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EE-981 Telefonia Prof. Motoyama 1º Semestre 2004 
Capítulo 1 
 
Redes de Comunicação 
 
 
 
1.1 Redes de Comunicação 
 
 De uma maneira bastante geral, pode-se dividir as redes de comunicação em três tipos: 
difusão, pessoa a pessoa e máquina a máquina. 
Os exemplos representativos da comunicação tipo difusão são a radio e a televisão. Nas 
comunicações de rádio e de televisão existem estações transmissoras e os receptores que ficam 
espalhados em regiões circunvizinhas ou bastante distantes, como mostra a Fig. 1.1. 
 
Transmissor
Receptor
Receptor
Receptor
Receptor 
 
Figura 1.1 Rede comunicação do tipo difusão. 
 
Uma característica marcante da comunicação do tipo difusão é que um mesmo programa 
transmitido por uma emissora será recebido por todos os receptores. No caso de várias emissoras 
transmitindo diferentes programas, a seleção de programas é feita pelos usuários. 
Do ponto de vista técnico, a rede de comunicação do tipo difusão é bastante simples de 
implementar, pois, necessita-se de um transmissor, as estações repetidoras e os receptores. Quem 
providencia e faz a manutenção do receptor é o próprio usuário. Uma emissora deve preparar a 
sua programação e fazer a sua difusão. A sua qualidade e a sua capacidade de entretenimento são 
os principais fatores que influenciam na escolha dos programas pelos usuários. Deve-se salientar 
que neste tipo de comunicação, o conteúdo da programação é da responsabilidade do proprietário 
da emissora que tem o poder inclusive de censurar qualquer informação a transmitir. Além disso, 
como uma emissora no Brasil, é uma concessão do governo federal, deve também ser regida 
pelas leis federais. 
Uma rede de comunicação do tipo difusão não utiliza somente a irradiação para transmitir 
os sinais como é caso das TVs comuns comerciais. Uma outra forma, atualmente bastante 
utilizada como meio físico de transmissão é o cabo coaxial ou fibra óptica. Um exemplo é a TV a 
cabo, cujos componentes são mostrados na Fig. 1.2. O objetivo da TV a cabo é levar, aos 
usuários, imagens limpas de alta qualidade que não sejam afetadas por intempéries, como ocorre 
no caso das TVs comerciais. Como se observa pela Fig. 1.2, existe um centro de distribuição 
aonde os sinais vindos exclusivamente do satélite e das TV comerciais são captados, modulados, 
multiplexados e transmitidos através dos cabos coaxiais ou fibras ópticas. Os sinais, de trecho 
em trecho, são amplificados e podem passar por pontes (bridger) para separar os sinais em 
diversas rotas. São utilizados também separadores mais simples como o “spliter” que tem a 
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EE-981 Telefonia Prof. Motoyama 1º Semestre 2004 
função de separar os sinais em vários caminhos nos pontos terminais onde se localizam os 
usuários. Embora a qualidade das imagens seja melhor em TV a cabo, o sistema de comunicação 
continua sendo do tipo difusão, com todos os usuários recebendo a mesma programação. 
 
B rid g er
S p litte r
U su ário
U su ário
S p litte r
A m p lificad o r
S a té lite
T V co m e r-
c ia l
M u x
M o d u lad o r
M o d u lad o r
C ab o co ax ia l o u
F ib ra ó p tica
D istrib u id o r (H u b )
 
 
Figura 1.2 Estrutura da TV a cabo. 
 
Em oposição à comunicação do tipo difusão, a comunicação do tipo pessoa a pessoa é 
individualizada, tendo cada comunicação um fluxo diferente de informações. 
O principal exemplo de uma rede de comunicação do tipo pessoa a pessoa é a rede 
telefônica. A rede telefônica é muito mais complexa que a rede comunicação por difusão, pois 
precisa selecionar duas pessoas dentre centenas de milhões de pessoas (ou aparelhos) espalhadas 
dentro de um município, de um estado, de um país ou do mundo todo. 
 
Rede
Telefônica
Telefone
Telefone
Telefone
Telefone 
 
Figura 1.3 Rede Telefônica. 
 
Em uma rede telefônica, como mostrada na Fig. 1.3, cada aparelho telefônico possui um 
código (número). A rede telefônica faz automaticamente a seleção dos aparelhos que se querem 
comunicar, e não está interessada no conteúdo da informação. Pela constituição do Brasil, os 
usuários têm direitos às privacidades, e não são permitidos às operadoras de rede telefônica, 
quaisquer tipos de acesso às informações transmitidas pela rede. Em casos excepcionais previstas 
na constituição, é possível o acesso às informações através das escutas telefônicas. 
 De uma maneira geral, a rede telefônica pode ser dividida em fixa e móvel. A rede 
telefônica fixa é a mais antiga e a maior rede existente no mundo. 
 Os principais elementos da rede telefônica fixa são mostrados na Fig. 1.4. 
 
 2 
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Central de
Comutação
Local
Central de
Comutação
Local
Central de
Comutação
Local
Central de
Comutação
Local
Central de
Comutação de
Trânsito
Para outra
central de 
trânsito.
Meio físico de
transmissão
CR - Concentrador
Remoto
CR
Aparelho
telefônico
Aparelho
telefônico
CR
Linha de assinante
(loop de assinante)
Aparelho
telefônico
Rede local de
assinante
 
 
Figura 1.4 Elementos da rede telefônica. 
 
 Uma rede telefônica é constituída de aparelhos telefônicos, centrais de comutação, 
concentradores remotos e os meios físicos de transmissão. As centrais de comutação que são as 
partes mais importantes da rede podem ser do tipo local ou de trânsito. Uma das principais 
funções das centrais de comutação local (abreviadamente centrais locais) que são colocadas em 
pontos estratégicos de uma cidade é concentrar os aparelhos telefônicos. Outras funções são 
interligar, para chamadas direcionadas para a própria central, os aparelhos telefônicos conectados 
na central e encaminhar as chamadas para outras centrais convenientes. 
Os meios de transmissão que interligam centrais locais e que estão em pontilhados na Fig. 
1.4, nem sempre estão disponíveis. As suas existências dependem muito do tráfego existente 
entre as duas centrais. Entretanto, existe pelo menos uma rota através da central de comutação de 
trânsito (abreviadamente central de trânsito) que possibilita uma central comunicar com qualquer 
outra central. Os meios de transmissão que interligam duas centrais são também chamados de 
troncos. Portanto, a função principal da central de trânsito é concentrar as centrais locais. Tem a 
função também, de encaminhar chamadas para outras centrais de trânsito. 
Em certas localidades, pode haver um conjunto de telefones que estão razoavelmente 
afastados da central local, e são localidades que têm poucas potencialidades de crescimento 
futuro. Nestas localidades são utilizados os concentradores remotos (CR). 
O concentrador remoto, em geral, não tem a função de comutação; concentra os aparelhos 
telefônicos, e utilizando um meio de transmissão de alta velocidade comunica com a central local 
em que fica conectado e a comutação é feita nessa central. Assim, pode-se dizer que um 
concentrador é uma parte da central local ligada através de um cordão umbilical. 
O conjunto formado por central local, aparelhos telefônicos e linhas de assinantes, é 
denominado de rede local de assinantes. 
Na rede telefônica móvel, os aparelhos telefônicos não possuem linhas físicas de 
assinantes. Toda comunicação entre o aparelho e a central telefônica é feita via rádio. A Fig. 1.5 
mostra os elementos de uma rede telefônica móvel. 
 
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MTSO (Mobile Telephone
Switching Office - Central
de Comutação de Telefonia
Móvel)
MSTO
REDE DE
TELEFONIA
Fixa
Antena
Antena
Carro
 
 
Figura 1.5 Rede telefônica móvel. 
 
Uma região, normalmente uma cidade, é dividida em subáreas com formatos hexagonais 
e cada uma dessas subáreas hexagonais possui uma antena que capta os sinais de rádio enviados 
por um aparelho telefônico móvel. 
Cada antena é conectada a uma central de comutação de telefonia móvel - MTSO 
(Mobile Telephone Switching Office) através de cabos. A MTSO faz todo o gerenciamento das 
comunicações, fazendo a comutação entre os assinantes de aparelhos móveis, ou no caso em que 
é um aparelho fixo, envia ou recebe a chamada para a rede telefônica fixa. 
Quando o aparelho móvel se movimenta de uma subárea para outra, o sinal que era 
recebido de uma antena será recebido da antena da subárea onde o aparelho se locomoveu, em 
um processo denominado “handoff”. 
Existem outros tipos de comunicação como comunicação por satélite. Mas, a 
comunicação por satélite, pode-se considerar como uma parte do sistema de transmissão. A 
comunicação por satélite tradicional pode ser considerada como um sistema de rádio microondas 
com apenas um repetidor. A Fig. 1.6 mostra um esquema de comunicação por satélite. As 
estações terrenas se comunicam transmitindo sinais ao satélite e o satélite retransmite para as 
estações. 
 
Satélite
Terra
 
 
Figura 1.6 Comunicação por satélite. 
 
