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Aula 6 Direito Penal Oab 1ª fase

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DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
Prof. Renan Araujo Ð Aula 06	 	 	 	 	
	
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1.6.2. Sequestro e c‡rcere privado .................................................................... 51
1.6.3. Redu‹o ˆ condi‹o an‡loga ˆ de escravo.................................................. 53
1.6.4. Tr‡fico de pessoas.................................................................................. 54
1.6.5. Dos crimes contra a inviolabilidade do domic’lio, da correspondncia e dos
segredos ........................................................................................................... 57
2. RESUMO .................................................................................................... 65
3. EXERCêCIOS DA AULA ............................................................................... 71
4. GABARITO................................................................................................. 77
Ol‡, meus amigos! Devorando os papiros?
Hoje vamos estudar os crimes contra a pessoa, que representam
o T’tulo I da Parte Especial do CP, e compreendem os arts. 121 a 154-B
do CP.
Nossa aula j‡ inclui a recente altera‹o promovida pela Lei
13.344/16, que incluiu o art. 149-A ao CP, tipificando o crime de Òtr‡fico
de pessoasÓ.
Como a matŽria Ž extensa, em nosso resumo, ao final da
aula, vamos trabalhar apenas os t—picos mais importantes.
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
DIREITO PENAL para o XXIV EXAME DA OAB
Teoria e exerc’cios comentados
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1. DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
1.1. Dos crimes contra a vida
A vida humana, para efeitos penais, pode ser tanto a vida
intrauterina quanto a vida extrauterina, de forma que n‹o s— a vida de
quem j‡ nasceu Ž tutelada, mas tambŽm ser‡ tutelada a vida
daqueles que ainda est‹o no ventre materno (nascituros).
Os arts. 121 a 123 cuidam da tutela da vida EXTRAUTERINA (De
quem j‡ nasceu), enquanto os crimes dos arts. 124/127 tratam da tutela
da vida INTRAUTERINA (Dos nascituros).1
Vamos comear ent‹o!
1.1.1. Homic’dio
O art. 121 do CP diz:
Homic’dio simples
Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclus‹o, de seis a vinte anos.
Caso de diminui‹o de pena
¤ 1¼ Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o dom’nio de violenta emo‹o, logo em seguida a
injusta provoca‹o da v’tima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
tero.
Homic’dio qualificado
¤ 2¡ Se o homic’dio Ž cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - ˆ trai‹o, de emboscada, ou mediante dissimula‹o ou outro recurso que
dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execu‹o, a oculta‹o, a impunidade ou vantagem de
outro crime:
Feminic’dio (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)
VI - contra a mulher por raz›es da condi‹o de sexo feminino:
(Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)
VII Ð contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constitui‹o Federal, integrantes do sistema prisional e da Fora
Nacional de Segurana Pœblica, no exerc’cio da fun‹o ou em
decorrncia dela, ou contra seu c™njuge, companheiro ou parente
consangu’neo atŽ terceiro grau, em raz‹o dessa condi‹o:
(Inclu’do pela Lei n¼ 13.142, de 2015)
Pena - reclus‹o, de doze a trinta anos.
																																																													
1 PRADO, Luis Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Volume 2. 5¼ edi‹o. Ed. Revista dos
Tribunais. S‹o Paulo, 2006, p. 58
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¤ 2o-A Considera-se que h‡ raz›es de condi‹o de sexo feminino
quando o crime envolve: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)
I - violncia domŽstica e familiar; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de
2015)
II - menosprezo ou discrimina‹o ˆ condi‹o de mulher. (Inclu’do
pela Lei n¼ 13.104, de 2015)
Homic’dio culposo
¤ 3¼ Se o homic’dio Ž culposo: (Vide Lei n¼ 4.611, de 1965)
Pena - deten‹o, de um a trs anos.
Aumento de pena
¤ 4o No homic’dio culposo, a pena Ž aumentada de 1/3 (um tero), se o
crime resulta de inobserv‰ncia de regra tŽcnica de profiss‹o, arte ou of’cio,
ou se o agente deixa de prestar imediato socorro ˆ v’tima, n‹o procura
diminuir as conseqŸncias do seu ato, ou foge para evitar pris‹o em
flagrante. Sendo doloso o homic’dio, a pena Ž aumentada de 1/3 (um tero)
se o crime Ž praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 10.741, de 2003)
¤ 5¼ - Na hip—tese de homic’dio culposo, o juiz poder‡ deixar de aplicar a
pena, se as conseqŸncias da infra‹o atingirem o pr—prio agente de forma
t‹o grave que a san‹o penal se torne desnecess‡ria. (Inclu’do pela Lei
n¼ 6.416, de 24.5.1977)
¤ 6¼ A pena Ž aumentada de 1/3 (um tero) atŽ a metade se o crime for
praticado por mil’cia privada, sob o pretexto de presta‹o de servio de
segurana, ou por grupo de exterm’nio. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.720, de
2012)
¤ 7o A pena do feminic’dio Ž aumentada de 1/3 (um tero) atŽ a
metade se o crime for praticado: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de
2015)
I - durante a gesta‹o ou nos 3 (trs) meses posteriores ao parto;
(Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
(sessenta) anos ou com deficincia; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104,
de 2015)
III - na presena de descendente ou de ascendente da v’tima.
(Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)
Vejamos as diversas modalidades de homic’dio:
1.1.1.1. Homic’dio simples
ƒ aquele previsto no caput do art. 121 (Òmatar alguŽmÓ). O
sujeito ativo pode ser qualquer pessoa f’sica, bem como qualquer
pessoa f’sica pode ser sujeito passivo do delito. Entretanto, se o
sujeito passivo for o Presidente da Repœblica, do Senado Federal, da
C‰mara dos Deputados ou do STF, e o ato possuir cunho pol’tico,
estaremos diante de um crime previsto na Lei de Segurana Nacional (art.
29 da Lei 7.710/89).2
																																																													
2 Caso a inten‹o seja destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, Žtnico, racial ou religioso,
teremos o delito de homic’dio genocida, previsto no art. 1¼, a, da Lei 2.889/56.
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O tipo objetivo (conduta descrita como incriminada) Ž TIRAR A
VIDA DE ALGUƒM. Mas para isso, precisamos saber quando se inicia a
vida humana.
A vida humana se inicia com o in’cio do parto. Para a maioria da
Doutrina, o in’cio do parto (que gera in’cio da vida) se d‡ com o in’cio do
processo de parto, no qual o feto passa a ter contato com a vida
extrauterina3.
N‹o h‡ necessidade de que o feto seja vi‡vel4, bastando que fique
provado que nasceu com vida, basta isso!
Assim, se for tirada a vida de alguŽm que ainda n‹o nasceu
(ainda n‹o h‡ vida extrauterina, n‹o h‡ homic’dio, podendo haver
aborto).
Semelhantemente, se o fato for praticado por quem j‡ n‹o tem mais
vida (cad‡ver), estaremos diante de UM CRIME IMPOSSêVEL (Por
absoluta impropriedade do objeto).
O homic’dio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de
fogo, facada, pancadas, etc.), podendoser praticado de forma comissiva
(a‹o) ou omissiva (omiss‹o). Como assim? Isso mesmo, pode ser que
alguŽm responda por homic’dio sem ter agido, mas tendo se omitido.5
EXEMPLO: M‹e que, mesmo sabendo que o padrasto ir‡ matar seu
filho, nada faz para impedi-lo, ainda que pudesse agir para evitar o crime
sem preju’zo de sua integridade f’sica. Neste caso, se o padrasto vem a
praticar o homic’dio, e ficar provado que a m‹e sabia e nada fez para
impedir, ela responder‡ por HOMICêDIO DOLOSO (mesmo sem ter
praticado qualquer ato!), na qualidade de crime omissivo IMPRîPRIO
(recomendo a leitura do art. 13, ¤2¼ do CP).
CUIDADO! O homic’dio pode ser praticado, ainda, por meios
psicol—gicos, n‹o sendo obrigat—rio o uso de meios materiais.6
O elemento subjetivo Ž o dolo, n‹o se exigindo qualquer finalidade
espec’fica de agir (dolo espec’fico). Pode ser dolo direto ou dolo indireto
(eventual ou alternativo).
O crime se consuma quando a v’tima vem a falecer, sendo,
portanto, um crime material. Como o delito pode ser fracionado em
v‡rios atos (crime plurissubsistente), existe a possibilidade de
tentativa, desde que, iniciada a execu‹o, o crime n‹o se consume por
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente.
																																																													
3 Por in’cio do parto entenda-se o in’cio da opera‹o, no caso de cesariana, ou o in’cio das
contra›es expulsivas, no caso de parto normal. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 58
4 Feto vi‡vel pode ser entendido como aquele que n‹o possui quaisquer doenas congnitas
capazes de impossibilitar a continuidade da vida extrauterina, como os anencŽfalos, por exemplo.
5 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 60/61
6 EXEMPLO: Imagine que a filha, desejosa de ver sua m‹e morta, a fim de herdar seu patrim™nio,
e sabendo que a m‹e possui problemas card’acos, simula uma situa‹o de sequestro de seu irm‹o
caula. A m‹e, ao receber a liga‹o, tem um infarto do mioc‡rdio, fulminante, vindo a —bito.
Nesse caso, a conduta dolosa e planejada da filha pode ser considerada homic’dio, pois o
meio foi h‡bil para alcanar o resultado pretendido.
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O homic’dio simples, ainda quando praticado por apenas uma
pessoa, MAS EM ATIVIDADE TêPICA DE GRUPO DE EXTERMêNIO
(CHACINA, POR EXEMPLO), ƒ CRIME HEDIDONDO (art. 1¼, I da Lei
8.072/90).
1.1.1.2. Homic’dio privilegiado (¤1¡)
O Homic’dio privilegiado possui as mesmas caracter’sticas do
homic’dio simples, com a peculiaridade de que a motiva‹o do crime,
neste caso, Ž NOBRE. Ou seja, o crime Ž praticado em circunst‰ncias nas
quais a Lei entende que a conduta do agente NÌO ƒ TÌO GRAVE. Pode
ocorrer em trs situa›es7:
¥ Motivo de relevante valor social Ð Por exemplo, matar o
estuprador do bairro.
¥ Motivo de relevante valor MORAL Ð Por exemplo, matar
por compaix‹o (eutan‡sia)8.
¥ Sob o dom’nio de violenta emo‹o, LOGO APîS injusta
provoca‹o da v’tima Ð Agente pratica o crime movido por
um sentimento de violenta raiva, imediatamente ap—s a
cria‹o desse sentimento pela pr—pria v’tima9. Ex.:
Imagine que o marido mate a pr—pria esposa ap—s ela o ter
xingado, afirmando que ele era um frouxo e fracassado, e que
ela j‡ teria dormido com toda a vizinhana. Nesse caso, se o
marido agir de supet‹o, dando-lhe um tiro, por exemplo, Hç
CRIME DE HOMICêDIO, mas em raz‹o da provoca‹o da
v’tima (injusta) que criou a violenta emo‹o no infrator, o
crime Ž privilegiado.
Mas quais as consequncias do crime privilegiado? A pena,
nesse caso, Ž diminu’da de 1/6 a 1/3.
CUIDADO! Se o crime for praticado em concurso de pessoas, a
circunst‰ncia pessoal (violenta emo‹o) n‹o se comunica entre os
agentes, respondendo por homic’dio simples aquele que n‹o
estava sob violenta emo‹o.10
1.1.1.3. Homic’dio qualificado
																																																													
