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Parte da físico-química que estuda a velocidade das reações químicas e os fatores que a influenciam. Cinética Química no cotidiano: Reações Químicas e Velocidades Do grego kinetiké = movimento (por extensão, velocidade) Toda reação química necessita de um certo tempo para se completar. Daí, a importância de estudá-las, visando o seu melhor aproveitamento 1 Reação muitíssimo lenta: A formação da ferrugem pode demorar anos. 4Fe(s) + 3O2(g) + xH2O(l) 2Fe2O3·xH2O(s) Reação muito lenta: A fermentação da uva para produzir vinho demora meses. C6H12O6(aq) 2C2H5OH(aq) + 2CO2(g) 2 Reação lenta: A conversão de vinho em vinagre ocorre em alguns dias, quando o etanol (álcool do vinho) é oxidado a ácido acético (ou etanóico). [O] C2H5OH(aq) CH3COOH(aq) álcool ácido etanóico Reação moderada: Na combustão da vela esperamos horas para que a parafina* reaja completamente com oxigênio do ar. *principal componente é C21H44 C21H44(s) + O2(g) CO2(g) + H2O(g) parafina (não balanceada) 3 Reação rápida: O “escurecimento” de uma fruta demora minutos e é devido à conversão da hidroquinona* em benzoquinona**. *claro **escuro Reação muito rápida: Decomposição da água oxigenada é imediata. catalase* H2O2(aq) H2O(l) + ½ O2(g) *enzima catalisadora. 4 Reação ultra-rápida: Os “air bags” são equipamentos de segurança que envolvem reação química que dura frações de segundo. 6NaN3(s) + Fe2O3(s) 3Na2O(s) + 2Fe(s) + 9N2(g) 5 Velocidade de Reação: É a variação da concentração de um dos componentes da reação na unidade de tempo. Considerando a formação do PRODUTO: Considere [A] como a concentração de reagente: Concentração de reagente está diminuindo em função do tempo. x = concentração de produto no tempo t a = concentração inicial de A 6 INCLINAÇÃO NEGATIVA INCLINAÇÃO POSITIVA 7 Velocidades de Reação e Estequiometria C4H9Cl(aq) + H2O(l) → C4H9OH(aq) + HCl(aq) Para a reação: Velocidade de consumo de C4H9Cl é igual a velocidade de produção de C4H9OH E se a estequiometria NÃO for 1:1??? Ex. 1: 2 HI(g) → H2(g) + I2(g) Veloc de consumo de HI é 2X maior que a veloc de produção de H2 ou I2 Igualando as velocidades: 8 Para uma reação geral: A concentração dos reagentes e produtos não variam com a mesma velocidade!!! N2O5(g) 2 NO2(g) + ½ O2(g) Pentóxido de dinitrogênio Exemplo 2: 9 A [H2] deve diminuir 3 vezes mais rápido que a de N2 N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g) Exemplo 3: Considere que na reação para a formação da amônia o nitrogênio molecular esteja sendo consumido à uma velocidade de 0,10 mol L-1 min-1. Portanto, a [NH3] deve estar aumentando a uma velocidade 2 vezes maior que a do N2 10 Em uma temperatura constante, a velocidade da reação depende das concentrações dos reagentes: k é a constante de velocidade (ou coeficiente de velocidade); a, b,c,... Representam as [ ] dos reagentes A, B, C,... no tempo t; f(a, b, c,...) é função que envolve o produto das concentrações elevado a um expoente: Leis de Velocidade e Constante de Velocidade Se as concentrações forem unitárias a velocidade será igual à constante de velocidade (DEFINIÇÃO) 11 A equação que relaciona a velocidade da reação com as concentrações (ou pressões parciais) das espécies na reação global é denominada de lei de velocidade ou equação de velocidade. A lei de velocidade sempre é determinada EXPERIMENTALMENTE. A lei de velocidade como a equação (I) são equações diferenciais, portanto essa é a lei de velocidade na forma diferencial e sua integração fornece a lei de velocidade na forma integrada. 