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Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 2 • Edição 08 Carta do diretor Formado em design gráfico e atuando no merca- do desde 2010. Atualmente focado em direção de projetos. Dentre eles a revista digital Design Maga- zine Brasil e o “coletivo criativo” Grupo I3C3. Lucas Fernandes O que é o Design se não uma ferra- menta de transformação? Sua função é s imples: buscar soluções para os mais di- versos problemas. Transformar o velho no novo, o óbvio em algo incrível , o mundo em um lugar melhor. E quando eu digo isso, me refiro a real- mente melhorar o mundo em todos os aspec- tos possíveis. Torná-lo melhor para todos. As pessoas são diferentes, cada uma tem suas qualidades, seus defeitos, suas pre- ferências e suas limitações. Podendo essas variáveis estar relacionadas a questões físi- cas, psicológicas, sociais, etc. Quando um de- signer está trabalhando, deve levar em conta tudo isso na hora de executar um projeto. E uma outra missão (ou até mesmo de- safio) do designer é fazer com que aqueles ao seu redor entendam o valor daquilo que ele faz. Mas antes de entender o valor é preciso que as pessoas entendam o que é o Design. Entendam que não é algo fácil, não é algo rá- pido, não é algo supérfluo. O designer tem o trabalho de apresentar para o mundo a im- portância da sua profissão, que existe há tan- to tempo, que está presente em tantos luga- res, mas que tanta gente não percebe. O Design precisa se expandir, precisa ser conhecido e reconhecido por mais pessoas. E esse ano é isso que a Bienal Brasileira de Design vem celebrar, o Design para todos. Em Florianópolis, esse ano nós poderemos ver um pouco do cenário nacional de Design e mostrar para todos do que são feitos os de- signers brasileiros. Viva o Design para todos! Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 4 • Edição 08 Sumário A simplicidade do dia-a-dia Pág. 08 Entrevista à artista: Adriana Amaral Pág. 20 Entrevista com Roselie Lemos Pág. 34 Cahier d’Art Pág. 14 Preview: BBD 2015 Pág. 28 O “OBA”, de Pablo Cabistani Pág. 42 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 5 Design Magazine Brasil Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 6 • Edição 08 Créditos Diretor Capa Revisão Logotipo Site Email Redes Sociais Projeto gráfico Diagramação Ilustrações Idealizadores Redatores Lucas Fernandes Pablo Cabistani Juliana Teixera Lourrane Alves Elementos À Solta designmagazine.com.br lucas@designmagazinebrasil.com.br facebook.com/revistadesignmagazine.br twitter.com/DMBr_Oficial Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Thiago Seixas Vitor Cardoso Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Gilberto Ferreira Diego Gomes Douglas Silva Gilberto Ferreira Leandro Siqueira Lucas Fernandes Clara Carneiro Eliezer Santos Mayara Wal Thiago Scramignan Thiago Seixas Tiago Krusse Edição #08 Abril/2015 A Design Magazine Brasil é uma projeto de LucasFAdS e Grupo I3C3. O conteúdo textual e imagético da revista pertence aos seus respectívos autores e não pode ser reproduzido sem autorização prévia. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 7 Design Magazine BrasilVENHA E DESCUBRA FLORIANÓPOLIS DE 15 DE MAIO A 12 DE JULHO DE 2015 Visite as exposições, workshops, seminários nacionais e internacionais, e outros eventos de design que tomarão conta da cidade. CO-REALIZAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL APOIO APOIO CULTURAL REVISTA OFICIALCIA AÉREA OFICIAL INICIATIVAPARCERIA INCENTIVO PATROCÍNIO - OURO REALIZAÇÃOPATROCÍNIO - BRONZE Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 8 • Edição 08 A simplicidade do dia-a-dia Ilustração da vitrine: Gilberto Ferreira “Praticidade e beleza foram as principais motivações para desenhá-la e criá-la.” Trabalha com publicidade, design gráfico e diagra- mação desde 2010, principalmente com propagan- das de jornal, flyers e books fotográficos. Também já recebeu prêmios por vídeos que dirigiu. Thiago Scramignan Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 9 Design Magazine Brasil Todos concordam que um bom design é importante para qualquer produto, mas você já parou pra analisar os designs nas coisas mais comuns do dia a dia? Pois bem, repare! Um dos intuitos do design não é apenas deixar as coisas com um estilo diferente ou chamar a atenção, muito do design se usa para a praticidade em seus produtos. Todo, ou grande parte, dos produtores de bens de consumo querem levar um produto bonito, barato e realmente funcional para seus consumidores, e muitos designers passam dias imaginando como um produto pode ter tantas características diferentes. Alguns conseguem criar de um simples “estalo” criativo, enquan- to outros passam muito tempo em pranchetas de desenho e discutindo até com engenheiros, para obter o resultado esperado. Vamos tomar como exemplo uma coisa simples do dia a dia, uma caneta. Se você vive nesse mundo, você já pegou em suas mãos uma caneta Bic Cristal... Caso te- nha uma em mãos, repare a simplicidade de seu desenho, afinal é apenas uma caneta! Mas imagi- ne como eles chegaram a esse produto com uma ponta esferográfica, respeitando padrões muito bem definidos, que não deixam escapar mais que o necessário de tinta e também não a deixam fi- car sem fluxo, seu corpo transparente, para que o usuário consiga enxergar o nível de tinta em seu reservatório, o formato hexagonal de seu corpo, para melhor aderência/conforto e para evitar que ela