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Nelson de Freitas Armbrust Resumão Até 1930: modelo agroexportador (voltado para fora). A República Velha é o momento de auge e ruptura desta forma de inserção. Após 1930: industrialização substituidora de importações. Porque o modelo agroexportador era ruim: Vulnerabilidade das economias agroexportadoras; Alto peso do setor externo na economia; A exportação é variável quase que exclusiva na determinação da renda nacional e de seu dinamismo; Dependia de variáveis fora de controle das autoridades nacionais: demanda externa, oferta de países concorrentes, comercialização internacionalizada; Descompasso entre a base produtiva e a estrutura de consumo do país; Modelo econômico de países agroexportadores X centrais: Exportação: variável chave na determinação da renda Pauta de exportação: base estreita, poucos produtos primários; Importações: base para suprir consumo interno; Grande diferença entre base produtiva e de consumo; Exportação importante, mas investimento interno também; Pauta de exportação: não difere muito da pauta de consumo; Importações: atende parte do consumo; Proximidade entre base produtiva e de consumo; As oscilações no preço do café se deviam a: Às condições da demanda do mercado mundial, ou seja, aos ciclos da economia mundial; Às condições da oferta, por exemplo, geadas e pragas; À defasagem entre o plantio e a colheita do café; Tendência de deterioração dos termos de trocas, pois a tendência é que os preços dos produtos agrícolas caiam frente às manufaturas. Isto ocorre, pois: Elasticidade renda da demanda de produtos primários é menor que 1 e elasticidade renda da demanda de produtos manufaturados é maior que 1; Mercado com características oligopolísticas para produtos manufaturados e mercado concorrencial para os produtos primários; Quais eram as possibilidades de ação do governo nos momentos de queda dos preços? Desvalorização cambial mantinha em moeda nacional a rentabilidade da cafeicultura e o nível de emprego, mas escondia os sinais dados pelo mercado (como a tendência de superprodução de café) e encarecia todos os produtos importados desta economia (socialização das perdas); Política de valorização do café política de preços mínimos e de estoque reguladores, mas esta política incentivava a superprodução e outros países também eram indiretamente incentivados a plantar café; Em 1930, dois elementos se conjugaram: A produção nacional era enorme; A economia mundial entrou numa das maiores crises de sua história; Nelson de Freitas Armbrust Consequências: Brasil com uma crise no Balanço de Pagamentos Preços despencaram; Reversão dos fluxos de capital; O governo passou a queimar parte dos estoques; A fragilização do modelo agroexportador traz à tona a necessidade da industrialização, que passou a ser meta de política econômica a partir de 1930. A origem do capital industrial é um vazamento do capital cafeeiro e as indústrias surgem para atender as necessidades da economia cafeeira. A forma assumida pela industrialização brasileira, pelo menos entre 1930 e 1960, foi a chamada industrialização substituidora de importações. Qual a política adotada pelo governo brasileiro para combater a crise de 1930? Política keynesiana: fiscal (aumento dos gastos públicos), monetária (crédito e emissão de moeda para a política de defesa do café), cambial (desvalorização do câmbio) e controle de importações. O resultado destas políticas foi uma recuperação rápida quando comparada à experiência de outros países, especialmente os desenvolvidos. Crise 1930 X crise 2008: Anos 1930: Colapso do comércio; Aumento do protecionismo (economias voltadas para dentro), não havia coordenação do câmbio; Queda dos preços das commodities; Mudança da moeda padrão (libra substituída pelo dólar); Ruptura das regras de crédito; Crise atual: Hoje não há o colapso das commodities; Não há ruptura das regras do crédito por três motivos: funcionam os mecanismos de hedge; socorro aos bancos para impedir a ruptura de crédito; as pessoas não perderam a confiança no dólar; Características da industrialização substituidora de importações: É voltada para dentro, visa o atendimento do mercado interno; Depende de medidas que protegem a indústria nacional: o Desvalorização cambial; o Controles cambiais; o Taxas múltiplas de câmbio; o Tarifas aduaneiras; A industrialização se faz por partes (rodadas), onde a pauta de importações ditava a sequência dos setores que receberiam investimentos industriais. As etapas da industrialização foram: 1ª - Bens de consumo não duráveis: têxteis, calçados, alimentos; 2ª - Bens de consumo duráveis: eletrodomésticos, automóveis; 3ª - Bens intermediários: ferro, aço, cimento, petróleo, químicos; 4ª - Bens de capital: máquinas e equipamentos; Problemas da industrialização substituidora de importações: Tendência ao desequilíbrio externo: o A política cambial transferia renda da agricultura para a indústria (“confisco cambial”) e desestimulava as exportações agrícolas; o Indústria sem competitividade devido ao protecionismo; Nelson de Freitas Armbrust o Elevada demanda por importações devido ao investimento industrial (bens de capital para a expansão da indústria) e ao aumento da renda (para o consumo); Aumento da participação do Estado, que acarretava em uma necessidade por capacidade de planejamento e financiamento crescentes. O Estado se financiava por impostos, mas também pela emissão de moeda e por dívidas externas; Aumento do grau de concentração de renda, pois: o É uma atividade capital intensiva; o Êxodo rural; o O protecionismo e a concentração industrial permitiam preços elevados e altas margens de lucro; Escassez de fontes de financiamento (quase inexistência do sistema financeiro); Duas teorias procuram explicar o início da industrialização brasileira: A teoria dos choques adversos: nos momentos de estabilidade a produção interna era prejudicada pela facilidade de compra dos produtos externos com as divisas (reservas internacionais) geradas pelo setor exportador e importava-se maquinário para a indústria. Já nos momentos de crise o governo tomava medidas (cambiais e aduaneiras) para proteger a indústria local, de modo que ela suprisse a necessidade de compra de produtos importados (havia uma utilização da capacidade ociosa da indústria). A teoria da industrialização induzida por exportações: a indústria crescia principalmente nos bons momentos do setor exportador, pois o aumento da renda dos exportadores criava demanda por produtos industriais, incrementando o movimento das fábricas nacionais. Assim, nos momentos de crise, segundo esta teoria, ocorria o movimento inverso, ou seja, retração da produção interna. 1934-1937: liberalização da política cambial Porém, a taxa de câmbio nominal e as importações permaneceram constantes; Exportações cresceram 20%; Banco do Brasil acumula reservas; Resultado: relaxamento do controle de importações O Brasil crescia a 6,5% ao ano, a indústria a 11% ao ano e setor agrícola a 2% ao ano; A crise de 1937: Ocorreu devido à escassez de divisas, que ocorreu devido ao aumento em 40% das importações; Resultado: após o golpe (posse de Getúlio Vargas), adotou-se um sistema de controle cambial, com base em uma taxa única desvalorizada, e o controle de importações (novamente). Consequências: o Importações mais caras; o Renda destinada a importação se volta para a produção nacional; o A queda da rentabilidade do setor cafeeiro faz com que o capital flua para as indústrias (indústria aumentasua importância ao passo que o setor agrícola diminui); Golpe de Getúlio (1937): implantação da ditadura chamada “Estado Novo”; Em 1938 e 1939 foram suspensas as amortizações da dívida externa (calote). Características do Estado Novo (1937-1945): Tentativa de afirmação de um projeto nacional; Nelson de Freitas Armbrust Cabe ao Estado o papel de indutor do desenvolvimento industrial, através da implantação de agências governamentais para: o Regulação das atividades econômicas, estabelecimento de nova legislação trabalhista; o Produtor direto com a construção de indústrias e abertura de empresas estatais. O presidente tinha o poder (ditadura): os partidos foram suprimidos, o legislativo suspenso, a censura estabelecida, centralizaram-se as funções administrativas e as liberdades civis deixaram de existir; Aprofundamento da industrialização através do processo de substituição de importações. Ademais, foram criadas as estatais Vale do Rio Doce e a CSN (industrialização promovida pelo Estado); Criou-se o salário mínimo (1940), a consolidação das leis trabalhistas (1943) e os sindicatos passaram a ser controlados pelo ministério do trabalho; Embora os pagamentos da dívida externa não tenham sido abandonados, a política cambial passou a dar prioridade ao fornecimento de divisas para importações consideradas essenciais ao desenvolvimento do país; A 2ª guerra mundial e a queda de Vargas: Até 1941, o Brasil manteve-se neutro na guerra; 1942: ajuda americana para construção da usina de Volta Redonda caso Vargas declarasse guerra ao Eixo; 1945: surgimento de partidos políticos; Getúlio adotava um discurso cada vez mais nacionalista, favorável a sua permanência no cargo; 1945: o exército derrubou Vargas; No período da II Guerra o setor industrial já tinha se tornado o carro-chefe da economia, embora o país continuasse a depender do setor exportador para a geração de reservas internacionais fundamentais para a