Para o behaviorismo metodológico os estados mentais não se classificam como objeto de estudo empírico. Seus postulados foram formulados predominantemente pelo psicólogo americano John Watson. Em oposição ao Behaviorismo metodológico foi proposto o Behaviorismo radical, desenvolvido por Burrhus F. Skinner Behaviorismo Radical - Designa uma filosofia da Ciência do Comportamento por meio da análise experimental do comportamento. O behaviorismo radical é a linha de estudo 17 criada por Skinner, em 1945. A base da corrente skinneriana está na formulação do Comportamento Operante. Comportamento operante: “inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo ao redor. O comportamento operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta, quer indiretamente.” Reforçamento: Chamamos de reforço a toda conseqüência que, seguindo uma resposta, altera a probabilidade futura de ocorrência dessa resposta. O reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade de futura da resposta que o produz.O reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade de futura da resposta que o remove. Não se pode definir um evento como reforçador. A função reforçadora de um evento ambiental qualquer só é definida por sua função sobre o comportamento do indivíduo. Behaviorismo Filosófico - O behaviorismo filosófico consiste na teoria analítica que trata do sentido e da semântica das estruturas de pensamento e dos conceitos. Defende que a idéia de estado mental, ou disposição mental, é na verdade a idéia de disposição comportamental ou tendências comportamentais. Nesta concepção, são analisados os estados mentais intencionais e representativos. Esta linha de pensamento fundamenta-se basicamente nos postulados de Ryle e Wittgenstein. Os Behavioristas tendiam a discutir os fenômenos psicológicos em termos estímulos e respostas. Notou-se que a psicologia de E-R em si não é uma teoria ou perspectiva, mas um conjunto de termos que podem ser usados para comunicar informações psicológicas. A terminologia E-R é muitas vezes utilizadas na psicologia atual. Os conceitos propostos pelo Behaviorismo têm sido aplicados hoje na área da Educação. São conhecidos os métodos de ensino programado, o controle e a organização das situações de aprendizado. No Brasil a área clínica é a que mais utiliza os conhecimentos do Behaviorismo. Referências BOCK, Ana M. B. . FURTADO, Odair. TEIXEIRA, Maria de Lourdes. Psicologias. Editora Saraiva. 1999 BAUM, William M. Compreender o Behaviorismo. SKINNER, B. F. Sobre o behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 1974. ATKINSON, Rita L. ATKINSON, Richard C. SMITH, Edward E. - Introdução à Psicologia de Hilgard. 18 Capítulo V Gestalt 1920 Alemanha A Gestalt surgiu nas primeiras décadas deste século como uma espécie de resposta ao atomismo psicológico, escola que pregava uma busca do todo psicológico através da soma de suas partes mais elementares; o complexo viria pura e simplesmente da reunião de seus elementos mais simples, era uma escola de adição. A Escola da Forma dizia o contrário: não podemos separar as partes de um todo pois dele elas dependem e não fazem sentido, pelo menos o mesmo, senão enquanto partes formadoras daquele todo. Em seu início, havia duas correntes na Gestalt, a dos dualistas e a dos monistas: os primeiros acreditavam existir uma percepção mental que diferiria da sensorial. Sendo assim, perceberíamos os elementos separadamente e só então eles formariam o todo através de uma ação do espírito, de uma percepção mental. Um desenho, por exemplo, não é um todo, mas o que estaria produzindo a forma total que percebemos, o que ligaria seus elementos seria o espírito. Encontram-se nessa corrente muitos resquícios do atomismo psicológico, enquanto que os monistas realmente romperam com eles, ao sustentarem que as partes dependem mais do todo que ele destas, que é ele quem as determina. Para os monistas o esquema da percepção seria, basicamente: estímulos sensoriais -> forma -> sensação. Para os monistas, forma e matéria não são separáveis, os elementos de uma forma não existem em si, singularmente, isso só seria possível através de abstração. Todos os elementos aparecem ao mesmo tempo, e um observar um ou outro, um tomar um ou outro como figura ou fundo tornaria a experiência diferente. Cada parte é percebida como elemento formador do todo, pertencente a ele. A Gestalt como teoria filosófica Em um âmbito filosófico (a Gestalt chegou a ser considerada uma 'filosofia da forma'), pode-se dizer que foi deixado de lado o ego cogito cartesiano para, como Husserl (que foi, de fato, mestre de Koffka, um dos papas desta escola), adotar-se um ego cogito cogitatum: não há uma ruptura entre consciência - ou sensação, no caso da escola da forma - e mundo. O "resíduo" a que se pode chegar por uma redução, uma dissecação do real - ou de uma forma - não é o "eu penso", mas a correlação entre o eu penso e o objeto de pensamento (o ego cogito cogitatum). Em suma, não existiria consciência enquanto tal, mas toda consciência seria consciência de. Isso, porém, não se dá de forma separada, como pretendiam os associacionistas (escola da psicologia que predominou no século XIX), mas concomitante: tomemos como exemplo um carro na estrada, seguindo em direção contrária a você. Para os associacionistas, há um intervencionismo do pensamento, ou seja, suas sensações lhe dizem que o carro está diminuindo à medida em que se afasta, 19 mas, sendo conhecedor das leis da física, ou mesmo já tendo passado por esta experiência, seu pensamento reagiria, corrigindo o equívoco. O dado sensorial seria menos real que a percepção, e interpretado de acordo com a experiência. Já para a Gestalt, isso tudo aconteceria de uma só vez e não através da experiência, mas de acordo com o que é dado na situação em si. Cada vez seria diferente, se apenas um dos elementos formadores diferisse; o todo