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Aula de Controle de Constitucionalidade 01 (1)

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Aula 1
Controle de Constitucionalidade 
Controle de constitucionalidade é a verificação de compatibilidade ou adequação entre um ato jurídico qualquer (atos normativos e entre eles a lei) e a Constituição, no aspecto formal e material.
OBJETIVO:
O controle de constitucionalidade serve para assegurar a supremacia da Constituição. 
Só podemos falar em controle quando há um escalonamento normativo, isto é, quando há uma norma em posição hierarquicamente superior dando fundamento de validade para as demais.
OBJETIVO:
As normas constitucionais possuem um nível máximo de eficácia, obrigando os atos inferiores a guardar uma relação de compatibilidade vertical para com elas. 
Se não for compatível, o ato será inválido (nulo), daí a inconstitucionalidade ser a quebra da relação de compatibilidade. 
“é o conjunto de forças políticas, econômicas, ideológicas, etc., que conforma a realidade social de determinado Estado, configurando a sua particular maneira de ser”. 
Celso Ribeiro Bastos
“A constituição do Estado, considerada sua lei fundamental, seria, então, a organização dos seus elementos essenciais: um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e o exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais do homem e as respectivas garantias. 
Em síntese, a constituição é o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado.” 
José Afonso da Silva
Constituição Material - As normas materialmente constitucionais são aquelas que têm a capacidade de organizar o Estado com o regime político ou a concreta situação do conjunto da unidade política e ordenação social de determinado Estado. 
Em suma, tem o condão de organizar a estrutura do Estado, na distribuição e organização do poder, a forma de governo, os direitos e garantias fundamentais, de modo que, representa toda a estrutura mínima, necessária e essencial para a formação de qualquer Estado. 
Constituição Formal - Constituição formal é o conjunto de normas jurídicas que são elaboradas sob um rito especial e solene sendo constitucional apenas porque está inserida na Constituição.
O sistema constitucional brasileiro é um conjunto normativo aberto de regras e princípios que formam uma unidade coordenada, harmoniosa e coesa, pautando sempre numa supremacia das normas constitucionais. 
Apesar do sistema jurídico possibilitar a sua apresentação de forma aberta, permitindo assim, uma ampliação do paradigma do controle de constitucionalidade, uma vez que as respostas dos problemas surgidos podem ser obtidos em normas constitucionais dispersas do ordenamento jurídico.
Bloco de Constitucionalidade
No Brasil, o bloco de constitucionalidade poder ser entendido como o conjunto de regras, princípios, valores constitucionais, dispositivos dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), Emendas Constitucionais e tratados internacionais com hierarquia constitucional (art. 5º, §3º, CR/88), que servem como parâmetro para controle de constitucionalidade. 
Bloco de Constitucionalidade
No direito brasileiro, são normas-parâmetro do controle de constitucionalidade: 
as normas da CF original; 
as Emendas à Constituição (normas constitucionais derivadas); 
os princípios constitucionais implícitos (como o da proporcionalidade, ou da supremacia do interesse público, por exemplo); e 
os tratados internacionais de direitos humanos aprovados com força de Emenda à Constituição (CF, art. 5º, § 3º).
bloco de constitucionalidade em sentido amplo
Bloco de Constitucionalidade
O bloco de constitucionalidade em sentido estrito seriam apenas as normas materialmente constitucionais, mas implícitas na CF.
Bloco de Constitucionalidade
“O bloco de constitucionalidade expande as disposições dotadas de valor constitucional, ampliando, pois, os direitos e as liberdades públicas, abrindo espaço para o crescimento e fortalecimento dos direitos fundamentais do homem. 
O bloco de constitucionalidade pode ser entendido como o conjunto normativo que contém disposições, princípios e valores materialmente constitucionais fora do texto da Constituição formal.” 
JOSINO NETO, Miguel
Bloco de Constitucionalidade
A própria Constituição brasileira de 1988 abre, de forma expressa, espaço para essa interpretação ao fixar em seu artigo 5º, §§2º e 3º, este com redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, o seguinte:
 
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais
Bloco de Constitucionalidade
"Todos os actos normativos devem estar em conformidade com a Constituição (art. 3.º/3). Significa isto que os actos legislativos e restantes actos normativos devem estar subordinados, formal, procedimental e substancialmente, ao parâmetro constitucional. Mas qual é o escalão normativo de acordo com o qual se deve controlar a conformidade dos actos normativos? As respostas a este problema oscilam fundamentalmente entre duas posições:
Bloco de Constitucionalidade
	
(1) o parâmetro constitucional equivale à constituição escrita ou leis com valor constitucional formal, e daí que a conformidade dos actos normativos só possa ser aferida, sob o ponto de vista da sua constitucionalidade ou inconstitucionalidade, segundo as normas e princípios escritos da constituição (ou de outras leis formalmente constitucionais); 
Bloco de Constitucionalidade
	
(2) o parâmetro constitucional é a ordem constitucional global, e, por isso, o juízo de legitimidade constitucional dos actos normativos deve fazer-se não apenas segundo as normas e princípios escritos das leis constitucionais, mas também tendo em conta princípios não escritos integrantes da ordem constitucional global.
Bloco de Constitucionalidade
Na perspectiva (1), o parâmetro da constitucionalidade (=normas de referência, bloco de constitucionalidade) reduz-se às normas e princípios da constituição e das leis com valor constitucional; 
para a posição (2), o parâmetro constitucional é mais vasto do que as normas e princípios constantes das leis constitucionais escritas, devendo alargar-se, pelo menos, aos princípios reclamados pelo 'espírito' ou pelos 'valores' que informam a ordem constitucional global.“ 
J.J. Gomes Canotilho
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. INSTRUMENTO DE AFIRMAÇÃO DA SUPREMACIA DA ORDEM CONSTITUCIONAL. O PAPEL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL COMO LEGISLADOR NEGATIVO. A NOÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE/INCONSTITUCIONALIDADE COMO CONCEITO DE RELAÇÃO. A QUESTÃO PERTINENTE AO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE. POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS DIVERGENTES EM TORNO DO SEU CONTEÚDO. O SIGNIFICADO DO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE COMO FATOR DETERMINANTE DO CARÁTER CONSTITUCIONAL, OU NÃO, DOS ATOS ESTATAIS. NECESSIDADE DA VIGÊNCIA ATUAL, EM SEDE DE CONTROLE ABSTRATO, DO PARADIGMA CONSTITUCIONAL ALEGADAMENTE VIOLADO. SUPERVENIENTE MODIFICAÇÃO/SUPRESSÃO DO PARÂMETRO DE CONFRONTO. PREJUDICIALIDADE DA AÇÃO DIRETA. 
"A busca do paradigma de confronto, portanto, significa, em última análise, a procura de um padrão de cotejo, que, ainda em regime de vigência temporal, permita, ao intérprete, o exame da fidelidade hierárquico-normativa de determinado ato estatal, contestado em face da Constituição.
 