role de mesas inclinadas, a tampa com o prendedor para se colocar no bolso, sem contar sua abertura para evitar que aconteça um vácuo e acabe puxando a tinta pela ponta, a tampa do Im agem : W ikipedia Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 10 • Edição 08 A simplicidade do dia-a-dia fundo indicando a cor é muito bem vedada para evitar vazamentos em caso de a tinta escapar do compartimento, até esse furinho minúsculo na lateral tem sua função! Simples não é? Nem tanto! Imagine quanto tempo demorou para se conseguir uma escrita tão contínua sem perder muita tinta, imagine como eles descobriram que esse furinho na lateral, que é para se manter a pressão dentro do corpo constante e evitar va- zamentos e até falta de fluxo, serviria para isso e seria tão necessário. E uma lixeira? Acha estranho esse item tão despercebido ser comentado aqui? Sim, poderia falar de outra coisa, mas não quando se trata da lixeira Umbra Garbino. Seu desenho é tão único que está no acervo permanente do museu de arte moderna de Nova York, seu estilo elegante e sexy, foi inspirado na atriz Greta Garbo da década de 20. Seu designer, Karim Rashid, quis criar um produto que chegas- se a todos os níveis de consumo, um produto que compusesse tão bem o ambiente e que fos- se acessível, quase uma peça de decoração, mas muito funcional. Ao olhar para ela, você já nota suas alças altas, por estar acima da linha do lixo o usuário não tem contato com ele, seu fundo abobadado ajuda na limpeza de líquidos, ideia de Karim por jogar inúmeros copos de café na li- xeira e ter muito trabalho para limpá-las, pois os líquidos ficaram nos cantos das lixeiras tradicio- nais, e seu desenho fluido a deixa quase com um tom de obra de arte. Praticidade e beleza foram as principais motivações para desenhá-la e criá -la, ele não esperava q ela fosse parar emum mu- seu. Seu material a deixa com um preço atrativo e competitivo, qualquer pessoa pode comprá-la. Im agem : U m bra Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 11 Design Magazine Brasil Im agem : Productfind.interiordesign Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 12 • Edição 08 A simplicidade do dia-a-dia Im agem : Ventilador Spirit Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 13 Design Magazine Brasil E o ventilador de teto? Já reparou nele? Particularmente um modelo em especial, o Spirit do designer carioca Guto Índio da Costa. O Spirit foi encomendado por uma fábri- ca de fitas de videocassete, para que ela assim diversificasse sua produção, seu desenho com duas pás foi inspirado nas hélices do ‘Spirit of Saint Louis’, nome dado ao avião utilizado pelo aviador americano Charles Lindhenberg na pri- meira travessia aérea do Atlântico, em 1927. Uma referência de peso para um singelo ventilador não é? Nada disso! Pouco tempo depois de seu lançamento ele ganhou prêmios de design no Brasil e no mundo. Seu formato simples o deixa leve o que diminui o consumo de energia, mas o baixo consumo não o impede de ter um desem- penho digno de seus prêmios e que faz frente a seus concorrentes tradicionais, veja os ventila- dores de teto de décadas atrás. Geralmente fei- tos de ferro, pás gigantescas, altíssimo consumo e quase que padronizados, como se fossem fei- tos com uma espécie de molde, o Spirit veio com um desenho inovador e muito funcional. Com esses exemplos, conseguimos ver que nem sempre um designer precisa ser ex- travagante ou complicado, como diria alguém com fome “nada melhor que um feijão com ar- roz”, muitas vezes a simplicidade é o melhor ca- minho a ser seguido. Inspiração sempre é importante! Conhe- cimento e cultura nunca são demais, leia, veja, ouça, use sua curiosidade para ter o máximo de informação sobre tudo, qualquer coisa pode ser uma inspiração. Lembre-se sempre que quem vai comprar a sua ideia não será você! Im ag em : V en til ad or S pi rit Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 14 • Edição 08 Cahier d’Art Fotos: © Rebecca Fanuele - Cortesia de Cahiers d’Art “[...] Refere-se ao mesmo tempo a uma editora, galeria de arte e revista. Sua concepção foi inteiramente original [...]” Designer de produto de formação e metida a docei- ra nas horas vagas. Formada desde 2011, buscando sempre estar antenada e se atualizar na área, atual- mente estuda Design de Serviços e Interação. Mayara Wal Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 15 Design Magazine Brasil Fundada em 1926 por Christian Zervos a Cahiers d’Art, que fica no coração de Saint-Germain- des-Prés, refere-se ao mesmo tempo a uma editora, galeria de arte e revista. Sua concepção foi inteira- mente original: uma revista de arte contemporânea que combinava tipografia e layout, fotografias, e mistura de arte antiga e moderna, onde escritores como Tristan Tzara, Paul Éluard, René Char, Ernest Hemingway e Samuel Beckett substituíram muitas vezes os críticos de arte habituais. Cahiers d ‘Art trabalha diretamente com ar- tistas e suas obras criando revistas, livros de edição limitada e catálogos - cada um dos quais é uma ce- lebração de caráter e visão individual do artista. Renomados artistas em colaborações com a galeria, muitas vezes produziram obras de arte originais. Por exemplo, Miró em 1937 com Aidez L’Espagne, e Marcel Duchamp em 1936 com Flu- ttering Heart, produziram em parceria com a ga- leria algumas das imagens mais icônicas destes dois artistas. De 1930 até a eclosão da II Guerra Mundial, a revista se concentrou no trabalho de