Buscar

Prospecção do sub solo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

CONSTRUÇÃO CIVIL 
Capítulo 5 – Sondagem 
Ciências Exatas e Tecnológicas 
 
5.1 RECONHECIMENTO DO SUBSOLO 
 
Conheça os três tipos principais de solo: areia, silte e argila 
Por Arq. Iberê M. Campos 
O terreno faz parte integrante de qualquer construção, afinal é ele que dá 
sustentação ao peso e também determina características fundamentais do projeto 
em função de seu perfil e de características físicas como elevação, drenagem e 
localização. No que tange à mecânica dos solos, é é importante conhecer os três 
tipos básicos de solos: arenoso, siltoso e argiloso. 
 
 
Para efeito prático de uma construção, é preciso conhecer o comportamento que se espera de um solo 
quando este receber os esforços. Para tanto, a Mecânica dos Solos divide os materiais que cobrem a terra 
em alguns grandes grupos: 
• Rochas (terreno rochoso); 
• Solos arenosos, 
• Solos siltosos, e 
• Solos argilosos. 
 
Esta divisão não é muito rígida, ou seja, nem sempre (quase nunca...) se encontra solos que se 
enquadram em apenas um dos tipos. Por exemplo, quando dizemos que um solo é arenoso estamos na 
verdade dizendo que a sua maior parte é areia e não que tudo é areia. Da mesma forma, um solo 
argiloso é aquele cuja maior proporção é composto por argila. 
 
O principal critério para fazer a classificação acima é o tamanho dos grãos que compõem o solo. O 
quadro a seguir mostra os diâmetros dos grãos (em mm) para cada tipo básico de solo: 
Tipo de solo: Argila Silte Areia fina Areia média Areia Grossa Pedregulho 
Diâm. Grãos (mm): Até 0,005 0,005 a 0,05 0,05 a 0,15 0,15 a 0,84 0,84 a 4,8 4,8 a 16 
Com se pode deduzir da tabela acima, uma argila é formada por grãos extremamente pequenos, 
invisíveis a olho nu. As areias, por sua vez, têm grãos facilmente visíveis, separáveis e individualizáveis, 
o mesmo acontecendo com o pedregulho. Estas características mudam o comportamento do solo, 
conforme veremos adiante. 
 
Solos arenosos 
 
São aqueles em que a areia predomina. Esta compõe-se de grãos grossos, médios e finos, mas todos 
visíveis a olho nú. Como característica principal a areia não tem coesão, ou seja, os seus grãos são 
facilmente separáveis uns dos outros. 
 
Por exemplo, pense na areia seca das praias, em como é fácil separar seus grãos. Quando a areia está 
úmida ganha algo como uma coesão temporária, tanto que até permite construir os famosos “Castelos” 
que, no entanto, desmoronam ao menor esforço quando secam. A areia areia úmida na praia serve até 
como pista de corrida graças a essa coesão temporária. Mas os solos arenosos possuem grande 
permeabilidade, ou seja, a água circula com grande facilidade no meio deles e secam rapidamente caso a 
água não seja reposta, como acontece nas praias. 
 
Imagine a seguinte situação -- fazermos uma construção sobre um terreno arenoso e com lençol freático 
próximo da superfície. Se abrirmos uma vala ao lado da obra, a água do terreno vai preencher a vala e 
drenar o terreno. Este perderá água e vai se adensar, podendo provocar trincas na construção devido ao 
recalque provocado. A ilustração a seguir mostra o que pode acontecer: 
 
 
 
Note-se que esta é uma situação clássica, e acontece diariamente na cidade de Santos, SP, onde são 
muito conhecidos os prédios inclinados na beira da praia. Estes foram feitos com fundação superficial que 
afundou quando mais e mais construções surgiram ao lado pois estas, além de aumentarem as cargas no 
solo, ajudaram a abaixar o nível do lençol freático que, por sua vez, já vinha diminuindo devido à 
crescente pavimentação das ruas. 
 
Estradas construídas em terreno arenoso não atolam na época de chuva e não formam poeira na época 
seca. Isto porque seus grãos são suficientemente pesados para não serem levantados quando da 
passagem dos veículos, e também não se aglutinam como acontece nos terrenos argiloso. Estes, em 
comparação, quando usados em estradas sem pavimentação, torna as pistas barrentas nas chuvas e na 
seca formam um pisa duro. Já estradas com pisos siltosos geram muito pó quando os veículos passam, 
tudo isto em função do tamanho dos grãos e de como eles se comportam na presença da água. 
 