seria o que há de mais importante, o que vale aqui não é a experiência, todavia o agora e o que é dado nesse agora. Percebe-se de maneira diferente de acordo com o contexto em que o objeto/excitante está inserido, nossa sensação é global e varia dependendo do evento/forma. Essa foi a concepção que acabou, por assim dizer, "triunfante" em relação à outra, e seus defensores, Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler, acabaram por se tornar figuras de maior importância na Escola da Gestalt. Essa teoria da forma não se manteve apenas dentro dos limites da psicologia, mas pretendeu se estender à Física e à Filosofia, admitindo a existência de formas fisiológicas e de formas físicas, além das formas psicológicas: as primeiras dizem respeito aos organismos vivos, que funcionariam do todo para o uno; as células seriam dependentes do organismo e não o contrário porque este teria a capacidade de se adaptar. As segundas tratam do mundo físico: este tenderia, também, a um equilíbrio total, uma busca da boa forma, mais homogênea e simétrica. Finalmente, as formas psicológicas, que são colocadas de uma maneira bem materialista: os gestaltistas não admitem a existência de um espírito, de alma, mas que tudo se reduz à matéria bruta, sendo as formas psicológicas o subjetivo das fisiológicas e estas apenas reduzidas às formas físicas. Organização Perceptual - Assimilação e Contraste; Figura e fundo Somos bombardeados por estímulos físicos todo o tempo e, para compreendê-los, formamos organizações perceptuais (termo que se aplica tanto ao processo de organização quanto ao resultado em si). Há várias maneiras de se organizar esses estímulos, e, de fato, o fazemos, mas de tal modo que exista sempre apenas uma: nunca há dois tiposde organização em um só momento. Esse empreendimento se dá de maneira espontânea, inerente ao indivíduo, porém o consciente pode exercer um papel nesse processo, pois a organização perceptual ocorre dentro e fora da consciência: se a pessoa quiser, poderá criá-la conscientemente, mas se não o fizer, o inconsciente agirá. Um ponto importante no processo de organização perceptual é a diferenciação do campo perceptual. A maneira com que a forma é apresentada pode, por exemplo, suscitar fenômenos como a associação e o contraste. O primeiro destes princípios diz respeito a uma homogeneização das partes da forma a que somos compelidos quando não há fronteiras entre elas, ou quando não as percebemos. Os contornos se tornam importantes neste sentido: tendemos a tornar cada parte homogênea em matéria de luz; a assimilação pode acontecer quando há proximidade, especialmente quando estas áreas próximas não estão delimitadas. Já o contraste consiste em perceber-se uma diferença maior do que ela realmente é, e ocorre quando há uma separação das partes, quase de maneira contrária à assimilação. Porém deve-se sempre lembrar que, tanto assimilação como contraste são "regidos" pela organização perceptual total, podendo, até mesmo haver a ocorrência dos dois fenômenos em um mesmo objeto, dependendo de, por exemplo, qual o fundo sob o qual está a figura. Estes dois conceitos, fundo e 20 figura, são os mais simples da forma de organização perceptual: em qualquer campo diferenciado, uma das partes sempre parece "saltar", se salientar em relação às outras. A ela damos o nome de figura, sendo o fundo todo o resto. O que nos permite diferenciá-los, enxergar uma separação entre ambos é o contorno: uma fronteira física que mais parece pertencente à figura, conferindo forma a ela. Se há uma inversão, se a figura passa a parecer fundo e vice-versa, então o contorno passará, logicamente, a parecer pertencer à nova figura. A figura sempre parece possuir o contorno. Se, em uma forma, não fica muito clara essa separação (sendo que sempre veremos uma parte como figura e outra como fundo; o que pode não ficar claro é o que qual das partes é definitivamente), há uma flutuação, percebemos alternadamente os elementos como figura e fundo; porém, sempre um de cada vez, e sempre um. Bom, nesse caso, ao acontecer essa flutuação, o contorno passa a nos parecer completamente diferente em cada um dos casos. Pode acontecer, também, de algo ser definido como figura embora não haja um contorno, uma linha física que o delimite: esse fenômeno é conhecido como fechamento e é muito comum, posto que certas formas estão de uma maneira que nos pareça completa, não cabendo ali nenhum tipo de modificação; é como se elas se bastassem, fossem suficientes, enfim, completas em si. Na determinação de o que é figura e fundo influem diversos fatores, como tamanho e localização, ou, caso esses sejam os mesmos, a área que for menor ou mais fechada. Geralmente, o que pode ser agrupado com mais facilidade, pareça seguir uma "linha", for mais homogêneo, ou até mesmo o que for mais conhecido para quem observa (e aí entra a questão da subjetividade na percepção) passará a ser visto como a figura. Há até mesmo a influência do sistema nervoso e outros processos do tipo nessa determinação. Figura e fundo são diferenciados não só em formas visuais, vale lembrar; tendemos a separá-los em todas as experiências de percepção. Na chamada música pop, por exemplo, geralmente percebemos a voz do cantor como figura e o instrumental como fundo, como acompanhamento. Agrupamento Perceptual - Wertheimer Pode haver, e na maioria das vezes há, mais de dois elementos na forma: nesse caso, o que seria figura? E fundo? Por quê? Max Wertheimer, tido como o fundador da teoria da Gestalt, propõe em seu "Raciocínio Visual" certos princípios, a seguir: 1) Proximidade Em condições iguais, eventos próximos no tempo e espaço tenderão a permanecer unidos, formando um só todo: OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO 2) Semelhança Eventos semelhantes se agruparão entre si: O X O X O X O X O X O X O O X O X O X O X O X O X O O X O X O X O X O X O X O 21 Essa semelhança se dá por intensidade, cor,odor, peso, tamanho, forma etc. e se dá em igualdade de condições. 