continuidade de seu desenvolvimento; A II Guerra provocou consequências contraditórias na indústria nacional em virtude do fechamento comercial dos países: por um lado ofereceu proteção à indústria já existente no país, por outro dificultou a expansão da sua capacidade produtiva; Durante a Segunda Guerra Mundial as exportações permaneceram fortes (já que os países em guerra necessitavam das exportações brasileiras para continuar a guerra) enquanto que as importações do Brasil reduziram-se consideravelmente (oceanos controlados e a produção industrial das potências estava voltada para a indústria bélica não havia o que importar). Como consequência, o país acumulou substanciais reservas em moeda estrangeira no período da guerra. Logo, houve um aumento do consumo de produtos manufaturados internamente, que gerou inflação; O surto inflacionário entre 1939 e 1945 ocorreu devido a: Elevados dos déficits orçamentários do governo federal, devido ao investimento em infraestrutura e em estatais; Expansão monetária propiciada pelo rápido crescimento do crédito e pelos apreciáveis saldos da balança comercial; Mudanças na estrutura da indústria durante a 2ª GM: A categoria de bens de capital passou de 1,2% em 1919 para 3,9% em 1949; A indústria química ampliou sua participação de 2% em 1919 para 5,2% em 1945; A indústria de minerais não metálicos aumentou sua participação de 2,6% em 1919 para 4,5% em 1945 (boa parte devido ao cimento); Nelson de Freitas Armbrust Na categoria de bens de consumo não duráveis, o declínio da participação relativa atingiu quase todos os gêneros industriais que a compõem; A participação da indústria têxtil e a da indústria de vestuários e calçados declinou nesses dois anos; Esta mudança na participação relativa das duas principais categorias da indústria nacional (bens intermediários e bens de consumo não duráveis) traduz a diversificação produtiva que se verificou no período. Governo Dutra (1946-1950): Aspectos gerais do Governo: o Baseado na expectativa de que o Bretton Woods ajudaria, juntamente com uma política cambial mais liberal, a atrair investimentos estrangeiros privados para o país; o Liberalismo comercial; o Afrouxamento das restrições aos fluxos de capitais; o Ajuda internacional; o Funcionamento do FMI; o As sucessivas crises no Balanço de Pagamentos nos primeiros anos do pós- guerra levaram o governo a abandonar o modelo liberal e a adotar uma política de desenvolvimento industrial com grande participação do Estado; o Prioridade da política econômica até meados de 1949: o combate à inflação; o A política cambial subordinou-se à estabilização da taxa de inflação (fixa-se a taxa nominal de câmbio, mas a taxa real valorizou-se 50% já que a inflação aqui foi o dobro da inflação nos EUA); Em relação à política cambial e a política de comércio exterior de Dutra: Problemas: o Reservas internacionais ilusórias: ½ era em ouro, ¼ em moeda não facilmente conversível (ex: libras) e somente ¼ era em dólar; o O problema da Balança Comercial: Havia grandes superávits comerciais com a área de moeda não conversível; Déficits crescentes de dólares com os EUA e outros países; Assim, o país até 1948 estava acumulando moedas fracas (libra e ouro) e acumulando déficits em moeda forte (dólares); o Grande demanda por dólar e pouca oferta; o Inflação oriunda do aumento da renda dos exportadores e do crescimento da produção agrícola que pressionava o consumo interno. A indústria produzia mais, gerava mais emprego, mais demanda e os preços subiam mais; Possíveis soluções: o Desvalorização cambial (o câmbio era de aproximadamente 19 cruzeiros para cada dólar): assim não haveria inflação (porque haveria oferta de dólares), mas também não haveria industrialização do Brasil; o Controle de importações: haveria inflação, mas também haveria a industrialização do país; O que foi feito: o 1º: controle sobre o câmbio taxa nominal fixa e metas de inflação para evitar a valorização real do câmbio; o 2º: controle de importações (controlou-se a importação de bens considerados não fundamentais para o Brasil, mas permitiu-se a importação de maquinário Nelson de Freitas Armbrust através de licenças para ser utilizado na industrialização do Brasil), o que favoreceu a manufatura nacional, subindo os preços destes no Brasil. Cria-se, assim, um desequilíbrio de preços, que favorece o setor secundário; Resultado: o Os resultados do controle sobre o câmbio e sobre as importações repercutiram de maneira positiva sobre a balança comercial (superávit) aumentando, assim, as reservas internacionais. Além disso, estas políticas foram vistas como bastante relevantes para o processo de industrialização substitutiva de importações. Os efeitos dessas políticas sobre a substituição de importações são de três naturezas: Efeito subsídio: via modificações no preço relativo das importações de bens de capital e bens intermediários; Efeito protecionismo: vetava-se importações de similares nacionais; Efeito lucrativamente: dada pela rentabilidade relativamente elevada das atividades voltadas ao mercado doméstico em relação às exportações (exclui café); Obs: em 1949, outro elemento que colabora para a melhora dos saldos comerciais gerais do Brasil foi a eliminação do preço teto do café, vigente durante a II GM. Ademais, movimentos especulativos e as geadas de 1947 e 1948 também resultam na elevação do preço internacional do café após 1949. Em relação à política fiscal e monetária de Dutra: 1946-1949: a política econômica esteve voltada à redução da taxa de inflação, que era altíssima devido ao excesso de demanda em relação à oferta; Adotou-se, de modo geral,uma política fiscal restritiva. Entretanto, o Banco do Brasil continuava a conceder muito crédito para a indústria. Logo, havia um descompasso entre a política fiscal e a creditícia; A questão da inflação: Esta política de controle de importações e fixação do câmbio foi semelhante à crise de 1930. As consequências internas dessa política foram as mesmas: criava-se um fluxo de poder de compra dentro da economia sem uma contrapartida na oferta de bens e serviços. A diferença é que durante a guerra o comércio internacional era fortemente prejudicado e agora o Brasil podia exportar para o mundo todo. Somado a isto, houve um aumento no preço das commodities. Assim, houve um aumento da renda dos exportadores. Além disso, a capacidade da indústria brasileira estava sendo usada intensamente (oferta de manufaturados não podia aumentar muito, já que era controlada, enquanto que a demanda era enorme). Portanto, além de não ser mais possível gastar o mesmo com importações (já que eram controladas), houve um aumento da renda que, consequentemente, foi forçada a voltar-se para o mercado interno gerando, assim, uma grande inflação! A inflação no Brasil não é em sua origem um fenômeno monetário, mas sim um desequilíbrio entre oferta e demanda! Assim, dado que o setor exportador é uma parte importante da agricultura, que por sua vez é uma parte importante do PIB, o setor primário da economia brasileira funciona como um mecanismo de ampliação dos desequilíbrios externos. Ex: ↑ preço das EXP ↑renda dos exportadores ↑ no poder de compra no exterior (importações), mas como as IMPs são controladas cria-se um excesso de demanda por manufaturados nacionais inflação. Problemas de gasto do governo com despesas militares reduziam ainda mais a parte do produto destinado a atender as necessidades dos consumidores e aumentava a demanda por moeda (consequência: o governo emitia mais moeda). Ademais, houve ↓ geral na produtividade devido ao controle de importações: substituição por combustível de qualidade ruim; paralisação de máquinas por falta de peças; substituição de equipamentos mecânicos Nelson de Freitas Armbrust por mão de obra, etc. Portanto, o ↑ da quantidade ofertada de bens e serviços à disposição da população no território nacional foi de 2% e a renda ↑43%: desequilíbrio entre oferta e demanda → inflação!! Como solucionar estes problemas? Ou ↓ salários e outras remunerações; Ou esterilizar parte da renda que se criava (a economia estava enriquecendo, o governo podia emitir títulos para retirar moeda da economia). Isto não poderia ser feito, pois: o O Brasil já estava produzindo em plena capacidade e o processo inflacionário já estava bastante avançado; o Esta seria uma solução temporária, já que no futuro ele teria que devolver esse dinheiro; o Não existia mercado secundário de títulos ( = pouca liquidez); o Não se sabia se haveria demanda por esses títulos; Contextualizando: 1945/1951: Pres. Eurico Gaspar Dutra 1951/1956: Pres. Getúlio Vargas (suicídio em 1954) 1951/1954: Guerra da Coréia (contexto da Guerra Fria) O 2º governo de Vargas: Aspectos gerais: o Visa modificar a estrutura econômica nacional (industrializar-se), pois: Tarefas de complementação industrial (pontos de estrangulamento), ex: energia e transportes; Necessidade de diversificação industrial para diminuir vulnerabilidade externa; Não havia resistências sociais (só começam em 1954); o Políticas de cunho nacionalista; Os grandes problemas: o Inflação; o Descontrole fiscal; o Crescimento do país com restrições devido à oferta nacional insuficiente de bens de capital (ex: fábricas, máquinas, ferramentas, equipamentos, e diversas construções que são utilizadas para produzir outros produtos para consumo); O plano era: o 1º: estabilizar a inflação e o déficit público, por meio de uma política fiscal e monetária