Solos Argilosos 
 
O terreno argiloso caracteriza-se pelos grãos microscópicos, de cores vivas e de grande 
impermeabilidade. Como conseqüência do tamanho dos grãos, as argilas: 
• São fáceis de serem moldadas com água; 
• Têm dificuldade de desagregação. 
• Formam barro plástico e viscoso quando úmido. 
• Permitem taludes com ângulos praticamente na vertical. É possível achar terrenos argilosos cortados 
assim onde as marcas das máquinas que fizeram o talude duraram dezenas de anos. 
 
Em termos de comportamento, a argila é o oposto da areia. Devido à sua plasticidade e capacidade de 
aglutinação, o solo argiloso é usado há milhares de anos como argamassa de assentamento, argamassa 
de revestimento e na preparação de tijolos. As lendárias Torres de Babel, assim como todas as 
edificações importantes da Babilônia, foram feitos de tijolos de barro cosidos ao sol. 
 
A maior parte do solo Brasileiro é de solo argiloso e este tem sido utilizado de maneiras diferentes ao 
longo da nossa história, desde a taipa de pilão do período colonial até os modernos tijolos e telhas 
cerâmicas, sem falar dos azulejos e pisos cerâmicos. 
 
Os grãos de argila são lamelas microscópicas, ao contrário dos grãos de areia que são esferoidais. As 
características da argila estão mais ligadas à esta forma lamelar dos grãos do que ao tamanho diminuto. 
 
Os solos argilosos distinguem-se pela alta impermeabilidade. Aliás, são tão impermeáveis que tornaram-
se o material preferido para a construção de barragens de terra, claro que devidamente compactadas. 
Quando não há argila nas imediações vai se buscar onde ela estiver disponível, em regiões que passam a 
ser denominadas “área de empréstimo”. 
 
Solos siltosos 
 
O Silte está entre a areia e a argila e é o “primo pobre” destes dois materiais nobres. É um pó como a 
argila, mas não tem coesão apreciável. Também não tem plasticidade digna de nota quando molhado. 
 
Estradas feitas com solo siltoso formam barro na época de chuva e muito pó quando na seca. Cortes 
feitos em terreno siltoso não têm estabilidade prolongada, sendo vítima fácil da erosão e da 
desagregação natural precisando de mais manutenção e cuidados para se manter. 
 
Outras denominações 
 
A divisão feita pela Mecânica dos Solos é meramente científica, na natureza os solos são encontrados em 
diversas proporções e recebem nomes populares dependendo de seu tipo, fa finalidade e da região do 
Brasil. Veja alguns outros termos: 
• Piçarra -- Rocha muito decomposta e que pode ser escavada com pá ou picareta. 
• Tabatinga ou turfa -- Argila com muita matéria orgânica, geralmente encontrada em pântanos ou 
locais com água permanente (rios, lagos), no presente ou no passado remoto. 
• Saibro – Terreno formado basicamente por argila misturada com areia. 
• Moledo -- Rocha em estado de decomposição mas ainda dura, tanto assim que só pode ser removida 
com martelete a ar comprimido. 
Apresentamos a seguir quadro com os usos mais aconselháveis para os três tipos de solo: 
USO SOLO ARENOSO SOLO 
SILTOSO 
SOLO 
ARGILOSO 
FUNDAÇÃO 
DIRETA 
É adequado, mas necessita atenção aos recalques devido ao 
abaixamento do lençol freático. Durante a execução, é difícil 
manter a estabilidade das paredes laterais 
Similar ao solo 
arenoso, porém 
é menos 
sensível ao 
lençol freático e 
também é mais 
fácil de 
escavar. 
É usual e 
recomendável, 
mas também 
ocorrem 
problemas de 
recalques em 
função do lençol 
freático. Dirante a 
escavação, é fácil 
de manter a 
estabilidade das 
paredes laterais. 
 
