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Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 2 • Edição 06 Editorial Diretor e fundador da Design Magazine Brasil. Atua com design desde 2010. Focado em direção de projetos, mas também domina outras áreas do design. Lucas Fernandes Nessa mesma área de editorial eu comecei o ano de 2014, declarando o retorno da Design Magazine Brasil, que havia ficado parada por vá- rios meses (a edição 00 foi lançada em agosto de 2013 e a 01 apenas em fevereiro de 2014). Na- quela época eu nem imaginava que pudéssemos crescer tanto. Um bom exemplo disso é nossa pá- gina no Facebook, que em janeiro possuía menos de humildes 400 curtidas, e hoje já tem quase 17 mil fãs, não só do Brasil, mas do mundo todo. E eu acredito que isso é apenas o começo. Nós ainda temos muito o que crescer, e es- pero que possamos fazer isso junto com os desig- ners e outros profissionais criativos brasileiros, que tem grande potencial e determinação. Parafraseando o que eu disse no editorial da edição 02, “o designer deveria estar em tudo”. Eu acredito que o profissional do design ainda tem que conquistar muito do seu espaço por aqui, e espero poder ver e fazer parte disso junto com a minha equipe. Estamos preparando coisas novas para o futuro, vocês saberão mais sobre isso em breve, eu espero. Por enquanto, aproveitem a nossa última edição desse ano e, se possível, aprovei- tem a época de festas para descansar e recarre- gar as energias. O ano de 2014 foi bom e espero que 2015 seja ainda melhor. Boas festas e até o ano que vem. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com VENHA E DESCUBRA FLORIANÓPOLIS DE 15 DE MAIO A 12 DE JULHO DE 2015 Visite as exposições, workshops, seminários nacionais e internacionais, e outros eventos de design que tomarão conta da cidade. Cia Aérea OficialApoio InstitucionalCo-realizaçãoRealizaçãoIncentivo Iniciativa ® Revista Oficial Patrocínio C M Y CM MY CY CMY K anuncio_revista_DM_A4_pt.pdf 1 08/12/14 10:02 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 4 • Edição 06 Sumário Minimalismo: menos é mais Pág. 08 Economia e moda Pág. 22 ColorADD Pág. 34 Place branding Pág. 14 Palácio da Alvorada Pág. 28 Design versátil com Renato Saes Pág. 42 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 5 Design Magazine Brasil Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 6 • Edição 06 Créditos Diretor Capa Revisão Logotipo Site Email Redes Sociais Projeto gráfico Diagramação Ilustrações Idealizadores Redatores Lucas Fernandes Beatriz Vieira Juliana Teixera Lourrane Alves Elementoa À Solta designmagazine.com.br lucas@designmagazinebrasil.com.br facebook.com/revistadesignmagazine.br twitter.com/DMBr_Oficial Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Thiago Seixas Vitor Cardoso Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Wendel FragosoDiego Gomes Douglas Silva Gilberto Ferreira Leandro Siqueira Lucas Fernandes Hebert Tomazine Isabelle Soares João Valle Thiago Seixas Tiago Krusse Vitor Cardoso Edição #06 - Dezembro/2014 A Design Magazine Brasil é uma revista digital derivada da Design Magazine de Portugal. O conteúdo textual e imagético da revista pertence aos seus respectívos autores e não pode ser reproduzido sem autorização prévia. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 7 Design Magazine Brasil Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 8 • Edição 06 Minimalismo: menos é mais Apaixonado e especializado em design editorial, grids, proporções e minimalismo. Trabalha na área desde 2008. Atualmente atua como designer gráfico e editorial na Diocese de Duque de Caxias. Hebert Tomazine Arte da vitrine: Hebert Tomazine. “É vital destacar o que realmente é importante, ao ponto de tornar todo o restante irrelevante.” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 9 Design Magazine Brasil Sendo um dos movimentos artísticos e cultu- rais mais importantes do século XX e início do sécu- lo XXI, o minimalismo se tornou não o mais popular, mas o movimento adotado em mais campos do que qualquer outra tendência do design. A razão é desconhecida, sendo de fato ele mais conceitual do que um estilo visual, não é chamativo, mas possui forte influência, difundido principalmente nas artes visuais, design e na música. No século XX, ocorreram três grandes ten- dências que podem ser chamadas de minimalistas: construtivismo, vanguarda russa e modernismo. O design minimalista possui diversas influên- cias, algumas delas são: a simplicidade do design tradicional japonês, e do movimento artístico “De Stihl” (O Estilo), que tem como base a simplicidade e abstração, reduzindo projetos à sua forma essen- cial, valores, formas e cores primárias. Influências Im agem : decorativedecorideas.com Design tradicional japonês, shouji. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 10 • Edição 06 Im agem : lissongallery.com O arquiteto Ludwig Mies van der Rohe definiu o estilo como “menos é mais”, e o de- signer BuckminsterFuller como “fazer mais com menos”. Possui como característica o mínimo de recursos e elementos, omitindo informações e elementos desnecessários. Limita-se ao uso de cores, utilizando um alto nível de contraste para facilitar a legibilidade. Destacando formas geo- métricas simples e repetidas, dando foco ape- nas no essencial. Espaços sem preenchimento são uma forte característica do minimalismo. Evita o uso de informações textuais, mas quando necessário, são utilizadas tipo- grafias simples com um alto nível de legibili- dade, geralmente sem serifas. Não possui um alinhamento definido, mas sempre se utiliza de arranjos legíveis. Características Referências Uma dica importante é remover elementos até um passo antes que o projeto pare de “funcio- nar” ou ser compreendido. Este teoricamente é o ápice do design minimalista. Minimalismo: menos é mais Uma fonte interessante de referência e para maior conhecimento sobre o assunto é o blog (em inglês) Minimalissimo (minimalissimo. com), um blog