restritivas; o 2º: crescer, promovendo investimentos em infraestrutura (ex: energia e transportes), na esperança de captação externa; Medidas de política econômica feitas: o Investimentos públicos no sistema de transporte e energia; o Criação do BNDE para financiar a diversificação industrial; o Lei 1807 importante reforma cambial; o Instrução 70 da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito); o Criação da Petrobrás; Política econômica externa: taxa de câmbio fixa e valorizada (18/1) e um regime de concessão de licenças de importação (em 1951 foi muito liberal causando uma queda brusca nas reservas internacionais); Política econômica interna e o desempenho da economia: Nelson de Freitas Armbrust o Reduzir severamente as despesas governamentais e aumentar a arrecadação. As contas públicas consolidadas (União, Estados e Municípios) registraram pela primeira vez desde 1926 um superávit orçamentário graças a: Inflação como o governo estabelece pagamentos nominais e arrecada sob montantes reais (inflacionados), na prática os seus gastos reais são menores e suas receitas reais são maiores; Melhora no sistema de arrecadação (atinge mais pessoas); Crescimento econômico e elevado fluxo de importações; Obs: a situação fiscal do Estado de São Paulo (gastou muito em infraestrutura e proteção do café) impossibilitou a recorrência do superávit orçamentário consolidado; o Adotar políticas monetária e creditícia contracionistas: Embora houvesse uma contração da oferta de moeda, a política creditícia moveu-se em direção contrária (o Banco de Brasil canalizou um volume grande de crédito para o setor privado); o Consequências: os resultados em termos de estabilização foram precários devido à inflação (muito crédito para o setor privado); Frustrações na agenda econômica do 2º Governo Vargas: o Relações econômicas internacionais: Eisenhower torna-se o novo presidente dos EUA. Financiamentos do EximBank e do Banco Mundial começam a ser congelados (EUA estava mais preocupado em combater o comunismo do que a pobreza). Portanto, como não houve o financiamento externo, Vargas não seria capaz de sustentar o atual déficit na balança comercial (muitas IMP); o Quadro político e social (1953): greve de 300 mil operários em São Paulo e vitória de Jânio Quadros para a prefeitura de São Paulo; Reforma ministerial e nova tentativa de estabilização: o Objetivo: restabelecer suas bases de apoio bem como se prover de flexibilidade ideológica para conduzir as políticas públicas conforme o curso dos acontecimentos; o Osvaldo Aranha substitui Horacio Lafer na pasta da Fazenda e implementa a Instrução 70 da SUMOC: Monopólio cambial no Banco do Brasil; Fim dos controles quantitativos para importação e adesão de taxas múltiplas; Importações: Taxa oficial sem sobretaxa: cimento, aço, máquinas e equipamentos, importações especiais, trigo, papel e material de imprensa; Taxa oficial com sobretaxa fixa: importações do governo (federal, estadual, municipal, autarquias, etc), exemplo: máquinas de escrever, etc, coisas para uso do governo; Taxa oficial com sobretaxas variáveis: bens considerados não essenciais. Estas taxas variáveis eram determinadas segundo leilões para o restante das importações (haviam 5 categorias que iam de 32/1 até 79/1). Era leiloado o direito a utilizar durante 6 meses uma determinada taxa de câmbio para as suas importações. Leiloavam-se as Promessas de Vendas de Câmbio (PVC); Obs: a ideia era boa. O governo retira o excedente do consumidor e transforma-o em arrecadação (reservas internacionais). Além disso, impede que este excedente seja usado para comprar produtos no mercado interno, que era uma Nelson de Freitas Armbrust das razões da inflação na época. Entretanto, estes eram enormesdesincentivos à importação. Logo, houve um crescimento do mercado negro e da ilegalidade de um modo geral; Exportações: Introduziram-se bonificações fixas sobre a taxa de câmbio oficial (na prática era uma desvalorização artificial). Ou seja, se a taxa oficial era 18/1, para os cafeicultores ela seria de 23/1 e para as demais exportações a taxa seria de 28/1; Resultados: o Balança comercial: efeitos protecionistas sobre a indústria doméstica e controle quantitativo e qualitativo da balança comercial (dadas as taxas de câmbio múltiplas); o Contas públicas: os spreads entre a taxa de câmbio efetiva e as acordadas na compra das PVCs (licenças de importação) eram receita para o Banco do Brasil, enquanto que as bonificações que eram dadas às exportações eram uma despesa. Entretanto, o saldo final disto era positivo e elevado criando, assim, um mecanismo de financiamento das contas públicas; Novas dificuldades: o Salário: ao longo de 1954 a agenda ortodoxa de Osvaldo Aranha acabou por ser frustrada pela elevação de 100% do salário mínimo, que representava um ganho real de 47% (uma tentativa de Vargas reestruturar seu apoio na classe trabalhadora e nos sindicatos, mas que foi financiado imprimindo moeda e a inflação aumenta ainda mais); o Café: elevações nos preços internacionais do café levaram os EUA a boicotar o monopólio brasileiro. Isto fez com que as exportações de café caíssem muito. Logo, a SUMOC adotou a Resolução 90: manutenção do preço mínimo de exportação do café e elevação da bonificação sobre a taxa de câmbio de exportação; o Resultado: ambos estes elementos fizeram com que a política de Aranha não tivesse o efeito desejado. A inflação acelerou devido: aos mecanismos da Instrução 70, à elevação do crédito, ao aumento salário mínimo e à manutenção de um preço mínimo para o café; A última crise: o UDN, imprensa e parte dos militares se mobilizam contra Vargas acusando-o de corrupto, populista e demasiado sindicalista; o Junho de 1954: é pedido o impeachment de Vargas (o Congresso nega); o Agosto de 1954: atentado contra Carlos Lacerda (líder da UDN) gatilho para que se reivindicasse a renúncia de Vargas. Ele tenta driblar a questão, mas uma junta de generais vai até o Catete para depô-lo. Com isto em vista, Vargas de suicida. Seu vice, Café-Filho, assume e, assim, adia um golpe militar; Características gerais do governo Café-Filho (1954-1956): Prioridade: enfrentamento da grave crise cambial. Causas da crise cambial: o Queda no preço do café; o Vencimentos de créditos de curto prazo; Tenta-se constituir uma reputação perante o sistema financeiro internacional visando à obtenção de recursos ($) para o pagamento da dívida externa e para sustentar o preço do café; Nelson de Freitas Armbrust Ampliação de liberdade para a livre entrada de capitais estrangeiros no Brasil. Instrução 113 da SUMOC (1955): o Objetivo: atrair capital estrangeiro; o Como funcionava: dado que não havia dólares na economia, o governo permitia a importação de máquinas sem cobertura cambial. Isto quer dizer que o investimento externo entrava não como dólares, mas sim como maquinário. Ou seja, houve uma internacionalização das empresas nacionais. o Porque é bom: os brasileiros não precisavam pagar para terem máquinas em suas fábricas, os gringos traziam estas máquinas para cá e depois os lucros eram repartidos. Antes os gringos não podiam trazer máquinas porque as importações eram controladas, dado que Vargas era populista e nacionalista; o Obs: quando a taxa se desvalorizava os gringos retiravam o seu dinheiro daqui, pois assim quando fossem converter os lucros para dólares o resultado seria um valor menor em dólares; o Resultado: crescimento enorme da economia, um crescimento explosivo da dívida externa e da inflação. Garantiu divisas (reservas internacionais) suficientes para os investimentos do Plano de Metas (veja a seguir) A implementação do programa de estabilização monetária rigoroso levou à redução da liquidez e redução da taxa de investimento; Roberto Campos (superintendente do BNDE) foi o responsável pela proposta de extinção das taxas múltiplas de câmbio e a introdução de uma única taxa de câmbio com livre flutuação; O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961): Características do governo: o Crescimento econômico acelerado e transformação estrutural da economia; o Crença de que não havia restrição orçamentária do governo ênfase na vontade política como guia para as ações do governo; o Problema: TOTAL desprezo pela inflação consequências: queda no poder de compra dos pobres e maior desigualdade social; o Resultado: inflação, déficit público e deterioração das contas externas; Cenário econômico no início do governo: o Setor interno: instabilidade política e econômica; o Setor externo: queda no preço internacional do café, que faz com que o superávit da balança comercial seja menor e, consequentemente, haja maior escassez de dólares; JK altera a Instrução 113. Agora, todo o investimento direto (máquinas), financiamento externo e empréstimos poderia entrar na economia pela taxa mais desvalorizada da Instrução 113 da SUMOC (78/1), antes as máquinas entravam pela taxa mais valorizada (19/1). Somado a isto, os lucros que antes saiam pela taxa oficial com sobretaxa fixa, agora saem pela taxa mais valorizada (19/1). Perceba como isto é um enorme incentivo para os estrangeiros trazerem suas máquinas para produzir aqui! Pois, o maquinário entrava a uma taxa subvalorizada (78/1), implementava-se este maquinário nas empresas brasileiras, gerava-se o lucro em reais, e a troca destes reais por dólares era feita a uma taxa sobrevalorizada (19/1). O governo era quem arcava com este subsídio (como se fosse um dumping