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Resumo Cartas a um jovem terapeuta

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Baseando-se em suas experiências de vida e de terapeuta, Contardo Calligaris inicia 
um diálogo com o leitor de modo informal, mantendo a leitura interessante sem tornar-se 
cansativa. O livro “Cartas a um jovem terapeuta” é destinado a profissionais recém 
formados na área de Psicologia ou àqueles que pretendem seguir esse caminho. 
No primeiro capítulo, denominado “Vocação Profissional”, o autor traz alguns 
requisitos considerados importantes para quem deseja seguir a carreira de terapeuta. Ele 
afirma que se você quiser demonstração de gratidão vinda de seus pacientes, então deve 
escolher outra profissão, por dois motivos: jamais encontrará a mesma gratidão que um 
médico recebe; e depois que o problema do paciente é “curado”, você é simplesmente 
esquecido. O autor também afirma que muitas vezes a confiança que o paciente deposita 
no terapeuta pode ser excessiva, mas que isso pode ser bom pois auxilia no processo da 
cura, desde que não se torne um “vício”. 
Para tornar-se um terapeuta, Contardo traz os seguintes requisitos: 
• Um gosto pela palavra e carinho pelas pessoas, por mais diferentes que sejam 
de você. 
• Curiosidade pela variedade da experiência humana, sem preconceitos. Sem 
deixar que suas crenças acarretam em aprovação ou desaprovação. 
• Além da curiosidade, experiências de vida. Você não precisa ser um modelo 
de normalidade. 
• Uma certa dose de sofrimento psíquico, desaconselhando a profissão a quem 
diz que está muito bem. 
No segundo capítulo, são trazidos “quatro bilhetes”. No primeiro, a pergunta é se 
haveria um desvio que impediria que alguém se tornasse terapeuta, por exemplo, um 
travesti. Contardo explica que a escolha deve se basear na confiança pelo terapeuta, sendo 
assim, existirão pacientes que se sentirão bem e pacientes que não. No segundo bilhete, a 
pergunta é se um pedófilo poderia exercer essa profissão. O autor diz que a fantasia do 
pedófilo é de domínio, e acima de tudo, domínio pelo saber, sendo assim, não é 
compatível com a exerção da terapia. No terceiro bilhete, é perguntado qual o limite do 
autor, qual paciente ele se recusaria a tratar. Calligaris afirma que não consegue tratar 
aqueles que agem em absurdos sem envolver sua subjetividade. No último bilhete, a 
pergunta é se deveríamos influenciar nossos pacientes. Segundo o autor, deve-se dirigir 
o paciente até o seu próprio desejo (que demora para aparecer). 
No terceiro capítulo, Contardo conta sobre seu primeiro paciente, sobre toda a 
expectativa que tinha e como tentou parecer experiente, dizendo que isso não é necessário, 
até porque às vezes o paciente busca um terapeuta inexperiente. Afirma que o importante 
é sempre demonstrar interesse em seu paciente e ser você mesmo. 
O quarto capítulo traz os “amores terapêuticos”, falando sobre a transferência e como 
ela pode possibilitar que o processo de cura continue. Calligaris afirma que um terapeuta 
aceitaria a proposta amorosa de um paciente por três possibilidades: o terapeuta agir com 
poder, mandar no paciente; ego, quando o paciente não se importa mais e procura terapia 
em outro lugar; e por último, amor de verdade. 
No quinto capítulo é levantada a questão sobre a formação de um terapeuta. Ele deve 
ter a formação de psicólogo ou de psiquiatra? O autor diz que as vantagens de ter uma 
formação para ser terapeuta são os conhecimentos de outros padrões e de diversos tipos 
de abordagens, além das possibilidades de estágios em diversas áreas. 
Contardo, no sexto capítulo, afirma que não deve haver pressa no processo de cura, 
porque se o terapeuta tiver pressa de agir e tentar combater o sintoma, o mesmo pode 
apenas deslocar-se. As definições de cura dizem que curar significa restabelecer a 
normalidade funcional ou então levar o sujeito de volta ao estado que estava antes da 
doença. Sabendo-se que a psicanálise ou qualquer outro tipo de psicoterapia não possui 
noção de normalidade, mas sim um estado que o indivíduo se permite realizar as suas 
potencialidades. Calligaris acredita que a psicanálise tem a capacidade de mudar e 
transformar vidas. 
Para obter mais clientes, o importante é o compromisso com aquelas pessoas que já 
confiam em você. Antigamente, afirma o autor, acreditava-se que para ter mais clientes 
era necessário ser conhecido e impressionar seus colegas de trabalho. 
O autor responde perguntas sobre as “regras” no começo da cura, se deve-se ou não 
enunciar a regra de que o paciente pode falar sobre tudo que vier à mente. Ele afirma que 
o importante é falar sobre isso espontaneamente, sem parecer que possui uma frase 
conhecida desde sempre que é sempre repetida com cada paciente novo. Quanto menor a 
intervenção na escolha das palavras, mais coisas inesperadas surgirão. Contardo também 
afirma que cada paciente e sua interação com ele é diferente, por isso, alguns processos 
na terapia dependem do paciente. O que for mais confortável é o melhor. 
O terapeuta não deve ter medo de realizar suas primeiras perguntas, deve ser claro e 
sincero, procurar descobrir o que o paciente espera. O tempo de cada sessão pode variar, 
mas elas nunca devem ser muito rápidas, assim como a frequência das sessões também 
podem variar. 
Geralmente, os pacientes chegam querendo falar sobre o que acontece atualmente e 
não querem falar sobre seus passados, contudo, para a psicanálise, o trauma é causado na 
repetição do acontecimento. A reinterpretação de acontecimentos passados pode ajudar 
a mudar o presente. 
Ao final da obra, Calligaris afirma que ao decorrer da cura existem diversos 
momentos onde é inevitável que o paciente use o terapeuta como modelo, e que 
identificar-se com o terapeuta não deve ser o esperado de uma terapia, seja qual for. Sendo 
assim, o autor nos dá a dica de sermos sempre nós mesmos, porque haverão inúmeros 
tipos de pacientes, cada qual do seu jeito, e a mudança só ocorrerá se houver uma relação. 
 
REFERÊNCIA 
CALLIGARIS, Contardo. Cartas a um Jovem Terapeuta. Rio de Janeiro: Campus; 
2004. ISBN 85-352-1493-3.

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