Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 01 Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXIV Exame - Com videoaulas Professor: Renan Araujo DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 35 AULA 01: INFRAÌO PENAL. APLICAÌO DA LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAO. SUMçRIO 1. INFRAÌO PENAL ................................................................................. 3 1.1. Conceito ............................................................................................ 3 1.2. Conceito de Crime ............................................................................. 3 1.3. Contraveno Penal .......................................................................... 5 1.4. Sujeitos da infrao penal ................................................................. 6 1.4.1. Sujeito ativo ................................................................................... 6 1.4.2. Sujeito passivo ............................................................................... 7 2. APLICAÌO DA LEI PENAL .................................................................... 7 2.1. Aplicao da Lei penal no tempo ....................................................... 8 2.1.1. Conflito de Leis penais no Tempo ................................................... 9 2.1.1.1. Lei nova incriminadora ................................................................ 9 2.1.1.2. Lex Gravior ............................................................................... 9 2.1.1.3. Abolitio Criminis ......................................................................... 9 2.1.1.4. Lex Mitior ou Novatio legis in mellius ............................................ 10 2.1.1.5. Lei posterior que traz benefcios e prejuzos ao ru ........................ 11 2.1.2. Tempo do crime ........................................................................... 14 2.2. Aplicao da lei penal no espao ..................................................... 16 2.2.1. Territorialidade ............................................................................ 16 2.2.2. Extraterritorialidade ..................................................................... 18 2.2.2.1. Princpio da Personalidade ou da nacionalidade ................................. 18 2.2.2.2. Princpio do domiclio .................................................................... 19 2.2.2.3. Princpio da Defesa ou da Proteo ................................................. 19 2.2.2.4. Princpio da Justia Universal ......................................................... 21 2.2.2.5. Princpio da Representao ou da bandeira ou do Pavilho ................. 21 2.2.3. Lugar do Crime ............................................................................. 22 2.2.4. Extraterritorialidade condicionada, incondicionada e hipercondicionada .................................................................................... 22 3. RESUMO ............................................................................................. 28 4. EXERCêCIOS DA AULA ........................................................................ 32 5. GABARITO .......................................................................................... 35 DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 35 Ol, meus amigos! Na aula de hoje ns vamos estudar a infrao penal (conceito, espcies, sujeitos, etc.), bem como a aplicao da lei penal (no tempo e no espao). Sugiro que prestem bastante ateno nas TEORIAS a respeito da lei penal no tempo e no espao, e tambm na smula 711 do STF, pois so os pontos mais importantes da aula. Bons estudos! Prof. Renan Araujo DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 35 1.! INFRAÌO PENAL 1.1.! Conceito A infrao penal um fenmeno social, disso ningum duvida. Mas como defini-la? Podemos conceituar infrao penal como: A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que ofende um bem jurdico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece uma pena, seja ela de recluso, deteno, priso simples ou multa. Assim, um dos princpios que podemos extrair o princpio da lesividade, que diz que s haver infrao penal quando a pessoa ofender (lesar) bem jurdico de outra pessoa. Assim, se uma pessoa pega um chicote e se autolesiona com mais de 100 chibatadas, a nica punio que ela receber ficar com suas costas ardendo, pois a conduta indiferente para o Direito Penal. A infrao penal o gnero do qual decorrem duas espcies, crime e contraveno. Vamos dividir, desta forma, o nosso estudo. Primeiramente vamos analisar o crime (conceito e elementos). Depois, vamos analisar o que diz a lei acerca das contravenes penais. 1.2.! Conceito de Crime Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inmeras posies a respeito. Vamos tratar das principais. O Crime pode ser entendido sob trs aspectos: Material, legal e analtico. Sob o aspecto material, crime toda ao humana que lesa ou expe a perigo um bem jurdico de terceiro, que, por sua relevncia, merece a proteo penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto contedo, ou seja, busca identificar se a conduta ou no apta a produzir uma leso a um bem jurdico penalmente tutelado. Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que proibido chorar em pblico, essa lei no estar criando uma hiptese de crime em seu sentido material, pois essa conduta NUNCA SERç crime em sentido material, pois no produz qualquer leso ou exposio de leso a bem jurdico de quem quer que seja. Assim, ainda que a lei diga que crime, materialmente no o ser. Sob o aspecto legal, ou formal, crime toda infrao penal a que a lei comina pena de recluso ou deteno. Nos termos do art. 1¡ da Lei de Introduo ao CP: Art 1¼ Considera-se crime a infrao penal que a lei comina pena de recluso ou de deteno, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraveno, a infrao penal a DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 35 que a lei comina, isoladamente, pena de priso simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. Percebam que o conceito aqui meramente legal. Se a lei cominar a uma conduta a pena de deteno ou recluso, cumulada ou alternativamente com a pena de multa, estaremos diante de um crime. Por outro lado, se a lei cominar a apenas priso simples ou multa, alternativa ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraveno penal. Esse aspecto consagra o sistema dicotmico adotado no Brasil, no qual existe um gnero, que a infrao penal, e duas espcies, que so o crime e a contraveno penal. Assim: Vejam que quando se diz Òinfrao penalÓ, est se usando um termo genrico, que pode tanto se referir a um ÒcrimeÓ ou a uma Òcontraveno penalÓ. O termo ÒdelitoÓ, no Brasil, sinnimo de crime. O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto analtico, que o divide em partes, de forma a estruturarseu conceito. Prevalece, no Brasil, a teoria tripartida do crime, que entende o crime como o fato tpico, ilcito e culpvel. H, contudo, muitos defensores da teoria bipartida (crime como fato tpico e ilcito apenas, e culpabilidade como mero pressuposto de aplicao da pena). INFRAÇÕES PENAIS CRIMES CONTRAVENÇÕES PENAIS CONCEITO DE CRIME MATERIAL FORMAL ANALÍTICO TEORIA BIPARTIDA TEORIA TRIPARTIDA ADOTADA PELO CP TEORIA QUADRIPARTIDA DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 35 Esse ltimo conceito de crime (sob o aspecto analtico), o que vai nos fornecer os subsdios para que possamos estudar os elementos do crime (Fato tpico, ilicitude e culpabilidade). Entretanto, isso tema para nossa prxima aula apenas! 