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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Estratégia, Core Competence e Mudança Aula 2 Prof. Cláudio Aurélio Hernandes Prof.ª Vanessa Estela Kotovicz Rolon CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Agora, vamos falar de estratégias corporativas. Corporação é uma grande empresa que explora diversos negócios ao mesmo tempo. Elas estão espalhadas por diversos países e, muitas vezes, adotam diferentes estratégias de acordo com o tipo de negócio ou com o país em que atua. As estratégias corporativas mais comuns são as estratégias de diversificação, de integração, de internacionalização e de alianças estratégicas. Uma organização poderá adotar uma estratégia de baixa diversificação, com poucos produtos em seu portfólio, ou de alta diversificação, com muitos produtos. Poderá também adorar uma estratégia de integração vertical para frente, aproximando-se do cliente ou para trás, aproximando-se de recursos ou insumos. Poderá também integrar horizontalmente adquirindo empresas concorrentes do mesmo negócio. Se a empresa está disposta atuar em outros países, poderá estabelecer uma estratégia de internacionalização. Eventualmente, investirá esforços em alianças estratégicas na aquisição ou na fusão com outras empresas. Estratégia corporativa Diversificação Baixa Alta Integração Vertical Horizontal Internacionalização Alianças estratégicas Fusões Aquisições CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando Grandes corporações têm um nível de complexidade maior que os pequenos negócios ou empresas que atuam em apenas um mercado específico. Normalmente, essas corporações operam em diversos setores, em diversos níveis entre a matéria prima usada para fabricar seus produtos e os clientes finais. Assim, a primeira estratégia corporativa está associada à quantidade de níveis que a corporação controla. Quanto mais níveis, mais integrada. Por exemplo, a Ford, quando foi criada, controlava desde a extração do minério de ferro até a venda de carros aos consumidores finais. Esse é um caso de 100% de integração. Do ponto de vista da diversificação, podemos ver empresas pouco diversificadas, como a Ferrari, que fabrica poucos modelos de veículos, e a Mitsubishi, que atua no setor automobilístico, químico, eletrônico, de geração de energia, entre outros. Outra característica das corporações é a expansão de mercados para outros países: muitas atuam globalmente. Embora uma corporação possa atuar apenas no país de origem, atualmente, as próprias pressões do mercado fazem com que adotem estratégias de internacionalização. Algumas vezes, essas corporações fazem alianças, parcerias ou mesmo fusões com outras organizações concorrentes. Essas alianças podem ser temporárias (e em uma região específica) ou de longo prazo, envolvendo as organizações mais amplamente. Um exemplo de aliança foi a união da empresa japonesa de bens eletrônicos Sony Corporation e a empresa sueca do ramo de telecomunicações Ericsson, que deu origem à marca Sony Ericsson. Tema 1: Estratégia corporativa Uma corporação representa a união de muitas pessoas ligadas pelos mesmos valores ou mesmos objetivos. Esse termo é usualmente associado à grandes empresas. Diferentemente das pequenas, nas corporações há o trabalho de muitas pessoas, por isso, a coordenação torna-se complexa. As grandes organizações sempre existiram em nossa sociedade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Podemos dizer que a igreja, por exemplo, é uma grande organização, talvez uma das mais antigas. Foram necessárias grandes organizações para erguer as pirâmides do Egito ou para formar os exércitos que se enfrentavam em batalhas na Idade Média. A diferença entre as antigas e as modernas é basicamente o foco. Na maior parte, as corporações modernas estão interessadas em mercados. Nessa aula, vamos tratar sobre elas. As corporações costumam atuar em diversos tipos de negócios e em regiões bem abrangentes. Elas expandiram-se em meados do século XIX, durante e após a Revolução Industrial. A necessidade de coordenação e controle delas coincidiu em muitos momentos com o próprio desenvolvimento da ciência da Administração. À medida que as organizações tornaram-se mais e mais complexas, foi necessário estabelecer padrões melhores de coordenação e de controle, bem como soluções para os problemas que surgiam. O processo de decisão é, da mesma forma, muito mais complexo que em uma pequena empresa administrada por apenas uma pessoa. Além disso, uma corporação costuma ser dividida em setores funcionais, como marketing, produção, RH etc. Fazer com que todos os setores e todas as pessoas trabalhem focados no mesmo objetivo organizacional é o resultado de uma estratégia corporativa bem desenhada e bem implantada. A estratégia é formulada pela administração de topo para supervisionar os interesses e as operações de uma corporação com várias unidades de negócios. Assim, deve ser a primeira estratégia a ser formulada. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Figura 1.1 – Estratégias Fonte: Adaptado de Stoner; Freeman,1996. Considerando uma escala de hierarquia, a estratégia corporativa é a primeira a ser definida, uma vez que ela estabelece as diretrizes para que se desenvolvam estratégias de unidades, de negócios e funcionais (aquelas ligadas aos setores de marketing, produção, finanças etc.). Estratégia corporativa: estratégia formulada pela administração de topo para supervisionar os interesses e as operações de uma corporação com várias unidades de negócios. Para Stoner e Freeman (1996), as principais questões a serem ponderadas nesse nível são: quais são os objetivos e expectativas para cada negócio? Como devem ser alocadas os recursos para alcançar esses objetivos? Os autores afirmam, ecoando Peter Drucker, que as corporações precisam decidir seu posicionamento diante das seguintes áreas: Mercado existente Atuar em mercados que já existem ou criar novos? Inovação Estratégia de Nível Funcional Estratégia de Unidade de Negócio Estratégia de Nível Corporativo Corporação Unidade Estratégica de Negocio A Unidade Estratégica de Negocio A Produção Marketing Vendas Finanças Unidade Estratégica de Negocio A CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Investir em inovação ou focar em produtos consagrados? Produtividade Produzir mais ou focar na customização? Recursos físicos e financeiros Usar recursos próprios ou de terceiros? Lucratividade Qual é a taxa de lucratividade aceitável? Desempenho e desenvolvimento da administração Como medir o desempenho? Como desenvolver competências? Desempenho e atitudes dos trabalhadores Como desenvolver pessoas? Responsabilidade pública. Qual é o grau de preocupação com o retorno social? Infelizmente, não há como atingir um desempenho ótimo em todas as áreas, por isso, estrategistas corporativos tendem a usar conhecimentos e insights para optar por uma ou outra direção na hora de estabelecer estratégias. Por exemplo, a respeito da questão da produtividade, podemos comparar duas indústrias de automóveis: a Volkswagen e a Ferrari. Na sua opinião, qual delas optou por produzir em grande escala? É obvio que a Volkswagen investe na produção em alta escala, enquanto a Ferrari, em uma produção quase exclusiva de seus carros. Como podemos ver,não há decisão errada nesse caso. Há apenas opções. Seja qual for ela enquanto estrategista, suas ações deverão ser coerentes com o foco dessa estratégia. Adiante, falaremos um pouco sobre quatro estratégias corporativas conhecidas no mundo dos negócios: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 diversificação; integração; internacionalização; fusões e aquisições. Grandes administradores são aqueles capazes de compreender toda a complexidade das próprias organizações e as diversas variáveis ambientais que fazem parte do entorno delas. Stoner e Freeman (1996) sintetizam: administradores precisam ter “visão”. Esta, é a capacidade de analisar a complexidade interna e contabilizar isso com as variáveis do ambiente externo. A visão do administrador não é simples imaginação, é antecipar fatos por meio da razão, utilizando a lógica e as ferramentas de gestão. Contudo, muitos administradores admitem fazer uso de insights ou feeling. Se você nunca ouviu essas palavras é uma boa hora para você fazer uma pesquisa. Ambas representam aqueles momentos que tomamos decisões baseados em um sentimento ou em outra sensação que nos faz acreditar estarmos no caminho certo. Mas cuidado! Embora alguns administradores admitam ter tomado decisões não racionais, em geral, eles currículos com muitos anos de experiência e, certamente, isso fez parte do processo mental de resolução. Decisões não baseadas na lógica ou em ferramentas têm tendência a ser muito arriscadas. Um bom administrador deve ser capaz reconhecer, usar, analisar ou criar ferramentas que apoiem ações nas organizações. Quando nos referimos ao nível corporativo, estamos diante de situações que exigem elevado grau de habilidades para trabalhar com ideias e conceitos abstratos. Portanto, as habilidades conceituais são essenciais nesse nível organizacional. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Tema 2: Diversificação Diversificar significa atuar em vários segmentos de negócios simultaneamente ou em vários mercados simultaneamente. Essa estratégia corporativa é comum à maioria das grandes empresas. Barney e Hesterly (2011) apontam que as 500 maiores são diversificadas. Uma empresa adota uma estratégia corporativa de diversificação quando opera em múltiplos setores ou mercados. Quando esta opera em múltiplos setores simultaneamente, diz-se que está adotando uma estratégia de diversificação de produto. Quando opera em múltiplos mercados, diz-se que está adotando uma estratégia de diversificação de mercado. Figura 2.1 – Estratégias de diversificação As empresas variam a forma de diversificar seus negócios, mas, em geral, ela não ocorre de uma só vez. Em vez disso, intensifica-se à medida que os gestores veem oportunidades a serem exploradas. Conforme Barney e Hesterly (2011), podemos ter a diversificação corporativa limitada, a diversificação corporativa relacionada e a diversificação corporativa não relacionada. Estratégia Corporativa Diversificação de produtos Produto A Produto B Produto C Diversificação de mercados Mercado A Mercado B Mercado C CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Diversificação corporativa limitada: ocorre quando todas ou a maior parte das atividades de negócios enquadram-se em um único setor ou mercado geográfico. Nesse tipo, há dois perfis de empresas: empresas de negócios únicos e empresas de negócios dominantes. Nestas, um negócio ou produto representa de 70% a 95% da receita. Naquelas, a receita da empresa é de 95% ou mais e está relacionada a um único produto ou negócio. À medida que uma empresa começa a atuar em mais de um mercado ou com mais de um produto, passa de negócio único ou dominante para uma empresa com um maior grau de diversificação. Quando menos de 70% da receita vem de um único negócio ou produto, essa empresa já é considerada de diversificação corporativa relacionada. Em uma empresa de diversificação relacionada, na qual há um grande compartilhamento de insumos, tecnologia de produção, canais de distribuição e clientes semelhantes, essa estratégia de diversificação corporativa é chamada de relacionada restrita. Ela é considerada assim porque os gerentes corporativos buscam oportunidades de negócios em novos mercados ou setores somente se tais eles tiverem inúmeros requisitos de recurso e capacidade em comum com o negócio atual. Pode-se citar como exemplo a Coca-Cola, que, embora atue em diversos mercados ao redor do mundo, foca seus negócios em bebidas, como sucos e refrigerantes. Ela não está preocupada em produzir alimentos ou bebidas alcoólicas. Mas tem adquiridos concorrentes, menores produtores de sucos e chás. Recentemente, houve notícias da aquisição de uma empresa de bebidas lácteas pela gigante do refrigerante (Jornal de Lavras, 2015). Uma empresa tem uma estratégia corporativa de diversificação relacionada vinculada quando os produtos ou negócios compartilham uma tecnologia comum ou um consumidor semelhante. As que adotam uma estratégia de diversificação corporativa relacionada apresentam algum tipo de vínculo entre a maioria dos diferentes negócios que operam, mas é possível que uma empresa opere diversos negócios sem nenhum CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 vínculo entre elas. Quando a maior parte dos produtos ou negócios têm poucos atributos em comum, diz-se que essa empresa adota uma estratégia de diversificação corporativa não relacionada. Na maioria das vezes, quando falamos de estratégia de diversificação, as pessoas associam a esse tipo de empresa. A General Eletric (GE) é um exemplo de empresa diversificada com diversificação não relacionada. Ela tem um mix de negócios que incluem aviação, produtos relacionados à energia, serviços financeiros em energia, produtos de consumo industrial, de petróleo e gás, transporte, soluções de capital, imóveis, saúde, soluções empresariais etc. Figura 2.2 – Diversificação corporativa Fonte: Adaptado de Barney e Hesterly, 2011. Existem vários motivos para adotar-se estratégias de diversificação, incluindo: exploração de economias de escopo operacionais, exploração de economias de escopo financeiras, exploração de economias de escopo anticompetitivas e incentivos aos empregados para a diversificação. Exceto esta última, todas têm potencial para gerar valo econômico para a empresa. A habilidade de uma estratégia de diversificação para criar vantagem competitiva sustentável depende não só do valor dessa estratégia, mas de sua raridade e imitabilidade. Quanto mais imitável é uma estratégia, menos potencial de vantagem competitiva ela terá. Da mesma forma, estratégias comuns ou ordinárias tendem a não proporcionar grandes vantagens diante das demais D iv er si fi ca çã o c o rp o ra ti va Limitada Negócio único Negócio dominante Relacionada Restrita Vinculada Não relacionada CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 organizações que competem por um mesmo mercado. Tema 3: Integração vertical e horizontal Integração vertical diz respeito ao processo de