FUNDAÇÃO EM 
ESTACA 
Difícil de cravar frente ao atrito lateral. Em terrenos 
molhados, é preciso fazercravação a ar comprimido. 
É usual, por ser 
possível tirar 
partido tanto do 
atrito lateral 
quanto da 
resistência de 
ponta para 
aborver a 
carga. 
Usual, mas a 
estaca geralmente 
precisa atingir 
profundidades 
maiores para 
aumentar 
capacidade de 
carga. 
CORTES E 
TALUDES SEM 
PROTEÇÃO 
Não recomendável, pois o talude fica instável. Possível, mas é 
preciso levar 
em conta a 
coesão e o 
ângulo de atrito 
para 
dimensionar o 
talude. A altura 
de corte é 
menor do que 
para as argilas. 
Possível devido à 
grande coesão e 
estabilidade. 
ESFORÇOS EM 
ESCORAMENTO 
Esforços são maiores, levando à necessidade de escoramento 
contínuo. 
Comportamento 
idêntico ao solo 
arenoso. 
Esforços são 
menores, o 
escoramento pode 
ser bem espaçado 
e não-contínuo. 
RECALQUES 
FRENTE ÀS 
CARGAS 
Recalques em solo arenoso são imediatos à aplicação das 
cargas, mas podem ocorrer posteriormente devido à mudança 
do lençol freático. 
Intermediário 
entre areia e 
argila. 
Recalques 
extremamente 
lentos, pode levar 
décadas para 
ocorrer a 
estabilização. 
ADENSAMENTO 
E 
COMPACTAÇÃO 
Adensamento ocorre apenas se houver perda de água. A 
compactação se faz com vibração. 
Há 
adensamento 
se houver 
perda de água. 
Compactação é 
feita com 
percussão ou 
com rolos (pé-
de-carneiro) 
Há adensamento 
se houver perda 
de água. 
Compactação é 
feita com 
percussão e com 
rolos. 
DRENABILIDADE Ocorre facilmente, mas precisa cuidado com a instabilidade 
das paredes e do fundo das valas. 
Aceita água 
passante, mas 
Alta 
permeabilidade 
necessita 
verificação 
cuidadosa da 
coesão e ângulo 
de atrito. 
dificulta a 
drenagem. 
MATERIAL DE 
BARRAMENTO 
Não recomendável, por ser permeável e sem coesão. Os 
taludes são instáveis e haveria fluxo intenso de água pela 
barragem. 
Utilizável desde 
que com maior 
coeficiente de 
segurança. Tem 
pouca coesão e 
os taludes 
ficam mais 
abatidos 
(ângulo menor) 
Recomendável 
pela 
impermeabilidade, 
coesão e ângulo 
de atrito 
favoráveis à 
estabilidade. 
 
 
O reconhecimento do tipo de solo pode ser complicado. Em geral, os solos estão misturados, é difícil 
achar um solo que seja 100% argila ou 100% areia. Por isto, usa-se denominações como “argila silto-
arenosa”, “silte argiloso”, “areia argilosa” e similares. A determinação do tipo de solo é fundamental para 
a construção civil, em especial para o cálculo da movimentação de terra e para a escolha das fundações. 
 
Justamente pela dificuldade em determinar o tipo de solo e em determinar suas características para a 
escolha de fundações é que se faz o denominado “ensaio à percussão”, mais conhecido como “ensaio 
SPT”, que mostramos no artigo a seguir. Com os parâmetros SPT em mãos torna-se possível escolher a 
fundação com precisão ou, caso o projetista ainda sinta falta de alguma informação, poderá solicitar um 
teste mais específico. 
 
 
 
 
 
 
CONDIÇÕES PARA O ESTUDO DO SUBSOLO 
 
Para o estudo do subsolo é necessário fazer uma prospecção do subsolo, através de 
máquinas e equipamentos próprios de uma empresa de sondagem especializada. A 
sondagem é feita pelo Método SPT ou Standart Penetratio Test. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um projeto de sondagem é constituído das partes seguintes: 
 
Memorial descritivo: 
 
É um relato do como serão executados os serviços, conforme exemplo abaixo: 
 