1.3.! Contraveno Penal As contravenes penais so infraes penais que tutelam bens jurdicos menos relevantes para a sociedade e, por isso, as penas previstas para as contravenes so bem mais brandas. Nos termos do art. 1¡ do da Lei de Introduo ao Cdigo Penal: Art 1¼ Considera-se crime a infrao penal que a lei comina pena de recluso ou de deteno, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraveno, a infrao penal a que a lei comina, isoladamente, pena de priso simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. Percebam que a Lei estabelece que se considera contraveno a infrao penal para a qual a lei estabelea pena de priso simples ou multa. Percebam, portanto, que a Lei estabelece um ntido patamar diferenciado para ambos os tipo de infrao penal. Trata-se de uma escolha poltica, ou seja, o legislador estabelece qual conduta ser considerada crime e qual conduta ser considerada contraveno, de acordo com sua noo de lesividade para a sociedade. Mas professor, qual a diferena prtica em saber se a conduta crime ou contraveno? Muitas, meu caro! Vejamos: CRIMES CONTRAVENÍES Admitem tentativa (art. 14, II). No se admite prtica de contraveno na modalidade tentada. Ou se pratica a contraveno consumada ou se trata de um indiferente penal Se cometido crime, tanto no Brasil quanto no estrangeiro, e vier o agente a cometer contraveno, haver reincidncia. A prtica de contraveno no exterior no gera efeitos penais, inclusive para fins de reincidncia. S h efeitos penais em relao contraveno praticada no Brasil! Tempo mximo de cumprimento de pena: 30 anos. Tempo mximo de cumprimento de pena: 05 anos. DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 35 Aplicam-se as hipteses de extraterritorialidade (alguns crimes cometidos no estrangeiro, em determinadas circunstncias, podem ser julgados no Brasil) No se aplicam as hipteses de extraterritorialidade do art. 7¡ do Cdigo Penal. No se prendam a estas diferenas! Para o estudo desta aula o que importa saber que Hç DIFERENAS PRçTICAS entre ambos. Portanto, crime e contraveno so termos relacionados mesma categoria (infrao penal), mas no se confundem, existindo diferenas prticas entre ambos. 1.4.! Sujeitos da infrao penal 1.4.1.! Sujeito ativo Sujeito ativo a pessoa que pratica a conduta descrita no tipo penal. Entretanto, atravs do concurso de pessoas, ou concurso de agentes, possvel que algum seja sujeito ativo de uma infrao penal sem que realize a conduta descrita no tipo penal. EXEMPLO: Pedro atira contra Paulo, vindo a causar-lhe a morte. Pedro sujeito ativo do crime de homicdio, previsto no art. 121 do Cdigo Penal, isso no se discute. Mas tambm ser sujeito ativo do crime de homicdio, Joo, que lhe emprestou a arma e lhe encorajou a atirar. Embora Joo no tenha realizado a conduta prevista no tipo penal, pois no praticou a conduta de Òmatar algumÓ, auxiliou material e moralmente Pedro a faz-lo. Somente o ser humano, em regra, pode ser sujeito ativo de uma infrao penal. Os animais, por exemplo, no podem ser sujeitos ativos da infrao penal, embora possam ser instrumentos para a prtica de crimes. Modernamente, tem se admitido a RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURêDICA, ou seja, tem se admitido que a pessoa jurdica seja considerada SUJEITO ATIVO DE INFRAÍES PENAIS (h crticas doutrinrias a esta interpretao). O que vocs precisam saber que o STF e o STJ admitem a responsabilidade penal da pessoa jurdica em todos os crimes ambientais (regulamentados pela lei 9.605/98)! Com relao aos demais crimes, em tese, atribuveis pessoa jurdica (crimes contra o sistema financeiro, economia popular, etc.), como no houve regulamentao da responsabilidade penal da pessoa jurdica, esta fica afastada, conforme entendimento do STF e do STJ. DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 35 A Jurisprudncia CLçSSICA do STJ e do STF no sentido de ADMITIR a responsabilidade penal da pessoa jurdica. Todavia, o STF e o STJ exigiam a punio simultnea da pessoa fsica causadora do dano, no que se convencionou chamar de TEORIA DA DUPLA IMPUTAÌO. Apesar de esta ser a jurisprudncia clssica, mais recentemente o STF e o STJ DISPENSARAM o requisito da dupla imputao. Ou seja, atualmente no mais se exige a chamada Òdupla imputaoÓ. Em regra, a Lei Penal aplicvel a todas as pessoas indistintamente. Entretanto, em relao a algumas pessoas, existem disposies especiais. So as chamadas imunidades diplomticas (diplomticas e de chefes de governos estrangeiros) e parlamentares (referentes aos membros do Poder Legislativo). 1.4.2.! Sujeito passivo O sujeito passivo nada mais que aquele que sofre a ofensa causada pelo sujeito ativo. Pode ser de duas espcies: 1)!Sujeito passivo mediato ou formal Ð o Estado, pois a ele pertence o dever de manter a ordem pblica e punir aqueles que cometem crimes. Todo crime possui o Estado como sujeito passivo mediato, pois todo crime uma ofensa ao Estado, ordem estatuda; 2)!Sujeito passivo imediato ou material Ð o titular do bem jurdico efetivamente lesado. Por exemplo: A pessoa que sofre a leso no crime de leso corporal (art. 129 do CP), o dono do carro roubado no crime de roubo (art. 157 do CP), etc. CUIDADO! O Estado tambm pode ser sujeito passivo imediato ou material, nos crimes em que for o titular do bem jurdico especificamente violado, como nos crimes contra a administrao pblica, por exemplo. As pessoas jurdicas tambm podem ser sujeitos passivos de crimes. J os mortos e os animais no podem ser sujeitos passivos de crimes pois no so sujeitos de direito. Mas, e o crime de vilipndio a cadver e os crimes contra a fauna? Nesse caso, no so os mortos e os animais os sujeitos passivos e sim, no primeiro caso, a famlia do morto, e no segundo caso, toda a coletividade, pelo desequilbrio ambiental. NINGUM PODE COMETER CRIME CONTRA SI MESMO! Ou seja, ningum pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo imediato de um crime (Parte da Doutrina entende que isso possvel no crime de rixa, mas isso no posio unnime). 2.! APLICAÌO DA LEI PENAL DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 35 2.1.! Aplicao da Lei penal no tempo A Lei Penal, como toda e qualquer lei, entra no mundo jurdico em um determinado momento e vigora at sua revogao, regulando todos os fatos praticados nesse nterim. Entretanto, nem sempre as coisas so to simples, surgindo situaes verdadeiramente excepcionais e complexas. certo, meus caros, que as leis se sucedem no tempo, pois da natureza humana a mudana de pensamento. Assim, o que hoje considerado crime, amanh pode no o ser, e vice-versa. claro, tambm, que quando uma lei revoga a outra, a lei revogadora deve abordar a matria de forma, ao menos um pouco, diferente do modo como tratava a lei revogada, caso contrrio, seria uma lei absolutamente intil. A esse fenmeno damos o nome de Princpio da continuidade das leis. A revogao, por sua vez, o fenmeno que compreende a substituio de uma norma jurdica por outra. Essa substituio pode ser total ou parcial. No primeiro caso, temos o que se chama de ab- rogao, e no segundo caso, derrogao. Pode ser, ainda, expressa ou tcita. Desta forma, a lei produz efeitos desde sua vigncia at sua revogao. CUIDADO! No perodo de vacatio legis (Perodo entre a publicao da Lei e sua entrada em vigor, geralmente de 45 dias) a lei ainda no vigora! Ou seja, ela ainda no produz efeitos! Em termos grficos: Publicao Entrada em vigor Revogao |----------|-------------------------------------------------------| Vacatio Legis PRODUÌO DE EFEITOS Logo, podemos perceber que a lei penal, assim como qualquer lei, somente produz efeitos durante o seu perodo de vigncia. o que se chama de princpio da atividade da lei. Em alguns casos, porm, a lei penal pode produzir efeitos e atingir fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor e, at mesmo, continuar produzindo efeitos mesmo aps sua revogao. Vamos analis-los individualmente. DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 35 2.1.1.! Conflito de Leis penais no Tempo Ocorrendo a revogao de uma lei penal por outra, algumas situaes iro ocorrer, e as consequncias de cada uma delas dependero da natureza da norma revogadora. 