combinação de processos de produção, distribuição, vendas e/ou outros processos econômicos tecnologicamente distintos dentro das fronteiras de uma mesma empresa. Isso representa, portanto, uma decisão no sentido de utilizar transações internas ou administrativas em vez da utilização de transações de mercado para atingir propósitos econômicos (Porter, 2004). A integração horizontal refere-se ao processo ampliação de um negócio pela aquisiçãode um outro do mesmo ramo. Por exemplo, uma empresa de refrigerantes quando adquire uma outra empresa de sucos. A integração vertical pode ser avaliada pelo número de estágios na cadeia de valor de um setor que a empresa incorporou. A integração para frente caracteriza-se por aproximar a empresa do consumidor final e a integração para trás aproxima a empresa das fontes de matéria-prima. Ao tomar decisões de integração vertical para determinada atividade de negócio, as empresas podem optar por uma integração vertical parcial, total ou não integrar. A integração vertical pode criar valor de três maneiras: Reduzindo ameaças oportunistas dos compradores e fornecedores de uma empresa em qualquer investimento em transação especifica que ela possa fazer. Um investimento em transação especifica é aquele que tem mais valor em uma troca em particular do que em trocas alternativas A integração vertical pode criar valor permitindo que uma empresa explore recursos e capacidades valiosos, raros e difíceis de imitar. As empresas devem integrar-se verticalmente em atividades nas quais desfrutam de tais vantagens. A integração vertical normalmente só cria valor sob condições de baixa incerteza. Sob alta incerteza, a integração vertical pode comprometer uma empresa gravemente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Essas três abordagens diferentes de integração vertical geram conclusões semelhantes, no entanto, mesmo quando sugerem estratégias de integração vertical diferentes, podem ser úteis aos administradores. Figura 3.1 – Integração vertical para trás Fonte: http://image.slidesharecdn.com/apresentaomcdonalds-profjosmauro-120623092325- phpapp01/95/apresentao-mc-donalds-prof-jos-mauro-9-728.jpg?cb=1340443817 A habilidade de estratégias de integração para gerar vantagem competitiva sustentável depende de quão raras e custosas de imitar essas estratégias são. As de integração vertical podem ser raras de duas maneiras: Quando uma empresa não está verticalmente integrada e a maioria dos concorrentes está; Quando uma empresa está verticalmente integrada e a maioria dos concorrentes não está. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Essas estratégias raras de integração vertical são possíveis quando as empresas variam à medida que as estratégias perseguidas requerem investimentos em transação específica, quando variam nos recursos e nas capacidades que controlam ou no nível de incerteza que enfrentam. A habilidade de duplicar diretamente as estratégias de integração de uma empresa depende de quão custosa é essa ação. As alianças estratégicas são formas substitutas e trataremos desse tema logo adiante nessa disciplina. Para adotar a estratégia de integração vertical, a organização depende da estrutura organizacional de uma empresa, de seus controles gerencias e de suas políticas de remuneração. A estrutura organizacional mais comumente usada para adoção da integração vertical é a organização funcional. Em uma organização integrada verticalmente, o administrador de topo deve estar atento não apenas para decidir quais funções integrar, mas também como solucionar conflitos que inevitavelmente surgem na empresa. Dois controles de gerenciais podem ser usados para ajudar na implantação da integração vertical: o processo de orçamento e os comitês gerenciais de supervisão. Tema 4: Internacionalização A internacionalização de empresas diz respeito ao processo de ampliação de mercados além das fronteiras do país de origem da organização. Esse processo era visto, até meados da década de 1960, em termos de fluxo de trocas ocorrendo entre os países. Após essa década, as organizações começaram a ser notadas nesses fluxos. Ainda que o campo teórico seja fragmentado e que nenhuma teoria consiga explicar completamente o fenômeno da internacionalização, todas as teorias trouxeram importantes contribuições. Atualmente, duas correntes destacam-se: a abordagem econômica e a abordagem comportamental. A abordagem econômica concentra os argumentos nas variáveis econômicas. Ou seja, diz que as empresas optam pela internacionalização para ganhar mais dinheiro e fazem isso sempre que veem vantagens nas exportações CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 ou no investimento direto no exterior. A abordagem comportamental considera que pode haver motivos