 
Esse processo de indagação, no entanto, impõe que se analisem dois (2) elementos essenciais à compreensão da matéria ora em exame. De um lado, põe-se em evidência o elemento conceitual, que consiste na determinação
da própria idéia de Constituição e na definição das premissas jurídicas, políticas e ideológicas que lhe dão consistência. De outro, destaca-se o elemento temporal, cuja configuração torna imprescindível constatar se o padrão de confronto, alegadamente desrespeitado, ainda vige, pois, sem a sua concomitante existência, descaracterizar-se-á o fator de contemporaneidade, necessário à verificação desse requisito.
 
No que concerne ao primeiro desses elementos (elemento conceitual), cabe ter presente que a construção do significado de Constituição permite, na elaboração desse conceito, que sejam considerados não apenas os preceitos de índole positiva, expressamente proclamados em documento formal (que consubstancia o texto escrito da Constituição), mas, sobretudo, que sejam havidos, igualmente, por relevantes, em face de sua transcendência mesma, os valores de caráter suprapositivo, os princípios cujas raízes mergulham no direito natural e o próprio espírito que informa e dá sentido à Lei Fundamental do Estado.
(...)
Sob tal perspectiva, que acolhe conceitos múltiplos de Constituição, pluraliza-se a noção mesma de constitucionalidade/inconstitucionalidade, em decorrência de formulações teóricas, matizadas por visões jurídicas e ideológicas distintas, que culminam por determinar - quer elastecendo-as, quer restringindo-as - as próprias referências paradigmáticas conformadoras do significado e do conteúdo material inerentes à Carta Política.
ADI 1588 / UF - UNIÃO FEDERAL AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento: 11/04/2002
Ao julgar a questão pertinente à hierarquia jurídica das convenções internacionais em matéria de direitos humanos (HC 87.585/TO, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – HC 96.772/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RE 349.703/RS, Red. p/ o acórdão Min. GILMAR MENDES – RE 466.343/SP, Rel. Min. CEZAR PELUSO), sustentei-lhes a natureza constitucional, apoiando-me, para tanto, na própria ideia de bloco de constitucionalidade. 
 
05/11/2015 PLENÁRIO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 603.616 RONDÔNIA RELATOR : MIN. GILMAR MENDES RECTE.(S) :PAULO ROBERTO DE LIMA ADV.(A/S) :JEOVA RODRIGUES JUNIOR RECDO.(A/S) :MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE RONDÔNIA AM. CURIAE. :DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PROC.(A/S)(ES) :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO A M. CURIAE . : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO PROC.( A / S)(ES ) : DEFENSOR PÚBLICO -GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
Pressupostos do controle de constitucionalidade
Existência de uma Constituição formal e rígida;
O entendimento da Constituição como uma norma rígida fundamental (que confere fundamento de validade para o restante do ordenamento);
A existência de, pelo menos, um órgão dotado de competência para a realização da atividade de controle;
Uma sanção para a conduta (positiva ou negativa) realizada contra (em desconformidade) a Constituição.
Requisitos para o controle de constitucionalidade:
Que haja uma inconstitucionalidade (quebra da relação de compatibilidade com a Constituição) formal ou material.
controle de validade das normas
Controle de
Legalidade
Controle de
Constitucionalidade
Controle de
Convencionalidade
Norma-parâmetro
Lei (ou outro ato de hierarquia legal)
Constituição + EC +
tratados com força
de EC + princípios
implícitos
Tratados comforça supralegal+ tratados com força de EC
Norma-objeto
Atos infralegais
(contratos, atos
administrativos,
etc.)
Qualquer ato infraconstitucional
(mas sempre se contrariar diretamente a CFou outranorma do bloco de constitucionalidade)
Atos de hierarquia
legal ou infralegal
Exemplo
Decreto regulamentar que exorbita o que diz a lei (deve ser declarado ilegal)
Lei ordinária que contraria a Constituição (deve ser declarada inconstitucional)
Lei ordinária que contraria umtratado dehierarquia supralegal ou constitucional (deve ser declarada ilícita ou “inconvencional”)
Espécies de controle de constitucionalidade
 Inconstitucionalidade formal: A norma é elaborada em desconformidade com as regras de procedimento, independentemente de seu conteúdo. 
A norma possui um vício em sua forma, ou seja, em seu processo de formação. 
 Inconstitucionalidade formal: É também chamada nomodinâmica pois, por natureza o processo legislativo pressupõe dinamismo, ação, como decorrência das necessárias propostas, estudos, discussões, debates e votações que precedem a aprovação de uma norma.
Inconstitucionalidade formal orgânica: envolve o descumprimento de regras de competência prevista na CR/88 para a produção a produção do ato. 
Exemplos: Somente o ente federativo (UNIÃO) pode legislar sobre bingos e loterias, conforme interpretação do STF. 
Se um estado vier a legislar sobre tal matéria, haverá um vício formal orgânico. 
A regulamentação de mototáxis também é da competência da União. 
Assim sendo, leis municipais não podem legislar sobre mototaxistas.
 Inconstitucionalidade formal por descumprimento dos pressupostos objetivos do ato previstos na CR/88: Vício nos pressupostos objetivos para a edição do ato legislativo. 
Existem pressupostos definidos na Constituição que devem ser entendidos como elementos determinantes de competência para órgãos legislativos no exercício da função legiferante. 
Exemplo: Editar Medidas Provisória sem cumprir a exigência de relevância e urgência.
 Inconstitucionalidade formal propriamente dita: ocorre por inobservância das normas do processo legislativo previstas nos arts. 59 a 69 da CR/88. 
Nesse caso, irá ocorrer o descumprimento do devido processo legislativo constitucional. 
Subjetiva: O vício encontra-se no poder de iniciativa. 
Ex: Segundo o artigo 61, I da Constituição Federal, é de iniciativa do Presidente da República as leis que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas. 
Se um Deputado Federal apresentar este projeto de lei, haverá vicio formal.
A Representação nº 890/74 julgada pelo STF definiu o afastamento da aplicação da Súmula nº 5 do próprio STF, que prelecionava que a sanção do Executivo teria o condão de suprir o vício de iniciativa.
Objetiva: O vício não se encontra no poder de iniciativa, mas sim nas demais fase do processo legislativo (constitutiva e complementar). 
Ex: Lei complementar votada por um quórum de maioria relativa. 
Possui um vício formal objetivo, pois deveria ser votada por maioria absoluta.
 Inconstitucionalidade material (substanciais): A norma é elaborada em conformidade com as regras de procedimento, mas o seu conteúdo está em desconformidade com a Constituição, isto é, a matéria está tratada de forma diversa da Constituição. 
Como a inconstitucionalidade ocorre por desrespeito ao direito positivo, já posto, é denominada nomoestática.
É importante salientar, na esteira de Gomes Canotilho e Gilmar Mendes e da própria jurisprudência pátria, que, no Brasil a inconstitucionalidade material ou substancial não irá ocorrer apenas quando houver uma contrariedade entre um ato normativo e o seu parâmetro constitucional, pois também podemos detectar a inconstitucionalidade material na análise de “desvio de poder ou do excesso de poder legislativo”
 