Picasso, Ma- tisse, Braque, Léger, Ernst, Arp, Calder e Giacomet- ti, entre outros. Em 1932, Cahiers d’Art havia pu- blicado o primeiro volume do Inventário Picasso, um projeto que se tornaria o trabalho de uma vida, elaborado por Zervos juntamente com Picasso. História Por Inge M ahn Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 16 • Edição 08 Cahier d’Art Por Inge M ahn Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 17 Design Magazine Brasil Exposições Martin Kippenberger (1953-1997) A galeria que também exibiu exposição de arquitetos como Le Corbusier, Frank Lloyd Wright e Oscar Niemeyer, agora apresenta duas exposições solo dos artistas alemães Inge Mahn e Martin Ki- ppenberger, até junho. Considerado um dos mais talentosos artistas alemães de sua geração. Desde sua morte prematu- ra, sua reputação continuou a crescer internacional- mente, solidificando seu lugar como um dos artistas mais influentes do século XX. Estudou arte na Hochs- chule für Künste em Hamburgo, mas viveu em várias cidades como Berlim, Florença, Espanha, Nova York e Rio de Janeiro. Nas suas obras se utilizava de uma grande variedade de mídias: pinturas, esculturas, fo- tografias e gravuras, e tratava de temas provocativos, quase sempre contendo comentários sociais. O trabalho de Kippenberger pode ser encon- trado em renomadas coleções permanentes de ins- tituições de prestígio, como a Tate Modern, Centre Pompidou, MoMA e outros. Por M artin Kippenberger Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 18 • Edição 08 Cahier d’Art Por Inge M ahn Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 19 Design Magazine Brasil Inge Mahn (1943) Nascida em Teschen (agora parte da Polônia), a artista estudou com Joseph Beuys na Kunstaka- demie Dusseldorf, trabalhou como professora de escultura na Academia de Belas Artes de Stuttgart e na Academia de Arte de Berlim Weibensee, onde atualmente é Professora Emérita. Em 1972 Harald Szeemann a convidou para exibir seu projeto Schulklasse em Kassel, onde já se podia notar seu interesse em compor objetos do co- tidiano com arquitetura. Suas obras podem ser encontradas nas cole- ções de Stiftung Kunstmuseum Düsseldorf, Deutsche Bank e Kulturministerium Baden Württemberg. Po r M ar tin K ip pe nb er ge r Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 20 • Edição 08 Entrevista à artista: Adriana Amaral Pinturas e fotografias: Adriana Amaral “Não há nada melhor para não desanimar na jornada que trilhamos profissionalmente, do que admirar o sucesso do outro.” Estudante de Publicidade e Propaganda na Unigranrio, adoradora de diversas áreas do ramo, apaixonada por todo tipo de arte e pre- tensa desenhista. Clara Carneiro Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 21 Design Magazine Brasil Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 22 • Edição 08 Não há nada melhor para não desanimar na jornada que trilhamos profissionalmente, do que admirar o sucesso do outro, isso nos motiva e con- cede forças para vencer nossos próprios desafios. Por isso, é com prazer que entrevistamos e traze- mos a vocês, o resultado da nossa conversa com a talentosa Adriana Amaral. Desde jovem, nossa entrevistada fazia suas artes, e até mesmo com materiais escassos, criava desenhos e pinturas impressionantes para alguém de sua idade. Nossa artista tem certamente um dom. É certo que todos podemos aperfeiçoar nossa arte, a própria Adriana motiva isso nas pessoas que conhece ou passou a conhecer com seu trabalho, mas existem também aqueles que já nasceram pre- destinados - acredito eu. Pouco incentivada pela família a seguir na carreira que desejava,Adriana não se abateu e se- guiu na busca de seu sonho. Se antes ela desenha- va inocentemente, como toda criança faz, hoje, ela é apoiada por seus admiradores e está a cada pas- so mais próxima de tornar seu desejo realidade, se manter com sua arte. - - - É um prazer ter você nos concedendo essa entrevista Adriana, que tal começarmos contan- do ao leitor no que se baseiam seus trabalhos e qual o seu estilo de desenho? Primeiramente, muito obrigada pelo convite, adianto que o prazer é todo meu em participar des- sa entrevista. Bem, vamos lá, meus trabalhos artís- ticos são baseados em coisas que me cercam no dia a dia. Sempre fui apaixonada por paisagismo, natu- reza, verde e mesmo sem entender nada de nada, eu comecei a me arriscar nesse mundo e comecei a pintar telas com 10 anos de idade – por telas, enten- da-se pedaços de compensado ou madeira velha que ninguém mais queria e tintas guache. Aos 13 anos ganhei de uma tia muito querida, minha pri- meira tela de verdade e tintas a óleo, desde então não parei mais, comprava revistas de pinturas em telas para me basear e aprender. Passei a maior par- te da minha adolescência no quarto e sozinha fui aprimorando as técnicas e aprendendo a manuse- ar os pincéis. Não tenho um estilo fixo de desenho, faço desde traços infantis ao realismo, gosto de de- senhar mangá, por causa de suas técnicas maravi- lhosas de corpo e movimento e estou começando a me arriscar nos traços de HQ. Quem sabe desenhar HQ, sabe desenhar qualquer coisa [RISOS]. “Procuro passar firmeza e mostro a todos que a história de ninguém precisa ser fácil para se ter ‘sucesso’.” Sei que você também faz palestras, o que procura passar a quem te assiste? Sim, comecei a palestrar ano passado e pelo visto não vou parar mais. Desde a primeira palestra procuro passar firmeza e mostro a todos que a histó- ria de