2.1.1.1.! Lei nova incriminadora Nesse caso, a lei nova atribui carter criminoso ao fato. Ou seja, at ento, o fato no era crime. Nesse caso, a soluo bastante simples: A lei nova produzir efeitos a partir de sua entrada em vigor, como toda e qualquer lei, seguindo a regra geral da atividade da lei. 2.1.1.2.! Lex Gravior1 Aqui, a lei posterior no inova no que se refere natureza criminosa do fato, pois a lei anterior j estabelecia que o fato era considerado criminoso. No entanto, a lei nova estabelece uma situao mais gravosa ao ru. EXEMPLO: O crime de homicdio simples (art. 121 do CP) possui pena mnima de 06 e pena mxima de 20 anos. Imaginemos que entrasse em vigor uma lei que estabelecesse que a pena para o crime de homicdio seria de 10 a 30 anos. Nesse caso, a lei nova, embora no inove no que tange criminalizao do homicdio, traz uma situao mais gravosa para o fato. Assim, produzir efeitos somente a partir de sua vigncia, no alcanando fatos pretritos Frise-se que a lei nova ser considerada mais gravosa ainda que no aumente a pena prevista para o crime. Basta que traga qualquer prejuzo ao ru2, como forma de cumprimento da pena, reduo ou eliminao de benefcios, etc. 2.1.1.3.! Abolitio Criminis A abolitio criminis ocorre quando uma lei penal incriminadora vem a ser revogada por outra, que prev que o fato deixa de ser considerado crime. EXEMPLO: Suponhamos que a Lei ÒAÓ preveja que crime dirigir veculo automotor sob a influncia de lcool. Vindo a Lei ÒBÓ a determinar que dirigir veculo automotor sob a influncia de lcool no crime, ocorreu o fenmeno da abolitio criminis. 1 Tambm chamada de ou Novatio Legis in Pejus ou Lei nova mais gravosa. 2 BITENCOURT, Op. cit., p. 208 DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 35 Nesse caso, como a lei posterior deixa de considerar o fato crime, ela produzir efeitos retroativos, alcanado os fatos praticados mesmo antes de sua vigncia, em homenagem ao art. 5, XL da Constituio Federal e ao art. 2¡ do Cdigo Penal3. claro que quando uma lei deixa de considerar um determinado fato como crime, ela est beneficiando aquele praticou o fato e que, porventura, esteja respondendo criminalmente por ele, ou at mesmo, cumprindo pena em decorrncia da condenao pelo fato. Em casos tais, ocorre o que se chama de retroatividade da Lei Penal, que passa a produzir efeitos sobre fatos ocorridos anteriormente sua vigncia. CUIDADO! No confundam abolitio criminis com continuidade tpico-normativa. Em alguns casos, embora a lei nova revogue um determinado artigo que previa um tipo penal, ela simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo penal.4 Neste caso no h abolitio criminis, pois a conduta continua sendo considerada crime, ainda que por outro tipo penal.5 2.1.1.4.! Lex Mitior ou Novatio legis in mellius A Lex mitior, ou novatio legis in mellius, ocorre quando uma lei posterior revoga a anterior trazendo uma situao mais benfica ao ru. Nesse caso, em homenagem ao art. 5, XL da Constituio, j transcrito, a lei nova retroage para alcanar os fatos 3 Art. 5¼ (...) XL - a lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o ru; [...] Art. 2¼ - Ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais da sentena condenatria. 4 A Lei 12.015/09 revogou o art. 214 do CP, que previa o crime de atentado violento ao pudor. Entretanto, ao mesmo tempo, ampliou a descrio do tipo penal do estupro para abranger tambm a prtica de atos libidinosos diversos da conjuno carnal, que era a descrio do tipo penal de atentado violento ao pudor. Assim, o que a Lei 12.015/09 fez, no foi descriminalizar o Atentado Violento ao Pudor, mas dar a ele novo contorno jurdico, passando agora o fato a ser enquadrado como crime de estupro, tendo, inclusive, previsto a mesma pena anteriormente cominada ao Atentado Violento ao Pudor. Assim, no houve abolitio criminis, pois o fato no deixou de ser crime, apenas passou a ser tratado em outro tipo penal. 5 Tambm no h abolitio criminis quando a lei nova revoga uma lei especial que criminaliza um determinado fato, mas que mesmo assim, est enquadrado como crime numa norma geral. Explico: Imagine que a Lei ÒAÓ preveja o crime de roubo a empresa de transporte de valores, com pena de 4 a 12 anos. Posteriormente, entra em vigor a Lei ÒBÓ, que revoga expressa e totalmente a Lei ÒAÓ. Pode-se dizer que o roubo a empresa de transporte de valores deixou de ser crime? Claro que no, pois a conduta, o fato, est previsto no art. 157 do Cdigo Penal (crime de roubo). Assim, apenas deixou de existir a lei especial que previa pena diferenciada para este fato, passando o mesmo a ser regido pelo tipo previsto no Cdigo Penal. Pode-se dizer, no entanto, que houve novatio legis in mellius, ou Lex mitior, que a supervenincia de lei mais benfica.DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 35 ocorridos anteriormente sua vigncia. Essa previso est contida tambm no art. 2¡, ¤ nico do CP6. Vejam que o Cdigo Penal estabelece que a aplicao da lei nova se dar ainda que o fato (crime) j tenha sido julgado por sentena transitada em julgado. 2.1.1.5.! Lei posterior que traz benefcios e prejuzos ao ru Pode ocorrer, no entanto, que a lei nova tenha alguns pontos mais favorveis e outros mais prejudiciais ao ru. EXEMPLO: Suponhamos que Maria tenha praticado crime de furto, cuja pena de 1 a 04 anos de recluso, e multa. Posteriormente, sobrevm uma lei que estabelece que a pena passa a ser de 02 a 06 anos de deteno, sem multa. Percebam que a lei nova mais benfica pois extinguiu a pena de multa, e estabeleceu o regime de deteno, mas mais gravosa pois aumentou a pena mnima e a pena mxima. Nesse caso, como avaliar se a lei mais benfica ou mais gravosa? E mais, ser que possvel combinar as duas leis para se achar a soluo mais benfica para o ru? Duas correntes se formaram: 1¡ corrente: No possvel combinar as leis penais para se extrair os pontos favorveis de cada uma delas, pois o Juiz estaria criando uma terceira lei (Lex tertia) - TEORIA DA PONDERAÌO UNITçRIA ou GLOBAL (adotada pelo STF e pelo STJ7) 2¡ corrente: possvel a combinao das duas leis, de forma a selecionar os institutos favorveis de cada uma delas, sem que com isso se esteja criando uma terceira lei - TEORIA DA PONDERAÌO DIFERENCIADA. E quem deve aplicar a nova lei penal mais benfica ou a nova lei penal abolitiva? O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento no sentido de que DEPENDE DO MOMENTO: 6 Art. 2¼ (...) Pargrafo nico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentena condenatria transitada em julgado. 7 E de forma a consolidar sua tese, o STJ editou o verbete n¼ 501 de sua smula de jurisprudncia, entendendo, relativamente aos crimes da lei de drogas, a impossibilidade de combinao de leis. Vejamos: SòMULA N¼ 501 cabvel a aplicao retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidncia das suas disposies, na ntegra, seja mais favorvel ao ru do que o advindo da aplicao da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinao de leis. 1.1.1.! DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 35 ¥! Processo ainda em curso Ð Compete ao Juzo que est conduzindo o processo ¥! Processo j transitado em julgado Ð Compete ao Juzo da execuo penal. Nos termos da smula 611 do STF: SòMULA N¼ 611 Transitada em julgado a sentena condenatria, compete ao Juzo das execues a aplicao da lei mais benigna. Mas e se a lei nova for revogada por outra lei mais gravosa? Nesse caso, a lei mais gravosa no se aplicar aos fatos regidos pela lei mais benfica, pois isso seria uma retroatividade da lei em prejuzo do ru. No momento em que a lei intermediria (a que revogou, mas foi revogada) entrou em vigor, passou a reger os fatos ocorridos antes de sua vigncia. Sobrevindo lei posterior mais grave, aplica-se a regra geral da irretroatividade da Lei em relao a esta ltima. Lei A (gravosa) Lei B (Mais benfica) Lei C (Mais gravosa) EFEITOS DA LEI B EFEITOS DA LEI C |----|------|------------------------------------------------------| Fato VIGæNCIA DA LEI B No caso representado pelo esquema acima, a Lei B produzir efeitos mesmo aps sua revogao pela Lei C (em relao aos fatos praticados durante sua vigncia e ANTES de sua vigncia). Nesse caso, diz-se que h a ULTRATIVIDADE DA LEI B.8 Excepcional a situao das leis intermitentes, que se dividem em leis excepcionais e leis temporrias. As leis excepcionais so aquelas que so produzidas para vigorar durante determinada situao. Por exemplo, estado de stio, estado de guerra, ou outra situao excepcional. Lei temporria aquela que editada para vigorar durante determinado perodo, certo, cuja revogao se dar automaticamente quando se atingir o termo final de vigncia, independentemente de se tratar de uma situao normal ou excepcional do pas. 8 Quando a lei aplicada fora de seu perodo de vigncia, diz-se que h extratividade. A extratividade pode ocorrer em razo da ultratividade ou da retroatividade, a depender do caso. A extratividade, portanto, um gnero, que comporta duas espcies: retroatividade e ultratividade. BITENCOURT, Op. cit., p. 