“É possível que o vício de inconstitucionalidade substancial decorrente do excesso de poder legislativo constitua um dos mais tormentosos temas do controle de constitucionalidade hodierno. 
Cuida-se de aferir a compatibilidade da lei com os fins constitucionalmente previstos ou de constatar a observância do princípio da proporcionalidade, isto é, de se proceder à censura sobre a adequação e a necessidade do ato legislativo”. 
 
“A doutrina identifica como típica manifestação do excesso de poder legislativo a violação ao princípio da proporcionalidade ou da proibição
de excesso (Verhältnismässigkeitsprinzip; Ubermassverbot), que se revela mediante contraditoriedade, incongruência,
e irrazoabilidade ou inadequação entre meios e fins.. 
No direito constitucional alemão, outorga-se ao princípio da proporcionalidade (Verhältnismässigkeit) ou ao princípio da proibição de excesso (Ubermassverbot), qualidade de norma constitucional não escrita, derivada do Estado de Direito. 
Nesse termos, o legislador não poderia atuar em excesso (devendo respeitar a proporcionalidade) e nem mesmo de forma insuficiente (devendo também respeitar a proporcionalidade).
 
Inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar
Prescreve o art. 55, §1º, da Constituição Federal:
“É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas asseguradas a membros do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas”.
Inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar
Como é possível perceber, a Carta Magna determina um comando ético-moral aos membros do Congresso Nacional de modo que a conduta dos parlamentares seja compatível com o decoro, ou seja, não deve agir com abuso das prerrogativas ou perceber vantagens indevidas no exercício da função legislativa.
Inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar
É cediço que durante o Governo Lula veio à tona o famoso escândalo do mensalão (AP nº 470). Um esquema de corrupção para compra de votos de parlamentares para votar de acordo com os objetivos do Executivo.
Inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar
Discorrendo sobre o tema, Pedro Lenza (2011, p. 235) lança a ideia de inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar com base no art. 55, §1º, da Constituição Federal, ao defender a possibilidade de reconhecimento desta espécie de inconstitucionalidade. 
Para o autor, trata-se de inconstitucionalidade já que a corrupção dos parlamentares, uma vez condenados pela Justiça, macula a essência do voto e o conceito de representatividade popular.
Inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar
É curial salientar que já houve decisão judicial (MS 0024.12.129.593-5) por via de exceção reconhecendo a reforma da previdência inconstitucional, tudo com base na condenação pelo STF no caso mensalão. 
“A reforma foi fruto não da vontade parlamentar, mas da compra de votos”, ressaltou o magistrado Geraldo Arantes, da 1ª Vara da Fazenda e Autarquias de Belo Horizonte. 
Inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar
Com fundamento na ideia de que houve compra de votos no caso mensalão, o Juiz Geraldo Claret de Arantes entendeu por bem anular os efeitos da reforma da previdência de 2003. 
Assim, decidiu por restituir o benefício integral da viúva de um pensionista.
Inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar
Em prosseguimento, o Juiz da 1ª vara da fazendo da comarca de Belo Horizonte segue a tese de Lenza sobre a inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar e entendeu que a aprovação da Emenda Constitucional nº41/2003 foi viciada. 
Na sentença, o juiz afirma: “A EC 41/2003 foi fruto não da vontade popular representada pelos parlamentares, mas da compra de tais votos”. 
Inconstitucionalidade por vício de decoro parlamentar
Na visão do juiz houve flagrantes violações à Constituição Federal (§1º do art. 55), bem como um afronte ao Código de Ética e Decoro Parlamentar (art. 4º, III e art. 5º, incisos II e III). 
E continua: “...mediante paga em dinheiro, para aprovação no parlamento da referida emenda constitucional que, por sua vez, destrói o sistema de garantias fundamentais do estado democrático de direito”.
Do mesmo modo, o fato de o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Penal nº. 470/MG, ter condenado Parlamentares em razão do apurado esquema de compra de votos no Congresso Nacional, por si só, não é suficiente a respaldar a conclusão de que a EC 41/03 é inconstitucional.
Isso porque do julgado proferido pela Suprema Corte não se pode inferir o liame absoluto entre a conduta criminosa declarada e a aprovação da mencionada Emenda Constitucional, cujo feito sequer transitou em julgado. 
É dizer, inexiste fundamento fático ou jurídico que autorize reconhecer que a alteração constitucional se fez vigente em razão tão só do estabelecimento de meios de captação de apoio político junto ao Congresso Nacional, mormente a se considerar que houve condenação de pequeno número de Parlamentares, de maneira que não há justificativa bastante para, desse fato, declarar que o processo de aprovação da Emenda foi conspurcado, restando incólume a debatida Emenda Constitucional. 
Acresça-se, ainda, que não se deve perder de vista que as instâncias civil e criminal são autônomas e as decisões de uma não têm o efeito automático na outra, como quer parecer o sentenciante, em razão da manifesta independência entre as áreas. 
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.12.129593-5/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - APELANTE(S): IPSEMG - APELADO(A)(S): ROBERTA VIEIRA SARAIVA - AUTORID COATORA: DIRETOR PREVIDÊNCIA INSITITUTO PREVIDÊNCIA SERVIDORES PÚBLIC, PRESIDENTE IPSEMG INSTITUTO PREVIDÊNCIA SERVIDORES ESTADO MG – DJ 18/06/2013
Inconstitucionalidade quanto à extensão da desconformidade da lei ou 
do ato normativo em relação à constituição
 Inconstitucionalidade total: Ocorre quando toda lei ou ato normativo se encontra em total inadequação à Constituição, ou seja, a declaração de inconstitucionalidade irá atingir a integralidade da lei ou do ato normativo.
