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Aula 4 Direito Penal Oab 1ª fase

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Aula 04
Direito Penal p/ OAB 1ª Fase XXIV Exame - Com videoaulas 
Professor: Renan Araujo
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
Teoria e exerc’cios comentados 
Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 
 
	 	 	 	 	
	
Prof.Renan	Araujo																			www.estrategiaconcursos.com.br																				Página	1	de	48	
AULA 04: CONCURSO DE PESSOAS E CONCURSO DE 
CRIMES 
SUMçRIO 
	
1. CONCURSO DE PESSOAS .............................................................................. 3 
1.1. Conceito, natureza e caracter’sticas ......................................................... 3 
1.2. Requisitos ................................................................................................ 4 
1.3. Modalidades ............................................................................................. 8 
1.3.1. Coautoria ................................................................................................ 8 
1.3.2. Participa‹o ........................................................................................... 12 
1.4. Comunicabilidade das circunst‰ncias ..................................................... 15 
1.4.1. EspŽcies de elementares e de circunst‰ncias .............................................. 16 
1.4.2. Coopera‹o dolosamente distinta ............................................................. 22 
2. CONCURSO DE CRIMES .............................................................................. 24 
2.1. Conceito e natureza ............................................................................... 24 
2.2. EspŽcies ................................................................................................. 24 
2.2.1. Concurso material (ou real) de crimes ....................................................... 24 
2.2.2. Concurso formal de crimes ...................................................................... 26 
2.2.3. Aplica‹o da pena no concurso formal ....................................................... 27 
2.2.4. Crime continuado ................................................................................... 28 
2.2.5. Requisitos para a configura‹o do crime continuado .................................... 28 
2.2.6. Aplica‹o da pena no crime continuado ..................................................... 30 
2.2.7. Crime continuado e conflito de leis penais no tempo .................................... 31 
2.2.8. Crime continuado e prescri‹o ................................................................. 31 
2.2.9. Aplica‹o da pena de multa no concurso de crimes ..................................... 32 
3. RESUMO .................................................................................................... 35 
4. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 42 
5. GABARITO ................................................................................................. 48 
 
	
Ol‡, meus amigos! 
 
Hoje Ž dia de estudarmos dois institutos que costumam ser 
bastante cobrados em provas de concursos pœblicos: concurso de 
pessoas e concurso de crimes. 
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
Teoria e exerc’cios comentados 
Prof. Renan Araujo Ð Aula 04 
 
	 	 	 	 	
	
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Portanto, muita aten‹o, pois h‡ v‡rias teorias doutrin‡rias que 
podem cair na prova. Temos muitas quest›es interessantes! 
Os reflexos destes institutos sobre os crimes em espŽcie 
ser‹o analisados dentro de cada aula espec’fica. 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
Teoria e exerc’cios comentados 
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1.!CONCURSO DE PESSOAS 
 
1.1.! Conceito, natureza e caracter’sticas 
O concurso de pessoas pode ser conceituado como a colabora‹o 
de dois ou mais agentes para a pr‡tica de um delito ou 
contraven‹o penal. 
O concurso de pessoas Ž regulado pelos arts. 29 a 31 do CP: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a 
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 
7.209, de 11.7.1984) 
¤ 1¼ - Se a participa‹o for de menor import‰ncia, a pena pode ser diminu’da 
de um sexto a um tero. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
¤ 2¼ - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-‡ aplicada a pena deste; essa pena ser‡ aumentada atŽ metade, na 
hip—tese de ter sido previs’vel o resultado mais grave. (Reda‹o dada pela Lei 
n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
Circunst‰ncias incomunic‡veis 
Art. 30 - N‹o se comunicam as circunst‰ncias e as condi›es de car‡ter 
pessoal, salvo quando elementares do crime. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 
11.7.1984) 
Casos de impunibilidade 
Art. 31 - O ajuste, a determina‹o ou instiga‹o e o aux’lio, salvo disposi‹o 
expressa em contr‡rio, n‹o s‹o pun’veis, se o crime n‹o chega, pelo menos, 
a ser tentado. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
Mas como compreender a natureza jur’dico-penal de uma 
conduta criminosa praticada por diversas pessoas? Trs teorias 
surgiram: 
¥! Pluralista (ou plural’stica) - Para esta teoria cada pessoa 
responderia por um crime pr—prio, existindo tantos crimes 
quantos forem os participantes da conduta delituosa, j‡ que a 
cada um corresponde uma conduta pr—pria, um elemento 
psicol—gico pr—prio e um resultado igualmente particular1. 
¥! Dualista (ou dual’stica) Ð Segundo esta teoria, h‡ um 
crime para os autores, que realizam a conduta t’pica 
emoldurada no ordenamento positivo, e outro crime para os 
part’cipes, que desenvolvem uma atividade secund‡ria. 
¥! Monista (ou mon’stica ou unit‡ria) Ð A codelinquncia 
(concurso de agentes) deve ser entendida, para esta teoria, 
como CRIME òNICO, devendo todos responderem pelo 
mesmo crime. ƒ a adotada pelo CP. Isso n‹o significa que 
todos que respondem pelo delito ter‹o a mesma pena. A pena 
de cada um ir‡ corresponder ˆ valora‹o de cada uma das 
																																																													
1 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, S‹o 
Paulo, 2015, p. 548 
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
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condutas (cada um responde Òna medida de sua 
culpabilidade). Em raz‹o desta diferencia‹o na pena de cada 
um dos infratores, diz-se que o CP adotou uma espŽcie de 
teoria monista temperada (ou mitigada). 
 
O concurso de pessoas pode ser, basicamente, de duas espŽcies: 
¥! EVENTUAL Ð Neste caso, o tipo penal n‹o exige que o fato 
seja praticado por mais de uma pessoa. Isso n‹o impede, 
contudo, que eventual ele venha a ser praticado por mais de 
uma pessoa (Ex.: Furto, roubo, homic’dio). 
¥! NECESSçRIO Ð Nesta hip—tese o tipo penal exige que a 
conduta seja praticada por mais de uma pessoa. Divide-se 
em: a) condutas paralelas (crimes de conduta unilateral): 
Aqui os agentes praticam condutas dirigidas ˆ obten‹o da 
mesma finalidade criminosa (associa‹o criminosa, art. 288 
do CPP); b) condutas convergentes (crimes de conduta 
bilateral ou de encontro): Nesta modalidade os agentes 
praticam condutas que se encontram e produzem, juntas, o 
resultado pretendido (ex. Bigamia); c) condutas 
contrapostas: Neste caso os agentes praticam condutas uns 
contra os outros (ex. Crime de rixa) 
 
1.2.! Requisitos 
Masquais s‹o os requisitos para que se possa falar em 
concurso de pessoas? Cinco s‹o os requisitos para que seja 
caracterizado o concurso de pessoas: 
¥! Pluralidade de agentes Ð Para que possamos falar em 
concurso de pessoas, Ž necess‡rio que tenhamos mais de 
uma pessoa a colaborar para o ato criminoso. ƒ necess‡rio 
que sejam agentes culp‡veis? A doutrina se divide, mas 
prevalece o entendimento de que todos os comparsas devem 
ter discernimento, de maneira que a ausncia de culpabilidade 
por doena mental, por exemplo, afastaria o concurso de 
agentes, devendo ser reconhecida a autoria mediata. Assim, 
se uma pessoa, perfeitamente mental e maior de 18 anos 
(penalmente imput‡vel) determina a um doente mental (sem 
qualquer discernimento) que realize um homic’dio, n‹o h‡ 
concurso de pessoas, mas autoria mediata, pois o autor do 
crime foi o mandante, que se valeu de uma pessoa sem 
vontade como mero instrumento2 para praticar o crime. 
N‹o h‡ concurso, pois um dos agentes n‹o era culp‡vel. Essa 
regra s— se aplica aos crimes unissubjetivos (aqueles em 
																																																													