12 As leis de velocidade oferecem uma base para a classificação de reações conforme sua cinética. Essa classificação permite que reações de comportamentos cinéticos semelhantes sejam agrupadas A CLASSIFICAÇÃO DAS REAÇÕES É BASEADA NA ORDEM DA REAÇÃO!!! IMPORTÂCIA DAS LEIS DE VELOCIDADE Potência na qual é elevada a [ ] da espécie na lei de velocidade EX: 13 2ª Ordem em relação ao “NO2” e 2ª Ordem Global. É de ordem ½ em relação à “A” e de primeira ordem em relação a “B” e de ordem global 3/2. NO2(g) + CO(g) NO(g) + CO2(g) EX: As ordens de reação não são sempre inteiras. EX: 14 Em alguns casos, coincidentemente a lei de velocidade reflete a estequiometria da reação, como é na reação entre H2 e I2: É de 1ª ordem em H2 mas de ordem INDEFINIDA em relação ao Br2, ao HBr e à ordem global. H2(g) + Br2(g) 2 HBr(g) EX: A lei de velocidade experimentalmente determinada para reação na fase gasosa é A lei de velocidade é determinada EXPERIMENTALMENTE e NÃO pode ser inferida a partir da reação química. H2(g) + I2(g) 2 HI(g) Estequiometria igual a da reação do Br2 15 Se uma reação ocorre em mais de uma etapa consecutiva. Molecularidade da Reação: é uma grandeza teórica cuja avaliação exige o conhecimento do mecanismo da reação. É sempre um nº inteiro pequeno ≠ 0: A etapa mais lenta é sempre a etapa “determinante da velocidade”. É o nº de moléculas ou íons que participam da etapa determinante da velocidade OU nº de moléculas ou íons que formam o estado de transição. Os termos “monomolecular” e “bimolecular” designam reação de molecularidade respectivamente 1 e 2. Reações em que a ordem e a molecularidade coincidem são comuns. 16 t-C4H9OH C4H8 + H2O Unimolecular de 1ª Ordem 2NO + O2 2NO2 Bimolecular de 3ª Ordem Leis de Velocidade Integradas É uma expressão que fornece a concentração de uma espécie como função o tempo; Ajuda a calcular a constante de velocidade (k) e a ordem da reação. Lei diferencial: A velocidade é muito difícil de se medir experimentalmente. Lei integrada: A concentração e o tempo são medidas corriqueiras. EX: 2 HI(g) H2(g) + I2(g) Bimolecular de 2ª Ordem 17 Considere a reação química de Ordem zero: aA → Produtos 1 EM REAÇÕES DE ORDEM ZERO O DECAIMENTO DA [REAGENTES] É PROPORCIONAL AO TEMPO. k possui unidade de concentração pelo tempo → mol L-1 s-1 O tempo de meia-vida (t1/2): Em t1/2 → [A] = ½ [A]0. Substituindo na equação de ordem zero: [A] tempo Considere a reação química de Primeira Ordem: aA → Produtos EM REAÇÕES DE 1ª ORDEM A [REAGENTES] DECAI EXPONENCIALMENTE COM O TEMPO. 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 0 0,5 1 1,5 2 2,5 tempo [A ]/[ A ] 0 k possui unidade de s-1 19 O tempo de meia-vida (t1/2): Em t1/2 → [A]= ½ [A]0. Substituindo na equação de primeira ordem: t1/2 é INDEPENDENTE da concentração inicial do reagente em reações de 1ª Ordem. EX.: Processos radioativos são TODOS de primeira ordem e as velocidades são expressas em termos de meia vida t1/2. t1/2 para o rádio é de 1690 anos, portanto k é: 20 Considere a reação química de Segunda Ordem: aA + aA → Produtos 0 10 20 30 40 50 60 0 10000 20000 30000 40000 50000 tempo [A ]-1 k possui unidade L mol-1 s-1 21 2ª Ordem: aA + bB → Produtos O tempo de meia-vida (t1/2): Em t1/2 → [A]= ½ [A]0. Substituindo na equação de segunda ordem: Considere a reação química de Terceira Ordem: aA → Produtos 22 O tempo de meia-vida (t1/2): Em t1/2 → [A]= ½ [A]0. Substituindo na equação de terceiraordem: t1/2 é INVERSAMENTE PROPORCIONAL ao quadrado da concentração inicial do reagente. 23 Determinação de Ordem de Reação Os três métodos mais convenientes para determinação da ordem de reação a partir dos resultados experimentais são o do ajuste empírico, da meia-vida e da velocidade inicial. 1. Método do ajuste empírico: medidas experimentais fornecem valores de concentração em vários tempos, inclusive em t = 0. O método consiste em tentar ajustar os valores obtidos experimentalmente nas equações das leis de velocidades integradas. Valor constante para k ou gráfico linear da f([ ]) x tempo. 