contra o mercado internacional) através da emissão de moeda e do acúmulo de dívida externa; O Plano de Metas (1956-1961): o Modelo econômico autossustentável e desenvolvimentista (através da industrialização), propondo um rompimento com o modelo agrário-exportador e com a oligarquia latifundiária (grandes terras); Nelson de Freitas Armbrust o Baseava-se em 30 metas para os seguintes setores: energia, transporte, indústria de base, alimentação e educação; o Energia e transportes: decidiu-se que os setores de energia e o de transportes seriam de controle estatal, por isso cerca de 70% do orçamento foi destinado a eles. Construção da Petrobras, Vale, CSN, etc; o Indústria de base: 22% do investimento total (responsabilidade do setor privado, mas com a ajuda do Estado); o Alimentação e educação: apenas 5% do investimento; o Meta autônoma: a construção de Brasília; Justificativa: integrar economicamente o Brasil; Problema: gastos enormes e não orçados dentro do Plano de Metas; o A lógica do plano: vai além do PSI, pois não ataca somente os pontos de estrangulamento da economia (demanda insatisfeita, restrições que limitam o processo produtivo), mas também os de germinação (pontos que ao evoluírem criariam demanda por seu bens e/ou serviços). Ou seja, agora ao invés de permitir a importação de insumos necessários para as manufaturas, eu agora passo a produzi-los internamente; o A implementação do plano dependeu de: Adoção de uma tarifa aduaneira protecionista; Sistema cambial que subsidiava tanto a importação de bens de capital, como de insumos básicos e que atraía o investimento direto por parte do capital estrangeiro; o Financiamento do Plano de Metas: Fundos públicos (cerca de 50%); Setor Privado (35%); Agências creditícias governamentais (15%); Obs: o principal meio de financiamento foi através de inflação; o Instrumentos de política monetária na época: Crédito bancário (era o único instrumento capaz de contera expansão monetária), as taxas eram baixas e os empréstimos de longo prazo; Impressão de moeda; o Inflação: Gastos altíssimos do governo para financiar o Plano de Metas e subsidiar a entrada de capital externo (Instrução 113 da SUMOC); Larga expansão do crédito feita pelo Banco do Brasil e pelo BNDE (para financiar os investimentos do setor privado, especialmente na indústria de base); o Resultado: O cumprimento das metas estabelecidas foi bastante satisfatório; Avanço do PSI por meio da internalização da produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis; Mudança na estrutura da oferta agregada e na composição da pauta de importações; Grande déficit público, inflação e deterioração do saldo em conta/transações correntes (balança comercial + rendas e serviços + transferências unilaterais); O Plano de Estabilização Monetária (PEM) - 1959: o Durante o governo JK as políticas monetária e fiscal foram passivas, subordinadas ao objetivo maior de mudança estrutural da economia. O resultado disso foi uma grande inflação. Foi esta inflação que levou à elaboração do Plano de Estabilização Monetária (PEM); o Objetivo do PEM: obter empréstimos junto ao Eximbank dos EUA; Nelson de Freitas Armbrust o Problema: o Eximbank condicionou a concessão de crédito ao Brasil mediante um aval do FMI, que fez uma série de exigências, dentre as quais estavam: Contenção dos gastos públicos e do crédito; Moderação dos reajustes salariais; Reformas do sistema de taxas de câmbio múltiplas ainda em vigor; Fim do plano da compra do café pelo governo; o O que foi feito: para dar continuidade aos investimentos previstos no Plano de Metas optou-se por uma política de estabilização monetária gradual e não o tratamento de “choque” exigido pelo FMI; o Principal medida tomada: diminuição dos subsídios à importação de trigo e gasolina (impactos imediatos no custo de vida da população); o Ainda em 1959 JK rompe com o FMI e abandona o PEM para preservar o Plano de Metas e o sonho da construção de Brasília. Porém, deixava um quadro de deterioração de alguns dos principais indicadores econômicos para o seu sucessor; Inflação, Estagnação e Ruptura Democrática (1961 – 1964): Reversão da situação econômica devido aos desequilíbrios do Plano de Metas: o Queda dos investimentos; o Queda da taxa de crescimento da renda; o Aceleração da inflação; Jânio Quadros assume a presidência e propõem as seguintes medidas: o Reforma do sistema cambial: simplificando as taxas múltiplas de câmbio e desvalorizando a moeda nacional em 100%; o Redução de subsídios para importações essenciais (trigo e gasolina), elevando o preço do pão e do transporte público. Ao tirar esse subsídio, ele estimula a EXP, desestimula a IMP e direciona esse $ do subsídio para o pagamento da dívida externa; o Iniciar um processo de renegociação da dívida baseado na promessa de reduzir o déficit do setor público; o Obs: sem base parlamentar no Congresso para levar seu plano adiante, Jânio renuncia e João Goulart (seu vice) assume; Esta crise dos anos 60 pode ser explicada por fatores: o Políticos; Jânio Quadros renuncia depois de 8 meses de mandato e o seu vice João Goulart (populista, de esquerda e sindicalista) assume; O Brasil passa para o regime parlamentarista (que dura apenas três anos) visando diminuir os poderes do presidente; As trocas de presidentes e ministérios impediam a adoção de uma política consistente, dificultando o cálculo econômico e diminuindo os investimentos no país; A Crise do Populismo: o populismo (relacionamento direto de amplas massas populares com a cúpula do Estado e o surgimento do político carismático, que por vezes se coloca como defensor do povo) surge devido à incapacidade dos governantes em atrair o apoio das massas urbanas; o Econômicos (queda do investimento, da renda, etc); Adotou-se uma política restritiva em virtude da enorme inflação na época. Logo, houve uma queda brusca no crescimento econômico; o Conjunturais (inflação, câmbio, etc); o Estruturais: Nelson de Freitas Armbrust Estagnação esgotamento do dinamismo do PSI resulta em queda nas taxas de crescimento. Como o PSI é concentrador, é difícil que o mercado cresça a taxas elevadas que atendam às necessidades da demanda e que sejam suficientes para viabilizar novos investimentos; Crise cíclica endógena desaceleração dos investimentos em bens de capital devido aos excessos de capacidade produtiva gerados pelo Plano de Metas; Inadequação institucional o sistema institucional não atendia as novas necessidades do mercado, principalmente a necessidade pública e privada de financiamento para resolver questões como: grandes volumes de recursos requeridos, elevado déficit público, inflação, necessidade de ampliar o mercado consumidor, estrutura fundiária e acesso à educação, etc; O Plano Trienal (1962): o Objetivo: conciliar crescimento econômico com reformas sociais e o combate à inflação; o Qual era o problema: inflação de demanda (há inflação, pois a oferta, principalmente de bens industrializados, não cresce ao mesmo ritmo que a demanda). Logo, se estes bens forem produzidos no Brasil, diminui a inflação; o Metas: Garantir uma taxa de crescimento de 7% a.a.; Redução da inflação de 25% (1963) para 10% a.a. até 1965; Garantir um crescimento real dos salários à mesma taxa do aumento da produtividade; Realizar a reforma agrária como solução para a crise social e para elevar o consumo de diversos ramos industriais; Renegociar a dívida externa para diminuir a pressão de seu serviço sobre o Balanço de Pagamentos; o Adota medidas como o controle dos gastos públicos, a diminuição do crédito e o combate aos excessos da política monetária; o Amplia o mercado interno através de reforma agrária e outras políticas voltadas à redistribuição de renda; o Dantas foi o encarregado de negociar o reescalonamento da dívida externa e obtenção de ajuda financeira. Ele solicita US$ 600 milhões, mas só consegue US$84 milhões para liberalização imediata e US$398,5 milhões condicionados; o Resultados: Aperto de liquidez; Os preços industriais aumentam de 2% ao mês para 8% ao mês; Três meses após a adoção do plano, a inflação alcança um patamar de 9% ao mês; Embora o governo pretendesse (e inclusive acordou isso com Washington) um reajuste salarial do funcionalismo público de no máximo 40%, ele atende à pressão e confere um aumento de 56,25% (pedia-se um reajuste de 70%); Déficit chega a 30% das despesas; IO Golpe Militar em 1964 ocorre devido: às políticas sem resultado e incoerentes, crescentes inflação e déficit público, à crise financeira e o fracasso na renegociação da dívida externa; Da crise rumo ao milagre - Os Governos Militares e o PAEG (1964-1967): Presidente: Castello Branco (1964-1966); Nelson de Freitas Armbrust Otávio de Gouveia Bulhões (Ministro da Fazenda) e Roberto Campos (Ministro do Planejamento) elaboram o PAEG; Problema: enorme inflação de demanda causada por: o Monetização dos déficits públicos (imprimir moeda para financiar as dívidas); o Excesso de crédito privado; o Aumentos salariais superiores aos aumentos de produtividade; Objetivo: elaborar reformas institucionais e combater a inflação; Os militares diziam que se deve aprender a conviver com a inflação (surge noção de correção monetária e indexação) tentando controlar a sua aceleração e, ao mesmo tempo, obter ganhos gradativos baixando pouco a pouco a inflação para que o desenvolvimento seja retomado. O plano não se propôs a eliminar a inflação, mas atenuá-la nos três anos seguintes. Tinha como meta: 