Inconstitucionalidade quanto à extensão da desconformidade da lei ou 
do ato normativo em relação à constituição
Inconstitucionalidade parcial: Ocorre quando apenas partes da lei ou do ato normativo (alguns dispositivos normativos) contrariam a Constituição, devendo os mesmos serem declarados inconstitucionais. 
É importante salientar que o vício pode recair sobre um ou vários dispositivos ou sobre partes deles, inclusive uma única palavra. 
Inconstitucionalidade quanto à extensão da desconformidade da lei ou 
do ato normativo em relação à constituição
 Inconstitucionalidade parcial: 
Segundo Luís Roberto Barroso 
recorre ao STF (ADI MC nº 896-DF) para afirmar que a decisão que declara a inconstitucionalidade parcial não pode subverter o sentido da norma e 
a possibilidade do STF declarar a inconstitucionalidade de palavras ou expressões intitula-se princípio da parcelaridade no controle de constitucionalidade.
A doutrina pátria afirma que, em regra*, a inconstitucionalidade formal se relaciona com a inconstitucionalidade total, visto que o ato na sua origem (gênese) é eivado de inconstitucionalidade, devendo todo ele ser declarado inconstitucional. 
*exceção: uma lei ordinária que traga um dispositivo normativo reservado a lei complementar
Já a inconstitucionalidade material, em regra, pode ocorrer tanto com a declaração de inconstitucionalidade parcial (o que é inclusive mais comum) quanto com a inconstitucionalidade total.
Inconstitucionalidade
Superveniente 
Ocorre quando existem leis ou atos normativos vigorando (e em consonância) sob a base de uma Constituição que posteriormente é revogada por uma nova Constituição que não mais coaduna com essas leis ou atos normativos ou, ainda, quando o texto constitucional é alterado por meio de emenda constitucional.
Inconstitucionalidade
Superveniente 
Ou seja, com o “surgimento de uma nova Constituição ou com a alteração da atual por meio de emenda constitucional”, há uma alteração do parâmetro constitucional, fazendo com que legislações anteriores se tornem incompatíveis.
Inconstitucionalidade
Superveniente 
Para boa parte da doutrina e, sobretudo, para a jurisprudência atual do STF (ADI MC 2501-MG), não se trata de inconstitucionalidade, mas de revogação (tecnicamente denominada de “não recepção”) do direito anterior incompatível com a nova normatividade constitucional, devendo a questão ser resolvida pelo
âmbito do direito intertemporal.
Nesses termos, a questão versaria sobre a recepção ou não recepção dos atos normativos anteriores à luz da nova Constituição. 
Inconstitucionalidade
Superveniente 
Tradicionalmente, não cabe AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI) sobre lei ou ato normativo anterior à Constituição, caberá atualmente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, em consonância com a Lei nº 9882/1999.
A ação direta de inconstitucionalidade não se revela instrumento juridicamente idôneo ao exame da legitimidade constitucional de atos normativos do Poder Público que tenham sido editados em momento anterior ao da vigência da Constituição sob cuja égide foi instaurado o controle normativo abstrato. - A superveniência de uma nova Constituição não torna inconstitucionais os atos estatais a ela anteriores e que, com ela, sejam materialmente incompatíveis. Na hipótese de ocorrer tal situação, a incompatibilidade normativa superveniente resolver-se-á pelo reconhecimento de que o ato pré-constitucional acha-se revogado, expondo-se, por isso mesmo, a mero juízo negativo de recepção, cuja pronúncia, contudo, não se comporta no âmbito da ação direta de inconstitucionalidade. Doutrina. Precedentes
01/08/2014 PLENÁRIO A G .REG. NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.222 DISTRITO FEDERAL RELATOR : MIN. CELSO DE MELLO AGTE.( S ) : PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO - PSB ADV.( A / S ) : JOSÉ ANTONIO FIGUEIREDO DE ALMEIDA SILVA AGDO.( A / S ) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA ADV.( A / S ) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO AGDO.( A / S ) : CONGRESSO NACIONAL E M E N T A: CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO – A NOÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE-INCONSTITUCIONALIDADE COMO CONCEITO DE RELAÇÃO – A QUESTÃO PERTINENTE AO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE (ADI 514/PI, REL. MIN. CELSO DE MELLO – ADI 595/ES, REL. MIN. CELSO DE MELLO, v.g.) – DIREITO PRÉ-CONSTITUCIONAL – CÓDIGO ELEITORAL, ART. 224 – INVIABILIDADE DESSA FISCALIZAÇÃO CONCENTRADA EM SEDE DE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – AÇÃO DIRETA NÃO CONHECIDA – PARECER DA PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA PELO NÃO PROVIMENTO – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO . 
O sistema jurídico brasileiro contempla a figura da constitucionalidade superveniente? 
Não
A constitucionalidade superveniente ocorre quando uma norma inconstitucional, ao tempo de sua edição, torna-se compatível devido à mudança do parâmetro constitucional. 
O entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal é o de que a lei inconstitucional é ato nulo, assim a vício de origem é insanável. 
A modificação do parâmetro constitucional não tem o condão de convalidar uma lei originariamente inconstitucional, que já nasceu morta. 
Neste sentido, RE 346084 /PR: 
CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE – 
ARTIGO 3º , § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 - EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. 
O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente.
“Em nosso ordenamento jurídico, não se admite a figura da constitucionalidade superveniente. Mais relevante do que a atualidade do parâmetro de controle é a constatação de que a inconstitucionalidade persiste e é atual, ainda que se refira a dispositivos da CF que não se encontram mais em vigor. Caso contrário, ficaria sensivelmente enfraquecida a própria regra que proíbe a convalidação. A jurisdição constitucional brasileira não deve deixar às instâncias ordinárias a solução de problemas que podem, de maneira mais eficiente, eficaz e segura, ser resolvidos em sede de controle concentrado de normas. 