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 Na rede de telefonia tanto fixa como móvel, existe uma fase inicial denominada de 
sinalização em que as centrais de comutação trocam uma grande quantidade de informações para 
estabelecer a conexão desejada. Após, estabelecida a conexão, as centrais só gerenciam a 
conexão para detectar o término da conexão para liberar os recursos da rede para uma outra 
conexão. A troca de informações, após a conexão, é da responsabilidade total dos usuários que 
estão conversando. Se a qualidade da conexão não estiver boa, os próprios usuários tomam 
providências, por exemplo, solicitando para repetir a parte que não entendeu, ou desfaz a 
conexão para refazer uma nova conexão. Assim, pode-se dividir uma comunicação do tipo 
pessoa a pessoa em duas fases: uma fase que a rede será responsável pela conexão e liberação 
das chamadas e uma outra fase em que os usuários trocam informações (conversação). 
No tipo de comunicação máquina a máquina, as duas fases acima mencionadas são da 
responsabilidade da rede. Um sistema de comunicação do tipo máquina a máquina é bastante 
complexo. O exemplo mais representativo do tipo de comunicação máquina a máquina é a rede 
de computadores. A rede de computadores pode ser classificada de acordo com o alcance da 
rede. Para uma distância abrangendo poucos metros, a rede é denominada rede local (LAN - 
local Area Network, em inglês). Para distâncias atingindo regiões que cobrem uma cidade, é 
denominada de rede metropolitana (MAN - Metropolitan Area Network, em inglês). E, para 
distâncias atingindo um país e conexões para outros países, é denominada de rede de longa 
distância (WAN - Wide Area Network, em inglês). A Fig. 1.7 mostra a configuração geral de 
uma rede de computadores. 
 
 Rede
Local 
(LAN)
 Rede
 Metropolitana
 (MAN)
 Rede
 Metropolitana
 (MAN)
 Rede de
Longa Distância
 (WAN)
 Rede
Local 
(LAN)
 Rede
Local 
(LAN)
 Rede
Local 
(LAN)
 Rede
Local 
(LAN)
 Rede
Local 
(LAN) 
 
Figura 1.7 Configuração geral de uma rede de computadores. 
 
A técnica de comutação utilizada em redes de computadores é diferente daquela utilizada 
em rede telefônica. É uma técnica conhecida como comutação por pacotes. Nesta técnica as 
informações podem ser segmentadas em várias partes, cada uma denominada de pacote. O 
pacote é armazenado em cada nó de comutação e após a análise do cabeçalho do pacote é 
encaminhado para um enlace conveniente. Esse processo de armazenamento permite uma 
utilização eficiente do meio de comunicação. 
Em geral, os nós de comutação em redes de longa distância estão conectados dois a dois, 
para permitir maiores alternativas de caminhos para encaminhar as mensagens. 
Na troca de informações entre duas máquinas é necessário estabelecer regras e 
convenções em todos os níveis de conversação para que haja uma correta troca de informações. 
Essas regras e convenções são denominadas, de modo geral, de protocolos de comunicação. O 
meio físico de transmissão em redes de computadores é denominado de circuito ou canal. Um 
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exemplo de rede computadores mais conhecido atualmente é a Internet, uma rede que interliga 
computadores do mundo todo. 
As redes de computadores são mais recentes do que as redes de telefonia. Assim, utilizam 
técnica de comutação, que é mais eficiente e mais flexível do que utilizada em redes telefônicas, 
técnica denominada de comutação por circuito. A comutação por circuito é uma técnica que 
aloca um canal ou circuito por todo o período que durar uma conversação. Nas redes mais 
modernas em operação ou atualmente em concepção, a técnica de comutação por pacote está 
sendo introduzida em menor ou em maior quantidade. Pode-se citar, por exemplo, a Rede Digital 
de Serviços Integrados - RDSI (ou ISDN - Integrated Services Digital Networks). 
A RDSI é uma rede digital unificada de terminal-a-terminal, com o objetivo de 
proporcionar uma variedade de serviços, como telefonia, dados, e imagens. 
A RDSI pode ser dividida em RDSI de faixa estreita e faixa larga. No caso da rede digital 
de serviços integrados de faixa estreita, RDSI-FE, há uma mistura de técnicas de comutação. 
Para o transporte de informações é utilizada a comutação por circuito, para aproveitar melhor a 
infra-estrutura de telefonia existente. Mas, para a troca de informações de sinalização, é utilizada 
a comutação por pacote. 
A RDSI-FE embora sendo uma rede unificada, é limitada, pois, a taxa de informações 
transportadas é até 2 Mbps (Mega bits por segundo). Para taxas superiores, utiliza-se a rede 
digital de serviços integrados de faixa larga, RDSI-FL, com a adoção integral da técnica de 
comutação por pacote. 
 
1.2 Evolução da Telefonia 
 
Aparelho Telefônico 
 O marco inicial da história da telefonia pode ser colocado em 1876 quando Alexander 
Graham Bell inventou o aparelho telefônico. Não houve uma significativa evolução nos 
aparelhos telefônicos por muito tempo. Os principais princípios utilizados por Bell no seu 
aparelho telefônico continuam sendo ainda utilizados nos dias de hoje em uma boa parte dos 
aparelhos telefônicos analógicos. Esses aparelhos utilizam os componentes passivos, e se 
destacam pela robustez e uma relativa qualidade. A evolução espetacular dos circuitos integrados 
(CI), e seu baixo custo, demandaram a utilização desses componentes em aparelhos telefônicos. 
A incorporação dos componentes eletrônicos nos aparelhos telefônicos possibilitou aumentar 
significativamente a funcionalidade e a qualidade da audição. Entretanto, não houve nenhuma 
evolução sob o ponto de vista dos princípios utilizados. 
 Embora a digitalização da rede telefônica tenha sido iniciada no final década de 60, no 
segmento da transmissão, e os princípios e a tecnologia para o aparelho telefônico digital tenham 
ficado disponíveis na década de 70, devido ao seu elevadocusto, a sua difusão começou somente 
na década de 90. 
 Os princípios utilizados nos aparelhos telefônicos digitais são bastante diferentes 
daqueles dos aparelhos analógicos e, pode-se dizer que, neste caso, houve realmente uma 
evolução tecnológica. A digitalização do sinal de voz permitiu total compatibilidade com os 
microprocessadores, possibilitando aumento de funcionalidade, qualidade, confiabilidade e 
principalmente a integração com outros serviços como dados e vídeo em uma única rede. 
 O estágio atual de evolução que estamos observando, é um aparelho único totalmente 
integrado em que um usuário poderá ter acesso a vários tipos de serviços como telefonia, dados e 
vídeo, através de uma única rede. 
 
Comutação Telefônica 
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 Logo após a invenção do telefone por Bell em 1876, surgiu a necessidade de comutação 
pela constatação de que interligar aparelhos dois a dois seria simplesmente impraticável, como 
pode ser observado pela Fig. 1.8. 
a) Sem comutação
Central de
Comutação
b) Com comutação
 
 
Figura 1.8 Necessidade de comutação. 
 
 Na Fig. 1.8 a), se N é o número de aparelhos telefônicos, é necessário um total de 
N
N
!
( )− 2 2! pares de fios para interconectar aparelhos dois a dois. Por exemplo, para N = 10 000, 
necessita-se de 49,9 milhões de pares de fios, sem levar em conta a distância que separa os 
aparelhos. Na Fig. 1.8 b), mostra-se a situação em que a introdução de uma central de 
comutação, necessitaria somente de N pares de fios. 
 A primeira central de comutação a ser utilizada, denominada de central manual, foi um 
painel com pontos de conexão horizontais e verticais, operado em geral por uma telefonista. A 
telefonista percebia que um usuário queria fazer uma chamada através de um sinal luminoso que 
acendia no painel. Após a conversação com o usuário, a telefonista ficava sabendo com quem 
queria se comunicar e, ela procurava no painel o outro usuário e fazia a conexão da chamada. 
O surgimento de uma central totalmente automática foi relativamente rápido. Em 1889, 
Almond B. Strowger inventou a central eletromecânica automática, denominada de central passo 
a passo (step by step). Na central passo a passo cada dígito discado pelo usuário que faz a 
chamada (chamador) ocasiona movimentos verticais e horizontais, até encontrar um caminho 
para conectar com telefone chamado. Conceitualmente a central passo a passo opera como 
mostrado na Fig. 1.9. 
Uma central passo a passo é constituída de três estágios. O primeiro estágio é 
denominado de procurador de linha, o segundo pode constituir de um ou de vários seletores e o 
último é conhecido como conector. No estágio procurador de linha, quando o usuário que inicia a 
chamada (chamador) retira o fone da posição de repouso, a linha ativa do usuário é identificada. 
Procura-se automaticamente o 1o seletor vazio e o tom de discar é enviado. Quando o usuário 
disca o primeiro dígito, isso ocasiona a geração de pulsos elétricos que movimenta verticalmente 
o 1o seletor e depois faz um movimento automático no sentido horizontal encontrando um 2o 
seletor vazio. Os mesmos movimentos são repetidos no 2o seletor com a recepção do 2o dígito, 
até encontrar um conector vazio. No exemplo da Fig. 1.9 é considerada uma central de quatro 
dígitos. Para centrais de mais dígitos, o número de seletores será maior. No estágio conector, são 
sempre utilizados dois dígitos finais, o 3o dígito ocasiona um movimento vertical e o 4o dígito 
procura horizontalmente o usuário chamado e envia o tom de campainha. 
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Tom de
Campainha
Conector
Chamado
(4 dígitos
Ex.: 2334)
3o Dígito 4o Dígito
2o Dígito
Mov. Horizontal
(Procura conector
vazio automati-
camente)2o Seletor
1o Dígito
Mov. Horizontal
(Procura 2o seletor
vazio automati-
camente)
Movimento
verticalTom de
Discar
Procura 1o seletor
vazio automaticamente
Procura linha
ativa
Procurador de linha 1o Seletor
Chamador
 
 
Figura 1.9 Conceito de comutação passo a passo. 
 