7 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 61
8 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 61/62
9 CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi‹o. Ed. Juspodivm.
Salvador, 2015, p. 51/52
10 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 63. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 52
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O homic’dio qualificado Ž aquele para o qual se prev uma pena
mais grave (12 a 30 anos), em raz‹o da maior reprovabilidade da
conduta do agente. O homic’dio ser‡ qualificado quando for praticado:
¥ Mediante paga ou promessa de recompensa ou OUTRO
MOTIVO TORPE Ð Aqui se pune mais severamente o
homic’dio praticado por motivo torpe, que Ž aquela motiva‹o
repugnante, abjeta11, dando-se, como exemplo, a realiza‹o do
crime mediante paga ou promessa de recompensa. Trata-se
do mercen‡rio. Na modalidade de ÒpagaÓ, o pagamento
acontece antes. Na modalidade Òpromessa de recompensaÓ, o
pagamento dever‡ ocorrer depois do crime, mas a sua efetiva
concretiza‹o (do pagamento) Ž IRRELEVANTE. Aqui h‡ o
chamado concurso necess‡rio, pois Ž imprescind’vel que pelo
menos duas pessoas participem (quem paga ou promete e
quem executa). O STJ, no informativo 575, decidiu que se
trata de circunst‰ncia de car‡ter pessoal. Assim, o homic’dio,
para o mandante, n‹o ser‡ necessariamente qualificado
(a menos que o mandante esteja agindo por motivo torpe, fœtil,
etc.)12. A Doutrina diverge sobre a natureza da ÒrecompensaÓ,
mas prevalece o entendimento de que deva ter natureza
econ™mica13, embora a recompensa de outra natureza
tambŽm possa ser enquadrada como Òoutro motivo torpeÓ (H‡
interpreta‹o ANALîGICA aqui). A ÒvinganaÓ pode ou n‹o
ser considerada motivo torpe, isso depende do caso concreto
(posi‹o dos Tribunais).
¥ Por motivo fœtil Ð Aqui temos o motivo banal, aquele no qual
o agente retira a vida de alguŽm por um motivo bobo, rid’culo,
ou seja, h‡ uma despropor‹o gigante entre o motivo do crime
e o bem lesado (vida). MOTIVO INJUSTO ƒ DIFERENTE DE
MOTIVO FòTIL. O motivo injusto Ž inerente ao homic’dio (se
fosse justo, n‹o seria crime). A Doutrina majorit‡ria entende
que o crime praticado ÒSEM MOTIVO ALGUMÓ (ausncia de
motivo) tambŽm Ž qualificado. O STJ, entretanto, vem
firmando entendimento no sentido contr‡rio, ou seja, de que
seria homic’dio simples14.
																																																													
11 Um outro exemplo Ž a GANåNCIA. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 67
12 ÒO reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" (inciso I do ¤ 2¼ do
art. 121) em rela‹o ao executor do crime de homic’dio mercen‡rio n‹o qualifica
automaticamente o delito em rela‹o ao mandante, nada obstante este possa incidir no
referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o —bito alheio seja
torpe.Ó (REsp 1.209.852-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015, DJe
2/2/2016)
Na Doutrina existe DIVERGæNCIA, havendo, inclusive, certa predomin‰ncia da tese
CONTRçRIA, no sentido de que somente o executor responderia pela forma qualificada.
13 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 54
14 Ver, por todos:
Ò(...) 1. As raz›es declinadas na peti‹o do regimental se ressentem de argumentos novos e
robustos o bastante para infirmar os fundamentos da decis‹o agravada, proferida em
conformidade com a jurisprudncia sedimentada nesta Corte, no sentido de que a ausncia de
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¥ Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigocomum Ð Aqui temos mais uma hip—tese de
INTERPRETA‚ÌO ANALîGICA, pois o legislador d‡ uma
sŽrie de exemplos e no final abre a possibilidade para que
outras condutas semelhantes sejam punidas da mesma forma.
Temos aqui, n‹o uma qualificadora decorrente dos MOTIVOS
DO CRIME, mas uma qualificadora decorrente dos MEIOS
UTILIZADOS para a pr‡tica do delito. A Doutrina entende
que a qualificadora do Òemprego de venenoÓ s— incide se
a v’tima NÌO SABE que est‡ ingerindo veneno15; Se
souber, o crime poder‡ ser qualificado pelo meio cruel.
CUIDADO! MUITO CUIDADO! MAS MUITO CUIDADO MESMO! A
utiliza‹o de tortura como MEIO para se praticar o homic’dio,
qualifica o crime. Entretanto, se o agente pretende TORTURAR (esse
Ž o objetivo), mas se excede (culposamente) e acaba matando a v’tima,
NÌO Hç HOMICêDIO QUALIFICADO PELA TORTURA, mas TORTURA
QUALIFICADA PELO RESULTADO MORTE (art. 1¡, ¤3¡ da Lei
9.455/97).
¥ Ë trai‹o, de emboscada, ou qualquer outro meio que
dificulte ou torne imposs’vel a defesa do ofendido Ð
Nesse caso, o crime Ž qualificado em raz‹o, tambŽm, DO
MEIO UTILIZADO, pois ele dificulta a defesa da v’tima.
CUIDADO! A idade da v’tima (idoso ou criana, por
exemplo), n‹o Ž MEIO PROCURADO PELO AGENTE, logo,
n‹o qualifica o crime, embora, no caso concreto, torne mais
dif’cil a defesa, em alguns casos.
¥ Para assegurar a execu‹o, oculta‹o, a impunidade ou
vantagem de outro crime Ð Aqui h‡ o que chamamos de
conex‹o instrumental, ou seja, o agente pratica o homic’dio
para assegurar alguma vantagem referente a outro crime, que
pode consistir na execu‹o do outro crime, na oculta‹o do
outro crime, na impunidade do outro crime ou na vantagem do
outro crime. A conex‹o instrumental pode ser TELEOLîGICA
(assegurar a execu‹o FUTURA de outro crime) OU
CONSEQUENCIAL (assegurar a oculta‹o, a impunidade ou a
vantagem do outro crime, que Jç OCORREU). O Òoutro crimeÓ
																																																																																																																																																																																														
motivo n‹o se equipara ˆ existncia de futilidade, devendo, portanto, ser mantida em seus
pr—prios termos.
2. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1289181/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 17/10/2013,
DJe 29/10/2013)Ó
15 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 69
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NÌO PRECISA SER PRATICADO OU TER SIDO PRATICADO
PELO AGENTE, pode ter sido praticado por outra pessoa.
¥ FEMINICêDIO Ð Aqui teremos um homic’dio qualificado em
raz‹o de ter sido praticado contra mulher, em situa‹o
denominada de Òviolncia de gneroÓ. N‹o basta, assim, que a
v’tima seja mulher, deve ficar caracterizada a violncia de
gnero. Mas como se caracteriza a violncia de gnero? O
¤2¼-A do art. 121, tambŽm inclu’do pela Lei 13.104/2015,
estabelece que ser‡ considerada violncia de gnero quando o
crime envolver violncia domŽstica e familiar ou
menosprezo ou discrimina‹o ˆ condi‹o de mulher.
¥ CONTRA AGENTES DE SEGURAN‚A E DAS FOR‚AS
ARMADAS Ð O homic’dio tambŽm ser‡ considerado
ÒqualificadoÓ quando for praticado contra integrantes das
Foras Armadas (Marinha, ExŽrcito e Aeron‡utica), das foras
de segurana pœblica (Pol’cias federal, rodovi‡ria federal,
ferrovi‡ria federal, civil, militar e corpo de bombeiros militar),
dos agentes do sistema prisional (agentes penitenci‡rios) e
integrantes da Fora Nacional de Segurana. Contudo, n‹o
basta que o homic’dio seja praticado contra alguma destas
pessoas para que seja qualificado, Ž necess‡rio que o crime
tenha sido praticado em raz‹o da fun‹o exercida pelo agente.
Se o crime n‹o tem qualquer rela‹o com a fun‹o
pœblica exercida, n‹o se aplica esta qualificadora!
AlŽm dos pr—prios agentes, o inciso VII relaciona tambŽm os
parentes destes funcion‡rios pœblicos (c™njuge, companheiro
ou parente consangu’neo atŽ terceiro grau). Assim, o homic’dio
praticado contra qualquer destas pessoas, desde que guarde
rela‹o com a fun‹o pœblica do agente, ser‡ considerado
qualificado.
																																																													