3) Semelhança + Proximidade É a simples adição dos dois princípios anteriores, se em condições iguais: OO OX XO OO OO OX XO OO OO OX XO OO 4) Lei da Boa Continuidade É o acompanhamento de uns elementos por outros, de modo que uma linha ou uma forma continuem em uma direção ou maneira já conhecidas. ____|____ = ________ | 5) Pregnância Há formas que parecem se impor em relação às outras, nos fazendo, por muito tempo, não conseguir ver outra forma de distribuição: OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO OO 6) Destino Comum Há certos elementos que parecem se dirigir a um mesmo lugar, se destacando de outros que não o pareçam. 7) Persistência do Agrupamento Original Em todos as formas, todos os estímulos, os elementos aproximam-se uns dos outros e tendemos a fazer com que os grupos continuem os mesmos. 8) Experiência Passada ou Aprendizagem É a subjetividade do percebedor: para cada um a percepção pode ser diferente, de acordo com a experiência do indivíduo, de acordo com o que ele já viveu ou aprendeu, conheceu. Tomemos como exemplo um texto qualquer: para um analfabeto ou alguém que não conheça a língua em questão, parecerá uma confusã completa, mas, para aquele que saiba ler ou conheça a língua, parecerá inteiramente inteligível. 9) Clausura ou Fechamento Os elementos de uma forma tendem a se agrupar de modo que formem uma figura mais total ou fechada. Conclusão Essas tendências ou princípios, dependendo de sua intensidade podem produzir efeitos diferentes, devemos sempre lembrar que, para a Escola da Forma, o todo não é apenas a soma das partes, sua essência depende da configuração das partes. A partir disso, podemos trazer ainda algumas considerações e conceitos finais: a 22 transposição das formas, por exemplo, é de um valor muito grande dentro do que foi dito no parágrafo anterior; podemos transpor a mesma forma a partir de elementos diferentes, de modo que a forma original ainda possa ser reconhecida, como em: OOXX OO, XX ou em uma melodia cujas notas sejam aumentadas todas em um tom, ou seja, o todo é a configuração de seus elementos, mas também difere de acordo com os elementos em si. Porém, não podemos nos esquecer da parte-todo, isto é, que as partes dependem da natureza do todo. Por último, vale falar, mais uma vez, sobre a subjetividade na percepção: deve-se levar em conta a experiência vivida pelo sujeito, o seu nível de conhecimento ou familiaridade com o assunto tratado et sic per omnia. Enfim, a Escola da Gestalt não se limitou apenas à percepção, mas expandiu suas teorias a várias áreas de conhecimento, revolucionando a psicologia e influenciando diretamente muitos pensadores. Pode-se dizer, por exemplo, que o behaviorismo de Skinner bebe basicamente da fonte da Gestalt. Esta foi e continua sendo uma escola revolucionária e de um imenso valor histórico. Juliana Fausto maio de 1999 Capítulo VI Teoria do Campo de Kurt Lewin 23 Em 1935, Kurt Lewin já se referia em suas pesquisas sobre comportamento social, ao importante papel da motivação. Para melhor explicar a motivação do comportamento, elaborou a teoria de campo, que se baseia em duas suposições fundamentais. a) o comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes; b) esses fatos coexistentes têm o caráter de um campo dinâmico, no qual cada parte do campo depende de uma inter-relação com as demais outras partes. O comportamento humano não depende somente do passado, ou do futuro, mas do campo dinâmico atual e presente. Esse campo dinâmico é "o espaço de vida que contém a pessoa e o seuambiente psicológico”. Lewin propõe a seguinte equação, para explicar o comportamento humano: C = f (P,M) onde o comportamento (C) é função (f) ou resultado dainteração entre a pessoa (P) e o meio ambiente (M) que a rodeia. O ambiente psicológico (ou ambiente comportamental) é o ambiente tal como é percebido e interpretado pela pessoa. Mais do que isso, é o ambiente relacionado com as atuais necessidades do indivíduo. Alguns objetos, pessoas ou situações podem adquirir valência no ambiente psicológico, determinado um campo dinâmico de forças psicológicas. Os objetos, pessoas ou situações adquirem para o indivíduo uma valência positiva (quando podem ou prometem satisfazer necessidades presentes do individuo) ou valência negativa (quando podem ou prometem ocasionar algum prejuízo). Os objetos, pessoas ou situações de valência positiva atraem o indivíduo e os de valência negativa o repelem. A atração é a força ou vetor dirigido para o objeto, pessoa ou situação; a repulsa é a força ou vetor que o leva a se afastar do objeto, pessoa ou situação, tentando escapar. Um vetor tende sempre a produzir locomoção em uma certa direção. Quando dois ou mais vetores atuam sobre uma pessoa ao mesmo tempo, a locomoção é uma espécie de resultante de forças. Lewin utilizou uma combinação de análise topológica (para mapear o espaço vital) e vetorial (para indicar a força dos motivos no comportamento), desenvolveu uma série de experimentos sobre a motivação, a satisfação e a frustração os feitos da liderança autocrática e democrática em grupos de trabalho etc. Lewin foi um profundo inspirador dos autores da Escola das Relações Humanas e das demais outras teorias desenvolvidas a partir desta. Ciclo Motivacional A partir da Teoria das Relações Humanas, todo o acervo de teorias psicológicas acerca da motivação humana passou a ser aplicado dentro da empresa. Verificou-se que todo comportamento humano é motivado. Que a motivação, no sentido psicológico, é a tensão persistente que leva o individuo a alguma forma de comportamento visando à satisfação de uma ou mais 24 determinadas necessidades. O organismo humano permanece em estado de equilíbrio psicológico (equilíbrio de forças psicológicas, segundo Lewin), até