ninguém precisa ser fácil para se ter “sucesso” naquilo que acredita. A minha história de vida tem sido inspiradora para muitas pessoas, porque eu mostro a elas que a fé e a persistência gera resulta- dos avassaladores. Correr atrás do que se deseja é mais que apenas um esforço, é abrir mão de coisas, é um desafio diário. Eu tenho mostrado às crianças e Entrevista à artista: Adriana Amaral Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 23 Design Magazine Brasil aos adolescentes que a vida deles está aí e que eles têm um futuro brilhante à sua espera, basta querer. No término da maioria das palestras, os alunos vêm me abraçar e agradecer pela motivação. Então conte mais, como é a profissão, quais os percalços? Por mais que eu esteja envolvida nesse mun- do até o pescoço, graças a Deus, eu ainda não estou nele totalmente, como eu realmente desejo. Há dois anos saí da casa dos meus pais, justamente por isso, para ter meu espaço com minhas tintas, telas espa- lhadas pela sala e os pincéis organizados do meu jei- to. Passei então a pagar aluguel - e essa é a parte em que digo que tem de se abrir mão de algumas coisas para se ter outras -, com isso, tenho que ter um em- prego fixo, que eu ganhe o suficiente para pagar meu aluguel sem dores de cabeça. Preciso ter essa base, ainda não pude largar tudo para viver só da arte e para a arte, e mesmo assim eu vivo. Chego em casa a noite e é aí que minha real história começa, tenho encomendas de todo o Brasil e faço de um tudo para dar conta de atender tanta gente. Eu sei que é a hora de eu pensar que posso viver disso, mas ainda tenho alguns poréns que me impedem. Nada tem sido fácil, mas mesmo com alguns tropeços, bloqueio criativo, falta de ânimo, eu tenho Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 24 • Edição 08 conseguido forças para continuar. Ao contrário do que muitos pensam, vida de artista não é nada fácil e o que vem me motivando a cada dia é o público que consegui conquistar. O que te motivou a seguir até hoje, algum momento especial que queira dividir conosco? Todos os dias recebo muitas mensagens de pessoas que eu nem conheço me incentivando com palavras poderosas. A demanda de pedidos de cami- sas pintadas a mão, desenhos e telas tem aumenta- do a cada dia, é incrível você sentir que as pessoas gostam do que você faz com amor. Muita coisa já aconteceu para que eu vis- se que tudo têm valido a pena, mas tem um momento que gosto de recordar sempre. Pintei uma camisa para entregar para o grande dubla- dor Orlando Drummond (Scooby-Doo, Popeye, Alf, etc.) e consegui fazer isso pessoalmente - com a ajuda do querido Guilherme Briggs -, no Prêmio de Dublagem Carioca em 2012. Poder estar junto deles foi épico. Drummond é um lord, elogiou meu trabalho e de quebra agrade- ceu com a voz do Scooby. Como é ter, finalmente, pessoas que real- mente admiram o que você faz? Na sua página no Facebook percebemos claramente o apoio que você menciona. É gratificante demais, esse tem sido o grande motivo para eu continuar com o gás todo. Cada elo- gio, cada mensagem de carinho é como um abra- ço caloroso em tudo que venho fazendo. Recebo mensagens de pais me dizendo que eu tenho sido o motivo para seus filhos quererem desenhar ou até mensagens de pessoas que dizem ter voltado a pin- tar telas por causa das minhas pinturas e postagens motivadoras. Tudo que tenho feito tem me dado Entrevista à artista: Adriana Amaral Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 25 Design Magazine Brasil bons frutos, eu espero fazer muito pelas pessoas al- gum dia. Sinto-me com vontade de retribuir. Você se sente realizada atualmente? Sei que já teve a oportunidade de expor seus tra- balhos, isso é certamente uma realização. Eu me sinto andando pela estrada de tijo- los amarelos, a caminho da realização. Sinto que estou cada vez mais perto, mas ainda não estou 100% realizada. Sim, minha primeira exposição foi em mar- ço de 2014, fui pega de surpresa quando fui cha- mada no Instituto de Artes da minha cidade para receber a notícia de que eu havia ganhado minha primeira exposição de quadros, uma exposição só minha, aquilo foi o céu pra mim, eu não podia acreditar. Em seguida, fui chamada para expôr alguns dos meus quadros da serie Sherlock (Tra- balho criado pela artista devido a sua admiração ao personagem Sherlock Holmes e a homônima série de TV da BBC) na FNAC do Barra shopping, Rio de Janeiro e em Santo André, São Paulo, em setembro de 2014. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 26 • Edição 08 Então, você faz palestras, exposições, só posso parabenizá-la pelo sucesso! Mas o que o futuro reserva agora? O futuro é incerto como dizem, mas tenho feito de um tudo para estar o mais envolvida com a arte possível. Começarei a dar aulas de desenho e pintura esse ano e darei mais pales- tras. Já fui chamada para palestrar fora da região do Rio, mas ainda não foi possível. Continuarei lutando para mostrar que qualquer pessoa pode alcançar seus objetivos, basta querer. Continu- arei pintando, desenhando, criando enquanto tiver forças pra isso. Uma certeza eu tenho, no meu futuro existe cor. E onde podemos conferir mais dos seus trabalhos? Vocês podem encontrar todos os meus tra- balhos no meu facebook pessoal (Adriana Neves do Amaral), na minha página (Driih Desenhos) e no meu Instagram (@DRIIHDESENHOS), sejam muito bem vindos. Para finalizar, alguma mensagem pros nossos leitores? Sim, claro. Eu gosto muito de falar de so- nhos e isso