focado em diversas categorias do design minimalista, incluindo arte, arquitetura, design gráfico e design industrial. Eu particularmente me apaixonei pelo blog, é uma ótima fonte de referências e tendências dentro deste tema, principalmente por fugir da atual overdose de ‘cartaz minimalistade tudo’, que eu também sou usuário. Sendo o minimalis- mo muito mais do que isso. Essa frase chega a ser cômica pelo conceito do movimento, ou não. Por Robert Mangold Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 11 Design Magazine Brasil Im agem : dem ilked.com Design Magazine Brasil “Minimalist Black and White Photography” por Hossein Zare Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 12 • Edição 06 Minimalismo: menos é mais O conceito minimalista é uma atual tendência para web design e aplicativos. No passado, o foco era em sites com ilustrações chamativas e animações, que supostamente impressionavam os visitantes. Depois, veio uma mudança que tentou trazer a vida real para a tela, com texturas realistas, sombras e ca- racterísticas reais dos objetos. Hoje o foco se opõe a todas estas técnicas de design “artificiais”, em favor de uma estética digital mais simplificada e clássica. É dito que um dos principais aspectosque tor- nam um site minimalista é utilizando em sua cons- trução poucas cores e inserindo poucos elementos em suas páginas, o conteúdo, por ser o mais impor- tante, deve ter destaque e ênfase, e tudo isso d eve contribuir para que o usuário tenha uma navegação mais intuitiva, encontrando aquilo que precisa rapi- damente, fazendo com que sua experiência seja a melhor possível. Creio que a melhor maneira para identificar o conceito minimalista na web e em aplicativos, são os layouts limpos, de fácil navegação, intui- tivos, com uma diagramação milimétricamente organizada, transmitindo uma sensação de nave- gação agradável ao usuário, onde o conteúdo é o mais importante. O background não é mais importante que a informação. Se algo não é relevante, simplesmen- te não precisa estar lá, mas o que muito se vê pela web são planos de fundo confusos e esteticamente desagradáveis, texturas fortes, que atrapalham a leitura e cansam mais rapidamente a visão do usuá- rio. Em geral, elementos que diminuem o tempo de permanência e que acabam com o desejo do usuá- rio de retornar aquele site. Simplicidade é a chave. Um fato interessante do movimento minima- lista e obviamente pelo tamanho da internet é que cada web designer trabalha de maneira diferente do outro, dependendo de sua formação, gerando vários tipos diferentes de minimalismo. O que é óti- mo para a criação e para o movimento, mas impos- sibilita classificar um padrão. Tendência Im agem : pixelbot.ro Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 13 Design Magazine Brasil Dissidência: Flat Design O ‘flat design’ é uma estética visual dissidente do minimalismo, que ao pé da letra significa ‘design plano’, podendo ser aplicada em qualquer layout. Em termos de interface, tem como principal carac- terísticas a redução de efeitos e de tudo que possa poluir e causar interferência visual. O conceito do flat design tem relação com a ideia de não se utilizar elementos que simulem tridimensionalidade, mantendo a simplicidade e privilegiando a informação. Com o uso de cores chapadas e bons contrastes, e sem a utilização de recursos como sombras e gradientes, temos ele- mentos visuais minimalistas mais extremos. Em um site eficaz com base nos conceitos flat design, todos os elementos devem ser cen- trados sobre a ideia de simplicidade e função do elemento. Com elementos sólidos e cores vivas dando a ênfase necessária para separá-los, forne- cem um ambiente limpo e nítido, texto conciso e direto, elementos de interface com botões e links claros e perceptíveis. Tudo deve ser projetado com o mesmo objetivo para criar um projeto visual e funcional coeso. O ideal, como sempre, é ter bom senso, tendo em mente que, não é porque está em evidência, que esse estilo deve ser aplicado em qualquer projeto. Embora o mundo esteja seguindo a tendên- cia do liso, o design não vai ser plano para sempre. Depois do nivelamento radical, provavelmente va- mos ver o retorno cuidadoso da dimensionalidade onde ela for realmente necessária. Im agem : unitydes.com Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 14 • Edição 06 Place branding Designer gráfico e de produto, apaixonado por artes e futebol. Buscando conhecimento e expe- riências, para um dia poder ser uma referência e inspiração para os novos designers. Thiago Seixas Arte da vitrine: Douglas Silva. “Apesar do recorrente interesse acerca do assunto, é preciso ter em mente que o desenvolvimento da marca de um lugar não é uma tarefa simples e rápida.” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 15 Design Magazine Brasil No dia dezoito de outubro aconteceu no Instituto Europeu di Design do Rio de Janeiro o Directions, evento que reuniu diversas autorida- des do campo do place branding. O desenvol- vimento de marcas para cidades e países vem ganhando relevância e notoriedade, atraindo atenção de diversos órgãos públicos e privados, que muitas vezes se juntam para realizar pro- jetos que tragam benefícios sócio-econômico para o lugar. A abordagem do place branding dentro do design não é um assunto novo, porém vem sen- do cada vez mais discutido e desenvolvido nos últimos anos, todavia no mundo globalizado em que vivemos hoje, cidades modernas disputam entre si pela atenção de investidores, turistas e grandes eventos. Governos vêm tomando cons- ciência dessa movimentação e buscam por es- pecialistas que possam desenvolver novas es- tratégias para suas cidades e países. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 16 • Edição 06 “Portanto, o place branding é um campo enorme para ser explorado e os designers têm um papel fundamental dentro dele.” Representando o interesse público neste assunto, o Directions foi aberto com a palavra do ministro do turismo Vinicius Lages, que mostrou o interesse do governo brasileiro em investir de uma maneira incisiva nesta área. Ele deixou bem claro que o governo brasileiro tem como objetivo desenvolver uma estratégia para que o próprio povo conheça mais o seu país e valorize suas di- versas culturas, além disso, querem repensar for- mas para atrair mais turistas. Vinicius frisou que para alcançarmos o sucesso de outros países, precisamos transpor a barreira partidária que faz com que as estratégias mudem toda vez que no- vos governantes assumam o poder. Apesar do recorrente interesse acerca do assunto, é preciso ter em mente que o desenvol- vimento da marca de um lugar não é uma tarefa simples e rápida. É necessário compreender que o place branding não é apenas a criação de um logotipo ou de um slogan. Criar a marca de um lugar vai muito além disso. Ela exige um grande estudo, diversas estratégias e, principalmente, Place branding “PEOPLE MAKE GLASGOW”, marca oficial da cidade de Glasgow, na Escócia. Im agem : Thom as N ugent Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 17 Design Magazine Brasil objetivos muito claros. Desenvolver um projeto em longo prazo também é um dos requisitos para se criar uma marca de sucesso. O branding de lugares assemelha-se ao branding para empresas, ou produtos. Raquel Goulart, diretora de branding da agência Sara- vah, diz que é preciso estar muito atento a ima- gem do lugar e, também, a reputação que ele está passando. Raquel também é professora do curso de Place branding do Instituto Europeu di Design do Rio, e faz parte do Best Place Institute, uma sociedade de especialistas que se uniram para desenvolver pesquisas e estudos no campo do branding e marketing para lugares. Em sua pa- lestra no Directions, Raquel chamou a atenção para a importância da marca não tentar agradar e atingir a todos, é necessário entender qual é a ambição do lugar e com isso definir os objetivos claramente. Outro tópico levantado por ela foi o sentimento de afeição que os cidadãos desen- volvem pelo local em que moram e visitam. O elo afetivo que une as pessoas ao local é crucial para que os projetos de branding para lugares sejam bem sucedidos. Fazer com que o cidadão repen- se o que é dele e qual é o seu papel com relação à sociedade também é a função do place branding. A marca de um lugar é seu DNA, como diz Paul O’Connor, diretor executivo do World Busi- ness Chicago. É a sua essência, é aquilo que passa de geração para geração, de uma forma autêntica e que a diferencia dos outros lugares. Cada lugar tem seu valor, seu significado, suas histórias e suas expectativas.Dentro deste contexto, outro pales- trante do Directions, o geógrafo urbano Martin Ministro do Turismo Vinícius Lages Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 18 • Edição 06 Boisen, diz que são esses aspectos que carregam a reputação do lugar para além de suas fronteiras. Martin foi consultor de mais de cinquenta projetos pela Europa e também é membro do Best Place Institute. Martin diz que ações falam mais alto do que um logotipo, um dos segredos para o sucesso de uma marca é engajar as pessoas, fazendo com que eles participem do projeto e ajudem a espa- lhar as ideias. Falando sobre isso, um ponto extremamen- te relevante é a devida atenção que um projeto de place branding deve dar aos seus stakeholders (todas as partes que possuem algum interesse no projeto). Pensar nos cidadãos, visitantes, órgãos, empresas e todos aqueles que têm uma conexão com o lugar é primordial, pois são para eles que a “I amsterdam”, marca oficial da cidade de Amsterdã, nos Países Baixos. Place branding Im agem : Jos van Zetten Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 19 Design Magazine Brasil marca será desenvolvida. Saber sobre a diferença entre o objetivo da marca e a percepção do lugar por seus stakeholders é a chave para o desenvol- vimento de uma estratégia coerente. Um bom exemplo disso é o caso da Colôm- bia, que recentemente desenvolveu uma nova marca, que levou em conta a participação de todos como investidores, tanto o público-alvo de fora do país, quando os próprios moradores. Assim eles diminuíram a diferença entre aquilo que que- Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 20 • Edição 06 riam transmitir para o mundo e a realidade do pon- to de vista interno. O resultado disso foi uma nova representação gráfica que transmite toda a riqueza e diversidade do país, tanto a tangível como a in- tangível, e uma estratégia que mostra para todo o resto do mundo que a Colômbia possui inúmeros aspectos positivos, e convidando-os a conhecê-los. Assim a Colômbia se posta diante dos outros países como a resposta para o destino de turistas e investi- dores, e evoca de sua população um sentimento de orgulho e amor pelo seu país. Com objetivos claros e técnicas bem definidas, a Colômbia já colhe bons frutos de seu place branding. Portanto, o place branding é um campo enorme para ser explorado e os designers têm um papel fundamental dentro dele. É importan- te perceber que o branding de lugares vai muito Ana Lycia Gayoso - Rio Eu Amo Eu Cuido Place branding Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 21 Design Magazine Brasil além da imagem, porém este é, sem dúvidas, um aspecto fundamental. Os projetos bem sucedi- dos provam que o desenvolvimento da marca de um país ou cidade traz inúmeros benefícios, dos quais os principais são o crescimento econômi- co e uma ligação mais positiva das pessoas com o lugar. Logo, pesquisar, discutir e difundir o co- nhecimento desta nova abordagem é de extrema importância para progredirmos na área, aumen- tando o número de casos de sucesso, trazendo assim mais notoriedade e confiança por parte dos governos, das organizações e da sociedade como um todo. Rio Eu Amo Eu Cuido - Aplicação Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 22 • Edição 06 “[...] a moda, por sua vez, proporciona emprego para aproximadamente dois milhões de pessoas [...]” Economia e moda Designer de moda com foco por artes. Apaixonada pela anatomia humana e pela utilização do mesmo como tela para seus trabalhos. Ama a moda por ser a forma mais comum das pessoas transmitirem quem são. Isabelle Soares Arte da vitrine: Douglas Silva. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 23 Design Magazine Brasil Como matéria de estréia, gostaria de iniciar falando sobre a importância da moda na economia brasileira, como algo tão superficialmente relata- do move a vida de tantas pessoas, que, entretanto, nem sempre estão relacionadas diretamente com a moda: os consumidores. O que se esconde por trás do glamour das passarelas e dos editoriais de moda das revistas e internet, e o que isso verdadeiramen- te representa. Qual a importância da segmen- tação de mercado no mundo da moda, como o comportamento do consumidor influencia na projeção das marcas? A moda está presente na vida de todos, é de consumo inevitável e completamente comum, isso não inclui apenas grandes marcas, grifes fa- mosas e as mais variadas lojas de departamento, mas também existem num mundo desconhecido por nós a grande produção independente de mar- cas e pessoas desconhecidas, a moda, por sua vez, proporciona emprego para aproximadamente dois milhões de pessoas, e segundo a ABIT (Asso- ciação Brasileira de Indústria Têxtil) contribui para a economia brasileira com participação de 5% do PIB (Produto Interno Bruto). Im agem : stevepb Design Magazine Brasil Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 24 • Edição 06 Economia e moda Tudo o que conhecemos que não é perecí- vel no mundo da moda é considerado Economia Criativa, que também inclui outros 14 setores, como Gastronomia, Artesanato e Design. Econo- mia Criativa é um conceito emergente que trata da interface entre criatividade, economia, cultu- ra e tecnologia, segundo a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvol- vimento). A economia também se dá a partir dis- so, e envolve vários profissionais que trabalham na área. Segundo a ONU, a Economia Criativa é um setor responsável por 10% do PIB mundial, e a moda faz parte disso. Segundo dados encon- trados no Instituto Nacional de Moda e Design, a Economia criativa é considerada a Terceira Revolução Industrial e deve movimentar US$ 6 trilhões até 2020. Enquanto o comércio interna- cional registrou em 2008 uma queda de 12%, o mercado de bens criativos e serviços continuou a crescer, atingindo US$ 592 bilhões no mesmo ano, indicando um crescimento de 14% em 6 anos consecutivos. Im ag em : d aB in si Im ag em : L ea nd ro S iq ue ira Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 25 Design Magazine Brasil É muito fácil observar, o ser humano se divi- de em várias categorias e estilos, sendo eles res- ponsáveis pela segmentação de mercado, onde se criam áreas para facilitar a procura do consumidor pelo produto idealizado. Sendo assim, com o mer- cado segmentado, há facilidade também para a indústria na hora de produzir, na opinião de vários atuantes na área de moda, o mesmo reduz desper- dícios e tempo, pois o contato com fornecedores se torna mais hábil. O mesmo se dá ao consumi- dor, que com praticidade saberá onde e quando encontrar o que precisa. O mercado da moda se torna com o tem- po cada vez mais competitivo por ser uma área de ampla atuação, o que irá influenciar na compra do consumidor são fatores como qualidade, preço e facilitação na hora de ob- ter o produto. As empresas, assim, decidem em Im agem : Andi_Graf Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 26 • Edição 06 qual dessas áreas quer se destacar, portanto, a grande produção nem sempre é o alvo das em- presas, produzir com qualidade pode também influenciar muito na hora da compra, esse fator depende do tipo de público que a empresa pre- tende atender, onde mora, o que pensa, aonde vai e até mesmo o que come. São exemplos de como pesquisar quem é seu cliente.Por se tra- tar de comportamento e identidade, a moda é bastante renovável, e muda assim como o con- sumidor, o que aumenta a movimentação na economia. A grande produção se dá pela ne- cessidade da indumentária e o grande desejo pela moda atual. Assim, podemos observar que a econo- mia não está apenas na produção e venda de roupas, os profissionais da área também são Im ag em : m ic he ll za pp a Economia e moda Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 27 Design Magazine Brasil reconhecidos e apoiados em diversos progra- mas por seu trabalho criativo e renovável. O que move a economia na moda não é apenas o seu consumo, mas toda produção, pesquisa, arte e criação. Hoje, por ser uma área bastante influente, com um crescimento muito grande em todo o mundo, a geração de empregos na área também tende a aumentar junto à indús- tria da moda. Percebemos também a amplitu- de que tem esse segmento, com a introdução ao assunto “Economia e Moda” de forma mais técnica, para explicar com praticidade a impor- tância econômica dessa grandiosa área. Com esse crescimento, a moda ainda terá sua opor- tunidade de atingir a maturidade, e como eco- nomia criativa nunca entrará em declínio. Im agem : w ikim edia Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 28 • Edição 06 Palácio da Alvorada Estudante de arquitetura e urbanismo na Unigran- rio, formado em técnico de design de interiores no Senac, apreciador de vinho e artista plástico de fim de semana. João Valle Arte da vitrine: Wendel Fragoso. “Em sua composição foi adotada uma forma simples e pura onde a beleza da obra decorresse apenas de suas proporções e da própria estrutura, o que num passado era característica de grandes obras arquitetônicas.” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 29 Design Magazine Brasil Nesta edição da Design Magazine Brasil, dis- correremos sobre mais uma das obras do Arquiteto Oscar Niemeyer, o Palácio da Alvorada, construído para ser a residência dos presidentes brasileiros. Sua construção foi iniciada em 3 de abril de 1957 e sua inauguração foi dada em 30 de junho de 1958. Erguida sob o solo da então nova capital do Brasil, decretada pelo presidente Juscelino Kubits- chek, Brasília tinha sido criada com o propósito de ser uma utopia, baseada nos conceitos socialistas, entretanto, na prática nunca alcançou esse propó- sito. O palácio da Alvorada recebeu esse nome do próprio presidente Juscelino Kubitschek, quando indagado pelo nome “Alvorada” ele respondeu: “O que é Brasília, senão a alvorada de um novo dia para o Brasil?” Im agem : copa2014.gov.br Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 30 • Edição 06 O palácio começou a ser executado antes mesmo de aprovado o Plano Piloto do urbanista Lúcio Costa. Em sua composição foi adotada uma forma simples e pura onde a beleza da obra decor- resse apenas de suas proporções e da própria es- trutura, o que num passado era característica de grandes obras arquitetônicas. O palácio está localizado numa península que divide o Lago Paranoá em Lago Sul e Lago Norte, também é um dos ícones da arquitetura moderna no Brasil, além de ter sido símbolo do progresso cultural e técnico do País durante a década de 50. Composição Arquitetônica Palácio da Alvorada Im agem : w ikipedia.org Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 31 Design Magazine Brasil Foi erguido de alvenaria, revestido com már- more e vedado com folhas de vidro que proporcio- nam a integração entre o ambiente interno e exter- no. Sua estrutura é suportada por pilares internos que aliviam a carga suportada pelas colunas exter- nas, que passam a ter uma função secundária, re- cebendo apenas as cargas mais leves da cobertura e a da laje do passadiço perimetral, elevada de 1,50 metros do solo. Neste trecho, a laje de cobertura não apresenta continuidade com a laje da parte interna, ela é curva e se afina em direção à borda, reduzindo ainda mais a carga transferida para a fachada. Nos pilares internos, recuados da fachada e dissimula- dos por um invólucro externo de aço, se concentra a função principal do suporte. Essas mesmas colu- nas externas em forma de parábola, cujo formato deu origem ao emblema da cidade, foi disposta de acordo com o que Niemeyer propunha, dando-se a impressão de leveza à edificação. Im agem : w ikipedia.org Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 32 • Edição 06 O lado externo da edificação possui um lago que espelha o palácio dando uma impressão de imensidão, além de ser complementado com a es- cultura feita em bronze, chamada de As Laras, pelo artista plástico brasileiro Alfredo Ceschiatti. O am- biente interno possui 3 pavimentos, a laje do piso térreo localiza-se brevemente elevada em relação ao solo exterior, em nível coincidente com os setores de maior dimensão horizontal dos pilares externos, e é neste piso que se encontram os setores sociais do palácio e os salões utilizados pela presidência em eventos e solenidades. Pela elevação do piso térreo, o subsolo recebe ainda ventilação natural e insolação, nele localizam-se os ambientes de servi- ços (como cozinha e almoxarifados) e os cômodos e dormitórios dos funcionários, além de possuir um auditório com capacidade para 30 pessoas e um sa- lão de jogos. No primeiro pavimento se encontra o setor efetivamente residencial do palácio, no qual se localizam os ambientes privados usados pela fa- mília do presidente. Palácio da Alvorada Im agem : w ikipedia.org Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 33 Design Magazine Brasil Após as obras de restauração, a iluminação disposta nos pilares do palácio possuem um efei- to chamado “cancelamento de sombras” onde po- sicionam-se os refletores um ao lado do outro, em linha, de maneira que o facho luminoso de um vai cancelando a sombra do outro. Foram empregadas lâmpadas de vapor metálico 4200K, com filtro de correção para elevar a temperatura de cor a 5200K, conhecida como “luz do dia”. Para evitar uma possí- vel monotonia branca, as palmeiras do jardim foram iluminadas com lâmpadas do tipo PAR, com tem- peratura de cor 3000K, “aquecendo” ligeiramente os tons da vegetação, sem exageros, para não causar incômodo ou parecer artificial demais. Iluminação Im agem : ebc.com .br Im agem : w ikipedia.org Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 34 • Edição 06 ColorADD Fundador e diretor da DESIGN MAGAZINE. Jorna- lista profissional há mais de 20 anos. Sempre se dedicando à produção de informação sobre de- sign, arquitetura e arte por esse mundo afora. Tiago Krusse Imagens: Cortesia de Miguel Neiva. “[...] e aqui o design entra no expoente máximo do racionalismo.” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 35 Design Magazine Brasil O que é o ColorADD? É um código gráfico, que eu criei, que re- presenta as cores. No fundo a ideia foi criar uma ferramenta que permitisse que um daltô- nico conseguisse identificar as cores, sem vê -las. O daltonismo é uma patologia, sem cura, de transmissão hereditária e que afeta maio- ritariamente os homens. A ideia foi, depois de uma investigação desenvolvida durante oito anos, muito deste tempo com daltônicos, perceber se a ferramenta fazia sentido, se eles precisariam dela e aferir sobre os tipos das suas necessidades. Surge assim o código,que é uma lingua- gem gráfica fundamentada naquilo que é o conceito adquirido, que todos nós trazemos da escola. No fundo foi criar algo que pudesse ter um processo de aprendizagem muito rápi- do, muito intuitivo - fosse ele para uma crian- ça de 5 anos ou para um adulto de 95 - e que tem por base o conceito das cores primárias. Nós aprendemos e testamos que existem as três cores primárias: o azul o vermelho e o amarelo, e juntando essas cores dão todas as outras. O que eu fiz foi procurar uma simbo- logia gráfica que teria que cumprir uma série de requisitos, o código tinha de ser simples pois estamos falando de uma linguagem que pudesse ser entendida por todas as pessoas – não só por quem tem uma cultura visual mais apurada, como um designer ou um arquite- to. O aspecto essencial era a simplicidade, a fim