2 WELZEL, Hans. Derecho Penal, parte general. Ed. Roque Depalma. Buenos Aires, 1956, 
p. 106 
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que basta um agente para sua caracteriza‹o). Nos crimes 
plurissubjetivos (aqueles em que necessariamente deve 
haver mais de um agente, como no crime de associa‹o 
criminosa, por exemplo Ð art. 288 do CP), se um dos 
colaboradores n‹o Ž culp‡vel por qualquer raz‹o, 
mesmo assim permanece o crime. Nos crimes 
eventualmente plurissubjetivos (crime de furto, por exemplo, 
que eventualmente pode ser um crime qualificado pelo 
concurso de pessoas, embora seja, em regra, unissubjetivo) 
tambŽm n‹o Ž necess‡rio que todos os agentes sejam 
culp‡veis, bastando que apenas um o seja para que 
reste configurado o delito em sua forma qualificada. 
Nessas duas œltimas hip—teses, no entanto, n‹o h‡ 
propriamente concurso de pessoas, mas o que a Doutrina 
chama de concurso impr—prio, ou concurso aparente de 
pessoas. Contudo, essa ressalva s— se aplica ao caso de 
concurso entre culp‡vel e Òn‹o culp‡vel que possui 
discernimentoÓ. Assim, se o agente culp‡vel se vale de 
alguŽm sem culpabilidade como mero instrumento, sem que 
ele possua qualquer discernimento, teremos sempre autoria 
mediata. No caso do concurso entre um agente culp‡vel e um 
menor de 17 anos, por exemplo (n‹o culp‡vel por 
inimputabilidade), pode ser reconhecido o concurso de 
pessoas (concurso aparente), j‡ que o menor possu’a 
vontade e esta vontade convergia com a do imput‡vel, n‹o 
tendo sido utilizado como mero instrumento. 
¥! Relev‰ncia causal da colabora‹o Ð A participa‹o do 
agente deve ser relevante para a produ‹o do resultado, de 
forma que a colabora‹o que em nada contribui para o 
resultado Ž um indiferente penal. AlŽm disso, a colabora‹o 
deve ser prŽvia ou concomitante ˆ execu‹o, ou seja, 
anterior ˆ consuma‹o do delito. Se a colabora‹o for 
posterior ˆ consuma‹o do delito, como o fato j‡ ocorreu, n‹o 
h‡ concurso de pessoas, podendo haver, no entanto, outro 
crime (favorecimento real, recepta‹o, etc.). PorŽm, se a 
colabora‹o for posterior ˆ consuma‹o, mas 
combinada previamente, h‡ concurso de pessoas. Ex: 
Imagine que Poliana decide matar seus pais, e combina com 
seu namorado para que ele esteja ˆs 20h em ponto na porta 
de sua casa para lhe ajudar na fuga. Assim, a conduta do 
namorado (auxiliar na fuga) Ž posterior ˆ consuma‹o, mas 
fora combinada anteriormente, havendo, portanto, concurso 
de pessoas. Diversa seria a hip—tese, no entanto, se o 
namorado tivesse ido ˆ casa da namorada sem saber que 
deveria lhe ajudar na fuga. L‡ chegando, a namorada conta o 
ocorrido e ele, a partir da’, concorda em auxili‡-la na fuga. 
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
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Nessa hip—tese, o namorado comete o crime de favorecimento 
pessoal (nos termos do art. 348 do CP). Cuidado com isso! 
¥! V’nculo subjetivo (ou liame subjetivo) Ð TambŽm Ž 
conhecido como concurso de vontades. Assim, para que 
haja concurso de pessoas, Ž necess‡rio que a colabora‹o dos 
agentes deva ter sido ajustada entre eles, de modo que a 
colabora‹o meramente causal, sem que tenha havido 
combina‹o entre os agentes, n‹o caracteriza o concurso de 
pessoas. Trata-se do princ’pio da convergncia. Caso haja 
colabora‹o dos agentes para a conduta criminosa, mas sem 
v’nculo subjetivo entre eles, estaremos diante da autoria 
colateral, e n‹o da coautoria. 
¥! Unidade de crime (ou contraven‹o) para todos os 
agentes (identidade de infra‹o penal) Ð Nos termos do 
art. 29 do CP: Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o 
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984). Da’ 
podemos perceber que se 20 pessoas colaboram para a 
pr‡tica de um delito (homic’dio, por exemplo), todas elas 
respondem pelo homic’dio, independentemente da conduta 
que tenham praticado (um apenas conseguiu a arma, o outro 
dirigiu o ve’culo da fuga, outro atraiu a v’tima, etc.). As 
condutas dos agentes, portanto, devem constituir algo 
juridicamente unit‡rio3. 
¥! Existncia de fato pun’vel Ð Trata-se do princ’pio da 
exterioridade. Assim, Ž necess‡rio que o fato praticado pelos 
agentes seja pun’vel, o que de um modo geral exige pelo 
menos que este fato represente uma tentativa de crime, ou 
crime tentado. Para a caracteriza‹o do crime tentado, Ž 
necess‡rio que seja dado in’cio ˆ execu‹o do crime. Se o fato 
ficar meramente no plano abstrato, no plano da cogita‹o, 
n‹o h‡ fato pun’vel, nos termos do art. 14, II do CP. O art. 31 
do CP determina, ainda, de modo espec’fico para a hip—tese 
de concurso de pessoas, que a colabora‹o s— Ž pun’vel se 
o crime for, ao menos, tentado: Art. 31 - O ajuste, a 
determina‹o ou instiga‹o e o aux’lio, salvo disposi‹o expressa em 
contr‡rio, n‹o s‹o pun’veis, se o crime n‹o chega, pelo menos, a ser 
tentado. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984). 
 
CUIDADO! Na autoria mediata, n‹o basta que o executor seja um 
																																																													
3
	BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 553	
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inimput‡vel, ele deve ser um verdadeiro INSTRUMENTO do 
mandante, ou seja, ele n‹o deve ter qualquer discernimento no caso 
concreto. 
Ex.: JosŽ e Pedro (este menor de idade, com 17 anos) combinam de 
matar Maria. JosŽ arma o plano e entrega a arma a Pedro, que a 
executa. Neste caso, Pedro Ž inimput‡vel por ser menor de 18 anos, mas 
possui discernimento, n‹o se pode dizer que foi um mero ÒinstrumentoÓ 
de JosŽ. Assim, aqui n‹o teremos autoria mediata, mas concurso 
aparente de pessoas. 
Ex.2: JosŽ, maior e capaz, entrega a Mauro (um doente mental sem 
nenhum discernimento) uma arma e diz para ele atirar em Maria, que 
vem a —bito. Neste caso h‡ autoria mediata, pois Mauro (o 
inimput‡vel) foi mero instrumento nas m‹os de JosŽ. 
Mas esta Ž a œnica hip—tese de autoria mediata? A resposta Ž 
negativa. A melhor Doutrina divide a autoria mediata em trs hip—teses, 
basicamente4: 
1 Ð Autoria mediata por erro do executor Ð Neste caso, aquele que 
pratica a conduta foi induzido a erro pelo mandante (erro detipo ou erro 
de proibi‹o). Ex.: MŽdico que entrega ˆ enfermeira uma inje‹o 
contendo determinada subst‰ncia t—xica, e determina que esta aplique 
no paciente, alegando que se trata de morfina, para aliviar a dor5. A 
enfermeira, aqui, n‹o atua dolosamente (do ponto de vista Òfinal’sticoÓ), 
pois apesar de dar causa ˆ morte do paciente (causalidade f’sica, pois foi 
ela quem injetou a subst‰ncia), n‹o dirigiu sua conduta a este resultado. 
O dom’nio do fato pertencia ao mŽdico, o real infrator. 
2 Ð Autoria mediata por coa‹o do executor Ð Aqui o infrator coage 
uma terceira pessoa a praticar um delito. Em se tratando de coa‹o 
MORAL irresist’vel, teremos um agente n‹o culp‡vel (a coa‹o moral 
irresist’vel afasta a culpabilidade). Desta forma, aquele que executa o faz 
em situa‹o de n‹o culpabilidade. A culpabilidade recai apenas sobre o 
coator, n‹o sobre o coagido. Ex.: MŽdico que determina ˆ enfermeira 
que aplique sobre o paciente uma dose cavalar de veneno. O mŽdico, 
porŽm, n‹o esconde da enfermeira que se trata de veneno, ao contr‡rio 
deixa isso bem claro. PorŽm, diz ˆ enfermeira que se ela n‹o fizer o que 
foi determinado, ir‡ matar sua filha. Vejam que, neste caso, a enfermeira 
sabe que est‡ injetando o veneno, de forma que age dolosamente, mas 
ainda assim sem culpabilidade, por inexigibilidade de conduta diversa. 
3 Ð Autoria mediata por inimputabilidade do agente Ð Nesta 
hip—tese o infrator se vale de uma pessoa inimput‡vel para a pr‡tica do 
delito. A inimputabilidade, aqui, pressup›e que o executor (inimput‡vel) 
n‹o tenha discernimento necess‡rio6. Caso o executor, mesmo 
inimput‡vel, possua discernimento, n‹o haver‡ autoria mediata. Ex.: 
																																																													
4
	BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 560 
5 O exemplo Ž de Hans Welzel. (cf. WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 106) 
6
	WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 107-108	
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB 
Teoria e exerc’cios comentados 
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JosŽ, 20 anos, organiza um plano para furtar uma loja de eletr™nicos, e 
combina com Marcelo, de 17, a execu‹o do plano. Neste caso, n‹o h‡ 
autoria mediata, pois Marcelo, a despeito de sua inimputabilidade legal, 
tem discernimento para n‹o ser considerado como ÒobjetoÓ. Por outro 
lado, no mesmo exemplo, imaginemos que Marcelo tenha 30 anos, mas 
seja absolutamente incapaz de entender o que se passa (doente mental 
completo). Neste caso, a inimputabilidade de Marcelo afasta o 
reconhecimento do concurso de pessoas com JosŽ, que responder‡ como 
autor mediato do crime. 
 
1.3.! Modalidades 
 
1.3.1.! Coautoria 
Para entendermos o fen™meno da coautoria, devemos, 
primeiramente, estudar o que seria a autoria do delito. 
V‡rias teorias, ao longo do tempo, procuraram definir o conceito 
de AUTOR. 
O conceito extensivo de autor n‹o diferencia autor e part’cipe, 
considerando que todos aqueles que concorrem para o crime s‹o autores 
do delito. Esse conceito Ž baseado numa premissa Òcausal-naturalistaÓ de 
que todo aquele que d‡ causa ao delito (por qualquer forma), deve ser 
considerado autor do crime. 
Contudo, como pelo conceito extensivo de autor n‹o era poss’vel 
definir quem era autor e quem era part’cipe, surgiu a teoria subjetiva 
da participa‹o, que considerava como autor aquele que pratica o fato 
como pr—prio, que quer o crime Òcomo pr—prioÓ, como seu, e part’cipe 
aquele que quer o fato como alheio, pratica uma conduta acess—ria ao 
Òcrime de outra pessoaÓ.7 Isso era fundamental para a fixa‹o da pena de 
cada um, j‡ que aos autores deveriam ser aplicadas penas, em tese, mais 
severas. 
Como o conceito extensivo apresentou mais problemas que 
solu›es, surgiu o conceito restritivo de autor8. Para esta teoria 
restritiva9, autor e part’cipe n‹o se confundem. Autor ser‡ aquele que 
praticar a conduta descrita no nœcleo do tipo penal (subtrair, matar, 
roubar, etc.). Todos os demais, que de alguma forma prestarem 
colabora‹o (material ou moral), ser‹o considerados part’cipes. Esta foi 
a teoria adotada pelo CP. 
Agora que j‡ sabemos que o CP diferencia autor e part’cipe, 
precisamos saber qual Ž o critŽrio para se diferenciar um do outro. 
Trs teorias surgiram. 
																																																													