16 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 58
ü E se houver mais de uma circunst‰ncia qualificadora (meio
cruel motivo torpe, por exemplo)? Nesse caso, n‹o existe
crime DUPLA OU TRIPLAMENTE QUALIFICADO. O crime Ž
apenas qualificado. Se houver mais de uma qualificadora, uma
delas qualifica o crime, e a outra (ou outras) Ž considerada como
agravante genŽrica (se houver previs‹o) ou circunst‰ncia judicial
desfavor‡vel16 (art. 59 do CP), caso n‹o seja prevista como
agravante. POSI‚ÌO ADOTADA PELO STF.
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1.1.1.4. Homic’dio culposo
O homic’dio culposo ocorre n‹o quando o agente quer a morte, mas
quando o agente pratica uma conduta direcionada a outro fim (que pode
ou n‹o ser l’cito), mas por inobserv‰ncia de um dever de cuidado
(negligncia, imprudncia ou imper’cia), acaba por causar a morte da
pessoa.
A imprudncia Ž a precipita‹o, Ž o ato praticado com afoba‹o,
t’pico dos AFOITOS. A negligncia, por sua vez, Ž a imprudncia na
forma omissiva, ou seja, Ž a ausncia de precau‹o. O agente deixa de
fazer alguma coisa que deveria para evitar o ocorrido. Na imper’cia, por
sua vez, o agente comete o crime por n‹o possuir aptid‹o tŽcnica para
realizar o ato.
EXEMPLOS: Imagine que numa mesa de cirurgia, um MƒDICO-
CIRURGIÌO esquea uma pina na barriga do paciente, que vem a
falecer em raz‹o disso. Nesse caso, n‹o houve imper’cia, pois o MƒDICO
ƒ APTO PARA REALIZAR A CIRURGIA, tendo havido negligncia (o
camarada n‹o tomou os cuidados devidos antes de dar os pontos na
cirurgia). Houve, portanto, negligncia.
Imaginem, agora, que no mesmo exemplo, o mŽdico que realizou a
conduta foi um CLêNICO GERAL, que n‹o sabia fazer uma cirurgia, e
tenha feito algo errado no procedimento. Aqui sim ter’amos imper’cia.
CUIDADO! N‹o existe compensa‹o de culpas! Assim, se a v’tima
tambŽm contribuiu para o resultado, o agente responde mesmo assim,
mas essa circunst‰ncia (culpa da v’tima) ser‡ considerada em favor do
rŽu na fixa‹o da pena.18
																																																													