que um estímulo o rompa e crie uma necessidade. Essa necessidade provoca um estado de tensão em substituição ao anterior estado de equilíbrio. A tensão conduz a um comportamento ou ação capazes de atingir alguma forma de satisfação daquela necessidade. Quando satisfeita a necessidade, o organismo retoma ao seu estado de equilíbrio inicial, até que outro estímulo sobrevenha. Toda satisfação é basicamente uma liberação de tensão, uma descarga tensional que permite o retorno ao equilíbrio anterior. Ciclo Motivacional Nem sempre a satisfação das necessidades é obtida. Pode existir alguma barreira ou obstáculo ao alcance da satisfação de alguma necessidade. Toda vez que alguma satisfação é bloqueada por alguma barreira, ocorre frustração. Havendo frustração a tensão existente não é liberada através da descarga provocada pela satisfação. Essa tensão acumulada no organismo mantém o estado de desequilíbrio. Por outro lado, o ciclo motivacional pode ter outra solução além da satisfação da necessidade ou da sua frustração: a compensação ou transferência. Ocorre a Equilíbrio Comportamento Tensão Estímulo ou incentivo NecessidadeSatisfação 25 compensação (ou transferência) quando o indivíduo tenta satisfazer alguma necessidade impossível de ser satisfeita, através da satisfação de outra necessidade complementar ou substitutiva. Assim, a satisfação de outra necessidade aplaca a necessidade mais importante e reduz ou evita afrustração. Desta forma toda necessidade humana pode ser satisfeita, frustrada ou compensada. Ciclo Motivacional O homem frustrado pode se tornar agressivo. A liberação da tensão acumulada pode acontecer a agressividade física, verbal, simbólica, etc Tensão retida pela não-satisfação da necessidade pode provocar formas de reação, como ansiedade, aflição, estados de intenso nervosismo ou ainda outras formas de conseqüência, como insônia, distúrbios circulatórios, digestivos etc; Estilos de Comportamento Motivacional Participar: é o organizador do comportamento motivacional das pessoas que se preocupam especialmente com o próprio desenvolvimento pessoal para poder fazer jus às responsabilidades que Ihes foram colocadas sobre os ombros. Elas têm uma atitude de grande cooperação e são reconhecidas como formadoras de talentos. Facilmente se põem em ação quando ouvem a frase: “Preciso da sua ajuda”. Agir: este estilo de comportamento motivacional se guia pela importância que dá aos desafios. Cheias de energia pessoal, essas pessoas agitam-se mais e são mais rápidas que a média das pessoas com as quais trabalha. No geral, esperam que sejam solicitadas a entrar em ação por meio da frase que lhe faz mais sentido: “Sei que você é capaz.” Manter: é o organizador comportamental daqueles que se motivam especialmente por desempenhar atividades que demandem análise, lógica, organização. Trata-se de alguém que tem os pés no chão e a cabeça acima dos ombros. Sensibiliza-se quando é solicitado a desenvolver cuidadosamente um trabalho. Conciliar: caracteriza aquele que tem grande habilidade de interação pessoal, sendo otimista e encorajando os demais a verem lados diferentes do problema que estão vivendo, sendo diplomatas e valorizando, sobretudo a harmonia no convívio, sente-se especialmente motivado em situação nas quais é solicitado a vender uma idéia. Conclusão A compreensão mais ampla daquilo que foi definido como motivação não será conseguida senão dentro da medida em que se esteja atento com relação à dimensão de ordem interior ou intrínseca, devendo ser, por isso, um fenômeno comportamental qualitativamente diferente das ações condicionadas por estímulos externos. 26 Esse entendimento vai influenciar necessariamente o caráter típico da filosofia administrativa que se assume com relação ao elemento humano dentro das organizações. A única coisa que se pode fazer para manter pessoas motivadas é conhecer suas necessidades e oferecer fatores de satisfação de tais necessidades. O desconhecimento desse aspecto irá fazer com que paradoxalmente se consiga desmotivar as pessoas. Portanto, a grande preocupação não reside em adotar estratégias que motivem as pessoas, mas principalmente criar um ambiente de trabalho no qual o trabalhador mantenha o tônus motivacional que tinha em seu primeiro dia de trabalho. Referências Bibliográficas ARCHER, E. R. The myth "of motivation. The Personnel Administrator, EUA, Oec. 1978. BENNIS, W. A formação do líder. São Paulo: Atlas, 1996. BERGAMINI, C. Motivação no trabalho. São Paulo: Atlas, 1996. DRUCKER, P. Fator humano e desempenho. São Paulo: Pioneira, 1977. FAYOL, H. Administração industrial. São Paulo: Atlas, 1994. FROMM, E. A análise do homem. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. GOLEMAN, O. A inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. 27 Capítulo VII Gestalterapia de Friederich Perls A teoria da Gestalt desenvolveu-se como protesto contra a análise atomística vigente no final do século XIX. A análise atomística tentava compreender a experiência da pessoa de forma que os elementos dessa experiência eram reduzidos aos seus componentes mais simples, sendo que cada componente era analisado separadamente dos outros e, a experiência total era entendida como uma soma destes componentes. A chamada Gestalt-terapia surge no início da década de 50, a partir das reflexões de Friederich Perls, um psicanalista nascido em Berlim em 1893, que emigrou durante a década de 40 para a África do Sul e posteriormente para os Estados Unidos da América, onde juntamente com um grupo de intelectuais norte-americanos desenvolveuesta nova abordagem. 