Assim, a cada dígito recebido a central vai passo a passo procurando um caminho até 
encontrar o usuário desejado. 
A Fig. 1.10 mostra como são feitos os movimentos vertical e horizontal. 
 
Fio de entrada
a) Movimento vertical
Banco
de
contactos
Fio de entrada
Fios
de 
saída
Eletro-
ímã
Mola
Fixador
b) Movimento horizontal
Lingüeta Metálica
Haste Central
Lingüeta
Fio de entrada
a) Movimento vertical
Banco
de
contactos
Fio de entrada
Fios
de 
saída
Eletro-
ímã
Mola
Fixador
b) Movimento horizontal
Fio de entrada
Fios
de 
saída
Eletro-
ímã
Mola
Fixador
b) Movimento horizontal
Lingüeta Metálica
Haste Central
Lingüeta
 
 
Figura 1.10 Movimentos vertical e horizontal. 
 
 Pela Fig. 1.10 a), observa-se que existe um banco de contatos empilhados em níveis. 
Cada pulso elétrico ocasiona um movimento vertical na lingüeta metálica atingindo um nível 
acima. Na realidade, a haste central em que a lingüeta se movimenta verticalmente é dotada de 
mecanismos para prender a lingüeta na posição atingida pela discagem de um dígito. 
No movimento horizontal, existe uma roda dentada que é impulsionada cada vez que o 
eletroímã é energizado por um pulso elétrico. O eletroímã atrai um pequeno braço metálico 
solidário a uma haste que se inclina impulsionando a roda dentada. A haste fica presa a uma 
mola que quando cessa o pulso elétrico volta a posição inicial. O fixador permite prender a roda 
dentada na posição desejada. 
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A Fig. 1.11 mostra o esquema de uma central passo a passo de 100 assinantes, e com um 
banco de 20 conectores. 
 Conector 20
C
C
C
C(11)
(12)
(13)
(00)
Procurador
 de linha
Procurador de
conector vazio
Conector 1
1
2
10
1
2
10
Banco de conectores
 
 
Figura 1.11 Central passo a passo de 100 assinantes. 
 
Os aparelhos telefônicos são numerados de baixo para cima. O telefone de número 11 é o 
número mais baixo e o de 00 é o mais alto, correspondente ao centésimo telefone. Cada assinante 
tem um procurador de linha (um relé) e um procurador de conector vazio. Se o número de 
assinantes for maior que 100, haveria a necessidade de seletores. Os procuradores de conector 
vazio são todos interconectados com os 20 conectores, permitindo ter até 20 chamadas 
simultâneas. Cada conector está dividido em 10 níveis no sentido vertical e em cada nível temos 
10 assinantes, totalizando 100 assinantes. 
 Seja um exemplo para estabelecer um caminho entre o assinante chamador (12) e o 
assinante chamado (11). A seqüência de operação é a seguinte: 
1 - Quando o assinante (12) tira o fone do gancho o relé C fecha. 
2 - O procurador de linha procura automaticamente um conector vazio (por ex., o 
conector número 1). 
3 - O 1o digito (1) ocasiona um movimento vertical e dá um passo no sentido vertical e 
estaciona no 1o nível. 
4 - O 2o digito (1) ocasiona um movimento horizontal e caminha um passo, selecionando 
o assinante chamado (11). 
O caminho em pontilhado mostra a conexão entre os assinantes (12) e (11). 
A central passo a passo rapidamente substituiu a central manual e esteve presente na 
maioria dos países até a década de 70. No Brasil, a sua presença foi mais além, e até 
recentementeem muitas localidades a central passo a passo esteve em operação. 
A grande desvantagem da central passo a passo era a dificuldade de alterar a numeração, 
uma vez que havia um relacionamento direto entre o número do assinante e o caminho físico na 
central. Assim, uma alteração na numeração exigia uma reconfiguração física da central. Sob o 
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ponto de vista de controle, pode-se dizer que a central passo a passo foi uma central 
completamente descentralizada em que cada chamada é tratada independentemente. 
Em 1938, foi instalada a 1a central denominada de N° 1 Crossbar System, em que o 
caminho físico da central era separado da parte de controle de estabelecimento de caminhos. A 
Fig. 1.12a) mostra que a central foi dividida em duas partes: uma parte chamada matriz de 
comutação e a outra parte denominada de controle comum. 
 
 
Enviador
(Sender)
Marcador
(Marker)
Matriz de
Comutação
(Switching
Network)
Controle
Comum
1
2
3
4
5
Entradas
1 2 3 4 5
Saídas
a) Central b) Matriz de comutação 
 
Figura 1.12 Central de comutação com controle comum. 
 
A matriz de comutação pode ter uma estrutura bastante complexa, mas a sua forma mais 
simples é mostrada na Fig. 12 b). Quando, por exemplo, um assinante no enlace de número 1 
quer comunicar com enlace de número 2, os pontos de cruzamentos 1 e 2, e 2 e 1 são conectados, 
possibilitando a conversação entre os assinantes. As conexões dos pontos de cruzamentos são 
controladas por controle comum. O bloco enviador do controle comum armazena os dígitos que 
o assinante chamador envia e o bloco marcador seleciona os caminhos na matriz de comutação e 
envia comandos para o fechamento dos pontos de cruzamentos. O controle separado trouxe uma 
vantagem em relação a central passo a passo, pois permitiu encontrar caminhos alternativos na 
matriz de comutação se falhasse na primeira tentativa, o que não era possível na central passo a 
passo. 
A central N° 1 Crossbar System estabeleceu o conceito de controle comum em 
comutação telefônica que foi utilizado em centrais de comutação eletrônicas que se seguiram. 
Houve inicialmente a substituição dos relés por componentes eletrônicos no controle comum, 
mas a grande evolução foi introduzir um computador para gerenciar toda parte de controle. 
Assim, na década de 1960 surgiu a central com controle por programa armazenado - CPA ( SPC 
- stored program control, em inglês). Na central CPA, o controle dos caminhos da matriz de 
comutação e todo o gerenciamento são feitos através de um computador utilizando programas 
(softwares), que possibilitam flexibilidade e facilidade nas alterações, por exemplo, da 
numeração dos usuários. Na realidade, os números dos usuários nas centrais CPAs, são números 
lógicos que não tem relação direta com os caminhos físicos na matriz de comutação. 
As principais partes de uma central de comutação com controle por programa 
armazenado são mostradas na Fig. 1.13. 
 
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M a tr iz d e
C o m u taç ã o
V a rred u ra
C o n tro le C e n tra l
(C o m p u ta d o r)
D is tr ib u i-
d o r d e S i-
n a l
A rm az e n a g em
 tem p o rá r ia
A rm az e n a g em
se m i-p e rm a -
n e n te 
 
Figura 1.13 Central de comutação com controle por programa armazenado. 
 
A matriz de comutação pode ter a mesma estrutura mostrada na Fig. 1.12 b). As linhas de 
assinantes e troncos recebem a varredura periódica para detectar se um assinante retirou o fone 
da posição de repouso. Quando detecta que o fone está fora de gancho, aquela linha recebe uma 
varredura com período menor para detectar os dígitos enviados. Os dígitos são enviados ao 
controle central, e são traduzidos baseados nas informações de usuários contidas na 
armazenagem semipermanente. Essas informações são referentes às localizações físicas dos 
usuários, se é um assinante normal ou assinante de categoria especial, etc. Tendo as informações 
dos dois assinantes que se querem comunicar, procura-se um caminho na matriz de comutação 
para estabelecer a conexão. Todos os sinais audíveis de sinalização como tom de discar, tons de 
campainha (para o assinante que está fazendo a chamada como para o assinante que receberá a 
chamada), tons de ocupados, são enviados pelo distribuidor de sinais. 
Uma central de comutação com controle por programa armazenado pode ser interpretada 
como um computador de aplicação específica e que tem uma interface de entrada e de saída 
bastante complexa denominada de matriz de comutação. 
A central de comutação com controle por programa armazenado acima descrito, embora 
tenha a parte de controle totalmente digital pelo uso do computador, é conhecida como 
analógica, CPA-A, pois os sinais tratados na matriz de comutação são analógicos. 
Quando os sinais tratados na matriz de comutação são digitais, a central de comutação é 
conhecida como CPA-T, ou controle por programa armazenado temporal, e foi desenvolvida na 
década de 1970 . As CPA-T são centrais de comutação totalmente digitais como mostrado na 
Fig. 1.14. Os enlaces que chegam ou saem da matriz de comutação são enlaces digitais, em geral 
multiplexados pela técnica denominada multiplexação por código de pulsos, MCP, ou PCM 
(Pulse Code Multiplexing), em inglês. 
A evolução para central totalmente digital trouxe à central flexibilidade, confiabilidade, 
diminuição de tamanho, economia no consumo de potência e facilidade na incorporação de 
novos serviços. Tornou possível a integração entre a transmissão digital e a comutação digital, e 
a rede operando com essa característica ficou conhecida como rede digital integrada, RDI (IDN - 
Integrated Digital Network). Na realidade, essa integração foi um grande passo para evoluir na 
direção da rede digital de serviços integrados, RDSI (ISDN - Integrated Services Digital 
Network). O objetivo dessa rede é integrar vários tipos de serviços como voz e dados em uma 
única rede para melhor aproveitar os recursos operacionais da rede, isto é, não haveria, por 
exemplo, uma central de comutação para voz e uma outra para dados; um meio de transmissão 
para voz e um outro para dados; haveria somente uma única infra-estrutura para fornecer 
diversos tipos de serviços. 
 11 
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Matriz de
Comutação
Digital
Controle por Programa 
armazenado.
Enlaces
Digitais
Multi-
plexados
Enlaces
Digitais
Multi-
plexados
 
 
Figura 1.14 Central de comutação digital com controle por programa armazenado. 
 