1964 (70% a.a), 1965 (25%), 1966 (10%); PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo): o O governo tomou por base duas linhas de atuação para combater a inflação: Políticas conjunturais (plano de emergência); Reformas estruturais (fiscal e financeira); o Principais medidas de combate à inflação: Ajuste fiscal: redução dos gastos, ampliação das receitas através da reforma tributária, novas formas de financiamento e aumento das tarifas públicas; Política monetária e creditícia restritiva: ↓Ms aumento das taxas de juros reais muitas falências, fusões e aquisições de empresas, assim como geração de capacidade ociosa (importante fator para a futura retomada do crescimento econômico); Contenção salarial: Circular 10 aperto salarial; o Reformas institucionais: Reforma tributária: Introdução da correção monetária; Alteração do formato do sistema tributário (agora, os impostos eram sob o valor adicionado); Redefinição de como os impostos seriam distribuídos entre as esferas do governo (federal, estadual e municipal); Criação dos fundos de transferência intergovernamentais; Surgimento de vários fundos parafiscais como o FGTS e o PIS (importantes fontes de poupança compulsória); Consequências: aumento da arrecadação, centralização da arrecadação e das decisões relacionadas à política tributária; Problema: sistema injusto, pois os mais tributados eram os mais pobres (impostos regressivos: quanto maior o valor a ser tributado, menor era o imposto); Reforma monetária-financeira: Instituição da correção monetária e das ORTNs (títulos públicos indexados à inflação): estimulou a poupança, ampliou a capacidade de financiamento da economia e desenvolveu instrumento de financiamento não inflacionários do déficit público (= maior controle sobre a oferta de moeda); Criação do CMN (Conselho Monetário Nacional: estabelecer regras e metas para a política monetária e cambial) e o BACEN (Banco Central: executar essas políticas, bem como fiscalizar as demais instituições financeiras do sistema); Nelson de Freitas Armbrust Obs: a criação do CMN e do BACEN visava à condução de uma política monetária independente; Criação do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) e do BNH (Banco Nacional da Habitação): visava eliminar o déficit habitacional financiando moradias adequadas à população (é tipo o “Minha Casa, Minha Vida”); Criação de bancos de investimento (fornecer crédito de longo prazo às empresas e auxilia-las em IPOs), comerciais, múltiplos e de desenvolvimento. Criação da Bolsa de Valores e da CVM; Reforma do setor externo: Objetivo: estimular o desenvolvimento evitando as pressões sobre o Balanço de Pagamentos (que era o problema do PSI); Como: Melhorar o comércio externo: - Exportações: incentivos fiscais e modernização dos órgãos ligados ao comércio internacional; - Importações: eliminar os limites quantitativos; - Unificação do sistema cambial e adoção do sistema de minidesvalorizações (1968); Atrair o capital estrangeiro: - Renegociação da dívida externa e Acordo de Garantias para o capital estrangeiro; - Lei 4131: empresas tinham (agora) acesso ao sistema financeiro internacional; - Resolução 63: permitia aos bancos comerciais e de investimento a captação de recursos externos para repasse interno; o Resultados do PAEG: Recuperação da capacidade de arrecadação do Estado, permitindo redução do déficit público; Redução da taxa de inflação (embora menos do que se esperava); Crescimento modesto do PIB; Aperto salarial piora da distribuição de renda; Modernização institucional; o O PAEG foi pré condição, do ponto de vista da política econômica, do “milagre econômico brasileiro” que se dará de 1968 a 1973, com Delfim Netto no comando do Ministério da Fazenda; O Milagre Econômico (1968-1973): Características: o Elevado crescimento do PIB (aprox. 11% a.a.); o Inflação mais baixa; o Equilíbrio externo (no BP); o Repressão: censura à imprensa e violência contra a oposição; Análise conjuntural (políticas econômicas): o Controle de preços via a CONEP; o Política salarial igual a do PAEG: ela consistia em corrigir anualmente os salários com base na inflação estimada pelo governo, e não pela inflação que de fato acontecia (esta estimativa sempre subestimava a inflação, o que favorecia os gastos do governo com salários), + a taxa de crescimento da produtividade do trabalhador médio. Entretanto, embora o trabalhador tivesse seu reajuste salarial real menor do que deveria ser, ele não se Nelson de Freitas Armbrust manifestava, pois tanto o desenvolvimento econômico quanto o AI5 atenuaram esta discrepância; o Minidesvalorizações cambiais: Como π > π*, o governo deveria desvalorizar o cambio (%ΔE = π – π*). Para fazer isso, ele compra dólares desvalorizando, assim, o Real. O problema é que ao comprar dólares do povo ele lhes dava em troca Reais. Logo, havia uma expansão da base monetária, que geraria inflação. Para que isto não acontecesse, ele vendia títulos, de modo a “recolher” de volta este dinheiro injetado na economia. Entretanto, ele propositalmente demorava para fazer esta desvalorização, pois assim ele mantinha o câmbio temporariamente valorizado, de modo a estimular as importações de insumos e bens de capital; o Política fiscal: restritiva (igual a do PAEG); PND ou PED (Plano Estratégico de Desenvolvimento): o Objetivos: aceleração do desenvolvimento econômico e contenção da inflação (estabilização gradual dos preços, mas sem estabelecer meta alguma, diferentemente do PAEG); o Primeiramente, a aceleração seria feita com a utilização da capacidade ociosa existente. Em seguida, com a melhoria e expansão da qualidade dos fatores de produção, mediante: Política monetária expansionista (crédito barato) fortalecimento da empresa privada, visando à retomada do investimento; Incentivar a indústria a produzir. Como: o governo investe em infraestrutura (energia, transporte, saúde, educação, habitação, comunicação, siderurgia e agricultura) para atrair e manter empresas estrangeiras, assim como para mostrar para o setor manufatureiro que com estes investimentos em infraestrutura o setor manufatureiro teria como crescer. O financiamento deste investimento do governo se dava pela emissão de títulos; Ampliar o mercado interno. Como: fechava a economia via tarifas de importação e proibições. Assim, a indústria produziria ainda mais, pois deste modo não haveria a competição dos manufaturados estrangeiros e todo o mercado interno compraria somente manufaturas nacionais; o A contenção da inflação foi viabilizada pelos investimentos do governo em infraestrutura que viabilizou o investimento da indústria em expansão da sua capacidade de produção gerando, assim, mais capacidade ociosa; 4 fatores que contribuíram para o equilíbrio entre crescimento econômico e inflação: o 1. Capacidade ociosa herdada do período anterior; o 2. Controle de preços pelo governo (preços industriais e públicos: salários, juros, câmbio, tarifas públicas); o 3. Política salarial: queda do salário real; o 4. Política agrícola: subsídios e isenções fiscais para a compra de fertilizantes e tratores; o Estes 4 fatores tornavam a curva de Phillips mais achatada (elástica). Ou seja, você conseguia diminuir o desemprego em X enquanto que a inflação aumentava menos que X. o Obs: devido à existência de capacidade ociosa, a taxa de juros neste período era baixa, pois já que não havia uma demanda grande por crédito (dado que se aumentava a produção simplesmente utilizando a capacidade ociosa já Nelson de Freitas Armbrust existente) reduzia-se a taxa de juros. Isto incentivou o investimento (juros baixo baixapoupança investimento); Delfim Neto: a inflação era principalmente de custo (devido a uma elevação dos custos dos fatores de produção) e somente uma parte pequena dela se deve a um excesso de demanda; Expansão do comércio internacional: o Disponibilidade de liquidez a juros baixos no mercado externo; o “Boa vontade” dos EUA em relação ao Brasil; o Posição favorável dos termos de troca (aumento do preço das commodities); o Obs: o equilíbrio no BP do Brasil se deve a empréstimos em dinheiro. Mas porque ele (agora) existia para o Brasil? Há um aumento enorme da dívida externa bruta, pois as empresas se endividaram muito no exterior em virtude do Euromercado, que fornecia crédito fácil e barato (taxa Libor); O medo dos investidores externos que investiam seu dinheiro no Brasil era que a taxa de câmbio se desvalorizasse muito e, assim, prejudicasse o investimento dos gringos. Logo, o governo promovia uma política de minidesvalorizações (estas desvalorizações eram da magnitude da diferença entra a inflação interna e a externa). Ou seja, os gringos entravam com o dinheiro aqui (trocam dólares por reais) geraria uma tendência de valorização do real, mas o governo compra estes dólares do mercado (pagando um preço maior, o que gera déficit) e lhes dá reais em troca minidesvalorização do real (pois π > π*) e excesso de liquidez de reais no mercado emissão de títulos públicos para enxugar este excesso de reais; Concentração de renda e desigualdade social: o Para crescer o Brasil necessitava aumentar sua poupança interna. Na época, prevaleceu um pensamento de que não se deveria adotar políticas econômicas de distribuição de renda já que as classes de renda mais elevada poupavam mais que as de baixa renda. Portanto, se a renda nacional fosse dirigida aos mais pobres a poupança interna cairia, pois os pobres poupam menos. Delfim Netto: "É