A Lei estadual 12.398/1998, que criou a contribuição dos inativos no Estado do Paraná, por ser inconstitucional ao tempo de sua edição, não poderia ser convalidada pela EC 41/2003. E, se a norma não foi convalidada, isso significa que a sua inconstitucionalidade persiste e é atual, ainda que se refira a dispositivos da CF que não se encontram mais em vigor, alterados que foram pela EC 41/2003. 
Superada a preliminar de prejudicialidade da ação, fixando o entendimento de, analisada a situação concreta, não se assentar o prejuízo das ações em curso, para evitar situações em que uma lei que nasceu claramente inconstitucional volte a produzir, em tese, seus efeitos, uma vez revogada as medidas cautelares concedidas já há dez anos.” 
(ADI 2.158 e ADI 2.189, Rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 15-9-2010, Plenário, DJE de 16-12-2010.) No mesmo sentido: RE 390.840, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 9-11-2005, Plenário, DJ de 15-8-2006. 
Inconstitucionalidade antecedente 
ou imediata (direta)
É aquela que viola frontalmente (diretamente, sem intermediação de outra norma) a Constituição, e isso só se dá com normas jurídicas primárias, ou seja, normas gerais, abstratas e impessoais que inovam no ordenamento jurídico. 
Inconstitucionalidade antecedente 
ou imediata (direta)
São normas que advém do processo legislativo e estão elencadas, na sua maioria, no art. 59 da Constituição e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal quando interpreta que tal ato normativo tem caráter primário. 
Portanto, o que interessa é que a norma seja lei em sentido material, que tenha aptidão para inovar na ordem jurídica e não apenas meramente um ato regulamentar, ainda que formalmente seja outra espécie normativa.  
Inconstitucionalidade indireta por arrastamento ou consequente
É o fenômeno que se dá quando o ato secundário viola a constituição porque regulamenta um ato primário que é inconstitucional. 
Se um decreto (ato secundário) regulamenta uma lei (ato primário) que é declarada inconstitucional, este decreto será inconstitucional por arrastamento, mas não pode ser objeto único do pedido. 
Se a lei é inconstitucional consequentemente o seu regulamento também o será.   
Inconstitucionalidade indireta por arrastamento ou consequente
A inconstitucionalidade desse ato normativo decorre não de sua incompatibilidade direta com a Constituição, mas de inconstitucionalidade de uma outra norma que guarda relação de dependência (instrumentalidade) com a mesma.
Inconstitucionalidade indireta reflexa (mediata, ou por via obliqua) 
Consiste na incompatibilidade de uma norma infralegal com um decreto expedido pelo Chefe do Executivo (ou uma resolução) com a lei a que o mesmo se relaciona ou se reporta e, por via reflexa ou mediata (indireta), com a própria Constituição.
O STF considera esse tipo de incompatibilidade como ilegalidade (crise de ilegalidade) e não inconstitucionalidade. 
"Ação direta. Portaria n. 796/2000, do Ministro de Estado da Justiça. Ato de caráter regulamentar. Diversões e espetáculos públicos. Regulamentação do disposto no art. 74 da Lei federal n. 8.069/90 — Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ato normativo não autônomo ou secundário. Inadmissibilidade da ação. Inexistência de ofensa constitucional direta. Eventual excesso que se resolve no campo da legalidade. Processo extinto, sem julgamento de mérito. Agravo improvido. Votos vencidos. Precedentes, em especial a ADI n. 392, que teve por objeto a Portaria n. 773, revogada pela Portaria n. 796. Não se admite ação direta de inconstitucionalidade que tenha por objeto ato normativo não autônomo ou secundário, que regulamenta disposições de lei." (ADI 2.398-AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 25-6-07, DJ de 31-8-07).
Inconstitucionalidade circunstancial
Trata-se da declaração de inconstitucionalidade da norma produzida pela incidência da regra sobre uma determinada situação específica. 
É possível cogitar de situações nas quais um enunciado normativo, válido em tese e na maior parte de suas incidências, ao ser confrontado com determinadas circunstâncias concretas, produz uma norma inconstitucional.
Inconstitucionalidade circunstancial
A inconstitucionalidade não seria patente ou clara na norma, mas sim excepcional, e somente se mostraria de forma explícita se presentes determinadas circunstâncias fáticas. 
Ou seja, na maior parte das hipóteses de incidência a norma é válida
e constitucional, porém, se aplicada diante de específicas circunstâncias, seria considerada inconstitucional.
Em conclusão, o Tribunal, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação declaratória de constitucionalidade, proposta pelo Presidente da República e pelas Mesas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, para declarar a constitucionalidade do art. 1º da Lei 9.494/97 ("Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do Código de Processo Civil o disposto nos arts. 5º e seu parágrafo único e 7º da Lei 4.348, de 26 de junho de 1964, no art. 1º e seu § 4º da Lei 5.021, de 9 de junho de 1966, e nos arts. 1º, 3º e 4º da Lei 8.437, de 30 de junho de 1992.") V. Informativo 167. Entendeu-se, tendo em vista a jurisprudência do STF no sentido da admissibilidade de leis restritivas ao poder geral de cautela do juiz, desde que fundadas no critério da razoabilidade, que a referida norma não viola o princípio do livre acesso ao Judiciário (CF, art. 5º, XXXV) (2008) – (Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 4 de 1997. Nos termos do Informativo º 522 do Supremo Tribunal Federal do período de 29 de setembro a 3 de outubro de 2008)
Modalidades de controle de constitucionalidade
						