17 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 65
18 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 63
ü E se o crime for, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado
(praticado por relevante valor moral e mediante emprego
de veneno, por exemplo)? Nesse caso, temos o chamado
homic’dio qualificado-privilegiado. Mas, CUIDADO! Isso s—
ser‡ poss’vel se a qualificadora for objetiva (relativa ao meio
utilizado), pois a circunst‰ncia privilegiadora Ž sempre subjetiva
(relativa aos motivos do crime). Assim, um crime nunca poder‡
ser praticado por motivo torpe e por motivo de relevante valo
moral ou social, s‹o coisas colidentes17! O STF e o STJ entendem
assim!
ü E sendo o crime qualificado-privilegiado, ser‡ ele hediondo?
NÌO! Pois sendo o motivo deste crime, um motivo nobre, embora
a execu‹o n‹o o seja, o motivo prepondera sobre o meio
utilizado, por analogia ao art. 67 do CP. POSI‚ÌO
MAJORITçRIA.
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EXEMPLO: Imagine que Rodrigo esteja dirigindo sua Ferrari a 300
km/h na Av. Paulista, de madrugada, acreditando que n‹o vai atropelar
ninguŽm, porque Ž muito Òbom de rodaÓ (Imprudncia). Eis que, de
repente, Nathalia atravessa arua com o sinal fechado para ela
(imprudncia), vindo a ser atropelada por Rodrigo, falecendo. Nesse caso,
Rodrigo responder‡ por homic’dio culposo, sim, mas o fato de Nathalia ter
agido com culpa tambŽm, ser‡ considerado favoravelmente a Rodrigo
quando da fixa‹o da pena base (Òcomportamento da v’timaÓ, art. 59 do
CP).
CUIDADO! Apenas para fins de registro, o homic’dio culposo na
dire‹o de ve’culo automotor, desde o advento da Lei 9.503/97, Ž crime
previsto no art. 302 da referida lei (C—digo de Tr‰nsito
Brasileiro).
1.1.1.5. Homic’dio majorado
O homic’dio pode ser majorado (ter a pena aumentada) no caso de
ter sido cometido em algumas circunst‰ncias. S‹o elas:
No homic’dio culposo (aumento de 1/3):
ü Resulta de inobserv‰ncia de regra tŽcnica ou profiss‹o, arte ou
of’cio
ü Se o agente deixa de prestar imediato socorro ˆ v’tima
ü N‹o procura diminuir as consequncias de seu ato
ü Foge para evitar pris‹o em flagrante
No homic’dio doloso:
ü Se o crime for cometido contra pessoa menor de 14 anos ou
maior de 60 anos (aumento de 1/3)
ü Se o crime for praticado por mil’cia privada, sob o pretexto de
presta‹o de servio de segurana, ou por grupo de exterm’nio
(aumento de 1/3 atŽ a metade)
ü Se o crime, no caso de FEMINICêDIO, for praticado: a) durante
a gesta‹o ou nos 3 (trs) meses posteriores ao parto; b)
contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
(sessenta) anos ou com deficincia; c) na presena de
descendente ou de ascendente da v’tima (aumento de 1/3
atŽ a metade).
1.1.1.6. Perd‹o Judicial
Em determinados crimes o Estado confere o perd‹o ao infrator
(N‹o confundir perd‹o judicial com perd‹o do ofendido), por entender
que a aplica‹o da pena n‹o Ž necess‡ria. ƒ o chamado Òperd‹o
judicialÓ. ƒ o que ocorre, por exemplo, no caso de homic’dio culposo no
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qual o infrator tenha perdido alguŽm querido (Lembram-se do caso
Herbert Viana?). Essa hip—tese est‡ prevista no art. 121, ¤ 5¡ do CP:
¤ 5¼ - Na hip—tese de homic’dio culposo, o juiz poder‡ deixar de aplicar a
pena, se as conseqŸncias da infra‹o atingirem o pr—prio agente de forma
t‹o grave que a san‹o penal se torne desnecess‡ria. (Inclu’do pela Lei n¼
6.416, de 24.5.1977)
Ent‹o, nesse caso, ocorrendo o perd‹o judicial, tambŽm estar‡
extinta a punibilidade. AlŽm disso, o art. 120 do CP diz que se houver o
perd‹o judicial, esta sentena que concede o perd‹o judicial n‹o Ž
considerada para fins de reincidncia.
O perd‹o judicial, diferentemente do perd‹o do ofendido, n‹o
precisa ser aceito pelo infrator para produzir seus efeitos. A
sentena que concede o perd‹o judicial Ž declarat—ria da extin‹o da
punibilidade, n‹o subsistindo qualquer efeito condenat—rio (Conforme
sœmula n¡ 18 do STJ).
(FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII -
PRIMEIRA FASE)
Jaime, objetivando proteger sua residncia, instala uma cerca
elŽtrica no muro. Certo dia, Cl‡udio, com o intuito de furtar a casa
de Jaime, resolve pular o referido muro, acreditando que
conseguiria escapar da cerca elŽtrica ali instalada e bem vis’vel
para qualquer pessoa. Cl‡udio, entretanto, n‹o obtŽm sucesso e
acaba levando um choque, inerente ˆ atua‹o do mecanismo de
prote‹o. Ocorre que, por sofrer de doena cardiovascular, o
referido ladr‹o falece quase instantaneamente. Ap—s a an‡lise
pericial, ficou constatado que a descarga elŽtrica n‹o era
suficiente para matar uma pessoa em condi›es normais de
saœde, mas suficiente para provocar o —bito de Cl‡udio, em
virtude de sua cardiopatia.
Nessa hip—tese Ž correto afirmar que:
a) Jaime deve responder por homic’dio culposo, na modalidade
culpa consciente.
b) Jaime deve responder por homic’dio doloso, na modalidade
dolo eventual.
c) Pode ser aplicado ˆ hip—tese o instituto do resultado diverso do
pretendido.
d) Pode ser aplicado ˆ hip—tese o instituto da leg’tima defesa
preordenada.
COMENTçRIOS: No caso em tela, Jaime se valeu do que se chama de
Òleg’tima defesa preordenadaÓ, utilizando-se de uma Òofend’culasÓ
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(instrumento preordenado a defender um bem jur’dico, no caso, o
patrim™nio).
A leg’tima defesa preordenada Ž admitida pela Doutrina, que a v como
uma modalidade v‡lida de leg’tima defesa, de maneira que, tambŽm em
rela‹o a esta, o ÒexcessoÓ Ž pun’vel, seja ele culposo ou doloso.
No caso, a quest‹o deixa claro que n‹o houve excesso por parte de
Jaime, j‡ que a corrente elŽtrica n‹o seria capaz de matar uma pessoa
em condi›es normais, de maneira que a morte de Cl‡udio n‹o pode ser
atribu’da a Jaime.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
(FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII -
PRIMEIRA FASE)
Paula, com inten‹o de matar Maria, desfere contra ela quinze
facadas, todas na regi‹o do t—rax. Cerca de duas horas ap—s a
a‹o de Paula, Maria vem a falecer. Todavia, a causa mortis
determinada pelo auto de exame cadavŽrico foi envenenamento.
Posteriormente, soube-se que Maria nutria inten›es suicidas e
que, na manh‹ dos fatos, havia ingerido veneno.
Com base na situa‹o descrita, assinale a afirmativa correta.
a) Paula responder‡ por homic’dio doloso consumado.
b) Paula responder‡ por tentativa de homic’dio.
c) O veneno, em rela‹o ˆs facadas, configura concausa
relativamente independente superveniente que por si s— gerou o
resultado.
d) O veneno, em rela‹o ˆs facadas, configura concausa
absolutamente independente concomitante.
COMENTçRIOS: No presente caso temos uma causa absolutamente
independente, preexistente, que por si s— produziu o resultado. Paula,
desta forma, responder‡ apenas pelos atos praticados (tentativa de
homic’dio), n‹o podendo o resultado ser a ela imputado, pois a ele n‹o
deu causa, pela teoria da causalidade adequada.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
(FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XI -
PRIMEIRA FASE)
Sofia decide matar sua m‹e. Para tanto, pede ajuda a Lara, amiga
de longa data, com quem debate a melhor maneira de executar o
crime, o melhor hor‡rio, local etc. Ap—s longas discuss›es de
como poderia executar seu intento da forma mais eficiente
poss’vel, a fim de n‹o deixar nenhuma pista, Sofia pede
emprestado a Lara um fac‹o. A amiga prontamente atende ao
pedido. Sofia despede-se agradecendo a ajuda e diz que, se tudo
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correr conforme o planejado, executar‡ o homic’dio naquele
mesmo dia e assim o faz. No entanto, apesar dos cuidados, tudo Ž
descoberto pela pol’cia.
A respeito do caso narrado e de acordo com a teoria restritiva da
autoria, assinale a afirmativa correta.
a) Sofia Ž a autora do delito e deve responder por homic’dio com a
agravante de o crime ter sido praticado contra ascendente. Lara,
por sua vez, Ž apenas part’cipe do crime e deve responder por
homic’dio, sem a presena da circunst‰ncia agravante.
b) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de
homic’dio, incidindo, para ambas, a circunst‰ncia agravante de ter
sido, o crime, praticado contra ascendente.
c) Sofia e Lara devem ser consideradas coautoras do crime de
homic’dio. Todavia, a agravante de ter sido, o crime, praticado
contra ascendente somente incide em rela‹o ˆ Sofia.
d) Sofia Ž a autora do delito e deve responder por homic’dio com a
agravante de ter sido, o crime, praticado contra ascendente.Lara,
por sua vez, Ž apenas part’cipe do crime, mas a agravante
tambŽm lhe ser‡ aplicada.
COMENTçRIOS: Para esta teoria, autor Ž quem pratica a conduta
descrita no nœcleo do tipo (o verbo). Part’cipe Ž todo aquele que, de
alguma forma, colabora para o intento criminoso sem, contudo, praticar a
conduta nuclear. No caso em tela, Sofia Ž autora do delito, com a
agravante de ter sido praticado o delito contra ascendente (art. 61, II, e
do CP). Lara, por sua vez, ser‡ mera part’cipe, e n‹o ser‡ aplicada a ela a
agravante, eis que n‹o se trata de uma elementar do delito, sendo uma
circunst‰ncia perifŽrica e de car‡ter pessoal (que n‹o se comunica,
portanto, entre os comparsas).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
(FGV - 2013 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - X - PRIMEIRA
FASE)
Jo‹o, com inten‹o de matar, efetua v‡rios disparos de arma de
fogo contra Ant™nio, seu desafeto. Ferido, Ant™nio Ž internado em
um hospital, no qual vem a falecer, n‹o em raz‹o dos ferimentos,
mas queimado em um incndio que destr—i a enfermaria em que
se encontrava.
Assinale a alternativa que indica o crime pelo qual Jo‹o ser‡
responsabilizado.
a) Homic’dio consumado.
b) Homic’dio tentado.
c) Les‹o corporal.
d) Les‹o corporal seguida de morte.
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COMENTçRIOS: A causa da morte, neste caso, foi o incndio. Temos,
assim, uma causa relativamente independente (pois se n‹o fosse a
conduta de Jo‹o, Ant™nio n‹o estaria ali), mas que produziu por si s— o
resultado (foi ela, sozinha, que causou a morte), nos termos do art. 13,
¤1¼ do CP.
Neste caso, Jo‹o n‹o responde pelo resultado, mas apenas por sua
conduta, de forma que responder‡ por homic’dio na forma tentada.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
(FGV - 2012 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - VI -
PRIMEIRA FASE)
JosŽ dispara cinco tiros de rev—lver contra Joaquim, jovem de 26
(vinte e seis) anos que acabara de estuprar sua filha. Contudo, em
decorrncia de um problema na mira da arma, JosŽ erra seu alvo,
vindo a atingir Rubem, senhor de 80 (oitenta) anos, ceifando-lhe a
vida.
A esse respeito, Ž correto afirmar que JosŽ responder‡
a) pelo homic’dio de Rubem, agravado por ser a v’tima maior de
60 (sessenta) anos.
b) por tentativa de homic’dio privilegiado de Joaquim e homic’dio
culposo de Rubem, agravado por ser a v’tima maior de 60
(sessenta) anos.
c) apenas por tentativa de homic’dio privilegiado, uma vez que
ocorreu erro quanto ˆ pessoa.
d) apenas por homic’dio privilegiado consumado, uma vez que
ocorreu erro na execu‹o.
COMENTçRIOS: No caso em quest‹o houve o que se chama de Òerro na
execu‹oÓ, pois o agente vislumbrou perfeitamente a v’tima pretendida,
mas errou na execu‹o do delito. Neste caso, considera-se o crime como
tendo sido praticado em face da v’tima pretendida, e n‹o da v’tima
efetivamente atingida, nos termos do art. 73 c/c art. 20, ¤3¼ do CP:
Assim, o agente responder‡ apenas por homic’dio privilegiado (na forma
do art. 121, ¤1¼ do CP, pois se considera como se tivesse sido atingida a
v’tima pretendida), na forma consumada.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
1.1.2. Instiga‹o ou aux’lio ao suic’dio
Este crime est‡ previsto no art. 122 do CP. Vejamos:
Art. 122 - Induzir ou instigar alguŽm a suicidar-se ou prestar-lhe aux’lio para
que o faa:
Pena - reclus‹o, de dois a seis anos, se o suic’dio se consuma; ou reclus‹o,
de um a trs anos, se da tentativa de suic’dio resulta les‹o corporal de
natureza grave.
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Par‡grafo œnico - A pena Ž duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime Ž praticado por motivo ego’stico;
II - se a v’tima Ž menor ou tem diminu’da, por qualquer causa, a capacidade
de resistncia.
O suic’dio Ž a elimina‹o direta e volunt‡ria da pr—pria vida. O
suic’dio n‹o Ž crime (ou sua tentativa), mas a conduta do terceiro
que auxilia outra pessoa a se matar (material ou moralmente) Ž crime.
Aqui, a participa‹o no suic’dio n‹o Ž uma conduta acess—ria (porque
o suic’dio n‹o Ž crime!), mas conduta principal, ou seja, o pr—prio nœcleo
do tipo penal. Assim, quem auxilia outra pessoa a se matar n‹o Ž
part’cipe deste crime, mas AUTOR.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, e Ž admitido o concurso de
pessoas (duas ou mais pessoas se reunirem para auxiliarem outra a se
suicidar). No entanto, somente a PESSOA QUE POSSUA ALGUM
DISCERNIMENTO pode ser sujeito passivo do crime19, eis que se a
pessoa (suicida) n‹o tiver qualquer discernimento, estaremos diante de
um homic’dio, tendo o agente se valido da ausncia de autocontrole da
v’tima para induzi-la a se matar (sem que esta quisesse esse resultado).
EXEMPLO: Imagine que A, desejando a morte de B (um doente mental,
completamente alienado), o induz a se jogar do 20¡ andar de um prŽdio.
B, maluco (coitado!), se joga, achando que Ž o ÒsupermanÓ. Nesse caso,
n‹o houve instiga‹o ou induzimento ao suic’dio, mas HOMICêDIO, pois
A se valeu da ausncia de discernimento de B para mat‡-lo.
O crime pode ser praticado de 03 formas:
ü Induzimento Ð O agente faz nascer na v’tima a ideia de se
matar
ü Instiga‹o Ð O agente refora a ideia j‡ existente na cabea
da v’tima, que est‡ pensando em se matar
ü Aux’lio Ð O agente presta algum tipo de aux’lio material ˆ
v’tima (empresta uma arma de fogo, por exemplo)
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, n‹o sendo admitido na forma
culposa. ƒ poss’vel a pr‡tica do crime mediante dolo eventual. Imagine o
pai que coloca a filha, jovem gr‡vida, para fora de casa, sabendo que a
filha Ž descontrolada e havia ameaado se matar, n‹o se importando com
o resultado (n‹o Ž pac’fico na Doutrina).
A consuma‹o Ž bastante discutida na Doutrina, mas vem se
fixando o seguinte entendimento:
																																																													
19 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 81/82
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ü A v’tima morre Ð Crime consumado (pena de 02 a 06 anos de
reclus‹o)
ü V’tima n‹o morre, mas sofre les›es graves Ð Crime consumado
(pena de 01 a 03 anos)
ü V’tima n‹o morre nem sofre les›es graves Ð INDIFERENTE
PENAL
Assim, para esta Doutrina, o crime se consumaria com a
ocorrncia do evento morte ou das les›es corporais graves (crime
material), ou ser um indiferente penal (quando, n‹o obstante a conduta
do agente, o suicida n‹o sofre ao menos les›es graves). Trata-se de
entendimento da Doutrina moderna.20
Outra parte da Doutrina entende que o crime Ž FORMAL, se
consumando no momento em que o infrator pratica a conduta, sendo a
ocorrncia da morte ou de les›es graves, MERA CONDI‚ÌO OBJETIVA
DE PUNIBILIDADE. Trata-se do entendimento da Doutrina
cl‡ssica.21
Outra parcela doutrin‡ria entende que o crime se consuma com a
ocorrncia da morte. No caso de les›es graves ter’amos apenas tentativa
pun’vel (pena mais branda) e no caso de n‹o ocorrer qualquer destes
resultados ter’amos tentativa impun’vel.
ƒ bem dividido na Doutrina, mas eu ficaria com a primeira.
O crime pode aparecer, ainda, na forma majorada (Pena
duplicada), quando praticado nas seguintes hip—teses:
ü Por motivo ego’stico
ü Se a v’tima Ž menor ou tem diminu’da a capacidade de
resistncia (Se a v’tima n‹o tem nenhum discernimento, Ž
homic’dio, lembram-se?)
(FGV Ð X EXAME UNIFICADO DA OAB)
JosŽ e Maria estavam enamorados, mas posteriormentevieram a
descobrir que eram irm‹os consangu’neos, separados na
maternidade. Extremamente infelizes com a not’cia recebida, que
impedia por completo qualquer possibilidade de relacionamento,
resolveram dar cabo ˆ pr—pria vida. Para tanto, combinaram e
executaram o seguinte: no apartamento de Maria, com todas as
portas e janelas trancadas, JosŽ abriu o registro do g‡s de
																																																													