24 0 10 20 30 40 50 60 0 10000 20000 30000 40000 50000 tempo [A ]-1 -2,48 -2,46 -2,44 -2,42 -2,4 -2,38 -2,36 -2,34 -2,32 0 20 40 60 80 100 tempo ln [A ] Ordem Zero: [A] em função de t 1ª Ordem: ln [A] em função de t 2ª Ordem: 1/ [A] em função de t 25 Exercício: Os dados abaixo foram obtidos para a decomposição na fase gasosa de dióxido de nitrogênio (NO2) a 300 ºC, NO2(g) → NO(g) + ½ O2(g): Tempo (s) [NO2] (mol/L) 0,0 0,01000 50,0 0,00787 100,0 0,00649 200,0 0,00481 300,0 0,00380 (a) A reação é de 1ª ou de 2ª ordem? (b) Qual é o valor da constante de velocidade? R: (a) Testar um gráfico de ln[NO2] e 1/[NO2] em função do tempo. 26 Tempo (s) [NO2] (mol/L) ln[NO2] 1/[NO2] 0,0 0,01000 -4,610 100 50,0 0,00787 -4,845 127 100,0 0,00649 -5,038 154 200,0 0,00481 -5,337 208 300,0 0,00380 -5,573 263 27 2. Método da meia-vida: requer a medida do tempo de meia vida variando a [REAGENTES]0, na mesma temperatura. C é constante de proporcionalidade. Aplicando log: Representando graficamente o log t1/2 em função do log[A]0. Reta de inclinação 1, 0, -1 ou -2, para reação de ordem zero, 1ª, 2ª ou 3ª ordem. Se o gráfico NÃO for uma reta??? Cinética é regida por leis mais complexas por exemplo ordens fracionárias, reações consecutivas... Ordem da Reação 28 Exercício: A cinética de decomposição catalítica do NH3 em seus elementos sobre um filamento de tungstênio a 1100 °C comprovou que o tempo de meia vida necessário pra que se decomponha metade do NH3, sem que o N2 e o H2 estivessem presentes inicialmente, dependia das pressões iniciais do NH3 segundo se verifica na tabela abaixo: P (torr) t1/2 (min) 260 7,6 130 3,8 65 1,9 Determine: (a) A Ordem de reação; (b) A Constante de Velocidade 29 Uma reação é de ordem zero em um reagente se a variação da concentração daquele reagente não produz nenhum efeito. Uma reação é de primeira ordem se, ao dobrarmos a concentração, a velocidade dobrar. Uma reação é de ordem n se, ao dobrarmos a concentração, a velocidade aumentar de 2n. A velocidade de reação depende das [ ], mas k não depende! 3. Uso das velocidades iniciais para determinar as leis de velocidade 30 Exercício: A velocidade inicial de uma reação A + B → C foi medida para várias concentrações iniciais diferentes de A e B, e os resultados estão na Tabela abaixo: Usando esses dados, determine: (a) a lei de velocidade para a reação; (b) a magnitude da constante de velocidade; (c) a velocidade de reação quando [A] = 0,050 mol/L e [B] = 0,100 mol/L 31 Pratique: Os seguintes dados foram medidos para a reação do óxido nítrico com hidrogênio: Usando esses dados, determine: (a) Determine a lei da velocidade para essa reação. (b) Calcule a constante de velocidade. (c) Calcule a velocidade quando [NO] = 0,050 mol/L e [H2] = 0,150 mol/L 2NO (g) + 2H2 (g) → N2 (g) + 2H2O (g) 32 Em Geral: as velocidades da maioria das reações aumentam com o aumento da temperatura. EX.: CH3OCOCH3 + NaOH → CH3COONa + CH3OH à 35 ºC k’ = 1,8 x k (25º) acetato de metila Sacarose + H2O → Glicose + Frutose à 35 ºC k’ = 4,1 x k (25º) CUIDADO!!! Reações catalisadas por enzimas podem apresentar dependências com a temperatura mais complexas → podem haver mudanças na conformação. As moléculas não são todas equivalentes!!! SE as moléculas de um mesmo composto fossem equivalentes, não ocorreriam reações químicas ou, ao contrário, todas as reações seriam instantâneas. De fato, 50% das moléculas reagentes devem esperar um tempo maior do que a meia-vida para reagir!!! 