ADIN contra normativo de efeito concreto
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DECRETO N. 6.161/2007, ALTERADO PELO DECRETO N. 6.267/2007, QUE “DISPÕE SOBRE A INCLUSÃO E EXCLUSÃO, NO PROGRAMA NACIONAL DE DESESTATIZAÇÃO – PND, DE EMPREENDIMENTOS DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA INTEGRANTES DA REDE BÁSICA DO SISTEMA ELÉTRICO INTERLIGADO NACIONAL – SIN, DETERMINA À AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL PROMOÇÃO E O ACOMPANHAMENTO DOS PROCESSOS DE LICITAÇÃO DAS RESPECTIVAS CONCESSÕES”. 1. Preliminar de inépcia da petição inicial pela ausência de fundamentação do pedido de declaração de inconstitucionalidade. 2. Impossibilidade de ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade contra ato normativo de efeito concreto. O Decreto n. 6.161/2007, alterado pelo Decreto n. 6.267/2007 não se dota das características de abstração e generalidade para ser processado e julgado pela via eleita. 3. Ação direta de inconstitucionalidade não conhecida.
ADI 4040 / DF - DISTRITO FEDERAL - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA - Julgamento: 19/06/2013 - Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Momento do controle de constitucionalidade:
 Controle repressivo ou posterior: É aquele exercido após a formação, isto é, após existência do ato no mundo jurídico. 
Classicamente feito pelo Poder Judiciário, mas com a CF/88, o controle posterior também pode ser feito pelo Poder Legislativo. Ex: Cabe ao Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem o poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa (art. 49, V da CF).
Ex: Controle pelo judiciário da lei que entrou no mundo jurídico.
Momento de apreciação da constitucionalidade
Afirma a doutrina escorada na jurisprudência do STF, que na ADI exige-se que tenha havido pelo menos a promulgação da lei. 
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem refletido claramente essa posição em tema de controle normativo abstrato, exigindo, nos termos do que prescreve o próprio texto constitucional – e ressalvada a hipótese de inconstitucionalidade por omissão – que a ação direta tenha, e só possa ter, como objeto juridicamente idôneo, apenas leis e atos normativos, federais ou estaduais, já promulgados, editados e publicados. 
ADI 466 MC / DF - DISTRITO FEDERAL - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - Relator(a): Min. CELSO DE MELLO - Julgamento: 03/04/1991 Órgão Julgador: Tribunal Pleno - Publicação DJ 10-05-1991 PP-05929 EMENT VOL-01619-01 PP-00055
Momento do controle de constitucionalidade:
Controle político repressivo: será político no que tange ao órgão, pois quanto a momento será (como regra geral) um controle repressivo.
•	Pelo Poder Legislativo, quando o Congresso nacional susta os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem os limites da delegação legislativa (ou seja, susta uma lei delegada já em vigor) com base no art. 49, V da CR/88 e, ainda, quando rejeita uma Medida Provisória (em vigor) por entender que a mesma fere a Constituição no seu conteúdo ou por não preencher os pressupostos constitucionais (relevância e urgência), conforme prevê o art. 62, §5º da CR/88.
Momento do controle de constitucionalidade:
 Controle preventivo ou prévio: É aquele exercido no momento de formação do ato, antes que o processo se complete.
Classicamente era feito pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo, mas com a CF/ 88, o Poder Judiciário poderá fazer o controle prévio desde que provocado por algum membro da Casa, normalmente através de mandado de segurança.
Ex: Comissão de Constituição e Justiça dá um parecer negativo, acarretando o arquivo do projeto de lei; Chefe do Poder Executivo veta o projeto de lei, por ser inconstitucional (veto jurídico).
Momento do controle de constitucionalidade:
 Controle político preventivo: será político quanto ao órgão e será preventivo quanto ao momento. Segundo a corrente majoritária, o controle político preventivo é feito pelo:
•	Poder Legislativo (por meio da Comissão de Constituição e Justiça existente tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal);
•	Poder Executivo (por meio do veto, conforme o art. 66, §1º da CR/88);
Momento do controle de constitucionalidade:
 Controle político repressivo: será político no que tange ao órgão, pois quanto a momento será (como regra geral) um controle repressivo.
•	Pelo Poder Executivo, quando deixa de aplicar administrativamente uma lei (já em vigor) por entender que a mesma é inconstitucional, conforme entendimento jurisprudencial do STF (ADI nº 221).
•	Pelo Tribunal de Contas da União, com apoio da Súmula nº 347 do STF (“o Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público”) 
Momento do controle de constitucionalidade:
 Poder Judiciário no controle preventivo:
A ingerência do Poder judiciário no controle preventivo não representa uma violação do Princípio da separação dos poderes, pois o Supremo Tribunal Federal tem a função precípua de guardar a Constituição e, portanto, assim que violada a regra constitucional, irá intervir e paralisar o processo de formação. 
Ex: Membros do poder legislativo provocam o Poder Judiciário para paralisar uma emenda constitucional que fosse tendente a abolir os bens protegidos pela cláusula pétrea.
Momento do controle de constitucionalidade:
 Poder Judiciário no controle preventivo:
Entretanto, se o Supremo Tribunal Federal fizesse um controle do regimento interno da Câmara dos Deputados, haveria violação do Princípio da Separação dos Poderes, pois tal matéria é interna corporis.
No plano abstrato, o Juiz de Direito pode fazer controle preventivo, mas não pode fazer controle repressivo. Ex: Um Juiz de Direito poderia paralisar o processo de formação de uma lei municipal.
						
