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Exceções Processuais

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OAB 2ª FASE 
 
 
1 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Arnaldo Junior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OAB 2ª FASE 
 
 
PROCESSO PENAL 
 
 
 EXCEÇÕES PROCESSUAIS 
 
 
PROF. ARNALDO JÚNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 OAB 2ª FASE 
 
 
2 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
Prof. Arnaldo Junior 
 
1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
 
1.1) ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
As exceções processuais estão previstas no capítulo II do TÍTULO VI (Das Questões e 
processos incidentes) do CPP. Podemos afirmar que as questões e processos incidentes, 
de uma maneira geral, são soluções legais para as diversas eventualidades que podem 
verificar-se no processo e que devem ser solucionadas pelo juiz antes da decisão da causa 
principal. 
Devem, portanto, ser objeto de um processo à parte (processo incidental) e, dessa forma, 
interferem no processo quebrando a "normalidade" do procedimento. Os incidentes devem 
ser decididos anteriormente à sentença do processo principal, pois a sua solução influi 
decisivamente neste. 
 
 
1.2) CONCEITO 
A exceção (do latim exceptio), em sentido amplo, compreende o direito público subjetivo do 
acusado em se defender, ora combatendo diretamente a pretensão do autor, ora reduzindo 
matéria que impede o conhecimento do mérito, ou menos enseja a prorrogação do curso 
do processo. 
Já em sentido estrito, a exceção pode ser conceituada como o meio pelo qual o acusado 
busca a extinção do processo sem conhecimento do mérito, ou tampouco um atraso no seu 
andamento, uma vez que as exceções previstas no artigo 95 do CPP versam sobre a 
ausência das condições da ação ou de pressupostos processuais: 
“Art. 95. Poderão ser opostas as exceções de: 
I - suspeição; 
II - incompetência de juízo; 
III - litispendência; 
IV - ilegitimidade de parte; 
V - coisa julgada.” 
A exceção é um meio de defesa indireto que pode extinguir o processo ou simplesmente 
procrastinar o seu curso. Podem ser, portanto, dilatórias ou peremptórias. 
 
 OAB 2ª FASE 
 
 
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PROCESSO PENAL 
Prof. Arnaldo Junior 
 
Inobstante ser a exceção meio indireto de defesa, admite-se a sua propositura pelo autor 
da ação. 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: 
Todo réu de processo penal pode defender-se de duas distintas formas: 
Diretamente: toda vez que o acusado se volta contra a imputação que lhe foi 
formulada, seja quando ocorrência do fato (o fato não teria ocorrido), ou autoria 
delitiva, ou diz faltar tipicidade (o fato não seria crime), ou opõe uma ausência de 
antijuridicidade (p.ex., legítima defesa), ou ainda, quando se defende aduzindo 
ausência de culpabilidade (nega o dolo ou a culpa); 
Indiretamente: verifica-se nas hipóteses em que o denunciado ou querelado opõe à 
pretensão do autor um direito que pode extinguir, modificar ou impedir tal pretensão, 
ou simplesmente prorroga-la, dilatá-la, protelá-la ou adiá-la. Neste caso, vale-se o 
acusado das denominadas exceções, em sentido estrito. 
 
1.3) ESPÉCIES 
As exceções podem ser: 
Peremptórias (do latim perimere): são aquelas que, quando acolhidas, põem termo à causa, 
extinguindo o processo; dentre elas, destacam-se as exceções de coisa e litispendência; 
Dilatórias: são aquelas que, quando acolhidas, acarretam única e exclusivamente a 
prorrogação no curso do processo, procrastinando-o, retardando-o ou transferindo o seu 
exercício: suspeição, incompetência e ilegitimidade de parte. 
 
1.4) EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO 
Destina-se a rejeitar o juiz, do qual a parte arguente alegue falta de imparcialidade ou 
quando existam outros motivos relevantes que ensejam suspeita de sua isenção em razão 
de interesses ou sentimentos pessoais (negócios, amor, ódio, cobiça etc.). 
Tal exceção dilatória vem prevista nos arts. 96 a 107 do CPP. Os motivos ensejadores de 
suspeição constam do art. 254 (amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes, se 
ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente estiver respondendo por fato análogo etc). 
 