de permitir que esse código pudesse ser reproduzido em diferentes suportes e deriva- ções, sem nunca perder a sua silhueta, a sua forma, e mais do que isso, foi ligar-se entre eles da mesma maneira que nós, se ligarmos as cores conseguimos ter o desdobramento da simbologia, também em outros símbolos. Ou seja, o amarelo mais o vermelho dá o la- ranja e se pegarmos no símbolo do amarelo mais o do vermelho temos o símbolo do la- ranja. E o processo, apenas com três elemen- tos gráficos, consegue fazer a identificação de todas as cores com base no tal conhecimento adquirido, tornando-o assim muito mais sim- ples de aprender e muito mais fácil de levar a todo o lado. Miguel Neiva é o designer responsável pela pesquisa, criação e desenvolvimento do ColorADD, o sistema gráfico de representa- ção das cores pensado para as cerca de 350 milhões de pessoas que sofrem de daltonismo em todo o mundo. Desde o arranque do projeto em 2000 até os nossos dias, esta entrevista nos deixa um relato de um profissional empenhado e apaixonado por uma causa de inclusão social para a qual ele criou uma espécie de design de medicamento para uma patologia hereditária que só no Brasil afeta 9 milhões de pessoas. Uma conversa sobre bom design Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 36 • Edição 06 ColorADD Quando é que se iniciou o processo de pes- quisa e desenvolvimento do código? Este projeto teve como base a minha tese de mestrado, iniciado em 2000, e depois de pesquisar percebi que nada no mundo poderia resolver, nem que parcialmente, esta questão do daltonismo. Esta- mos falando de uma dificuldade que é um problema da sociedade, pelo fato de existirem 350 milhões de pessoas, 9 milhões no Brasil por exemplo, que não identificam corretamente as cores, sendo que 90% da comunicação é feita através da cor/ideia. Quando em 2000, numa primeira abordagem com médicos fiquei sabendo que não havia cura para o daltonismo e que era uma limitação ou uma defi- ciência com diferentes níveis e graus e, mais do que isso, quando estive com os daltônicos me dei conta da enorme vontade deles de que existisse alguma coisa que os ajudasse. Arranquei com um pressupos- to muito claro: incluir sem discriminar. O processo extravasou logo, e logicamente aquilo que era uma tese de mestrado, começaram a ser oito anos de investigação e de desenvolvimento, de maneira que a ferramenta pudesse ser muito mais do que uma publicação enfiada numa biblioteca de uma universidade, e sim algo que tivesse uma aplica- bilidade prática e que garantisse essa tal criação de acessibilidade e essa tal inclusão. Terminados esses oito anos em que fiz a pro- teção do projeto, em que defendi a minha tese, esti- ve um ano e meio escrevendo artigos, que são lidos em diversos congressos internacionais para garantir o reconhecimento e a acreditação da área científica. Isso para mim era muito importante, não era eu di- zendo que o que tinha feito era a solução mas sim as pessoas com as competências e as responsabilida- des na área validando a solução. Passado todo esse percurso, o projeto tornou- se naturalmente muito mais simples de divulgar, muito mais simples de implementar e com gran- de cobertura midiática, também fruto de toda essa publicação científica. No final de 2008, princípios de 2009, foi criada uma equipe para começarmos a trabalhar, desde aí até hoje na implementação do código. A implementação do código tinha de sair da publicação, que era a minha tese, e entrar nos produ- tos, suportes, serviços em que a cor é um fator deter- minante de identificação, orientação ou escolha. E aí estamos desde 2010, que foi a data da primeira im- plementação do código, trabalhando com diferentes empresas e diferentes áreas. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 37 Design Magazine Brasil Que tipos de perturbação na incapacidade de distinguir as cores podem ser identificados? Há vários tipos de daltonismo e tem tudo a ver com a falha dos bastonetes na retina. O pro- blema do daltonismo é na zona da retina, em que estão os bastonetes, são esses elementos que nos direcionam aos três cones que temos e os cones consequentemente emitem um sinal ao cérebro que nos permite identificar as cores. O daltonismo é a falha desses bastonetes. Os diferentes tipos de daltonismo que exis- tem dependem da quantidade de bastonetes que falham, e nós temos 125 milhões deles em cada olho. Depende também da zona onde eles falham. O que eu quero dizer com isto é que, por exemplo, a maior parte dos daltônicos faz a confusão entre ver- des e vermelhos e tudo que anda à volta disso, pois quanto mais falharem, mais isso se alastra aos tons castanhos, aos laranjas, e esta tipologia é designada por deuteranopia. Precisamente porque nós temos o canal do verde e do vermelho no cromossoma x. O azul está no cromossoma sempre. O cromossoma x se teve uma limitação ou uma deficiência vai afetar esses dois canais de cor. Mas há outros tipos, a tritanopia que afeta a zona do espectro do azul e do amarelo. Curiosamen- te no estudo que eu fiz com os daltônicos havia um que dizia que tinha um carro azul banana, pois para ele a cor da banana e a cor do mar eram exatamente vistas da mesma maneira. Dos 350 milhões de daltônicos 2% são mono- cromáticos, são pessoas que vêem o preto e o bran- co e que não têm nenhum elemento que possa fazer essa informação direta aos cones. Curiosamente co- nheço alguns e ainda mais raro algumas mulheres, porque uma mulher também pode ser daltônica. Quem é mais afetado por esta doença? Os mais afetados são os homens, porque a questão está no cromossoma x. A mulher, como tem dois cromossomas x se receber do pai o cro- mossoma, torna-se apenas portador, pois um x compensa o outro. É uma doença congênita e hereditária? Certo, embora possa ser adquirida por proble- mas de diabetes, tiroide ou por consumos excessivos de drogas. Tudo aquilo que pode degenerar proble- mas de visão consequentemente de acuidade visual, Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 