Ementa: CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DE PROJETO DE LEI. INVIABILIDADE. O que a jurisprudência do STF. 1. Não se admite, no sistema brasileiro, o controle jurisdicional de constitucionalidade material de projetos de lei (controle preventivo de normas em curso de formação). tem admitido, como exceção, é “a legitimidade do parlamentar - e somente do parlamentar - para impetrar mandado de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de lei ou emenda constitucional incompatíveis com disposições constitucionais que disciplinam o processo legislativo” (MS 24.667, Pleno, Min. Carlos Velloso, DJ de 23.04.04). Nessas excepcionais situações, em que o vício de inconstitucionalidade está diretamente relacionado a aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa, a impetração de segurança é admissível, segundo a jurisprudência
do STF, porque visa a corrigir vício já efetivamente concretizado no próprio curso do processo de formação da norma, antes mesmo e independentemente de sua final aprovação ou não. 
						
2. Sendo inadmissível o controle preventivo da constitucionalidade material das normas em curso de formação, não cabe atribuir a parlamentar, a quem a Constituição nega habilitação para provocar o controle abstrato repressivo, a prerrogativa, sob todos os aspectos mais abrangente e mais eficiente, de provocar esse mesmo controle antecipadamente, por via de mandado de segurança. 3. A prematura intervenção do Judiciário em domínio jurídico e político de formação dos atos normativos em curso no Parlamento, além de universalizar um sistema de controle preventivo não admitido pela Constituição, subtrairia dos outros Poderes da República, sem justificação plausível, a prerrogativa constitucional que detém de debater e aperfeiçoar os projetos, inclusive para sanar seus eventuais vícios de inconstitucionalidade. Quanto mais evidente e grotesca possa ser a inconstitucionalidade material de projetos de leis, menos ainda se deverá duvidar do exercício responsável do papel do Legislativo, de negar-lhe aprovação, e do Executivo, de apor-lhe veto, se for o caso. Partir da suposição contrária significaria menosprezar a seriedade e o senso de responsabilidade desses dois Poderes do Estado. E se, eventualmente, um projeto assim se transformar em lei, sempre haverá a possibilidade de provocar o controle repressivo pelo Judiciário, para negar-lhe validade, retirando-a do ordenamento jurídico. 4. Mandado de segurança indeferido.
						
O Min. Teori Zavascki, em divergência, denegou a segurança. Reputou evidente que o direito líquido e certo afirmado na impetração, de o parlamentar não ser obrigado a participar do processo legislativo em comento, não traduziria a verdadeira questão debatida, pois ele teria o direito de, espontaneamente, abster-se de votar. Buscar-se-ia, a pretexto de tutelar direito individual, provimento no sentido de inibir a própria tramitação do projeto de lei. Considerou que as eventuais inconstitucionalidades do texto impugnado poderiam ser resolvidas se e quando o projeto se transformasse em lei. Ademais, a discussão sobre a legitimidade do controle constitucional preventivo de proposta legislativa teria consequências transcendentais, com reflexos para além do caso em pauta, pois tocaria o cerne da autonomia dos poderes. 
						
Reputou que o sistema constitucional pátrio não autorizaria o controle de constitucionalidade prévio de atos normativos, e que a jurisprudência da Corte estaria consolidada no sentido de deverem ser, em regra, rechaçadas as demandas judiciais com essa finalidade. Aduziu que delimitou haver duas exceções a essa regra: a) proposta de emenda à Constituição manifestamente ofensiva a cláusula pétrea; e b) projeto de lei ou de emenda em cuja tramitação se verificasse manifesta ofensa a cláusula constitucional que disciplinasse o correspondente processo legislativo. , em ambas as hipóteses, a justificativa para excepcionar a regra estaria claramente definida na jurisprudência do STF. O vício de inconstitucionalidade estaria diretamente relacionado aos aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa. Nessas hipóteses, a impetração de segurança seria admissível porque buscaria corrigir vício efetivamente concretizado, antes e independentemente da final aprovação da norma.
MS 32033 / DF - DISTRITO FEDERAL - MANDADO DE SEGURANÇA - Relator(a): Min. GILMAR MENDES - Relator(a) p/ Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI - Julgamento: 20/06/2013 Órgão Julgador: Tribunal Pleno
Momento do controle de constitucionalidade:
 Poder Legislativo no controle posterior ou repressivo:
- Poder legislativo pode fazer o controle repressivo do regulamento que importar em abuso regulamentar: 
O regulamento expedido pelo Poder Executivo existe para garantir a fiel execução da lei, assim se violá-la, caracterizará abuso do poder regulamentar e o regulamento será inconstitucional, pela quebra da relação vertical de compatibilidade.
O Congresso Nacional, verificando que o regulamento viola lei, tem o poder de suspender eficácia do mesmo através de um decreto legislativo (art. 49, V da CF). 
Momento do controle de constitucionalidade:
 Poder Legislativo no controle posterior ou repressivo:
Poder Legislativo pode fazer um controle repressivo da lei delegada que exorbitar os limites da delegação legislativa: 
Se o Presidente da República exorbitar os limites da delegação legislativa, o Congresso Nacional poderá sustar o ato normativo por meio de decreto legislativo (art. 49, V da CF).
Momento do controle de constitucionalidade:
 Sistema de controle posterior ou repressivo no direito comparado:
- Controle judicial ou jurisdicional: É aquele realizado por órgão integrante do Poder Judiciário. 
Como regra geral, é adotado pelo Brasil. 
Este controle também é denominado de controle repressivo típico.
Momento do controle de constitucionalidade:
Sistema de controle posterior ou repressivo no direito comparado:
- Controle político: É aquele realizado por um órgão que não integra a estrutura de nenhum dos três poderes. 
O controle normalmente é realizado pelas Cortes ou Tribunais Constitucionais. 
Adotado na França e na Itália. 
Momento do controle de constitucionalidade:
 Sistema de controle posterior ou repressivo no direito comparado:
- Controle misto: É aquele que mistura o controle judicial e político. 
Adotado pela Suíça.
Momento do controle de constitucionalidade:
 A regra geral* do controle de constitucionalidade é a adoção do sistema de controle judicial repressivo. 
Será judicial no que tange à estrutura do controle e será repressivo no que tange ao momento de realização do controle. 
*Segundo Bernardo Gonçalves Fernandes, 
“definitivamente, não podemos entender nosso controle de constitucionalidade como misto, ou seja, como um controle judicial e político (o Brasil não é a Suíça). Soa absurdo (um enorme desconhecimento de Direito comparado), pois o nosso sistema é eminentemente judicial desde a sua criação e com bases nas matrizes que ele adotou no decorrer do tempo. O que existem são exceções ao controle judicial que não o descaracterizam. Porém, dentro do sistema judicial aí sim assiste razão em intitularmos o mesmo de um sistema judicial misto (ou, para alguns, híbrido), pois, (...), temos o controle judicial difuso e o controle judicial concentrado convivendo no nosso ordenamento”. 
Métodos de controle jurisdicional de constitucionalidade no direito comparado:
- Método concentrado, reservado ou austríaco: Um único órgão pode fazer o controle.
 
