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NPJJ – Núcleo de Prática Jurídica judiciária Universidade José do Rosário Vellano Curso de Direito EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA DE DIREITO DA VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÃO DA COMARCA DE ALFENAS, MG. Processo: 5000587-56.217 LUCAS TOTI ROCHA, brasileiro, solteiro, estudante, portador da cédula de identidade RG nº MG-203.146-25 e inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) sob n° 139.125.516-00, residente e domiciliado à Rua Dalva Inês de Carvalho, nº 79, Bairro Jardim Alvorada, CEP 37135-270, nesta cidade de Alfenas-MG, endereço eletrônico: lucastotirocha16@gmail.com, por seus procuradores abaixo assinados, com endereço eletrônico: npjj@unifenas.br, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a seguinte CONTESTAÇÃO NA AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS em face de: ARILDO ESTEVES ROCHA, também já qualificado nos autos em epígrafe, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. DO MÉRITO Conforme a exordial, o Requerente postula a exoneração da prestação alimentícia devida a seu filho, LUCAS TOTI ROCHA, sustentando que não possuir condições financeiras para continuar a cumprir a obrigação alimentícia. O Requerido percebe a título de pensão alimentícia o montante de 1 (um) salário mínimo, correspondendo atualmente ao valor de R$ 937,00 (novecentos e trinta e sete reais), obrigação estabelecida em acordo e homologada por este juízo. Ocorre que o Requerido, contando com apenas 18 (dezoito) anos de idade, iniciou o curso superior de Engenharia Civil na Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS no primeiro semestre deste ano, consoante declaração de matrícula em anexo. Sendo assim, a necessidade da prestação alimentar devida pelo Requerente é incontestável. O Requerido deseja concluir seu curso superior no tempo regular de matrícula, e, para isso, conta com o pagamento dos alimentos que lhe são devidos. E, além da mensalidade do curso, o requerido ainda tem despesas com materiais exigidos pelas disciplinas regulares, transporte diário para a universidade, alimentação, entre outros. Por estes motivos acima aludidos é que na audiência de conciliação não foi possível aceitar a proposta revisional oferecida pelo Requerente, tão pouco estabelecer um acordo, sendo necessária a instrução processual. O Requerente alega estar desempregado, sendo esta a impossibilidade de cumprir com a obrigação alimentar no seu valor atual. Entretanto, a necessidade do Requerido é notória, tendo como objetivo sua educação profissional, que deve ser mantida. Importante esclarecer que o Requerente já constituiu nova família, sabendo que os alimentos ao seu filho já haviam sido acordados. No que tange à alegação do desemprego, o Requerente atualmente trabalha como autônomo, exercendo atividade laborativa de comerciante, comercializando sapatos pela cidade de porta em porta, auferindo, assim, boa renda, já que, conforme “prints” em anexo, a divulgação na rede social Facebook é recorrente e traz retorno imediato. Além disso, o Requerente sequer paga impostos, e tão pouco tem gastos com quaisquer vínculos trabalhistas. E como segunda fonte de renda, o Requerente trabalha, como é de conhecimento da população alfenense, como segurança regular para o Buffet Domno Martelli, conforme se comprovará por prova testemunhal. Ainda, está recebendo o seguro desemprego decorrente de seu anterior contrato de trabalho. Já com relação à maioridade civil alegada na exordial, de fato, o Requerido tem mais de 18 anos, mas, como já exposto anteriormente, o mesmo é estudante, devidamente matriculado em instituição de ensino superior, sendo irrefutável a necessidade da prestação alimentar. Todavia, existem casos em que mesmo com o advento da maioridade civil, a pensão deve ser prestada. É a hipótese do filho estudante. Assim, o Código Civil de 2002, acompanhando os avanços da jurisprudência, estabelece expressamente no seu art. 1.694 que: “Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.” De acordo com a literalidade da lei, é possível a subsistência da obrigação, mesmo após alcançada a capacidade civil aos 18 anos, quando o valor for destinado para a manutenção do filho estudante, porque esta não se submete ao critério etário, podendo continuar a ser prestada em função da necessidade do alimentando. Isto porque a maioridade não implica a desobrigação da pensão alimentícia devida pelos genitores aos seus filhos. Na realidade, ocorre apenas a mudança da causa da obrigação alimentar, que deixa de ser o dever de sustento decorrente do poder familiar e passa a ser resultante do parentesco, devendo ser preservado o trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade. Ressalta-se que o Judiciário, passou a garantir a prestação alimentícia até que o filho complete 24 anos de idade, desde que estivesse cursando estabelecimento de ensino, salvo na hipótese de possuir rendimento próprio. Assim, desde muito tempo, não se aplica a maioridade, por si só, como parâmetro automático para cessação da prestação alimentar. Neste sentido, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro segue a mesma direção, conforme ementa abaixo: “ALIMENTOS. EXONERAÇÃO, MAIORIDADE. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. O FILHO ESTUDANTE CONTINUA FAZENDO JUS À PENSÃO ALIMENTÍCIA, ATÉ A IDADE DE 24 ANOS. O SIMPLES IMPLEMENTO DA MAIORIDADE NÃO FAZ CESSAR O DEVER ALIMENTAR (grifo meu). DESPACHO CORRETO. AGRAVO IMPROVIDO.” (Agravo de Instrumento nº 2003.002.03491, Sétima Câmara Cível, Des. Carlos C. Lavigne de Lemos. Julgado em 26/07/2003) Com base nos princípios da obrigação alimentar, no direito à vida e nos princípios da solidariedade familiar, capacidade financeira, razoabilidade e dignidade da pessoa humana, são devidos alimentos aos parentes, cônjuges, companheiros ou pessoas integrantes de entidades familiares lastreadas em relações afetivas, quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. Portanto, não cabe o acolhimento das pretensões do Requerente, posto que o Requerido é estudante e necessita da continuidade do pensionamento alimentar para o custeio de sua formação. Revela-se, ainda, que o Requerido não exerce nenhuma espécie de atividade laborativa e vive exclusivamente com o sustento proveniente da pensão alimentícia e da renda sua genitora. Daí, a importância da prestação alimentar no suprimento dessas necessidades. Dos Pedidos Ante o exposto, requer: A concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita, posto que o Requerido é pobre no sentido jurídico do termo, conforme declaração de pobreza anexa; recebimento da presente contestação, julgando-a procedente, e que seja julgado improcedente o pedido inicial de exoneração de alimentos; a intimação do ilustre representante do Ministério Público; protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas, em especial documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal do requerente. Rol de testemunhas: Nesses Termos, Pede Deferimento. Alfenas, 20 de junho de 2017 Ana Carla Tavares Coelho Ana Paula B. Salles P. Prado OAB/MG 76.475 OAB/MG 65.709 Paulo Gustavo Alves Vilela OAB/MG 71.233 Rua Juscelino Barbosa , 1328 - CEP 37130-000 - Alfenas – MG Telefax: (0xx35) 3292 -1375
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