7 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 555 
8 ZAFFARONI, Eugenio Raul. PIERANGELI, JosŽ Henrique. Manual de Direito Penal 
Brasileiro Ð Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais, 7¼ Ed. 2002, p. 572. 
9 TambŽm chamada por alguns de teoria dualista ou objetiva. 
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A primeira teoria, a teoria objetivo-formal, estabelece que autor 
Ž quem realiza a conduta prevista no nœcleo do tipo, sendo part’cipes 
todos os outros que colaboraram para isso, mas n‹o realizaram a conduta 
descrita no nœcleo do tipo. Para esta teoria, por exemplo, no crime de 
homic’dio, somente seria autor aquele que efetivamente praticasse a 
conduta de ÒmatarÓ alguŽm. Todos os outros colaboradores seriam 
part’cipes. O grande problema desta teoria Ž considerar o autor 
intelectual (mandante) como part’cipe, e n‹o como autor. Mais que isso: 
Essa teoria n‹o explica o fen™meno da autoria mediata (quando alguŽm 
se vale de um inimput‡vel para cometer um crime). 
A segunda teoria, a teoria objetivo-material, entende que autor Ž 
quem colabora com participa‹o de maior import‰ncia para o crime, e 
part’cipe Ž quem colabora com participa‹o reduzida, independentemente 
de quem pratica o nœcleo do tipo (verbo que descreve a conduta 
criminosa Ð matar, subtrair, etc.). 
A terceira e œltima teoria, a teoria do dom’nio do fato, criada pelo 
pai do finalismo, Hans Welzel10, e posteriormente desenvolvida por Claus 
Roxin, defende que autor Ž todo aquele que possui o dom’nio da 
conduta criminosa, seja ele o executor (quem pratica a conduta 
prevista no nœcleo do tipo) ou n‹o11. Para esta teoria, o autor seria aquele 
que decide o tr‰mite do crime, sua pr‡tica ou n‹o, etc. Essa teoria 
explica, satisfatoriamente, o caso do mandante, por exemplo, que mesmo 
sem praticar o nœcleo do tipo (Òmatar alguŽmÓ), possui o dom’nio do fato, 
pois tem o poder de decidir sobre o rumo da pr‡tica delituosa. 
Para esta teoria, o part’cipe existe, e Ž aquele que contribui para a 
pr‡tica do delito12, embora n‹o tenha poder de dire‹o sobre a conduta 
delituosa. O part’cipe s— controla a pr—pria vontade, mas a n‹o a conduta 
criminosa em si, pois esta n‹o lhe pertence. 
 
A teoria do dom’nio do fato tem por finalidade estabelecer uma 
diferencia‹o entre autor e part’cipe a partir da no‹o de Òcontrole da 
situa‹oÓ. Aquele que, mesmo n‹o executando a conduta descrita no 
nœcleo do tipo, possui todo o controle da situa‹o, inclusive com a 
possibilidade de intervir a qualquer momento para fazer cessar a 
conduta, deve ser considerado autor, e n‹o part’cipe. 
O controle (ou dom’nio) da situa‹o pode se dar mediante13: 
																																																													
10 WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p. 105 
11 MU„OZ CONDE, Francisco. Teor’a general del delito. Ed. Temis Editorial. Bogot‡, 
1999, p. 155-156 
12 WELZEL, Hans. Op. Cit.___, p.117-119 
13 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 557-558 
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1 - Dom’nio da a‹o - O agente realiza diretamente a conduta 
prevista no tipo penal2 - Dom’nio da vontade - O agente n‹o realiza a conduta 
diretamente, mas Ž o "senhor do crime", controlando a vontade do 
executor, que Ž um mero instrumento do delito (hip—tese de autoria 
mediata). 
3 - Dom’nio funcional do fato - O agente desempenha uma 
fun‹o essencial e indispens‡vel ao sucesso da empreitada criminosa, 
que Ž dividida entre os comparsas, cabendo a cada um uma parcela 
significativa, essencial e imprescind’vel. 
Em todos estes casos, o agente ser‡ considerado autor do delito. 
 
A teoria do dom’nio do fato, porŽm, n‹o se aplica aos crimes 
culposos, pois neste n‹o h‡ dom’nio final do fato, pois o fato final 
(resultado) n‹o Ž buscado pelos agentes, que pretendiam outro 
resultado14. 
A teoria adotada pelo CP Ž a teoria objetivo-formal, 
considerando autor aquele que realiza a conduta descrita no nœcleo do 
tipo, j‡ que denota sua Òvontade de autorÓ (animus auctoris), em 
contraposi‹o ˆ Òvontade de colabora‹oÓ do part’cipe (animus socii). 
Entretanto, considera-se adotada a teoria do dom’nio do fato para 
os crimes em que h‡ autoria mediata, autoria intelectual, etc., de 
forma a complementar a teoria adotada. 
Esta Ž, portanto, a posi‹o doutrin‡ria a respeito da posi‹o do 
CP sobre a diferena entre autor e part’cipe. 
Desta maneira, ap—s entendermos quem seria considerado autor do 
delito para o CP, podemos definir a coautoria como a espŽcie de concurso 
de pessoas na qual duas ou mais pessoas praticam a conduta descrita no 
nœcleo do tipo penal. Assim, no crime de roubo, se duas ou mais pessoas 
entram num banco, portando armas, e anunciam um assalto, todas elas 
praticaram a conduta descrita no nœcleo do tipo do art. 157, ¤ 2¡, I e II 
do CP (subtrair para si ou para outrem, mediante violncia ou grave 
ameaa...). Logo, todas s‹o coautoras do delito. 
No mesmo exemplo, o motorista que fica do lado de fora (o Òpiloto 
de fugaÓ) Ž considerado part’cipe, pois embora concorra para a pr‡tica do 
delito, n‹o pratica a conduta descrita no nœcleo do tipo penal. Contudo, 
para a teoria do dom’nio do fato o motorista Ž autor, pois detŽm o 
controle funcional do fato (divis‹o de tarefas). 
Por outro lado, JosŽ, que apenas emprestou o carro para o roubo, 
n‹o podendo influenciar, de alguma forma, no desfecho posterior do 
delito (uma vez esgotada sua participa‹o), Ž considerado part’cipe. 
																																																													
14 Idem, p. 558 
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A coautoria pode ser funcional (ou parcial), que Ž aquela na qual 
a conduta dos agentes s‹o diversas e se somam, de forma a produzir o 
resultado. Assim, se Ricardo segura a v’tima para que Poliana a 
espanque, ambos s‹o coautores do crime de les‹o corporal, mediante 
coautoria funcional. 
PorŽm, a coautoria pode ser, ainda, material (direta), que Ž a 
hip—tese em que ambos os coautores realizam a mesma conduta. Assim, 
no exemplo acima, se Ricardo e Poliana espancassem a v’tima, ambos 
seriam coautores mediante coautoria material. 
No quadro abaixo vou mostrar para vocs algumas hip—teses 
polmicas de aplica‹o do instituto da coautoria: 
 
 
Ø! Admite-se a coautoria nos crimes pr—prios, desde que ambos 
os agentes possuam a qualidade exigida pela lei, ou que, aqueles 
que n‹o a possuem, ao menos tenham cincia de que o outro 
agente age nessa qualidade. 
Ø! N‹o se admite a coautoria nos crimes de m‹o-pr—pria, pois 
s‹o considerados de conduta infung’vel, s— podendo ser praticados 
pelo sujeito especificamente descrito pela lei. 
Ø! A Doutrina se divide quanto ˆ possibilidade de coautoria em 
crimes omissivos, da seguinte forma: 
1 Ð Parte entende que NÌO Hç POSSIBILIDADE DE 
COAUTORIA OU PARTICIPA‚ÌO (Concurso de agentes), 
pois TODAS AS PESSOAS PRATICAM O NòCLEO DO TIPO, 
DE MANEIRA AUTïNOMA; 
2 Ð Outra parte da Doutrina entende poderia haver 
concurso de pessoas, na modalidade de coautoria, mas 
Ž minorit‡rio; 
3 Ð A Doutrina ligeiramente majorit‡ria entende que Ž 
poss’vel PARTICIPA‚ÌO, mas NÌO COAUTORIA. 
 
Ø! Na autoria mediata n‹o h‡ concurso de pessoas entre autor 
mediato autor imediato, respondendo apenas o autor mediato, que 
se valeu de alguŽm sem culpabilidade para a execu‹o do delito. 
Ø! Entretanto, Ž poss’vel coautoria e tambŽm participa‹o na autoria 
mediata, desde que haja colabora‹o entre os agentes 
mediatos. NUNCA HAVERç CONCURSO DE PESSOAS ENTRE 
AUTOR MEDIATO E AUTOR IMEDIATO. 
Ø! CUIDADO! Na coa‹o f’sica irresist’vel, n‹o h‡ autoria mediata, 
mas autoria direta, pois o agente que realiza a a‹o n‹o possui 
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conduta, j‡ que n‹o h‡ vontade. Nesse caso, aquele que pratica a 
coa‹o f’sica irresist’vel Ž autor direto, n‹o mediato; 
Ø! Admite-se a autoria mediata nos crimes pr—prios, mas n‹o nos 
crimes de m‹o pr—pria (h‡ alguns doutrinadores que entendem ser 
poss’vel). 
 
1.3.2.! Participa‹o 
Conforme estudamos, no Brasil adotou-se o conceito restritivo 
de autor, distinguindo-se autor e part’cipe. Adotou-se, ainda, a 
teoria objetivo-formal, de forma que podemos definir a participa‹o 
como a modalidade de concurso de pessoas na qual o agente colabora 
para a pr‡tica delituosa, mas n‹o pratica a conduta descrita no nœcleo do 
tipo penal. 
A participa‹o pode ser: 
¥! Moral Ð ƒ aquela na qual o agente n‹o ajuda materialmente 
na pr‡tica do crime, mas instiga ou induz alguŽm a praticar 
o crime. A instiga‹o ocorre quando o part’cipe age no 
psicol—gico do autor do crime, reforando a ideia criminosa, 
que j‡ existe na mente deste. O induzimento, por sua vez, 
ocorre quando o part’cipe faz surgir a vontade criminosa na 
mente do autor, que n‹o tinha pensado no delito; 
¥! Material Ð A participa‹o material Ž aquela na qual o 
part’cipe presta aux’lio ao autor, seja fornecendo objeto para 
a pr‡tica do crime, seja fornecendo aux’lio para a fuga, etc. ƒ 
tambŽm chamada de cumplicidade. Este aux’lio n‹o pode 
ser prestado ap—s a consuma‹o, salvo se o aux’lio foi 
previamente ajustado. 
 