207/209 DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 35 No caso destas leis, dado seu carter transitrio, o fato de estas leis virem a ser revogadas irrelevante! Isso porque a revogao decorrncia natural do trmino do prazo de vigncia da lei. Assim, aquele que cometeu o crime durante a vigncia de uma destas leis responder pelo fato, nos moldes em que previsto na lei, mesmo aps o fim do prazo de durao da norma. Isso uma questo de lgica, pois, se assim no o fosse, bastaria que o ru procrastinasse o processo at data prevista para a revogao da lei a fim de que fosse decretada a extino de sua punibilidade. Isso est previsto no art. 3¡ do Cdigo Penal: Art. 3¼ - A lei excepcional ou temporria, embora decorrido o perodo de sua durao ou cessadas as circunstncias que a determinaram, aplica- se ao fato praticado durante sua vigncia. CUIDADO! Sempre se entendeu que a posterior revogao da lei temporria no afetaria os fatos praticados durante sua vigncia. Isso deve ser analisado com cautela. Existem duas hipteses absolutamente distintas. EXEMPLO Ð Existe uma Lei ÒAÓ que diz que crime vender qualquer cerveja que no seja a cerveja ÒredondaÓ durante a realizao da Copa do Mundo no Brasil. Essa lei tem durao prevista at o dia da final da Copa. Jos foi preso em flagrante, durante uma das semifinais da Copa do Mundo, vendendo a cerveja ÒquadradaÓ e, portanto, praticando o crime previsto na Lei ÒAÓ. Dessa situao, duas hipteses podem ocorrer: 01 Ð A Lei ÒAÓ deixa de vigorar naturalmente porque se prazo de validade expirou Ð Nenhuma consequncia prtica em favor de Jos, pois a expirao da validade o processo natural da lei penal temporria. 02 Ð O Governo entende que um absurdo criminalizar tais condutas que, na verdade, tem como nica finalidade proteger interesses econmicos de particulares e, em razo, disso, edita uma nova Lei (aps a expirao da lei temporria) que prev a descriminalizao da conduta incriminada Ð Nesse caso, teremos abolitio criminis, e isso ter efeitos prticos para Jos. O mesmo ocorreria se o Governo, ao invs de proceder descriminalizao da conduta, tivesse abrandado a pena (lex mitior). Essa lei iria retroagir. CUIDADO! Eu j vi este tema ser abordado das mais diversas formas. J vi Banca entendendo que a lei temporria ser aplicada mesmo que sobrevenha lei nova, abolindo o crime. Isso complicado, porque traz insegurana ao candidato. Contudo, a vai meu conselho: Leitemporria produz efeitos aps sua revogao ÒnaturalÓ (expirao do prazo de validade). Se houver supervenincia de lei abolitiva expressamente revogando a criminalizao prevista DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 35 na lei temporria, ela no mais produzir efeitos. Assim, cuidado com a abordagem na prova. 2.1.2.! Tempo do crime Para podermos aplicar corretamente a lei penal, necessrio saber quando se considerada praticado o delito. Trs teorias buscam explicar quando se considera praticado o crime: 1)!Teoria da atividade Ð O crime se considera praticado quando da ao ou omisso, no importando quando ocorre o resultado. a teoria adotada pelo art. 4¡ do Cdigo Penal, vejamos: Art. 4¼ - Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outro seja o momento do resultado. 2)!Teoria do resultado Ð Para esta teoria, considera-se praticado o crime quando da ocorrncia do resultado, independentemente de quando fora praticada a ao ou omisso. 3)!Teoria da ubiquidade ou mista Ð Para esta teoria, considera- se praticado o crime tanto no momento da ao ou omisso quanto no momento do resultado. Como vimos, nosso Cdigo adotou a teoria da atividade como a aplicvel ao tempo do crime. Isto representa srios reflexos na aplicao da lei penal, pois esta depende da data do fato, que, como vimos, a data da conduta. Nos crimes permanentes, aplica-se a lei em vigor ao final da permanncia delitiva, ainda que mais gravosa que a do incio. O mesmo ocorre nos crimes continuados, hiptese em que se aplica a lei vigente poca do ltimo ato (crime) praticado. Essa tese est consagrada pelo STF, atravs do enunciado n¡ 711 da smula de sua Jurisprudncia: SòMULA N¼ 711 A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigncia anterior cessao da continuidade ou da permanncia. Mas isso no ofende o princpio da irretroatividade da lei mais gravosa? No, pois neste caso NÌO Hç RETROATIVIDADE. Neste caso, a lei mais grave est sendo aplicada a um crime que ainda est sendo praticado, e no a um crime que j foi praticado.9 9 Cezar Roberto Bitencourt critica parcialmente a smula, ao entendimento de que ela poderia ser aplicvel ao crime permanente, sem nenhuma violao irretroatividade da lei mais gravosa, mas a mesma soluo no poderia ser adotada em relao ao crime continuado, por no se tratar de crime nico com execuo prolongada no tempo, e sim mera fico jurdica DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 35 (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Em razo do aumento do nmero de crimes de dano qualificado contra o patrimônio da Unio (pena: detenço de 6 meses a 3 anos e multa), foi editada uma lei que passou a prever que, entre 20 de agosto de 2015 e 31 de dezembro de 2015, tal delito (Art. 163, pargrafo nico, inciso III, do Cdigo Penal) passaria a ter pena de 2 a 5 anos de detenço. Joo, em 20 de dezembro de 2015, destri dolosamente um bem de propriedade da Unio, razo pela qual foi denunciado, em 8 de janeiro de 2016, como incurso nas sanc ̧es do Art. 163, pargrafo nico, inciso III, do Cdigo Penal. Considerando a hiptese narrada, no momento do julgamento, em março de 2016, dever ser considerada, em caso de condenac ̧o, a pena de A) 6 meses a 3 anos de detenc ̧o, pois a Constituiço prevê o princpio da retroatividade da lei penal mais benfica ao ru. B) 2 a 5 anos de detenço, pois a lei temporria tem ultratividade gravosa. C) 6 meses a 3 anos de detenço, pois aplica-se o princpio do tempus regit actum (tempo rege o ato). D) 2 a 5 anos de detenço, pois a lei excepcional tem ultratividade gravosa. COMENTçRIOS: Considerando que esta Lei j entrou em vigor com PRAZO CERTO para vigorar, temos o que se chama de lei temporria. Em relao s leis temporrias aplica-se a ultratividade gravosa, ou seja, elas continuam a reger os fatos praticados durante sua vigncia, mesmo aps expirado o prazo de sua validade (no necessrio que o agente seja processado, condenado e punido dentro do prazo de validade da Lei). Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA B. (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII - PRIMEIRA FASE) Considere que determinado agente tenha em depsito, durante o perodo de um ano, 300 kg de cocana. Considere tambm que, durante o referido perodo, tenha entrado em vigor uma que considera como crime nico (para fins de aplicao da pena), uma srie de delitos. BITENCOURT, Op. cit., p. 220. A maioria da Doutrina, contudo, no tece crticas smula. Ver, por todos, BITENCOURT, Op. cit., p. 120. DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 35 nova lei elevando a pena relativa ao crime de trfico de entorpecentes. Sobre o caso sugerido, levando em conta o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, assinale a afirmativa correta. a) Deve ser aplicada a lei mais benfica ao agente, qual seja, aquela que j estava em vigor quando o agente passou a ter a droga em depsito. b) Deve ser aplicada a lei mais severa, qual seja, aquela que passou a vigorar durante o perodo em que o agente ainda estava com a droga em depsito. c) As duas leis podem ser aplicadas, pois ao magistrado permitido fazer a combinao das leis sempre que essa atitude puder beneficiar o ru. d) O magistrado poder aplicar o critrio do caso concreto, perguntando ao ru qual lei ele pretende que lhe seja aplicada por ser, no seu caso, mais benfica COMENTçRIOS: No caso em tela, temos um crime permanente, pois a execuo do delito se prolonga no tempo. Em se tratando de delitos permanentes, a lei nova aplicvel desde que tenha entrada em vigor antes da cessao da continuidade (ou seja, durante a execuo do delito), ainda que seja mais gravosa ao agente, nos termos da smula 711 do STF. No se trata de retroatividade (o que seria vedado), mas de aplicao da lei vigente DURANTE a prtica do crime. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA B. 2.2.! Aplicao da lei penal no espao To importante quanto conhecer as mincias referentes aplicao da lei penal no tempo conhecer as regras atinentes lei penal no espao. Toda lei editada para vigorar num determinado tempo e num determinado espao. No que tange lei penal, via de regra ela se aplica dentro do territrio do pas em que foi editada, pois este o limite do exerccio da soberania de cada Estado. Ou seja, nenhum Estado pode exercer sua soberania fora de seu territrio. Vamos estudar, ento, as regras referentes aplicao da lei penal no espao. 2.2.1.! Territorialidade Essa a regra no que tange aplicao da lei penal no espao. Pelo princpio da territorialidade, aplica-se lei penal aos crimes DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 35 cometidos no territrio nacional10. Assim, no importa se o crime foi cometidopor estrangeiro ou contra vtima estrangeira. Se cometido no territrio nacional, submete-se lei penal brasileira. Na verdade, como o Cdigo Penal admite algumas excees, podemos dizer que o nosso Cdigo adotou O PRINCêPIO DA TERRITORIALIDADE MITIGADA OU TEMPERADA.11 Territrio pode ser conceituado como espao em que o Estado exerce sua soberania poltica. O territrio brasileiro compreende: ¥! O Mar territorial; ¥! O espao areo (Teoria da absoluta soberania do pas subjacente); ¥! O subsolo So considerados como territrio brasileiro por extenso: ¥! Os navios e aeronaves pblicos, onde quer que se encontrem ¥! Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem em alto-mar ou no espao areo Assim, aos crimes praticados nestes locais aplica-se a lei brasileira, pelo princpio da territorialidade. ATENÌO! A Doutrina aponta uma exceo aplicao da lei penal brasileira neste caso12. Trata-se do PRINCêPIO DA PASSAGEM INOCENTE. Este princpio, decorrente do Direito Internacional Martimo, estabelecido na Conveno de Montego Bay (1982), prev que uma embarcao de propriedade privada, de qualquer nacionalidade, possui o direito de atravessar o territrio de uma nao, desde que no ameace a paz, a segurana e a boa ordem do Estado. A Doutrina estende a aplicao do princpio tambm s aeronaves privadas em situao semelhante. CUIDADO! Este princpio s se aplica s embarcaes ou aeronaves que utilizem o territrio do Brasil como mera ÒpassagemÓ. Se o Brasil 10 Art. 5¼ - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de convenes, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no territrio nacional. 11 Ver, por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 123/124 e GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 222. 12 Crimes cometidos a bordo de aeronaves ou embarcaes estrangeiras, mercantes ou de propriedade privada, desde que se encontrem no espao areo brasileiro ou em pouso no territrio nacional, ou, no caso das embarcaes, em porto ou mar territorial brasileiro. DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 35 o destino da aeronave ou embarcao, no h aplicao do princpio. 2.2.2.! Extraterritorialidade A extraterritorialidade a aplicao da lei penal brasileira a um fato criminoso que no ocorreu no territrio nacional. Pode se dar em razo de diversos princpios, que veremos a seguir: 2.2.2.1.! Princpio da Personalidade ou da nacionalidade Divide-se em princpio da personalidade ativa e da personalidade passiva. Pelo princpio da personalidade ativa, aplica-se a lei penal brasileira ao crime cometido por brasileiro, ainda que no exterior. As hipteses de aplicao deste princpio esto previstas no art. 7¡, I, ÒdÓ e II, ÒbÓ do CPB: Art. 7¼ - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: (...) d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (...) II - os crimes: (...) b) praticados por brasileiro; No primeiro caso, basta que o crime de genocdio tenha sido cometido por brasileiro para que a lei brasileira seja aplicada, no havendo qualquer condio alm desta. No segundo caso (crime comum cometido por brasileiro no exterior), algumas condies devem estar presentes, conforme preceitua o ¤2¡ do art. 7¡ do CPB: ¤ 2¼ - Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintes condies: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) a) entrar o agente no territrio nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter a cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) e) no ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, no estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorvel. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 35 Assim, no basta que o crime tenha sido cometido por brasileiro, necessrio que as condies acima estejam presentes, ou seja: O fato deve ser punvel tambm no local onde fora cometido o crime; deve o agente entrar no territrio brasileiro; O crime deve estar includo no rol daqueles que autorizam extradio e no pode o agente ter sido absolvido ou ter sido extinta sua punibilidade no estrangeiro. Pelo princpio da personalidade passiva, aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos contra brasileiro, ainda que no exterior. Nos termos do art. 7¡, ¤3¡ do CPB: ¤ 3¼ - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condies previstas no pargrafo anterior: a) no foi pedida ou foi negada a extradio; b) houve requisio do Ministro da Justia. Percebam que, alm das condies previstas para a aplicao do princpio da personalidade ativa, para a aplicao do princpio da personalidade passiva o Cdigo prev ainda outras duas condies: ¥! Ter havido requisio do Ministro da Justia ¥! No ter sido pedida ou ter sido negada a extradio do estrangeiro que praticou o crime 2.2.2.2.! Princpio do domiclio Por este princpio, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por pessoa domiciliada no Brasil, no havendo qualquer outra condio. S h uma hiptese de aplicao deste princpio na lei penal brasileira, e a prevista no art. 7¡, I, ÒdÓ do CPB: Art. 7¼ - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: (...) d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;Ó Portanto, somente no caso do crime de genocdio ser aplicado o princpio do domiclio, devendo ser aplicada a lei brasileira ainda que se trate crime cometido no estrangeiro por agente estrangeiro contra vtima estrangeira, desde que o autor seja domiciliado no Brasil. Alguns autores entendem que aqui se aplica o princpio da Justia Universal.13 2.2.2.3.! Princpio da Defesa ou da Proteo 13 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 127 DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 35 Este princpio visa a garantir a aplicao da lei penal brasileira aos crimes cometidos, em qualquer lugar e por qualquer agente, mas que ofendam bens jurdicos nacionais. Est previsto no art. 7¡, I, Òa, b e cÓ: Art. 7¼ - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica; b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, de Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico; c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio; Vejam que se trata de bens jurdicos altamente relevantes para o pas. No se trata de considerara vida e a liberdade do Presidente da Repblica mais importante que a vida e a liberdade dos demais brasileiros. Nesse caso, o que se busca garantir que um crime praticado contra a figura do Presidente da Repblica no fique impune, pois mais que um crime contra a pessoa, um crime contra toda a nao. Reparem, ainda, que no qualquer crime cometido contra o Presidente, mas somente aqueles que atentem contra sua vida ou liberdade. Estas hipteses dispensam outras condies, bastando que tenha sido o crime cometido contra estes bens jurdicos. Alis, ser aplicada a lei brasileira ainda que o agente j tenha sido condenado ou absolvido no exterior: ¤ 1¼ - Nos casos do inciso I, o agente punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. Entretanto, para que seja evitado o cumprimento duplo de pena (bis in idem), caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena a ser cumprida no Brasil ser abatida da pena cumprida no exterior, o que se chama DETRAÌO PENAL. Nos termos do art. 8¡ do CPB: Art. 8¼ - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela computada, quando idnticas. Embora o art. 8¡ seja louvvel, tecnicamente, a simples possibilidade de duplo julgamento pelo mesmo fato j configura bis in idem. Entretanto, o STF ignora este fato, e a norma permanece em pleno vigor. H quem entenda, portanto, que esta regra uma exceo ao princpio do ne bis in idem14, pois o Estado estaria autorizado a julgar, 14 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 129 DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 35 condenar e punir a pessoa mesmo j tendo havido julgamento (inclusive com condenao e cumprimento de pena) em outro Estado. 