38 • Edição 06 ColorADD acaba se refletindo na acuidade visual à cor, mas es- ses valores que falamos derivam de transmissão he- reditária. Na relação, é um para cada dez no caso dos homens e uma para cada duzentas mulheres. Este código de cores foi pensado para ser implementado em que tipos de situações? Qualquer situação, desde que nós as inter- pretemos como uma vertente, e aqui o design en- tra no expoente máximo do racionalismo. Um dal- tônico não vê um pôr-do-sol igual a uma pessoa que não o seja, mas aí o código não traz a solução porque não se vai colocar os símbolos na nature- za. Sempre quea cor é um fator de identificação, orientação ou escolha, quer seja de um produto, uma peça de vestuário, lápis de cor, linhas dos ma- pas de transportes ou outras situações, essa trans- versalidade é total e já a testamos, aí o código faz sentido porque o daltônico precisa de ser orienta- do para a cor. Ele não vai vê-la mas ele precisa sa- ber onde está a linha amarela, qual o lápis laranja ou a camisola verde. Até ao momento quais têm sido os maiores exemplos da aplicação deste código? São muitos e todos eles são relevantes, pois a grande preocupação que tive com este projeto foi testar a sua transversalidade. Uma das mais emblemáticas implementações do código é in- questionavelmente a dos lápis de cor. Porque os lápis de cor representam a sua utilidade efetiva, que é pintar com uma determinada cor, porque faz uma ligação às crianças e porque está envol- vido em todo um processo de pedagogia e edu- cação. Agora se houver um daltônico para quem esta aplicabilidade não seja importante, acabo por não ter relevância. Daí o nosso enfoque ser na transversalidade e por conseguinte, isso resulta que todas as imple- mentações sejam importantes, mas os exemplos com mais destaque são os lápis de cor, ao nível da educação, a sua aplicabilidade em manuais esco- lares, exames nacionais, etc. E neste capítulo da educação há a intenção de equipar as bibliotecas escolares com a simbologia, porque segundo as Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 39 Design Magazine Brasil normativas da Unesco a cor é um fator relevante para a identificação das diferentes temáticas. Uma outra área é a da saúde, em que a cor é importante e o código já é utilizado nos fármacos hospitalares. No setor dos transportes, com a utiliza- ção nos mapas metropolitanos, onde a cor segundo testes já publicados e conclusões comprovadas é de fato, o elemento de identificação das linhas. No ves- tuário, onde 90% dos daltônicos precisam de ajuda para comprar roupa e em casa têm a necessidade do código para decidir na escolha de indumentária que fazem no seu dia-a-dia. Neste setor do vestuário o código já está presente em 30 milhões de peças de roupa que são vendidas por todo o mundo. Na área financeira, em que a cor sublinha a importância dos valores e dos riscos, com uma espécie de semáforo de cores utilizando o código. Na área alimentar, onde o semáforo nutricional ajuda a perceber se os pro- dutos têm muitas calorias, sais, açúcares e gorduras. Em parques de estacionamento, em contentores de recolha seletiva de resíduos. A transversalidade da aplicabilidade do código é plena. Qual tem sido a reação dos daltônicos a esta solução para a sua incapacidade visual? Isso tem sido muito gratificante para mim e para toda a equipe que trabalha no código porque a reação é impressionante. Por exemplo, ainda há poucos dias recebi um email de uma mãe na Argen- tina que soube que uma universidade estava de- senvolvendo um estudo e uma investigação sobre o ColorADD e por isso nos informava que o seu filho se disponibilizava para fazer parte dessa iniciativa. O impacto é incrível e motivador, no fundo eles recebe- Design Magazine Brasil Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 40 • Edição 06 ram uma ferramenta que não têm que pagar por ela e que lhes permite preservar a sua condição pois não têm que se expor. Este pormenor foi importante e as- sumido desde o início, preservar e proteger a pessoa que tem essa incapacidade de distinguir as cores, até porque há casos de bullying e de discriminação social. E ainda tem as diversas associações de dal- tônicos, nacionais e estrangeiras, que todos os dias nos enviam informação assim como também a divul- gam. Isto resolve um problema social. O código integra-se dentro do Design de Comunicação com uma inequívoca compo- nente social no sentido de promover a me- lhoria de vida de um conjunto de pessoas com necessidades específicas. De que forma é sus- tentada a implementação do código e como foi pensado o retorno pela sua pesquisa, de- senvolvimento e aplicação? O Design tem de fato a nobre missão de tornar o mundo mais acessível e mais inclusivo, dentro do conceito design for all. É portanto design de comu- nicação puro, fazendo algo que pudesse ser tão sim- ples que todos pudessem entendê-lo. Num artigo que ainda não tinha referenciado, este meu design foi descrito como um medicamento porque é usado para resolver um problema que é uma patologia. O projeto para ser garantido, sustentável e em permanente trabalho procurou essencialmente uma autonomia a todos os níveis que nos garantisse não depender de outros e prosseguir o caminho idealiza- do por nós. Criamos um modelo de negócio social em que todas as empresas que tenham na cor um fa- tor de comunicação dos seus produtos possam utili- zar o código. Para esse efeito nos é paga uma licença ColorADD Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 41 Design Magazine Brasil da internacionalmente e com uma grande expressão no Brasil, me elegeu como seu fellow. Sou portanto o único português membro desta organização que tem três mil pessoas trabalhando por todo o mundo atra- vés de um projeto de design, e daí o reconhecimento inquestionável da vertente social da história: a inclu- são. Por outro lado menciono o programa Zero Pro- ject, promovido pelas Nações Unidas, que reconhe- ceu o ColorADD como uma das 50 inovações