33 Arrhenius propôs que moléculas “normais” não participam das reações, apenas moléculas que possuírem uma energia média maior que um valor crítico, denominado de ENERGIA DE ATIVAÇÃO, são capazes de reagir. Moléculas ativadas são raras e são geradas a partir das colisões entre moléculas, fornecendo à certas moléculas uma energia superior ao valor médio. • Moléculas “médias” são iguais às moléculas ativadas sem a energia de ativação. • Uma molécula ativada possui uma reatividade muito diferente da molécula média. Arrhenius observou que quase todas as reações químicas apresentavam comportamento semelhante em função da temperatura. A + B C + D k1 k-1 K = k1 / k-1 , em que K é cte de equilíbrio Considerando que duas moléculas com energia de ativação, ao colidirem, formam um estado de “transição”, que é intermediário entre os reagentes e os produtos. 34 ↑ H Reagentes Produtos E1 ∆H E2 A B C Estado de Transição AB = diferença de energia entre os reagentes e o estado de transição, ou seja, Ea da reação direta. (E1) BC = Ea da reação inversa. (E2) AC = ∆H (calor da reação). AC = AB – BC, ou seja, ∆H = E1 – E2. Da termodinâmica tem-se que a variação de K com T está relacionada ao calor da reação (∆H) pela equação: (Equação de van’t Hoff) Como K = k1 / k-1 e ∆H = E1 – E2. Substituindo na equação de van’t Hoff: 35 Esta equação sugere efeitos cinéticos independentes para as reações direta e inversa: e I é uma constante Arrhenius verificou EXPERIMENTALMENTE que I = 0, portanto a variação da constante de velocidade (k) com T pode ser expressa: A integração da equação acima: Aplicando Anti-ln (ex): A é uma constante chamada fator de frequência ou pré-exponencial Ea representa a energia que as moléculas devem possuir para formarem o estado de transição. Unidade de “A” = “k” 36 Ea não pode ser medida diretamente Determinando a constante de velocidade (k) em várias temperaturas, pode-se fazer um gráfico de ln k x 1/T. A equação de Arrhenius é obedecida por reações simples (1 etapa). Se um gráfico de ln k x 1/T não for linear a reação é complexa. 37 EX: Considere a reação: A → B + C. Calcule o efeito da elevação de 10ºC na temperatura sobre a velocidade da reação. Admita que Ea = 80 kJ / mol, T1 = 26,85 ºC, R = 8,314 J / mol K. Representando-se k1 e k2 como as constantes de velocidades em T1 = 26,85 ºC e T2 = 36,5 ºC, respectivamente, tem-se: e Subtraindo (1) de (2): Substituindo os valores: Aplicando o anti-ln (ex): Aumento de 10ºC quase triplicou a velocidade “A” e Ea são conhecidos como parâmetros de Arrhenius 38 Segundo Arrhenius, somente as moléculas ativadas promovem a reação, ou seja, a T cte, a velocidade da reação é proporcional à fração de moléculas que são ativadas. k = A x (fração das moléculas com energia de ativação) “A” é uma constante de proporcionalidade Fração de colisões que são ativadas é 10-14 → 1 colisão em cada 1014 (100 trilhões) é ativada. 39 Essa é a razão da existência de velocidades médias, além das instantâneas, pois uma molécula “média” necessita de 1014 colisões para se tornar ativada. Mesmo com uma frequência de colisões de1011 s-1 por molécula, o tempo que uma molécula deve esperar para reagir é: 40 Teorias Cinéticas TEORIA DAS COLISÕES: 1º: Para que a reação ocorra é necessário que duas moléculas colidam e 2º: Somente as colisões com orientação certa e que resultam em moléculas com energia mínima, Ea, produzem a reações. Colisão muito suave . . . H H + I H I H I I + Reação não ocorre Colisão com má orientação . . . H H + I H I H I I + Reação não ocorre H2(g) + I2(g) 2 HI(g) 41 Colisão efetiva . . . Reação ocorre!!! H H + I H I H I I n é o nº de moléculas por unidade de volume no tempo t; Z é nº de colisões por unidade de volume por unidade de tempo; Ea é a energia de ativação; (-Ea/RT) é a fração de colisões ativadas. Portanto: OBS.: Z e dn/dt não são constantes → nº de moléculas de reagentes diminui com o decorrer da reação. 