20 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 73/74
21 Nesse sentido, dentre outros, LUIZ REGIS PRADO. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 86/87
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cozinha. Ambos inspiraram o ar envenenado e desmaiaram, sendo
certo que somente n‹o vieram a falecer porque os vizinhos,
assustados com o cheiro forte que vinha do apartamento de Maria,
decidiram arrombar a porta e resgat‡-los. Ocorre que, n‹o
obstante o socorro ter chegado a tempo, JosŽ e Maria sofreram
les›es corporais de natureza grave.
Com base na situa‹o descrita, assinale a afirmativa correta.
A) JosŽ responde por tentativa de homic’dio e Maria por
instiga‹o ou aux’lio ao suic’dio.
B) JosŽ responde por les‹o corporal grave e Maria n‹o responde
por nada, pois sua conduta Ž at’pica.
C) JosŽ e Maria respondem por instiga‹o ou aux’lio ao suic’dio,
em concurso de agentes.
D) JosŽ e Maria respondem por tentativa de homic’dio.
COMENTçRIOS: No caso em tela, JosŽ praticou os atos execut—rios e
tentou matar Maria, bem como tentou se matar. Portanto, responde por
tentativa de homic’dio, j‡ que a morte n‹o se consumou, nos termos do
art. 121, c/c art. 14, II do CP.
Maria, por sua vez, n‹o praticou nenhum ato execut—rio relativo ao tipo
penal de homic’dio, mas instigou JosŽ a se suicidar, e da tentativa de
suic’dio de JosŽ resultou les‹o corporal grave, de forma que Maria
responde por instiga‹o ou aux’lio ao suic’dio, nos termos do art. 122 do
CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
(FGV - 2014 - OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XIII -
PRIMEIRA FASE)
Maria, jovem de 22 anos, ap—s sucessivas desilus›es, deseja dar
cabo ˆ pr—pria vida. Com o fim de desabafar, Maria resolve
compartilhar sua situa‹o com um amigo, Manoel, sem saber que
o desejo dele, h‡ muito, Ž v-la morta. Manoel, ent‹o, ao perceber
que poderia influenciar Maria, resolve instig‡-la a matar-se. T‹o
logo se despede do amigo, a moa, influenciada pelas palavras
deste, pula a janela de seu apartamento, mas sua queda Ž
amortecida por uma lona que abrigava uma barraca de feira. Em
consequncia, Maria sofre apenas escoria›es pelo corpo e n‹o
chega a sofrer nenhuma fratura.
Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa
correta.
a) Manoel deve responder pelo delito de induzimento, instiga‹o
ou aux’lio ao suic’dio em sua forma consumada.
b) Manoel deve responder pelo delito de induzimento, instiga‹o
ou aux’lio ao suic’dio em sua forma tentada.
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c) Manoel n‹o possui responsabilidade jur’dico-penal, pois Maria
n‹o morreu e nem sofreu les‹o corporal de natureza grave.
d) Manoel, caso tivesse se arrependido daquilo que falou para
Maria e esta, em virtude da queda, viesse a —bito, seria
responsabilizado pelo delito de homic’dio.
COMENTçRIOS: Manoel, a princ’pio, responderia por induzimento,
instiga‹o ou aux’lio ao suic’dio. Contudo, tal delito somente Ž pun’vel se
a morte efetivamente ocorre ou, ao menos, se ocorrem les›es corporais
de natureza grave, n‹o tendo ocorrido nenhum destes resultados, de
forma que o crime n‹o ocorreu.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
1.1.3. Infantic’dio
O infantic’dio Ž o crime mediante o qual a m‹e, sob influncia do
estado puerperal, mata o pr—prio filho recŽm-nascido, durante ou
logo ap—s o parto:
Art. 123 - Matar, sob a influncia do estado puerperal, o pr—prio filho,
durante o parto ou logo ap—s:
Pena - deten‹o, de dois a seis anos.
O objeto jur’dico tutelado aqui tambŽm Ž a vida humana. Trata-se,
na verdade, de uma ÒespŽcie de homic’dioÓ que recebe puni‹o mais
branda em raz‹o da comprova‹o cient’fica acerca dos transtornos que o
estado puerperal pode causar na m‹e.
O sujeito ativo, aqui, somente pode ser a m‹e da v’tima, e
ainda, desde que esteja sob influncia do estado puerperal (CRIME
PRîPRIO). O sujeito passivo Ž o ser humano, recŽm-nascido, logo ap—s
o parto ou durante ele.
CUIDADO! Embora seja crime pr—prio, Ž plenamente admiss’vel o
concurso de agentes, que responder‹o por infantic’dio (desde que
conheam a condi‹o do agente, de m‹e da v’tima), nos termos do art.
30 do CP.
ƒ necess‡rio que a gestante pratique o fato SOB INFLUæNCIA DO
ESTADO PUERPERAL, e que esse estado emocional seja a causa do fato.
Mas atŽ quando vai o estado puerperal? N‹o h‡ certeza mŽdica,
devendo ser objeto de per’cia no caso concreto.
O crime s— Ž admitido na forma dolosa (dolo direto e dolo eventual),
n‹o sendo admitido na forma culposa. A pergunta que fica Ž: E se a
m‹e, durante o estado puerperal, culposamente mata o pr—prio
filho? Nesse caso, temos simplesmente um homic’dio culposo22.
																																																													
22 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 101
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E se a m‹e, por equ’voco, acaba por matar filho de outra
pessoa (confunde com seu pr—prio filho)? Nesse caso, responde
normalmente por infantic’dio, como se tivesse praticado o delito
efetivamente contra seu filho, por se tratar de erro sobre a pessoa (nos
termos do art. 20, ¤3¼ do CP).23
O crime se consuma com a morte da criana e a tentativa Ž
plenamente poss’vel.
(FGV - 2012 - OAB - VIII EXAME DE ORDEM UNIFICADO)
Analise detidamente as seguintes situa›es:
Casu’stica 1: Amarildo, ao chegar a sua casa, constata que sua
filha foi estuprada por Terncio. Imbu’do de relevante valor
moral, contrata Ronaldo, pistoleiro profissional, para tirar a vida
do estuprador. O servio Ž regularmente executado.
Casu’stica 2: Lucas concorre para um infantic’dio auxiliando
Julieta, parturiente, a matar o nascituro Ð o que efetivamente
acontece. Lucas sabia, desde o in’cio, que Julieta estava sob a
influncia do estado puerperal.
Levando em considera‹o a legisla‹o vigente e a doutrina sobre
o concurso de pessoas (concursus delinquentium), Ž correto
afirmar que
A) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado por motivo torpe.
No exemplo 2, Lucas e Julieta responder‹o pelo crime de
infantic’dio.
B) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio
pelo fato de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No
exemplo 2, Lucas, que n‹o est‡ influenciado pelo estado
puerperal, responder‡ por homic’dio, e Julieta pelo crime de
infantic’dio.
C) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio simples (ou seja, sem privilŽgio
pelo fato de n‹o estar imbu’do de relevante valor moral). No
exemplo 2, tanto Lucas quanto Julieta responder‹o pelo crime de
homic’dio (ele na modalidade simples, ela na modalidade
privilegiada em raz‹o da influncia do estado puerperal).
D) no exemplo 1, Amarildo responder‡ pelo homic’dio privilegiado
e Ronaldo pelo crime de homic’dio qualificado pelo motivo fœtil.
No exemplo 2, Lucas,que n‹o est‡ influenciado pelo estado
																																																													