J‡ que o part’cipe n‹o pratica a conduta descrita no nœcleo 
do tipo penal, como puni-lo? 
A punibilidade do part’cipe n‹o pode ser realizada diretamente pela 
descri‹o do fato t’pico. De fato, aquele que empresta uma arma para 
que alguŽm mate outra pessoa, n‹o poderia responder por homic’dio, pois 
o art. 121 do CP diz: Òmatar alguŽmÓ. Aquele que empresta a arma n‹o 
est‡ ÒmatandoÓ, por isso se diz que n‹o h‡, aqui, adequa‹o t’pica 
imediata. 
Contudo, a punibilidade do part’cipe Ž poss’vel porque h‡ normas de 
extens‹o da adequa‹o t’pica (no caso, o art. 29 do CP), que permitem a 
extens‹o do raio de aplica‹o do tipo penal para aqueles que, de alguma 
forma, tenham contribu’do para o delito. Trata-se da chamada 
adequa‹o t’pica mediata. 
Como a conduta do part’cipe Ž considerada acess—ria em rela‹o ˆ 
conduta do autor (que Ž principal), o part’cipe Ž punido em raz‹o da 
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teoria da acessoriedade15. PorŽm, existem quatro teorias da 
acessoriedade: 
¥! Teoria da acessoriedade m’nima Ð Entende que a conduta 
principal deva ser um fato t’pico, n‹o importando se Ž ou n‹o 
um fato il’cito. EXEMPLO: Imagine que Marcio e Jo‹o 
combinam de matar Paulo. Na data combinada para a 
execu‹o, Marcio guiao carro atŽ o local e fica esperando do 
lado de fora. Jo‹o se dirige atŽ Paulo e, ap—s uma discuss‹o, 
Paulo comea a agredir Jo‹o, que na verdade mata Paulo 
em leg’tima defesa. Jo‹o matou Paulo em leg’tima defesa e 
n‹o em raz‹o do ajuste com Marcio (n‹o tendo praticado fato 
il’cito, mas apenas t’pico), mas por esta teoria, mesmo assim 
Marcio responderia como part’cipe do crime. Veja que Jo‹o, 
de fato, matou Paulo. Contudo, o fato n‹o Ž il’cito, pois Jo‹o 
agiu em leg’tima defesa. PorŽm, para esta teoria, ainda que a 
conduta de Jo‹o seja considerada apenas t’pica, mas n‹o 
il’cita, Marcio deveria ser punido. O pior de tudo Ž que, neste 
caso, M‡rcio, que n‹o praticou a conduta seria punido, mas 
Jo‹o seria absolvido pela leg’tima defesa. 
¥! Teoria da acessoriedade limitada Ð Exige que o fato 
praticado (conduta principal) seja pelo menos uma conduta 
t’pica e il’cita. Assim, no exemplo dado acima, a conduta do 
part’cipe Marcio n‹o Ž pun’vel, pois a conduta principal, 
apesar de t’pica, n‹o Ž il’cita. Veja que, para esta corrente 
Doutrin‡ria, se o fato praticado pelo autor NÌO FOR 
ILêCITO (Ainda que seja um fato t’pico), em raz‹o de 
leg’tima defesa, etc., o part’cipe n‹o deve ser punido; 
¥! Teoria da acessoriedade m‡xima Ð Para esta teoria, o 
part’cipe s— ser‡ punido se o fato for t’pico, il’cito e praticado 
por agente culp‡vel. Essa teoria faz exigncia irrazo‡vel, pois 
a culpabilidade Ž uma quest‹o pessoal do agente, n‹o 
guardando rela‹o com o fato. Assim, imagine que Carlos, 
maior de idade, seja part’cipe de um roubo praticado por 
Lucas, menor de idade. Para esta corrente, Carlos n‹o 
poderia responder pelo roubo praticado (na qualidade 
de part’cipe), pois Lucas (o autor principal) Ž 
inimput‡vel (n‹o tem culpabilidade), sendo o fato 
apenas t’pico e il’cito, sem o complemento da 
culpabilidade. 
																																																													
15 A teoria da acessoriedade deriva de uma das teorias dos FUNDAMENTOS da 
punibilidade do part’cipe, que Ž a TEORIA DO FAVORECIMENTO (ou da CAUSA‚ÌO), que 
diz que o part’cipe deve ser punido por ter coloborado para que o delito fosse realizado. 
Em contraposi‹o a esta, havia a teoria da participa‹o na culpabilidade, que defendia 
que o part’cipe deveria ser punido apenas por exercer Òinfluncia negativaÓ sobre o 
autor. Esta œltima foi abandonada pela Doutrina h‡ algumas dŽcadas. 
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¥! Teoria da hiperacessoriedade Ð Exige que, alŽm de o fato 
ser t’pico e il’cito e o agente culp‡vel, o autor tenha sido 
efetivamente punido para que o part’cipe responda pelo 
crime. ƒ ainda mais irrazo‡vel que a œltima. Imagine que JosŽ 
seja part’cipe de um roubo praticado por Marcelo. No decorrer 
do processo, Marcelo vem a falecer (o que gera a extin‹o da 
punibilidade de Marcelo, nos termos do CP). Para esta 
corrente, como houve extin‹o da punibilidade em 
rela‹o a Marcelo (o autor do delito), o part’cipe (JosŽ) 
n‹o poder‡ mais ser punido. 
 
O Nosso CP n‹o adotou expressamente nenhuma das quatro 
teorias, mas com certeza n‹o adotou a teoria da acessoriedade m’nima 
nem a teoria da hiperacessoriedade (as extremas). 
A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao 
nosso sistema Ž a teoria da acessoriedade limitada16, exigindo que 
o fato seja somente t’pico e il’cito para que o part’cipe responda pelo 
crime. 
Quest›es interessantes acerca da participa‹o: 
 
Ø! A lei admite a redu‹o da pena de 1/6 a 1/3 se a participa‹o Ž de 
menor import‰ncia (art. 29, ¤ 1¡ do CP). Isto n‹o se aplica ˆs 
hip—teses de coautoria, mas apenas ˆ participa‹o; 
Ø! A Doutrina admite a participa‹o nos crimes comissivos por 
omiss‹o, quando o part’cipe devia e podia evitar o resultado (art. 
13, ¤ 2¡ do CP). 
Ø! A participa‹o in—cua n‹o se pune. Assim, se A empresta uma 
faca a B, de forma a auxili‡-lo a matar C, e B mata C usando seu 
rev—lver, a participa‹o de A foi absolutamente in—cua, pois em 
nada auxiliou no resultado. Da mesma forma, se A instiga B a 
matar C, e B realiza a conduta porque j‡ estava determinado a 
isso, a instiga‹o promovida por A n‹o teve qualquer efic‡cia, pois 
B j‡ mataria C de qualquer forma. 
Ø! Participa‹o em cadeia Ž poss’vel: Assim, se A empresta uma 
arma a B, para que este a empreste a C, a fim de que este œltimo 
mate D, tanto A quanto B s‹o part’cipes do crime, por prestarem 
aux’lio material em cadeia. 
Ø! A participa‹o em a‹o alheia ocorre quando o part’cipe, sem 
qualquer liame subjetivo com o autor, contribui de maneira culposa 
																																																													
16
	BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit.___, p. 565	
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para a pr‡tica do delito. Assim, o funcion‡rio pœblico que n‹o 
tranca a porta da reparti‹o ao final do expediente, e esta vem a 
ser furtada por um particular na madrugada, responde por peculato 
culposo (art. 312, ¤ 2¡ do CP), enquanto o particular responde por 
furto. N‹o h‡ concurso de pessoas pois falta o liame subjetivo 
entre ambos (coerncia de vontades). 
 
(FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVI EXAME DE ORDEM) 
Maria Joaquina, empregada domŽstica de uma residncia, 
profundamente apaixonada pelo vizinho Fernando, sem que este 
soubesse, escuta sua conversa com uma terceira pessoa 
acordando o furto da casa em que ela trabalha durante os dias de 
semana ˆ tarde. Para facilitar o sucesso da opera‹o de seu 
amado, ela deixa a porta aberta ao sair do trabalho. Durante a 
empreitada criminosa, sem saber que a porta da frente se 
encontrava destrancada, Fernando e seu comparsa arrombam a 
porta dos fundos, ingressam na residncia diversos objetos. 
Diante desse quadro f‡tico, assinale a op‹o que apresenta a 
correta responsabilidade penal de Maria Joaquina. 
a) Dever‡ responder pelo mesmo crime de Fernando, na qualidade 
de part’cipe, eis que contribuiu de alguma forma para o sucesso 
da empreitada criminosa ao n‹o denunciar o plano. 
b) Dever‡ responder pelo crime de furto qualificado pelo concurso 
de agentes, afastada a qualificadora do rompimento de obst‡culo, 
por esta n‹o se encontrar na linha de seu conhecimento. 
c) N‹o dever‡ responder por qualquer infra‹o penal, sendo a sua 
participa‹o irrelevante para o sucesso da empreitada criminosa. 
d) Dever‡ responder pelo crime de omiss‹o de socorro. 
COMENTçRIOS: No caso em tela, Maria Joaquina n‹o dever‡ responder 
por qualquer infra‹o penal, j‡ que sua conduta foi absolutamente 
irrelevante para o sucesso da empreitada criminosa. A colabora‹o de 
Maria Joaquina n‹o teve qualquer relev‰ncia para o fato criminoso, de 
maneira que n‹o Ž pun’vel (um dos requisitos da punibilidade da 
participa‹o Ž a relev‰ncia causal). 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C. 
 