não financeiros para o comportamento orientado para a internacionalização. De acordo com os pesquisadores dessa vertente, a internacionalização ocorre por estágios que vão desde envolvimento eventual com exportações até o de alto envolvimento e comprometimento com o mercado internacional. Nesse caso, a principal característica dessa perspectiva é encarar a internacionalização como processo gradual pelo qual as empresas adquirem experiência e conhecimento em mercados externos com base no comprometimento de recursos em estágios sucessivos. Fatores não econômicos, como crenças, valores e experiência de vida dos gestores que decidem pela organização podem influenciar no processo de internacionalização. Não importa o motivo que leva uma empresa a procurar mercados internacionais, ela precisará dar atenção à estas questões: Aspectos legais. Aspectos culturais, Marketing internacional. Logística internacional. Atuar em países estrangeiros requer que tenhamos conhecimentos sólidos das leis que regem o processo de exportação (tanto no pais de origem quanto no de destino dos produtos). Também, precisamos conhecer a base cultural desse país, para não cometer equívocos. Pode-se ter problemas sérios com crenças, valores e costumes diferentes daqueles com os quais estamos acostumados. Um estudo cuidadoso de marketing poderá ser essencial, pois além de apontar o perfil do consumidor estrangeiro, poderá criar uma marca sólida e com potencial de crescimento no país estrangeiro. Enfim, com tudo isso equalizado, resta colocar o produto na mão do cliente e essa responsabilidade é da logística. De nada adiantará todo o resto se não for possível fazer o produto CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 chegar ao cliente final em um prazo coerente, em perfeitas condições e por um preço razoável. Tema 5: Alianças estratégicas: fusões e aquisições Quando duas ou mais organizações colaboram entre si com o intuito de gerar valor mútuo ocorrem as parcerias. Muitos exemplos podem ser analisados, pois as parcerias mostram-se úteis para todas as partes envolvidas. As parcerias como opção estratégica representam, em certa medida, mudança de paradigma, uma vez que a lógica de competição é invertida. O modelo colaborativo é bastante utilizado por organizações que têm ambientes muito instáveis e complexos. As parcerias são interessantes sempre que duas organizações podem completar-se em um processo. Por exemplo, quando cada uma delas tem uma tecnologia disponível e a outra conhece um mercado potencial. Essa união pode trazer benefícios mútuos e pode ser momentânea ou duradoura, a depender das circunstancias nas quais se formam. Em ambientes muito competitivos, podem se estabelecer alianças temporárias entre concorrentes que desejam resolver um problema comum. O efeito desse tipo de estratégia pode, algumas vezes, resultar na formação de cartéis que representam o lado negro das parcerias. Entretanto, para efeitos de estratégia é uma ferramenta que atende os objetivos a que se propõe em curto prazo, ainda que a longo prazo possa trazer comprometimento à imagem organizacional, entre outros danos à organização. Sendo momentâneas as parcerias, elas podemser informais, traduzindo um ajustamento mútuo a uma determinada contingência que exija rapidez e flexibilidade. As parcerias formais são planejadas e atendem ao médio e longo prazo. Esse tipo de aliança pode resultar até mesmo em uma fusão. Fusões União de duas ou mais organizações que formam uma única empresa, geralmente sob controle administrativo da maior ou mais prospera (Rossetti, 2001). As fusões são o resultado da união de organizações distintas que formam CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 uma terceira, diferente das originais. Figura 4.1 – Fusões Entretanto, na prática, muitas vezes as fusões mantêm as características como marca ou identidade visual de uma das organizações ou ocorre internamente, assim, para o mercado as duas organizações continuam sendo separadas. Esse foi o caso da união entre as Lojas Americanas e o Submarino. A união das duas empresas de vendas on-line movimentou bilhões de reais em 2006. Ambas continuam atuando no segmento dez anos depois dessa união. As fusões, em geral, são acompanhadas de perto pelos governos, pois envolve quantias expressivas de capital e podem trazer profundas mudanças nos mercados econômicos nacionais. No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulam esses negócios. Aquisições Literalmente é a integração de uma organização por outra. Cada aquisição tem uma estratégia implícita ou explícita. Assim, uma organização pode não estar interessada na aquisição daquela determinada empresa, mas de uma filial que se encontra em um mercado desejado. Assim, as estratégias não são