1. Crescimento Psicológico Perls definia a saúde e a maturidade psicológicas como sendo a capacidade de emergir do apoio e da regulação ambientais para um auto-apoio e uma auto-regulação. O processo terapêutico representa um esforço na direção desta emergência. O elemento crucial no auto- apoio e na auto-regulação é o equilíbrio. Uma das proposições básicas da teoria da Gestalt é que todo organismo possui a capacidade de realizar um equilíbrio ótimo consigo e com seu meio. As condições para realizar este equilíbrio envolvem uma conscientização desobstruída da hierarquia de necessidades, que descrevemos anteriormente. Uma apreciação plena desta hierarquia de necessidades só pode ser realizada através da conscientização que envolve todo organismo, uma vez que necessidades são experienciadas por cada parte do organismo e sua hierarquia é estabelecida por meio de sua coordenação. Perls considera o ritmo de contato/fuga com o meio ambiente como componente principal do equilíbrio do organismo. A imaturidade e a neurose implicam uma percepção impropria do que constitui este ritmo ou uma incapacidade de regular seu equilíbrio. Indivíduos auto-apoiados e auto-regulados se caracterizam pelo livre fluir e pelo delineamento claro da formação figura-fundo (definição de sentido) nas expressões de suas necessidades de contato e retraimento. Tais indivíduos reconhecem sua própria capacidade de escolher os meios de satisfazer necessidades à medida que estas emergem. Têm consciência das fronteiras entre e eles mesmos e os outros e estão particularmente conscientes da distinção entre suas fantasias sobre os outros (ou o ambiente) e o que experienciam através do contato direto. 2. Psicologia da Gestalt Embora não haja equivalente preciso em português para a palavra alemã gestalt, o sentido mais geral que se pode dar ao termo seria uma espécie de disposição ou configuração de uma organização específica das partes que constituiria um todo particular. O princípio mais importante da abordagem gestáltica é a afirmação de que a análise das partes nunca pode proporcionar uma compreensão do todo, uma vez que o todo será definido pelas interações e interdependências das partes. As partes de uma gestalt não mantêm sua identidade quando estão separadas de sua função e lugar no todo. Assim sendo, a teoria da Gestalt foi inicialmente formulada no final do século XIX na Alemanha e Áustria. Em 1912, Max Wertheimer publicou um trabalho considerado o fundamento da escola gestáltica, onde descrevia um experimento executado por Wertheimer e seus colegas, planejado para explorar certos aspectos da percepção do movimento. Numa sala escura, eles faziam reluzir em rápida sucessão dois pontos de luz próximos um do outro, variando os intervalos de tempo entre os clarões. Descobriram que quando o intervalo entre os clarões era menor que 3/100 de 28 segundo, eles pareciam simultâneos. Quando o intervalo era de 6/100 de segundo, o observador dizia ver o clarão mover-se do primeiro ponto ao segundo. Quando o intervalo era de 20/100 de segundo ou mais, os pontos de luz foram observados como o eram de fato, ou seja, dois clarões de luz separados. A descoberta crucial do experimento refere-se à percepção de movimento quando os clarões estavam separados por aproximadamente 6/100 de segundo. O movimento aparente não era função dos estímulos isoladamente, mas dependia das características relacionadas à organização neural e perceptiva do campo. Os resultados deste experimento levaram a algumas reformulações fundamentais no estudo da percepção e, durante as décadas de vinte, trinta e quarenta do nosso século, a teoria da Gestalt foi aplicada ao estudo da aprendizagem, resolução de problemas, motivação, psicologia social e, até certo ponto, à teoria da personalidade. A escola gestáltica causou enorme impacto em todo o campo da Psicologia. Na metade do século XX, a abordagem desta escola tinha-se tornado tão intrínseca à corrente central da Psicologia que a noção de um movimento gestáltico por si próprio e emancipado deixou de existir. Uma contribuição importante dos adeptos da Gestalt refere-se à exploração da maneira como as partes constituem e estão relacionadas com um todo. Além disso, a teoria da Gestalt ofereceu algumas sugestões a respeito dos modos pelos quais os organismos se adaptam para alcançar sua organização e equilíbrio ótimos. Um aspecto desta adaptação envolve a forma pela qual um organismo torna suas percepções significativas, a maneira pela qual distingue figura do fundo. A escola gestáltica estendeu o fenômeno figura-fundo para descrever a maneira pela qual um organismo seleciona o que é ou não é de seu interesse num dado momento. Para um homem sedento, um copo de água colocado entre seus pratos favoritos emerge como figura principal contra o fundo menos importante constituído pela comida. A percepção adapta-se à necessidade, capacitando-nos a satisfazer nossas necessidades. Uma vez satisfeita a sede do exemplo, sua percepção da pessoa sobre o que é figura e o que é fundo provavelmente se modificará, de acordo com as mudanças nos interesses e necessidades dominantes. Embora, por volta de 1940 a teoria da Gestalt já tivesse sido aplicada em muitas áreas da Psicologia, foi em grande parte ignorada no exame da dinâmica da estrutura da personalidade e do crescimento pessoal. Além do mais, ainda não havia nenhuma formulação de princípios da Gestalt específicos para psicoterapia. Assim, a partir desse ponto podemos começar a ver o papel de Fritz Perls, responsável pela ampliação da teoria da Gestalt na psicoterapia e de uma teoria de mudança psicológica. A abordagem gestáltica inspirou-se em formulações da Psicologia e da Filosofia, adotando alguns referenciais, tais como, a percepção gestáltica de que "o todo é diferente da soma das partes". A percepção gestáltica propõe que todo fenômeno psíquico seja visto como um todo, em suas relações e dinamismos. Por essa razão a Gestalt não considera o comportamento da pessoa isoladamente. Ela procura explorar a situação em que se deu, sua importância e significado naquele momento e situação. Considera o homem como um ser em relação, seu organismo é um sistema em equilíbrio, ou em constante busca de equilíbrio e auto-regulação em sua relação com o meio. O terapeuta gestáltico é especialmente atento à forma como se expressa o cliente, não só em termos de verbalização, mas também em termos de linguagem gestual, corporal. motora. Perls mostra que a agressividade também desempenha um papel construtivo na maneira como a pessoa se relaciona com o mundo e consigo mesma. 