1.4.! Comunicabilidade das circunst‰ncias 
O art. 30 do CP estabelece que: 
Art. 30 - N‹o se comunicam as circunst‰ncias e as condi›es de car‡ter 
pessoal, salvo quando elementares do crime. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 
7.209, de 11.7.1984) 
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Antes de estudarmos a comunicabilidade ou n‹o das circunst‰ncias, 
devemos diferenciar a mera circunst‰ncia da circunst‰ncia elementar do 
crime. 
A circunst‰ncia elementar Ž aquela que se refere a algo 
indispens‡vel paraa caracteriza‹o do crime. Assim, a circunst‰ncia 
ÒalguŽmÓ no crime de homic’dio, Ž uma elementar, pois se o fato for 
praticado contra um animal, por exemplo, n‹o haver‡ homic’dio. 
Por sua vez, a mera circunst‰ncia n‹o Ž indispens‡vel ˆ 
caracteriza‹o do crime, pois apenas agregam um fato que, se presente, 
aumenta ou diminui a pena. Assim, o Òmotivo torpeÓ Ž uma circunst‰ncia 
n‹o-elementar, ou mera circunst‰ncia, pois caso o fato seja praticado 
sem essa circunst‰ncia, continua a existir homic’dio, no entanto, sem a 
qualificadora. 
 
1.4.1.! EspŽcies de elementares e de circunst‰ncias 
Podem ser subjetivas (de car‡ter pessoal), quando relativas ˆ 
pessoa do agente. ƒ o caso da condi‹o de funcion‡rio pœblico, que Ž 
pessoal, pois se refere ao agente. 
Podem ser, ainda, objetivas (ou de car‡ter real), quando se 
referem ao fato criminoso em si, seu modus operandi, etc. Assim, o 
emprego de violncia, no crime de roubo (art. 157 do CP) Ž uma 
elementar objetiva. 
As condi›es pessoais n‹o se confundem com as 
circunst‰ncias ou elementares de car‡ter pessoal. As primeiras s‹o 
fatores pessoais do agente, que independem da pr‡tica da infra‹o penal. 
Assim, o fato de o agente ser menor de 21 anos Ž uma condi‹o pessoal, 
e n‹o uma circunst‰ncia de car‡ter pessoal, tampouco uma elementar. 
Com base nesses trs institutos (elementares, circunst‰ncias e 
condi›es pessoais), podemos extrair trs regras do CP: 
ü! As circunst‰ncias e condi›es de car‡ter pessoal n‹o se 
comunicam Ð Se A contrata B, para que este mate C, em 
raz‹o deste œltimo ter estuprado sua filha, A comete o crime 
de homic’dio privilegiado, em raz‹o do relevante valor moral 
(art. 121, ¤ 1¡ do CP). Entretanto, B n‹o comete o crime de 
homic’dio privilegiado, pois a circunst‰ncia Òrelevante valor 
moralÓ Ž pessoal, n‹o se estendendo ao coautor; 
ü! As circunst‰ncias de car‡ter real, ou objetivas, se 
comunicam Ð PorŽm, Ž necess‡rio que a circunst‰ncia 
tenha entrado na esfera de conhecimento dos demais 
agentes. Imagine que A contrata B para matar C. B informa 
a A que usar‡ de emboscada (portanto, homic’dio qualificado, 
nos termos do art. 121, ¤ 2¡ do CP), e A concorda com isto. 
Nesse caso, a circunst‰ncia objetiva ÒemboscadaÓ (relativa ao 
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meio utilizado), se comunica, pois embora A n‹o tenha usado 
de emboscada, concordou com esta pr‡tica por B. 
Diversamente, se B praticasse o crime mediante emboscada 
sem nada comunicar ao mandante, A, esta circunst‰ncia n‹o 
se comunicaria, por n‹o ter entrado na esfera de 
conhecimento de A; 
ü! As elementares sempre se comunicam, sejam objetivas 
ou subjetivas Ð No entanto, mais uma vez se exige que 
estas elementares tenham entrado no ‰mbito de 
conhecimento dos demais agentes. Imaginem que Jœlio, 
servidor pœblico, convida Marcelo a entrar na reparti‹o onde 
trabalham, valendo-se da condi‹o de Jœlio, para subtrair 
alguns computadores. Caso Marcelo conhea a condi‹o de 
funcion‡rio pœblico de Jœlio, ambos respondem pelo crime de 
peculato-furto (art. 312, ¤ 1¡ do CP). Caso Marcelo 
desconhea essa circunst‰ncia elementar, responde ele 
apenas pelo crime de furto, pois a ausncia dessa 
circunst‰ncia faz desaparecer o crime de peculato-furto, mas 
a conduta ainda Ž pun’vel como furto comum. 
 
 
N‹o confundam coautoria com autoria colateral. Na coautoria, deve 
haver v’nculo subjetivo ligando as condutas de ambos os autores. Na 
autoria colateral, ambos praticam o nœcleo do tipo, mas um n‹o 
age em acordo de vontades com o outro. Imaginem que A e B, 
desafetos de C, sem que um saiba da existncia do outro, escondem-se 
atr‡s de ‡rvores esperando a passagem de C, a fim de mat‡-lo. Quando 
C passa, ambos atiram, e C vem a —bito. Nesse caso, n‹o houve 
coautoria, mas autoria colateral. Entretanto, a’ vai mais uma informa‹o: 
Imaginem que o laudo identifique que apenas uma bala atingiu C, direto 
na cabea, levando-o a —bito. Nesse caso, o laudo n‹o conseguiu apontar 
de qual arma saiu a bala que matou C. Nesse caso, como n‹o se pode 
definir quem efetuou o disparo fatal, ambos respondem pelo crime de 
homic’dio TENTADO, pois n‹o se pode atribuir a nenhum deles o 
homic’dio consumado, j‡ que o laudo Ž inconclusivo quanto a isto. Este Ž 
o fen™meno da autoria incerta. No entanto, se ambos estivessem agindo 
em conluio, com v’nculo subjetivo, ou seja, se houvesse concurso de 
pessoas, ambos responderiam por crime de homic’dio CONSUMADO, 
pois nesse caso seria irrelevante saber de qual arma partiu a bala que 
levou C a —bito. 
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(FGV Ð 2017 Ð OAB - XXIII EXAME DE ORDEM) 
Rafael e Francisca combinam praticar um crime de furto em uma 
residncia onde ela exercia a fun‹o de passadeira. Decidem, 
ent‹o, subtrair bens do im—vel em data sobre a qual Francisca 
tinha conhecimento de que os propriet‡rios estariam viajando, 
pois assim ela tinha certeza de que os patr›es, de quem gostava, 
n‹o sofreriam qualquer ameaa ou violncia. 
No dia do crime, enquanto Francisca aguarda do lado de fora, 
Rafael entra no im—vel para subtrair bens. Ela, porŽm, percebe 
que o carro dos patr›es est‡ na garagem e tenta avisar o fato ao 
comparsa para que este sa’sse r‡pido da casa. Todavia, Rafael, ao 
perceber que a casa estava ocupada, decide empregar violncia 
contra os propriet‡rios para continuar subtraindo mais bens. 
Descobertos os fatos, Francisca e Rafael s‹o denunciados pela 
pr‡tica do crime de roubo majorado. 
Considerando as informa›es narradas, o(a) advogado(a) de 
Francisca dever‡ buscar 
A) sua absolvi‹o, tendo em vista que n‹o desejava participar do 
crime efetivamente praticado. ͒ 
B) o reconhecimento da participa‹o de menor import‰ncia, com 
aplica‹o de causa de redu‹o de pena. ͒ 
C) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime 
menos grave, aplicando-se a pena do furto qualificado. ͒ 
D) o reconhecimento de que o agente quis participar de crime 
menos grave, aplicando-se causa de diminui‹o de pena sobre a 
pena do crime de roubo majorado. ͒ 
COMENTçRIOS: Nesse caso, o advogado deve buscar o reconhecimento 
da Òcoopera‹o dolosamente distintaÓ ou Òparticipa‹o em crime menos 
graveÓ, prevista no art. 29, ¤2¼ do CP, pois Francisca quis participar 
apenas de um furto, n‹o de um roubo. Neste caso, Francisca deve 
responder pelo crime de furto, que foi aquele que efetivamente quis 
praticar. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C. 
 
(FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VII - 
PRIMEIRA FASE) 
Zen‹o e G—rgias desejam matar Tales. Ambos sabem que Tales Ž 
pessoa bastante met—dica e tem a seguinte rotina ao chegar no 
trabalho: pega uma x’cara de cafŽ na copa, deixa-a em cima 
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de sua bancada particular, vai a outra sala buscar o jornal e 
retorna ˆ sua bancada para l-lo, enquanto degusta a bebida. 
Aproveitando-se de tais dados, Zen‹o e G—rgias resolvem que 
executar‹o o crime de homic’dio atravŽs de envenenamento. 
Para tanto, Zen‹o, certificando-se que n‹o havia ninguŽm 
perto da bancada de Tales, coloca na bebida 0,1 ml de 
poderoso veneno. Logo em seguida chega G—rgias, que tambŽm 
verifica a ausncia de qualquerpessoa e adiciona ao cafŽ mais 
0,1 ml do mesmo veneno poderoso. Posteriormente, Tales 
retorna ˆ sua mesa e senta-se confortavelmente na cadeira 
para degustar o cafŽ lendo o jornal, como fazia todos os 
dias. Cerca de duas horas ap—s a ingest‹o da bebida, Tales vem 
a falecer. Ocorre que toda a conduta de Zen‹o e G—rgias foi 
filmada pelas c‰meras internas presentes na sala da v’tima, as 
quais eram desconhecidas de ambos, raz‹o pela qual a autoria 
restou comprovada. TambŽm restou comprovado que Tales 
somente morreu em decorrncia da a‹o conjunta das duas 
doses de veneno, ou seja, somente 0,1 ml da subst‰ncia n‹o 
seria capaz de provocar o resultado morte. Com base na 
situa‹o descrita, Ž correto afirmar que 
a) caso Zen‹o e G—rgias tivessem agido em concurso de 
pessoas, deveriam responder por homic’dio qualificado doloso 
consumado. 
b) mesmo sem qualquer combina‹o prŽvia, Zen‹o e G—rgias 
deveriam responder por homic’dio qualificado doloso 
consumado. 
c) Zen‹o e G—rgias, agindo em autoria colateral, deveriam 
responder por homic’dio culposo. 
d) Zen‹o e G—rgias, agindo em concurso de pessoas, 
deveriam responder por homic’dio culposo. 
COMENTçRIOS: No caso em tela, Zen‹o e G—rgias agiram em autoria 
colateral, e NÌO em concurso de pessoas, pois n‹o havia qualquer v’nculo 
subjetivo entre eles (um n‹o conhecia a conduta do outro). 
N‹o h‡ que se falar em concurso de agentes, pois um desconhecia a 
conduta do outro. Contudo, caso estivessem agindo em concurso, ambos 
responderiam pelo resultado, ou seja, homic’dio doloso qualificado 
consumado. 
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETR A. 
 