 
 
 
 OAB 2ª FASE 
 
 
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PROCESSO PENAL 
Prof. Arnaldo Junior 
 
a) PROCESSAMENTO 
Se o juiz não se der por suspeito ex officio sem provocação, pode-o ser recusado pela parte 
via referida exceção. No primeiro caso, ele fundamenta sua decisão e remete o processo 
ao seu substituto legal (CPP, art. 97). 
No segundo caso, se o juiz não declara a sua suspeição de ofício, qualquer das partes 
poderá fazê-lo, interpondo a já aludida exceção de suspeição, nos termos do artigo 98 do 
CPP, sendo que podem surgir duas situações: 
i) se o juiz reconhecer a suspeição, deverá sustar a marcha do processo, mandando 
juntar aos autos a petição do recusante com os documentos que a instruam, e, por 
despacho se declarará suspeito, ordenando a remessa dos autos ao substituto 
(artigo 99 do CPP), devendo ser ressaltado que não cabe qualquer recurso dessa 
decisão, nem mesmo o recurso em sentido estrito; 
 
ii) se o juiz não aceitar a suspeição, deverá mandar autuar em apartado a petição, 
dará sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, 
em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos, dentro em 24 horas, 
ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento (artigo 100 do CPP). 
 
b) REQUISITOS 
Deve ser imposta por petição assinada pela própria parte ou procurador com poderes 
especiais. O defensor dativo não possui procuração, já que é nomeado pelo juiz para 
defender réus pobres e revéis. Assim, não poderia arguir exceção de suspeição, salvo a 
petição por ele elaborada for também assinada pelo réu. 
A petição deve ser fundamentada e deve estar acompanhada de prova documental e do rol 
de testemunhas, caso necessário, nos termos do artigo 98 do CPP: 
“Art. 98. Quando qualquer das partes pretender recusar o juiz, deverá fazê-lo em petição assinada 
por ela própria ou por procurador com poderes especiais, aduzindo as suas razões 
acompanhadas de prova documental ou do rol de testemunhas.” 
 
c) LEGITIMIDADE 
Aquele que alega a exceção é denominado excipiente, enquanto aquele contra quem 
se argui a exceção denomina-se exceto. 
 
 OAB 2ª FASE 
 
 
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PROCESSO PENAL 
Prof. Arnaldo Junior 
 
 c.1) LEGITIMIDADE ATIVA 
A exceção pode ser arguida pelas partes, diretamente ou por procurador com poderes 
especiais e pelo Ministério Público. 
Em relação ao assistente de acusação, há controvérsia doutrinária: 
a) Tourinho Filho admite a possibilidade, segundo pelo qual aquele que tem interesse em 
ver a ação julgada por juiz insuspeito. 
b) Mirabete, no entanto, insiste na impossibilidade do assistente da acusação arguir tal 
exceção, vez que tal faculdade não consta do rol taxativo do art. 271 do CPP, o qual não 
admite interpretação extensiva. 
Mister consignar que no âmbito dos nossos Tribunais Superiores têm prevalecido o 
entendimento de que o assistente de acusação não possui legitimidade para opor tal 
exceção (STJ, RESP 604.379). 
 