3. Existencialismo e Fenomenologia Perls descreveu a Gestalt-terapia como uma terapia existencial, baseada na filosofia existencial e utilizando-se de princípios considerados existencialistas e fenomenológicos. Embora a Gestalt-terapia não se tenha desenvolvido diretamente a partir de antecedentes fenomenológicos e existenciais particulares, vários aspectos do trabalho de Perls equiparam- se àqueles desenvolvidos em muitas escolas do existencialismo e fenomenologia. A influência destas escolas foi difusa, porém substancial. Em geral, Perls contestava de forma ferrenha a 29 idéia de que se poderia abranger o estudo do ser humano através de uma abordagem científico-natural-mecanicista inteiramente racional, como recomendava o positivismo. A partir disso, Perls associou-se à maioria dos existencialistas, insistindo que o mundo vivencial de um indivíduo só pode ser compreendido por meio da descrição direta que o próprio indivíduo faz de sua situação única. Do mesmo modo, Perls sustentou que o encontro do terapeuta com um paciente, constitui um encontro existencial entre duas pessoas e não uma variante do clássico relacionamento médico-paciente. O primeiro livro publicado por Friederich Perls, antes mesmo do nascimento da Gestalt-Terapia, foi "The Ego, Hunger and Aggression"(1942), onde expressa de forma condensadasua crítica à teoria de Freud. A idéia de que mente e corpo constituem dois aspectos diferentes da existência diferentes e completamente separados, era uma noção que Perls, assim como os existencialistas, achavam intolerável. De acordo com suas objeções, assim como não poderia haver cisão entre mente e corpo, abandonou também a idéia da cisão entre sujeito e objeto e, mesmo, a da cisão entre organismo e meio. Ao invés de considerar que cada ser humano encontra um mundo que ele experiencia como sendo completamente separado de si mesmo, Perls acreditava que as pessoas criam e constituem seus próprios mundos. Dessa forma o mundo existe para um dado indivíduo como sua própria descoberta do mundo. O conceito de intencionalidade é básico, tanto para o existencialismo e fenomenologia quanto para o trabalho de Perls. A mente ou consciência é entendida como intenção e não pode ser compreendida à parte do que é pensado ou pretendido. Os sentidos dos atos psíquicos ou intenções devem ser alcançados em seus próprios termos, fenomenologicamente, e em termos de sua própria intenção particular. Assim, a crítica existencialista da noção freudiana de instintos é a mesma de Perls, e a libido constitui um ato psíquico, nem mais básico nem mais universal que qualquer outro. Todo ato psíquico é intenção, e toda intenção deve ser compreendida em seus próprios termos, e não em termos de um ato psíquico mais básico. Entre o pensamento existencialista, dois temas são da maior importância; a experiência do nada e a preocupação com a morte e o medo. Ao examinar a visão que Perls tem da neurose, veremos que esses mesmos temas também constituem elementos importantes em sua teoria sobre o funcionamento psicológico. O método fenomenológico de compreender através da descrição é básico no pensamento de Perls. Todas as ações implicam escolha, todos os critérios, de escolha são eles próprios selecionados e explanações causais não são suficientes para justificar as escolhas ou ações de alguém. Além disso, a confiança fenomenológica na intuição para o conhecimento das essências assemelha-se à confiança de Perls naquilo que ele chama de inteligência ou sabedoria natural do organismo. Finalmente, o próprio modo de Perls propor sua abordagem inclui, como qualquer descrição fenomenológica, as características fenomenológicas e existenciais descritas acima. Seus livros não são argumentações descrevendo um ponto de vista particular, uma vez que, na estrutura fenomenológica, a argumentação perde o sentido a não ser que o leitor, fora do contexto de sua própria experiência, decida aceitar as premissas de Perls desde o início. O estilo de Perls é imaginativo e pessoal, e sua tentativa é existencial no sentido em que propõe uma teoria do desenvolvimento psicológico que é inseparável do envolvimento de Perls com seu próprio desenvolvimento. 4. O Organismo como um Todo Um conceito fundamental subjacente ao trabalho de Perls tem sua formulação explícita, como vimos, a partir do trabalho dos psicólogos da Gestalt. Na teoria de Perls, a noção de organismo como um todo é central, tanto em relação ao funcionamento orgânico quanto à participação do organismo em seu meio para criar um campo único de atividades. No contexto do funcionamento intra-orgânico, Perls insistia em que os seres humanos são organismos unificados e em que não há nenhuma diferença entre o tipo de atividade física e mental. Perls definia atividade mental como atividade da pessoa toda que se desenvolve num nível mais baixo de energia que a atividade física. Esta concepção dos níveis de atividades do 30 comportamento humano levou Perls a sugerir que qualquer aspecto do comportamento de um indivíduo pode ser considerado como uma manifestação do todo, do ser total da pessoa. Assim sendo, na terapia, o que o paciente faz ou como ele se movimenta, fala e assim por diante, fornece tanta informação a seu respeito quanto o que ele pensa ou diz. Além do holismo ao nível orgânico, Perls acentuou a importância do fato de considerar o indivíduo como parte perene de um campo mais amplo, o qual inclui o organismo e seu meio. Assim como Perls protestava contra a noção de divisão