Projeto de sondagem para o terreno sito à Rua ____________________no______, nesta 
cidade de ________, conforme solicitação do eng. civil Sr. ___________em __________. 
Prezados Senhores: 
Pela presente, temos a satisfação de apresentar a V(s). S(s). os resultados da sondagem 
de reconhecimento do subsolo, realizados na obra supra 
Foram executados 3 sondagens. O total perfurado atingiu _________metros lineares. 
Foi utilizado tubo de revestimento de 2½ de diâmetro. 
Foram medidas as resistências oferecidas pelo terreno, à cravação de um amostrador 
padrão Terzaghi & Peck, di diâmetros nominais interno e externo, respectivamente 13/8 e 
2 “. Essa resistência é medida pelo número de golpes produzidos pela queda de um peso 
de 65 kg., da altura de 0,75 m, necessários à penetração no terreno de 30 cm. Do 
amostrador após uma penetração inicial de 15 cm (Standart Penetration Test). 
Convém notar que a(s) seção(oes) do subsolo indi 
cadas nos desenhos representa(m) apenas a seqüência provável das camadas entre os 
pontos sondados. 
Deixamos de apresentar os perfis individuais, porquanto todas as indicações sobre a 
natureza do subsolo estão contidas na seção do terreno. 
Sem mais, subscrevemo-nos, 
Atenciosamente, 
___________________ 
 sondagens Ltda. 
 
Locação das sondagens: 
 
É uma planta do terreno, indicando os pontos onde serão feitas as sondagens, a pedido 
do profissional responsável pela construção ou pela empresa. Em geral os pontos devem 
ser locados segundo um eixo diagonal do local da construção, sendo necessários no 
mínimo 2 sondagens e 1 a cada 200 m2 construídos. 
 
 
 
 11m 6m 3m 
 
 3 3333 4m 
 
 
 Rua 
 12m 
 
 22m 
 
 RN=00 
 
 
Perfil provável do subsolo: 
 
Apresenta os seguintes elementos: 
1. O número de identificação da sondagem, a data de início e término da sondagem, seu 
nível inicial e a distância entre eles e a escala da planta; 
2. A data de início e término da sondagem, 
3. as camadas sucessivas do subsolo, com a descrição do material (e sua consistência) 
de cada uma; 
4. uma escala graduada em metros, 
5. o nível de água e a data da prospecção (o NA é sazonal). 
6. Uma escala com os valores do SPT; 
7. Tabela com o comprimento da sondagem revestida por tubos, o comprimento 
executado a trado e a percussão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela com as taxas admissíveis para os diversos terrenos: 
 
Areias e siltes 
 Taxa kgf/cm2 
Res. à penetr. compacidade Areia fina Areia grossa 
6 golpes fofa <1,0 1,5 
6 a 10 média 1,0 a 2,5 1,5 a 3,0 
11 a 25 compacta 2,5 a 5,0 3,0 a 5,0 
>25 Muito compacta > 5,0 > 5,0 
ARGILAS 
Resistência à penetração Consistência Taxa kgf/cm2 
<4 golpes Mole < 1,0 
5 a 8 golpes Média 1,0 a 2,0 
9 a 15 golpes rija 2,0 a 3,5 
> 15 golpes Dura > 3,5 
 
 
 
Investigação do subsolo: entenda o ensaio a percussão e seu 
famoso índice SPT 
Por Arq. Iberê M. Campos 
A sondagem a percussão é também chamada de de “Simples reconhecimento” ou, 
ainda, de “Sondagem SPT”. Este nome vem da abreviação dos termos ingleses 
“Standard Penetration Test”, ou seja, “Teste de Penetração Padrão”. Este processo é 
muito usado para conhecer o sub-solo fornecendo subsídios indispensáveis para 
escolher o tipo de fundação. Conheça um pouco mais sobre este teste tão importante 
para a Arquitetura e a Construção Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O projeto de fundações é uma etapa importante de qualquer construção, de todos os portes. Afinal, é 
sobre a fundação que repousa todo o peso da obra, e de nada adiante construir sobre uma base instável. 
 
O conhecimento do tipo de solo, conforme já mostramos em artigo anterior, é importante para se 
conhecer o comportamento esperado ao receber as cargas, mas para saber o melhor tipo defundação é 
preciso saber: 
• Quais são os tipos de solo que estão sob a obra, e a que profundidade; 
• Qual é altura do lençol freático; 
• Qual é a capacidade de carga do sub-solo, em diversas profundidades; 
• Como o solo se comporta ao receber carga. 
 