c.2) LEGITIMIDADE PASSIVA (ARTIGOS 104/107) 
A suspeição pode ser alegada contra juízes de qualquer instância, também os membros do 
Ministério Público e outras pessoas que intervêm no processo: intérpretes, peritos, 
funcionários da justiça, serventuários e jurados, nos termos dos artigos 104 a 106 do CPP. 
A exceção contra o membro do Ministério Público encontra fundamento legal no artigo 104 
do CPP, sendo oposta ao juiz junto do qual o promotor atue. O juiz pode ouvir o promotor, 
colher as provas requeridas e julgar num prazo de três dias. Se julgar procedente, atuará 
no processo o substituto legal do promotor. 
No que tange à exceção formulada em face doperito, intérprete e funcionários da justiça 
(artigo 105 do CPP), a mesma processar-se-á perante o juiz com que atue o sujeito. O juiz 
deve decidir de plano à vista do que foi alegado, bem como dos documentos juntados. 
Julgada procedente, o juiz determina o afastamento do sujeito. 
Por sua vez, nos termos do artigo 106 do CPP, a suspeição do jurado é arguida oralmente, 
no momento indicado pelos arts. 459, § 2º, e 460 do CPP: imediatamente após a leitura que 
o juiz faz de correspondente cédula sorteada (no júri as cédulas com os nomes dos jurados 
ficam em uma urna que, uma a uma, são sorteadas pelo magistrado). 
 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: CABIMENTO DE EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO CONTRA 
A AUTORIDADE POLICIAL 
 
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Os delegados de polícia não ensejam suspeição em razão da natureza do inquérito 
por eles presidido (peça inquisitorial) como procedimento preparatório da ação penal. 
Contudo, o Código impõe-lhes a obrigação de se declararem suspeitos, nos termos 
do artigo 107 do CPP, restando ainda a parte recorrer ao superior hierárquico da 
citada autoridade. 
 
d) PROCEDIMENTO PERANTE O TRIBUNAL (ARTIGO 100 DO CPP) 
Interposta a petição com exceção junto ao próprio juiz do processo, este, caso não se 
declare suspeito, deverá tomar as seguintes providências, nos termos do artigo 100 do CPP: 
determinará a autuação da exceção em separado; apresentará a sua resposta por escrito 
em um prazo de três dias, anexando documentos e arrolando testemunhas, se necessário; 
remeterá os autos ao tribunal de justiça em vinte e quatro horas. 
Ao chegar no tribunal, a exceção será distribuída a um dos componentes da Câmara 
Especial, o qual atuará como relator. Este por sua vez poderá: 
i) Rejeitar liminarmente a exceção, se entender absolutamente infundada a sua oposição 
(artigo 100, parágrafo 2°); 
ii) Mandar processar a exceção, tomando ás seguintes cautelas: determinar a citação das 
partes no processo principal, designar data para ouvir as testemunhas arroladas. 
Em relação ao julgamento, duas situações podem surgir: 
i) se julgar improcedente a exceção, os autos serão devolvidos ao juiz, e, caso fique 
evidenciada a má-fé do excipiente, o tribunal aplicar-lhe-á uma multa; 
ii) se julgar procedente a exceção, o processo será encaminhado ao substituto legal do juiz, 
e serão declarados nulos os atos processuais praticados até aquele momento. Se ficar 
evidenciado erro inescusável do juiz, o tribunal determinará ao mesmo que pague as custas 
referentes à exceção. 
 
 
 
 
 
 
 
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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: 
Como regra, a exceção não suspende o andamento do processo principal. Todavia, 
ressalva o art.102 do CPP que haverá a suspensão toda vez que a parte contrária for 
ouvida e concordar com a exceção, requerendo, inclusive, o sobrestamento do feito. 
Além de afastar o magistrado da presidência do processo, julgada procedente a 
suspeição, "ficam nulos os atos processuais do processo principal" (CPP, art. 101, 
1ª parte e 564, I). Logo, retroage seu efeito pelo juiz. Se a suspeição teve origem desde 
o início do processo, este deve ser totalmente anulado. Originou-se em motivo 
superveniente, então, só a partir daí que se anula o processo. 
Existe recurso contra reconhecimento espontâneo de suspeição? Não, afirma a 
unanimidade dos nossos doutrinadores. Somente é passível de correição parcial, por 
tumultuar a tramitação do feito. 
Conforme dispõe o art.256 do CPP: " a suspeição não poderá ser declarada nem 
reconhecida, quando parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la". 
 