porque todos temos sonhos dentro de nós, sonhos grandes, pequenos, sonhosque pareçam impossíveis, e como já dizia Walt Dis- ney: “Se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhos realidade”. Nunca desista dos seus objetivos, por mais que te digam pa- lavras de desaprovação, siga suas metas. Eu já fui muito criticada, não tive apoio nenhum dos meus pais e mesmo assim não desisti. Não de- sista também, seja qual for o seu sonho, até esse mais louco que está passando por sua cabeça nesse instante. Não desista tão fácil. Entrevista à artista: Adriana Amaral Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 27 Design Magazine Brasil Obrigada a todos que dedicaram o seu tempo lendo essa entrevista, foi bom falar um pouquinho do que amo fazer. Mais uma vez, agradeço imensamente o convite, foi um prazer. A DMB também agradece Adriana, foi maravilhoso poder ouvir sua história. Te- nho certeza que servirá de inspiração para muitos de nossos leitores e que muitos de- les se identificarão com sua trajetória. A DMB também está aqui para inspirar, e que tenhamos ainda muitas outras histórias ins- piradoras a contar. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 28 • Edição 08 Preview: BBD 2015 “Embora tenhamos alcançado uma notoriedade no âmbito nacional, ainda sofremos com muitos problemas, principalmente com relação ao reconhecimento e entendimento sobre nossa profissão.” Designer gráfico e de produto, apaixonado por artes e futebol. Buscando conhecimento e expe- riências, para um dia poder ser uma referência e inspiração para os novos designers. Thiago Seixas Foto da vitrine: Fernando Willadino Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 29 Design Magazine Brasil A história Promover o design no Brasil é uma tarefa que muitas organizações e indivíduos vêm fazendo ar- duamente ao longo das últimas décadas, e, embora tenhamos alcançado uma notoriedade no âmbito nacional, ainda sofremos com muitos problemas, principalmente com relação ao reconhecimento e entendimento sobre nossa profissão. Indo a favor desta corrente, a Bienal Brasilei- ra de Design foi criada com o objetivo de divulgar e promover trabalhos nacionais, profissionais, dis- cussões e principalmente o reconhecimento da im- portância na esfera econômica para o Brasil. A história da Bienal tem início no fim da déca- da de 1960, quando, por iniciativa dos professores da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), o Mu- seu de Arte Moderna sediou uma mostra de projetos nacionais e estrangeiros, que se caracterizavam pelo ideal da boa forma. As três primeiras edições ocor- reram em 1968, 1970 e 1972. Após um longo hiato, o evento voltou a ocorrer em 1990 e em 1992, com a curadoria de Ivens Fontoura, com objetivo de reto- mar as discussões sobre o design no Brasil. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 30 • Edição 08 Foto: José M arconi Bezerra de Souza Preview: BBD 2015 A “Primeira” Bienal A maior de todas Mais um longo tempo se passa até que nova- mente se cria um movimento entre organizações para a criação de um evento que voltasse a discu- tir o verdadeiro papel e valor do design. E em 2006, São Paulo sedia aquela que é considerada a primei- ra Bienal, por ter alcançado uma repercussão muito maior e pelo grande volume de projetos apresenta- dos. Com a curadoria-geral de Fábio Magalhães, crí- tico e historiador de Arte e Design e gestor cultural, a primeira Bienal Brasileira de Design expôs cerca de 600 produtos, tendo recebido 35 mil visitantes. O evento teve ainda mais relevância, por ter ocorrido simultaneamente com outros eventos importantes como a São Paulo Design Week e a Bienal Brasileira de Design Gráfico. Após o sucesso de 2006, o evento foi ganhando cada vez mais importância e notoriedade, até chegar em sua terceira edição, na cidade de Curitiba. Movi- mentando completamente a cidade, o evento atraiu mais de 300 mil visitantes, sendo um recorde de pú- blico até hoje. Além disso, foi a primeira Bienal onde se estabeleceu um tema, a sustentabilidade. A Bienal de Curitiba foi um grande sucesso por ter transbordado os limites dos espaços insti- tucionais. Ela levou para espaços públicos, como o Parque Barigui e o Jardim Botânico, exposições que contribuíram para o elevado número de interação com os visitantes. O sucesso da exposição “Sustentabilidade: E eu com isso?”, que teve a curadoria de André Sto- larski e Rico Lins, foi tão grande que lhe garantiu passaporte para outros grandes eventos, como a conferência Rio +20. Freddy Van Camp, curador geral da BBD 2015 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 31 Design Magazine Brasil Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 32 • Edição 08 O pulo do gato Dando continuidade ao sucesso de suas pre- cedentes, a Bienal de 2012, em Belo Horizonte, teve como tema a diversidade brasileira. Essa Bienal teve um grande sucesso no âmbito internacional, com seminários e ações de negócios que atraíram jornalistas e compradores estrangeiros. Sua sucessora, a Bienal de 2014, acabou não acontecendo. Devido ao fato de no ano de 2014 dois grandes eventos estarem ocorrendo no Bra- sil, a Copa do Mundo de Futebol e as eleições, o comitê organizador decidiu então pular um ano e, assim, realizar a 5ª Bienal Brasileira de Design no ano de 2015. Preview: BBD 2015 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 33 Design Magazine Brasil sas ações é mostrar para as pessoas que o design não é somente uma disciplina