 Muitas arquiteturas de comutadores digitais foram propostas e implementadas. Iniciando 
com um controle utilizando um computador de grande porte que operava, na realidade, com dois 
computadores executando as mesmas operações, para aumentar a confiabilidade do sistema, as 
centrais digitais, com o advento dos microprocessadores, evoluíram para controle 
descentralizado e distribuído. Existem arquiteturas de centrais digitais com controle em que o 
computador de grande porte foi substituído por vários processadores interligados em rede, cada 
processador executando um conjunto de funções para processar chamadas, estabelecer conexões 
na matriz de comutação, tarifar as chamadas e gerenciar a central como um todo. Existem 
também, centrais em que o controle é descentralizado e distribuído em várias partes da central. 
Por exemplo, uma parte do processamento de uma chamada, como enviaro tom de discar e 
receber os dígitos enviados pelos usuários, fica distribuída em vários processadores na periferia 
da central e a outra parte que necessita informações mais gerais dos usuários, é processada por 
outros processadores dispostos na parte central do comutador. 
 Atualmente há um grande esforço no sentido de incorporar na rede telefônica a técnica de 
comutação utilizada na rede de dados, denominada de comutação por pacotes. Esta técnica 
apareceu no final da década de 60 e, foi desenvolvida para aplicação específica em interligar 
computadores dissimilares, formando uma rede de computadores. É uma técnica bastante 
eficiente que permite uma troca confiável e segura de informações, portanto muito conveniente 
para utilizar na troca de informações dos usuários, entre centrais de comutação. 
No momento, observa-se o desenvolvimento de centrais de altíssima capacidade que 
permitem tratamento de qualquer tipo de sinal, tanto na matriz de comutação como na parte de 
controle, e que serão utilizadas em rede digital de serviços integrados de faixa larga, RDSI-FL. 
 Por último, deve ser salientado que a rede telefônica não teria a evolução que esta se 
observando hoje, se não houvesse o progresso na tecnologia do meio de transmissão. Começando 
com pares metálicos em que os sinais eram transmitidos diretamente sem modulação, a 
tecnologia do meio de transmissão evoluiu para cabos coaxiais e finalmente para fibras ópticas. 
O uso da técnica de modulação e a inclusão de repetidores tornaram possíveis aa transmissões a 
longas distâncias. Os cabos coaxiais trouxeram maior imunidade a ruídos e através do uso da 
transmissão digital, o alcance dos enlaces atingiu distancias bastante longas. Entretanto, o uso 
das fibras ópticas na rede telefônica foi um passo definitivo para se ter uma alta qualidade de 
transmissão aliada à imunidade ao ruído. Essas características da fibra óptica permitiram o 
desenvolvimento das técnicas de comutação para centrais de altíssima capacidade utilizadas em 
RDSI-FL. 
 
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 13 
 
EXERCÍCIOS 
 
1.1 Os tipos de sinais de informação que são transmitidos em redes de comunicação podem ser 
voz, video, imagem, dados e fax. Esses sinais em suas formas originais podem ser analógicos ou 
digitais. Quais sinais são analógicos e quais são digitais? 
 
1.2 O acesso à rede mundial internet de uma residência é feito através da rede telefônica. Qual é 
o nome do dispositivo que permite aos computadores o acesso à rede telefônica? Descreva a 
função principal desse dispositivo. 
 
1.3 A rede telefônica pode ser utilizada para transmitir os sinais de TV a cabo? Porque? Quais 
modificações são necessárias? (Discuta sob os aspectos de transmissão e de comutação). 
 
1.4 Desenhe em detalhes uma central passo a passo de 1000 assinantes. Considere um banco de 
10 seletores e um banco de 10 conectores para cada grupo de 100 assinantes. 
Mostre o caminho para a ligação entre o assinante 112 e 111. 
 
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Capítulo 2 
 
O Aparelho Telefônico 
 
 
 
2.1 Introdução 
 
Os principais princípios utilizados por Alexander Graham Bell, quando inventou o 
aparelho telefônico em 1876, continuam ainda sendo aplicados nos aparelhos telefônicos 
analógicos. Com a evolução dos circuitos integrados, vieram os aparelhos telefônicos eletrônicos 
que incorporaram muitas novas funções. Entretanto, os princípios envolvidos são os mesmos dos 
aparelhos analógicos. 
Os aparelhos telefônicos digitais são baseados em princípios totalmente diferentes dos 
analógicos, e incorporaram todas as funções dos aparelhos analógicos e muitas outras facilidades 
nunca antes imaginadas. Contudo, os aparelhos digitais estão sendo introduzidos na rede pública 
de telefonia em um ritmo muito lento devido a um custo elevado e a algumas dificuldades 
técnicas. Em locais restritos como empresas, fabricas e pequenas firmas, em que são utilizadas as 
centrais PABX digitais, os aparelhos telefônicos digitais estão sendo introduzidos em ritmo 
relativamente rápido. 
Devido a sua relevância história, a sua utilização ainda bastante ampla na rede pública de 
telefonia e também porque auxilia na compreensão dos aparelhos telefônicos digitais, vamos 
estudar inicialmente, neste capítulo, os principais conceitos envolvidos em aparelhos analógicos 
que utilizam componentes passivos. Em seguida, os aparelhos eletrônicos que usam 
componentes ativos serão estudados. Por fim, os principais conceitos envolvidos em aparelhos 
telefônicos digitais serão detalhados. 
 
2.2 Aparelho Telefônico Analógico 
 
 As principais funções do aparelho telefônico são: 
a) Solicitar a utilização dos recursos da central local, quando o usuário retira o fone do 
gancho. 
b) Informar o usuário que a central local está apto para o início da chamada, emitindo o 
tom de discar. 
c) Enviar o número de telefone do chamado à central local. 
d) Indicar o estado de uma chamada em progresso (tocando campainha, ocupado, etc.) 
e) Avisar o usuário que uma chamada está por vir (toque de campainha). 
f) Transformar a energia acústica de voz em energia elétrica e vice-versa. 
g) Ajustar automaticamente as variações existentes nos comprimentos dos cabos. 
h) Avisar o sistema telefônico que a chamada terminou, logo após o usuário chamador 
colocar o fone no gancho. 
 
 Essas funções nem sempre são realizadas de maneira independente. Muitas vezes, são 
executadas em conjunto com a central local. 
 O diagrama funcional de um aparelho telefônico é mostrado na Fig. 2.1. 
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Circuito Anti-ruido e
Silenciador de Voz
Circuito compensação de
 comprimento de cabo
HíbridaTransmissor Receptor
Rede de Balanceamento
Chave
(Gancho) Campainha
Linha de Assi-
nante (meio de
transmissão)
Disco
Teclas
 
 
 Figura 2.1 Diagrama funcional de um aparelho telefônico. 
 
 Os conceitos envolvidos em cada um dos blocos mostrados na figura serão estudados 
separadamente. 
 
Campainha 
É um dispositivo acionado por corrente alternada que vem da central local. Um esquema 
simplificado de funcionamento de uma campainha é mostrado na Fig. 2.2. 
 
Chavea
b
C
Campainha
20 ~25 Hz
Circui-
to do
Apa-
relho
Telefô-
nico
Linha de
Assinante
 
Figura 2.2 Esquema de uma campainha. 
 
A chave, quando o fone está no gancho (posição de repouso), fica aberta. O caminho da 
corrente alternada é através da linha de assinante, do capacitor C e da campainha. Quando o 
usuário tira o fone do gancho, interrompe a corrente alternada e simultaneamente uma corrente 
contínua alimenta o aparelho telefônico. 
 
Disco 
O disco serve para enviar o número de assinante chamado à central, função essa 
executada através da interrupção da corrente contínua. O funcionamento do disco pode ser 
explicado através da Fig. 2.3. 
O disco é girado até a alavanca de parar. Ao retornar à sua posição original o circuito é 
interrompido (abertura da chave S1), com freqüência de 10 Hz ou um período de 100 mseg. 
Durante a discagem, a chave S2 tem a função de colocar em curto-circuito toda a parte do 
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circuito do aparelho telefônico, para impedir que os ruídos de abertura e fechamento de S1 sejam 
ouvidos no receptor. A Fig.2.3 mostra também um exemplo de discagem do número 4. 
Disco
S1 S2 S3
Circui-
to do
Apa-
relho
Telefô-
nico
Linha de
Transmissão
 
S1
S2
S3
100 ms
67
ms
33
1 2 3 4 5 6
200 ms
 
 
Figura 2.3 Funcionamento de um disco. 
 
São feitas 2 interrupções a mais na chave S1, para se ter uma pausa interdigital. Essa 
pausa interdigital é necessária para a central reconhecer um dígito do outro. Durante esses dois 
pulsos finais, a chave S3 fica em curto-circuito com o contacto S1. Quando o número 1 é 
discado, gera uma interrupção, representando um pulso; o número 2 gera dois pulsos e assim por 
diante. O número zero gera 10 pulsos. 
 