práticas na área das acessibilidades a nível mundial e, aqui, já é numa vertente funcional. O Estado Português me condecorou com a Medalha da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Que novo projeto com características se- melhantes ao ColorADD podemos esperar do Miguel Neiva? Neste momento é impossível deixar todo este processo e tudo isto só faz sentido quando levado a um número máximo de pessoas. Incluir sem discriminar, e todo o sistema andará sempre em torno destas bases. que é acessível e indexada à dimensão de cada em- presa. Para nós é um processo que só fazia sentido desta maneira e que tem uma vantagem, que é esta noção do valor partilhado. Quero dar o exemplo da empresa que pro- duz os lápis, a Viarco, que o fato de utilizar o códi- go nos seus produtos permitiu que ela exportasse para diferentes países. Estes fatores de inovação e de responsabilidade social acabam sendo muito positivos para as empresas, bem como para todo o processo de divulgação e de utilização do código por diversos produtos. Qual tem sido a repercussão e o reconheci- mento deste trabalho? Nunca imaginei que fosse ter toda esta reper- cussão e reconhecimento. Todo o percurso e os prê- mios que o código vai ganhando é para mim, como designer, um orgulho. Isto porque o design saiu do âmbito da esfera do que é o design e entrou na socie- dade. A Ashoka que é uma organização mundial com uma missão de empreendorismo social, reconheci- Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 42 • Edição 06 Design versátil com Renato Saes Carioca amante do conhecimento, cultura artís- tica, idiomas e computação gráfica. Youtuber e autodidáta, atua como designer na Rede Solaris Network e como freelancer. Vitor Cardoso Imagens: Cortesia de Renato Saes. “Todo produto e/ou serviço pode ser inovado, isto somente é questão de projeto.” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 43 Design Magazine Brasil Por muitas vezes o designer é visto ou rotula- do como um profissional restrito a um determinado ramoe produto ou geralmente com um profissional da área de interiores. No entanto, por mais que ele venha seguir um ramo com mais vigor, é apto a tra- balhar em diversas esferas do mercado. “Renato Saes é uma dessas mentes criativas e versáteis, capaz de expandir sua área de atuação” Renato Saes é uma dessas mentes criativas e versáteis, capaz de expandir sua área de atuação, como também abranger elementos de âmbitos di- ferentes em um único projeto. Segundo ele, o pro- fissional da área deve ter sempre o anseio de ino- var e ser incessante na busca de novas referências e tipos de projetos, isso mantém o profissional com maior vivacidade e estabilidade no mercado, uma vez que há possibilidade de uma demanda maior de projetos. Formado em Design de Produto pela Univer- sidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduado pelo Instituto Europeo di Design, atuou de designer a coordenador em grandes escritórios premiados no Brasil e exterior. Ao longo desses escritórios, participou de várias etapas de projeto e obteve o conheci- mento de diversos materiais e seus respectivos usos. Além disso, obteve a assimilação do papel Renato Saes Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 44 • Edição 06 “Trabalhar com a criação promove a possibilidade de desenvolvimento de projetos de skates até produtos médico-hospitalares.” profissional conforme a ótica da economia na- cional. Estes conhecimentos, somados a absor- ção dos ideais europeus de design e a vontade de ter seu próprio negócio, foram motivadores para a criação de seu próprio escritório. Desde então, seu escritório segue o ramo do Design Industrial, no entanto de modo multifacetado. Hoje seu Studio, mantém uma excelente parce- ria com clientes no Brasil e França, e indústrias de diversos ramos de atividade. Como ele mesmo afirma, trabalhar com a criação promove a possibilidade de desen- volvimento de projetos de skates até produtos médico-hospitalares. Outro fator também pe- culiar nos trabalhos de Renato Saes é a incli- nação de sua participação em todas as etapas de um projeto. Além do prazer de ver a evolu- ção de seus projetos até seu produto final, isso também assegura que o projeto seja funcional, viável e atrativo. Entre seus projetos, destacamos dois que podem mostrar tanto a qualidade do seu traba- lho, quanto a inovação e a sua versatilidade: Swizee Skateboards. Shape desenvolvido em alumínio naval. Skate + Design Design versátil com Renato Saes Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 45 Design Magazine Brasil Moeda do Ayrton Senna Moeda especialmente confeccionada e com lançamento no Instituto Ayrton Senna. Em um lado aparece uma inscrição da Rai- nha Elizabeth II junto ao valor nominal, ano e país emitente, do outro uma imagem do piloto colorida. A moeda é uma homenagem que repre- senta um pouco de cada brasileiro que vibrou e chorou, de todos os fãs, amigos e familiares de Ayrton. A embalagem também apresenta ele- mentos que não poderiam ficar de fora, como a velocidade, uma bela ultrapassagem e a chuva. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 46 • Edição 06 Desodorante corporal masculino Axe. Design gráfico. Estudos conceituais de novos grafismos. AXE Design. Studio Renato Saes Desenvolvimento de produto. Co-autoria. Design versátil com Renato Saes Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Dezembro 2014 • 47 Design Magazine Brasil Lustre Linha Pontilhada A luminária remete ao origami e kiriga- mi, ainda também ao design de embalagens. Elas são feitas de alumínio e podem ser reu- tilizadas, recicladas e ganhar novas formas no pós-uso. Esta luminária foi finalista do Prêmio House&Gift 2014, desenvolvida para a Mun- clair Lustre Brasil e lançadas na Expolux 2014, também foi exposta na Light Fair - Las Vegas 2014. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 48 • Edição 06 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
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