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Aula 2 Direito Penal Oab 1ª fase

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Aula 02
Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXIV Exame - Com videoaulas 
Professor: Renan Araujo
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
Teoria e exerc’cios comentados 
Prof. Renan Araujo Ð Aula 02 
 
	 	 	 	 	
	
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AULA 02: CRIME. CONCEITO. ELEMENTOS (PARTE I): 
FATO TêPICO; CLASSIFICA‚ÌO DOS CRIMES (DOLOSO, 
CULPOSO, CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSêVEL). 
ILICITUDE. 
SUMçRIO 
	
1. DO CRIME .................................................................................................... 3 
1.1. Fato t’pico e seus elementos .................................................................... 5 
1.1.1. Conduta .................................................................................................. 5 
1.1.2. Resultado natural’stico .............................................................................. 7 
1.1.3. Nexo de Causalidade ................................................................................. 8 
1.1.4. Tipicidade .............................................................................................. 14 
1.2. Crime doloso e crime culposo ................................................................. 19 
1.2.1. Crime doloso ......................................................................................... 19 
1.2.2. Crime culposo ........................................................................................ 21 
1.3. Crime consumado, tentado e imposs’vel ................................................ 25 
1.3.1. Tentativa .............................................................................................. 25 
1.3.2. Crime imposs’vel .................................................................................... 28 
1.3.3. Desistncia volunt‡ria e arrependimento eficaz ........................................... 30 
1.3.4. Arrependimento posterior ........................................................................ 31 
1.4. Ilicitude ................................................................................................. 37 
1.4.1. Estado de necessidade ............................................................................ 38 
1.4.2. Leg’tima defesa ...................................................................................... 40 
1.4.3. Estrito cumprimento do dever legal ........................................................... 43 
1.4.4. Exerc’cio regular de direito ...................................................................... 44 
1.4.5. Excesso pun’vel ...................................................................................... 44 
2. RESUMO .................................................................................................... 48 
3. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 55 
4. GABARITO ................................................................................................. 63 
	
 
Salve, galera! 
Na aula de hoje vamos adentrar ao estudo do crime, seu conceito 
e elementos, estudando os dois primeiros elementos do crime: 
Fato t’pico e ilicitude. 
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
Teoria e exerc’cios comentados 
Prof. Renan Araujo Ð Aula 02 
 
	 	 	 	 	
	
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AlŽm disso, vamos ver as modalidades de CRIME (Doloso, 
culposo, consumado, tentado e imposs’vel), conforme as mais variadas 
classifica›es. 
Trata-se de um tema MUITO cobrado pela FGV nas provas da OAB. 
Aproximadamente 15% das quest›es que a FGV j‡ cobrou no 
Exame de Ordem sa’ram desta aula! 
 
 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
Teoria e exerc’cios comentados 
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1.! DO CRIME 
 
O Crime Ž um fen™meno social, disso nenhum de vocs duvida. 
Entretanto, como conceituar o crime juridicamente? 
Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inœmeras 
posi›es a respeito. Vamos tratar das principais. 
O Crime pode ser entendido sob trs aspectos: Material, legal e 
anal’tico. 
Sob o aspecto material, crime Ž toda a‹o humana que lesa ou 
exp›e a perigo um bem jur’dico de terceiro, que, por sua 
relev‰ncia, merece a prote‹o penal. Esse aspecto valoriza o crime 
enquanto conteœdo, ou seja, busca identificar se a conduta Ž ou n‹o apta 
a produzir uma les‹o a um bem jur’dico penalmente tutelado. 
Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que Ž proibido chorar 
em pœblico, essa lei n‹o estar‡ criando uma hip—tese de crime em seu 
sentido material, pois essa conduta NUNCA SERç crime em sentido 
material, pois n‹o produz qualquer les‹o ou exposi‹o de les‹o a bem 
jur’dico de quem quer que seja. Assim, ainda que a lei diga que Ž crime, 
materialmente n‹o o ser‡. 
Sob o aspecto legal, ou formal, crime Ž toda infra‹o penal a 
que a lei comina pena de reclus‹o ou deten‹o, nos termos do art. 
1¡ da Lei de Introdu‹o ao CP.1 
Percebam que o conceito aqui Ž meramente legal. Se a lei cominar a 
uma conduta a pena de deten‹o ou reclus‹o, cumulada ou 
alternativamente com a pena de multa, estaremos diante de um crime. 
Por outro lado, se a lei cominar a apenas pris‹o simples ou multa, 
alternativa ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraven‹o 
penal. 
Esse aspecto consagra o SISTEMA DICOTïMICO adotado no Brasil, 
no qual existe um gnero, que Ž a infra‹o penal, e duas espŽcies, que 
s‹o o crime e a contraven‹o penal. Assim: 
 
 
 
																																																													
1 Art 1¼ Considera-se crime a infra‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten‹o, 
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraven‹o, a 
infra‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas. 
alternativa ou cumulativamente. 
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Teoria e exerc’cios comentados 
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Vejam que quando se diz Òinfra‹o penalÓ, est‡ se usando um termo 
genŽrico, que pode tanto se referir a um ÒcrimeÓ ou a uma Òcontraven‹o 
penalÓ. O termo ÒdelitoÓ, no Brasil, Ž sin™nimo de crime. 
O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto 
anal’tico, que o divide em partes, de forma a estruturar seu 
conceito. 
Primeiramente surgiu a teoria quadripartida do crime, que 
entendia que crime era todo fato t’pico, il’cito, culp‡vel e pun’vel. 
Hoje Ž praticamente inexistente. 
Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime, que 
entendiam que crime era o fato t’pico, il’cito e culp‡vel. Essa Ž a teoria 
que predomina no Brasil, embora haja muitos defensores da terceira 
teoria. 
A terceira e œltima teoria acerca do conceito anal’tico de crime 
entende que este Ž o fato t’pico e il’cito, sendo a culpabilidade mero 
pressuposto de aplica‹o da pena. Ou seja, para esta corrente, o 
conceito de crime Ž bipartido, bastando para sua caracteriza‹o que o 
fato seja t’pico e il’cito. 
As duas œltimas correntes possuem defensores e argumentos de 
peso. Entretanto, a que predomina ainda Ž a corrente tripartida. 
Portanto, na prova objetiva, recomendo que adotem esta, a menos que a 
banca seja muito expl’cita e vocs entenderem que eles claramente s‹o 
adeptos da teoria bipartida, o que acho pouco prov‡vel. 
Todos os trs aspectos(material, legal e anal’tico) est‹o 
presentes no nosso sistema jur’dico-penal. De fato, uma conduta 
pode ser materialmente crime (furtar, por exemplo), mas n‹o o ser‡ se 
n‹o houver previs‹o legal (n‹o ser‡ legalmente crime). Poder‡, ainda, ser 
formalmente crime (no caso da lei que citei, que criminalizava a conduta 
de chorar em pœblico), mas n‹o o ser‡ materialmente se n‹o trouxer 
les‹o ou ameaa a les‹o de algum bem jur’dico de terceiro. 
Desta forma: 
 
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Esse œltimo conceito de crime (sob o aspecto anal’tico), Ž o 
que vai nos fornecer os subs’dios para que possamos estudar os 
elementos do crime (Fato t’pico, ilicitude e culpabilidade). 
O fato t’pico Ž o primeiro dos elementos do crime, sendo a tipicidade 
um de seus pressupostos. Vamos estud‡-lo, ent‹o! 
 
1.1.! Fato t’pico e seus elementos 
O fato t’pico tambŽm se divide em elementos, s‹o eles: 
¥! Conduta humana (alguns entendem poss’vel a conduta 
de pessoa jur’dica) 
¥! Resultado natural’stico 
¥! Nexo de causalidade 
¥! Tipicidade 
 
1.1.1.! Conduta 
Trs s‹o as principais que teorias buscam explicar a conduta: Teoria 
causal-natural’stica (ou cl‡ssica), finalista e social. 
Para a teoria causal-natural’stica, conduta Ž a a‹o humana. 
Assim, basta que haja movimento corporal para que exista conduta. Esta 
teoria est‡ praticamente abandonada, pois entende que n‹o h‡ 
necessidade de se analisar o conteœdo da vontade do agente nesse 
momento, guardando esta an‡lise (dolo ou culpa) para quando do estudo 
da culpabilidade.2 
																																																													
2 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 287/288 
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Para a teoria finalista, de HANS WELZEL, a conduta humana Ž a 
a‹o volunt‡ria dirigida a uma determinada finalidade. Assim: 
Conduta = vontade + a‹o 
 
Logo, retirando-se um dos elementos da conduta, esta n‹o 
existir‡, o que acarreta a inexistncia de fato t’pico. 
EXEMPLO: Jo‹o olha para Roberto e o agride, por livre espont‰nea 
vontade. Estamos diante de uma conduta (quis agir e agrediu) dolosa 
(quis o resultado). 
Agora, se Jo‹o dirige seu carro, v Roberto e sem querer, o atinge, 
estamos diante de uma conduta (quis dirigir e acabou ferindo) culposa 
(n‹o quis o resultado). 
 
Vejam que a ÒvontadeÓ a que me referi como elemento da conduta Ž 
uma vontade de meramente praticar o ato que ensejou o crime, ainda 
que o resultado que se pretendesse n‹o fosse il’cito. Quando a vontade 
(elemento da conduta) Ž dirigida ao fim criminoso, o crime Ž 
doloso. Quando a vontade Ž dirigida a outro fim (que atŽ pode ser 
criminoso, mas n‹o aquele) o crime Ž culposo. PorŽm, por enquanto 
vamos ficar apenas na ÒvontadeÓ (desculpem o trocadilho) e estudar 
somente os elementos do fato t’pico. 
ESTA ƒ A TEORIA ADOTADA PELO NOSSO CîDIGO PENAL. 
Vejamos os termos do art. 20 do CP3: 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o 
dolo, mas permite a puni‹o por crime culposo, se previsto em lei. 
 
