Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 2 • Edição 09 Carta do diretor Formado em design gráfico e atuando no merca- do desde 2010. Atualmente focado em direção de projetos. Dentre eles a revista digital Design Maga- zine Brasil e o “coletivo criativo” Grupo I3C3. Lucas Fernandes Você entra na faculdade sem nem ao me- nos saber o que é design. Pensa “ah, tem dese- nho, parece ser fácil.” À medida que vai estu- dando, vai entendendo o que é design, o seu valor para a sociedade, para a economia, etc. É apresentado a diversos tipos de design e até a algumas áreas correlatas: gráfico, produto, web, vídeo, ilustração... Em algum ponto dessa sua trajetória você acaba se identificando com uma dessas áreas e a adota como sendo então o seu foco. Eu não consegui fazer isso. Eu gostava/gosto de forma igual de tudo isso. Tudo no mundo do design me fascina. Durante minha graduação então, para o de- senvolvimento de trabalhos em grupo, eu aca- bei ficando responsável, entre outras coisas, pelo gerenciamento dos projetos. Delegava funções, cuidava dos prazos, supervisiona- va cada etapa do que tivéssemos que fazer. Nessa posição então eu me sentia confortá- vel, pois ainda conseguia trabalhar e explorar cada subdivisão do design. Começava a nascer então Lucas Fernan- des, não o designer, mas o diretor de projetos. Pouco tempo depois surgiu a oportuni- dade de criar a Design Magazine Brasil. Ela surgiu dentro de uma disciplina na faculdade e vem evoluindo junto comigo. Sem dúvidas, o meu maior projeto até hoje e sou grato a todas as pessoas que fizeram ou fazem parte dessa trajetória. Tempos depois, surge o projeto I3C3. Por- tal, canal, podcast... Responsável também pela reformulação do programa Área de Risco. Te- mos crescido um bocado, mas isso é só o co- meço. Espero que consigamos muito mais. E hoje eu já não me vejo mais apenas como um designer ou diretor de projetos. Me vejo como um sonhador profissional. Alguém que vê além e que deve entregar ao restante das pessoas o resultado dessa visão. “Eu sou um sonhador profissional, um explorador que busca justificar sua existência propondo diferentes soluções para sua tribo cultural.” Philippe Starck Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 4 • Edição 09 Sumário Visões de uma Bienal Pág. 08 Entrevista com Walter Mattos Pág. 22 Rio Academy Pág. 32 Blobjects Pág. 16 Moda urbana street Pág. 28 Patricia de Faria - Motion Design Pág. 36 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 5 Design Magazine Brasil Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 6 • Edição 09 Créditos Diretor Capa Revisão Logotipo Site Email Redes Sociais Projeto gráfico Diagramação Ilustrações Idealizadores Redatores Lucas Fernandes Pedro Panetto Juliana Teixera Lourrane Alves Elementos À Solta designmagazine.com.br lucas@designmagazinebrasil.com.br facebook.com/revistadesignmagazine.br twitter.com/DMBr_Oficial Douglas Silva Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Thiago Seixas Vitor Cardoso Hebert Tomazine Leandro Siqueira Lucas Fernandes Beatriz Vieira Gilberto Ferreira Wendel Fragoso Diego Gomes Douglas Silva Gilberto Ferreira Leandro Siqueira Lucas Fernandes Clara Carneiro Eduardo Madeiro Felipe Cabral Mayara Wal Thiago Seixas Vitor Cardoso Edição #09 Junho/2015 A Design Magazine Brasil é uma projeto de LucasFAdS e Grupo I3C3. O conteúdo textual e imagético da revista pertence aos seus respectívos autores e não pode ser reproduzido sem autorização prévia. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 7 Design Magazine BrasilVENHA E DESCUBRA FLORIANÓPOLIS DE 15 DE MAIO A 12 DE JULHO DE 2015 Visite as exposições, workshops, seminários nacionais e internacionais, e outros eventos de design que tomarão conta da cidade. CO-REALIZAÇÃO APOIO INSTITUCIONAL APOIO APOIO CULTURAL REVISTA OFICIALCIA AÉREA OFICIAL INICIATIVAPARCERIA INCENTIVO PATROCÍNIO - OURO REALIZAÇÃOPATROCÍNIO - BRONZE Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 8 • Edição 09 “Olhar para todos os indivíduos, independentemente de suas condições sociais, intelectuais ou econômicas.” Visões de uma Bienal Designer gráfico e de produto, apaixonado por artes e futebol. Buscando conhecimento e expe- riências, para um dia poder ser uma referência e inspiração para os novos designers. Thiago Seixas Fotos: Thiago Seixas. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 9 Design Magazine Brasil No dia 15 de maio desembarquei pela manhã em Florianópolis com uma grande expectativa por participar pela primeira vez da Bienal Brasileira de Design. Apesar das várias pesquisas sobre sua his- tória, e de saber mais ou menos o que estaria por vir, não pude conter a ansiedade pelo evento. E, mesmo esperando muito, ele conseguiu superar tudo o que eu estava vislumbrando. A começar pelo seminário internacional, que foi dividido em três blocos, que ocorreram na tarde do dia quinze e na manhã e tarde do dia 16, e trou- xeram ao Brasil importantes personalidades do de- sign de diferentes partes do mundo, como África do Sul, Holanda, Espanha, Itália, Turquia, Alemanha, Colômbia e Estados Unidos. Com destaque para a palestra de Ralph Wiegmann, Diretor administrativo do IF – Internacional Fórum Design, da Alemanha, conhecida como a mais antiga organização inde- pendente de design no mundo, que falou sobre as premiações do IF e a importância do investimento no design em todas as esferas. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 10 • Edição 09 Visões de uma Bienal Como representantes brasileiros, tivemos a palestra do designer Guilherme Knop, responsável pelo estúdio de shape da Volkswagen no Brasil, que falou bastante sobre o desenvolvimento do projeto do UP!, sobre a filosofia de design da Volkswagen e da importância de saber se valorizar como pro- fissional. Tivemos também a arquiteta Bel Lobo mostrando cases pessoais e de seu estúdio coletivo Be.Bo, além de apresentar alguns dos projetos de- senvolvidos em seus programas para o canal GNT, o ‘Decora’ e o ‘Lá Fora com Bel Lobo’. Além deles, tive- mos também a economista Edna dos Santos- Dui- senberg. A consultora internacional e membro da ONU discorreu em sua palestra sobre a importân- cia da economia criativa para o desenvolvimento, apresentou diversos dados e pesquisas e abordou questões ambientais, tecnológicas e sociais. O que deu para perceber nas palestras do seminário internacional é que existe uma grande preocupação dentro de boa parte da comunidade Guilherme Knop Bel Lobo Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 11 Design Magazine Brasil global de designers, arquitetos e profissionais de áreas relacionadas, em olhar para todos os indiví- duos, independentemente de suas condições so- ciais, intelectuais ou econômicas. O que todos os palestrantes tiveram em comum em seus discursos, foi chamar a atenção para o poder transformador que a ferramenta design tem e como é importante que governos, empresários e a sociedade como um todo saibam valorizar. Ver o auditório da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC) lotado, com estudantes, profissionais e empresários, mostrou que existe uma demanda por esse tipo de informa- ção e conhecimento, e que debates como esses são muito importantes e, sem dúvidas, deveriam ocor-rer com mais frequência. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 12 • Edição 09 Outro momento importante foi a abertura da exposição Design para Todos, que ocorreu no Te- atro Ademir Rosa, do Centro Integrado de Cultura – CIC, que conta com quase mil cadeiras e estava praticamente lotado, o que reforça ainda mais a importância desse evento. A abertura contou com a presença importante de líderes e representantes de diversos setores ligados ao evento, como Glau- co José Côrte, presidente da FIESC, Maria Terezinha de Batim, presidente da Federação Catarinense de Cultura, que foi representando o governador do Estado de Santa Catarina, Didier Vanderhasselt, o Cônsul Geral da Bélgica no Brasil, Carlos Guilher- me Zigelli, Diretor Superintendente do SEBRAE-SC, Sergio Luiz Gargioni, Presidente da FAPESC (Funda- ção de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Visões de uma Bienal Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 13 Design Magazine Brasil Andador Voador: Fornece à criança com lesão cerebral um meio de locomoção que possibilita sua independência para ir e vir, favorecendo sua interação com outras crianças e com a sociedade. Foto: Divulgação/BBD 2015 Foto: Divulgação/BBD 2015 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 14 • Edição 09 Visões de uma Bienal Fo to : D iv ul ga çã o/ BB D 20 15 Fo to : D iv ul ga çã o/ BB D 20 15 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 15 Design Magazine Brasil ras. Muitas já estão colhendo bons resultados, seja com departamentos internos, ou com a contrata- ção de agências. Prêmios nacionais e internacio- nais, crescimento em vendas, fortalecimentos de marcas e reconhecimento, são frutos do investi- mento no design. Porém, o quadro atual nos mostra que ainda estamos muito longe de nossos objetivos. Ainda é muito difícil explicar para os empresários o que é o design, como ele pode agregar diversos valores ao seu negócio e a importância de se investir nos as- pectos intangíveis. Por isso, precisamos entender e mostrar que o design vai muito além do produto e do desenvol- vimento gráfico. Além disso, precisamos divulgar casos de sucesso, apresentar resultados reais e re- alizar muitos outros eventos que possam convergir todas essas ideias, como esta Bienal Brasileira do Design está fazendo. Santa Catarina), Adriana Rodrigues, representando a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), e ainda contou com representantes do Ministério da Cultura, Educação e ciência dos Países Baixos, Ministério do Desenvol- vimento, Indústria e Comércio do Brasil, Ministério da Cultura, entre outros órgãos do governo. Ouve um emocionado depoimento e agrade- cimento da coordenadora executiva da Bienal, Ro- selie de Faria Lemos, que falou um pouco sobre as dificuldades de se realizar um evento como esse e, claro, de sua importância. Além dela, outros repre- sentantes foram convidados ao palco para dar sua palavra de apoio, não só ao evento, mas à atividade do design no Brasil como um todo. Ter convidado os representantes das indús- trias e setores políticos para participar deste even- to, foi crucial para continuarmos implementando a cultura do design dentro das empresas brasilei- Roselie de Farias Lemos Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 16 • Edição 09 “Resumidamente, um blobject pode ser qualquer coisa - de uma colher até uma cidade.” Holt e Skov Blobjects Carioca amante do conhecimento, cultura artís- tica, idiomas e computação gráfica. Youtuber e autodidáta, atua como designer na Rede Solaris Network e como freelancer. Vitor Cardoso Ilustração da vitrine: Gilberto Ferreira. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 17 Design Magazine Brasil Analisando a natureza Você já ouviu falar de Biomorfismo? Pro- vavelmente não, mas não se preocupe, esta não é uma palavra que se ouve com facilidade. Talvez então você já tenha ouvido algo sobre Biônico. Temos mais familiaridade com este termo através de referências de estruturas que o representam em filmes, desenhos e livros. Este termo sempre envolveu uma mentalidade muito fantasiosa, futurista e tecnológica, ele é derivado do alemão Bionik (Biology - Biologia e Technik - Técnica). A Biônica é parte da Biomimética, ciência cujo objetivo é o estudo e réplica dos métodos, projetos e processos da natureza. Segundo ela, muitas das respostas que o homem tem para pro- blemas complexos provém da natureza, isto é, o ser humano faz uma leitura sintética de estrutu- ras e sistemas biológicos, buscando a inspiração necessária para resolução dos seus problemas. Dentro dela, há o conceito de Biomorfismo, em que as formas da natureza servem de inspi- ração estética e íntima para a criação de produ- tos, construções e obras de arte. A representação aplicada no design, arquitetura e composições visuais diversas é feita através de estudos de pro- porção e harmonia na natureza. O conceito do Biomorfismo tem relação intrínseca com as vertentes pós-modernas mais progressivas: apelo visual acima da função, visão da realidade por meio tecnológico, a imprecisão das formas e o dinamismo. Zaha Hadid Pavilhão Móvel de Arte Kin Cheung Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 18 • Edição 09 Blobjects Relógio estilo Googie M in d Ce nt ur y M an ia Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 19 Design Magazine Brasil Antigamente não se tinha como implementar produtos ou peças de formatos muito sinuosos a não ser que elas fossem em pequena escala de pro- dução, uma peça única, artesanal ou ainda artísti- ca. Somente a partir do fim dos anos 80, começou a ser mais fácil a materialização de peças mais arroja- das através de softwares de projetos e modelagem, maleabilidade de materiais e melhora nos proces- sos de fabricação através da injeção de polímeros. Com o uso desses artifícios houve o barateamento do processo de confecção, o que proporcionou a presença mais comum de estruturas com formas dinâmicas, flúidas e geralmente curvilíneas, deno- minadas como blobjects. De origem contestada, o termo é muitas vezes atrelado com a definição do designer Steven Skov Fluidez palpável Holt, reportada na matéria de 1993 da Revista Es- quire. Nela o termo é citado como peças coloridas, plásticas, produzidas com forte apelo emocional e destinadas a ser um produto de consumo. O desig- ner contemporâneo Karim Rashid, também é men- cionado como um dos pioneiros na popularização dos blobjects. Jan Kaplicky - Centro de Mídia do Estádio Lord’s Cricket Ground iMac 1998, Apple Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 20 • Edição 09 As referências a esse estilo de design têm como similaridade o uso da curva, entretanto com diferentes leituras e objetivos. As curvas “whiplash”, elemento presente na Art Nouveau, eram “curvas violentas e repentinas geradas pelo estalar de um chicote” conforme Herman Obrist na Revista Pan em 1894. Elas se tornaram característica geral do estilo que tendia as ideias de inspiração natural do biomorfismo. Essas curvas tomam similaridade com as atuais curvas spline. No dadaísmo, estilo que se originou em meio a Primeira Guerra Mundial, a curva era usada como expressão da fuga da realidade, o absurdo, da desfiguração da lógica e da sociedade vigente. Seguindo a mesma linha de caráter insano,o Sur- realismo tomou a curva como base para dialogar com imagens do subconsciente humano. Nos EUA, após Segunda Guerra Mundial, aflorou a estética do chamado Populuxe ou Goo- gie. Consistia na combinação do luxo com o po- pular, onde as curvas traduziam uma mentalida- de futurista e inovadora de modo bem amistosa e consumistas. Filmes como “The Blob” de 1958, que mos- tra uma criatura gosmenta vinda do espaço e que se torna uma ameaça aos humanos, e ou- tros filmes de ficção científica que trabalham com matérias viscosas e orgânicas, transmiti- ram indiretamente a ideia que o desenho disfor- me e ameboide é de certa forma algo inovador, porém também com sentido de desconhecido, estranho e hostil. Essa teoria de hostilidade e desconhecimento, unida a de formas de vida em outros planetas, endossa o cenário inicial da corrida espacial. Blobjects Ap ar ta m en to 6 1 Rádio Toot a Loop da Panasonic - 1970 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 21 Design Magazine Brasil Os fatores inerentes estes objetos estabe- lecem sempre uma forte interação com o usuá- rio. Pois apresentam cores e transparências com intuito de estabelecer uma boa receptividade, além da sinuosidade que proporciona uma visão diferente em ângulos distintos. Os blobjects com- preendem em