42 Considere a reação de 2ª ordem: A + B → AB Em que nA e nB são nº de moléculas de A e B por unidade de volume e k é cte de velocidade. 43 EX.: Elevação de 300 a 310 K: A eq. (§) é idêntica a equação de Arrhenius, na qual A se tornou Z0. Com a teoria das colisões o número de colisão (Z0) é calculado e juntamente com o valor de Ea é substituído na equação (§) para calcular “k”. Valor calculado é comparado com o valor experimental Cálculo do número de colisão: Baseado na teoria cinética dos gases. Em uma mistura gasosa de A e B, o número de choques entre 1 molécula A e 1 B em 1 cm3 por segundo é: nA e nB = moléc/cm 3 ; MA e MB = massa molecular de A e B σAB = diâmetro de colisão médio de A e B 44 Tem-se que Z0 = Z / nA nB, substituindo na equação anterior: Z0 representa o nº de colisões por unidade de volume e por unidade de tempo, quando a [reagentes] = 1, ou seja, Z0 = Z. EX: Um caso simples em que duas moléculas de reagentes são idênticas, como na reação 2HI → H2 + I2, a equação pode ser reduzida para: Para obter essa equação, a eq. (@) divida por 2, pois na eq. (@) o nº de colisões foi considerado as colisões das moléculas A ou B. No caso do HI: as moléculas são iguais, portanto o nº de colisões deve ser a metade da eq. (@) Z0 é expresso em cm3 molec-1 s-1 na eq. (@), enquanto que k na eq. (§) é expresso em L mol-1 s-1. Para substituir Z0 na eq. (§): Z0 x N/1000 = (cm3 moléc-1 s-1) x (moléc mol-1)/(cm3/L) = L mol-1 s-1 N é nº de Avogadro (6,022x1023) 45 O cálculo do diâmetro de colisão é feito utilizando a seguinte equação: σ é o diâmetro de colisão médio; η é a viscosidade do gás; ρ é a densidade do gás e n é nº de moléculas por cm3. σ varia de 0,1 nm até 1 nm. (n = 10-9) Gás σ (nm) Gás σ (nm) H2 0,25 Cl2 0,45 He 0,22 HI 0,35 HCl 0,29 CO2 0,42 N2 0,35 Hg 0,63 O2 0,34 C6H6 0,75 Alguns valores de diâmetro de colisão, obtidos por medidas de viscosidade OBS.: σAB = ½ (σA + σB) 46 Cálculo da Constante de velocidade Para calcular “k”, Z0 e Ea são obtidos pelas equações: Então “k” é calculado pela equação abaixo e comparado com o valor experimental: Eq. (§) prediz “k” para reações simples. EX. Para a reação de 2ª ordem: 2 HI → H2 + I2 a 283 °C, a Ea = 184 kJ foi calculado a partir da variação da velocidade com T. σHI = 0,35 nm = 3,5 x 10 -8 cm (tabela). Na temperatura de 556 K (283 + 273). R = 8,314 x 107 erg/mol K. 47 Substituindo Z0 na equação (§): kexp = 3,50 x 10 -7 L mol-1 s-1 Extensão da teoria das colisões para reações em solução O “nº de colisão” (Z°) Gases - Moléculas Incompressíveis; - Não exercem forças entre si; - Não são influenciadas por outras. SOLUÇÕES IDEAIS POSSUEM VALOR EXP PRÓXIMO DO TEÓRICO. Reagentes Solvente Ea (kJ) Log A (exp) Log A (calculado) C2H5ONa + CH3I Etanol 82 11,3 11,2 C2H5Br + OH - Etanol 90 11,6 11,5 48 Falha da teoria das colisões Há casos que as velocidades diferem dos valores previstos pela teoria. Portanto, a equação do nº de colisões é: P é denominado de fator estérico ou fator de probabilidade = kexp / kteo Alguns casos falhos: a) Muitas vezes, além da Ea, é necessário que as moléculas apresentem uma orientação determinada (moléculas com grande dimensão): Br NO2 + OH - OH NO2 + Br - etanol “Molécula grande” Em teorias mais avançadas a ENTROPIA deve ser considerada. Neste caso o valor de P é baixo. 49 b) As reações podem ocorrer por mecanismo em cadeia, no qual os produtos de uma reação se tornam reagentes de outra. Ocasiona valores altos de P c) Em Reações que ocorrem na superfície de catalisadores, a teoria das colisões não pode ser aplicada. A reação independe do nº de choques na fase gasosa TEORIA DO ESTADO DE TRANSIÇÃO: Reações químicas ocorrem através de um estado de transição em equilíbrio termodinâmico com os reagentes: A + B C# produtos Em que # indica o estado de transição. A velocidade de reação é proporcional à c#, concentração de moléculas ativadas. 