Para obter estes tipos de informação o teste mais econômico e elucidativo é o ensaio SPT. A partir dele o 
projetista de fundações poderá solicitar 
exames mais específicos, caso ache 
necessário. 
Equipamentos utilizados 
 
O equipamento para a sondagem a percussão 
é simples e pode ser relativamente barato. 
Existem soluções mais sofisticadas em termos 
de facilidade e precisão, mas o material básico 
consiste em: 
• Tripé equipado com sarilho, roldana e cabo; 
• Tubos metálicos de revestimento, com 
diâmetro interno de 63,5 mm (2,5”); 
• Hastes de aço para avanço da perfuração, 
com diâmetro interno de 25 mm; 
• Martelo de ferro para cravação das hastes 
de perfuração, do amostrador e do 
revestimento. Seu formato é cilíndrico e o 
peso é de 65 kg; 
• Conjunto motor-bomba para circulação de 
água no avanço da perfuração; 
• Trépano de lavagem constituído por peça de 
aço terminada em bisel e dotada de duas 
saídas laterais para a água a ser utilizada; 
• Trado concha com 100 mm de diâmetro e 
helicoidal com diâmetro de 56 a 62 mm; 
• Amostrador padrão de diâmetro externo de 
50,8 mm e interno de 34,9 mm, com corpo 
bipartido (vide figura abaixo). 
 
Com equipamento tão simples, é de suma 
importância que o pessoal que vai manuseá-lo 
seja bem treinado, sério e atento. Daí de 
percebe a importância de escolher uma boa 
empresa de sondagem, pois um teste mal feito pode levar a conclusões errôneas e interferir 
negativamente na escolha e dimensionamento da fundação, ou seja, haverá um aumento no custo e 
possível perda na qualidade da edificação. 
 
Como é feito 
 
O ensaio consiste em fazer uma perfuração vertical com diâmetro normal 2,5" (63,5mm). A profundidade 
varia com o tipo de obra e o tipo de terreno, ficando em geral entre 10 a 20 m. Enquanto não se 
encontra água, o avanço da perfuração é feita, em geral, com um trado espiral (helicoidal). 
 
O avanço com trado é feito até atingir o nível de água ou então algum material resistente. Daí em diante, 
a perfuração continua com o uso de trépano e circulação de água, processo denominado de “lavagem”. O 
trépano é uma ferramenta da largura do furo e com terminação em bisel cortante, usado para desagregar 
o material do fundo do furo. 
 
O trépano vai sendo cravado no fundo do furo por repetidas quedas da coluna de perfuração (trépano e 
hastes). O martelo cai de uma altura de 30 cm, e a queda é seguida por um pequeno movimento de 
rotação, acionado manualmente da superfície, com uma cruzeta acoplada ao topo da coluna de 
perfuração. Injeta-se água sob pressão pelos canais existentes nas hastes, esta água circula pelo furo 
arrastando os detritos de perfuração até a superfície. Para evitar o desmoronamento das paredes nas 
zonas em que o solo apresenta-se pouco coeso é instalado um revestimento metálico de proteção (tubos 
de revestimento). 
 
Equipamento para ensaio de percussão e medição do SPT de 
subsolo. 
 
A sondagem prossegue assim até a profundidade especificada pelo projetista (que se baseia na norma), 
ou então até que a percussão atinja material duro como, por exemplo, rocha, matacões, seixos ou 
cascalhos de diâmetro grande. 
 
Durante a perfuração, a cada metro de avanço é feito um ensaio de cravação do amostrador no fundo do 
furo, para medir a resistência do solo e coletar amostras. Esse ensaio, denominado ensaio de penetração 
ou ensaio SPT, é feito com equipamento e procedimento padronizados no mundo todo, para permitir a 
correlação de seu resultado com a experiência consolidada de muitos estudos feitos no Brasil e no 
exterior. 
O amostrador (figura ao lado) é 
cravado através do impacto de uma 
massa metálica de 65 kg caindo em 
queda livre de 75 cm de altura. O 
resultado do teste SPT será a 
quantidade de golpes necessários 
para fazer penetrar os últimos 30 
cm do amostrador no fundo do 
furo. Se o solo for muito mole, 
anota-se a penetração do 
amostrador, em centímetros, 
quando a massa é simplesmente 
apoiada sobre o ressalto. A medida 
correspondente à penetração obtida por simples apoio, ou zero golpes, pode ser expressiva em solos 
moles. Na penetração por batida da massa conta-se o número de golpes aplicados, para cada 15 cm de 
penetração do amostrador. 
 