Ora, se a lei prev que o erro sobre um elemento do tipo 
exclui o dolo, Ž porque entende que o dolo est‡ no tipo (fato 
t’pico), n‹o na culpabilidade. Assim, a conduta Ž, necessariamente, 
volunt‡ria. 
A grande evolu‹o da teoria finalista, portanto, foi conceber a 
conduta como um Òacontecimento finalÓ4, ou seja, somente h‡ conduta 
quando o agir de alguŽm Ž dirigido a alguma finalidade (seja ela l’cita ou 
n‹o). 
Para terceira teoria, a teoria social, a conduta Ž a a‹o humana, 
volunt‡ria e que Ž dotada de alguma relev‰ncia social.5 
																																																													
3 DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos 
Tribunais, 2012, p. 397 
4 DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos 
Tribunais, 2012, p. 396 
5 DOTTI, RenŽ Ariel. Op. cit. p. 397 
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H‡ cr’ticas a esta teoria, pois a relev‰ncia social n‹o seria um 
elemento estruturante da conduta, mas uma qualidade que esta poderia 
ou n‹o possuir. Assim, a conduta que n‹o fosse socialmente relevante 
continuaria sendo conduta.6 
A conduta humana pode ser uma a‹o ou uma omiss‹o. A 
quest‹o Ž: Qual Ž o resultado natural’stico que advŽm de uma 
omiss‹o? Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada surge. Assim, 
aquele que se omite na presta‹o de socorro a alguŽm, pode estar 
cometendo o crime de omiss‹o de socorro, art. 135 do C—digo Penal (que 
Ž um crime formal, pois a morte daquele a quem n‹o se prestou socorro Ž 
irrelevante), n‹o porque causou a morte de alguŽm (atŽ porque este 
resultado Ž irrelevante e n‹o fora diretamente provocado pelo agente), 
mas porque descumpriu um comando legal. 
Entretanto, o art. 13, ¤ 2¡ do CP diz o seguinte: 
¤ 2¼ - A omiss‹o Ž penalmente relevante quando o omitente devia e podia 
agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obriga‹o de cuidado, prote‹o ou vigil‰ncia; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrncia do resultado. 
 
Esse artigo estabelece o crime omissivo impr—prio. Nesses crimes, 
quando o agente se omite na presta‹o do socorro ele n‹o responde por 
omiss‹o de socorro (art. 135 do CP), mas responde pelo resultado 
ocorrido (por exemplo, a morte da pessoa a quem ele deveria proteger). 
EXEMPLO: O Pai leva o filho de 04 anos ˆ praia e o deixa brincando ˆ 
beira da ‡gua e sai para beber cerveja com os amigos. Quando retorna, 
v que seu filho fora levado ao mar por um maluco que pretendia mata-
lo, tendo a criana morrido. Nesse caso o Pai n‹o responde por omiss‹o 
de socorro, mas por homic’dio doloso consumado, pois tem a obriga‹o 
legal de cuidar do filho. 
 
Mas como se pode dizer que a conduta do pai matou o filho? 
Tecnicamente falando, a conduta do pai n‹o gerou a morte do filho. O que 
gerou a morte do filho foi o afogamento. Entretanto, pela teoria 
natural’stico-normativa, a ele Ž imputado o resultado, em raz‹o do seu 
descumprimento do dever de vigil‰ncia. 
 
1.1.2.! Resultado natural’stico 
O resultado natural’stico Ž a modifica‹o do mundo real 
provocada pela conduta do agente.7 
																																																													
6 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 246/247 
7 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 354 
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Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se exige um 
resultado natural’stico. Nos crimes formais e de mera conduta n‹o h‡ 
essa exigncia. 
Os crimes formais s‹o aqueles nos quais o resultado 
natural’stico pode ocorrer, mas a sua ocorrncia Ž irrelevante para 
o Direito Penal. J‡ os crimes de mera conduta s‹o crimes em que 
n‹o h‡ um resultado natural’stico poss’vel. Vou dar um exemplo de 
cada um dos trs: 
¥! Crime material Ð Homic’dio. Para que o homic’dio seja consumado, 
Ž necess‡rio que a v’timavenha a —bito. Caso isso n‹o ocorra, 
estaremos diante de um homic’dio tentado (ou les›es corporais 
culposas); 
¥! Crime formal Ð Extors‹o (art. 158 do CP). Para que o crime de 
extors‹o se consume n‹o Ž necess‡rio que o agente obtenha a 
vantagem il’cita, bastando o constrangimento ˆ v’tima; 
¥! Crime de mera conduta Ð Invas‹o de domic’lio. Nesse caso, a 
mera presena do agente, indevidamente, no domic’lio da v’tima 
caracteriza o crime. N‹o h‡ um resultado previsto para esse crime. 
Qualquer outra conduta praticada a partir da’ configura crime 
aut™nomo (furto, roubo, homic’dio, etc.). 
 
AlŽm do resultado natural’stico (que nem sempre estar‡ 
presente), h‡ tambŽm o resultado jur’dico (ou normativo), que Ž a 
les‹o ao bem jur’dico tutelado pela norma penal. Esse resultado 
sempre estar‡ presente! Cuidado com isso! Assim, se a banca 
perguntar: ÒH‡ crime sem resultado jur’dico?Ó A resposta Ž NÌO!8 
 
1.1.3.! Nexo de Causalidade 
Nos termos do art. 13 do CP: 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existncia do crime, somente Ž 
imput‡vel a quem lhe deu causa. Considera-se causa a a‹o ou omiss‹o 
sem a qual o resultado n‹o teria ocorrido. 
 
Assim, o nexo de causalidade pode ser entendido como o v’nculo 
que une a conduta do agente ao resultado natural’stico ocorrido no 
mundo exterior. Portanto, s— se aplica aos crimes materiais! 
Algumas teorias existem acerca do nexo de causalidade: 
																																																													
8 Pelo princ’pio da ofensividade, n‹o Ž poss’vel haver crime sem resultado jur’dico. BITENCOURT, 
Cezar Roberto. Op. cit., p. 354 
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¥!TEORIA DA EQUIVALæNCIA DOS ANTECEDENTES (OU DA 
CONDITIO SINE QUA NON) Ð Para esta teoria, Ž considerada causa do 
crime toda conduta sem a qual o resultado n‹o teria ocorrido. Assim, para 
se saber se uma conduta Ž ou n‹o causa do crime, devemos retir‡-la do 
curso dos acontecimentos e ver se, ainda assim, o crime ocorreria 
(Processo hipotŽtico de elimina‹o de ThyrŽn). EXEMPLO: Marcelo 
acorda de manh‹, toma cafŽ, compra uma arma e encontra Jœlio, seu 
desafeto, disparando trs tiros contra ele, causando-lhe a morte. 
Retirando-se do curso o cafŽ tomado por Marcelo, conclu’mos que o 
resultado teria ocorrido do mesmo jeito. Entretanto, se retirarmos a 
compra da arma do curso do processo, o crime n‹o teria ocorrido. 
O inconveniente claro desta teoria Ž que ela permite que se 
coloquem como causa situa›es absurdas, como a venda da arma ou atŽ 
mesmo o nascimento do agente, j‡ que se os pais n‹o tivessem colocado 
a criana no mundo, o crime n‹o teria acontecido. Isso Ž um absurdo! 
Assim, para solucionar o problema, criou-se outro filtro que Ž o 
dolo. Logo, s— ser‡ considerada causa a conduta que Ž 
indispens‡vel ao resultado e que foi querida pelo agente. Assim, no 
exemplo anterior, o vendedor da arma n‹o seria responsabilizado, pois 
nada mais fez que vender seu produto, n‹o tendo a inten‹o (nem sequer 
imaginou) de ver a morte de Jœlio. 
Nesse sentido: 
CAUSA = conduta indispens‡vel ao resultado + que tenha 
sido prevista e querida por quem a praticou 
 
Podemos dizer, ent‹o, que a causalidade aqui n‹o Ž meramente 
f’sica, mas tambŽm, psicol—gica. 
Essa foi a teoria adotada pelo C—digo Penal, como regra. 
 
¥!TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA Ð Trata-se de teoria 
tambŽm adotada pelo C—digo Penal, porŽm, somente em uma hip—tese 
muito espec’fica. Trata-se da hip—tese de concausa superveniente 
relativamente independente que, por si s—, produz o resultado9. 
Como assim? Vamos explicar desde o comeo! 
As concausas s‹o circunst‰ncias que atuam paralelamente ˆ 
conduta do agente em rela‹o ao resultado. As concausas podem 
ser: absolutamente independentes e relativamente independentes. 
As concausas absolutamente independentes s‹o aquelas que 
n‹o se juntam ˆ conduta do agente para produzir o resultado, e 
podem ser preexistentes (existiam antes da conduta), concomitantes 
																																																													
9 CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi‹o. Ed. Juspodivm. 
Salvador, 2015, p. 232/233 
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
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(surgiram durante a conduta) e supervenientes (surgiram ap—s a 
conduta). Exemplos: 
EXEMPLO (1) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca veneno em seu 
drink. PorŽm, Pedro n‹o sabe que Marcelo tambŽm queria matar Jo‹o 
e minutos antes tambŽm havia colocado veneno no drink de Jo‹o, que 
vem a morrer em raz‹o do veneno colocado por Marcelo. Nesse caso, 
a concausa preexistente (conduta de Marcelo) produziu por si s— o 
resultado (morte). Nesse caso, Pedro responder‡ somente por 
tentativa de homic’dio. 
__________________________________________________ 
EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e comea a disparar contra 
ele projŽteis de arma de fogo. Entretanto, durante a execu‹o, o teto 
da casa de Jo‹o desaba sobre ele, vindo a causar-lhe a morte. Aqui, a 
causa concomitante (queda do teto) produziu isoladamente o resultado 
(morte). Portanto, Pedro responde somente por homic’dio tentado. 
__________________________________________________ 
EXEMPLO (3) Pedro resolve matar Jo‹o, desta vez, ministrando em 
sua bebida certa dose de veneno. Entretanto, antes que o veneno faa 
efeito, Marcelo aparece e dispara 10 tiros de pistola contra Jo‹o, o 
mantando. Nesse caso, Pedro responder‡ somente por homic’dio 
tentado. 
__________________________________________________ 
Em todos estes casos o agente NÌO responde pelo resultado 
ocorrido. Por qual motivo? Sua conduta NÌO FOI a causa da 
morte (aplica-se a pr—pria e j‡ falada teoria da equivalncia dos 
antecedentes). Se suprimirmos a conduta de cada um destes agentes 
(nos trs exemplos), o resultado morte ainda assim teria ocorrido da 
mesma forma. Logo, a conduta dos agentes NÌO Ž considerada 
causa. 
 