23 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 101
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puerperal, responder‡ por homic’dio e Julieta pelo crime de
infantic’dio.
COMENTçRIOS:
Caso 01 Ð Tendo Amarildo agido mediante relevante valor moral, logo
ap—s injusta provoca‹o da v’tima, Amarildo responde por homic’dio
privilegiado, mas essa circunst‰ncia, por ser de car‡ter pessoal, n‹o se
comunica a Ronaldo, que responde por homic’dio qualificado pelo motivo
torpe (mediante paga ou promessa de recompensa);
Caso 02 Ð Embora o delito de infantic’dio seja crime pr—prio, que s— pode
ser praticado pela m‹e contra o pr—prio filho, durante o estado puerperal,
Ž atualmente pac’fico o entendimento no sentido de que Ž poss’vel
concurso de agentes, desde que o comparsa saiba da condi‹o de sua
comparsa, ou seja, saiba que ela est‡ matando o pr—prio filho sob a
influncia do estado puerperal. Assim, ambos responder‹o por
infantic’dio;
Assim, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
(FGV Ð 2015 Ð OAB Ð XVI EXAME DE ORDEM)
Paloma, sob o efeito do estado puerperal, logo ap—s o parto,
durante a madrugada, vai atŽ o ber‡rio onde acredita encontrar-
se seu filho recŽm-nascido e o sufoca atŽ a morte, retornando ao
local de origem sem ser notada. No dia seguinte, foi descoberta a
morte da criana e, pelo circuito interno do hospital, Ž verificado
que Paloma foi a autora do crime. Todavia, constatou-se que a
criana morta n‹o era o seu filho, que se encontrava no ber‡rio
ao lado, tendo ela se equivocado quanto ˆ v’tima desejada.
Diante desse quadro, Paloma dever‡ responder pelo crime de
a) homic’dio culposo.
b) homic’dio doloso simples.
c) infantic’dio.
d) homic’dio doloso qualificado.
COMENTçRIOS: No caso em tela, Paloma responder‡ pelo delito de
infantic’dio, nos termos do art. 123 do CP. O fato de Paloma ter acabado
por matar o filho de outra pessoa, neste caso, Ž irrelevante, pois houve o
que se chama de Òerro sobre a pessoaÓ e, neste caso, o agente responde
como se tivesse atingido a pessoa visada (art. 20, ¤3¼ do CP).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
1.1.4. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Est‡ previsto no art. 124 do CP. Vejamos:
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho
provoque:
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Pena - deten‹o, de um a trs anos.
Nesse caso, o sujeito ativo s— pode ser a m‹e (gestante). No caso
de estarmos diante da segunda hip—tese (permitir que outra pessoa
pratique o aborto em si), o crime Ž praticado somente pela m‹e,
respondendo o terceiro pelo crime do art. 126 (Exce‹o ˆ teoria monista,
que Ž a teoria segundo a qual os comparsas devem responder pelo
mesmo crime). Assim, este crime Ž um crime DE MÌO PRîPRIA.
O sujeito passivo Ž o feto (nascituro).
Como se v, pode ser praticado de duas formas distintas:
ü Gestante pratica o aborto em si pr—pria
ü Gestante permite que outra pessoa pratique o aborto
nela.
O crime s— Ž punido na forma dolosa. Se o aborto Ž culposo, a
gestante n‹o comete crime (Ex.: Gestante pratica esportes radicais,
vindo a se acidentar e causar a morte do filho).
O crime se consuma com a morte do feto, Ž claro. A tentativa Ž
plenamente poss’vel.
1.1.5. Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da
gestante
Nesse crime o terceiro pratica o aborto na gestante, sem que
esta concorde com a conduta. Vejamos o que diz o art. 125:
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclus‹o, de trs a dez anos.
A conduta aqui Ž bem simples, n‹o havendo muitas observa›es a se
fazer.
N‹o Ž necess‡rio que se trate de um mŽdico, podendo ser praticado
por qualquer pessoa (CRIME COMUM). O sujeito passivo, aqui, como em
todos os outros delitos de aborto, Ž o feto. Entretanto, nesse crime
espec’fico tambŽm ser‡ v’tima (sujeito passivo) a gestante.
Embora o crime ocorra quando n‹o houver o consentimento da
gestante, tambŽm ocorrer‡ o crime quando o consentimento for prestado
por quem n‹o possua condi›es de prest‡-lo (menor de 14 anos, ou
alienada mental), ou se o consentimento Ž obtido mediante fraude por
parte do agente (infrator).
O crime se consuma com a morte do feto, sendo plenamente poss’vel
a tentativa.
Se o agente pretende matar a m‹e, sabendo que est‡ gr‡vida, e
ambos os resultados ocorrem, responder‡ por ambos os crimes
(homic’dio e aborto) em concurso.
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1.1.6. Aborto praticado com o consentimento da gestante
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos.
Par‡grafo œnico. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante n‹o Ž
maior de quatorze anos, ou Ž alienada ou debil mental, ou se o
consentimento Ž obtido mediante fraude, grave ameaa ou violncia
Aqui, embora o aborto seja praticado por terceiro, h‡ o
consentimento da gestante. Trata-se da figura do camarada que praticou
o aborto na gestante, com a concord‰ncia ou a pedido desta.
A gestante responde pelo crime do art. 124 e o terceiro
responde por este delito.
Como disse a vocs, o consentimento s— Ž v‡lido (de forma a
caracterizar ESTE crime) quando a gestante tem condi›es de
manifestar vontade. Quando a gestante n‹o tiver condi›es de manifestar
a pr—pria vontade, ou o faz em raz‹o de ter sido enganada pela fraude do
agente, o crime cometido (pelo agente, n‹o pela gestante) Ž o do art.
125, conforme podemos extrair da reda‹o do art. 125 c/c art. 126, ¤
œnico do CP.
O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa, COM EXCE‚ÌO DA
PRîPRIA GESTANTE! O sujeito passivo Ž apenas o feto.
O elemento subjetivo aqui, como nos demais casos de aborto, Ž
SOMENTE O DOLO.
O crime se consuma com a morte do feto, podendo ocorrer a
modalidade tentada, quando, embora praticada a conduta, o feto n‹o
falece, sobrevivendo.24
ü Se no aborto provocado por terceiro (arts. 125 e 126), em
decorrncia dos meios utilizados pelo terceiro, ou em
decorrncia do aborto em si, a gestante sofre les‹o corporal
grave, as penas s‹o aumentadas de 1/3; se sobrevŽm a morte
da gestante as penas s‹o duplicadas. Vejamos:
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores s‹o
aumentadas de um tero, se, em conseqŸncia do aborto ou dos meios
empregados para provoc‡-lo, a gestante sofre les‹o corporal de
natureza grave; e s‹o duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe
sobrevŽm a morte.
ü O aborto PRATICADO POR MƒDICO, quando for a œnica
forma de salvar a VIDA da gestante, ou QUANDO A
																																																													
24 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 115/116
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GESTA‚ÌO FOR DECORRENTE DE ESTUPRO (e houver
prŽvia autoriza‹o da gestante), NÌO ƒ CRIME25:
Art. 128 - N‹o se pune o aborto praticado por mŽdico:
Aborto necess‡rio
I - se n‹o h‡ outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto Ž precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal.ü N‹o se exige que haja sentena reconhecendo o estupro; basta
que haja, ao menos, boletim de ocorrncia registrado na
Delegacia.26
1.1.7. A‹o Penal
TODOS os crimes contra VIDA s‹o de a‹o PENAL PòBLICA
INCONDICIONADA.
1.2. Das les›es corporais
As les›es corporais podem ser definidas como quaisquer danos
provocados no sistema de funcionalidade normal do corpo humano.
O crime de les›es corporais est‡ previsto no art. 129 do CP, e possui
diversas variantes, que est‹o previstas nos seus ¤¤:
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saœde de outrem:
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano.
Les‹o corporal de natureza grave
¤ 1¼ Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupa›es habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou fun‹o;
IV - acelera‹o de parto:
Pena - reclus‹o, de um a cinco anos.
¤ 2¡ Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutiliza‹o do membro, sentido ou fun‹o;
IV - deformidade permanente;
																																																													
25 Atualmente o STF entende que o aborto de fetos anencŽfalos (ou anencef‡licos, ou seja, sem
cŽrebro ou com m‡-forma‹o cerebral) n‹o Ž crime, estando criada, jurisprudencialmente, mais
uma exce‹o. Ver: ADPF 54 / DF (STF)
26 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 123.
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V - aborto:
Pena - reclus‹o, de dois a oito anos.
Les‹o corporal seguida de morte
¤ 3¡ Se resulta morte e as circunst‰ncias evidenciam que o agente n‹o qu’s o
resultado, nem assumiu o risco de produz’-lo:
Pena - reclus‹o, de quatro a doze anos.
Diminui‹o de pena
¤ 4¡ Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral ou sob o dom’nio de violenta emo‹o, logo em seguida a
injusta provoca‹o da v’tima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
tero.
Substitui‹o da pena
¤ 5¡ O juiz, n‹o sendo graves as les›es, pode ainda substituir a pena de
deten‹o pela de multa, de duzentos mil rŽis a dois contos de rŽis:
I - se ocorre qualquer das hip—teses do par‡grafo anterior;
II - se as les›es s‹o rec’procas.
Les‹o corporal culposa
¤ 6¡ Se a les‹o Ž culposa: (Vide Lei n¼ 4.611, de 1965)
Pena - deten‹o, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
¤ 7¡ No caso de les‹o culposa, aumenta-se a pena de um tero, se ocorre
qualquer das hip—teses do art. 121, ¤ 4¡.
¤ 7¼ - Aumenta-se a pena de um tero, se ocorrer qualquer das hip—teses do
art. 121, ¤ 4¼. (Reda‹o dada pela Lei n¼ 8.069, de 1990)
¤ 8¼ - Aplica-se ˆ les‹o culposa o disposto no ¤ 5¼ do art. 121.(Reda‹o dada
pela Lei n¼ 8.069, de 1990)
Violncia DomŽstica (Inclu’do pela Lei n¼ 10.886, de 2004)
¤ 9o Se a les‹o for praticada contra ascendente, descendente, irm‹o, c™njuge
ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das rela›es domŽsticas, de coabita‹o ou de
hospitalidade: (Reda‹o dada pela Lei n¼ 11.340, de 2006)
Pena - deten‹o, de 3 (trs) meses a 3 (trs) anos. (Reda‹o dada pela Lei
n¼ 11.340, de 2006)
¤ 10. Nos casos previstos nos ¤¤ 1o a 3o deste artigo, se as circunst‰ncias
s‹o as indicadas no ¤ 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um tero).
(Inclu’do pela Lei n¼ 10.886, de 2004)
¤ 11. Na hip—tese do ¤ 9o deste artigo, a pena ser‡ aumentada de um tero
se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficincia. (Inclu’do pela
Lei n¼ 11.340, de 2006)
¤ 12. Se a les‹o for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constitui‹o Federal, integrantes do sistema prisional e da
Fora Nacional de Segurana Pœblica, no exerc’cio da fun‹o ou em
decorrncia dela, ou contra seu c™njuge, companheiro ou parente
consangu’neo atŽ terceiro grau, em raz‹o dessa condi‹o, a pena Ž
aumentada de um a dois teros. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.142, de 2015)
A les‹o corporal Ž um crime que pode ser praticado por qualquer
sujeito ativo, tambŽm podendo ser qualquer pessoa o sujeito
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O CP trata ambas como les›es graves, mas em raz‹o da pena
diferenciada para cada uma delas, a Doutrina chama as primeiras de
LESÍES GRAVES e as segundas de LESÍES GRAVêSSIMAS.27
A les‹o corporal seguida de morte Ž um crime qualificado pelo
resultado, mais especificamente, um crime PRETERDOLOSO (dolo
na conduta inicial e culpa na ocorrncia do resultado) pois o agente
comea praticando dolosamente um crime (les‹o corporal) e acaba por
cometer, culposamente, outro crime mais grave (homic’dio). Nesse caso,
temos a les‹o corporal seguida de morte, prevista no ¤3¡ do art. 129, ˆ
qual se prev pena de 04 A 12 ANOS.
H‡, ainda, a figura da les‹o corporal privilegiada, que ocorre em duas
situa›es:
ü Agente comete o crime movido por relevante valor moral
ou social, ou movido por violenta emo‹o, logo em
seguida ˆ injusta provoca‹o da v’tima Ð A pena Ž
diminu’da de 1/6 a 1/3 (aplicam-se as mesmas considera›es
acerca do homic’dio privilegiado).
ü N‹o sendo graves as les›es: a) Ocorrer a situa‹o
anterior; ou b) se tratar de les›es rec’procas entre
infrator e ofendido Ð O JUIZ PODE SUBSITTUIR A PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA DE MULTA.
A les‹o corporal na modalidade culposa est‡ prevista no ¤6¡ do
art. 129, e Ž praticada quando h‡ viola‹o a um dever objetivo de
cuidado (negligncia, imprudncia ou imper’cia). Lembrando que o crime
de les›es corporais culposas em dire‹o de ve’culo automotor Ž
crime especial, previsto no CTB, logo, n‹o se aplica o CP nesse
caso.
ƒ poss’vel, ainda, que havendo les‹o corporal culposa, o Juiz
conceda o perd‹o judicial ao infrator, conforme tambŽm ocorre no
homic’dio culposo, quando as consequncias do crime atingirem o infrator
de tal forma que a pena se torne desnecess‡ria.
Finalizando o crime de les›es corporais, o CP trata da VIOLæNCIA
DOMƒSTICA. A violncia domŽstica Ž aquela praticada em face de
ascendente, descendente, irm‹o, c™njuge, companheiro, pessoa com
quem conviva, OU TENHA CONVIVIDO, ou, ainda, quando o agente se
prevalece de rela›es domŽsticas de convivncia ou hospitalidade.
Em casos como este, a pena Ž de 03 meses a 03 anos.
AlŽm disso:
¥ SE O CRIME FOR QUALIFICADO (LESÍES GRAVES,
GRAVêSSIMAS OU MORTE) Ð A PENA ƒ AUMENTADA DE
1/3.
																																																													