estética que visa o encarecimento de produtos, mas sim, uma forma de pensamento que agrega vantagens e valores, que não é somente mercadológico, mas que tam- bém tem como objetivo gerar um bem estar para a sociedade e seus indivíduos. Por esses e muitos outros motivos, a Bienal Brasileira de Design é um evento importantíssimo para nosso setor, e o mínimo que nós como estu- dantes e profissionais da área devemos fazer é dar suporte, divulgar e fazer o máximo esforço para es- tar presentes e fazer parte desta grande mobiliza- ção em prol do progresso do Design no Brasil. O grande desafio A Bienal 2015 irá ocorrer na cidade de Floria- nópolis - Santa Catarina, entre os dias 15 de maio e 12 de julho. Serão 60 dias de evento, que con- tará com exposições, mostras, workshops e semi- nários. O objetivo da organização é fazer com que essa seja a maior e a melhor Bienal já realizada. O desafio é realizar um evento que tenha uma repre- sentatividade nacional, um vínculo com a comu- nidade local e que gere uma repercussão interna- cional positiva. Além disso, a organização contará com ações que visão a aproximação do público geral, não só aquele que já está conectado de al- guma forma com a área do Design. O objetivo des- Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 34 • Edição 08 Entrevista com Roselie Lemos Foto da vitrine: Estúdio Fotográfico Univali – Campus Florianópolis “O Brasil é pioneiro na produção de bienais de design e muito recentemente deu um passo em frente” Fundador e diretor da DESIGN MAGAZINE. Jorna- lista profissional há mais de 20 anos. Sempre se dedicando à produção de informação sobre de- sign, arquitetura e arte por esse mundo afora. Tiago Krusse Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 35 Design Magazine Brasil O Brasil é pioneiro na produção de bienais de design e muito recentemente deu um passo em frente no que diz respeito à regulamentação da profissão. A coordenadora executiva da Bienal Bra- sileirade Design Floripa 2015, expressa como todo o processo foi desenvolvido e deixa-nos as razões pelas quais ela tem tão boas expectativas em rela- ção ao evento. Designer, professora e presidente da Associação Santa Catarina Design, Roselie Lemos sublinha um trabalho de cooperação pleno entre o governo e instituições com o propósito de trazer um acontecimento mais democrático sob o mote “Design for All” e a consciência de contribuir para o desenvolvimento social, cultural, industrial e eco- nômico da região. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 36 • Edição 08 O Brasil é pioneiro na produção de bienais de design. Que diferenças encontra na produção de um evento destas caraterísticas nos anos 60 para os dias de hoje? Na década de 60 o design mundial se expan- diu e passou a expressar a diferença entre gerações e a enorme mudança do pensamento e comporta- mento da sociedade. Naquele momento o Brasil se industrializava seguindo os propósitos do Presiden- te Juscelino Kubitschek e do então governador pro- gressista do estado da Guanabara, Carlos Lacerda. Neste cenário foi criada a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) no Rio de Janeiro que atraiu estudantes de arquitetura de todo o país e novatos como eu, que se encantaram com a nova profissão. O design passava por uma fase mundial de super valorização da tecnologia e da funcionalida- de. Esse processo racional abriu as portas para a experimentação de novas formas, conceitos e pro- cessos de produção. Estava aberto o campo para a realização de uma Bienal Internacional de Design que buscava avi- damente mais informação, mais exemplos de bom design com maior grau de industrialização e novos conceitos. Foram realizadas 3 Bienais em 68, 70 e 72 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com grande empenho dos professores da ESDI, profissio- nais e políticos da época. Quem é responsável por avançar com a Bienal Brasileira de Design 2015 Floripa? Fui buscar a Bienal para acontecer em Floria- nópolis por estar ligada a um curso novo de design e por ter a consciência de que seria necessário abrir o mercado para os novos formandos, dos quais uma grande parte deles era de minha responsabili- dade. Foi uma saída racional para um problema de falta da cultura de design em um estado altamente industrializado. Mais que isso, Santa Catarina preci- sava retomar seu papel pioneiro do design que co- meçou nos anos 80 com o LBDI. Quando é que se deu o início do processo? Que obstáculos e oportunidades foram contabi- lizados desde essa altura? Começou justamente na Bienal de Curitiba e naquele momento já estava escolhida a cidade de Belo Horizonte para sediar a Bienal de 2012. Era necessário batalhar a Bienal de 2014, fazen- do uma grande articulação política unindo a área acadêmica e de pesquisa com a política e a in- dústria do estado. Foram 2 anos de muitas reuniões em Floria- nópolis com representantes do Governo, Fapesc, SCParcerias, Fiesc e das Universidades. Esses contatos fizeram com que notasse que o design precisava somente de um empurrãozinho para deslanchar no estado, com um grande poten- cial criativo e industrial. Como foi possível apresentar tamanho evento em Florianópolis? Foi possível introduzir a Bienal em Santa Catarina com o apoio institucional do Fiesc, do Estado, da Prefeitura, das Universidades além do reconhecimento do potencial turístico do evento. Floripa é conhecida no Brasil todo pelas suas lindas “Neste cenário foi criada