2.2.2.4.! Princpio da Justia Universal Este princpio utilizado para a aplicao da lei penal brasileira contra crimes cometidos em qualquer territrio e por qualquer agente, desde que o Brasil, atravs de tratado internacional, tenha se obrigado a reprimir tal conduta. Tem previso no art. 7¡, II, a do CPB: Art. 7¼ - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (...) II - os crimes: a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir; Como a previso se encontra no inciso II do art. 7¡, aplicam-se as condies previstas no ¤ 2¡, como ingresso do agente no territrio nacional, etc. 2.2.2.5.! Princpio da Representao ou da bandeira ou do Pavilho Por este princpio, aplica-se a lei penal brasileira aos crimes cometidos no estrangeiro, a bordo de aeronaves e embarcaes privadas, mas que possuam bandeira brasileira, quando, no pas em que ocorreu o crime, este no for julgado. A previso est no art. 7¡, II, ÒcÓ do CPB: Art. 7¼ - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (...) II - os crimes: (...) c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam julgados. EXEMPLO: Se um cidado mexicano comete um crime contra um cidado alemo, a bordo de uma aeronave pertencente a uma empresa area brasileira, enquanto esta se encontra parada no aeroporto de Nova York, pelo Princpio da Bandeira, a este crime poder ser aplicada a lei brasileira, caso no seja julgado pelo Judicirio americano. CUIDADO! Se, no exemplo anterior, o crime fosse cometido a bordo de uma aeronave pertencente ao Brasil, por exemplo, o avio oficial da Presidncia da Repblica, a lei penal brasileira seria aplicada no pelo Princpio da Bandeira, mas pelo Princpio da Territorialidade, regra geral, pois estas DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 35 aeronaves so consideradas territrio brasileiro por extenso! CUIDADO! 2.2.3.! Lugar do Crime Para aplicarmos corretamente o que foi aprendido acerca da lei penal no espao, precisamos saber, com exatido, qual o local do crime. Para tanto, existem algumas teorias: 1)!Teoria da atividade Ð Considera-se local do crime aquele em que a conduta praticada. 2)!Teoria do resultado Ð Para esta teoria, no importa onde praticada a conduta, pois se considera como lugar do crime o local onde ocorre a consumao. 3)!Teoria mista ou da ubiquidade Ð Esta teoria prev que tanto o lugar onde se pratica a conduta quanto o lugar do resultado so considerados como local do crime. Esta teoria a adotada pelo Cdigo Penal, em seu art. 6¡. Art. 6¼ - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado Entretanto, esta regra da ubiquidade s se aplica quando estivermos diante de pluralidade de pases, ou seja, quando for necessrio estabelecer o local do crime para fins de definio de qual lei (de que pas) penal aplicar. S para finalizar, vou deixar de lambuja para vocs um macete para gravarem as teorias adotadas para o tempo do crime e para o lugar do crime: Lugar = Ubiquidade/Tempo = Atividade Muita LUTA, meus amigos!! 2.2.4.! Extraterritorialidade condicionada, incondicionada e hipercondicionada Como estudamos, a regra na aplicao da lei penal brasileira o princpio da territorialidade, em que se aplica a lei penal brasileira aos crimes cometidos no territrio nacional. Entretanto, existem algumas hipteses em que se aplica a lei penal brasileira a crimes cometidos no exterior. Nestes casos, estamos diante do fenmeno da extraterritorialidade da lei penal. Esta extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada. No primeiro caso, como o prprio nome diz, no h qualquer condio. Basta que o crime tenha sido cometido no estrangeiro. As hipteses so poucas e j foram aqui estudadas. So as previstas no art. 7¡, I do CPB (Crimes contra bens jurdicos de relevncia nacional DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 35 e crime de genocdio). Nestes casos, pelos princpios da Proteo e do Domiclio ou da Personalidade Ativa (a depender do caso), aplica-se a lei brasileira, ocorrendo o fenmeno da extraterritorialidade: Embora sob fundamentos diversos (Princpios diversos), todas as hipteses culminam no fenmeno da extraterritorialidade incondicionada da lei penal brasileira. A extraterritorialidade condicionada, por sua vez, est prevista no art. 7¡, II e ¤ 2¡ do CP. Neste caso, a lei brasileira s ser aplicada ao fato de maneira subsidiria, ou seja, apenas se cumpridas determinadas condies. Nos termos do Cdigo Penal, temos as seguintes hipteses de extraterritorialidade condicionada: PRINCÍPIO DA DEFESA OU PROTEÇÃO Crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da República Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público Crimes contra a administração pública, por quem está a seu serviço PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL OU DO DOMICÍLIO OU DA PERSONALIDADE ATIVA Crime degenocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 35 Art. 7¼ - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984) II - os crimes: (Redao dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir; (Includo pela Lei n¼ 7.209, de 1984) b) praticados por brasileiro; (Includo pela Lei n¼ 7.209, de 1984) c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam julgados. (Includo pela Lei n¼ 7.209, de 1984) Estas so as hipteses em que se aplica, condicionalmente, a lei penal brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro. As condies para esta aplicao se encontram no art. 7¡, ¤ 2¡ do CPB: Art. 7¼ (...) ¤ 2¼ - Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende do concurso das seguintes condies: (Includo pela Lei n¼ 7.209, de 1984) a) entrar o agente no territrio nacional; (Includo pela Lei n¼ 7.209, de 1984) b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado; (Includo pela Lei n¼ 7.209, de 1984) c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio; (Includo pela Lei n¼ 7.209, de 1984) d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter a cumprido a pena; (Includo pela Lei n¼ 7.209, de 1984) Podemos esquematizar da seguinte forma: DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 35 Entretanto, existe ainda a chamada extraterritorialidade hipercondicionada, que a hiptese prevista no ¤ 3¡ do art. 7¼: Art. 7¼ (...) ¤ 3¼ - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condies previstas no pargrafo anterior: (Includo pela Lei n¼ 7.209, de 1984) Neste caso, alm das condies anteriores, existem ainda duas outras condies: EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA HIPÓTESES Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir Crimes praticados por brasileiro Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados CONDIÇÕES Entrar o agente no território nacional Ser o fato punível também no país em que foi praticado (dupla tipicidade) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição do infrator Ter havido requisição do Ministro da Justiça DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 35 Desta maneira, meus caros, terminamos o estudo da aplicao da lei penal, no tempo e no espao. (FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 - PRIMEIRA FASE (OUT/2011) Acerca da aplicao da lei penal no tempo e no espao, assinale a alternativa correta. A) Se um funcionrio pblico a servio do Brasil na Itlia praticar, naquele pas, crime de corrupo passiva (art. 317 do Cdigo Penal), ficar sujeito lei penal brasileira em face do princpio da extraterritorialidade. B) O ordenamento jurdico-penal brasileiro prev a combinao de leis sucessivas sempre que a fuso puder beneficiar o ru. C) Na ocorrncia de sucesso de leis penais no tempo, no ser possvel a aplicao da lei penal intermediria mesmo se ela configurar a lei mais favorvel. D) As leis penais temporrias e excepcionais so dotadas de ultra-atividade. Por tal motivo, so aplicveis a qualquer delito, desde que seus resultados tenham ocorrido durante sua vigncia. COMENTçRIOS: Nos termos do art. 