50 c# é determinado pela constante de equilíbrio químico. Sendo a, b e c# as concentrações de A, B e C#, a constante de equilíbrio K# no tempo t é: K# = c# / ab ou c# = K#ab Como a velocidade é proporcional a c#: em que m é cte de proporcionalidade Por definição a velocidade de uma reação 2º ordem: Relacionando as equações anteriores: Da mecânica estatística e mecânica quântica: em que N o nº de Avogadro e h é a cte de Planck (6,63x10-34 J s) O fator RT/Nh é o mesmo para todas as moléculas 51 Essa equação não possui utilidade direta K# não pode ser medido experimentalmente Entretanto, sendo K# a cte de equilíbrio termodinâmico: Rearranjando a equação anterior: Expressão da cte de velocidade obtida pela Teoria do Estado de Transição. 52 Comparando as equações obtidas pela teoria das colisões e do estado de transição: Equivalentes: aumento da entalpia na formação do estado de transição a partir dos reagentes é a Ea. A diferença básica é: Permite a interpretação dos desvios na teoria das colisões pela variação de entropia de formação do estado de transição Se a reação requer uma orientação específica dos reagentes ↔ estado de transição é mais ordenado que o inicial. Veloc. Pela TET será menor que a prevista pela TCol., o que REALMENTE OCORRE. (P < 1) 53 Reações gasosas unimoleculares: Ea distribuída entre várias ligações no ET. Pequenas variações de entropia resultam em um efeito cinético apreciável. EX: Um ∆S# = 83 J mol-1 K-1: Dessa forma, P obtido pela teoria das colisões é da ordem de 104. Se ∆S# = 160 J mol-1 K-1, que é menor que a entropia de um gás diatômico na CNTP, P seria da ordem de 108. Quando o mecanismo de reação é o mesmo em solução e em fase gasosa (não há solvatação), ∆S# = ∆H# para as 2 reações. Razão de reação em fase gasosa e em solução terem velocidades iguais. 54 Variação de velocidade de reação pode ser interpretada em termos de ENERGIA e ENTROPIA de ATIVAÇÃO ENERGIA DE ATIVAÇÃO: é relativa a força das ligações que são rompidas e formadas no estado de transição. (Influenciada pela solvatação) Varia entre 40 e 320 kJ: Em temperatura ambiente essa variação na Ea gera uma diferença de 10 50 nas constantes de velocidade. Ea é um fator determinante da velocidade de reação. ENTROPIA DE ATIVAÇÃO: Essencial em reações que envolvem orientação molecular. Alguns casos pode causar variações nas velocidades de reação por fator de 1010. Teoriado estado de transição reduz o problema da previsão das velocidades de reação a problemas de previsão de energias e entropias de ativação. 55 REAÇÕES EM CADEIA São reações que envolvem outro tipo de espécie molecular, conhecido como RADICAL LIVRE. RADICAL LIVRE: molécula ou íon que apresenta um ou mais elétrons desemparelhados (não-emparelhados). REATIVIDADE QUÍMICA ELEVADA EX.: H∙ Hidrogênio Atômico HO∙ Hidroxila CH3∙ Metila CH3CO∙ Acetila Não podem ser obtidos em altas concentrações → Recombinação. O2, NO e NO2 possuem elétrons desemparelhados, mas NÃO são considerados como radicais livres!!! São estáveis no estado puro e possuem reatividade normal. 56 As características importantes dos radicais livres, na cinética são: a) Elevada reatividade possibilita reações dificilmente realizadas por moléculas estáveis; b) A reação de um radical livre e uma molécula sempre gera um radical livre entre os produtos; O∙ + H2 → OH∙ + H∙ HO∙ + H∙ → H2O REAÇÃO EM CADEIA: Série de reações consecutivas, nas quais um produto resultante de uma etapa torna-se um reagente na etapa seguinte. Moléculas desse tipo são denominadas transportadoras de cadeia (Radical Livre) 57 EX1: A formação de HCl na presença de luz solar ocorre