(FGV Ð 2013 Ð OAB Ð XI EXAME UNIFICADO) 
Sofia decide matar sua m‹e. Para tanto, pede ajuda a Lara, amiga 
de longa data, com quem debate a melhor maneira de executar o 
crime, o melhor hor‡rio, local etc. Ap—s longas discuss›es de 
como poderia executar seu intento da forma mais eficiente 
poss’vel, a fim de n‹o deixar nenhuma pista, Sofia pede 
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emprestado a Lara um fac‹o. A amiga prontamente atende ao 
pedido. Sofia despede-se agradecendo a ajuda e diz que, se tudo 
correr conforme o planejado, executar‡ o homic’dio naquele 
mesmo dia e assim o faz. No entanto, apesar dos cuidados, tudo Ž 
descoberto pela pol’cia. 
A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da 
autoria, assinale a afirmativa correta. 
A) Sofia Ž a autora do delito e deve responder por homic’dio com a 
agravante de o crime ter sido praticado contra ascendente. Lara, 
por sua vez, Ž apenas part’cipe do crime e deve responder por 
homic’dio, sem a presena da circunst‰ncia agravante. 
B) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de 
homic’dio, incidindo, para ambas, a circunst‰ncia agravante de ter 
sido, o crime, praticado contra ascendente. 
C) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de 
homic’dio. Todavia, a agravante de ter sido, o crime, praticado 
contra ascendente somente incide em rela‹o ˆ Sofia. 
D) Sofia Ž a autora do delito e deve responder por homic’dio com 
a agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente. 
Lara, por sua vez, Ž apenas part’cipe do crime, mas a agravante 
tambŽm lhe ser‡ aplicada. 
COMENTçRIOS: A teoria restritiva sustenta a tese de que autor do delito 
Ž aquele que pratica a conduta descrita no nœcleo do tipo penal (no caso 
em tela, o verbo ÒmatarÓ), sendo part’cipes todos aqueles que, n‹o 
praticando a conduta descrita no nœcleo do tipo, prestam algum tipo de 
aux’lio (moral ou material). 
No caso em tela, apenas Sofia praticou a conduta descrita no nœcleo do 
tipo penal (matar), de forma que apenas esta Ž considerada AUTORA do 
delito. 
Lara, por sua vez, n‹o Ž considerada autora do delito, mas PARTêCIPE, 
por ter prestado aux’lio material (emprestando a faca) ˆ Sofia. 
Com rela‹o ˆ agravante (de ter sido praticado contra ascendente), esta 
n‹o Ž extens’vel ˆ Lara, pois se trata de circunst‰ncia agravante de 
car‡ter pessoal, aplic‡vel apenas ao infrator que possui lao de 
parentesco com a v’tima, nos termos do art. 65, II, e, C/C art. 30 do CP. 
Portanto, A ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A. 
 
(FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO) 
Analise detidamente as seguintes situa›es: 
Casu’stica 1: Amarildo, ao chegar a sua casa, constata que sua 
filha foi estuprada por Terncio. Imbu’do de relevante valor 
moral, contrata Ronaldo, pistoleiro profissional, para tirar a vida 
do estuprador. O servio Ž regularmente executado. 
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Casu’stica 2: Lucas concorre para um infantic’dio auxiliando 
Julieta, parturiente, a matar o nascituro Ð o que efetivamente 
acontece. Lucas sabia, desde o in’cio, que Julieta estava sob a 
influncia do estado puerperal. 
Levando em considera‹o a legisla‹o vigente e a doutrina sobre 
o concurso de pessoas (concursus delinquentium), Ž correto 
afirmar que 
A) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado 
e Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado por motivo torpe. 
No exemplo 2, Lucas e Julieta responder‹o pelo crime de 
infantic’dio. 
B) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado 
e Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio 
pelo fato de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No 
exemplo 2, Lucas, que n‹o est‡ influenciado pelo estado 
puerperal, responder‡ por homic’dio, e Julieta pelo crime de 
infantic’dio. 
C) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado 
e Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio 
pelo fato de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No 
exemplo 2, tanto Lucas quanto Julieta responder‹o pelo crime de 
homic’dio (ele na modalidade simples, ela na modalidade 
privilegiada em raz‹o da influncia do estado puerperal). 
D) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado 
e Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado pelo motivo fœtil. 
No exemplo 2, Lucas, que n‹o est‡ influenciado pelo estado 
puerperal, responder‡ por homic’dio e Julieta pelo crime de 
infantic’dio. 
COMENTçRIOS: 
Caso 01 Ð Tendo Amarildo agido mediante relevante valor moral, logo 
ap—s injusta provoca‹o da v’tima, Amarildo responde por homic’dio 
privilegiado, mas essa circunst‰ncia, por ser de car‡ter pessoal, n‹o se 
comunica a Ronaldo, que responde por homic’dio qualificado pelo motivo 
torpe (mediante paga ou promessa de recompensa); 
Caso 02 Ð Embora o delito de infantic’dio seja crime pr—prio, que s— pode 
ser praticado pela m‹e contra o pr—prio filho, durante o estado puerperal, 
Ž atualmente pac’fico o entendimento no sentido de que Ž poss’vel 
concurso de agentes, desde que o comparsa saiba da condi‹o de sua 
comparsa, ou seja, saiba que ela est‡ matando o pr—prio filho sob a 
influncia do estado puerperal. Assim, ambos responder‹o por 
infantic’dio; 
Assim, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A. 
 
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1.4.2.! Coopera‹o dolosamente distinta 
A coopera‹o dolosamente distinta, tambŽm chamada de 
Òparticipa‹o em crime menos graveÓ, ocorre quando ambos os agentes 
decidem praticardeterminado crime, mas durante a execu‹o, um deles 
decide praticar outro crime, mais grave. Nesse caso, aplica-se o art. 29, ¤ 
2¡ do CP: 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a 
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 
7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
¤ 2¼ - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-‡ aplicada a pena deste; essa pena ser‡ aumentada atŽ metade, na 
hip—tese de ter sido previs’vel o resultado mais grave. (Reda‹o dada pela Lei 
n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
EXEMPLO: Imaginem que Camila e Herval combinam de realizar um 
furto a uma casa que imaginam estar vazia. Camila espera no carro 
enquanto Herval adentra ˆ residncia. Entretanto, ao chegar ˆ residncia, 
Herval se depara com dois seguranas, e troca tiros com ambos, levando-
os a —bito (sinistro esse cara). Ap—s, entra na casa e subtrai diversos 
bens. Volta ao carro e ambos fogem. 
Camila n‹o quis participar de um latroc’nio (que foi o que 
efetivamente ocorreu), mas apenas de um furto. Assim, segundo a 
primeira parte do ¤ 2¡ do art. 29 do CP, responder‡ somente pelo furto. 
Entretanto, se ficar comprovado que Camila podia prever que o 
latroc’nio era prov‡vel (se soubesse, por exemplo, que Herval estava 
armado e que havia a possibilidade de ter seguranas na casa), a pena do 
crime de furto (n‹o a do latroc’nio!!) ser‡ aumentada atŽ a metade. 
A lei diz ÒatŽ a metadeÓ, logo, o aumento pode n‹o chegar a 
esse patamar. O aumento de pena ir‡ variar conforme o grau de 
previsibilidade do crime mais grave para o qual Camila n‹o se 
predisp™s, mas era previs’vel. 
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CUIDADO MASTER! Existe uma quest‹o muito 
controvertida no que se refere ao concurso de pessoas. ƒ a 
possibilidade (ou n‹o) de concurso de pessoas em crimes 
CULPOSOS. 
S‹o muitas, MUITAS ideias diferentes. Cada autor inventa alguma coisa 
para vender seu livro, certo? Bom, resumidamente, podemos definir a 
Doutrina majorit‡ria da seguinte forma: 
COAUTORIA EM CRIMES CULPOSO Ð ƒ poss’vel, pois Ž poss’vel que 
duas pessoas, de comum acordo, resolvam praticar uma conduta 
imprudente, por exemplo. Ex.: Dois rapazes resolvem atirar um m—vel do 
10¼ andar de um prŽdio, sem inten‹o de atingir ninguŽm, mas acabam 
lesionando uma pessoa. 
PARTICIPA‚ÌO EM CRIME CULPOSO Ð Depende. Podemos estar 
falando de participa‹o DOLOSA ou participa‹o CULPOSA. 
DOLOSA Ð N‹o cabe participa‹o dolosa em crime culposo, pois a 
Doutrina entende que n‹o h‡ Òunidade de vontadesÓ entre os agentes 
(um quer o resultado a t’tulo de dolo, e o outro, executor, Ž apenas um 
descuidado). Assim, n‹o h‡ Òv’nculo subjetivoÓ entre eles no que tange 
ao resultado. Logo, cada um responde por sua conduta. 
CULPOSA Ð ƒ poss’vel, pois Ž poss’vel que alguŽm, por culpa, induza, 
instigue ou preste aux’lio ao executor de uma conduta tambŽm culposa, 
e haveria Òunidade de vontadesÓ. 
CUIDADO: O STJ entende que NÌO cabe nenhum tipo de 
participa‹o em crime culposo. Parte da Doutrina tambŽm segue 
este entendimento. 
 