sempre claras. Independentemente das estratégias por trás das aquisições, ocorrem os problemas decorrentes de choques culturais e identitários. Enquanto em uma fusão há a construção de uma realidade em conjunto, a aquisição implica na imposição de uma nova realidade à organização adquirida. Isso pode significar CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 mudança de processos, rotinas, valores e identidades. A resistência à mudança é um fenômeno conhecido em Administração e é sabido que a resistência tanto é maior quanto é a imposição para tal. Houve nas últimas décadas no Brasil uma onda de aquisições desencadeada pela abertura de mercado e, posteriormente, pela política de privatizações de empresas estatais. Muitas organizações viram nisso uma oportunidade para atuar em nosso mercado. Grandes corporações podem adotar a estratégia de aquisição de concorrentes menores com a intenção de ampliação de mercado ou apenas para evitar que um concorrente sem grande poder cresça e ofereça alguma ameaça. Também, ao adquirir uma empresa menor, pode-se estar de olho em alguma tecnologia, processo, consumidores ou produto que essa empresa possui. De certa forma, para empresas pequenas pode ser difícil resistir ao assédio das grandes corporações. A figura a seguir apresenta as maiores fusões e aquisições de 2015 envolvendo empresas brasileiras. Figura 4.2 – Maiores fusões e aquisições no ano de 2015 envolvendo empresas brasileiras, em R$ bilhões CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Fonte: Fusões e aquisições, 2016. Segundo Martelanc, Pasin e Cavalcante (2005) algumas tarefas desafiam os gestores que lideram os processos de fusões e aquisições. Entre eles, podemos citar: Manter a continuidade normal dos negócios e das atividades. Integrar culturas organizacionais diferentes. Conseguir adesão dos funcionários e dos executivos nos novos programas e processos e reter executivos mais importantes. Manter a concentração dos funcionários em suas responsabilidades e não na F&A. Manter os funcionários informados sobre as mudanças que ocorrerão. Integrar os benefícios e as políticas de remuneração. Grande parte desses desafios relacionam-se com a forma como as pessoas vão encarar o processo de mudança. Isso está diretamente ligado à cultura organizacional e à identidade organizacional. Síntese Nessa aula, tratamos de estratégias corporativas. Elas geram impactos em toda corporação e são elaboradas e implantadas pela alta cúpula organizacional. Entre as estratégias corporativas estão a estratégia de diversificação, a estratégia de integração vertical e horizontal, a estratégia de internacionalização e a estratégia de fusão ou aquisição. Na estratégia de diversificação, as organizações ampliam seu escopo de produtos e/ou negócios. Nas estratégias de integração vertical, a empresa internaliza níveis do negócio aproximando-se do consumidor final ou das fontes de matéria—primas (integração para frente ou para trás). Uma alternativa à integração pode ser o estabelecimento de alianças estratégicas que, juntamente com as estratégias de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 fusões e aquisições, fizeram parte do Tema 5. Finalmente, discutimos sobre a estratégia de internacionalização, principalmente nas razoes pelas quais as empresas optam por processos de internacionalização. Também, vimos que há motivos econômicos e comportamentais que direcionam as organizações para mercados estrangeiros. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Referências BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. São Paulo: Prentice-Hall do Brasil, 2011. CHIAVENATO, I. Teoria geral da Administração: abordagens prescritivas e normativas. 7. ed. Barueri: Manole, 2014. v. 1. COCA-COLA compra o laticínio lavrense Verde Campo. Jornal de Lavras, 3 dez. 2015. Disponível em: <http://www.jornaldelavras.com.br/index.php?p=10&tc=4&c=12449>. Acesso em: 10 ago. 2016. DALLA COSTA, A. J.; SANTOS, E. R. S. Estratégias e negócios das empresas diante da internacionalização. Curitiba: Editora IBPEX, 2011. FUSÕES E AQUISIÇÕES. Top 10 Brasil: as 10 maiores fusões e aquisições em 2015. Disponível em: <http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br/2016/01/top-10- brasil-as-10-maiores-fusoes-e.html>. Acesso em: 15 ago. 2016. MARTELANC, R.; PASIN, R. CAVALCANTE, F. Avaliação de Empresas: um guia para fusões & aquisições e gestão de valor. São Paulo. Prentice-Hall do Brasil, 2005. MINTZBERG, Henry; QUINN, J. B. O processo da estratégia. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 12. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004. STONER, J. A. F; FREEMAN, R. E. Administração. 5. ed. Prentice-Hall do Brasil, 1996.
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