As diretrizes para a execução de sondagens são regidas pela NBR 6484, "Execução de Sondagens de 
simples reconhecimento", a qual recomenda que, em cada teste, deve ser feita a penetração total dos 45 
cm do amostrador ou até que a penetração seja inferior a 5 cm para cada 10 golpes sucessivos. A cada 
ensaio de SPT prossegue-se a perfuração (com o trado ou o trépano) até a profundidade do novo ensaio. 
 
No Brasil, as empresas de sondagem estão adquirindo equipamentos com sistema hidráulico e movidos 
por motor a combustão, para execução do ensaio SPT, cujo amostrador é cravado no terreno por meio de 
martelo mecânico. 
 
Critérios de paralisação da sondagem 
 
O processo de perfuração, por trado ou lavagem, associado aos ensaios penetrométricos, será realizado 
até onde se obtiver nesses ensaios uma das seguintes condições: 
1 -- Quando em 3 m sucessivos se obtiver índices de penetração maiores do que 45/15; 
2 -- Quando em 4 m sucessivos forem obtidos índices de penetração entre 45/15 e 45/30; 
3 -- Quando, em 5 m sucessivos, forem obtidos índices de penetração entre 45/30 e 45/45 (número de 
golpes/espaço penetrado pelo amostrador). 
 
Caso a penetração seja nula dentro da precisão da medida na seqüência de 5 impactos do martelo o 
ensaio será interrompido, não havendo necessidade de obedecer o critério estabelecido acima. 
 
Entretanto, ocorrendo essa situação antes de 8,00 m, a sondagem será deslocada até o máximo de 
quatro vezes em posições diametralmente opostas, distantes 2,00 m da sondagem inicial. 
 
Coleta de amostras 
 
Na sondagem a percussão são coletadas amostras obtidas pelo amostrador e aquelas retiradas nos 
avanços dos furos entre um e outro ensaio de SPT, por trado ou lavagem. As amostras retiradas do 
amostrador devem ser acondicionadas em frascos herméticos para a manutenção da umidade natural e 
das suas estruturas geológicas. 
 
As amostras de trado devem ser acondicionadas em sacos plásticos ou ordenadas nas próprias caixas de 
amostragem. As amostras retiradas por sedimentação da água de lavagem ou de circulação também 
devem ser guardadas. Elas são constituídas principalmente pela fração arenosa do solo original, pois os 
finos geralmente são levados pela água de circulação da sondagem. 
 
 
Amostrador padrão para ensaio SPT. A padronização internacional 
permite comparações entre estudos feitos em diversas parte do mundo. 
Índice de resistência à penetração 
 
O índice SPT foi definido por Terzaghi-Peck, que nos diz que o índice de resistência à penetração 
(SPT) é a soma do número de golpes necessários à penetração no solo, dos 30 cm finais do 
amostrador. Despreza-se portanto o número de golpes correspondentes à cravação dos 15 cm iniciais 
do amostrador. 
 
Ainda que o ensaio de resistência à penetração não possa ser considerado como um método preciso de 
investigação, os valores de SPT obtidos dão uma indicação preliminar bastante útil da consistência (solos 
argilosos) ou estado de compacidade (solos arenosos) das camadas do solo investigadas. Veja a tabela 
abaixo: 
Índices de resistência à penetração e respectivas designações 
Solo Índice de Resistência á Penetração Designação 
Areias e siltes arenosos 
<= 4 Fofo 
5 - 10 Pouco compacto 
11 - 30 Medianamente compacto 
31 - 50 Compacto 
> 50 Muito compacto 
Areias e siltes argilosos 
<= 2Muito mole 
3 - 4 Mole 
5 - 8 Média 
9 - 15 Rija 
16 - 30 Muito rija 
> 30 dura 
 
 
Número de furos 
 
A NBR 8036/83 (Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de 
edifícios) estabelece os números de perfurações a serem feitas, em função do tamanho do edifício, 
conforme segue: 
• No mínimo uma perfuração para cada 200m² de área da projeção em planta do edifício, até 1.200m² 
de área; 
• Entre 1.200 m² e 2.400m² fazer uma perfuração para cada 400 m² que excederem aos 1.200 m2 
iniciais; 
• cima de 2.400m² o número de sondagens será fixado de acordo com o plano particular da construção. 
 