Teclas 
 Existem dois tipos de teclas. Um tipo que emula um disco. Neste caso, existe uma 
memória que armazena os dígitos pressionados e um dispositivo a relé, que gera os pulsos na 
linha, simulando o disco. 
Um outro tipo é baseado em tons duais multi-freqüências (DTMF - dual tone 
multifrequencial). Cada tecla pressionada gera dois tons que são transmitidos na linha de 
assinante e são filtrados e decodificados na central telefônica. A Fig. 2.4 mostra a disposição das 
teclas. Por exemplo, se pressionarmos a tecla 8, geram-se as freqüências 852 Hz do grupo 
inferior e 1336 Hz do grupo superior. A quarta coluna é utilizada para aplicações especiais. 
 
Grupo
SuperiorGrupo
Inferior
1209 1336 1477 1633
697
770
852
941
Hz
Hz
1 2 3 A
4 5 6 B
7 8 9 C
* 0 * D
Teclado Normal Teclado Estendido
 
Figura 2.4 Teclas utilizando DTMF. 
 
Transmissor (microfone) 
 Existem vários tipos de microfones. O microfone mais antigo e ainda bastante comum é o 
microfone a carvão. A Fig. 2.5 mostra o funcionamento de um microfone a carvão. 
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Bateria 
 48v 
Membrana 
Disco 
 Linha de 
 Assinante Metal 
Carvão 
 Metal Central local 
Simbologia 
 
Figura 2.5 Funcionamento de um microfone a carvão. 
 
 A voz do usuário provoca variações na pressão do ar que atua sobre uma 
membrana de alumínio. Essa pressão variável modifica a resistência ôhmica entre os pontos de 
contacto da cápsula. A eficiência do microfone depende muito da aplicação da tensão correta na 
cápsula. Uma tensão baixa pode acarretar uma transmissão ruim, e uma tensão alta pode 
provocar a queima dos grânulos de carvão. 
 
Microfone Eletromagnético 
 O diagrama da Fig. 2.6 mostra o esquema de funcionamento de um microfone 
eletromagnético. 
 
Saída
ElétricaN
S
S
Campo MagnéticoBobinaSuporte Flexível
Entrada
Acústica
Ímã
Permanente
Diafragma 
 
Figura 2.6 Esquema de funcionamento de um microfone eletromagnético. 
 
A pressão acústica ocasiona o movimento da bobina. O movimento da bobina imersa no 
campo magnético induz uma corrente proporcional a esse movimento. Essa corrente é de pouca 
intensidade e necessita ser amplificada. 
 
Microfone de Eletreto 
 A Fig. 2.7 mostra o esquema de um microfone de eletreto. O eletreto é um material 
dielétrico utilizado para armazenar carga elétrica quase que indefinidamente. Quando o eletreto é 
colocado como o dielétrico entre as duas placas de metais, forma um tipo especial de capacitor. 
 A relação ente a tensão (V), a carga (Q) e a capacitância (C) é dada por 
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V
Q
C
= (2.1) 
 A carga Q armazenada no dielétrico é mantida praticamente constante. O pequeno 
movimento do diafragma de metal devido a ação do sinal sonoro, acarreta pequenas variações na 
capacitância do capacitor, fazendo com que haja variações na tensão V. Essas variações de 
tensão são pequenas e devem ser amplificadas. 
 
D iafragm a de m etal
M etal
Eletreto
M etal
V Sinal Elétrico
A m plif.
 
 
Figura 2.7 Princípio de funcionamento do microfone de eletreto. 
 
Receptor 
 A função do receptor é transformar a energia elétrica em energia acústica. Existem dois 
tipos de receptores: eletromagnético e eletrodinâmico. 
 
Receptor Eletromagnético 
 A Fig. 2.8 mostra o princípio de funcionamento de um receptor eletromagnético. 
A corrente elétrica (sinal de voz) varia o fluxo do campo magnético. O fluxo atrai ou 
repele o diafragma de ferro que desloca o ar, transformando em um sinal audível. 
 
Campo
Magnético
Ímã
Diafragma de
Ferro
Ponto fixo
i
Corrente
Símbolo
 
 
Figura 2.8 Princípio de funcionamento de um receptor eletromagnético. 
 
Receptor Eletrodinâmico 
O mesmo princípio do receptor eletromagnético é utilizado em um receptor 
eletrodinâmico. Entretanto, neste caso, a bobina é solidária ao diafragma, como mostrado na Fig. 
2.9. 
 
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Ímã
i
Diafragma
Bobina
Movimento do diafragma
 
 
Figura 2.9 Princípio do receptor eletrodinâmico. 
 
A bobina, ao ser percorrida por uma corrente, gera um campo que interage com aquele 
produzido por um ímã permanente, ocasionando uma movimentação do diafragma de acordo 
com a intensidade de corrente, transformando em um som audível. 
O receptor eletrodinâmico é mais sensível que o eletromagnético, mas este apresenta 
maior robustez, uma vez que somente o diafragma se movimenta. O receptor mais utilizado em 
aparelhos telefônicos analógicos é o eletromagnético. 
 
Híbrida 
A função da híbrida é transformar um par de fios em dois pares de fios e vice versa. Há 
necessidade dessa transformação, porque se usa em geral somente um par de fios na linha de 
transmissão por economia, e faz-se a separação da transmissão e da recepção no aparelho 
telefônico, utilizando uma híbrida. O exemplo abaixo mostra um circuito utilizando 
transformadores para executar uma função da híbrida. 
 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 
Exemplo 2.1 
 
No circuito da figura abaixo, os números de enrolamentos dos transformadores (tanto 
primário como secundário) são todos iguais (considere os transformadores ideais). O 
enrolamento E tem sua ligação invertida em relação a C. Um sinal v = 2 coswt é colocado nos 
terminais 8 e 7. A rede de balanceamento é utilizada para anular o sinal no receptor, quando o 
aparelho telefônico está transmitindo, e no sentido reverso, anular o sinal no transmissor, quando 
está recebendo o sinal da linha. 
 
Tramsmissor v
8 +
7 -
Receptor
4 +
3 -
A B
C
D
E
F
G H
L
L
Linha de
Assinante
1:1
1:1
1:1
1:1
1
2
6
5
L = indutância de F e de G.
RL RL
Rede de
Balanceamento
 
 
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 a) Quais são as tensões que aparecem nos terminais 1 e 2 e, 4 e 3? 
Supondo, agora, que o sinal v seja colocado nos terminais 1 e 2 e a carga RL nos 
terminais 4 e 3, 
 b) Indique os sentidos das tensões que aparecem em todos os enrolamentos. 
 c) Qual é a tensão que aparece nos terminais 4 e 3? 
 
Solução: 
a) Como os transformadores são ideais, os valores e os sentidos das tensões que aparecem 
nos enrolamentos são aqueles mostrados na figura abaixo. 
 
 v = 
2 cos wt
8 +
7 -
4 +
3 -
L
L
1:1
1:1
1:1
1:1
1
2
6
5
v/2 v/2
v/2 v/2
v1
v1v1
v1
RLRL 1
i1(t)i2(t)
 
 
 Como a tensão entre os terminais 3 e 4 é formada por duas tensões v1, iguais em 
magnitude, mas tem sentidos opostos, a resultante será zero. 
 Para calcular a tensão que aparece nos terminais 1 e 2, deve-se analisar o circuito da 
malha 1. O circuito equivalente da malha é mostrado abaixo. 
 
i2(t)V /2
R L
L
 
 
 
 A equação da malha é 
 
L
d i t
dt
R i t wtL
 2
2
( )
( ) cos+ = (2.2) 
 
 A solução da equação é 
 
 I t
wL
R wL
wt
R
R wL
wt
L
L
L
2 2 2 2 2( ) ( )
sen
( )
cos= + + + (2.3) 
 Portanto a tensão v12 será 
 
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 v12 = RLI2(t), (2.4) 
 
correspondente a tensão transmitida na linha. 
 
 b) A figura abaixo mostra os sentidos das tensões nos enrolamentos. Neste caso, o sinal 
que é transmitido na linha é recebido no receptor, e o sinal nos terminais 7 e 8 (transmissor) é 
zero. 
 
 v = 
2 cos wt
8 +
7 -
4 +
3 -
L
L
1:1
1:1
1:1
1:1
1
2
6
5
v/2 v/2
v/2 v/2
v/2
v/2v1
v1
RL 1
i1(t)
i2(t)
+
-
RL
 
 
 c) A tensão nos terminais 3 e 4, correspondente a tensão recebida no receptor será 
 
 V43 = RLI2(t) 
onde 
I2(t) tem o mesmo valor da Eq. 2.3. 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 
 
Alimentação do aparelho telefônico 
 Em aparelhos telefônicos analógicos, a alimentação de corrente contínua (CC) necessária 
ao microfone é fornecida através de uma bateria central, localizada junto a central de comutação 
local. A Fig. 2.10 mostra o esquema de dois aparelhos telefônicos analógicos alimentados por 
uma bateria central, quando estão ativos (em conversação). 
 
Choque
Bateria
Central
 
 
Figura 2.10 Alimentação por bateria central. 
 
A figura mostra que, somente sinais AC passam pelos microfones. A bobina de choque é 
utilizada para evitar que sinais AC passem pela bateria. É possível “casar” a impedância do 
microfone com a linha através do transformador para obter a máxima transferência de potência 
nos receptores. 
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Na configuração mostrada na Fig. 2.10, poderá ocorrer um fenômeno denominado de 
efeito local (side tone) em que a pessoa que fala ouve a sua própria voz no receptor com maior 
intensidade que o som vindo do microfone do seu interlocutor. O circuito da Fig. 2.11 mostra 
uma maneira de atenuar esse efeito. 
 