rapidamente de acordo com o mecanismo abaixo proposto por Nernst: Cl2 → Cl∙ + Cl∙ Cl∙ + H2 → HCl + H∙ H∙ + Cl2 → HCl + Cl∙ A reação continuará até que: Todo H2 ou Cl2 seja consumido; H∙ + H∙ → H2 H∙ + Cl∙ → HCl As reações em cadeia ocorrem em três etapas: 1º.Iniciação: Formação de radicais livres a partir de moléculas normais; 2º.Propagação: As moléculas de reagentes são transformadas em produtos sem variação do nº total de radicais livres. (Podem haver variações na espécie do radical); 3º.Término: Os radicais se combinam formando moléculas normais. Os radicais livres sejam “destruídos” por recombinação, por exemplo: 58 Efeito “Chaperon”: Necessidade da presença de um terceiro “corpo” nas reações de recombinação de radicais. • Deve haver um terceiro “corpo” para absorver a energia liberada pela recombinação: H∙ + H∙ → H2 ∆H = - 452 kJ/mol Altamente EXOTÉRMICA TERCEIRO “CORPO” pode ser: Exige uma colisão entre três corpos, bastante improvável - Moléculas da superfície (paredes) do recipiente - Outras moléculas pertencentes à fase gasosa. OU 59 EX2: A formação de HCl de acordo com o mecanismo proposto por Polanyi: Passagem de gás H2 sobre sódio fundido e posterior reação com Cl2 no mesmo recipiente. Na + Cl2 → NaCl + Cl∙ Cl∙ + H2 → HCl + H∙ H∙ + Cl2 → HCl + Cl∙ Cada átomo de sódio forma 1 radical livre que inicia a reação. As reações em cadeia possuem um cinética complexa, mas em alguns casos podem apresentar ordem de reação simples. Considere a decomposição térmica do éter dietílico cuja a cinética é de 1ª ordem: C2H5OC2H5 → C2H6 + CH3CHO Essa reação apresenta um mecanismo com 4 etapas, que envolvem 2 radicais livres. A decomposição do aldeído acético, no entanto, possui um mecanismo relativamente simples com uma ordem de reação 3/2. 60 Mecanismo: Iniciação: (I) CH3CHO CH3∙ + CHO∙ k1 CH3CHO + CH3∙ CH4 + CO + CH3∙ k2 2CH3∙ C2H6 k3 Propagação: (II) Término: (III) 2CHO∙ 2CO + H2 k4 Os k’s são as constantes de velocidade relativas às varias etapas de reação. A reação total é: , com traços de C2H6 e H2. CH3CHO CH4 + CO Velocidade de formação (CH3∙) = k1[CH3CHO] Veloc de formação (CH3∙) = Veloc de “destruição” (CH3∙) = k3[CH3∙] 2 Rearranjando as equações acima [CH3∙] = {(k1/k3)[CH3CHO]} 1/2 Como a veloc de formação dos produtos é regida pela reação (II): Veloc total = k2[CH3CHO][CH3∙] = k2 (k1/k3) 1/2 [CH3CHO] 3/2 Portanto, a reação é de ordem 3/2. 61 As reações em cadeia também podem ocorrer em fase líquida. EX.: Processos industriais de formação de materiais poliméricos, como a polimerização de moléculas de forma RCH=CH2, em que R é um grupo substituinte na molécula de etileno. X∙ + RCH=CH2 RXCH-CH2∙ RXCH-CH2∙ + RCH=CH2 RXCH-CH2-RXCH-CH2∙ O processo é repetido “n” vezes, formando: RXCHCH2(RCHCH2)n∙ A reação eventualmente termina por recombinação de radicais. Cinética complexa, mas o mecanismo apresenta aspectos comuns de iniciação, propagação e término, característicos de reações em cadeia. R Polímero H Polietileno CH3 Polipropileno Cl Cloreto de Polivinila (PVC) OCOCH3 Acetato de Polivinila (PVA) C6H5 Poliestireno. 62 CATÁLISE Aumenta a velocidade de uma reação química; Participa da reação, mas apresenta-se quimicamente inalterado no fim da reação. Experiências mostram que a velocidade de uma reação pode ser aumentada pela presença de uma outra substância que NÃO é consumida na reação ↔ CATALISADOR. Um catalisador apresenta as seguintes características: PODE SOFRER ALTERAÇÕES FÍSICAS Não altera a entalpia, a energia livre nem a constante de equilíbrio da reação. A VELOC DA REAÇÃO INVERSA TAMBÉM AUMENTA 63 A partir da equação de Arrhenius: os catalisadores aumentam k através do aumento de A ou da diminuição de Ea. • Os catalisadores podem agir aumentando o número de colisões efetivas. Os catalisadores atuam diminuindo a Ea da reação. 