preciso primeiro aumentar o bolo, para depois reparti-lo"; o Arrocho salarial: entre 1967 e 1973 o salário mínimo real caiu 15%; o Como o desemprego era baixo, alguns operários mais especializados conseguiam exigir salários maiores e, deste modo, se beneficiar do crescimento econômico; o Correção monetária protegia a poupança contra a inflação. Como quem poupava eram os ricos, estes se beneficiaram, enquanto que os pobres sofriam com uma inflação diária. Conclusão: transferência de renda das classes mais baixas para as mais altas; o Entretanto, o desenvolvimento econômico proporcionou a geração de empregos nas cidades, o que acarretou em um enorme êxodo rural, já que estas pessoas viviam no campo sem emprego formal e com baixíssima renda. Ou seja, elas agora ganham um salário mínimo e tinham acesso a alguns serviços do Estado; Nelson de Freitas Armbrust o Por outro lado, boa parte desta massa migratória não encontrou emprego, forçando-a a viver em favelas, nas redondezas das cidades, sob condições ainda piores que no campo; o Uma única tentativa de cuidar da distribuição de renda durante todo o governo militar: o Prorural, durante o governo de Médici, que concedia meio salário mínimo mensal a todo lavrador ou pequeno proprietário que completasse 65 anos; o Uma explicação que se dava para este concentração de renda era que esta era uma tendência de um país que se desenvolvia, pois demandava mão de obra qualificada (que era escassa), enriquecendo, assim, estes trabalhadores qualificados (que era uma parte pequena da população); Crescimento da miséria: o A mortalidade infantil no estado mais rico da federação, São Paulo, teve um incremento da ordem de 10%; o Registrou-se o aterrador número de 600 mil menores abandonados na Grande São Paulo; o O Brasil teve o 9º PNB do mundo, mas em desnutrição perdia apenas para Índia, Indonésia, Bangladesh, Paquistão e Filipinas; o Um estudo do Banco Mundial, feito em 1976, mostrava que cerca de 64,5% da população era desnutrida ou subnutrida; Governo Geisel (1974-1979): Cenário brasileiro: o Durante o Milagre Econômico (1968-1973) houve um rápido crescimento das importações, que levou a um aumento da dívida externa. Ademais, cria-se uma forte dependência destes bens importados, principalmente de bens de capital (máquinas e equipamentos) e de petróleo (o petróleo representava 40% do consumo total de energia primária em 1973); o Grande pressão inflacionária; o Balança comercial deficitária; o Ressurgiam pressões por melhor distribuição de renda e maior abertura política; Cenário mundial: o 1º choque do Petróleo preços internos sobem inflação de custo; o Rompimento do Breton Woods câmbio flutuante (moedas como o Real desvalorizam) e diminui a confiança (já que agora países podiam impor tarifas de importação, desvalorizar seu câmbio para ganhar competitividade, etc); Consequência: retração do crescimento econômico mundial e aumento das taxas de juros. Esta recessão mundial diminuiu a capacidade dos países desenvolvidos de importar, logo as exportações brasileiras caíram, o que fez com que a capacidade de importar do Brasil também diminuísse; Como enfrentar o 1º choque do petróleo: Nelson de Freitas Armbrust o Problema para resolver: dependência de bens de capital e do petróleo que levou a uma elevação dos preços internos; o O que poderia ser feito: Ajuste: desvalorizar o câmbio (para melhorar a BC e diminuir a demanda por importações); Financiamento (ajuste estrutural da economia): ampliação da capacidade de produção doméstica de bens de capital e petróleo (completando, assim, o processo de industrialização por substituição de importação); o O que foi feito: Como se acreditava que a demanda pela importação de bens de capital e petróleo era inelástica, optou-se pelo ajuste estrutural (financiamento), que foi materializado no II PND; o Problema: países desenvolvidos em recessão = pouco crédito e a juros altos; o Efeito paradoxal: os petrodólares. As receitas de exportação dos países membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) foram direcionadas para o mercado financeiro internacional. Essas receitas migraram, inicialmente, para os países industrializados, em busca de retorno financeiro. A forte expansão dos recursos à disposição dos bancos locais estimulou o apetite por investimento de maior risco. Assim, o dinheiro migrou para países em desenvolvimento, como o Brasil. Eles eram negociados no EUROMERCADO (praça de Londres) e expandiram-se para mercados offshore, para fugir das regulamentações severas dos EUA. II PND (1974-1979): o Objetivo: promover um ajuste na estrutura de oferta de longo prazo (diminuir a necessidade de importações e fortalecer a capacidade de exportação), simultaneamente à manutenção do crescimento econômico, porém com endividamento externo; o Para promover este ajuste, era necessário cobrir os principais pontos de estrangulamento: infraestrutura, bens de produção (capital e insumo), energia e exportação. Alteraram-se as prioridades da industrialização: Antes: setor de bens de consumo duráveis; Depois: setor de bens de capital e insumos básicos; o Como resolver os pontos de estrangulamento: Infraestrutura: Transporte (expansão da malha ferroviária); Rede de comunicação; Infraestrutura para produção e comercialização agrícola (ampliação para o mercado interno e para a exportação). Antes o governo não dava muita importância para o setor agrícola, mas agora o êxodo rural era enorme e, dada a proliferação das cidades, a demanda por alimentos aumentou muito; Nelson de Freitas Armbrust Bens de capital e insumos (= bens de produção): aumentar a produção de aço, alumínio e zinco para serem utilizados na indústria local. Projeto Carajás (minério de ferro); Geraçãode energia: Exploração e produção de petróleo; Ampliação da energia hidroelétrica; Energia nuclear; Energia alternativa aos derivados do petróleo: álcool e combustível; o Havia uma forte pressão pela modernização das regiões não industrializadas no Brasil. Portanto, o II PND buscou atender a isto visando à descentralização espacial dos seus projetos de investimento; o Fontes de financiamento (necessidade de financiamentos de longo prazo): Financiamento privado: inviável, devido à inexistência de mecanismos privados de financiamento de longo prazo; Financiamento público: crédito oriundo de impostos e captações externas feitas pelas empresas estatais; Por terem o aval do governo federal, as estatais obtinham melhores condições de financiamento do que as empresas privadas no mercado internacional; Problema: taxas de juros flutuantes. Em 1974 elas eram baixas (devido aos petrodólares), mas qualquer alteração ia fuder sério as empresas; O principal agente do II PND foram as empresas estatais, pois ao realizarem seus investimentos elas geravam demanda, o que incentivava o setor privado a investir; O governo consolida as contas públicas com as das estatais, devido a esta ser uma exigência de entidades externas (como FMI e Banco Mundial) para concederem empréstimos ao Brasil; o Consequências do II PND: reduziu de forma estrutural a dependência externa do país em relação os setores de bens de capital e insumos industriais, porém houve inflação e dívida externa (pra variar). Ademais, trocou o problema da dependência estrutural externa pela dependência externa financeira; Consequência do II PND crise da dívida externa (1979-80): O que foi feito no Brasil para resolver a crise: o Ajuste recessivo: Aumento da taxa de juros, corte de crédito e retração da Ms, visando a conter o consumo interno; Desvalorização cambial de 30% para estimular a exportação; Política fiscal restritiva (porém na prática isso não aconteceu): Subsídios às exportações; Expansão do crédito para a agricultura; Ambos levaram ao crescimento do PIB e a uma puta dívida; 1979: 2º choque do petróleo aumento do risco aumento das taxas de juros mundiais e escassez de crédito no mundo; Nelson de Freitas Armbrust o Problema: a dívida externa brasileira possuía taxas de juros flutuantes logo, há um aumento da dívida externa e queda das reservas internacionais deterioração do BP; o Obs: dívida externa líquida é quando eu desconto as reservas internacionais; Esta desvalorização cambial levou o BC a editar a Resolução 432 e a Instrução 230: empresas e bancos podiam pagar hoje as suas dívidas atreladas ao dólar para o governo à taxa de câmbio atual e o governo se comprometia a pagar a dívida delas nos seus respectivos vencimentos: há uma estatização das dívidas privadas! Entretanto, como havia uma pressão enorme de desvalorização cambial, era evidente que o governo ia se fuder e ter que arcar com o aumento da dívida; Delfim Netto assume como Ministro do Planejamento em 1979 (antes ocupado por Simonsen) e diz que o problema é que as EXP estão baratas relativamente as IMP, logo ele faz uma desvalorização de 30% e, assim, ele acreditava que as exportações cresceriam. Ademais, ele passou a promover reajustes salariais semestrais e pré- fixação da correção monetária e do câmbio. Isto quer dizer que o governo estimava quanto ia ser a inflação e usava esta estimativa para viesar as expectativas da população. Porém, o governo propositalmente subestimava a inflação e, assim, fodia todo mundo, pois a dívida das pessoas e das empresas aumentava (já que a desvalorização era menor do que a necessária para manter o valor real das dívidas estável) e o salário real continuava a cair; Cenário norte americano: durante alguns