27 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 146/149
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¥ SE A VêTIMA DE VIOLæNCIA DOMƒSTICA, NO CASO DO
¤9¡, ƒ PORTADORA DE DEFICIæNCIA (FêSICA OU
MENTAL) Ð A PENA ƒ AUMENTADA DE 1/3.
ü Em caso de violncia domŽstica, s— se aplicam as disposi›es
espec’ficas se a les‹o for dolosa. Se a les‹o for culposa, a
regra Ž a mesma das les›es comuns (n‹o domŽsticas).
ü No crime de violncia domŽstica, Ž poss’vel o enquadramento,
por exemplo, da Bab‡, que se prevalece da convivncia com a
criana para agredi-la.
ü Nos crimes de les‹o corporal, a A‚ÌO PENAL ƒ PòBLICA
INCONDICIONADA. No entanto, em caso de LESÌO LEVE
OU LESÌO CORPORAL CULPOSA, A A‚ÌO SERç PòBLICA
CONDICIONADA Ë REPRESENTA‚ÌO (art. 88 da Lei
9.099/95).
ü CUIDADO! Se a les‹o Ž praticada com violncia domŽstica ˆ
MULHER, EM QUALQUER CASO, A A‚ÌO ƒ PòBLICA
INCONDICIONADA (Posicionamento do STF)28.
ü CUIDADO: A Lei 12.720/12 alterou a reda‹odo ¤7¼ do art.
129 do CP, de forma a estabelecer uma causa de aumento de
pena (em 1/3) no caso de o crime de les‹o corporal, em sendo
culposa, resultar de inobserv‰ncia de regra tŽcnica da
profiss‹o ou no caso de o agente n‹o prestar socorro ou fugir.
Incidir‡ a mesma causa de aumento de pena no caso de, em
sendo les‹o dolosa, o crime for praticado: a) Contra menor
de 14 anos ou maior de 60 anos; b) Por mil’cia privada
ou grupo de exterm’nio.
¥ CUIDADO MASTER! A Lei 13.142/15 incluiu o ¤12 no art. 129
do CP, trazendo uma NOVA CAUSA DE AUMENTO DE PENA. A
pena ser‡ aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime de les›es
corporais for praticado contra integrantes das Foras
Armadas (Marinha, ExŽrcito e Aeron‡utica), das foras de
segurana pœblica (Pol’cias federal, rodovi‡ria federal,
ferrovi‡ria federal, civil, militar e corpo de bombeiros militar),
dos agentes do sistema prisional (agentes penitenci‡rios) e
integrantes da Fora Nacional de Segurana. Contudo, n‹o
basta que o crime seja praticado contra alguma destas pessoas
para a causa de aumento de pena seja aplicada, Ž necess‡rio
																																																													
28 O STF passou a adotar este entendimento no julgamento da ADI - 4424.
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que o crime tenha sido praticado em raz‹o da fun‹o exercida
pelo agente. Se o crime n‹o tem qualquer rela‹o com a
fun‹o pœblica exercida, n‹o se aplica esta causa de
aumento de pena!
AlŽm dos pr—prios agentes, o ¤12 relaciona tambŽm os
parentes destes funcion‡rios pœblicos (c™njuge, companheiro
ou parente consangu’neo atŽ terceiro grau). Assim, o crime de
les›es corporais praticado contra qualquer destas pessoas,
desde que guarde rela‹o com a fun‹o pœblica do agente,
ser‡ majorado (haver‡ aplica‹o da causa de aumento de
pena).29
1.3. Da periclita‹o da vida e saœde
Aqui o CP cuida de crimes de ÒperigoÓ, ou seja, atos praticados
pelo agente que, embora n‹o causando danos, exp›em a perigo de dano
outra ou outras pessoas. Temos aqui, portanto, crimes FORMAIS, pois a
ocorrncia do dano Ž irrelevante para a consuma‹o destes delitos.
Alguns Doutrinadores entendem que h‡, nos crimes deste cap’tulo,
crimes de perigo concreto (em que se exige demonstra‹o de quem
sofreu a exposi‹o real de perigo de dano) e crimes de perigo abstrato
(nos quais a lei presume que a conduta exponha a perigo de dano, n‹o
sendo necess‡rio provar que alguŽm foi exposto a este risco).
O debate existe, pois parte da Doutrina entende que os crimes de
perigo abstrato n‹o foram recepcionados pela Constitui‹o, pois, pelo
PRINCêPIO DA LESIVIDADE, uma conduta s— pode ser penalmente
tutelada se causar dano ou pelo menos perigo concreto de dano a
alguŽm.
Vamos analisar cada um dos delitos:
1.3.1. Perigo de Cont‡gio venŽreo
Art. 130 - Expor alguŽm, por meio de rela›es sexuais ou qualquer ato
libidinoso, a cont‡gio de molŽstia venŽrea, de que sabe ou deve saber que
est‡ contaminado:
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, ou multa.
¤ 1¼ - Se Ž inten‹o do agente transmitir a molŽstia:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa.
¤ 2¼ - Somente se procede mediante representa‹o.
																																																													
29 Tal conduta passou a ser considerada, ainda, crime hediondo, nos termos do art. 1¼, I-A da
Lei 8.072/90, inclu’do pela Lei 13.142/15.
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Nesse crime, tutela-se a saœde da pessoa (alguns Doutrinadores
entendem que se tutela tambŽm a vida).
Sujeito ativo e passivo podem ser qualquer pessoa. Parte da Doutrina
entende que o crime Ž pr—prio, pois exige do sujeito ativo uma condi‹o
especial (estar contaminado com molŽstia grave que possa ser
transmitida sexualmente).
O tipo objetivo (conduta) Ž a pr‡tica de rela‹o sexual ou ato
libidinoso, por pessoa portadora de molŽstia venŽrea com outra pessoa,
expondo-a a risco de se contaminar. 30
O CP n‹o diz o que Ž molŽstia venŽrea (NORMA PENAL EM
BRANCO), devendo a norma ser complementada, o que ocorre mediante
portaria do MinistŽrio da Saœde.
ƒ IRRELEVANTE SE A OUTRA PESSOA CONCORDA! A Doutrina
entende que ela n‹o pode dispor de sua saœde, sendo, portanto,
irrelevante a anuncia da v’tima (CONTROVERTIDO ISTO).
A efetiva contamina‹o Ž irrelevante para a consuma‹o do delito,
que se d‡ com a mera ocorrncia da rela‹o, que Ž o ato que gera a
exposi‹o a perigo. A tentativa Ž poss’vel, pois o crime Ž
plurissubsistente.
O elemento subjetivo exigido Ž o dolo (direto ou eventual). N‹o se
exige o dolo de QUERER CONTAMINAR (dolo espec’fico), mas apenas o
dolo de querer MANTER RELA‚ÍES SEXUAIS, pouco importando se o
agente quer ou n‹o contaminar o parceiro. N‹o se admite na forma
culposa.
Embora n‹o se exija um dolo espec’fico do agente, caso o infrator
possua inten‹o de efetivamente contaminar a v’tima, incidir‡ a
qualificadora do ¤1¡ (pena mais grave).
A a‹o penal neste crime Ž PòBLICA CONDICIONADA Ë
REPRESENTA‚ÌO.
1.3.2. Perigo de cont‡gio de molŽstia grave
Nos termos do art. 132 do CP:
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem molŽstia grave de que
est‡ contaminado, ato capaz de produzir o cont‡gio:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, e multa.
																																																													