corpo-mente, protestava também contra a divisão interno-externo. Ele considerava que a questão das pessoas serem dirigidas por forças internas ou externas não tinha nenhum sentido em si, uma vez que os efeitos causais de um são inseparáveis dos efeitos causais do outro. Há, no entanto, um limite de contato entre o indivíduo e seu meio e é esse limite que define a relação entre eles. Num indivíduo saudável este limite é fluido, sempre permitindo contato e depois afastamento do meio. Contatar constitui a formação de uma gestalt e afastar-se representa seu fechamento. Num indivíduo neurótico as funções de contato e afastamento estão perturbadas, e ele se encontra frente a um aglomerado de gestalten que estão de alguma forma inacabadas ou nem plenamente formadas nem plenamente fechadas. Perls sugeriu que as pistas para este ritmo de contato e afastamento são ditadas por uma hierarquia de necessidades. As necessidades dominantes emergem como ou figura contra o fundo da personalidade total. A ação efetiva é dirigida para a satisfação de uma necessidade dominante. Os neuróticos são freqüentemente incapazes de perceber quais de suas necessidades são dominantes ou de definir sua relação com o meio, de forma a satisfazer tais necessidades. Assim, a neurose acarreta alterações nos processos funcionais de contato e afastamento, e acabam causando uma distorção na existência do indivíduo enquanto organismo unificado. 5. Ênfase no Aqui e Agora A visão holística levou Perls a dar ênfase particular à importância da auto-percepção presente e imediata que um indivíduo tem de seu meio. Os neuróticos são incapazes de viver no presente, pois carregam cronicamente consigo situações inacabadas (gestalten incompletas) do passado. Sua atenção é, pelo menos em parte, absorvida por essas situações e eles não têm nem consciência nem energia para lidar plenamente com o presente. Visto que a natureza destrutiva destas situações inacabadas aparece no presente, os indivíduos neuróticos sentem- se incapazes de viver com sucesso. Assim, a Gestalt-terapia não investiga o passado com a finalidade de procurar traumas ou situações inacabadas, mas convida o paciente simplesmente a se concentrar para tornar-se consciente de sua experiência presente, pressupondo que os fragmentos de situações inacabadas e problemas não resolvidos do passado emergirão inevitavelmente como parte desta experiência presente. À medida que estas situações inacabadas aparecem, pede-se ao paciente que as represente e experimente de novo, a fim de completá-las e assimilá-las no presente. Perls definiu ansiedade como a lacuna, a "tensão entre o agora e o depois". A inabilidade das pessoas para tolerar essa tensão, sugeria Perls, leva-as a preencher a lacuna com planejamentos, ensaios e tentativas de tornar o futuro seguro. Isto não apenas desvia a energia e a atenção do presente, criando assim situações inacabadas perpetuamente, mas também impede o tipo de abertura para o futuro, decorrente do crescimento e da espontaneidade. Além da natureza estritamente terapêutica deste enfoque ligado à conscientização do presente, uma tendência subjacente ao trabalho de Perls é a apologia de viver com a atenção voltada para o presente, ao invés do passado ou futuro, como algo bom que leva ao crescimento psicológico. Aqui vemos mais uma vez como o trabalho psicológico de Perls está fortemente baseado num contexto filosófico, num tipo de weltanschauung que pressupõe que a experiência presente de uma pessoa, num dado momento, é a única experiência presente possível e que a condição para se sentir satisfeito e 31 realizado a cada momento da vida é a simples aceitação sincera desta experiência presente. 6. A preponderância do Como sobre o Porquê Uma conseqüência natural da orientação fenomenológicade Perls e de sua abordagem holística é a ênfase na importância da compreensão da experiência de uma maneira descritiva e não causal. Estrutura e função são idênticas e se um indivíduo compreende como faz alguma coisa, esta pessoa está na posição de compreender a ação em si. Segundo Perls, o determinante causal, ou seja, o porquê da ação, é irrelevante para qualquer compreensão plena da mesma. Perls considera que toda ação tem causas múltiplas, assim como toda causa tem causas múltiplas, e as explicações de tais causas nos distanciam mais e mais da compreensão do ato em si. Além disso, uma vez que todo elemento da existência de alguém só pode ser compreendido como parte de uma das várias gestalten, não há qualquer possibilidade deste elemento ser compreendido como sendo "causado" separadamente de toda a matriz de causas da qual participa. Uma relação causal não pode existir entre elementos que formam um todo; todo elemento causa e é causado por outros. Assim, na prática da Gestalt-terapia, a ênfase está em ampliar constantemente a consciência da maneira como a pessoa se comporta, e não em esforçar-se para analisar a razão pela qual a pessoa se comporta de tal forma. 7. Conscientização Os três principais conceitos da abordagem de Perls examinados até agora, o organismo como um todo, a ênfase no aqui e agora, e a preponderância do Como sobre o Porquê, constituem os fundamentos para entender a conscientização, o ponto central de sua abordagem terapêutica. O processo de crescimento, nos termos de Perls, é um processo de expansão das áreas de autoconsciência e o fator mais importante que inibe o crescimento psicológico é a fuga da conscientização. Perls acreditava plenamente no que ele chamava de sabedoria do organismo. Considerava o indivíduo maduro e saudável um indivíduo auto-apoiado e auto-regulado. Via o cultivo da autoconscientização como sendo dirigido para o reconhecimento da natureza auto-reguladora do organismo humano. Segundo a teoria da Gestalt, Perls sugeriu que o princípio da hierarquia e necessidades está sempre operando na pessoa. Em outras palavras, a necessidade