Por fim, o que Ž Òmultid‹o delinquenteÓ ou Òmultid‹o 
criminosaÓ17? S‹o considerados pela doutrina como aqueles atos em que 
inœmeras (incont‡veis, uma multid‹o) pessoas praticam o mesmo delito, 
agindo em concurso de pessoas, muitas vezes sem um acordo prŽvio, 
mas cada uma aderindo tacitamente ˆ conduta da outra. Ex.: 
Linchamentos, brigas de torcidas organizadas, saques a lojas ou a 
carretas tombadas, etc. 
A Doutrina sustenta que, mesmo nestes casos, tm-se 
CONCURSO DE PESSOAS, pois h‡ v’nculo subjetivo entre estas pessoas, 
ainda que t‡cito (n‹o expl’cito). O agente que praticar o delito nestas 
condi›es, porŽm, dever‡ ter sua pena atenuada, nos termos do art. 65, 
																																																													
17 O termo Òmultid‹o criminosaÓ Ž utilizado, dentre outros, por RenŽ Ariel Dotti (cf. 
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. Ed. Revista dos Tribunais. 4¼ ed. 
S‹o Paulo. 2012, p. 459) 
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e do CP, j‡ que se trata de situa‹o em que h‡ maior vulnerabilidade 
psicol—gica para que uma pessoa venha a aderir a uma conduta 
criminosa. Por outro lado, os que promoverem, organizarem ou liderarem 
a conduta criminosa ter‹o suas penas agravadas (art. 62, I do CP). 
 
2.!CONCURSO DE CRIMES 
 
2.1.! Conceito e natureza 
Assim como Ž plenamente poss’vel que duas ou mais pessoas se 
unam para praticar determinado delito, Ž plenamente poss’vel que de 
uma mesma conduta (ou de uma sŽrie de condutas interligadas) surjam 
v‡rios crimes. 
O concurso de crimes pode ser de trs espŽcies: concurso 
formal, concurso material e crime continuado. 
A exata caracteriza‹o de cada um dos institutos Ž bastante 
importante, pois isso influenciar‡ na ado‹o do sistema de aplica‹o da 
pena. 
Trs tambŽm s‹o os sistemas de aplica‹o da pena: 
¥! Sistema do cœmulo material Ð Aqui, ao agente Ž aplicada a 
pena correspondente ao somat—rio das penas relativas a cada 
um dos crimes cometidos isoladamente. Foi adotado no que 
tange ao concurso material (art. 69 do CP), no concurso 
formal impr—prio ou imperfeito (art. 70, caput, 2¡ parte) e no 
concurso de penas de multa (art. 72 do CP); 
¥! Sistema da exaspera‹o Ð Aplica-se ao agente somente 
a pena da infra‹o penal mais grave, acrescida de 
determinado percentual. Foi acolhido no que se refere ao 
concurso formal pr—prio ou perfeito (art. 70, caput, primeira 
parte, do CP) e ao crime continuado (art. 71 do CP); 
¥! Sistema da absor‹o Ð Aplica-se somente a pena da 
infra‹o penal mais grave, dentre todas as praticadas, sem 
que haja qualquer aumento. Foi adotado 
(jurisprudencialmente) em rela‹o aos crimes falimentares. 
 
2.2.! EspŽcies 
 
2.2.1.! Concurso material (ou real) de crimes 
Est‡ regulado pelo art. 69 do CP: 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma a‹o ou omiss‹o, pratica 
dois ou mais crimes, idnticos ou n‹o, aplicam-se cumulativamente as penas 
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplica‹o 
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cumulativa de penas de reclus‹o e de deten‹o, executa-se primeiro aquela. 
(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
¤ 1¼ - Na hip—tese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena 
privativa de liberdade, n‹o suspensa, por um dos crimes, para os demais 
ser‡ incab’vel a substitui‹o de que trata o art. 44 deste C—digo. (Reda‹o 
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
¤ 2¼ - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado 
cumprir‡ simultaneamente as que forem compat’veis entre si e 
sucessivamente as demais. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
Nesse fen™meno, o agente pratica duas ou mais condutas e produz 
dois ou mais resultados. Pode ser homogneo, quando todos os crimes 
praticados s‹o idnticos, ou heterogneo, quando os crimes s‹o 
diferentes. 
Esse cœmulo de penas deve ser aplicado pelo Juiz na hora da 
sentena, se os processos tiverem sido reunidos por conex‹o, ou pelo Juiz 
da execu‹o, caso tenham sido aplicadas as penas em processos diversos 
(nos termos do art. 66, III, a da LEP). 
Se for imposta pena de reclus‹o a um dos crimes e de deten‹oa 
outro, executa-se primeiramente a de reclus‹o, nos termos do art. 69, 
caput, segunda parte, do CP. 
S— ser‡ poss’vel a aplica‹o de penas restritivas de direitos a um 
dos crimes se em rela‹o aos outros foi aplicada pena tambŽm restritiva 
de direitos ou, em caso de ter sido aplicada pena privativa de liberdade, 
esta foi suspensa (Ž o chamado sursis), nos termos do art. 69, ¤ 1¡ do 
CP. 
As penas restritivas de direitos podem ser cumpridas 
simultaneamente, desde que compat’veis. Assim, a pena de limita‹o de 
final de semana n‹o pode ser cumprida simultaneamente com outra 
restritiva de direitos idntica (limita‹o de final de semana), pois nesse 
caso o agente estaria cumprindo apenas uma das penas (e pagando as 
duas o malandro!). Entretanto, Ž plenamente poss’vel o cumprimento 
simult‰neo de pena restritiva de direitos consistente em presta‹o de 
servios ˆ comunidade e outra consistente em presta‹o pecuni‡ria ($$), 
pois isso n‹o importa em preju’zo a ninguŽm (nem ao Estado nem ao 
infrator). 
S— Ž poss’vel a suspens‹o condicional do processo (art. 89 da Lei 
9.099/95) se o somat—rio das penas m’nimas previstas para todos os 
crimes for inferior a um ano. Assim, se o acusado praticou dois crimes em 
concurso material, sendo a pena m’nima de ambos estipulada em 03 
meses de deten‹o, Ž poss’vel a suspens‹o condicional do processo. 
 
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2.2.2.! Concurso formal de crimes 
No concurso formal, ou ideal, o agente, mediante uma œnica 
conduta, pratica dois ou mais crimes, idnticos ou n‹o. Nos termos do 
art. 70 do CP: 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma s— a‹o ou omiss‹o, pratica dois 
ou mais crimes, idnticos ou n‹o, aplica-se-lhe a mais grave das penas 
cab’veis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto atŽ metade. As penas aplicam-se, entretanto, 
cumulativamente, se a a‹o ou omiss‹o Ž dolosa e os crimes concorrentes 
resultam de des’gnios aut™nomos, consoante o disposto no artigo 
anterior.(Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
Par‡grafo œnico - N‹o poder‡ a pena exceder a que seria cab’vel pela regra 
do art. 69 deste C—digo. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
Primeiramente, deve ser esclarecido a vocs que deve haver 
unidade de conduta e pluralidade de resultados. No entanto, a 
unidade de conduta n‹o significa unidade de atos, pois existem condutas 
que podem ser fracionadas em diversos atos, como no caso de alguŽm 
que mata outra pessoa com diversas pauladas na cabea. Embora neste 
caso haja diversos atos, h‡ unidade de conduta. 
O concurso formal ser‡ homogneo se todos os crimes cometidos 
mediante a conduta œnica forem idnticos, e ser‡ heterogneo se os 
crimes praticados forem diversos. 
O concurso formal pode ser, ainda, perfeito ou imperfeito: 
¥! Concurso formal perfeito (pr—prio) Ð Aqui o agente 
pratica uma œnica conduta e acaba por produzir dois 
resultados, embora n‹o pretendesse realizar ambos, ou 
seja, n‹o h‡ des’gnios aut™nomos (inten‹o de, com uma 
œnica conduta, praticar dolosamente mais de um crime). 
Exemplo: Imaginem que Camila, dirigindo seu Bugatti pelas 
ruas de S‹o Paulo, em alt’ssima velocidade, atropela, sem 
querer, um pedestre, que vem a —bito, e causa les›es graves 
em outro pedestre. Nesse caso, Camila responde pelos crimes 
de homic’dio culposo e les‹o corporal culposa em concurso 
formal, aplicando-se a ela a pena do homic’dio culposo (mais 
grave) acrescida de 1/6 atŽ a metade; 
¥! Concurso formal imperfeito (impr—prio) Ð Aqui o agente 
se vale de uma œnica conduta para, dolosamente, 
produzir mais de um crime. Imaginem que, no exemplo 
anterior, Camila desejasse matar o pedestre, antigo desafeto, 
bem como lesionar o outro pedestre (sua ex-sogra). Assim, 
com sua œnica conduta, Camila objetivou praticar ambos os 
crimes, respondendo por ambos em concurso formal 
imperfeito, e lhe ser‡ aplica a pena de ambos 
cumulativamente (sistema do cœmulo material), pois esse 
concurso formal Ž formal apenas no nome, j‡ que deriva de 
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inten›es (des’gnios) aut™nomas, nos termos do art. 70, 
segunda parte, do CP. 
 