64 Existem dois tipos de catalises: Homogênea e Heterogênea Catálise homogênea: O catalisador está na mesma fase que os reagente e produtos. Não há efeitos de superfície; A veloc independe da natureza da superfície e da relação área superficial volume O catalisador forma um composto com um dos reagentes, antes de ser regenerado; O efeito cinético pode ser medido diretamente pela concentração do catalisador. 65 EX.: O peróxido de hidrogênio decompõe-se muito devagar: 2H2O2(aq) → 2H2O(l) + O2(g) Na presença do íon brometo, a decomposição ocorre rapidamente: 2Br-(aq) + H2O2(aq) + 2H + (aq) → Br2(aq) + 2H2O(l) Br2(aq) + H2O2(aq) → 2Br - (aq) + 2H + (aq) + O2(g) O íon Br- é um catalisador porque ele pode ser recuperado no final da reação. Um catalisador pode adicionar intermediários à reação. EX: Na presença de Br-, Br2(aq) é produzido como um intermediário na decomposição de H2O2: 2Br-(aq) + H2O2(aq) + 2H + (aq) → Br2(aq) + 2H2O(l) Br2(aq) + H2O2(aq) → 2Br - (aq) + 2H + (aq) + O2(g) 66 Catálise Heterogênea: Em muitos processos industriais as reações ocorrem sobre uma superfície sólida e não uniforme, numa fase gasosa ou líquida Reações Heterogêneas A primeira etapa é a adsorção (a ligação de moléculas do reagente à superfície do catalisador). As espécies adsorvidas são + reativas que as “livres”. As moléculas são adsorvidas nos sítios ativos na superfície do catalisador. 67 Mecanismo envolve uma superfície ↔ a velocidade da reação depende das concentrações dos reagentes e da área da superfície; Os catalisadores são usados de forma finamente dividida, ou seja, com uma grande área superficial Catalisadores sólidos são extremamente específicos; Sólidos diferentes resultam em velocidades que diferem por várias potências de 10. Podem formar produtos DIFERENTES a partir do MESMO REAGENTE INICIAL C2H5OH C2H4 + H2O Al2O3 C2H5OH CH3CHO + H2Cobre 68 HCOOH CO + H2O Al2O3 HCOOH CO2 + H2 Cobre A formação de produtos diferentes mostra que os átomos da superfície do sólido estão envolvidos no mecanismo da reação. A função das superfícies sólidas foi explicada por Langmuir: moléculas adsorvidas são mantidas por ligações químicas ↔ Adsorção Química O catalisador diminui a Ea pelo fato de adsorver o gás em determinadas posições da superfície. É provável que dois ou mais sítios ativos vizinhos adsorvam a molécula por processo cooperativo Resulta em distensões de algumas ligações, levando a molécula adsorvida ao estado de transição Catalisadores ≠s podem adsorver uma determinada molécula de vários modos diferentes, produzindo produtos ≠s 69 A adsorção depende do espaçamento dos sítios ativos da superfície ↔ natureza química. Reação Catalisador Ea (Homogênea) kJ Ea (Heterogênea) kJ 2 HI → H2 + I2 Platina 184 59 2 N2O → 2 N2 + O2 Ouro 245 121 2 NH3 → N2 + 3 H2 Tungstênio 335 163 CH4 → C + 2 H2 Platina 335 230 Catálise Enzimática: Enzimas são catalisadores biológicos que possuem estrutura proteica. • Enzimas são macromoléculas cuja as reações ocorrem em sua superfície. 70 • Muitas vezes, a atividade das enzimas depende da presença de um co-fator ou co-enzima; • Alta seletividade (especificidade) ↔ Modelo chave-fechadura (Emil Fischer, 1894); • Os substratos sofrem reação no sítio ativo de uma enzima; • As reações assemelham-se mais com aquelas que ocorrem em catalises homogêneas. Estado de Transição 71 Koshland (1958): Encaixe Induzido • O nº de moléculas catalisadas por enzimas é de 103 a 107 por segundo. Estado de Transição EX.: A hidrólise da Uréia sem e com a enzima Urease: CO(NH2)2(aq) + 2H2O(aq) → CO2 + 2NH3 Ea = 104 kJ/mol CO(NH2)2(aq) + 2H2O(aq) → CO2 + 2NH3 Ea = 29 kJ/mol Urease 72
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