mais urgente, a situação inacabada mais importante, sempre emerge se a pessoa estiver simplesmente consciente da experiência de si mesma a todo momento. Perls desenvolveu a noção de um continuum de consciência como um meio de encorajar esta autoconscientização. Manter um continuum de consciência parece demasiadamente simples, apenas estar consciente do que estamos experienciando a cada instante. No entanto, a maioria das pessoas interrompe o continuum quase de imediato, e esta interrupção em geral é causada pela conscientização de algo desagradável. Assim, estabelece-se a fuga em relação a pensamentos, expectativas, recordações e associações de uma experiência à outra. Nenhuma dessas experiências associadas são de fato experienciadas, elas são tocadas de leve, em flashes sucessivos, sem que haja assimilação do material. O sujeito deixa a conscientização desagradável inicial tão fora do contexto quanto o resto do material. Esta fuga de uma conscientização contínua, esta auto-interrupção, impede o indivíduo de encarar e trabalhar com a conscientização desagradável. Ele ou ela permanece empacado numa situação inacabada. Estar consciente é prestar atenção às figuras perpetuamente emergentes da própria percepção. Evitar a tomada de consciência é enrijecer o livre fluir natural do delineamento figura e fundo. Perls sugeria que para cada indivíduo existem três zonas de consciência: consciência de si mesmo, consciência do mundo e consciência do que está "entre", um tipo de zona intermediária da fantasia. Ele considerava o exame desta última zona (que impede a conscientização das outras duas) como a grande contribuição de Freud. Sugeriu, contudo, que Freud concentrou-se tão completamente na compreensão desta zona intermediária que ignorou a importância de trabalhar para o 32 desenvolvimento da capacidade de conscientizar-se nas zonas de si mesmo e do mundo. Em contraste, a maior parte da abordagem de Perls inclui uma tentativa muito deliberada de ampliar a conscientização e obter contato direto consigo e com o mundo. Ao acentuar a natureza do auto-apoio e da auto-regulação do bem-estar psicológico, Perls não quer dizer que o indivíduo pode existir, de algum modo, separado de seu meio ambiente. Na verdade, o equilíbrio orgânico supõe uma constante interação com o meio. O ponto crucial para Perls é que podemos escolher a maneira como nos relacionamos com o meio. Somos auto-apoiados e auto-regulados quanto ao fato de que reconhecemos nossa própria capacidade de determinar como nos apoiamos e regulamos dentro de um campo que inclui muito mais do que nós mesmos. Perls descreve vários modos pelos quais se realiza o crescimento psicológico. O primeiro envolve o completar situações ou resolver gestalten inacabadas. Ele também sugere que a neurose pode ser vagamente considerada como um tipo de estrutura em cinco camadas, e que o crescimento psicológico (e eventualmente a libertação da neurose) ocorre na passagem através destas cinco camadas. Perls denomina a primeira camada de camada dos clichês ou da existência dos sinais. Ela inclui todos os sinais de contato: "bom dia", "oi", "o tempo está bom, não é?" A segunda camada é a dos papéis ou jogos. É a camada do "como se" em que as pessoas fingem que são aquelas que gostariam de ser. Assim, o homem de negócios sempre competente, a menininha sempre bonitinha, a pessoa muito importante. Depois de termos reorganizado essas duas camadas, Perls sugere que alcançamos a camada do impasse, também denominada camada da anti-existência ou do evitar fóbico. Aqui experienciamos o vazio, o nada, é o ponto em que, geralmente, interrompemos nossa tomada de consciência e retrocedemos à camada dos papéis para evitarmos o nada. Se, no entanto, formos capazes de manter nossa autoconsciência neste vazio, alcançaremos a morte ou camada implosiva. Esta camada aparece como morte ou medo da morte, pois consiste numa paralisia de forças opostas. Experienciando esta camada contraimo-nos e comprimimo-nos, ou seja, implodimos. No entanto, se pudermos ficar em contato com esta morte, alcançare-mos a última camada, a camada explosiva. Perls sugere que a tomada de consciência deste nível constitui a emergência da pessoa autêntica, do verdadeiro self, da pessoa capaz de experienciar e expressar suas emoções. E Perls adverte: Agora, não se apavorem com a palavra explosão. A maior parte de vocês sabe dirigir um carro. Existem milhares de explosões por minuto dentro do cilindro. Isto é diferente da violenta explosão do catatônico: esta seria como a explosão num tanque de gasolina. Outra coisa, uma única explosão não quer dizer nada. As assim chamadas quebras de couraça da teoria reichiana tem tão pouca utilidade quanto o insight da psicanálise. As coisas ainda precisam ser trabalhadas. Existem quatro tipos de explosões que o indivíduo pode experienciar ao emergir da camada da morte. Existe a explosão em pesar, que envolve o trabalho com uma perda ou morte que não tinha sido previamente assimilada. Existe a explosão em orgasmo em pessoas sexualmente bloqueadas. Existe a explosão em raiva, quando sua expressão foi reprimida e, por fim, existe a explosão de alegria e riso, alegria de viver. A estrutura de nossos papéis é coesiva, pois destina-se a absorver e controlar a energia destas explosões. A concepção errônea básica de que essa energia precisa ser controlada deriva de nosso medo do vazio e do nada (terceira camada). Interpretamos a experiência de um vazio como sendo um vazio estéril e não um vazio fecundo. Perls sugere que as filosofias orientais, a filosofia Zen em particular, têm muito a nos ensinar a respeito da experiência do nada, positiva e geradora de vida, e a respeito da importância de permitirmos a experiência do nada sem interrompê-la. Em todas suas descrições de como um indivíduo se desenvolve, Perls mantém a
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