7¼, I, c do CP, os crimes praticados contra a administrao pblica, por quem est a seu servio (hiptese do crime de corrupo passiva), so crimes abarcados pelo princpio da extraterritorialidade, aplicando-se a lei brasileira a tais crimes, ainda que praticados no estrangeiro. Desta forma, a letra A correta. As demais esto incorretas, eis que a jurisprudncia no vem admitindo a combinao de leis penais, embora haja alguns julgados em sentido contrrio (letra b). Na sucesso de diversas leis penais, aplicar-se- sempre a lei mais favorvel ao acusado, ainda que essa lei venha ser posteriormente revogada por uma mais gravosa (lei intermediria mais benfica), estando a letra C errada tambm. As leis penais temporrias e excepcionais so, de fato, dotadas de ultra atividade, aplicando-se aos delitos COMETIDOS durante sua vigncia, ainda que o resultado se d posteriormente e ainda que ela venha a ser revogada, eis que a revogao inerente prpria natureza destas leis. Portanto, a afirmativa CORRETA A LETRA A. (FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME UNIFICADO) DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 35 No ano de 2005, Pierre, jovem francs residente na Bulgria, atentou contra a vida do ento presidente do Brasil que, na ocasio, visitava o referido pas. Devidamente processado, segundo as leis locais, Pierre foi absolvido. Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta. A) No aplicvel a lei penal brasileira, pois como Pierre foi absolvido no estrangeiro, no ficou satisfeita uma das exigncias previstas hiptese de extraterritorialidade condicionada. B) aplicvel a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hiptese de extraterritorialidade incondicionada, exigindo-se, apenas, que o fato no tenha sido alcanado por nenhuma causa extintiva de punibilidade no estrangeiro. C) aplicvel a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hiptese de extraterritorialidade incondicionada, sendo irrelevante o fato de ter sido o agente absolvido no estrangeiro. D) No aplicvel a lei penal brasileira, pois como o agente estrangeiro e a conduta foi praticada em territrio tambm estrangeiro, as exigncias relativas extraterritorialidade condicionada no foram satisfeitas. COMENTçRIOS: A questo traz uma hiptese de EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA da aplicao da lei penal brasileira, pois se trata de atentado vida do Presidente da Repblica. Nesse caso, a lei penal brasileira aplicvel AINDA que o agente tenha sido absolvido ou condenado no exterior, nos termos do art. 7¼, ¤1¼, do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA C. (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VII - PRIMEIRA FASE) John, cidado ingls, capito de uma embarcao particular de bandeira americana, assassinado por Jos, cidado brasileiro, dentro do aludido barco, que se encontrava atracado no Porto de Santos, no Estado de So Paulo. Nesse contexto, correto afirmar que a lei brasileira a) no aplicvel, uma vez que a embarcao americana, devendo Jos ser processado de acordo com a lei estadunidense. b) aplicvel, uma vez que aembarcao estrangeira de propriedade privada estava atracada em territrio nacional. c) aplicvel, uma vez que o crime, apesar de haver sido cometido em territrio estrangeiro, foi praticado por brasileiro. DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 35 d) no aplicvel, uma vez que, de acordo com a Conveno de Viena, competncia do Tribunal Penal Internacional processar e julgar os crimes praticados em embarcao estrangeira atracada em territrio de pas diverso. COMENTçRIOS: No caso, a lei brasileira aplicvel, por se tratar de crime praticado em embarcao atracada em porto brasileiro, conforme art. 5¼, ¤2¼ do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA A LETRA B. 3.! RESUMO INFRAÌO PENAL Conceito - A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que ofende um bem jurdico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece uma pena, seja ela de recluso, deteno, priso simples ou multa. Espcies §! Crime - Infrao penal a que a lei comina pena de recluso ou de deteno, isoladamente, alternativa ou cumulativamente com a pena de multa (conceito formal de crime). §! Contraveno - Infrao penal a que a lei comina, isoladamente, pena de priso simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. OBS.: Crime (conceito analtico) Ð adoo da teoria tripartida: fato tpico, ilicitude e culpabilidade. Principais diferenas entre crime e contraveno: CRIMES CONTRAVENÍES Admitem tentativa (art. 14, II). No se admite prtica de contraveno na modalidade tentada. Ou se pratica a contraveno consumada ou se trata de um indiferente penal Se cometido crime, tanto no Brasil quanto no estrangeiro, e vier o agente a cometer contraveno, haver reincidncia. A prtica de contraveno no exterior no gera efeitos penais, inclusive para fins de reincidncia. S h efeitos penais em relao contraveno praticada no Brasil! Tempo mximo de cumprimento de pena: 30 anos. Tempo mximo de cumprimento de pena: 05 anos. DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 35 Aplicam-se as hipteses de extraterritorialidade No se aplicam as hipteses de extraterritorialidade do art. 7¡ do Cdigo Penal. Sujeitos da infrao penal SUJEITO ATIVO a pessoa que, de alguma forma, participa do crime (como autor ou como partcipe). a pessoa que pratica a infrao penal. OBS.: Pessoa Jurdica pode ser sujeito ativo de crimes (atualmente, somente de crimes ambientais). Adotava-se a teoria da dupla imputao (necessidade de processar, concomitantemente, a pessoa fsica responsvel pelo ato). STF e STJ vm abandonando esta teoria. SUJEITO PASSIVO quem sofre a ofensa causada pela infrao penal. Pode ser de duas espcies: §! Sujeito passivo mediato ou formal Ð SEMPRE o Estado, pois a ele pertence o dever de manter a ordem pblica e punir aqueles que cometem crimes. §! Sujeito passivo imediato ou material Ð o titular do bem jurdico efetivamente lesado (Ex.: No furto, o dono da coisa furtada). OBS.: O Estado tambm pode ser sujeito passivo imediato (Ex.: crimes contra o patrimnio pblico). Tpicos importantes §! Pessoa jurdica pode ser sujeito passivo §! Mortos no podem ser sujeitos passivos (pois no so sujeitos de direitos) §! Animais no podem ser sujeitos passivos (pois no so sujeitos de direitos) OBS.: Crime ambiental (ex.: maus-tratos a animais): sujeito passivo a coletividade. OBS.: Ningum pode ser sujeito ativo e passivo do MESMO crime. Parte da Doutrina entende que isso possvel no crime de rixa, mas isso no posio unnime APLICAÌO DA LEI PENAL LEI PENAL NO TEMPO REGRA Ð Princpio da atividade: lei aplicada aos fatos praticados durante sua vigncia. DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 35 EXCEÌO: Extra-atividade da Lei penal benfica. Duas formas: §! RETROATIVIDADE da Lei penal benfica Ð Lei nova mais benfica retroage, de forma que ser aplicada aos fatos criminosos praticados antes de sua entrada em vigor. §! ULTRA-ATIVIDADE da Lei penal benfica Ð Lei mais benfica, quando revogada, continua a reger os fatos praticados durante sua vigncia. Abolitio criminis Ð Lei nova passa a no mais considerar a conduta como criminosa (descriminalizao da conduta). Continuidade tpico-normativa - Em alguns casos, embora a lei nova revogue um determinado artigo que previa um tipo penal, a conduta pode continuar sendo considerada crime (no h abolitio criminis): §! Quando a Lei nova simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo penal. §! Quando, mesmo revogado o tipo penal, a conduta est prevista como crime em outro tipo penal. Lei posterior que traz benefcios e prejuzos ao ru - Prevalece o entendimento de que no possvel combinar as duas Leis. Deve ser aplicada a Lei que, no todo, seja mais benfica (teoria da ponderao unitria). Competncia para a aplicao da Lei nova mais benfica ¥! Processo ainda em curso Ð Compete ao Juzo que est conduzindo o processo ¥! Processo j transitado em julgado Ð Compete ao Juzo da execuo penal (enunciado n¼ 601 da smula do STF) Leis excepcionais e temporrias - Continuam a reger os fatos praticados durante sua vigncia, mesmo aps expirado o prazo de vigncia ou mesmo aps o fim das circunstncias que determinaram a edio da lei. OBS.: Se houver supervenincia de lei abolitiva expressamente revogando a criminalizao prevista na lei temporria ou excepcional, ela no mais produzir efeitos. Tempo do crime Ð Considera-se praticado o delito no momento conduta (ao ou omisso), ainda que outro seja o momento do resultado (adoo da teoria da ATIVIDADE). Crimes continuados e permanentes Ð Consideram-se como sendo praticados enquanto no cessa a continuidade ou permanncia. Consequncia: se neste perodo (em que o crime est sendo DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 35 praticado) sobrevier lei nova, mais grave, ela ser aplicada (smula 711 do STF). LEI PENAL NO ESPAO REGRA Ð Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no territrio nacional (princpio da territorialidade mitigada ou temperada, pois h excees). Territrio nacional - Espao em que o Estado exerce sua soberania poltica. O territrio brasileiro compreende: ¥! O Mar territorial; ¥! O espao areo (Teoria da absoluta soberania do pas subjacente); ¥! O subsolo Territrio nacional por extenso ¥! Os navios e aeronaves pblicos, onde quer que se encontrem ¥! Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem em alto-mar ou no espao areo EXTRATERRITORIALIDADE Ð Aplicao da lei penal brasileira a um crime praticado fora do territrio nacional. Extraterritorialidade INCONDICIONADA - Aplica-se aos crimes cometidos: §! Contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica §! Contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, de Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica,sociedade de economia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico §! Contra a administrao pblica, por quem est a seu servio §! De genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil OBS.: Estas hipteses dispensam outras condies, bastando que tenha sido o crime cometido contra estes bens jurdicos. OBS.2: Ser aplicada a lei brasileira ainda que o agente j tenha sido condenado ou absolvido no exterior. OBS.3: Caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena cumprida no exterior ser abatida na pena a ser cumprida no Brasil (DETRAÌO PENAL). EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA - Aplica-se aos crimes: DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 35 §! Que por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir §! Praticados por brasileiro §! Praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam julgados Condies: ü! Entrar o agente no territrio nacional ü! Ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado ü! Estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradio ü! No ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter a cumprido a pena ü! No ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, no estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorvel EXTRATERRITORIALIDADE HIPER-CONDICIONADA - òNICA HIPîTESE: Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. (hiper) Condies: Mesmas condies da extraterritorialidade condicionada + No ter sido pedida ou ter sido negada a extradio Haver requisio do MJ Lugar do crime - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a conduta (ao ou omisso), bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (adoo da teoria da UBIQUIDADE). Bons estudos! Prof. Renan Araujo 4.! EXERCêCIOS DA AULA 01.! (FGV - 2016 - OAB - XIX EXAME DE ORDEM) Em razo do aumento do nmero de crimes de dano qualificado contra o patrimônio da Unio (pena: detenço de 6 meses a 3 anos e multa), foi editada uma lei que passou a prever que, entre 20 de agosto de 2015 e 31 de dezembro de 2015, tal delito (Art. 163, pargrafo nico, DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 35 inciso III, do Cdigo Penal) passaria a ter pena de 2 a 5 anos de detenço. Joo, em 20 de dezembro de 2015, destri dolosamente um bem de propriedade da Unio, razo pela qual foi denunciado, em 8 de janeiro de 2016, como incurso nas sançes do Art. 163, pargrafo nico, inciso III, do Cdigo Penal. Considerando a hiptese narrada, no momento do julgamento, em março de 2016, dever ser considerada, em caso de condenaço, a pena de A) 6 meses a 3 anos de detenço, pois a Constituiço preve ̂o princpio da retroatividade da lei penal mais benfica ao ru. B) 2 a 5 anos de detenço, pois a lei temporria tem ultratividade gravosa. C) 6 meses a 3 anos de detenço, pois aplica-se o princpio do tempus regit actum (tempo rege o ato). D) 2 a 5 anos de detenço, pois a lei excepcional tem ultratividade gravosa. 02.! (FGV - 2011 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - 2 - PRIMEIRA FASE (OUT/2011) Acerca da aplicao da lei penal no tempo e no espao, assinale a alternativa correta. A) Se um funcionrio pblico a servio do Brasil na Itlia praticar, naquele pas, crime de corrupo passiva (art. 317 do Cdigo Penal), ficar sujeito lei penal brasileira em face do princpio da extraterritorialidade. B) O ordenamento jurdico-penal brasileiro prev a combinao de leis sucessivas sempre que a fuso puder beneficiar o ru. C) Na ocorrncia de sucesso de leis penais no tempo, no ser possvel a aplicao da lei penal intermediria mesmo se ela configurar a lei mais favorvel. D) As leis penais temporrias e excepcionais so dotadas de ultra- atividade. Por tal motivo, so aplicveis a qualquer delito, desde que seus resultados tenham ocorrido durante sua vigncia. 03.! (FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME UNIFICADO) No ano de 2005, Pierre, jovem francs residente na Bulgria, atentou contra a vida do ento presidente do Brasil que, na ocasio, visitava o referido pas. Devidamente processado, segundo as leis locais, Pierre foi absolvido. Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta. A) No aplicvel a lei penal brasileira, pois como Pierre foi absolvido no estrangeiro, no ficou satisfeita uma das exigncias previstas hiptese de extraterritorialidade condicionada. DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 35 B) aplicvel a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hiptese de extraterritorialidade incondicionada, exigindo-se, apenas, que o fato no tenha sido alcanado por nenhuma causa extintiva de punibilidade no estrangeiro. C) aplicvel a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hiptese de extraterritorialidade incondicionada, sendo irrelevante o fato de ter sido o agente absolvido no estrangeiro. D) No aplicvel a lei penal brasileira, pois como o agente estrangeiro e a conduta foi praticada em territrio tambm estrangeiro, as exigncias relativas extraterritorialidade condicionada no foram satisfeitas. 04.! (FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII - PRIMEIRA FASE) Considere que determinado agente tenha em depsito, durante o perodo de um ano, 300 kg de cocana. Considere tambm que, durante o referido perodo, tenha entrado em vigor uma nova lei elevando a pena relativa ao crime de trfico de entorpecentes. Sobre o caso sugerido, levando em conta o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, assinale a afirmativa correta. a) Deve ser aplicada a lei mais benfica ao agente, qual seja, aquela que j estava em vigor quando o agente passou a ter a droga em depsito. b) Deve ser aplicada a lei mais severa, qual seja, aquela que passou a vigorar durante o perodo em que o agente ainda estava com a droga em depsito. c) As duas leis podem ser aplicadas, pois ao magistrado permitido fazer a combinao das leis sempre que essa atitude puder beneficiar o ru. d) O magistrado poder aplicar o critrio do caso concreto, perguntando ao ru qual lei ele pretende que lhe seja aplicada por ser, no seu caso, mais benfica 05.! (FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VII - PRIMEIRA FASE) John, cidado ingls, capito de uma embarcao particular de bandeira americana, assassinado por Jos, cidado brasileiro, dentro do aludido barco, que se encontrava atracado no Porto de Santos, no Estado de So Paulo. Nesse contexto, correto afirmar que a lei brasileira a) no aplicvel, uma vez que a embarcao americana, devendo Jos ser processado de acordo com a lei estadunidense. DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Ð Aula 01 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 35 b) aplicvel, uma vez que a embarcao estrangeira de propriedade privada estava atracada em territrio nacional. c) aplicvel, uma vez
Compartilhar