a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI)” Entrevista com Roselie Lemos Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 37 Design Magazine Brasil Fotografia: Estúdio Fotográfico U nivali – Cam pus Florianópolis Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 38 • Edição 08 praias e pela sua gastronomia. Unir o design com a beleza da ilha é um dos pontos mais explorados na divulgação da Bienal. Ou seja, quem vier participar da Bienal terá como ganho extra o céu, o mar e a grande energia positiva da cidade. Por que razão o estado de Santa Catarina é relevante para abraçar a bienal? Pelo seu desenvolvimento industrial e pelo desempenho de sua economia. Mesmo nesse mo- mento em que o Brasil mostra resultados insig- nificantes na economia, o índice de crescimento da indústria catarinense não caiu. Ao contrário, a economia catarinense cresceu mais do que a bra- sileira em 2013. O Índice de Atividade Econômica Regional de Santa Catarina (IBCR-SC) subiu 4,1% no ano passa- do, enquanto a média do Brasil ficou em 2,52%(fon- te IBC-Br). Pode-se dizer que Santa Catarina pos- sui uma vocação para o desenvolvimento e para a competitividade, que é um dos objetivos do design. É feita assim a integração entre indústria, o design e a inovação na construção de uma econo- mia forte e sustentável. Entrevista com Roselie Lemos Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 39 Design Magazine Brasil Que novas oportunidades, vai o evento tra- zer para a região e empresas locais? As empresas poderão entrar em contato com novos conceitos de empresas criativas, novas tec- nologias de makers, com a tecnologia de impres- são 3D, novos métodos de co-participação coletiva concretizando um novo olhar na construção de um design catarinense contemporâneo. Como é que o design e o papel da profis- são são percebidos pela entidade regionais, bem como os agentes industriais e comerciais? As empresas e as autoridades governa- mentais investem muito na inovação tecnológi- ca em Santa Catarina. No entanto, é necessária a visão de que não existe inovação sem design nem design sem inovação. O conjunto dessas duas forças mais a compreensão de que a cria- tividade é um elemento essencial para a inova- ção, trará como resultado o reconhecimento do valor do design para a construção de uma eco- nomia mais sustentável a longo prazo. Em que estágio de desenvolvimento Santa Catarina se encontra quando conside- ramos os níveis educacionais e tecnológicos? Santa Catarina possui 75 cursos de design (graduação, técnicos e tecnológicos), 15 cursos de mestrado e um doutorado em design. Só perde em número para São Paulo. Uma gran- de força na educação corporativa está sendo incentivada pela Fiesc junto às empresas e às industrias catarinenses. O IEL e o Senai man- tém convênios com o Politécnico de Milão, com a Steinbeis University de Berlin e com o MIT (Massachusetts Institute of Technology). É a busca do conhecimento através do intercâm- bio e transferência de tecnologia. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 40 • Edição 08 Quais são as principais atividades ligadas ao design? O design está em tudo: Na atividade projetu- al, na gestão organizacional e política, na concep- ção dos novos conceitos de produtos, nas novas formas de produção de produtos, em intervenções estéticas e até na forma de construir novos modelos de negócios. Pensar como um designer é mais do que um novo processo de desenvolvimento de pro- dutos, serviços ou modelos de negócios, para ser um reconhecimento da transversalidade do pensa- mento criativo do designer. O que dá corpo ao mote da bienal “Design for All”? A democratização total do design: Para uso de todos os públicos com configurações físicas diversas relacionadas à idade, peso, altura e possibilidades cognitivas além de necessidades especiais de acessibilidade. Estamos construindo uma Bienal para todos, acessível a públicos diversos, de di- versas faixasde compreensão, mas que pos- sam se beneficiar dos conceitos universais do design. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 41 Design Magazine Brasil O processo de regulamentação da profis- são designer é um passo conquistado por toda a comunidade. Como tem sido o envolvimento dos designers brasileiros e instituições profissio- nais, relativo à missão e objetivos da bienal? Grande parte dos designers brasileiros se en- volvem e se mobilizam enviando seus trabalhos para seleção pelos curadores e criando novas ma- neiras de participação nos eventos, não só pela im- portância de uma Bienal como a sua grande visibi- lidade e com a oportunidade para novos contatos e montando um novo networking. Quais são as suas principais expectativas? Espero que o resultado seja positivo para os profissionais de design, empresários e gestores pú- blicos valorizando o design como conhecimento e fazendo com que o público possa celebrar o design brasileiro nessa grande festa. Espero principalmente que esta seja a melhor e mais instigante das Bienais. Como vê o papel do Centro Design Cata- rina depois da bienal? O Centro de Design Catarina vai se benefi- ciar do papel que tem de realização e execução da Bienal criando oportunidades em ampliar as suas funções de pesquisa e observação de sinais e novas tendências, difundir informações e preservar a memória histórica do design, vir- tual e fisicamente. “Grande parte dos designers brasileiros se envolvem e se mobilizam enviando seus trabalhos” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 