- Método aberto, difuso, ou norte-americano: Todo e qualquer órgão do Poder Judiciário de qualquer grau de jurisdição pode fazer controle de constitucionalidade.
- Método misto: Abrange os dois controles jurisdicionais de constitucionalidade, tanto o concentrado como o difuso. É o sistema brasileiro.
Caminhos que o ordenamento jurídico prevê para se combater a inconstitucionalidade das normas. 
Vias de controle jurisdicional de constitucionalidade:
Características básicas do Controle concentrado:
a) Realizado somente pelo STF;
b) Via ação específica, na qual o controle de constitucionalidade se torna a questão principal (por isso, via principal); 
c) De modo direto (no STF);
d) Vai se dar, via de regra, in abstrato, pois não há caso concreto, não há partes e não há lide, conforme o entendimento majoritário;
e) Envolve, portanto, via de regra, uma análise de uma lei em tese (ou da falta de lei, no caso da ADI por omissão).
Características básicas do Controle difuso-concreto:
a) Realizado por todos os juízes;
b) Via de exceção (ou defesa);
c) Em um caso concreto;
d) De modo incidental (incidente de inconstitucionalidade em um caso concreto);
e) Assim sendo, o juiz terá que enfrentar a questão incidental (prejudicial) para
chegar (e decidir) a questão principal do caso concreto. Nesse sentido, o controle decide sobre uma questão prejudicial (um incidente), que surge excepcionalmente em caso concreto.
 Via de exceção ou defesa:
 
- Adota o controle difuso, aberto ou norte-americano: Qualquer Juiz ou Tribunal, diante da questão prejudicial (arguição de inconstitucionalidade incidental), pode fazer controle de constitucionalidade.
- O controle é incidental: O objeto do pedido não é a declaração da inconstitucionalidade, mas esta questão prejudicial está ligada à causa de pedir.  A forma que o Juiz decidir a prejudicial decidirá o mérito.
Vias de controle jurisdicional de constitucionalidade:
 Via de exceção ou defesa:
 
O controle é concreto: Ocorre dentro de um caso concreto e, por isso, os efeitos são entre as partes.
O processo é subjetivo: Há um conflito entre as partes (pretensões e resistências contrapostas) e envolve questão constitucional.
- Os efeitos da decisão são “inter partes” e “ex tunc” (retroagem).
Vias de controle jurisdicional de constitucionalidade:
 Via de ação:
 
Adota o método concentrado: Só o Supremo Tribunal Federal pode fazer o controle de constitucionalidade. 
O controle não é incidental: O objeto do pedido é a questão constitucional.
- O controle é abstrato: Não ocorre dentro de um caso concreto, faz-se o controle de lei em tese, para assegurar a supremacia da Constituição.
Vias de controle jurisdicional de constitucionalidade:
Via de ação:
 
- O processo é objetivo: Não há lide. Visa objetivamente assegurar a supremacia da Constituição.
- Os efeitos da decisão são “erga omnes”, “ex tunc” (retroagem) e vinculantes: A decisão que reconhece a inconstitucionalidade é declaratória (torna disposição contrária nula desde que nasceu).
Vias de controle jurisdicional de constitucionalidade:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Vias de controle jurisdicional de constitucionalidade:
Via de exceção ou defesa
Via de ação
Método difuso ou aberto
Método concentrado
Controle incidental
Controle principal
Controle concreto
Controle abstrato
Processo subjetivo
Processo objetivo
Eficácia da decisão “interpartes” e “extunc”
“Erga omnes” e “extunc”
de constitucionalidade:
Declaração de inconstitucionalidade 
pelo Tribunal:
- Por maioria absoluta: O Tribunal, seja na via de ação ou de exceção, declara a inconstitucionalidade por maioria absoluta dos seus membros ou do respectivo órgão especial (art. 97 da CF).
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. 
Art. 93. 
XI - nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno;        (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Declaração de inconstitucionalidade 
pelo Tribunal:
 
O órgão especial faz às vezes do Plenário. 
Os órgãos de segundo grau dos Juizados especiais não estão sujeitos a cláusula de reserva de plenário.
Este material expositivo foi elaborado com base em compilação de diversas fontes de pesquisa: doutrina, jurisprudência, legislação, artigos da internet, mídia em geral (vídeos, jornais, revistas etc). 
Assim, por meio de tais fontes, houve a formatação das informações, inclusive com inserções pessoais neste material, para possibilitar a sistematização otimizada do conhecimento e estudo pelos alunos. 
Não há pretensão do desenvolvimento de trabalho autoral, sendo que todas as fontes bibliográficas estão devidamente fichadas para consulta de qualquer interessado.

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