ZL
VL
Zm
Zb
Zf
Zb
ZL
Zf
I
Zb
ZmVm
ZL
Zm - impedância do microfone
Zf - impedância do receptor
Zm - impedância do microfone
Zf - impedância do receptor
Circuito anti-local Circuito equivalente detransmissão
Circuito equivalente de recepção
 Zb - impedância de balanceamento
 ZL- impedância da linha
Vm, VL - tensões dos
microfones
 
Figura 2.11 Circuito para atenuar o efeito local. 
 
 A impedância Zb é escolhida de tal modo que a corrente I que passa pelo receptor seja 
suficientemente pequena, de tal modo que a pessoa que fala tenha retorno da sua voz. Se Zb = ZL, 
teremos I = 0. Neste caso, não teríamos nenhuma realimentação para a pessoa que fala, dando a 
falsa impressão de que o microfone está mudo. 
 O valor ideal da atenuação do efeito local é da ordem de 15 a 20 dB, que corresponde à 
atenuação natural entre a boca e o ouvido de um indivíduo. Na recepção, o sinal que vem da 
linha terá um mesmo sentido no transformador e o receptor receberá um sinal sem atenuação. 
 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 
Exemplo 2.2 
 
 O esquema de telefone da Fig. 2.12 é um telefone analógico convencional. As chaves S2 e 
S3 compõem o disco e não há chave para um tempo de guarda entre números (pausa inter-
digital). 
 
S3 
0 33, µF
0 33, µF
100Ω
100Ω
82Ω
36 9, Ω
1KΩ
560Ω
10 4, Ω118, Ω
1µF
S1
S2
R1 R2
V4
V5 n4
n3n2n1
15, µF
V3
V2M
R
V1
Linha de
assinante
 
 
Figura 2.12 Aparelho telefônico analógico convencional. 
 
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 a) Indique a forma e o caminho do sinal da campainha. Quais chaves estão abertas e quais 
estão fechadas? 
 b) Após a remoção do monofone do gancho (off-hook), quais chaves estão fechadas e 
quais estão abertas? Desenhe o circuito equivalente DC. 
 c) Qual é a função da chave S2? Quais são as funções dos varistores V1 e V2? Qual é a 
função do circuito RC em paralelo com a chave S1? 
 d) Desenhe as formas de ondas das chaves S1 e S2 para a discagem do número 4. 
 e) Desenhe o circuito equivalente AC. Suponha que o capacitor de 1,5 F seja um curto-
circuito. Qual é a função do enrolamento n4? 
 f) Identifique a impedância Zb que serve para atenuar o efeito local. Explique como é 
feita essa atenuação. 
 
 Solução: 
 a) O caminho do sinal da campainha está mostrado na figura abaixo. É um sinal senoidal 
de cerca de 70 volts de pico. As chaves S1 e S2 ficam abertas, no sentido de não operantes. A 
chave S3, com monofone no gancho, fica na posição em que permite um caminho para que o 
sinal senoidal percorra o capacitor e a campainha. Quando o monofone é removido do gancho, o 
sinal senoidal é imediatamente interrompido. 
 
S 3 
0 3 3, µF
1 0 0Ω
1 K Ω
5 6 0Ω
1µF
S 1
S 2
R 1 
V 1
L in ha d e
assinan te
 
 
b) A chave S3 fica na posição mostrada na figura abaixo. A chave S1 fica fechada, 
possibilitando o fornecimento de uma corrente contínua ao microfone. A chave S2 fica aberta. O 
circuito equivalente em corrente contínua é também mostrado na figura. 
56 0Ω
1 00Ω
S 3
R 1 R 2
3 6 9, Ω 11 8, Ω
8 2Ω
S 1
V 4 V 5
V 2
M
V 1
 
 
c) A chave S2 é utilizada para evitar ruídos indesejáveis ao usuário na discagem de um 
número; nesta fase, a chave fica fechada, deixando toda a parte de recepção em curto-circuito. 
V1 e V2 são varistores usados para compensar automaticamente a variação da corrente continua 
com a distância que separa o telefone da central local. Os varistores mantêm a corrente de 
alimentação do microfone aproximadamente constante para qualquer comprimento de linha até 
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1500 Ω de resistência de loop. Uma resistência de loop de 1500 Ω equivale a 11 Km de linha 
de assinante utilizando fios 22 AWG ou 5 Km de linha de assinante com fios 26 AWG. 
A corrente do microfone é em torno de 30 a 40 mA para uma bateria central de 48 V. 
O circuito RC em paralelo com a chave S1 evita as faíscas da chave, quando há a 
discagem de um número. O circuito RC evita variações bruscas de corrente. 
 
d) As formas de ondas são mostradas na figura abaixo. 
S 1
S 2
100 m s
67
m s
33
1 2 3 4
 
 
e) O circuito equivalente em corrente alternada é mostrado na figura abaixo. 
 
S3 
0 33, µF
0 33, µF
100Ω
100Ω
82Ω
36 9, Ω
1KΩ
560Ω
10 4, Ω11 8, Ω
1µF
S1
S2
R1 R2
V4
V5 n4
n3n2n1
1 5, µF
V3
V2M
R
V1
Linha de
assinante
Zb 
 O enrolamento n4 tem a função de compensar automaticamente o sinal AC com a 
distância.O aparelho telefônico é projetado para operar em condições ótimas a uma máxima 
distância (por ex. 10 km). Para distâncias menores, mais perto da central, a corrente que passa 
pelos resistores R1 e R2 aumenta; há um aumento de tensão entre os terminais dos varistores V4 
e V5, o que acarreta a diminuição das suas impedâncias. Isso ocasiona um surgimento de sinal 
através do enrolamento n4 contrário aos enrolamentos n1, n2 e n3, abosrvendo parte da potência 
do sinal de linha. 
f) Na figura acima, a elipse pontilhada mostra a impedância Zb que serve para atenuar o 
efeito local. Para entender como é feita essa atenuação, vamos recorrer a figura abaixo, que 
mostra o circuito AC simplificado e os sentidos das correntes na transmissão e na recepção. 
 
ZL
n1 n2 n3
Zb
R
 
Linhas cheias - correntes de recepção 
 Linhas pontilhadas - correntes de transmissão 
 
 24
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Na recepção, a corrente aplicada no receptor será máxima. Na transmissão, a tensão em 
n3 é projetada de tal modo que seja aproximadamente igual a tensão em Zb, atenuando o efeito 
local. 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 
 
2.3 Aparelho Telefônico Eletrônico 
 
 Os objetivos da introdução de componentes eletrônicos em aparelhos telefônicos são 
diminuir o custo, aumentar a confiabilidade do aparelho, melhorar o desempenho e aumentar 
funções para facilitar operações do usuário. São utilizados os CIs (circuitos integrados) em 
grande escala nos aparelhos telefônicos eletrônicos. Como os componentes eletrônicos são mais 
frágeis do que os componentes passivos, os aparelhos eletrônicos possuem circuitos de proteção 
tanto para sobre-tensões assim como para a polaridade. O circuito de proteção para a polaridade 
é uma ponte de diodos para garantir uma única polaridade ao circuito do aparelho telefônico, 
qualquer que seja a polaridade de entrada. 
O esquema principal de um circuito do aparelho telefônico eletrônico é mostrado na Fig. 
2.13. 
Receptor
ZL
R1 R2
ZB
Microfone
 
 
Figura 2.13 Esquema principal do aparelho telefônico eletrônico. 
 
A impedância ZL é equivalente a impedância da linha de assinante. R1 e R2 são resistores 
de baixas resistências ôhmicas (da ordem de 10 a 20 Ω). O valor de ZB é escolhido de tal modo 
que o efeito local seja minimizado. Como o circuito forma uma ponte de Wheatstone, para anular 
completamente o efeito local devemos ter a relação 
 
ZB R1 = ZL R2 (2.5) 
 
 O circuito da Fig. 2.13 permite facilmente incorporar amplificadores no microfone e no 
receptor. Os amplificadores permitem que o microfone seja mais sensível e utilizar, por exemplo, 
microfone de eletreto. Além disso, permitem controlar o volume para a intensidade desejada. 
O circuito da Fig. 2.14 mostra as principais partes de um aparelho telefônico eletrônico. 
Tanto o sinal do microfone como o sinal do receptor passa por amplificadores. Os ganhos dos 
amplificadores são ajustados automaticamente conforme a distância que separa da central. Essa 
regulagem é feita pelo regulador através da intensidade da corrente que chega ao aparelho. 
A saída do amplificador do microfone alimenta um bloco denominado de estágio de saída 
que é utilizada para “casar” com a impedância da linha e transferir máxima potência. A 
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impedância ZB é utilizada para atenuar o efeito local e o capacitor C1 tem a função de correção 
da resposta em freqüência. 
Os detalhes da analise de cada parte do circuito podem ser encontrados na referência [1]. 
Na realidade, existem componentes CIs como TCM 1705 ou TCM 1706 [1] que incorpora todos 
os circuitos mostrados na Fig. 2.14, restando tão somente acrescentar alguns componentes 
externos. 
Z L
C ircui-
to de
Prote-
ção
R egula-
dor
E stágio
de Saída
A T
A R
R 1 R 2
C 1
R 3
R 4
C 2
Z B
C ontro le dos ganhos dos am plificadores 
 
Figura 2.14 Partes de um aparelho telefônico eletrônico. 
 