anos os EUA vinham imprimindo muita moeda para financiar a Guerra do Vietnã e a Guerra Fria, o que causava inflação no país deles. Este aumento da oferta de dólares no mundo faz com que a moeda americana se desvalorize, logo o real se valoriza. O problema é que isto seria desfavorável a Balança Comercial brasileira. Assim, o governo brasileiro precisa retirar o excesso de dólares do Brasil. Para tanto, ele emite reais para comprar dólares. Este aumento da oferta de reais faz com que o Real se desvalorize, mas também causa inflação (de demanda). Para evitar a inflação o governo emite títulos públicos. Ou seja, no final das contas a inflação nos EUA faz com que o Brasil internalize isto aumentando a dívida pública. Para conter a inflação norte americana, o seu governo sobe a sua taxa de juros. Isto fudeu o Brasil, que tinha parte da sua dívida atrelada ao juro dos EUA. Conclusão: antes (quando havia inflação nos EUA) o Brasil se endividava mais pra evitar a inflação aqui, depois (quando não havia inflação, porque os juros lá subiram) a nossa dívida aumentou mais ainda. Vale seus gringos fdps; Obs: absorção interna (A) = C + I + G, ou seja, tudo o que eu produzo no país e que fica aqui; saldo da balança comercial = EXP – IMP; Exportação de bens e serviços fator: são os fatores de produção (K e L) salários, mão de obra, lucros, etc; Exportação de bens e serviços não fator: transportes, seguros, fretes, etc; Para conter o aumento da dívida brasileira, o governo pensava que o problema era que a galera aqui tinha minha renda, havia um superaquecimento da produção, que levava a um aumento das importações e dos preços internos. Então, Delfim Netto decide fazer uma recessão (aumentando juros e com políticas fiscal, monetária e salarial restritivas). Esta recessão causou um puta desemprego e não resolveu o problema da dívida, pois a sua causa não era o mercado aquecido. Nelson de Freitas Armbrust Ajuste externo, desequilíbrio interno e estagflação no período (1981-1984): Obs: estagflação = recessão + desemprego + inflação Percebeu-se que para se obter superávit na Balança Comercial era preciso: o Conter a demanda interna e controlar as IMP; o Estimular as EXP; Para fazer isto, se optou por restrições à importação, tarifas de importação e subsídio às exportações. Ou seja, uma política ortodoxa (= uso de instrumentos monetários como taxa de juros e câmbio para controlar a economia); Obs: inflação inercial o comportamento defensivo dos agentes diante de um ambiente cronicamente inflacionário é tentar recompor o pico anterior de sua renda real. Quando todos adotam esta estratégia de recomposição periódica dos picos, a taxa de inflação tende a se perpetuar: inflação inercial; De 1980-1982 se percebeu que a inflação era inercial; 1982: insolvência polonesa, coreana e argentina + moratória mexicana = “Setembro Negro”. Consequentemente, há um rompimento do fluxo de recursos aos países em desenvolvimento; Como o Brasil não conseguiu fazer sozinho o ajuste interno, ele busca a ajuda do FMI: na contenção da demanda agregada e em tornar a estrutura de preços relativos favorável ao setor externo; 1983: Programa para o Setor Externo o Elevar as exportações e reduzir as importações para “fechar a conta” no final do ano; O que foi feito: o Políticas de ajuste externo recessivo + política para promover melhorias no saldo da Balança Comercial desvalorização cambial e incentivos à exportação; o FMI: foram feitos empréstimos para honrar compromissos de curto prazo e reescalonamento das obrigações de médio e longo prazo; Tais soluções apenas postergavam os problemas, sem representar, contudo, uma solução para os déficits do balanço de pagamentos do país, o que levou as reservas internacionais para níveis preocupantes em 1986; Receitas em dólares eram do setor privado e a dívida era pública; Compra de dólares feita pelo governofoi financiada pela emissão de títulos públicos processo de internalização da dívida externa; Resultados do ajuste (até 1983): o Inflação dispara; o Dívida pública interna muito alta; o Profunda recessão; o BC superavitária (aleluia, alguma coisa melhorou), devido aos efeitos estruturais do II PND e da recessão; Resultados do ajuste (em 1984): o Superávit comercial e crescimento do PIB (devido ao II PND); o Inflação e dívida pública interna continuam a aumentar; A situação fiscal do setor público se deteriora por várias razões: Nelson de Freitas Armbrust o As maxidesvalorizações aumentavam o custo interno do serviço da dívida externa; o A recessão diminuía a base tributável; o A transferência de recursos produtivos para as atividades de exportação significava uma renúncia fiscal; o As taxas de juros internas elevadas encareciam a rolagem da dívida; o A aceleração inflacionária diminuía a arrecadação (Efeito Olivera-Tanzi); A inflação mostrava-se renitente a políticas ortodoxas e o peso do ajustamento era cada vez mais criticada por causa do desemprego (movimento das “Diretas Já”); o A inflação reflete: os picos de renda real desejados, a periodicidade de reajuste da renda real e a estrutura de preços relativos médios da economia. A inércia inflacionária surge, portanto, independentemente da existência ou não de mecanismos formais de indexação! A Nova República (1985-1989): fim do regime militar Presidente: Sarney (pausa para a musiquinha do Poderoso Chefão...); Afastamento do FMI: o novo governo abre mão do auxílio do FMI para poder adotar políticas fiscal e monetária que priorizassem o crescimento econômico. Isto passou a ser viável, pois: o Superávits mensais da balança comercial permitiam ao país não depender de novos recursos externos; o Sucessivas prorrogações de acordos com os bancos privados internacionais; Durante seu mandato, Sarney lançou 3 planos de estabilização da inflação: o O Plano Cruzado (fev. 1986 – fev. 87); o Plano Bresser (jun. de 1987 a dez. 87); Feijão com Arroz (jan de 88 a dez de 1988); o Plano Verão (jan. 1989) o TODOS 3 fracassaram (e esse bandido tá no poder até hoje); Inflação inercial (quando a inflação se mantém no mesmo patamar, sem aceleração inflacionária, e é decorrente de mecanismos de indexação) ou inércia inflacionária? Crença: inércia inflacionária; A inflação tem picos. As pessoas reajustavam seus salários baseados em uma expectativa alta de inflação. Neste 1º momento as pessoas tinham grande poder de compra e, por isso, compravam muito. Assim, aqueciam muito a demanda, que pressionava os preços pra cima. Consequentemente, o poder de compra das pessoas caía muito. Por isso, elas demandavam novos reajustes salariais baseados em expectativas de inflação alta e, assim, a espiral inflacionária continua; Logo, o combate à inflação viria com o fim da indexação da economia. A ruptura dos mecanismos de indexação produziria uma queda da inflação mais rápida do que a contração da demanda agregada, com custos menores em termos de recessão e desemprego; O fracasso do Gradualismo (Março de 1985 – Fevereiro de 1986): o Período de experiências malsucedidas de estabilização da inflação; Nelson de Freitas Armbrust o Medidas de austeridade fiscal e monetária: Paralisação das operações ativas dos bancos oficiais por dias; Corte adicional de 10% no orçamento fiscal para 1985; Proibição de contratações de novos funcionários para a administração pública; o Medidas emergenciais tomadas para conter a inflação: Foi determinado para abril de 1985 um congelamento de preços; As taxas mensais de correção da inflação seriam calculadas como a média geométrica da inflação dos últimos três meses (visava a estender a memória inflacionária de um para três meses reduzindo a aceleração da inflação); Minidesvalorizações do cruzeiro (não entendi como isso conteria a inflação, ver slide 22); Resultado: redução parcial da inflação; o Junho de 1985: início do descongelamento dos preços (adivinha se não teve inflação); o A partir de setembro de 1985 as correções monetária e cambial voltaram a ser norteadas pela inflação do próprio mês em curso; o Tarifas públicas e preços administrados passariam a ser corrigidos em bases mensais e, portanto, em menores percentuais (ratificando a tese de que a estabilização da taxa de inflação seria obtida à custa de um aumento do grau de indexação da economia). o Porém, não havia uma regra clara para o reajuste salarial impulso às demandas de reajustes salariais mais frequentes. Governo opta por permitir a livre negociação de abonos, adiantamentos e esquemas alternativos de indexação, desde que estes aumentos não fossem repassados aos preços (controlados pelos órgãos de controle de preços) aumento do poder de compra consumo inflação; o A indexação generalizada da economia estava levando a inflação ao patamar de 400-500% ao ano a coalizão política que sustentava o governo ficou ameaçada. O que fazer? Em 1984 havia quatro propostas de desindexação: o Pacto social (proposto por economistas do PMDB e da Unicamp) todo mundo se compromete a não subir mais os preços (da pra ver que os caras nunca ouviram falar do “Dilema dos Prisioneiros”); o “Choque Ortodoxo” (defendido por economistas da FGV – Rio) consistia em políticas monetária, fiscal e salarial restritivas e a liberalização dos preços; o Moeda indexada (proposta por Arida e Resende) introdução de uma nova moeda, indexada, que circularia paralelamente com o Cruzeiro. Claramente uma proposta heterodoxa; o Choque heterodoxo (proposto por Lopes) congelamento de preços e salários em níveis consistentes