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Crimes Econômicos Parte 1 Crimes Contra a Ordem Tributária

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CRIME CONTRA ORDEM TRIBUTÁRIA – LEI N.º 8.137/90 
 
Bem jurídico tutelado e sujeito ativo do delito nos crimes contra a ordem 
tributária 
 
O bem jurídico tutelado, ou seja, o valor protegido pela Lei n.º 8.137/90 cinge-
se a garantia da defesa dos interesses estatais vinculados à arrecadação tributária. 
Assim, trata-se da proteção de um bem jurídico de índole supraindividual. Nos crimes 
materiais, aqueles albergados pelo entendimento firmado na súmula vinculante n.º 24 
do STF, a concepção do bem jurídico demonstra um caráter mais patrimonial, 
deixando a entender que o Estado, especialmente o Erário, é o bem tutelado. 
O sujeito ativo, aquele que comete o fato previsto na lei penal incriminadora, é 
o particular, que normalmente é chamado de contribuinte, o qual ostenta a posição de 
sujeito passivo da obrigação tributária. Nos casos do art. 3.º da Lei 8.137/1990, o 
sujeito ativo é o servidor público integrante da administração e fiscalização tributária 
do Estado. 
 
A Súmula Vinculante n.º 24 do STF 
 
A Súmula Vinculante n.º 24 do Supremo Tribunal Federal aduz que: “Não se 
tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1.º, incisos I a IV, da 
Lei 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. Nesta trilha, o ato 
administrativo do lançamento definitivo ocorre com a notificação do sujeito passivo do 
Auto da Infração, quando aquele ato de lançamento torna-se imutável. 
Conforme dito acima, os crimes elencados no art. 1.º, incisos I a IV, da Lei n.º 
8.137/1990 são crimes materiais, isto é, pressupõe a supressão total ou parcial do 
tributo e, assim, somente após a constituição definitiva do crédito tributário é que será 
cabível e possível analisar a existência do elemento resultado do crime e sua 
consumação, não podendo, pois, haver Ação Penal antes do esgotamento da via 
administrativa. 
Desta feita, caso a ação penal seja ajuizada antes do término da via 
administrativa, a mesma não terá condições de prosseguir por ausência de justa causa 
para a persecução penal, eis que estaremos diante atipicidade da conduta. 
 
Da extinção da punibilidade nos crimes contra a ordem tributária – PAGAMENTO 
 
Extinção da punibilidade significa a renúncia do poder de punir por parte do 
Estado, ou seja, é a extinção da possibilidade jurídica de imposição ou execução de 
uma sanção penal relacionada ao fato criminoso. 
A extinção da punibilidade pelo pagamento integral do débito é regulado pela 
Lei 10.684/2003, em seu artigo 9º, § 2º, que indica que somente o pagamento integral 
do débito tributário principal e acessório passou a importar na extinção da punibilidade 
do autor do crime contra a ordem tributária, in verbis: 
Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica 
relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de 
tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios. 
 
 
 
 
Fundamental é perceber que por se tratar de norma penal mais benéfica para 
o acusado, ela se aplica retroativamente a todos os casos em que houve pagamento 
do débito tributário e dos acessórios, não importando a fase investigativa ou 
processual penal. 
 
Da suspensão da punibilidade nos crimes contra a ordem tributária – 
PARCELAMENTO 
 
No ano de 2003, foi introduzida a Lei n.º 10.684, a qual determinou a suspensão 
da pretensão punitiva dos crimes contra a ordem tributária, enquanto pendente 
parcelamento para pagamento do tributo sonegado. Senão vejamos: Art. 9.º É 
suspensa a pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos arts. 1.º 
e 2.º da Lei n. 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e nos arts. 168 A e 337 A do 
Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, durante o período 
em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos crimes estiver 
incluída no regime de parcelamento. § 1.º A prescrição criminal não corre durante o 
período de suspensão da pretensão punitiva. (...) 
Assim, no momento em que o contribuinte formalizar o parcelamento do tributo 
devido o inquérito policial ou processo de natureza penal deve ser suspenso até a 
quitação total. Caso exista o inadimplemento do pagamento, a investigação ou 
procedimento continuarão do ponto que que suspensos. 
 
 
Os crimes em espécie previstos na Lei nº. 8.137/90 
 
Os crimes tributários encontram-se previstos nos artigos 1º, 2º e 3º da Lei n.º 
8.137/90. As figuras inscritas nos dois primeiros artigos são praticadas pelo particular 
contra o Erário (crime comum). No caso do art. 3.º, exige-se que o sujeito ativo seja 
dotado de uma qualidade especial: funcionário público (crime próprio e funcional). 
Seguem os artigos: 
 
“Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou 
contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; 
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo 
operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; 
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro 
documento relativo à operação tributável; 
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber 
falso ou inexato; 
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal, ou documento 
equivalente, relativa à venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente 
realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. 
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 
(dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor 
 
 
 
 
complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, 
caracteriza a infração prevista no inciso V. 
 
Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: 
I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou 
empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; 
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, 
descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria 
recolher aos cofres públicos; 
III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer 
percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição 
como incentivo fiscal; 
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou 
parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; 
V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito 
passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por 
lei, fornecida à Fazenda Pública. 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no 
Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo 
I): 
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda 
em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando 
pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social; 
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda 
que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem 
indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo 
ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração 
fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público.Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.” 
 
Competência para Ação penal 
 
É necessário verificar QUEM É O SUJEITO PASSIVO do delito. Recaindo a 
conduta sobre tributo da União é competente a Justiça Federal. Se o tributo é estadual 
ou municipal, a competência será da Justiça Estadual. 
 
Denúncia Genérica 
 
Quando a pessoa jurídica é utilizada para a prática de crime contra a ordem 
tributária, há dificuldade para a individualização das condutas. Assim, deve-se ter 
cuidado com a acusação genérica e temerária, aquela realizada sem um mínimo de 
investigação processual, de forma que se deve excluir, inicial e consequentemente, 
 
 
 
 
do polo passivo da ação penal, as pessoas que, embora figurem no contrato social, 
não tenham praticado qualquer conduta atinente a sonegação fiscal ou qualquer poder 
de comando dentro da pessoa jurídica. A denúncia genérica é aquela que não 
preenche os requisitos do art. 41 do CPP e, portanto, deve ser considerada inepta. 
 
QUESTÃO PARA ESTUDO 
 
A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto 
sobre a Renda, causando prejuízo ao erário no valor de R$ 27.000,00 
(vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então, procedimento 
administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento 
definitivo do crédito tributário. Ao mesmo tempo, a Receita Federal 
expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que, 
considerando a autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de 
Raquel pela prática do crime previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 
8.137/90. Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após 
a apresentação de resposta à acusação pela Defensoria Pública, Raquel 
o procura para, na condição de advogado, tomar as medidas cabíveis. 
Diante disso, responda aos itens a seguir. 
A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para impedir o 
prosseguimento da ação penal? 
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
______________________________________. 
B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? 
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