Em quaisquer circunstâncias o número mínimo de sondagens deve ser de 2 para a área da projeção em 
planta do edifício até 200m², e três para área entre 200m² e 400m². 
 
Interpretação dos resultados 
 
Na maioria dos casos, a interpretação dos dados SPT visa a escolha do tipo das fundações, a estimativa 
das taxas de tensões admissíveis do terreno e uma previsão dos recalques das fundações. 
Assim, a empresa encarregada de fazer o ensaio fornece um relatório dos trabalhos e uma desenho 
esquemático de cada furo. A partir daí, cabe ao projetista interpretar os resultados para escolher o tipo 
de fundação ou, se ainda achar os dados inconclusivos, pedir algum ensaio mais específico. 
 
A escolha do tipo de fundação é feita analisando os perfis das sondagens, cortes longitudinais do subsolo 
que passam pelos pontos sondados. A pressão admissível a ser transmitida por uma fundação direta ao 
solo depende da importância da obra e também da experiência acumulada na região, podendo ser 
estabelecida em função de índice correlacionado com a consistência ou compacidade das diversas 
camadas do subsolo. 
 
O quadro abaixo apresenta uma correlação do mesmo tipo para solos coesivos, igualmente estabelecida 
por Terzaghi-Peck. Esta correlação entre o índice de resistência à penetração e a resistência à 
compressão simples é ainda menos precisa que a anterior e tem também caráter indicativo. 
Relação entre tensão admissível e número de golpes (SPT) 
Tipo de solo Consistência SPT Tensão admissível (Kg/cm²) 
Argila 
Muito mole < 2 < 0,25 
Mole 2 a 4 0,25 a 0,5 
Média 4 a 8 0,5 a 1,0 
Rija 8 a 15 1 a 2 
Muito rija 16 a 30 2 a 4 
Dura > 30 maior que 4 
Areia 
Fofa <= 4 < 1 
Pouco compacta 5 a 10 1 a 2 
Medianamente compacta 11 a 30 2 a 4 
Compacta 31 a 50 4 a 6 
Muito compacta > 50 > 6 
 
Além das tabelas acima, é possível estimar a carga admissível em um solo mediante a fórmula abaixo: 
 
 
Assim, por exemplo, um solo com índice SPT de 20 teria uma tensão admissível de 3,47 Kg/cm/² e outro 
com SPT 16 teria uma tensão admissível de 3 Kg/cm/². Mas devemos ressaltar que estes valores, tanto 
das tabelas quanto da fórmula acima, são muito genéricos e imprecisos. Só mesmo uma análise criteriosa 
da sondagem por um técnico especializado pode determinar com precisão o melhor valor para a 
resistência do solo. 
 
Isto porque além do tipo de solo e sua resistência SPT, o projetista deve levar em conta outros fatores 
inerentes às fundações -- forma, dimensões e profundidade -- e ao terreno que servirá de apoio, 
analisando a profundidade, nível d'água e possibilidade de recalques, além da existência de camadas 
mais fracas abaixo da cota de nível prevista para assentar as fundações. 
 
Apresentação dos resultados 
 
Os dados colhidos na sondagem são mostrados na forma de perfil individual do furo, ou seja, um 
desenho que traduz o perfil geológico do subsolo na posição sondada, baseado na descrição dos 
“testemunhos”, aquelas amostras colhidas durante a perfuração. A descrição dos testemunhos é feita a 
cada manobra e inclui: 
1 -- Classificação litológica – Cor, tonalidade e dados sobre formação geológica, mineralogia, textura e 
tipo dos materiais. 
2 -- Estado de alteração das rochas – Trata-se de um fator que faz variar extraordinariamente suas 
características. As descrições do grau de alteração das rochas, embora muito informativas, são até certo 
ponto subjetivas por se basearem normalmente na opinião do autor da classificação. 
3 -- Grau de fraturamento – Uma das maneiras de avaliar o grau de fraturamento da rocha é através do 
número de fragmentos por metro, obtido dividindo-se o número de fragmentos recuperados em cada 
manobra pelo comprimento da manobra. 
 