com o status quo da distribuição de renda (por tempo indeterminado) e a desindexação generalizada da economia. Os reajustes ocorreriam baseados na inflação média, mas não se sabia quando e nem quanto seria este reajuste; Nelson de Freitas Armbrust As propostas heterodoxas (as duas últimas) tinham dois grandes atrativos do ponto de vista político: o Prometiam a estabilização dos preços sem adotar políticas restritivas de demanda; o Caráter neutro do ponto de vista distributivo, pois colocaria os salários e outras rendas em seus respectivos valores médios de equilíbrio; A proposta vencedora foi a de Lopes. Em 1986 o governo Sarney lançou o Plano Cruzado nas bases do “choque heterodoxo”; O Plano Cruzado (1986): o Objetivos: Ajuste externo: superávits comerciais para pagamento do juro da dívida externa; Quebrar a estrutura da indexação generalizada e assim acabar com o componente inercial da inflação; o Principais medidas tomadas: Criação de uma nova moeda: Cruzado (CZ$) 1000 cruzeiros = 1 cruzado; Todos os preços foram congelados por tempo indeterminado, sem correção, com exceção das tarifas industriais e energia elétrica; Não houve estabelecimento de regras para as políticas fiscal e monetária, apenas buscava-se uma taxa de juros equilibrada e diminuição do déficit público; Congelamento de preços; Concessão de crédito: o governo expandiu a moeda visando acompanhar a demanda, mas a expansão foi muito maior que a demanda (o governo errou na mensuração) e a taxa de juros real era negativa pessoas com muito poder de compra puta consumo; Desindexação da economia preços eram reajustados pela média semestral; Índice de preços e caderneta de poupança correção antes era mensal e agora passa a ser trimestral, visando estimular a poupança para o investimento e, principalmente, para segurar os gastos da população; Política salarial além do reajuste pela média mencionado, os salários ainda tiveram um abono (único) de 8% e o saláriomínimo um de 16%; “Gatilho”: caso a inflação acumulada chegasse a 20%, os salários deveriam (automaticamente) serem ajustados em 20%; o Principais Resultados: Explosão do consumo, devido à queda da taxa de juros real pela expansão exagerada da moeda e ao aumento do poder de compra do salário; Desemprego caiu para 3,8% e os salários tiveram um aumento real em 12%; Nelson de Freitas Armbrust Piora das contas externas; Desequilíbrio fiscal: aumento dos salários dos funcionários públicos, subsídios, isenções tarifárias e transferências de recursos para Estados e Municípios; Escassez de produtos: quando o governo congelou os preços, alguns produtos (como os derivados da vaca, alimentos e gasolina) estavam muito baratos, pois como o reajuste era mensal, alguns produtos ainda não haviam sido reajustados. Logo, a demanda por estes produtos era muito grande. Como o reajuste nos preços seria igual para todos os produtos, estes produtos estariam para sempre baratos. Cria-se, assim, uma grande escassez por estes produtos e insatisfação por parte dos seus produtores. Os produtores de gado, por exemplo, até tinham bois disponíveis para o abate, mas não os abatiam, pois o preço do boi estava muito barato. Eles mantinham estes bois em estoque para pressionar o governo a aumentar o seu preço. Esta escassez fez com que a população se revoltasse contra o governo e estivesse disposta a pagar um ágio para os vendedores para poder comprar os produtos; Deste modo, há o descongelamento informal dos preços e a volta de altas taxas de inflação; Plano Cruzado II (Dez de 1986): o Objetivo: aumentar a arrecadação do governo, através do reajuste de alguns preços públicos (bens que só o governo fornecia); o Medidas: Aumento dos preços públicos: gasolina, energia elétrica, telefone e tarifas postais; Aumento dos impostos indiretos (automóveis, cigarros e bebidas); o Resultados: Violento choque inflacionário e volta da indexação; Tiroteio salarial (o “gatilho” foi acionado diversas vezes, sacou?); Tentativa de um “pacto social”: ninguém sobe os preços. Problema: o governo desvaloriza o câmbio (mudando os preços dos bens que ele fornecia) aí fudeu geral, fev. de 1987: suspensão total do congelamento dos preços; Queda nas vendas em função da queda do salário real; Aumento da taxa de juros e aumento da incerteza; Como houve congelamento durante 11 meses, a população acreditava que estava perdendo muito dinheiro, pois não podia aumentar o preço dos bens que vendia. Logo, aumentaram-se os preços baseando-se na inflação desses 11 meses mais um ágio (devido ao risco de um novo congelamento); Escassez de reservas cambiais limitação das importações de matérias-primas; Fev. de 1987: moratória da dívida externa aos bancos privados para: Estancar as perdas de reservas em dólares; Nelson de Freitas Armbrust Renegociar a dívida externa; Reconquistar o apoio popular: eu (governo) não pago a dívida externa e disponibilizo estes dólares para as importações, assim as pessoas não precisavam pagar preços altíssimos pelas importações; o Ensinamentos do Plano Cruzado: Impossibilidade de manter o congelamento de preços por tempo indeterminado; Necessidade de controlar a demanda pós-estabilização; Necessidade de que os choques fossem neutros do ponto de vista distributivo; Manter as contas externas em equilíbrio; Plano Bresser (Jun - dez 1987): o Única coisa boa: controlou as contas externas o Objetivo: promover um choque deflacionário (buscando eliminar os erros do Plano Cruzado, como o “gatilho”), assim como diminuir o déficit público através de um programa de estabilização híbrido (elementos ortodoxos e heterodoxos); o Diagnóstico da inflação: de demanda e inercial; o Elementos ortodoxos (as forças de mercado vão fazer o ajuste) visa atacar a inflação de demanda: Política monetária contracionista (aumento dos juros); Política fiscal contracionista (eliminação de subsídios, cortes nos gastos do governo e aumento de tarifas públicas); o Elementos heterodoxos (o governo impõe à força a direção/ajuste da economia) visa atacar a inflação inercial: Congelamento dos preços, em 3 etapas: 1- Congelamento de todos os preços e salários por 3 meses; 2- Flexibilização (descongelando aos poucos) do congelamento; 3- Descongelamento; Entendendo: o congelamento era necessário para conter o aumento de preços, mas como alguns bens estariam desvalorizados durante o congelamento, a ideia era ir descongelando aos poucos os preços de modo a possibilitar este ajuste e, assim, deixar que os preços se equilibrassem sozinhos daí em diante; Reajuste dos salários em 20% (abaixo da inflação, de 26,3%); o Para resolver o desequilíbrio externo, o governo desvalorizou a taxa de câmbio (cerca de 15%), mas não congelou o câmbio. Deste modo, há uma contenção das importações e, caso haja grandes pressões sobre o câmbio, ele pode se autorreajustar; o URP (Unidade de Referência de Preços): é uma medida do poder de compra dos salários. Foi criada no Plano Bresser visando servir como índice de Nelson de Freitas Armbrust referência para o reajuste dos salários. A URP era prefixada a cada 3 meses com base na inflação média dos 3 meses anteriores. O objetivo disso era acabar com o “gatilho salarial”. Deste modo, criou-se um mecanismo de reajuste mensal dos salários, mas ao mesmo tempo aumentava a defasagem entre a inflação do mês e seu repasse para os salários. Consequentemente, há uma queda no poder de compra da população, que levou a uma queda da inflação; o Principais resultados: Perda do poder aquisitivo dos salários; Queda nas vendas do comércio; Queda no ritmo de produção industrial; Volta da inflação alta em dez. de 1987 quando o governo descongelou os preços, as pessoas não só subiram seus preços para “repor” a inflação passada, como também botaram um ágio, de modo a se prevenirem caso o governo venha a fazer um novo congelamento de preços. Vale lembrar que o Plano não propunha um novo congelamento de preços, mas as pessoas ainda assim acreditavam que ele ocorreria; Recuperação do superávit comercial devido a: Desaquecimento da demanda interna; Desvalorizações cambiais; o Conclusão do fracasso: a inflação é também de custo, pois os preços públicos subiram muito. Isto encareceu a produção e os produtores repassavam este aumento para o consumidor; o Troca no Ministério da Fazenda: sai Bresser e entra Maílson da Nóbrega; Política do Feijão com Arroz (jan. a dez. de 1988): o Objetivos: Estabilização da inflação em 15% a.m; Redução gradual do déficit público; o Principais Medidas: Congelamento dos empréstimos ao setor público; Suspensão por 2 meses dos reajustes salariais dos funcionários públicos; o Principais Resultados: Desaquecimento da demanda agregada; Suspensão da moratória da dívida externa e a volta da negociação da dívida em junho de 1988; Novo recorde de inflação 24% a.m; o Efeitos da Nova Constituição Brasileira de 88: Redistribuição de 25% da receita da União para Estados e Municípios, o que levou ao aumento dos encargos e de ampliação da necessidade de financiamento do governo; Estabilidade dos funcionários públicos com mais de 5 anos de função (não podem ser demitidos então foi aqui que começou essa farra!); Nelson de Freitas Armbrust Criação de novos encargos sociais, elevação de alguns já existentes e aumento dos custos com a previdência social e com os custos de produção. Ex: FGTS, licença maternidade, menor jornada de trabalho, etc; Plano Verão (jan – maio de 1989): o Plano
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