si o contexto atual de uma socie- dade tecnológica com velocidade da informação, interação e atualização constante. Podendo ser exemplificado em inúmeras funcionalidades e formas espontâneas. Os primeiros modelos aparentes no mercado que se podem dizer como blobjects, tinham ainda características híbridas com o modernismo, o dese- nho vinha perdendo a rigidez da geometria regular e inseria o formato curvo. O quadrado que antes era com arestas em ângulo reto foi substituído por um caso especial de super elipse, o squircle (aglutina- ção em inglês de “square” – quadrado e “circle”- cír- culo). Conforme o tempo a estética blob foi toman- do mais fluidez e unicidade explorando cada vez mais o campo tridimensional. Casa Mila - Antoni Gaudi Espanha - Barcelona Sam uel T Ludw ig Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 22 • Edição 09 “Olhar para todos os indivíduos, independentemente de suas condições sociais, intelectuais ou econômicas.” Entrevista com Walter Mattos Designer de produto de formação e metida a docei- ra nas horas vagas. Formada desde 2011, buscando sempre estar antenada e se atualizar na área, atual- mente estuda Design de Serviços e Interação. Mayara Wal Ilustração da vitrine: Wendel Fragoso. Imagens: Cortesia Walter Mattos. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 23 Design Magazine Brasil Ao abrir o site do Walter Mattos, você já se depara com a frase que certamente melhor o de- fine “um designer apaixonado por criar marcas e compartilhar conteúdo.” Conforme você continua navegando e conhecendo mais sobre o trabalho de Walter essa definição começa a fazer sentido. Os projetos deixam transparecer toda a dedicação e o carinho que o designer sente pela profissão. Formado em Design Gráfico, sua especialida- de é a criação de identidade de marcas, mas sua vida profissional também se estende à criação de conteúdo para seu blog e canal do Youtube. Após essa breve introdução vamos deixar que ele mesmo se apresente melhor. Primeiramente, muito obrigado por conce- der essa entrevista ao DMB, vamos começar pelo mais básico, uma pequena introdução à sua pai- xão pelo Design, como tudo começou? Paixão mesmo aconteceu no primeiro dia que pisei na faculdade, pois até então não fazia ideia do que era design. Para falar a verdade, só escolhi esta faculdade porque minha mãe, na época, viu no jor- nal que design gráfico tinha relação com desenho, atividade que desde criança era o que eu mais gos- tava de fazer. Vendo seu Blog, logo se percebe o seu amor pela área do design, assim como quando assistimos aos seus vídeos. Acredito que esse sentimento que consegue passar tanto no seu trabalho quanto nos seus tutoriais, é o que torna seus vídeos acessíveis e gostosos de ver. Conta mais como é para você passar seu conhecimento pra outras pessoas através dessas plataformas. É a realização de um sonho. Cada artigo ou vídeo é feito com tanta vontade que é sempre difícil escolher o próximo tema, e mesmo assim, quando Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 24 • Edição 09 Entrevista com Walter Mattos defino um tema público. Só fica pronto quando chego ao ponto onde eu mesmo gostaria de ler ou assistir o que produzi. Isso faz com que eu dedique 20 horas em um vídeo de 5 minutos, por exemplo. Além da paixão por design, é claro que um grande incentivo são as respostas das pessoas. Acho que essa afinidade, e até certo ponto pro- ximidade que tenho com os leitores é o que me mantém motivado para as próximas publicações. Aliás, eles ajudam bastante com dúvidas e suges- tões, então acredito que matéria prima não vai fal- tar por muito tempo. Vimos que na sua carreira já teve a opor- tunidade de palestrar. Como é ter esse contato direto com seus expectadores? Como compara as palestras com os seus vídeos? É incrível! Já tive experiência parecida pois dei aula em curso de design, mas falar para 15 pessoas é bem diferente de falar para 100. Quan- to mais o tempo passa, mais pessoas conhecem meu trabalho e mais a responsabilidade aumenta, então o vídeo acaba sendo uma forma de aliviar a pressão. Uma vez que o vídeo estiver gravado e editado é só publicar. Pergunta difícil agora, o que gosta mais, criar e gravar os vídeos ou trabalhar com o desen- volvimento de identidade de marcas, e por quê? Eu diria que o que mais gosto de fazer é produzir design. Quando escrevo sobre design também estou produzindo design, mas confesso que estou gostan- do tanto que penso em um dia investir mais tempo produzindo conteúdo que fazendo design de marcas. Amo design de marcas e por isso não pretendo parar nunca, mas acho que dá para explorar um pouco mais meu lado “comunicador”, e quem sabe um dia não de- pender financeiramente de um projeto. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 25 Design Magazine Brasil Tem algum caso/situação da tua carreira que tenha te marcado muito e queira comparti- lhar conosco? Posso citar mais de um? O primeiro mo- mento mais marcante foi justamente no início da carreira, no final da faculdade. Meu projeto final foi um livro de português para crianças surdas fei- to em parceria com o INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos). O que era para ter sido ape- nas um projeto de faculdade se tornou um projeto real distribuído para várias instituições espalhadas pelo Brasil. Minha mãe é surda, então desde antes da faculdade tinha esta vontade de me envolver com questões sociais. Sempre serei grato ao INES por ter me dado esta oportunidade. Não é a toa que hoje meus vídeos são legendados. O segundo momento certamente foi o dia em que lancei meu blog. Fiquei trabalhando na ideia por pelo menos 3 anos, então no dia em que ouvi o programador falar “está no ar” tive uma das maiores sensações de alívio e missão cumprida que eu poderia ter. Como falei, o blog é a realiza- ção de um sonho. Não poderíamos deixar de comentar a tal da “proporção áurea”, conta mais pra gente a sua relação com essa amiga famosa dos desig- ners. Me vejo muito mais como um designer apai- xonado pelo uso da geometria em si do que pro- porção áurea isoladamente. Meuaprendizado so- bre o assunto veio através de leituras sobre design de livros, que são ótimas fontes sobre uso de grids e raciocínio geométrico de criação. Aos poucos fui aplicando estes estudos nas minhas marcas e Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 26 • Edição 09 Entrevista com Walter Mattos quando percebi já era algo automático. Sempre digo que proporção áurea, assim como qualquer outra técnica de construção não são regras, mas ferramentas. Alguns leitores acham estranho ouvir isso de mim, pois parece que na prática uso pro- porção áurea o tempo todo, o que não é verdade. Gosto muito de falar sobre o assunto, especial- mente para tentar desmistificar essa visão fanta- siosa ou muitas vezes mal interpretada que fazem sobre seu uso. Gosto muito, uso e acho uma exce- lente ferramenta, mas não é proporção áurea que vai deixar um design bonito ou funcional. Planos e segredos para 2015 que pode nos revelar?! Produzir mais conteúdo, criar um produ- to e/ou um livro. Por enquanto é muito mais sonho que plano, mas estou me dedicando para conseguir. O blog é muito recente ainda, então vamos com calma. Se não for em 2015, em 2016 será! Aquela pergunta capciosa, o que você vê como futuro na área do design? Vejo uma área de crescimento constante. Por mais que hoje existam ferramentas de au- tomatização para criação de sites e até mesmo marcas, não acho que isso prejudique nossa pro- fissão. O que muita gente enxerga como desva- lorização do design, enxergo como oportunidade de valorização. Nós já vivemos isso no nosso con- sumo diário. Tudo que é feito em grande escala costuma ser mais barato, enquanto produtos ar- tesanais ou personalizados são vistos como ob- jetos de valor. Vai depender de como cada um de nós pretende se posicionar, mas independente- mente da escolha vejo um futuro positivo. E para encerrar, dá aquel a encorajada para quem está iniciando, ou não, a carreira, conta um pouco mais como é a profissão de designer, pontos positivos e negativos e sua mensagem final. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 27 Design Magazine Brasil O melhor conselho é o mais óbvio possí- vel – estudem e principalmente, pratiquem. Sem prática a teoria é apenas uma memória. Pontos positivos de ser um designer – abre sua mente para explorar assuntos que você talvez nunca teria curiosidade se não fosse um. Pontos negativos de ser um designer – quando eu conseguir pensar em um mando pra vocês. Brincadeiras à parte, design é muito bom e realmente vejo pouquíssimos pontos negativos. Não vejo motivo para desencorajar os aspiran- tes. Sugiro apenas que experimentem e vejam se é algo que realmente gostam de fazer. Antes do talento ou aptidão deve vir a vontade. Design é muito bom pra quem realmente gosta. Espero ver cada vez mais leitores se tornan- do produtores de conteúdo, pois acredito que este tipo de atitude é o melhor incentivo que um designer iniciante pode ter. Agradeço muito pela oportunidade de pa- pear com vocês e seus leitores. Um abraço a todos. Nós que agradecemos Walter Mattos, por dedicar o seu tempo para essa entrevista. Para- béns pelo seu trabalho, que é maravilhoso. --- Para quem ainda não o conhece, fica o convite, acesse o site e o blog nos links abaixo, e para quem já o conhece, fica a expectativa para os próximos vídeos! www.youtube.com/user/WalterMattosVideos www.behance.net/waltermattos Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 28 • Edição 09 “A ideia, hoje, é criar um estilo vanguardista, absorver tendências e as mixar.” Profissional formado em Moda e Figurino pelo Instituto Zuzu Angel, especializado em Visual Mer- chandising. Atualmente aluno de licenciatura em Artes Visuais pela Unigranrio. Eduardo Madeiro Moda urbana street Ilustração da vitrine: Beatriz Vieira. Imagens: Cortesia Vanzer Clothing. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 29 Design Magazine Brasil A moda que veio das ruas, um estilo total- mente urbano. Esse conceito surgiu nos anos 70, chegou com a rebeldia punk, no período da tensão da guerra fria. Com vários acontecimentos sociais e econômicos ocorrendo pelo mundo, os jovens que- riam ser ouvidos, e nada melhor que expressar no corpo e nas roupas essa rebeldia. Os jovens buscavam uma ligação ao estilo mu- sical. Tendo o estilo hip hop com suas derivações, DJ, grafite, breakdance e rapper, além dos skatistas, com características despojadas. E os punks, com a base inicial de rebeldia e fugindo do politicamente correto. Essa atitude é vista até hoje com piercings e tattoos, roupas rasgadas e cabelos coloridos. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 30 • Edição 09 Algumas características de cada influência: Hip hop. Na moda, agregou um estilo a mo- delagens largas, bonés, shorts do gênero feminino. Valorizou o atraente na sensualidade das roupas. O estilo tem a mistura de ser vestir afro-americana, latina e caribenha, com origem em Nova Iorque do bairro do The 5 Boroughs. Skatista. Tem uma pegada mais voltada à durabilidade e ao conforto, para um melhor movi- mento. Camisas compridas, porém não largas, uso do moletons silkados. Punk. Trás a rebeldia nos cabelos espetados, pintados de cores fluorescentes. Nas roupas o sinté- tico, o pontiagudo, o artificial. Carregava nos corpos giletes e correntes como forma de mostrar a dor. Na pele a tatuagem em forma de expressão. Cada estilo tinha característica muito par- ticular de suas tribos urbanas, a exemplo dos punks com suas correntes e roupas rasgadas, os rappers com suas calças caídas e cuecas à mos- tra. Na atualidade, com a globalização, e a inter- net com sua velocidade, fez mesclar e não definir um estilo próprio, a informação em favor da liber- dade. Facilidades do mundo contemporâneo na produção da moda. Atualmente quem veste o estilo street quer juntar e misturar, não temos a necessidade de nos vestir como tribos urbanas. Queremos sim, unir e transformar essas influências em características próprias. Facilidades da globalização e a velocida- de de informações. Assim fica claro que misturar é se destacar na multidão. Moda urbana street Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 31 Design Magazine Brasil A ideia, hoje, é criar um estilo vanguardista, absorver tendências e as mixar. A praticidade do street faz com que jeans, peças clássicas com cor- tes inteligentes, barra dobrada, sobreposições, cores vibrantes, cores pastéis, acessórios, como anéis, pulseiras, óculos, cordões com pingentes e calçados bem bolados possam ser de boa utilida- de, o look sai ganhando. Quando falamos em misturar, fica mais cla- ro olhar a moda street japonesa, que tem uma rica união de informações, eles brincam com a utilização de sobreposição e acessórios, além de usar o corpo, especificamente a cabeça como adorno de informações. Essa moda tem uma pagada muito jovem, essa constante transformação leva ao gosto po- pular, além de inspirar estilistas a fabricar em massa o que o mercado deseja. O street veio para ficar, e por muito tempo. Basta olhar as lojas de departamentos que criam áreas destinadas a este estilo. Aproveite o melhor que o street tem a oferecer. Junte, misture e crie. Permita-se a usar! Lembra-se, a roupa diz muito sobre você. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 32 • Edição 09 “Com o moto Observe, Aprenda e Produza, o Rio Academy promete dinamizar conversaçõescomprometidas com a busca de soluções para as grandes cidades.” Rio Academy Imagens: Divulgação/Rio Academy. Estudante de Publicidade e Propaganda na Unigranrio, adoradora de diversas áreas do ramo, apaixonada por todo tipo de arte e pre- tensa desenhista. Clara Carneiro Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 33 Design Magazine Brasil Pensar nossas cidades hoje, projetá-las não abordando os seus componentes isola- damente e buscando futuros de convivência saudável, é um convite que tem se tornado comum em diferentes encontros de arquite- tura e urbanismo. Pauta em inúmeros fóruns internacionais, acadêmicos ou não, o futuro das grandes metró- poles ainda é um assunto que acanha os brasi- leiros. É por isso, que a exemplo de experiências europeias, o Rio Academy está se propondo a ser um parceiro na busca da sustentabilidade da vida contemporânea nas grandes cidades. Com o moto Observe, Aprenda e Produza, o Rio Academy promete dinamizar conversações comprometidas com a busca de soluções para as grandes cidades. Em especial, neste ano, para o Rio de Janeiro, já que o evento ocorre exa- tamente quando a cidade comemora seus 450 anos e o Parque do Flamengo completa seus 50. O Fórum Internacional de Arquitetura e Ur- banismo propõe uma reflexão sobre o passado e a utilização do aprendizado gerado a partir dessa reflexão para o aprimoramento do nosso presente e construção de um futuro melhor, e é assim que o Rio Academy se destaca: como um parceiro impor- tante na desejável busca da sustentabilidade nas grandes cidades. É interessante ressaltar que o Fórum aconte- ce justo quando o Brasil bate recordes de concen- tração urbana. Infelizmente, em paralelo ao cresci- mento das metrópoles, apresenta-se a necessidade de se reinventar essas cidades, e exemplos do mun- do inteiro mostram que isso é possível. Mostram também que os arquitetos e urbanistas são agentes privilegiados nesse processo. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 34 • Edição 09 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 35 Design Magazine Brasil O que você verá no Rio Academy O Fórum Internacional de Arquitetura e Urba- nismo, já estreia com um espaço importantíssimo na agenda da arquitetura e urbanismo. O evento será composto de conferências e Workshops e to- mará lugar no MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de 20 a 26 de julho. O ciclo de Conferências durará dois dias e reu- nirá um time de especialistas mundialmente conhe- cidos, que virão compartilhar seu trabalho e sua pers- pectiva conquistada com a experiência de trabalho. Dentre os convidados conferencistas encon- tramos os nomes de Paulo Mendes da Rocha – o segundo brasileiro a receber o Pritzker–, Carolina Bueno (Triptyque), Bjarke Ingels (BIG), Alejandro Aravena (Elemental), Giancarlo Mazzanti, Reinier de Graaf (OMA), Jaime Lerner, Elizabeth e Christian de Portzamparc–Pritzker de 1994. Após o ciclo de Conferências, seguem-se cin- co dias do Workshop O Futuro das Grandes Cida- des em Países Emergentes, que reunirá grupos de trabalho em torno de cinco sub-temas– alguns dos principais problemas do Rio: Patrimônio Arquitetô- nico; Mobilidade Urbana; Urbanismo Espontâneo; Soluções Efêmeras e Desigualdade Social. Os inscritos nos workshops serão inspirados por Talks - palestras dadas nas manhãs dos 3 pri- meiros dias de workshop. Entre os palestrantes con- firmados até o momento estão Clovis Cunha, Jorge Jauregui, Marcello Dantas, FleshBeckCrew, Washin- gton Fajardo, Max Schwitalla e Oke Hauser (Studio Schwitalla) e Pedro Rivera e Pedro Évora (Rua Ar- quitetos). Os participantes dos workshops também terão seus trabalhos coordenados por acadêmicos e uma equipe de monitores, garantindo uma pro- dução de qualidade. Entre os coordenadores estão Igor de Vetyemy e Andrea Borde. Por fim, o produto dos workshops será objeto de avaliação de um júri, que selecionará os melho- res trabalhos para serem entregues à cidade do Rio de Janeiro pelos seus 450 anos, uma honra e gran- de oportunidade para os participantes. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 36 • Edição 09 “[...] só se cria algo coerente com vivência e a capacidade de cada um de absorver o problema e resolvê-lo”. Designer gráfico, atuando como freelance, apai- xonado por marca e embalagem, sempre em bus- ca de inspiração, fan de games e louco por carros, influenciado pela old school. Felipe Cabral Patricia de Faria - Motion Design Imagens: Corteria Patricia de Faria. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 37 Design Magazine Brasil Patricia de Faria é uma designer brasileira, mora no Rio de Janeiro, cursou Processos Criativos na Escola de Artes Visuais Parque Laje, formada em Desenho Industrial pela UniverCidade, Pós Gradua- da em Design de Interfaces pela Unicarioca e atual- mente atua como Motion Designer / Direção de Arte na Viralata Produções. O que te levou a entrar nesse mundo do Design? Não tive influências de artistas. Como assim? Patricia contou que quando criança foi esti- mulada pela família ao entrar no mundo das artes, música, cinema e livros. Estudou música, fez teatro, ballet, desenhava e pintava. Porém tinha o sonho de ser veterinária “Como a única faculdade era em Seropédica eu teria que morar lá, mas meu pai não deixou. Então resolvi deixar o barco fluir e pensei: Já que eu gosto de qual- quer coisa relacionada à arte, o que eu posso fazer para unir o técnico com o artístico?” Depois de algu- mas pesquisas sobre profissões, chegou à Faculda- de de Desenho Industrial, com o intuito de desenhar peças para aviões. Mas resolveu deixar o “barco fluir” e se especializou em Programação Visual. Na faculdade quando cursou Historia do Desenho Industrial, e influenciada pela historia mundial, come- çou a pensar profundamente em como a comunicação visual era sumariamente importante para a mudança de pensamentos, de povos e de seus costumes. “Por exemplo, posso citar a Bauhaus e todos os movimentos visuais (cartazes, broches, roupas, logos, panfletos e etc) da Primeira e Segunda Guerra. Essa é a minha influên- cia: Todas as pessoas inseridas em qualquer história.” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 38 • Edição 09 Patricia de Faria - Motion Design Motion Design Como foi sua carreia antes de entrar na Rede Globo? Contou que caiu de paraquedas assim que saiu da faculdade, sabendo de uma vaga na TVE, (hoje TV Brasil) para operar um equipamento de ge- ração gráfica e animação, parecido com o 3D Max, divido por 1000, já imaginou? Halo era o nome desse software, e como nin- guém sabia operá-lo, e um dos requisitos da vaga era faculdade de Design, Patricia foi convidada a preencher a vaga. “Em 1 dia, li um manual A4 de 400 páginas. O equipamento depois de 1 ano ficou ob- soleto e deu lugar aos Pc’s.” Começando com estágios em agências de Pu- blicidade, e se perguntando “É só isso?” O que sempre lhe manteve trabalhando na área era que precisava se formar na faculdade. “Quando comecei na TVE, vi que não era “só isso”. Foi como se uma peça de quebra cabeça fos- se achada. Eu poderia unir o visual ao movimento! Uau! Ali fechou um ciclo.”