 
1.5) EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO (ARTIGOS 108 E 109 DO CPP) 
É a segunda exceção referida pelo art. 95 do CPP e fundamenta-se na ausência de 
capacidade funcional do juiz. Tal exceção denomina-se declinatória fori, é regulada pelos 
arts. 108 e 109, podendo ser oposta por escrito ou oralmente no prazo de defesa. 
O pressuposto de sua propositura é que uma ação penal esteja em andamento, em foro 
competente, de acordo com as regras dos arts. 69 e s. do CPP. 
Se o juiz verifica-se incompetente, ele deve, de ofício, declarar sua incompetência e remeter 
o processo ao juízo correto. Ao contrário do que ocorre no processo civil, é possível que se 
decrete de ofício até mesmo a incompetência relativa. Desta decisão cabe recurso em 
sentido estrito (CPP, art. 581, II). 
Caso o juiz não reconheça de ofício a sua incompetência, poderá ser arguida a exceção 
respectiva. 
A exceção pode ser oposta pelo réu, querelado e Ministério Público, quando este atue como 
fiscal da lei. Todavia, segundo a doutrina e prorrogação da competência. 
Porém, cuidando-se de incompetência absoluta, ela poderá ser arguida a qualquer tempo. 
Ex: incompetência em razão da matéria. 
 
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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: (ARTIGOS 108 E 109) 
 
A exceção de incompetência deve ser oposta junto ao próprio juiz da causa; 
 
Pode ser arguida verbalmente (reduzida a termo) ou por escrito; 
O juiz mandará autuar em apartado; 
O Ministério Público deve ser ouvido a respeito da exceção, desde que não seja ele 
o proponente; 
O juiz então julga a exceção. Hipóteses: 
O juiz poderá julgar a exceção improcedente, hipótese em que continuará com o 
processo, desta decisão não cabe recurso específico, porém tem-se admitido a 
impetração de habeas corpus e a alegação do assunto em preliminar de futura e 
eventual apelação; 
O juiz julga procedente a exceção, hipótese em que se declara incompetente, 
remetendo os autos juiz que se entender competente. Desta decisão cabe recurso 
em sentido estrito. 
 
1.6) EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA (ARTIGO 110 DO CPP) 
Há litispendência quando uma ação repete outra em curso. No processo penal isso se 
verifica sempre que a imputação atribuir ao acusado, mais de uma vez, em processos 
diferentes, a mesma conduta delituosa. 
Fundamenta-se no princípio de que ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo fato: 
princípio do no bis in idem. Neste caso, prevê a lei de exceção de litispendência, evitando-
se o trâmite em paralelo de dois processos idênticos. 
 
a) Elementos que identificam a demanda (impedindo a litispendência) 
São elementos que identificam a demanda: 
 
I - O pedido (petitum): na ação penal é regra, a aplicação da sanção; 
II - As partes (personae) em litígio; 
III - A causa de pedir (causa petendi): é a razão do fato pela qual o autor postula a 
condenação, ou seja, o fato criminoso. 
 
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b) Características 
O rito é o mesmo da incompetência; 
Não há prazo para a interposição; 
Deve ser arguida no segundo processo; se houver instauração de novo inquérito policial, e 
não de outra ação, o remédio adequado será habeas corpus; 
Não importa se no segundo processo foi dada qualificação jurídica diversa; se o fato é o 
mesmo, haverá litispendência; 
Não importa também quem figura no polo ativo da ação penal; tratando-se do mesmo réu 
e do mesmo fato, é cabível a exceção; 
Não há suspensão do processo. 
 
c) Observações Importantes 
Diz o art. 110 do CPP que, na exceção de litispendência, será observado, no que lhe for 
aplicável, o disposto sobre a exceção de incompetência do juízo. 
 Assim podemos afirmar: 
 I - a litispendência tanto poderá ser arguida pelo réu como reconhecida ex offício; 
II - o órgão do Ministério Público, como custos legis,poderá argui-la; 
III - arguida a exceção de litispendência, o juiz ouvirá a parte contrária; 
IV a exceção, caso oposta oralmente, será reduzida a termo; 
V - o incidente deve ser processado em autos apartados; 
VI - se o juiz acolher a exceção, a parte prejudicada poderá recorrer, nos termos do art. 581, 
III. 
E se o juiz não acolher a exceptio? Não há recurso específico. Todavia, como não 
pode haver duplicação de processos pelo mesmo fato contra a mesma pessoa, um 
dos dois será irremediavelmente nulo, e, assim, poderá o réu impetrar ordem de 
habeas corpus. 
 