Entretanto, pode ocorrer de a concausa n‹o produzir por si s— o 
resultado (absolutamente independente), afastando o nexo entre a 
conduta do agente e o resultado, mas unir-se ˆ conduta do agente e, 
juntas, produzirem o resultado. Essas s‹o as chamadas concausas 
relativamente independentes, que tambŽm podem ser 
preexistentes, concomitantes ou supervenientes. 
Mais uma vez, vou dar um exemplo de cada uma das trs e explicar 
quais os efeitos jur’dico-penais em rela‹o ao agente. Primeiro comearei 
pelas preexistentes e concomitantes. Ap—s, falarei especificamente sobre 
as supervenientes. 
EXEMPLO (1) Caio decide matar Maria, desferindo contra ela golpes de 
fac‹o, causando-lhe a morte. Entretanto, Caio n‹o sabia que Maria era 
hemof’lica, tendo a doena contribu’do em grande parte para seu 
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
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—bito. Nesse caso, embora a doena (concausa preexistente) tenha 
contribu’do para o —bito, Caio responde por homic’dio consumado. 
Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a 
pr—pria e j‡ falada teoria da equivalncia dos antecedentes). Se 
suprimirmos a conduta de Caio, o resultado teria ocorrido? N‹o. Caio 
teve a inten‹o de produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo 
resultado (homic’dio consumado). 
___________________________________________________ 
EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca em seu drinkdeterminada dose de veneno. Ao mesmo tempo, Ricardo faz a mesma 
coisa. Pedro e Ricardo querem a mesa coisa, mas n‹o se conhecem 
nem sabem da conduta um do outro. Jo‹o ingere a bebida e acaba 
falecendo. A per’cia comprova que qualquer das doses de veneno, 
isoladamente, n‹o seria capaz de produzir o resultado. PorŽm, a soma 
de esforos de ambas (a soma das quantidades de veneno) produziu o 
resultado. Assim, Pedro responde por homic’dio consumado. 
Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a 
pr—pria e j‡ falada teoria da equivalncia dos antecedentes). Se 
suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro 
teve a inten‹o de produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo 
resultado (homic’dio consumado). 
 
AtŽ aqui n—s conseguimos resolver todos os casos pela teoria da 
equivalncia dos antecedentes, da seguinte forma: 
¥! Nas concausas absolutamente independentes Ð Em todos 
os casos a conduta do agente n‹o contribuiu para o 
resultado. Logo, pelo ju’zo hip—tese de elimina‹o, a conduta 
do agente n‹o foi causa. Portanto, n‹o responde pelo 
resultado. 
¥! Nas concausas relativamente independentes 
(Preexistentes e concomitantes) Ð Em todos os casos a 
conduta do agente contribuiu para o resultado. Logo, pelo 
ju’zo hip—tese de elimina‹o, a conduta do agente foi causa. 
Portanto, responde pelo resultado. 
 
Agora Ž que a coisa complica um pouco. 
No caso das concausas supervenientes relativamente 
independentes, podem acontecer duas coisas: 
§! A causa superveniente produz por si s— o resultado 
§! A causa superveniente se agrega ao desdobramento natural da 
conduta do agente e ajuda a produzir o resultado. 
 
¥! EXEMPLO (1) - Pedro resolve matar Jo‹o (insistente esse cara!), 
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e dispara 25 tiros contra ele, usando seu Fuzil Autom‡tico Ligeiro-
Fal, CALIBRE 7.62 (agora vai!). Pedro fica estirado no ch‹o, Ž 
socorrido por uma ambul‰ncia e, no caminho para o Hospital, 
sofre um acidente de carro (a ambul‰ncia bate de frente com uma 
carreta) e vem a morrer em raz‹o do acidente, n‹o dos 
ferimentos causados por Pedro. 
¥! Nesse caso, Pedro responde apenas por tentativa de 
homic’dio. 
¥! Por qual motivo? Sua conduta n‹o foi a causa da morte. 
Mas, se suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria 
ocorrido? N‹o. Pedro teve a inten‹o de produzir o resultado? 
Sim. 
¥! Ent‹o por que n‹o responde pelo resultado?? 
¥! Aqui o CP adotou a teoria da causalidade adequada. A causa 
superveniente (acidente de tr‰nsito) produziu por si s— o 
resultado, j‡ que o acidente de ambul‰ncia n‹o Ž o 
desdobramento natural de um disparo de arma de fogo (esse 
resultado n‹o Ž consequncia natural e previs’vel da conduta do 
agente10). 
¥! Perceba que a concausa superveniente (acidente de carro), 
apesar de produzir sozinha o resultado, n‹o Ž 
absolutamente independente, pois se n‹o fosse a conduta de 
Pedro, o acidente n‹o teria ocorrido (j‡ que a v’tima n‹o estaria 
na ambul‰ncia). 
¥! Por isso dizemos que, aqui, temos: 
§! Concausa superveniente relativamente independente Ð A 
conduta de Pedro Ž relevante para o resultado. 
§! Que por si s— produziu o resultado Ð Apesar disso, a conduta 
de Pedro foi relevante apenas por CRIAR A SITUA‚ÌO, mas n‹o 
foi a respons‡vel efetiva pela morte. 
 
¥! EXEMPLO (2) - No mesmo exemplo anterior, Jo‹o Ž socorrido e 
chegando ao Hospital, Ž submetido a uma cirurgia. Durante a 
cirurgia, o ferimento infecciona e Jo‹o morre por infec‹o. Nesse 
caso, a causa superveniente (infec‹o hospitalar) n‹o 
produziu por si s— o resultado, tendo se agregado aos 
ferimentos para causar a morte de Jo‹o. Nesse caso, Pedro 
responde por homic’dio consumado. 
 
																																																													
10 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edi‹o. 
S‹o Paulo, 2015, p. 324/325 
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Mas qual a diferena entre o exemplo (1) e o exemplo (2)? A 
diferena b‡sica reside no fato de que: 
§! No exemplo (1) Ð A conduta do agente Ž relevante em 
apenas um momento: por criar a situa‹o (necessidade de ser 
transportado pela ambul‰ncia). 
§! No exemplo (2) - A conduta do agente Ž relevante em dois 
momentos: (a) cria a situa‹o, ao fazer com que a v’tima 
tenha que ser operada; (b) contribui para o pr—prio resultado 
(j‡ que a infec‹o do ferimento n‹o Ž um novo nexo causal). 
 
Segue abaixo um esquema para melhor compreens‹o: 
 
 
 
 
¥! TEORIA DA IMPUTA‚ÌO OBJETIVA Ð A teoria da imputa‹o 
objetiva, que foi melhor desenvolvida por Roxin11, tem por finalidade 
ser uma teoria mais completa em rela‹o ao nexo de causalidade, em 
contraposi‹o ˆs "vigentes" teoria da equivalncia das condi›es e 
teoria da causalidade adequada. 
Para a teoria da imputa‹o objetiva, a imputa‹o s— poderia ocorrer 
quando o agente tivesse dado causa ao fato (causalidade f’sica) mas, 
ao mesmo tempo, houvesse uma rela‹o de causalidade NORMATIVA, 
assim compreendida como a cria‹o de um risco n‹o permitido para o 
bem jur’dico que se pretende tutelar. Para esta teoria, a conduta deve: 
																																																													
11 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 362/411 
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a)!Criar ou aumentar um risco Ð Assim, se a conduta do agente n‹o 
aumentou nem criou um risco, n‹o h‡ crime12. Exemplo cl‡ssico: JosŽ 
conversa com Paulo na calada. Pedro, inimigo de Paulo, atira um 
vaso de planta do 10¼ andar, com a finalidade de matar Paulo. JosŽ v 
que o vaso ir‡ cair sobre a cabea de Paulo e o empurra. Paulo cai no 
ch‹o e fratura levemente o brao. Neste caso, JosŽ deu causa 
(causalidade f’sica) ˆs les›es corporais sofridas por Paulo. Contudo, 
sua conduta n‹o criou nem aumentou um risco. Ao contr‡rio, JosŽ 
diminuiu um risco, ao evitar a morte de Paulo. 
b)!Risco deve ser proibido pelo Direito Ð Aquele que cria um risco de 
les‹o para alguŽm, em tese n‹o comete crime, a menos que esse 
risco seja proibido pelo Direito. Assim, o filho que manda os pais em 
viagem para a Europa, na inten‹o de que o avi‹o caia, os pais 
morram, e ele receba a herana, n‹o comete crime, pois o risco por 
ele criado n‹o Ž proibido pelo Direito. 
c)! Risco deve ser criado no resultado Ð Assim, um crime n‹o pode ser 
imputado ˆquele que n‹o criou o risco para aquela ocorrncia. Explico: 
Imaginem que JosŽ ateia fogo na casa de Maria. JosŽ causou um risco, 
n‹o permitido pelo Direito. Deve responder pelo crime de incndio 
doloso, art. 250 do CP. Entretanto, Maria invade a casa em chamas 
para resgatar a œnica foto que restou de seu filho falecido, sendo 
lambida pelo fogo, vindo a falecer. Nesse caso, JosŽ n‹o responde 
pelo crime de homic’dio, pois o risco por ele criado n‹o se insere 
nesse resultado, que foi provocado pela conduta exclusiva de Maria. 
 