. Na TVE pôde experimentar o prazer de participar do nascimento de um projeto, pesquisa, contato com o cliente e finalização. Com era uma profissão muito nova no mercado, ninguém sabia como funcionaria ao certo, principalmente no setor público, com a falta de investimento na área, tinhamque fazer tudo do co- meço ao fim, onde obteve seus melhores resultados. “Depois de 9 anos, senti que a energia preci- sava girar. Estudava softwares novos, investia em livros e em cursos, mas não tinha aonde colocar em prática mais. Foi então que meu ex-estagiário da TVE, me convidou para ocupar uma vaga de Motion Designer no Projac. Depois fui pra Globosat - um dos lugares mais legais que já trabalhei. Lá eu consegui definir um estilo próprio, mesmo tendo que aten- der as demandas do mercado (no caso, os canais da Globosat). A maioria dos designers de lá tinham Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 39 Design Magazine Brasil Trajetória dentro da Rede Globo Onde você mais se realizou, como Diretora de Arte na TVE ou na Globo, e por quê? seu estilo próprio e isso era muito valorizado. Mas... o salário era baixo e eu mal conseguia me manter.” Procurando por outras oportunidades na área, sua amiga lhe contou sobre uma vaga na Glo- bo no Jardim Botânico. Que belo network! Passan- do na entrevista com salário e benefícios ótimos, nessa fase ela resolveu pensar menos no amor a arte, afinal todos querem curtir seus frutos. Na Globo trabalhou com promoções, ficou encarregada de criar a promoção de novos progra- mas, de filmes que iriam passar e das séries. Tudo que iria pro ar precisava de uma propaganda. “Me realizei mais na TVE, pois lá conseguia me envolver profundamente num projeto e tinha tem- po para executar. Hoje em dia é tudo muito rápido, pra ontem, fica tudo pela metade. Já mandei até arte parada pra ir no ar porque não tinha tempo pra animar. Na TVE fiz uma série de animações com os Haikais do Paulo Leminski que passavam nos inter- valos. Como ele já era falecido, fui entrevistar a mu- lher dele. Depois, quando agradeci o tempo dela, ela me presenteou com vários livros do Leminski. Foi muito compensador.” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 40 • Edição 09 Patricia de Faria - Motion Design Diretora de Arte ou Motion Design? Surgimento da Viralata Como nunca teve um Diretor de Arte, Patricia conta que os briefings eram passados diretamente aos designers. “Então cada designer era seu pró- prio Diretor de Arte. Por um lado, acho uma pena, pois tive que aprender duramente a tirar leite de pedra, sem nenhum direcionamento. Por outro, me deu a agilidade e rapidez em resolver proble- mas. Um dos meus melhores predicados, eu acho! Então eu agradeço MUITO!” Nos conta que como Motion, não consegue olhar para uma arte sem vê-la em movimento, sen- tindo o momento de silêncio que a profissão lhe proporciona, silêncio entre aspas, já que gosta de focar em seus Jobs ouvindo música em seu fone. A Viralata Produções, com foco em áudio visual, tendo como alguns clientes a Sony, P&G, HSBC entre muitos outros, na qual atualmen- te atua como Motion Designer/Direção de Arte, surgiu quando a nossa entrevistada buscava por novas oportunidades, porém sem tempo de estu- dar. Trabalhar em emissora tomava a maior parte do seu tempo, estava cansada de perder feriados com os amigos, famílias, namorado e trabalhar todos os finais de semana, com seu sono compro- metido e suas relações abaladas. “Não é fácil. Repensei na vida e decidi que queria continuar crescendo na área, mas num horário normal, de segunda a sexta, que não trabalhasse nos fins de semana e nem feriados. Sabia que em produtoras o horário era “mais normal”, criei um meta e fui parar na Viralata. Queria voltar a participar da vida. Ganho menos mas vivo mais.” Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com Junho 2015 • 41 Design Magazine Brasil Designer Gráfico e Motion Design, qual em sua opinião esta em ascensão? Seus maiores de mais famosos trabalhos Você tem alguma dica, para quem esta iniciando agora? “Em ascensão está, mas é um profissão pros- tituída. Fiquei 5 meses tentando fechar freelas co- brando baratíssimo - para não perder o cliente - e mesmo assim ninguém fechava o negócio. E tem também o sobrinho do cliente que mexe em Afte- rEffects, os sites com templates, os sites que criam logos a U$ 5. Tudo isso denigre a profissão, mexe com a auto estima do profissional e consequente- mente ele deixa de acreditar. Destrói quase tudo o que você estudou, pesquisou e sua experiência na área - porque isso conta e MUITO! Já vi várias vagas ofertadas da seguinte forma: Motion Designer com autonomia e vasta experiência na área. Acredite, é difícil encontrar profissionais bons. A quantidade de portfólios ruins que vejo e que não servem nem pra estagiar é impressionante.” Considera o Leminki um dos seus trabalhos mais belos e profundo. Aprecia muito suas abertu- ras de programa da Globost, Multishow e GNT, as- sim como a campanha da nova Malhação, novela Além do Horizonte, da série A Teia, que foi feita fi- sicamente colocando papeis na parede e filmando, e conta que tem grande apreciação pro trabalhos físicos de animação. “Adquira cultura, leia, saiba das histórias das pessoas e do mundo. As melhores décadas de fil- mes, músicas, arte, anos 60/70/80 eles perderam!!! Então corra atrás do tempo que se foi. Ali terá re- ferências incríveis! Aí sim, você terá bagagem para resolver problemas. Por que viver é isso: Resolve uma coisa aqui, criando outra li. A vida é re-cria- ção o tempo todo! E só se cria algo coerente com vivência e a capacidade de cada um de absorver o problema e resolvê-lo”. Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com 42 • Edição 09 Licenciado para Elisabete Lima, contato@soullisa.com
Compartilhar