30 A transmiss‹o do v’rus da AIDS n‹o caracteriza este delito. Segundo a doutrina
majorit‡ria, tal conduta poder‡ caracterizar perigo de cont‡gio de molŽstia grave, les‹o corporal
grave ou homic’dio, a depender do dolo do agente e do resultado obtido (h‡ FORTE divergncia
doutrin‡ria). CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 122
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O bem jur’dico tutelado aqui tambŽm Ž a saœde da pessoa,
entendendo alguns autores que a vida tambŽm Ž tutelada nesse tipo
penal.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, desde que contaminada
com molŽstia grave (crime PRîPRIO). Essa Ž a posi‹o predominante.
Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa QUE NÌO ESTEJA
CONTAMINADA PELA MESMA MOLƒSTIA.
O elemento subjetivo aqui exigido Ž o dolo, mas exige-se, ainda, o
chamado ELEMENTO SUBJETIVO ESPECêFICO (OU DOLO
ESPECêFICO OU ESPECIAL FIM DE AGIR), que consiste numa vontade
alŽm da mera vontade de praticar o ato que exp›e a perigo. Aqui o CP
exige que o agente QUEIRA TRANSMITIR A DOEN‚A. Havendo
necessidade de que o AGENTE QUEIRA O RESULTADO, NÌO CABE
DOLO EVENTUAL, tampouco CULPA.
N‹o se exige que o agente se utilize da rela‹o sexual para transmitir
a molŽstia grave, podendo ser QUALQUER MEIO APTO PARA
TRANSMITIR A DOEN‚A.
O crime se consuma com a mera realiza‹o do ato (crime formal),
n‹o se exigindo que o resultado ocorra (contamina‹o). A tentativa Ž
admiss’vel.
Se o resultado ocorrer, duas situa›es podem se mostrar:
ü A doena que contaminou a v’tima causou les‹o leve Ð
Nesse caso, fica absorvida pelo crime de perigo de cont‡gio de
molŽstia grave.
ü A doena que contaminou a v’tima causou les›es graves
ou a morte Ð O agente responde por estes crimes (les›es
corporais graves ou morte).
A a‹o penal aqui Ž PòBLICA INCONDICIONADA.
1.3.3. Perigo para a vida ou saœde de outrem
Art. 132 - Expor a vida ou a saœde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - deten‹o, de trs meses a um ano, se o fato n‹o constitui crime mais
grave.
Par‡grafo œnico. A pena Ž aumentada de um sexto a um tero sea exposi‹o
da vida ou da saœde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas
para a presta‹o de servios em estabelecimentos de qualquer natureza, em
desacordo com as normas legais. ( Inclu’do pela Lei n¼ 9.777, de
29.12.1998)
Trata-se da conduta da pessoa que, mediante qualquer a‹o ou
omiss‹o, exp›e a perigo a vida ou a saœde de outra pessoa. Pode ser na
forma omissiva, como disse, quando o infrator deixa de fazer algo para
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evitar a exposi‹o de perigo (Patr‹o que deixa de fornecer equipamentos
de segurana, por exemplo).
Os sujeitos, ativo e passivo, podem ser quaisquer pessoas. O
elemento subjetivo exigido Ž o dolo, mas n‹o o dolo de causar dano, e
sim o dolo de expor a perigo (inten‹o meramente de praticar o ato que
gera o perigo). N‹o se admite na forma culposa.
Se o agente pratica o ato como meio para obter um resultado mais
grave (tentativa de homic’dio, por exemplo), responde pelo crime mais
grave (Trata-se, aqui, de um crime subsidi‡rio, conforme podemos ver da
reda‹o do art., que fala Òse o fato n‹o constitui crime mais graveÓ).
O crime se consuma com a mera exposi‹o da v’tima ao RISCO DE
DANO (perigo). Caso o resultado ocorra, duas hip—teses podem ocorrer:
Ø O resultado gera um delito mais grave Ð Responde pelo
delito mais grave
Ø O resultado Ž menos grave do que o crime de exposi‹o
a perigo Ð Responde pelo crime de exposi‹o a perigo
Na forma comissiva (mediante uma a‹o), o crime Ž
plurissubsistente (pode ser fracionado em v‡rios atos), admitindo,
portanto, a tentativa.
O crime possui, ainda, uma causa de aumento de pena, prevista no ¤
œnico, que incidir‡ sempre que o crime ocorrer em decorrncia de
transporte irregular de pessoas para presta‹o de servios em
estabelecimentos.
EXEMPLO: Transporte de Òboias-friasÓ na caamba do caminh‹o,
sem qualquer prote‹o.
1.3.4. Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que est‡ sob seu cuidado, guarda, vigil‰ncia ou
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
resultantes do abandono:
Pena - deten‹o, de seis meses a trs anos.
¤ 1¼ - Se do abandono resulta les‹o corporal de natureza grave:
Pena - reclus‹o, de um a cinco anos.
¤ 2¼ - Se resulta a morte:
Pena - reclus‹o, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
¤ 3¼ - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um tero:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente Ž ascendente ou descendente, c™njuge, irm‹o, tutor ou
curador da v’tima.
III - se a v’tima Ž maior de 60 (sessenta) anos (Inclu’do pela Lei n¼ 10.741,
de 2003)
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A conduta punida aqui Ž a de deixar ao relento pessoa incapaz que
esteja sob a guarda do agente, de forma a proteger a vida e a integridade
daquele que n‹o tem meio de se proteger.
O crime Ž PRîPRIO, pois se exige que o sujeito ativo tenha uma
qualidade especial: Ter o dever de guarda e vigil‰ncia da pessoa
abandonada.
A condi‹o de ÒincapazÓ n‹o Ž a mesma que se tem no direito civil.
Incapaz, para os fins deste delito Ž qualquer pessoa que n‹o tenha
condi›es de se proteger sozinha, seja ela incapaz civilmente ou
n‹o.31
O elemento subjetivo Ž o dolo, consistente na inten‹o de abandonar
o incapaz, causando perigo a ele, ainda que n‹o se pretenda que com ele
acontea qualquer coisa. N‹o se admite na forma culposa.
Caso o agente tenha dolo de produzir algum dano (abandonou
o incapaz para que lhe ocorresse algo de ruim, como a morte),
responder‡ pelo crime na modalidade tentada (caso o resultado
n‹o ocorra) ou consumada, caso o resultado ocorra.
A consuma‹o do delito se d‡ com o mero ato de abandonar o
incapaz, sendo indiferente, para a consuma‹o do delito, a ocorrncia de
algum dano.32
No entanto, caso ocorram les›es graves, ou morte, as penas ser‹o
diferentes, conforme previs‹o dos ¤¤ 1¡ e 2¡ do CP (Formas qualificadas
pelo resultado).
Poder‡, ainda, haver uma causa de aumento de pena (de 1/3), caso:
ü O abandono ocorra em local ermo (deserto)
ü O agente for ascendente (pai, m‹e), descendente (filho,
neto), irm‹o, c™njuge, tutor ou curador da v’tima
ü Se a v’tima possuir mais de 60 anos
1.3.5. Exposi‹o ou abandono de recŽm-nascido
Art. 134 - Expor ou abandonar recŽm-nascido, para ocultar desonra pr—pria:
Pena - deten‹o, de seis meses a dois anos.
¤ 1¼ - Se do fato resulta les‹o corporal de natureza grave:
Pena - deten‹o, de um a trs anos.
¤ 2¼ - Se resulta a morte:
Pena - deten‹o, de dois a seis anos.
																																																													
31 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 187. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 132
32 Sustenta-se que Ž necess‡rio que a v’tima seja exposta, ao menos, a uma situa‹o de risco
CONCRETO (crime de perigo concreto). PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 190 e CUNHA, RogŽrio
Sanches. Op. Cit., p. 133.
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A Doutrina n‹o Ž un‰nime, mas a maioria entende que, neste caso, o
sujeito ativo s— pode ser a m‹e ou pai do recŽm-nascido, sendo,
portanto, crime pr—prio.33
A conduta pode ser comissiva (a‹o) ou omissiva (omiss‹o),
na medida em que o agente pode expor o recŽm-nascido a perigo
(a‹o) ou abandon‡-lo (a‹o ou omiss‹o).
O elemento subjetivo Ž o dolo, consistente na vontade de expor o
recŽm-nascido a perigo, com a finalidade de ocultar a pr—pria
desonra. Assim, alŽm do dolo, exige-se o especial fim de agir,
consistente na inten‹o de ocultar a pr—pria desonra. Caso n‹o haja essa
inten‹o, o agente responde pelo crime de abandono de incapaz (art.
133). N‹o se pune na modalidade culposa.
A consuma‹o se d‡ com a mera coloca‹o do recŽm-nascido na
situa‹o de perigo concreto, e pode haver tentativa, quando a conduta for
comissiva, na medida em que, POR EXEMPLO, pode a m‹e ser
surpreendida quando deixava a criana na lata do lixo.
(FGV - 2015 - OAB - XVIII EXAME DE ORDEM)
Cacau, de 20 anos, moça pacata residente em uma pequena
fazenda no interior do Mato Grosso, mantŽm um relacionamento
amoroso secreto com Noel, filho de um dos empregados de seu
pai.
Em raz‹o da relaç‹o, fica gr‡vida, mas mantŽm a situaç‹o em
segredo pelo temor que tinha de seu pai. Ap—s o nascimento de
um bebê do sexo masculino, Cacau, sem que ninguŽm soubesse,
em estado puerperal, para ocultar sua desonra, leva a criança para
local diverso do parto e a deixa embaixo de uma ‡rvore no meio
da fazenda vizinha, sem prestar assistência devida, para que
alguŽm encontrasse e acreditasse que aquele recŽm-nascido fora
deixado por desconhecido.
Apesar de a fazenda vizinha ser habitada, ninguŽm encontra a
crianca̧ nas 06 horas seguintes, vindo o bebê a falecer. A per’cia
confirmou que, apesar do estado puerperal, Cacau era imput‡vel
no momento dos fatos.
Considerando a situaç‹o narrada, Ž correto afirmar que Cacau
dever‡ ser responsabilizada pelo crime de
A) abandono de incapaz qualificado.
B) homic’dio doloso.
C) infantic’dio.
D) exposic ̧‹o ou abandono de recŽm-nascido qualificado.
																																																													
33 H‡ quem sustente que somente a m‹e pode ser o sujeito ativo (Cezar Roberto Bitencourt), j‡
que se fala em Òesconder desonra pr—priaÓ. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 135. No mesmo
sentido, Luiz Regis Prazo. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 197
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