2.4 Aparelho Telefônico Digital 
 
Os princípios utilizados em aparelho digital são bastante diferentes de um analógico. O 
sinal de voz, logo após o microfone é digitalizado e recebe a partir daí todo o tratamento digital. 
A Fig. 2.15 mostra as principais partes de um aparelho telefônico digital. 
 
Linha de
A ssinante
C ir-
cuito
de
linha
C odif.
e D ec.
2B 1Q
Em ba-
ralha-
dor e
D esem -
bara.
Sinali-
zação
e S in-
croni-
zação
C odif./
 D eco-
dif. e
Filtros
M icroprocessador
EPRO M
R A M
D isplay de caracteres
7 8 9 D
 4 5 6 C
1 2 3 B
0 * # A
S K R
R egulador
M onofone
C ontrole 
de
V olum e
C have
C have
V iva voz
 
 
Figura 2.15 Partes funcionais de um aparelho telefônico digital. 
 
O elemento principal de controle é um microprocessador que controla não só os displays 
e os teclados, mas também supervisiona a sinalização, a sincronização e o embaralhador / 
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desembaralhador. Além disso, todo o software para implementação das várias funcionalidades e 
para comunicação com a central PABX local ou com a central pública local, está residente no 
microprocessador. 
As chaves são operadas quando o usuário retira o monofone da posição de repouso ou 
quando opera a chave para uma conversação em viva voz. 
Os displays podem ter tamanhos variados, assim como o teclado que no caso mais 
simples pode conter somente os dígitos essenciais, mas pode conter, em casos mais sofisticados, 
teclas que permitem acionar as várias funcionalidades do aparelho. 
Em geral, os aparelhos digitais contêm controle de volume. A alimentação do aparelho é, 
em geral, feita pela central local, mas poderá em algumas situações ser fornecida localmente. 
 
Sinalização e Sincronismo 
 Embora os aparelhos telefônicos digitais sejam utilizados como aparelhos com mais 
funcionalidades que os aparelhos convencionais, na realidade, os aparelhos digitais devem ser 
colocados no contexto de uma RDSI-FE (Rede Digital de Serviços Integrados de faixa estreita). 
Assim, tanto a sinalização como o sincronismo obedece a padronizações internacionais e são 
especificados não somente para a telefonia, mas também para dados. É utilizado um canal 
específico (outband signaling) para troca de informações de sinalização. No Capítulo 8, em que a 
RDSI-FE será discutida em detalhes, tanto a sinalização como o sincronismo será estudado em 
maior profundidade. 
 
Codificação e Decodificação 
O processo de codificação é transformar o sinal analógico logo após a saída do microfone 
em sinais digitais. O processo inverso é denominado decodificação. O princípio da digitalização 
é fundamentado no teorema de amostragem. O teorema de amostragem estabelece que: 
 “Se um sinal x(t) é limitado em faixa, fm Hz, então o sinal pode ser completamente 
caracterizado pelas amostras tomadas em intervalos uniformes iguais ou menores que (1 / 2 fm) 
segundos”. 
Na Fig. 2.16, é mostrado um sinal x(t) limitado em freqüência, que pode ser reproduzido 
a partir das amostras, xs(t), tomadas em intervalos iguais ou maiores que (1 / 2 fm) segundos. O 
resultado do processo de amostragemé denominado de PAM (Pulse Amplitude Modulation), 
modulação por amplitude de pulsos. 
x(t)
t
t
PA M
xs (t) 
 
 
Figura 2.16 Exemplificação do teorema de amostragem. 
 27
Em PAM, embora as amostras sejam caracterizadas em intervalos regulares, os sinais 
continuam sendo analógicos. Para uma completa digitalização, é necessário um outro tipo de 
modulação conhecido como PCM (Pulse Code Modulation), modulação por código de pulsos. 
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PCM - Modulação por código de pulsos 
 As principais etapas utilizadas no processo de modulação por código de pulsos são 
mostradas na Fig. 2.17. O sinal de voz é, inicialmente, filtrado para confinar a máxima 
freqüência em torno de 3,4 KHz. O sinal filtrado é amostrado (PAM), e cada amostra é retida 
para ser quantizada e por fim é codificada. A Fig.2.18 mostra um exemplo de modulação por 
código de pulsos. O processo de quantização, que aproxima o nível de tensão amostrado ao 
valor discreto de tensão mais próximo, introduz um ruído no sinal, que será menor quanto maior 
for o número de tensões discretas. O sistema PCM adotado no Brasil utiliza 256 níveis de tensão, 
o que eqüivale a uma codificação com 8 bits. Com esse número de níveis, o ruído de quantização 
é mínimo, e um usuário de aparelho digital não notará nenhuma diferença em relação ao 
aparelho analógico. 
 
Filtro de
entrada
Circuito de
Am ostragem
e Retenção
(Sample &
Hold)
Quantiza-
dor
Codifica-
dor
Decodifi-
cador
Circuito
de
Retenção
Filtro de
saída
Sinal
de 
Voz
 
 
Figura 2.17 Modulação por código de pulsos. 
 
 
x(t)
5
4
3
2
1
0
xs 2,9 4,4 4,9 3,8 1,9
xsq 3,0 4,0 5,0 4,0 2,0
Cod.
bin.
011 100 110 100 010
PCM
Am ostrado
Quantizado
Codificado
Codificado por pulsos
 
 
Figura 2.18 Exemplo de modulação por código de pulsos. 
 
O processo de decodificação é mais simples. Cada conjunto de 8 bits regenera um nível 
de tensão, que após a filtragem recupera o sinal original. 
 
Codificação e Decodificação 2B1Q 
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 A codificação, neste caso, é transformar os sinais binários codificados em uma outra 
seqüência apropriada para a transmissão na linha de assinante. Esses sinais codificados são 
denominados de códigos de linha. Um dos requisitos necessários para a transmissão digital na 
linha de assinante é que o sinal a ser transmitido não tenha componente de corrente contínua 
(CC). Isso porque, em geral, os telefones digitais são alimentados por corrente contínua da 
central local através da linha de assinante. A separação dessa corrente CC com a corrente 
contínua do sinal é uma tarefa muito difícil. É muito mais fácil implementar um sinal sem essa 
componente CC. Um exemplo muito conhecido dessa codificação é o código AMI (Alternate 
Mark Inversion), mostrado na Fig. 2.19a. 
 
+ 1
-1
+ 1
-1
-3
+ 3
0 1 1 0 1 1 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 1 1 1 0 1 0 0 1 0
-1 + 3 + 1 -3 -3 + 1 + 3 -3 -1 + 1 -1 -3 + 3
A M I
2 B 1 Q
a)
b )
b in ário
 
 
Figura 2.19 Códigos de linha AMI e 2B1Q. 
 
 O código AMI é muito simples. O binário zero é sempre codificado como nível de tensão 
zero. O binário 1 tem um nível de tensão positivo ou negativo; a polaridade é sempre invertida 
em relação ao último binário 1. Pode-se observar que esse código não possui componente de 
corrente contínua. 
 A desvantagem desse código é que pode ocorrer uma longa seqüência de zeros e isso 
pode prejudicar a recuperação do sinal de relógio necessário para sincronizar os bits que chegam 
ao aparelho. Uma outra desvantagem é que a taxa de modulação, que representa a taxa de 
geração dos elementos do sinal codificado, é relativamente alta, pois é uma codificação bit a bit. 
Quanto menor a taxa de modulação, melhor é o código de linha, pois utiliza largura de banda 
menor. 
 O código 2B1Q é um código que evita as desvantagens citadas. Neste caso cada elemento 
codificado representa 2 bits binários e são utilizados 4 níveis de tensão. A regra de codificação é 
mostrada na tabela da Fig. 2.20. 
A Fig. 2.19b mostra o exemplo de código 2B1Q. Neste caso, a componente de corrente 
contínua será zero se não houver uma seqüência longa de zeros. Para garantir que não haja essa 
seqüência longa de zeros, usa-se um embaralhador na transmissão e um desembaralhador na 
recepção. 
 
 29
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1 o B it
(P o la r id a d e )
2 o B it
(M a g n itu d e )
S ím b o lo
Q u a te rn á r io
T e n s ã o
(V o lts )
1
1
0
0
0
1
1
0
+ 3
+ 1
-1
-3
2 ,5
0 ,8 3 3
-0 ,8 3 3
-2 ,5 
 
Figura 2.20 Regra de codificação do código 2B1Q. 
 
 Seja R a taxa em que os bits são gerados (taxa de bits). A taxa de modulação será 
dada por 
 
D
R
b
R
L
= =
log2
 (2.6) 
 onde, 
 D = taxa de modulação, em bauds. 
 R = taxa de bits, em bits/seg. 
 b = número de bits por elemento do sinal codificado. 
 L = número de elementos diferentes do sinal codificado. 
 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Exemplo 2.3 
 
 Para o exemplo da Fig. 2.19, a taxa de bits de na entrada do codificador de linha é R = 
160 Kbits/seg. 
 a) Calcular as taxas de modulação para os códigos AMI e 2B1Q. 
 