42 • Edição 08 O “OBA”, de Pablo Cabistani “Há ainda uma grande confusão por parte da nossa sociedade em saber o que é a profissão e qual a importância do designer para a sociedade. ” Atua como freelancer desde 2012 com criação de logotipos, peças publicitárias, etc. Atual- mente tem se dedicado a edição de vídeo e motion design. Eliezer Santos Foto da vitrine: Arquivo pessoal de Pablo Cabistani Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 43 Design Magazine Brasil O ano era 2013. O mês, Julho. A Bienal Bra- sileira de Design lançava então um concurso que seria um grande desafio para designers em todo território nacional. A proposta era criar uma identidade visual para o próximo evento, que, como o nome já define, acontece de dois em dois anos, e voltaria a aconte- cer no presente ano de 2015, na cidade de Florianó- polis, Santa Catarina. O tema do concurso era “Oba – Design for all (Design para todos)”, uma celebra- ção ao conceito criado pela fundação Design for All (designforall.org). E a proposta era criar uma ID vi- sual que incorporasse este tema em si. O vencedor viria a ser o designer Pablo Cabistani. Natural do Rio grande do Sul, o Gaúcho con- seguiu a proeza de ter seu trabalho escolhido numa disputa que movimentou cerca de 1.300 designers inscritos de todo o Brasil (e também oriundos de países de língua portuguesa), num total de 90 pro- postas válidas. Trabalhando como designer profissional há 10 anos, Cabistani já trabalhou em um escritório de Design em São Paulo, e tem vários de seus traba- lhos exibidos em seu site (pablocabistani.com). Ele começou a trabalhar no projeto da Bienal em Julho de 2013, e trabalhou nele por 3 meses. O interessan- te é que o projeto poderia ser elaborado em grupos, mas Cabistani preferiu se dedicar sozinho, o que valoriza ainda mais o seu feito. O projeto realmente impressiona: desenvolvido com cores fortes e varia- das, usando muitas texturas e vários elementos da nossa cultura, Cabistani conseguiu incorporar com excelência a proposta do concurso em seu projeto. Ele conseguiu criar uma identidade visual alegre, que representa a variedade e a diversidade huma- na, e celebra o tema proposto. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 44 • Edição 08 O “OBA”, de Pablo Cabistani “Eu acredito que as orientações (para o de- senvolvimento da ID visual) são as mesmas para qualquer projeto de Design: foco em resolver o problema apresentado, criar algo único e, como diz a bem conhecida expressão de Massimo Vig- nelli: “visualmente poderoso”. Disse ele, em en- trevista para a Design Magazine de Portugal (ed. Janeiro-Fevereiro de 2015). A Identidade é composta por um conjunto de elementos que interagem uns com os outros: (1) Uma versão temática da logo tradicional da Bienal, que recebeu um detalhe colorido em seu símbolo, (2) o grafismo “OBA” (a geométrica e colo- rida palavra OBA), que complementa o tema “De- sign for All” e é um toque modernista, baseado na Escola Modernista Brasileira, um movimento que tem lançado grandes e já conhecidos designers, como Alexandre Wollner e Aloísio Magalhães, (3) as “caras OBA”, um conjunto de rostos de pessoas de várias idades e etnias, e (4) um conjunto especí- fico de cores e texturas. Perguntado sobre o que poderia ter levado os jurados a escolherem seu projeto como vencedor, Cabistani respondeu que não sabia. “Não é fácil dizer exatamente por que um gru- po de experts prefere um conceito ao outro”, disse. Ele complementou dizendo que considera que seu projeto tenha sido o escolhido pela sua relevância e pelo seu aspecto “humano”. Ele também considera que a criação da logo específica para essa edição, sem alterar a logo tradicional, apenas inserindo nela um detalhe colorido tenha sido uma boa sa- cada, e pode ter tido alguma relevância na escolha dos jurados. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Abril 2015 • 45 Design Magazine Brasil A aplicação na cultura e sociedade brasileiras de um dos tópicos a serem discutidos na Bienal, por outro lado, mereceu críticas de Cabistani. Pergun- tado sobre sua opinião sobre como a importância do designer vem sendo difundida na sociedade, ele afirmou que há ainda uma grande confusão por parte da nossa sociedade em saber o que é a profissão e qual a importância do designer para a sociedade. Segundo ele, há dez anos, quando ele ainda era um iniciante, a situação era a mesma ou era muito parecida com o que vivemos agora, não tendo uma evolução significativa de lá pra cá. Ele considera que com a ajuda da internet, o Design se tornou mais comerciável, mas que sua incorpora- ção junto à sociedade e a cultura brasileira ainda estão muito distantes. Cabistani citou ainda algumas referências que ele usa para desenvolver seus projetos, tais como os estúdios Wolf Ollins, RedAntler e Duf- fy&Partners. Citou ainda alguns designers: Jason Little e Jessica Walsh, que ele definiu como “bri- lhantes”, e Gustavo Piqueira. Sobre o que ele espera da Bienal, ele afirmou: “A Bienal é um dos maiores eventos de Design do Brasil. Eu costumo visitar as praias de Florianó- polis nas férias e tenho um carinho muito especial por aquele lugar. Estou muito orgulhoso do meu projeto ter sido escolhido e pelo que tenho lido a respeito, será uma Bienal memorável, e eu estarei lá, com certeza”. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 46 • Edição 08 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
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