1.1.4.! Tipicidade 
A tipicidade nada mais Ž que a adequa‹o da conduta do agente 
a uma previs‹o t’pica (norma penal que prev o fato e lhe descreve 
como crime). Assim, o tipo do art. 121 Ž: Òmatar alguŽmÓ. Portanto, 
quando Marcio esfaqueia Luiz e o mata, est‡ cometendo fato t’pico, pois 
est‡ praticando uma condutaque encontra previs‹o como tipo penal. 
N‹o h‡ muito o que se falar acerca da tipicidade. Basta que o 
intŽrprete proceda ao cotejo entre a conduta praticada no caso 
concreto e a conduta prevista na Lei Penal. Se a conduta praticada 
se amoldar ˆquela prevista na Lei Penal, o fato ser‡ t’pico, por estar 
presente o elemento ÒtipicidadeÓ. 
CUIDADO! Nem sempre a conduta praticada pelo agente 
se amolda perfeitamente ao tipo penal (adequa‹o imediata). Ës vezes 
Ž necess‡rio que se proceda ˆ an‡lise de outro dispositivo da Lei 
Penal para se chegar ˆ conclus‹o de que um fato Ž t’pico 
(adequa‹o mediata). Por exemplo: Imaginem que Abreu (El Loco) 
																																																													
12 ROXIN, Claus. Op. cit., p. 365 
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dispara contra Adriano (El Imperador), que n‹o morre. Nesse caso, como 
dizer que Abreu praticou fato t’pico (homic’dio tentado), se o art. 
121 diz ÒmatarÓ alguŽm, o que n‹o ocorreu? Nessa hip—tese, 
conjuga-se o art. 121 do CP com seu art. 14, II, que diz ser o crime 
pun’vel na modalidade tentada. Isso tambŽm se aplica aos crimes 
omissivos impr—prios (art. 13, ¤ 2¡ do CP). 
 
(FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) 
JosŽ conversava com Ant™nio em frente a um prŽdio. Durante a 
conversa, JosŽ percebe que Jo‹o, do alto do edif’cio, jogara um 
vaso mirando a cabea de seu interlocutor. Assustado, e com o fim 
de evitar a poss’vel morte de Ant™nio, JosŽ o empurra com fora. 
Ant™nio cai e, na queda, fratura o brao. Do alto do prŽdio, Jo‹o 
v a cena e fica irritado ao perceber que, pela atua‹o r‡pida de 
JosŽ, n‹o conseguira acertar o vaso na cabea de Ant™nio. 
Com base no caso apresentado, segundo os estudos acerca da 
teoria da imputa‹o objetiva, assinale a afirmativa correta. 
A) JosŽ praticou les‹o corporal culposa. 
B) JosŽ praticou les‹o corporal dolosa. 
C) O resultado n‹o pode ser imputado a JosŽ, ainda que entre a 
les‹o e sua conduta exista nexo de causalidade. 
D) O resultado pode ser imputado a JosŽ, que agiu com excesso e 
sem a observ‰ncia de devido cuidado. 
COMENTçRIOS: A quest‹o retrata o exemplo mais cl‡ssico sobre a 
Teoria da Imputa‹o Objetiva. Embora JosŽ tenha empurrado Jo‹o, e esta 
conduta tenha sido a causa das les›es sofridas por Jo‹o em seu brao, 
certo Ž que JosŽ n‹o agiu com dolo de ferir Jo‹o, tendo agido assim para 
evitar a ocorrncia de um evento ainda mais danoso para este, qual seja, 
a sua eventual morte em raz‹o do impacto que seria provocado pelo vaso 
jogado do alto do prŽdio por Ant™nio. 
Assim, como JosŽ evitou a ocorrncia de um resultado lesivo ainda maior, 
tendo sido movido por essa inten‹o, pela Teoria da Imputa‹o Objetiva, 
n‹o pode responder pelo delito de les›es corporais. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C. 
 
(FGV Ð 2014 Ð OAB Ð EXAME DE ORDEM) 
Isadora, m‹e da adolescente Larissa, de 12 anos de idade, saiu 
um pouco mais cedo do trabalho e, ao chegar ˆ sua casa, da janela 
da sala, v seu companheiro, Frederico, mantendo rela›es 
sexuais com sua filha no sof‡. Chocada com a cena, n‹o teve 
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qualquer rea‹o. N‹o tendo sido vista por ambos, Isadora decidiu, 
a partir de ent‹o, chegar ˆ sua residncia naquele mesmo hor‡rio 
e verificou que o fato se repetia por semanas. Isadora tinha 
efetiva cincia dos abusos perpetrados por Frederico, porŽm, 
muito apaixonada por ele, nada fez. Assim, Isadora, sabendo dos 
abusos cometidos por seu companheiro contra sua filha, deixa de 
agir para impedi-los. 
Nesse caso, Ž correto afirmar que o crime cometido por Isadora Ž 
a) omissivo impr—prio. 
b) omissivo pr—prio. 
c) comissivo. 
d) omissivo por comiss‹o. 
COMENTçRIOS: No caso em tela, Frederico est‡ praticando o delito de 
estupro de vulner‡vel, previsto no art. 217-A do CP. A m‹e da v’tima, 
Isadora, n‹o est‡ cometendo omiss‹o de socorro, pois ela tem O DEVER 
LEGAL de evitar o resultado, j‡ que a v’tima Ž sua filha (tendo o dever de 
prote‹o, cuidado e vigil‰ncia). Assim, Isadora responder‡ pelo mesmo 
delito praticado por Frederico (e que ela deveria evitar), ou seja, estupro 
de vulner‡vel. 
Tal imputa‹o se d‡ por fora da causalidade NORMATIVA imposta ˆ 
conduta de Isadora (j‡ que do ponto de vista ÒnaturalÓ ela n‹o praticou 
qualquer ato relativo ao estupro). 
Temos, aqui, o que se chama de crime COMISSIVO POR OMISSÌO, ou 
OMISSIVO IMPRîPRIO, nos termos do art. 13, ¤2¼ do CP. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A. 
 
(FGV Ð X EXAME UNIFICADO DA OAB) 
Jo‹o, com inten‹o de matar, efetua v‡rios disparos de arma de 
fogo contra Ant™nio, seu desafeto. Ferido, Ant™nio Ž internado em 
um hospital, no qual vem a falecer, n‹o em raz‹o dos ferimentos, 
mas queimado em um incndio que destr—i a enfermaria em que 
se encontrava. 
Assinale a alternativa que indica o crime pelo qual Jo‹o ser‡ 
responsabilizado. 
A) Homic’dio consumado. 
B) Homic’dio tentado. 
C) Les‹o corporal. 
D) Les‹o corporal seguida de morte. 
COMENTçRIOS: No caso em tela a morte de Ant™nio se deu em raz‹o de 
concausa superveniente RELATIVAMENTE INDEPENDENTE (j‡ que sem a 
conduta de Jo‹o, Ant™nio n‹o estaria l‡), mas que produziu, por si s—, o 
resultado (que n‹o decorreu das les›es praticadas por Jo‹o). 
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Assim, neste caso, nos termos do art. 13, ¤1¼ do CP, Jo‹o responder‡ 
apenas pelos atos praticados, n‹o sendo imput‡vel a ele o resultado. 
Desta forma, responder‡ apenas pela tentativa de homic’dio. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B. 
 
(FGV Ð IX EXAME UNIFICADO DA OAB) 
JosŽ subtrai o carro de um jovem que lhe era totalmente 
desconhecido, chamado Jo‹o. Tal subtra‹o deu-se mediante o 
emprego de grave ameaa exercida pela utiliza‹o de arma de 
fogo. Jo‹o, entretanto, rapaz jovem e de boa saœde, sem qualquer 
hist—rico de doena cardiovascular, assusta-se de tal forma com a 
arma, que vem a —bito em virtude de ataque card’aco. 
Com base no cen‡rio acima, assinale a afirmativa correta. 
A) JosŽ responde por latroc’nio. 
B) JosŽ n‹o responde pela morte de Jo‹o. 
C) JosŽ responde em concurso material pelos crimes de roubo e 
de homic’dio culposo. 
D) JosŽ praticou crime preterdoloso. 
COMENTçRIOS: No caso em tela, JosŽ praticou o delito de roubo 
qualificado pelo emprego de arma de fogo, nos termos do art. 157, ¤2¼, I 
do CP. Contudo, a morte de Jo‹o n‹o pode ser imputada a JosŽ, uma vez 
que a ocorrncia do resultado n‹o entrou na esfera de previsibilidade do 
agente, que n‹o podia prever que mataria alguŽm pelo susto. Assim, JosŽ 
responde apenas pela conduta praticada, e n‹o pelo resultado que n‹o 
pretendeu produzir. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B. 
 
(FGV Ð 2014 Ð OAB Ð XIV EXAME DE ORDEM) 
Wallace, hemof’lico, foi atingido por um golpe de faca em uma 
regi‹o n‹o letal do corpo. Jœlio, autor da facada, que n‹o tinha 
dolo de matar, mas sabia da condi‹o de saœde espec’fica de 
Wallace, sai da cena do crime sem desferir outros golpes, estando 
Wallace ainda vivo. No entanto, algumas horas depois, Wallace 
morre, pois, apesar de a les‹o ser em local n‹o letal, sua condi‹o 
fisiol—gica agravou o seu estado de saœde. 
Acerca do estudo da rela‹o de causalidade,assinale a op‹o 
correta. 
A) O fato de Wallace ser hemof’lico Ž uma causa relativamente 
independente preexistente, e Jœlio n‹o deve responder por 
homic’dio culposo, mas, sim, por les‹o corporal seguida de morte. 
B) O fato de Wallace ser hemof’lico Ž uma causa absolutamente 
independente preexistente, e Jœlio n‹o deve responder por 
homic’dio culposo, mas, sim, por les‹o corporal seguida de morte. 
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C) O fato de Wallace ser hemof’lico Ž uma causa absolutamente 
independente concomitante, e Jœlio deve responder por homic’dio 
culposo. 
D) O fato de Wallace ser hemof’lico Ž uma causa relativamente 
independente concomitante, e Jœlio n‹o deve responder pela les‹o 
corporal seguida de morte, mas, sim, por homic’dio culposo. 
COMENTçRIOS: Em rela‹o ao caso, o fato de Wallace ser hemof’lico Ž 
uma causa relativamente independente preexistente, e Jœlio n‹o deve 
responder por homic’dio culposo, mas, sim, por les‹o corporal seguida de 
morte. Isso porque a hemofilia n‹o produziu sozinha o resultado, mas 
agregou-se ˆ conduta de Jœlio (relativamente independente). 
Jœlio, porŽm, n‹o responder‡ por homic’dio doloso, pois n‹o teve inten‹o 
de matar. O resultado morte, porŽm, ser‡ a ele imput‡vel, pois decorreu 
da conjuga‹o de dois fatores: hemofilia e conduta de Jœlio. 
Jœlio responder‡, portanto, por les‹o corporal seguida de morte. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A. 
 
(FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XII EXAME DE ORDEM) 
Odete Ž diretora de um orfanato municipal, respons‡vel por 
oitenta meninas em idade de dois a onze anos. Certo dia Odete v 
Elisabeth, uma das recreadoras contratada pela Prefeitura para 
trabalhar na institui‹o, praticar ato libidinoso com Poliana, 
criana de 9 anos, que ali estava abrigada. Mesmo enojada pela 
situa‹o que presenciava, Odete achou melhor n‹o intervir, 
porque n‹o desejava criar qualquer problema para si. Nesse caso, 
tendo como base apenas as informa›es descritas, assinale a 
op‹o correta. 
A) Odete n‹o pode ser responsabilizada penalmente, embora 
possa s-lo no ‰mbito c’vel e administrativo. 
B) Odete pode ser responsabilizada pelo crime descrito no Art. 
244-A, do Estatuto da Criana e do Adolescente, verbis: 
ÒSubmeter criana ou adolescente, como tais definidos no caput 
do art. 2o desta Lei, ˆ prostitui‹o ou ˆ explora‹o sexualÓ. 
C) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de estupro de 
vulner‡vel, previsto no Art. 217-A do CP, verbis: ÒTer conjun‹o 
carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) 
anosÓ. 
D) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de omiss‹o de 
socorro, previsto no Art. 135, do CP, verbis: ÒDeixar de prestar 
assistncia, quando poss’vel faz-lo sem risco pessoal, ˆ criana 
abandonada ou extraviada, ou ˆ pessoa inv‡lida ou ferida, ao 
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou n‹o pedir, nesses 
casos, o socorro da autoridade pœblicaÓ. 
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COMENTçRIOS: Neste caso, Odete Ž a respons‡vel pelas crianas, de 
forma que tem o DEVER de evitar a ocorrncia do resultado. Assim, como 
Odete se OMITIU quando tinha o DEVER de evitar o resultado, deve por 
ele responder, na forma do art. 13, ¤2¼ do CP. 
Odete, portanto, responder‡ pelo crime praticado pela recreadora 
(estupro de vulner‡vel, art. 217-A do CP). Odete n‹o deu causa ao 
resultado, mas deveria ter agido para impedi-lo (era sua obriga‹o), 
motivo pelo qual responder‡ pelo delito. Trata-se de crime omissivo 
impr—prio. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C. 
 
1.2.! Crime doloso e crime culposo 
O dolo e a culpa s‹o o que se pode chamar de elementos 
subjetivos do tipo penal. 
Com o finalismo de HANS WELZEL, o dolo e a culpa 
(elementos subjetivos) foram transportados da culpabilidade para 
o fato t’pico13 (conduta). Assim, a conduta (no finalismo) n‹o Ž mais 
apenas objetiva, sin™nimo de a‹o humana, mas sim a a‹o humana 
dirigida a um fim (il’cito ou n‹o). 
Vamos estudar cada um destes elementos separadamente. 
 
1.2.1.! Crime doloso 
O dolo Ž o elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade, livre 
e consciente, de praticar o crime (dolo direto), ou a assun‹o do risco 
produzido pela conduta (dolo eventual). Nos termos do art. 18 do CP: 
Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984) 
Crime doloso(Incluído	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984) 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-
lo;(Incluído	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984) 
 
O dolo direto, que Ž o elemento subjetivo cl‡ssico do crime, Ž 
composto pela conscincia de que a conduta pode lesar um bem jur’dico 
mais a vontade de lesar este bem jur’dico. Esses dois elementos 
(conscincia + vontade) formam o que se chama de dolo natural. 
Antigamente, quando o dolo pertencia ˆ culpabilidade, a 
esses dois elementos era acrescido mais um elemento, que era a 
conscincia da ilicitude. Esse era o chamado dolo normativo. 
Atualmente, com a transposi‹o do dolo e da culpa para o fato t’pico, os 
elementos normativos ficaram na culpabilidade e a conscincia da ilicitude 
tambŽm, passando, ainda a ser meramente potencial. 
																																																													
13 BITENCOURT, Op. cit., p. 290/291 
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Desta maneira, podemos dizer que no finalismo o dolo Ž 
natural e no causalismo o dolo Ž normativo. 
O dolo eventual, por sua vez, consiste na conscincia de que 
a conduta pode gerar um resultado criminoso, mais a assun‹o 
desse risco, mesmo diante da probabilidade de algo dar errado. 
Trata-se de hip—tese na qual o agente n‹o tem vontade de produzir o 
resultado criminoso (n‹o o que aconteceu, embora possa ser outro), mas, 
analisando as circunst‰ncias, sabe que este resultado pode ocorrer e n‹o 
se importa, age da mesma maneira. 
EXEMPLO: Imagine que Renato, dono de um s’tio, e apreciador da 
pr‡tica do tiro esportivo, decida levantar s‡bado pela manh‹ e praticar 
tiro no seu terreno, mesmo sabendo que as balas possuem longo alcance 
e que h‡ casas na vizinhana. Renato atŽ n‹o quer que ninguŽm seja 
atingido, mas sabe que isso pode ocorrer e n‹o se importa, pratica a 
conduta assim mesmo. Nesse caso, se Renato atingir alguŽm, causando-
lhe les›es ou mesmo a morte, estar‡ praticando homic’dio doloso por 
dolo eventual. 
 
O dolo pode ser, ainda: 
¥! Dolo genŽrico Ð Atualmente, com o finalismo, passou a ser 
chamado simplesmente de dolo, que Ž, basicamente, a 
vontade de praticar a conduta descrita no tipo penal, sem 
nenhuma outra finalidade; 
¥! Dolo espec’fico, ou especial fim de agir Ð Em 
contraposi‹o ao dolo genŽrico, nesse caso o agente n‹o quer 
somente praticar a conduta t’pica, mas o faz por alguma 
raz‹o especial, com alguma finalidade espec’fica. ƒ o 
caso do crime de injœria, por exemplo, no qual o agente deve 
n‹o s— praticar a conduta, mas deve faz-lo com a inten‹o 
de ofender a honra subjetiva da v’tima; 
¥! Dolo direto de primeiro grau Ð Trata-se do dolo comum, 
aquele no qual o agente tem a vontade direcionada para a 
produ‹o do resultado, como no caso do homicida que 
procura sua v’tima e a mata com disparos de arma de fogo; 
¥! Dolo direto de segundo grau Ð TambŽm chamado de Òdolo 
de consequnciasnecess‡riasÓ, se assemelha ao dolo 
eventual, mas com ele n‹o se confunde. Aqui o agente possui 
uma vontade, mas sabe que para atingir sua finalidade, 
existem efeitos colaterais que ir‹o NECESSARIAMENTE 
lesar outros bens jur’dicos. Diferentemente do dolo 
eventual, aqui a ocorrncia da les‹o ao bem jur’dico n‹o 
visado Ž certa, e n‹o apenas prov‡vel. Imagine o caso de 
alguŽm que, querendo matar certo executivo, coloca uma 
bomba no avi‹o em que este se encontra. Ora, nesse caso, o 
agente age com dolo de primeiro grau em face da v’tima 
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pretendida, e dolo de segundo grau face aos demais 
ocupantes do avi‹o, pois Ž certo que tambŽm morrer‹o, 
embora este n‹o seja o objetivo do agente; 
¥! Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae Ð 
Ocorre quando o agente, acreditando ter alcanado seu 
objetivo, pratica nova conduta, com finalidade diversa, mas 
depois se constata que esta œltima foi a que efetivamente 
causou o resultado. Trata-se de erro na rela‹o de 
causalidade, pois embora o agente tenha conseguido 
alcanar a finalidade proposta, somente o alcanou 
atravŽs de outro meio, que n‹o tinha direcionado para 
isso. Exemplo: Imagine a m‹e que, querendo matar o pr—prio 
filho de 05 anos, o estrangula e, com medo de ser descoberta, 
o joga num rio. Posteriormente a criana Ž encontrada e se 
descobre que a v’tima morreu por afogamento. Nesse caso, 
embora a m‹e n‹o tenha querido matar o filho afogado, mas 
por estrangulamento, isso Ž irrelevante penalmente, 
importando apenas o fato de que a m‹e alcanou o fim 
pretendido (morte do filho), ainda que por outro meio, 
devendo, pois, responder por homic’dio consumado; 
¥! Dolo antecedente, atual e subsequente Ð O dolo 
antecedente Ž o que se d‡ antes do in’cio da execu‹o da 
conduta. O dolo atual Ž o que est‡ presente enquanto o 
agente se mantŽm exercendo a conduta, e o dolo 
subsequente ocorre quando o agente, embora tendo iniciado a 
conduta com uma finalidade l’cita, altera seu ‰nimo, passando 
a agir de forma il’cita. Esse œltimo caso Ž o que ocorre no 
caso, por exemplo, do crime de apropria‹o indŽbita (art. 168 
do CP), no qual o agente recebe o bem de boa-fŽ, obrigando-
se devolv-lo, mas, posteriormente, muda de idŽia e n‹o 
devolve o bem nas condi›es ajustadas, passando a agir de 
maneira il’cita. 
 