Perfis geológicos típicos 
 
O solo varia de região para região, dentro do próprio lote podem ocorrer variações bruscas de 
composição e resistência do solo, daí a importância de seguir os procedimentos normatizados para ter 
uma representação o mais fiel do subsolo em estudo. 
 
Apesar desta variação, algumas regiões são bem conhecidas dos engenheiros que lidam com fundações. 
Vamos analisar alguns destes casos, para exemplificar como o ensaio SPT pode ser utilizado para indicar 
o tipo de fundação mais adequado. 
São Paulo - Avenida Paulista -- Localizado no topo de um espigão 
que corta a capital do Estado de São Paulo, ou seja, num topo de 
montanha que, provavelmente, já foi muito mais alta na remota 
antiguidade. Assim, o solo já foi compactado pela natureza, sendo 
relativamente firme e o lençol freático fica baixo. Assim, construções 
menores podem usar fundação direta (sapatas) e os prédios maiores 
devem utilizar tubulão ou estacas, que podem ser tanto do tipo Strauss 
(moldada in loco), pré-moldada de concreto ou aço ou outras, especiais, 
para edifícios maiores. 
 
 
 
 
Santos (SP) - Orla da praia -- Este é um caso clássico na mecânica 
dos solos. A cidade de Santos é mundialmente conhecida pelos seus 
edifícios fora de prumo à beira mar. Isto ocorreu porque, na época de 
sua construção, utilizou-se fundações rasas apoiadas a cerca de 8 m de 
profundidade, onde se encontra um solo relativamente rígido (SPT 8). 
Entretanto, cerca de 10 m abaixo, encontra-se uma areia argilosa mutio 
mole, cujo SPT é 1/60, ou seja, o martelo dá uma batida e já penetra 
60 cm. Muitos edifícios foram construídos sobre sapatas, isto é, com 
fundação rasa. Em ambos os casos, ao longo dos anos a argila vai 
recalcando, o solo vai cedendo e os edifícios afundam. Há casos em que 
os prédios desceram mais de 1 metro em relação ao nível original. Os 
prédios mais novos utilizam estacas mais profundas, que vão buscar o 
solo mais duro a mais de 27 metros de profundidade. os edifícios 
ficaram tortos porque não afundaram por igual, pois um prédio faz 
pressão sobre a fundação do vizinho, e naquele local ambos afundam 
mais pois existe uma pressão maior sobre o sub-solo. 
 
 
Campinas (SP) -- Esta é uma grande cidade do interior do Estado de 
São Paulo e que tem diversos tipos de solo. Sua região central já foi 
bastante estudada, contendo solo ideal para fundação direta ou rasa, 
para obras pequenas e médias, e estaqueamento para prédios maiores. 
Para estes últimos, o lençol freático baixo (-15m) permite escavação 
manual sem equipamento especial, permitindo o uso de tubulões ao 
invés de estacas. A existência de solo residual indica que a região já foi 
coberta por água em eras remotas. 
 
São Paulo (SP) - Cidade Universitária -- Esta região fica na margem 
do Rio Pinheiros, do lado oposto onde aconteceu o desmoronamento na 
Linha 4 da obra do Metrô no início de 2007. Trata-se de um solo 
instável, típico de locais que já estiveram em baixo da água por muitos 
milhares de anos. O solo é constituído por uma camada de aterro que 
repousa em cima de argila orgânica, típica de áreas pantanosas. Assim, 
qualquer obra de fundação nesta região precisa ser estudada com muita 
atenção, em geral usa-se-se fundação profunda com estacas pré-
moldadas ou tubulões a ar comprimido, devido ao fato do lençol freático 
estar praticamente à superfície. 
 
 
Em suma... 
 
As análise de perfil acima estão aqui apenas parailustrar como o ensaio SPT pode ser usado para 
determinar o tipo de fundação e que cuidados adicionais precisam ser tomados. Não 
recomendamos a ninguém que utilize os parâmetros de cálculo sugeridos neste artigo sem 
consultar um especialista em mecânica dos solos.

Outros materiais

Outros materiais