 Solução: 
 a1) Código AMI. Neste caso, b = 1. Portanto, 
 
D = 160 Kbits/seg. 
 
 a2) Código 2B1Q. Neste caso, b = 2. Portanto, 
 
D = =160 80 Kb / s
2
 Kbits / seg., ou como L = 4, podemos escrever 
 
D = = =160
4
160
2
80
 Kb / s
log
 Kbits / seg.
2
 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 
 
Circuito de linha 
 O circuito de linha é o circuito que faz a interface com a linha de assinante. É 
basicamente um circuito para dar o formato e a potência necessária aos pulsos serem 
 30
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transmitidos na linha. Além disso, serve para isolar os circuitos do aparelho telefônico com o 
meio de transmissão. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
1. Fike, L. J & Friend, G. E “Understanding Telephone Electronics”, Howard W. Sams & 
Company, Second Edition, 1988. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
2.1 Para o circuito da abaixo, 
 a) Calcular o valor de ZB para que o efeito local seja completamente anulado. 
 b) Qual é a potência transmitida na linha? 
Dados R1 = R2 = 15 e ZL = 600 
Receptor
ZL
R1 R2
ZB
Microfone
 
 
2.2 O circuito da figura abaixo é um estágio de entrada para microfone de alta impedância. 
 a) Calcule o ganho de tensão Vo / Vi, em função dos parâmetros dados. 
 
Microfone
de
eletreto
(alta impe-
dância)
R1 R2
R3 R4
R5 R6
R7
G
D
S
FET
(alta imp.)
Q1
C
VCC
Amp. Op.
Vi
Vo
 
 
2.3 O circuito da figura abaixo é um estágio de entrada para microfone de baixa impedância. 
 a) Calcule o ganho de tensão Vo / Vi, em função dos parâmetros dados. 
 b) Calcular a impedância vista pelo microfone. 
 
 31
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 32
R4
R1
Rf1
R2
R3
Rf2
Vo
Vi
 
 
2.4 Um telefone digital utiliza um conversor A/D de sinais positivos e negativos com 
quantizador de 64 intervalos e uma taxa de amostragem de 8 KHz. 
 a) Qual é taxa de geração de bits desse telefone digital? 
 Se vários desses telefones são multiplexados em uma linha de transmissão digital de 1,536 
Mbits/seg., 
 b) Quantos telefones podem ser multiplexados? 
c) Qual é o comprimento, em bits e em tempo, de cada quadro? 
 
2.5 Para a seqüência de bits abaixo: 
 110010101001 
Desenhe as formas dos sinais na linha de transmissão quando se utiliza o código 
 a) AMI 
 b) 2B1Q 
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Capítulo 3 
 
Transmissão e Multiplexacão Digitais 
 
3.1 Introdução 
 
 A principal vantagem da transmissão digital em relação à transmissão analógica é que, 
teoricamente, a transmissão digital pode alcançar a uma distância infinita. Na transmissão 
analógica, os repetidores, que são colocados em espaçamento regulares para recuperação do sinal 
transmitido, são simplesmente amplificadores que amplificam o sinal juntamente com o ruído 
que é somado a cada novo trecho. Assim, após um certo número de repetidores, a relação entre 
sinal e ruído, S / N, estará tão baixa que não será possível distinguir entre o sinal e o ruído. Nos 
repetidores digitais não há somente o processo de amplificação. Há também, os processos de 
detecção e de regeneração dos bits. O sinal impregnado de ruído que chega ao repetidor digital 
sofre um processo eficiente de detecção de bits. Após a detecção dos bits, existe o processo de 
regeneração que consiste em retransmitir os bits nos formatos originalmente transmitidos. Em 
cada repetidor digital, os bits são recuperados exatamente como se fossem no primeiro trecho do 
sistema de transmissão, assim, podendo atingir, teoricamente, a uma distância infinita. Na 
prática, isso não ocorre, pois os processos de detecção e regeneração são imperfeitos e 
ocasionam um limite na distância coberta pelo sistema de transmissão digital. 
 Houve uma grande evolução na tecnologia do meio físico de transmissão. Iniciando com 
meios físicos de cobre, passando por cabos coaxiais, nos dias de hoje, há uma utilização em 
grande escala das fibras ópticas. Assim, o problema sério de limitação de banda existente até há 
pouco tempo atrás, tornou-se, atualmente, uma certa abundância de banda, e é um dos fatores de 
revolução dos sistemas de comunicação. 
 O objetivo desse capítulo é discutir aspectos relevantes da transmissão, principalmente 
com relação a multiplexação. Inicialmente, estuda-se o sistema de transmissão digital 
denominado de plesiócrono. A seguir, o sistema de transmissão digital síncrono será detalhado. 
 
3.2 Sistema de Transmissão Digital Plesiócrona 
 
 A configuração geral de um sistema de comunicação telefônica é mostrada na Fig. 3.1. 
 
Central
Local
Repe-
tidor
Repe-
tidor
Central
de
Transito
Repe-
tidor
Repe-
tidor
Central
Local
Sinal Analógico e/ou Digital 
 
Figura 3.1 Sistema de comunicação telefônica. 
 
 33 
 Um sistema de comunicação telefônica é formado por centrais locais que concentram os 
aparelhos telefônicos, repetidores e centrais de trânsito. O trecho entre o aparelho telefônico e a 
central local, na maioria dos casos, é analógico. Mas, o resto do sistema de comunicação está 
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sendo digitalizado de maneira bastante rápida, embora a coexistência de sinais analógicos e 
digitais pode ser observada em alguns trechos. 
 As centrais locais, assim como as centrais de trânsito na Fig. 3.1, embutem equipamentos 
de multiplexação. No caso da central local digital, os principais equipamentos que fazem parte 
da central estão mostrados na Fig. 3.2. 
 
Hibrida
Hibrida
A/D
D/A
A/D
D/A
Mux
De-
mux
Comuta-
dor
Digital
Sistema de
Transm. a
2 Mbps
Sistema de
Transm. de
Hierarquia
Superior
2 Mbps
2 Mbps
2 Mbps
2 Mbps
2 Mbps
 
 
Figura 3.2 Central local digital com equipamentos de multiplexação. 
 
 A híbrida e os conversores A/D e D/A têm as mesmas estruturas estudadas no capítulo 
anterior. 
 
Multiplexador (Mux) 
 
O multiplexador da Fig. 3.2 atribui, de uma maneira seqüencial, a cada um dos 32 canais, 
um intervalo de tempo para transmitir 8 bits. Esse processo é repetido a cada 125 µsegundos; 
intervalo esse denominado de quadro. Dos 32 canais, 30 canais são de voz, um de sincronismo e 
um de sinalização. O enlace de saída, portanto, opera a uma taxa de (32 x 8) / 125 µseg. = 2,048 
Mbps (Mega-106- bits por segundo) . Por simplicidade essa taxa é escrita como 2 Mbps. 
A estrutura de quadro é mostrada na Fig. 3.3. 
 
0 3 1
3 2 C a n a is o u ja n e la s te m p o ra is
1 Q u a d ro = 1 2 5 µ s 
 
Figura 3.3 Estrutura de quadro. 
 
Os canais são numerados de 0 a 31. O canal 0 é utilizado para sincronismo e o canal 16 é 
reservado para sinalização. Essa estrutura de quadro para o PCM é utilizada na Europa e no 
Brasil e corresponde a uma freqüência de amostragem de 8 KHz, e uma codificação de 8 bits por 
amostra (A padronização desse sistema PCM foi feita por ITU-T, e se encontra como padrão 
G.711). 
Como o canal 16, utilizado para a sinalização, contém somente 8 bits, é necessário uma 
estrutura para transportar os bits de sinalização dos 30 canais de voz. A Fig. 3.4 mostra a 
estrutura de multiquadro utilizada para transportar as informações de sinalização dos 30 canais 
de voz. 
 34 
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Código
de Multi-
quadro
Multiquadro1
1, 17
2 30
2, 18 3, 19
15
15, 31
0 16 31
 Quadro
16
4 bits 4 bits
Canal 1 Canal 17
 Quadro
 
Figura 3.4 Estrutura de multiquadro para sinalização de 30 canais de voz. 
 
 O primeiro octeto (8 bits) do multiquadro indica o início do multiquadro, os outros 15 
octetos são divididos, cada um, em duas partes, cada parte contendo 4 bits que são utilizados 
para sinalização de um canal. O segundo octeto transporta informações dos canais 1 e 17, o 
terceiro, dos canais 2 e 18 e assim por diante. Portanto, são necessários 16 quadros para 
transportar as informações de sinalização. 
 O sincronismo é o processo em que o receptor detecta o início do quadro para saber 
exatamente a seqüência dos canais. Os 8 bits do canal 0 da Fig. 3.3 são utilizados para essa 
finalidade. É escolhido um padrão de bits, denominado de “palavra” de sincronismo. Portanto, 
essa palavra de sincronismo deve aparecer no início de todos os quadros. 
 O receptor possui um circuito comparador, que ao identificar a palavra de sincronismo passa 
a considerá-la como pertencente ao canal de sincronismo e os demais conjuntos consecutivos de 8 
bits cada, como sendo os demais canais de voz. Trinta e um canais após essa identificação, a palavra 
de sincronismo deverá ocorrer novamente. Nessas circunstâncias diz-se que o receptor está 
operando em sincronismo (estado a na Fig.3.5). 
 Duas situações podem retirar o receptor de sincronismo, fazendo com que os canais de 
informação sejam confundidos, provocando a perda das mensagens transmitidas. A primeira 
situação é ocorrência de erros no meio de transmissão devido ao ruído, que altera a palavra de 
sincronismo e não permite sua correta identificação, ocasionando uma falsa perda de sincronismo 
(falso alarme). A segunda situação é ocorrência de uma cópia da palavra de sincronismo em um 
canal de informação, implicando em um falso sincronismo.

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