1.2.2.! Crime culposo 
Se no crime doloso o agente quis o resultado, sendo este seu 
objetivo, ou assumiu o risco de sua ocorrncia, embora n‹o fosse 
originalmente pretendido o resultado, no crime culposo a conduta do 
agente Ž destinada a um determinado fim (que pode ser l’cito ou n‹o), tal 
qual no dolo eventual, mas pela viola‹o a um dever de cuidado, o 
agente acaba por lesar um bem jur’dico de terceiro, cometendo crime 
culposo. 
A viola‹o ao dever objetivo de cuidado pode se dar de trs 
maneiras: 
¥! Negligncia Ð O agente deixa de tomar todas as cautelas 
necess‡rias para que sua conduta n‹o venha a lesar o bem 
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jur’dico de terceiro. ƒ o famoso relapso. Aqui o agente deixa 
de fazer algo que deveria; 
¥! Imprudncia Ð ƒ o caso do afoito, daquele que pratica atos 
temer‡rios, que n‹o se coadunam com a prudncia que se 
deve ter na vida em sociedade. Aqui o agente faz algo que 
a prudncia n‹o recomenda; 
¥! Imper’cia Ð Decorre do desconhecimento de uma regra 
tŽcnica profissional. Assim, se o mŽdico, ap—s fazer todos 
os exames necess‡rios, d‡ diagn—stico errado, concedendo 
alto ao paciente e este vem a —bito em decorrncia da alta 
concedida, n‹o h‡ negligncia, pois o profissional mŽdico 
adotou todos os cuidados necess‡rios, mas em decorrncia de 
sua falta de conhecimento tŽcnico, n‹o conseguiu verificar 
qual o problema do paciente, o que acabou por ocasionar seu 
falecimento; 
 
A punibilidade da culpa se fundamenta no desvalor do resultado 
praticado pelo agente, embora o desvalor da conduta seja menor, pois 
n‹o deriva de uma deliberada a‹o contr‡ria ao direito. 
O crime culposo Ž composto de: 
¥! Uma conduta volunt‡ria Ð Dirigida a um fim l’cito, ou 
quando il’cito, n‹o Ž destinada ˆ produ‹o do resultado 
ocorrido. 
¥! A viola‹o a um dever objetivo de cuidado Ð Que pode se 
dar por negligncia, imprudncia ou imper’cia. 
¥! Um resultado natural’stico involunt‡rio Ð O resultado 
produzido n‹o foi querido pelo agente (salvo na culpa 
impr—pria). 
¥! Nexo causal Ð Rela‹o de causa e efeito entre a conduta do 
agente e o resultado ocorrido no mundo f‡tico. 
¥! Tipicidade Ð O fato deve estar previsto como crime. Em 
regra, os crimes s— podem ser praticados na forma dolosa, s— 
podendo ser punidos a t’tulo de culpa quando a lei 
expressamente determinar. Essa Ž a regra do ¤ œnico do art. 
18 do CP: Par‡grafo œnico - Salvo os casos expressos em lei, 
ninguŽm pode ser punido por fato previsto como crime, sen‹o 
quando o pratica dolosamente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 
11.7.1984). 
¥! Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve ser 
previs’vel mediante um esforo intelectual razo‡vel. ƒ 
chamada previsibilidade do homem mŽdio. Assim, se uma 
pessoa comum, de inteligncia mediana, seria capaz de 
prever aquele resultado, est‡ presente este requisito. Se o 
resultado n‹o for previs’vel objetivamente, o fato Ž um 
indiferente penal. Por exemplo: Se M‡rio, nas dunas de Natal, 
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d‡ um chute em Jo‹o, a fim de causar-lhe les›es leves, e Jo‹o 
vem a cair e bater com a cabea sobre um motor de Bugre 
que estava enterrado sob a areia, vindo a falecer, M‡rio n‹o 
responde por homic’dio culposo, pois seria inimagin‡vel a 
qualquer pessoa prever que naquele local a v’tima poderia 
bater com a cabea em algo daquele tipo e vir a falecer. 
 
A culpa, por sua vez, pode ser de diversas modalidades: 
¥! Culpa consciente e inconsciente Ð Na culpa consciente, o 
agente prev o resultado como poss’vel, mas acredita que 
este n‹o ir‡ ocorrer. Na culpa inconsciente, o agente n‹o 
prev que o resultado possa ocorrer. A culpa consciente se 
aproxima muito do dolo eventual, pois em ambos o 
agente prev o resultado e mesmo assim age. 
Entretanto, a diferena Ž que, enquanto no dolo eventual 
o agente assume o risco de produzi-lo, n‹o se 
importando com a sua ocorrncia, na culpa consciente o 
agente n‹o assume o risco de produzir o resultado, pois 
acredita, sinceramente, que ele n‹o ocorrer‡. 
¥! Culpa pr—pria e culpa impr—pria Ð A culpa pr—pria Ž 
aquela na qual o agente NÌO QUER O RESULTADO 
criminoso. ƒ a culpa propriamente dita. Pode ser consciente, 
quando o agente prev o resultado como poss’vel, ou 
inconsciente, quando n‹o h‡ essa previs‹o. Na culpa 
impr—pria, o agente quer o resultado, mas, por erro 
inescus‡vel, acredita que o est‡ fazendo amparado por 
uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. ƒ 
o caso do pai que, percebendo um barulho na madrugada, se 
levanta e avista um vulto, determinando sua imediata parada. 
Como o vulto continua, o pai dispara trs tiros de arma de 
fogo contra a v’tima, acreditando estar agindo em leg’tima 
defesa de sua fam’lia. No entanto, ao verificar a v’tima, 
percebe que o vulto era seu filho de 16 anos que havia sa’do 
escondido para assistir a um show de Rock no qual havia sido 
proibidode ir. Nesse caso, embora o crime seja naturalmente 
doloso (pois o agente quis o resultado), por quest›es de 
pol’tica criminal o C—digo determina que lhe seja aplicada a 
pena correspondente ˆ modalidade culposa. Nos termos do 
art. 20, ¤ 1¡ do CP: ¤ 1¼ - ƒ isento de pena quem, por erro 
plenamente justificado pelas circunst‰ncias, sup›e situa‹o de fato 
que, se existisse, tornaria a a‹o leg’tima. N‹o h‡ isen‹o de 
pena quando o erro deriva de culpa e o fato Ž pun’vel como 
crime culposo.(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
Cuidado! N‹o existe a chamada Òcompensa‹o de culpasÓ no Direito 
Penal brasileiro. EXEMPLO: Imaginem que Jœlio, dirigindo seu ve’culo, 
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avana o sinal vermelho e colide com o ve’culo de Carlos, que vinha na 
contram‹o. Ambos agiram com culpa e causaram-se les›es corporais. 
Nesse caso, ambos respondem pelo crime de les›es corporais, um em 
face do outro. 
 
 
H‡ ainda a figura do crime preterdoloso (ou preterintencional). O 
crime preterdoloso ocorre quando o agente, com vontade de praticar 
determinado crime (dolo), acaba por praticar crime mais grave, n‹o com 
dolo, mas por culpa. Um exemplo cl‡ssico Ž o crime de les‹o corporal 
seguida de morte, previsto no art. 129, ¤ 3¡ do CP. Nesse crime o agente 
provoca les›es corporais na v’tima, mediante conduta dolosa. No 
entanto, em raz‹o de sua imprudncia na execu‹o (excesso), acabou 
por provocar a morte da v’tima, que era um resultado n‹o pretendido 
(culpa). A Doutrina distingue, no entanto, o crime preterdoloso do 
crime qualificado pelo resultado14. Para a Doutrina, o crime 
qualificado pelo resultado Ž um gnero, do qual o crime preterdoloso Ž 
espŽcie. Um crime qualificado pelo resultado Ž aquele no qual, 
ocorrendo determinado resultado, teremos a aplica‹o de uma 
circunst‰ncia qualificadora. Aqui Ž irrelevante se o resultado que 
qualifica o crime Ž doloso ou culposo. No delito preterdoloso, o 
resultado que qualifica o crime Ž, necessariamente, culposo. Ou 
seja, h‡ dolo na conduta inicial e culpa em rela‹o ao resultado 
que efetivamente ocorre. 
EXEMPLO: Mariana agride Luciana com a inten‹o apenas de lesion‡-la 
(dolo de praticar o crime de les‹o corporal). Contudo, em raz‹o da fora 
empregada por Mariana, Luciana cai e bate com a cabea no ch‹o, vindo 
a falecer. Mariana fica chocada, pois de maneira alguma pretendia a 
morte de Luciana. Nesse caso, Mariana praticou o crime de les‹o corporal 
seguida de morte, que Ž um crime preterdoloso (dolo na conduta inicial, 
mas resultado obtido a t’tulo de culpa Ð sem inten‹o). 
 
(FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XII EXAME DE ORDEM) 
Wilson, competente professor de uma autoescola, guia seu carro 
por uma avenida ˆ beira-mar. No banco do carona est‡ sua noiva, 
Ivana. No meio do percurso, Wilson e Ivana comeam a discutir: a 
moa reclama da alta velocidade empreendida. Assustada, Ivana 
grita com Wilson, dizendo que, se ele continuasse naquela 
velocidade, poderia facilmente perder o controle do carro e 
																																																													
14 GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 337 
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atropelar alguŽm. Wilson, por sua vez, responde que Ivana 
deveria deixar de ser medrosa e que nada aconteceria, pois se sua 
profiss‹o era ensinar os outros a dirigir, ninguŽm poderia ser mais 
competente do que ele na condu‹o de um ve’culo. Todavia, ao 
fazer uma curva, o autom—vel derrapa na areia trazida para o 
asfalto por conta dos ventos do litoral, o carro fica desgovernado 
e acaba ocorrendo o atropelamento de uma pessoa que passava 
pelo local. A v’tima do atropelamento falece instantaneamente. 
Wilson e Ivana sofrem pequenas escoria›es. Cumpre destacar 
que a per’cia feita no local constatou excesso de velocidade. 
Nesse sentido, com base no caso narrado, Ž correto afirmar que, 
em rela‹o ˆ v’tima do atropelamento, Wilson agiu com 
A) dolo direto. 
B) dolo eventual. 
C) culpa consciente. 
D) culpa inconsciente. 
COMENTçRIOS: Nesta quest‹o temos um cl‡ssico exemplo de culpa 
consciente. O agente agiu com inobserv‰ncia de um dever de cuidado, 
por meio de uma conduta imprudente. O agente sabia dos riscos de sua 
conduta, mas acreditava que evitaria o resultado, em raz‹o de suas 
habilidades. Tem-se, assim, culpa consciente. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C. 
 