2.2.3.! Aplica‹o da pena no concurso formal 
Via de regra, no concurso formal o sistema utilizado Ž o da 
exaspera‹o, utilizando-se como base a pena do crime mais grave, 
aumentada (exasperada) de 1/6 atŽ a metade (art. 70, primeira parte, do 
CP). 
O quantum do aumento (entre 1/6 e metade da pena usada como 
base) ser‡ definido mediante a an‡lise da quantidade de crimes 
praticados. Se praticados poucos crimes, aplica-se o aumento m’nimo; se 
praticados diversos crimes mediante a œnica conduta, aplica-se o 
aumento em seu montante m‡ximo. 
Trata-se, portanto, de uma f—rmula de aplica‹o da pena que visa a 
beneficiar o rŽu, em raz‹o do menor desvalor de sua conduta. 
Entretanto, se estivermos diante de concurso formal 
imperfeito (impr—prio), aplica-se a regra estabelecida pelo art. 70, 
segunda parte, do CP, ou seja, o sistema do cœmulo material, pois 
o agente se valeu de uma œnica conduta para praticar diversos crimes de 
maneira dolosa, agindo com inten›es aut™nomas (des’gnios aut™nomos). 
H‡, ainda, a figura que se denominou de concurso material 
benŽfico, que ocorre quando o sistema da exaspera‹o se mostra 
prejudicial ao rŽu em rela‹o ao sistema da cumula‹o. 
EXPLICO: Imaginem que o agente tenha cometido homic’dio 
doloso simples (pena de 06 a 20 anos) e tenha, culposamente, mediante 
a mesma conduta, lesionado levemente uma terceira pessoa, cometendo 
o crime de les›es corporais culposas em concurso formal com o homic’dio 
(art. 129, ¤ 6¡ do CP, pena de 02 meses a um ano de deten‹o). 
Nesse exemplo acima, o sistema da exaspera‹o Ž muito prejudicial 
ao rŽu. Imaginem que o infrator tenha sido condenado pelo crime de 
homic’dio a 10 anos de reclus‹o (crime mais grave). Nesse caso, pelo 
sistema da exaspera‹o, por ter havido concurso formal, essa pena deve 
ser aumentada de 1/6 atŽ a metade. Logo, a pena dele variar‡ de 11 
anos e 08 meses a 15 anos de reclus‹o (pena base + 1/6 e pena base + 
metade). Pelo sistema do cœmulo material, como a pena de les›es 
culposas Ž bem pequena, a pena do agente variaria de 10 anos e dois 
meses a 11 anos de reclus‹o. Nesse caso, percebam, o sistema da 
exaspera‹o Ž prejudicial ao rŽu. Assim, a lei estabelece que, nesse caso, 
ELE NÌO SE APLICA, aplicando-se o sistema do cœmulo material, pois o 
sistema da exaspera‹o foi criado para beneficiar o rŽu e n‹o pode ser 
aplicado quando resultar em preju’zo a ele. Nos termos do ¤ œnico do art. 
70 do CP: 
Art. 70 (...) 
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Par‡grafo œnico - N‹o poder‡ a pena exceder a que seria cab’vel pela regra 
do art. 69 deste C—digo. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
2.2.4.! Crime continuado 
TambŽm conhecido como continuidade delitiva, Ž a espŽcie de 
concurso de crimes na qual o agente pratica diversas condutas, 
praticando dois ou mais crimes, que por determinadas condi›es, fazem 
entender que todos fazem parte de uma œnica cadeia delitiva. Nos termos 
do art. 71 do CP: 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma a‹o ou omiss‹o, pratica 
dois ou mais crimes da mesma espŽcie e, pelas condi›esde tempo, lugar, 
maneira de execu‹o e outras semelhantes, devem os subseqŸentes ser 
havidos como continua‹o do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um s— dos 
crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto a dois teros. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 
11.7.1984) 
Par‡grafo œnico - Nos crimes dolosos, contra v’timas diferentes, cometidos 
com violncia ou grave ameaa ˆ pessoa, poder‡ o juiz, considerando a 
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunst‰ncias, aumentar a pena de um s— dos 
crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas, atŽ o triplo, observadas as 
regras do par‡grafo œnico do art. 70 e do art. 75 deste C—digo.(Reda‹o dada 
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
Duas teorias buscam explicar este instituto: 
¥! Teoria da fic‹o jur’dica Ð Para esta teoria, a 
continuidade delitiva Ž uma fic‹o, pois, na verdade, 
existem diversos crimes, tendo a Lei considerado os diversos 
atos como apenas um crime, para fins de aplica‹o da pena. 
Esta teoria foi desenvolvida por Francesco Carrara; 
¥! Teoria da realidade, ou da unidade real Ð Para esta teoria, o 
crime continuado Ž, por sua pr—pria natureza, um œnico delito, 
n‹o havendo que se falar em fic‹o jur’dica. 
 
O nosso CP adotou a teoria da fic‹o jur’dica, pois a 
considera‹o dos diversos delitos como um œnico crime se d‡ apenas para 
fins de aplica‹o da pena, tanto que, no que tange ˆ prescri‹o, eles 
s‹o considerados crimes aut™nomos, nos termos do art. 119 do 
CP: 
Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extin‹o da punibilidade incidir‡ 
sobre a pena de cada um, isoladamente. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 
11.7.1984) 
 
2.2.5.! Requisitos para a configura‹o do crime continuado 
A Doutrina entende serem trs os requisitos do crime continuado: 
a) pluralidade de condutas; b) pluralidade de crimes da mesma 
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espŽcie; e c) condi›es semelhantes de tempo, lugar, modo de 
execu‹o e outras semelhanas. 
H‡ divergncia doutrin‡ria quanto ˆ necessidade de haver ou n‹o 
unidade de des’gnio. 
A pluralidade de conduta decorre da reda‹o do art. 71, que fala 
em Òmediante mais de uma a‹o ou omiss‹oÓ. 
A pluralidade de crimes causa polmica. O que seriam crimes 
da mesma espŽcie? A Doutrina e a Jurisprudncia n‹o s‹o pac’ficas. 
Parte minorit‡ria entende que crimes da mesma espŽcie s‹o aqueles que 
tutelam o mesmo bem jur’dico. Assim, para essa corrente, furto, 
estelionato, apropria‹o indŽbita, etc., seriam todos crimes da mesma 
espŽcie, pois seriam todos Òcrimes contra o patrim™nioÓ. 
No entanto, a corrente que prevalece, inclusive no STJ, Ž a de 
que crimes da mesma espŽcie s‹o aqueles tipificados pelo mesmo 
dispositivo legal, na forma simples, privilegiada ou qualificada, 
consumados ou tentados. Assim, seriam crimes da mesma espŽcie 
roubo e roubo qualificado18. 
Entretanto, essa corrente entende que, alŽm de serem tratados 
no mesmo dispositivo legal, devem tutelar o mesmo bem jur’dico. 
Assim, roubo simples (art. 157) e latroc’nio (art. 157, ¤ 3¡ do CP) n‹o 
seriam crimes da mesma espŽcie, pois o latroc’nio tutela, ainda, o direito 
ˆ vida, e n‹o somente o patrim™nio. O STJ j‡ solidificou este 
entendimento19. 
Por fim, a semelhana entre os delitos deve obedecer ˆ conex‹o 
de quatro gneros: temporal, espacial, modal e ocasional. 
A conex‹o temporal exige que os crimes tenham sido cometidos 
na mesma Žpoca. Mesma Žpoca n‹o implica mesmo momento. A 
jurisprudncia tem entendido que os crimes n‹o podem ter sido 
cometidos em um lapso temporal superior a 30 dias. No entanto, no que 
se refere aos crimes contra a ordem tribut‡ria, o STF j‡ entendeu que 
pode haver continuidade delitiva desde que os delitos tenham sido 
cometidos em lapso temporal n‹o superior a 03 anos. 
A conex‹o espacial indica que, para que seja considerada 
continuidade delitiva, os crimes devem ser cometidos no mesmo local. A 
Jurisprudncia entende que a conex‹o espacial s— estar‡ presente se os 
crimes forem cometidos na mesma cidade, ou, no m‡ximo, na mesma 
regi‹o metropolitana. 
A conex‹o modal se verifica quando o agente pratica o crime 
sempre da mesma maneira, seja pelo modo de execu‹o, pela utiliza‹o 
de comparsas, etc. 
																																																													
18
	AgRg no AREsp 311.775/SC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 
27/05/2014, DJe 03/06/2014	
19
	HC 186.575/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 27/08/2013, 
DJe 04/09/2013	
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A conex‹o ocasional n‹o possui previs‹o expressa na Lei, mas 
parte da Doutrina a entende como a necessidade de que os primeiros 
crimes tenham proporcionado uma ocasi‹o que gerou a pr‡tica dos 
crimes subsequentes. 
Com rela‹o ˆ unidade de des’gnios, ou seja, a 
necessidade de que todos os crimes praticados na verdade tenham sido 
partes de um œnico projeto criminoso, a Doutrina Ž dividida, mas a 
maioria da Doutrina, bem como a Jurisprudncia, entendem ser 
necess‡ria essa unidade de des’gnios, de forma que a mera reuni‹o 
dos demais requisitos n‹o configura a continuidade delitiva se os crimes 
foram praticados de maneira isolada, sem nenhum v’nculo entre eles. 
Isso significa que a maioria da Doutrina e a Jurisprudncia adotam a 
teoria objetivo-subjetiva, desprezando a teoria objetiva pura, que n‹o 
prev a necessidade de unidade de des’gnios. 
 
2.2.6.! Aplica‹o da pena no crime continuado 
Existem trs espŽcies de crime continuado: simples, qualificado e 
espec’fico. Entretanto, em todos os casos se aplica o sistema da 
exaspera‹o. 
No crime continuado simples, as penas dos delitos parcelares s‹o as 
mesmas. Exemplo: 10 furtos simples praticados em continuidade delitiva. 
Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles, acrescida de 1/6 a 2/3 
(varia conforme a quantidade de delitos). 
No crime continuado qualificado, as penas dos delitos praticados s‹o 
diferentes, de modo que se aplica a pena do mais grave deles, aumentada 
de 1/6 a 2/3. 
Por fim, o crime continuado espec’fico est‡ previsto no ¤ œnico do 
art. 71 do CP: 
Art. 71 (...) 
Par‡grafo œnico - Nos crimes dolosos, contra v’timas diferentes, cometidos 
com violncia ou grave ameaa ˆ pessoa, poder‡ o juiz, considerando a 
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunst‰ncias, aumentar a pena de um s— dos 
crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas, atŽ o triplo, observadas as 
regras do par‡grafo œnico do art. 70 e do art. 75 deste C—digo.(Reda‹o dada 
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984) 
 
Assim, nos crimes dolosos cometidos com violncia ou grave 
ameaa ˆ pessoa, sendo as v’timas diferentes, poder‡ o Juiz aplicar a 
pena de um deles (ou a mais grave, se diversas), aumentada atŽ o triplo. 
Vejam que se adotou o mesmo sistema da exaspera‹o, entretanto, o ¤ 
œnico previu um quantum maior a ser acrescido ˆ pena-base. A lei n‹o 
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estabelece a quantidade m’nima nesse caso, mas a 
Jurisprudncia, inclusive o STF, entende que o m’nimo aqui 
tambŽm Ž de 1/6. 
Aqui tambŽm se aplica a regra do Òconcurso

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