1.3.! Crime consumado, tentado e imposs’vel 
 
1.3.1.! Tentativa 
Todos os elementos citados como sendo partes integrantes do fato 
t’pico (conduta, resultado natural’stico, nexo de causalidade e tipicidade) 
s‹o, no entanto, elementos do crime material consumado, que Ž 
aquele no qual se exige resultado natural’stico e no qual este resultado 
efetivamente ocorre. 
Nos termos do art. 14 do CP: 
Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
I - consumado, quando nele se reœnem todos os elementos de sua 
defini‹o legal; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
II - tentado, quando, iniciada a execu‹o, n‹o se consuma por 
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
Assim, nos crimes tentados, por n‹o haver sua consuma‹o 
(ocorrncia de resultado natural’stico), n‹o estar‹o presentes, em regra, 
os elementos ÒresultadoÓ e Ònexo de causalidadeÓ. 
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Disse Òem regraÓ, porque pode acontecer que um crime tentado 
produza resultados, que ser‹o analisados de acordo com a conduta do 
agente e sua aptid‹o para produzi-los. 
EXEMPLO: Imaginem que Marcelo, visando ˆ morte de Rodrigo, dispare 
cinco tiros de pistola contra ele. Rodrigo Ž baleado, fica paraplŽgico, mas 
sobrevive. 
Nesse caso, como o objetivo n‹o era causar les‹o corporal, mas sim 
matar, o crime n‹o foi consumado, pois a morte n‹o ocorreu. Entretanto, 
n‹o se pode negar que houve resultado natural’stico e nexo causal, 
embora este resultado n‹o tenha sido o pretendido pelo agente quando 
da pr‡tica da conduta criminosa. 
 
O crime consumado n—s j‡ estudamos, cabe agora analisar as 
hip—teses de crime na modalidade tentada. 
Como disse a vocs, pode ocorrer de uma conduta ser 
enquadrada em determinado tipo penal sem que sua pr‡tica 
corresponda exatamente ao que prev o tipo. No caso acima, 
Marcelo responder‡ pelo tipo penal de homic’dio (art. 121 do CP), na 
modalidade tentada (art. 14, II do CP). Mas se vocs analisarem, o art. 
121 do CP diz Òmatar alguŽmÓ. Marcelo n‹o matou ninguŽm. Assim, 
como enquadr‡-lo na conduta prevista pelo art. 121? Isso Ž o que 
chamamos de adequa‹o t’pica mediata, conforme j‡ estudamos. 
Na adequa‹o t’pica mediata o agente n‹o pratica exatamente a 
conduta descrita no tipo penal, mas em raz‹o de uma outra norma 
que estende subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo penal, 
ele deve responder pelo crime. Assim, no caso em tela, Marcelo s— 
responde pelo crime em raz‹o da existncia de uma norma que aumenta 
o alcance objetivo (relativo ˆ conduta) do tipo penal para abarcar tambŽm 
as hip—teses de tentativa (art. 14, II do CP). Tudo bem, galera? Vamos 
em frente! 
O inciso II do art. 14 fala em Òcircunst‰ncias alheias ˆ vontade 
do agenteÓ. Isso significa que o agente inicia a execu‹o do crime, mas 
em raz‹ode fatores externos, o resultado n‹o ocorre. No caso concreto 
que citei, o fator externo, alheio ˆ vontade de Marcelo, foi provavelmente 
sua falta de precis‹o no uso da arma de fogo e o socorro eficiente 
recebido por Rodrigo, que impediu sua morte. 
O ¤ œnico do art. 14 do CP diz: 
Art. 14 (...) 
Par‡grafo œnico - Salvo disposi‹o em contr‡rio, pune-se a tentativa com a 
pena correspondente ao crime consumado, diminu’da de um a dois teros. 
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
Desta forma, o crime cometido na modalidade tentada n‹o Ž punido 
da mesma maneira que o crime consumado, pois embora o desvalor da 
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conduta (sua reprovabilidade social) seja o mesmo do crime consumado, 
o desvalor do resultado (suas consequncias na sociedade) Ž menor, 
indiscutivelmente. Assim, diz-se que o CP adotou a teoria dual’stica, 
realista ou objetiva da punibilidade da tentativa.15 
Mas qual o critŽrio para aplica‹o da quantidade de 
diminui‹o (1/3 ou 2/3)? Nesse caso, o Juiz deve analisar a 
proximidade de alcance do resultado. Quanto mais pr—xima do 
resultado chegar a conduta, menor ser‡ a diminui‹o da pena, e 
vice-versa. No exemplo acima, como Marcelo quase matou Rodrigo, 
chegando a deix‡-lo paraplŽgico, a diminui‹o ser‡ a menor poss’vel 
(1/3), pois o resultado esteve perto de se consumar. Entretanto, se 
Marcelo tivesse errado todos os disparos, o resultado teria passado longe 
da consuma‹o, devendo o Juiz aplicar a redu‹o m‡xima. 
A tentativa pode ser: 
¥! Branca ou incruenta Ð quando o agente sequer atinge o objeto 
que pretendia lesar; 
¥! Vermelha ou cruenta Ð quando o agente atinge o objeto, mas 
n‹o obtŽm o resultado natural’stico esperado, em raz‹o de 
circunst‰ncias alheias ˆ sua vontade; 
¥! Tentativa perfeita Ð O agente esgota completamente os meios de 
que dispunha para lesar o objeto material; 
¥! Tentativa imperfeita Ð O agente, antes de esgotar toda a sua 
potencialidade lesiva, Ž impedido por circunst‰ncias alheias. Exemplo: 
Marcelo possui um rev—lver com 06 projŽteis. Dispara os 03 primeiros 
contra Rodrigo, mas antes de disparar o quarto Ž surpreendido pela 
chegada da Pol’cia Militar. 
 
ƒ poss’vel a mescla de espŽcies de tentativa entre as duas primeiras 
com as duas œltimas (cruenta e imperfeita, incruenta e imperfeita, etc.), 
mas nunca entre elas mesmas (cruenta e incruenta e perfeita e 
imperfeita), por quest›es l—gicas. 
 
 
																																																													
15 Em contraposi‹o ˆ Teoria objetiva h‡ a Teoria subjetiva, que sustenta que a punibilidade da 
tentativa deveria estar atrelada ao fato de que o desvalor da conduta Ž o mesmo do crime 
consumado (Ž t‹o reprov‡vel a conduta de ÒmatarÓ quanto a de Òtentar matarÓ). Para esta Teoria, 
a tentativa deveria ser punida da mesma forma que o crime consumado (BITENCOURT, Op. cit., p. 
536/537). Na verdade, adotou-se no Brasil uma espŽcie de Teoria objetiva ÒtemperadaÓ ou 
mitigada. Isto porque a regra do art. 14, II admite exce›es, ou seja, existem casos na legisla‹o 
p‡tria em que se pune a tentativa com a mesma pena do crime consumado. 
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Em regra, todos os crimes admitem tentativa. Entretanto, n‹o admitem 
tentativa: 
¥! Crimes culposos Ð Nestes crimes o resultado natural’stico n‹o Ž 
querido pelo agente, logo, a vontade dele n‹o Ž dirigida a um fim 
il’cito e, portanto, n‹o ocorrendo este, n‹o h‡ que se falar em 
interrup‹o involunt‡ria da execu‹o do crime; 
¥! Crimes preterdolosos Ð Como nestes crimes existe dolo na 
conduta precedente e culpa na conduta seguinte, a conduta 
seguinte Ž culposa, n‹o se admitindo, portanto, tentativa; 
¥! Crimes unissubsistentes Ð S‹o aqueles que se produzem 
mediante um œnico ato, n‹o cabendo fracionamento de sua 
execu‹o. Assim, ou o crime Ž consumado ou sequer foi iniciada 
sua execu‹o. EXEMPLO: Injœria. Ou o agente profere a injœria e o 
crime est‡ consumado ou ele sequer chega a proferi-la, n‹o 
chegando o crime a ser iniciado; 
¥! Crimes omissivos pr—prios Ð Seguem a mesma regra dos crimes 
unissubsistentes, pois ou o agente se omite, e pratica o crime na 
modalidade consumada ou n‹o se omite, hip—tese na qual n‹o 
comete crime; 
¥! Crimes de perigo abstrato Ð Como aqui tambŽm h‡ crime 
unissubsistente (n‹o h‡ fracionamento da execu‹o do crime), n‹o 
se admite tentativa; 
¥! Contraven›es penais Ð N‹o se admite tentativa, nos termos do 
art. 4¡ do Decreto-Lei n¡ 3.688/41 (Lei das Contraven›es penais); 
¥! Crimes de atentado (ou de empreendimento) Ð S‹o crimes 
que se consideram consumados com a obten‹o do resultado ou 
ainda com a tentativa deste. Por exemplo: O art. 352 tipifica o 
crime de Òevas‹oÓ, dizendo: Òevadir-se ou tentar evadir-seÓ... 
Desta maneira, ainda que n‹o consiga o preso se evadir, o simples 
fato de ter tentado isto j‡ consuma o crime; 
¥! Crimes habituais Ð Nestes crimes, o agente deve praticar 
diversos atos, habitualmente, a fim de que o crime se consume. 
Entretanto, o problema Ž que cada ato isolado Ž um indiferente 
penal. Assim, ou o agente praticou poucos atos isolados, n‹o 
cometendo crime, ou praticou os atos de forma habitual, 
cometendo crime consumado. Exemplo: Crime de curandeirismo, 
no qual ou o agente pratica atos isolados, n‹o praticando crime, ou 
o faz com habitualidade, praticando crime consumado, nos termos 
do art. 284, I do CP. 
 
1.3.2.! Crime imposs’vel 
Nos termos do C—digo Penal: 
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Art. 17 - N‹o se pune a tentativa quando, por inefic‡cia absoluta do meio ou 
por absoluta impropriedade do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o 
crime.(Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984) 
 
Como podemos perceber, o crime imposs’vel guarda 
semelhanas com a tentativa, entretanto, com ela n‹o se 
confunde. 
Na tentativa, propriamente dita, o agente inicia a execu‹o do 
crime, mas por circunst‰ncias alheias ˆ sua vontade o resultado n‹o se 
consuma (art. 14, II do CPC). 
No crime imposs’vel, diferentemente do que ocorre na tentativa, 
embora o agente inicie a execu‹o do delito, JAMAIS o crime se 
consumaria, em hip—tese nenhuma, ou pelo fato de que o meio 
utilizado Ž completamente ineficaz ou porque o objeto material do crime Ž 
impr—prio para aquele crime. Vou dar dois exemplos: 
EXEMPLO: Imaginem que Marcelo pretenda matar sua sogra Maria. 
Marcelo chega, ˆ surdina, de noite, e percebendo que Maria dorme no 
sof‡, desfere contra ela 10 facadas no peito. No entanto, no laudo 
pericial se descobre que Maria j‡ estava morta, em raz‹o de um mal 
sœbito que sofrera horas antes. 
Nesse caso, o crime Ž imposs’vel, pois o objeto material (a sogra, 
Maria) n‹o era uma pessoa, mas um cad‡ver. Logo, n‹o h‡ como se 
praticar o crime de homic’dio em face de um cad‡ver. 
No mesmo exemplo, imagine que Marcelo pretenda matar sua 
sogra a tiros e, surpreenda-a na servid‹o que d‡ acesso ˆ casa. 
Entretanto, quando Marcelo aperta o gatilho, percebe que, na verdade, 
foi enganado pelo vendedor, que o vendeu uma arma de brinquedo. 
Nesse œltimo caso o crime Ž imposs’vel, pois o meio utilizado por 
Marcelo Ž completamente ineficaz para causar a morte da v’tima. 
Em ambos os casos temos hip—tese de crime imposs’vel. 
 
Naverdade, o crime imposs’vel Ž uma espŽcie de tentativa, 
com a circunst‰ncia de que jamais poder‡ se tornar consuma‹o, 
face ˆ impropriedade do objeto ou do meio utilizado. Por isso, n‹o 
se pode punir a tentativa nestes casos, eis que n‹o houve les‹o ou sequer 
exposi‹o ˆ les‹o do bem jur’dico tutelado, n‹o bastando para a puni‹o 
do agente o mero desvalor da conduta, devendo haver um m’nimo de 
desvalor do resultado. 
Cuidado! A inefic‡cia do meio ou a impropriedade do objeto 
devem ser ABSOLUTAS, ou seja, em nenhuma hip—tese, considerando 
aquelas circunst‰ncias, o crime poderia se consumar. Assim, se M‡rcio 
atira em JosŽ, com inten‹o de mat‡-lo, mas o crime n‹o se consuma 
porque JosŽ usava um colete ˆ prova de balas, n‹o h‡ crime imposs’vel, 
pois o crime poderia se consumar. 
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Teoria e exerc’cios comentados 
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O STJ j‡ decidiu (sœmula 567 do STJ) que a presena 
de c‰meras e dispositivos eletr™nicos de segurana em 
estabelecimentos comerciais n‹o afasta a possibilidade de 
consuma‹o do crime de furto. Logo, n‹o h‡ crime imposs’vel neste 
caso. 
 
Como o CP previu a impossibilidade de puni‹o da tentativa 
inid™nea (crime imposs’vel), diz-se que o CP adotou a teoria OBJETIVA 
DA PUNIBILIDADE DO CRIME IMPOSSêVEL.16 
 
1.3.3.! Desistncia volunt‡ria e arrependimento eficaz 
Embora a Doutrina tenha se dividido quanto ˆ defini‹o da natureza 
jur’dica destes institutos, a Doutrina majorit‡ria entende se tratar de 
causas de exclus‹o da tipicidade, pois n‹o tendo ocorrido o resultado, 
e tambŽm n‹o se tratando de hip—tese tentada, n‹o h‡ como se punir o 
crime nem a t’tulo de consuma‹o nem a t’tulo de tentativa. 
Na desistncia volunt‡ria o agente, por ato volunt‡rio, desiste de 
dar sequncia aos atos execut—rios, mesmo podendo faz-lo. Conforme a 
cl‡ssica FîRMULA DE FRANK: 
Na tentativa Ð O agente quer, mas n‹o pode prosseguir. 
Na desistncia volunt‡ria Ð O agente pode, mas n‹o quer 
prosseguir. 
Para que fique caracterizada a desistncia volunt‡ria, Ž necess‡rio 
que o resultado n‹o se consume em raz‹o da desistncia do 
agente. 
EXEMPLO: Se Poliana dispara um tiro de pistola em Jason e, podendo 
disparar mais cinco, n‹o o faz, mas este mesmo assim vem a falecer, 
Poliana responde por homic’dio consumado. Se, no entanto, Jason n‹o 
vem a —bito, Poliana n‹o responde por homic’dio tentado (n‹o h‡ 
tentativa, lembram-se?), mas por les›es corporais. 
 
No arrependimento eficaz Ž diferente. Aqui o agente j‡ 
praticou todos os atos execut—rios que queria e podia, mas ap—s 
isto, se arrepende do ato e adota medidas que acabam por impedir 
a consuma‹o do resultado. 
Imagine que no exemplo anterior, Poliana tivesse disparado todos 
os tiros da pistola em Jason. Depois disso, Poliana se arrepende do que 
																																																													
16 BITENCOURT, Op. cit., p. 542/543. 
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fez e providencia o socorro de Jason, que sobrevive em raz‹o do socorro 
prestado. Neste caso, ter’amos arrependimento eficaz. 
Ambos os institutos est‹o previstos no art. 15 do CP: 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na 
execu‹o ou impede que o resultado se produza, s— responde pelos atos 
j‡ praticados.(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
Para que estes institutos ocorram, Ž necess‡rio que a conduta 
(desistncia volunt‡ria e arrependimento eficaz) impea a consuma‹o do 
resultado. Se o resultado, ainda assim, vier a ocorrer, o agente 
responde pelo crime, incidindo, no entanto, uma atenuante de pena 
genŽrica, prevista no art. 65, III, b do CP. 
A Doutrina entende que tambŽm Hç DESISTæNCIA VOLUNTçRIA 
quando o agente deixa de prosseguir na execu‹o para faz-la mais 
tarde, por qualquer motivo, por exemplo, para n‹o levantar suspeitas. 
Nesse caso, mesmo n‹o sendo nobre o motivo da desistncia, a Doutrina 
entende que h‡ desistncia volunt‡ria. 
Se o crime for cometido em concurso de pessoas e somente um 
deles realiza a conduta de desistncia volunt‡ria ou arrependimento 
eficaz, esta circunst‰ncia se comunica aos demais, pois como se 
trata de hip—tese de exclus‹o da tipicidade, o crime n‹o foi cometido, 
respondendo todos apenas pelos atos praticados atŽ ent‹o. 
 
1.3.4.! Arrependimento posterior 
O arrependimento posterior, por sua vez, n‹o exclui o crime, 
pois este j‡ se consumou, mas Ž causa obrigat—ria de diminui‹o 
de pena. Ocorre quando, nos crimes em que n‹o h‡ violncia ou grave 
ameaa ˆ pessoa, o agente, atŽ o recebimento da denœncia ou queixa, 
repara o dano provocado ou restitui a coisa. Nos termos do art. 16 do CP: 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violncia ou grave ameaa ˆ pessoa, 
reparado o dano ou restitu’da a coisa, atŽ o recebimento da denœncia ou da 
queixa, por ato volunt‡rio do agente, a pena ser‡ reduzida de um a dois 
teros. (Redação	dada	pela	Lei	nº	7.209,	de	11.7.1984) 
 
EXEMPLO: Imagine o crime de dano (art. 163 do CP), no qual o agente 
quebra a vidraa de uma padaria, revoltado com o esgotamento do p‹o 
francs naquela tarde. Nesse caso, se antes do recebimento da queixa o 
agente ressarcir o preju’zo causado, ele responder‡ pelo crime, mas a 
pena aplicada dever‡ ser diminu’da de um a dois teros. 
 
Vejam que n‹o se aplica o instituto se o crime Ž cometido 
com violncia ou grave ameaa ˆ pessoa. 
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A Doutrina entende que se a violncia for culposa, pode ser aplicado 
o instituto. Assim, se o agente comete les‹o corporal culposa (violncia 
culposa), e antes do recebimento da queixa paga todas as despesas 
mŽdicas da v’tima, presta todo o aux’lio necess‡rio, deve ser aplicada a 
causa de diminui‹o de pena. 
No caso de violncia impr—pria, a Doutrina se divide. A 
violncia impr—pria Ž aquela na qual n‹o h‡ violncia propriamente dita, 
mas o agente reduz a v’tima ˆ impossibilidade de defesa (ex. Amordaa e 
amarra o caixa da loja no crime de roubo). Parte da Doutrina entende que 
o benef’cio pode ser aplicado, parte entende que n‹o pode. 
O arrependimento posterior tambŽm se comunica aos demais 
agentes (coautores). 
A Doutrina entende, ainda, que se a v’tima se recusar a receber 
a coisa ou a repara‹o do dano, mesmo assim o agente dever‡ 
receber a causa de diminui‹o de pena. 
O quantum da diminui‹o da pena (um tero a dois teros) ir‡ 
variar conforme a celeridade com que ocorreu o arrependimento e a 
voluntariedade deste ato. 
Vamos sintetizar isso tudo? O quadro abaixo pode ajudar vocs 
na compreens‹o dos institutos da tentativa, da desistncia volunt‡ria, do 
arrependimento eficaz e do arrependimento posterior: 
 
QUADRO ESQUEMçTICO 
INSTITUTO RESUMO CONSEQUæNCIAS 
TENTATIVA Agente pratica a conduta 
delituosa, mas por 
circunst‰ncias alheias ˆ 
sua vontade, o resultado 
n‹o ocorre. 
Responde pelo 
crime, com 
redu‹o de pena 
de 1/3 a 2/3. 
DESISTæNCIA 
VOLUNTçRIA 
O agente INICIA a pr‡tica da 
conduta delituosa, mas se 
arrepende, e CESSA a 
atividade criminosa (mesmo 
podendo continuar) e o 
resultado n‹o ocorre. 
Responde apenas 
pelos atos j‡ 
praticados. 
Desconsidera-se o 
Òdolo inicialÓ, e o 
agente Ž punido 
apenas pelos danos 
que efetivamente 
causou. 
ARREPENDIMENTO O agente INICIA a pr‡tica

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