1.7) EXCEÇÃO DE ILEGITIMIDADE DE PARTE (ARTIGO 110 DO CPP) 
Tal exceção abrange não só a titularidade do direito de ação, como também a capacidade 
de exercício, isto é, a necessária para a prática dos atos processuais. 
Assim, pode-se arguir a exceção quando a queixa é oferecida em caso de ação pública; 
quando a denúncia é oferecida em hipótese de ação privada; quando o querelante é 
 
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incapaz, não podendo estar em juízo; quando o querelante não é o representante legal 
oferecido, quando, na ação privada personalíssima, a queixa é oferecida pelo sucessor da 
vítima (CPP, arts. 236 e 240) etc. 
 
a) Ilegitimidade "ad processum" ou "ad causam" 
Existem duas posições a respeito: 
Hélio Tornaghi entende que a exceção se refere apenas à legitimidade ad processum e não 
à legitimidade ad causam, afirmando que " as exceções de que fala o art. 95, sem sombra 
de dúvida, são pressupostos processuais" ( Curso de processo penal, cit.,p. 174); 
A exceção inclui a legitimidade ad processum (capacidade processual) e também a 
legitimidade ad causam (titularidade da ação): é o entendimento predominante (Magalhães 
Noronha, Tourinho Filho, Paulo Lúcio Nogueira, Mirabete e outros). 
 
b) Efeitos do reconhecimento 
Uma vez reconhecida à ilegitimidade ad causam, o processo é anulado ab initio. 
Reconhecia a ilegitimidade ad processum, a nulidade pode ser sanada a qualquer tempo, 
mediante ratificação dos atos processuais já praticados (CPP, art. 568). 
 
c) Recursos 
Reconhecida à exceção de ilegitimidade de parte, o recurso cabível para tal decisão é em 
sentido estrito (CPP, art. 581, III). Da decisão que a julgar improcedente inexiste um recurso 
específico. Pode-se arguir, todavia, o fato através de uma preliminar de apelação, ou 
impetrar habeas corpus para o reconhecimento de constrangimento ilegal decorrente da 
ilegitimidade da parte espontaneamente pelo juiz, também é cabível o recurso em sentido 
estrito, agora com fundamento no art, 581, I, do CPP, já que tal despacho equivale ao de 
não reconhecimento da denúncia ou queixa, embora proferido em ocasião posterior á frase 
própria. 
 
d) Procedimento 
Nos termos do art. 110 do Código de Processo Penal, a exceção de ilegitimidade de 
parte é processada como a de incompetência do juízo. 
 
 
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1.8) EXCEÇÃO DE COISA JULGADA (ARTIGO 110 DO CPP) 
A exceção de coisa julgada (CPP, art. 95, V) funda-se também no princípio non bis in idem. 
Transitada em julgado uma decisão, impossível novo processo pelo mesmo fato. Neste 
caso, argui-se a “exceptio rei judicatae.” 
A coisa julgada nada mais é do que uma qualidade dos efeitos da decisão final, marcada 
pela imutabilidade e irrecorribilidade. 
 
a) Diferença entre coisa julgada formal e coisa julgada material 
A coisa julgada formal reflete a imutabilidade da sentença no processo onde foi proferida; 
tem efeito preclusivo, impedindo nova discussão sobre o fato no mesmo processo; na coisa 
julgada material existe a imutabilidade da sentença que se projeta fora do processo, 
obrigando o juiz de outro processo a acatar tal decisão, ou seja, veda-se a discussão dentro 
e fora do processo em que foi proferida a decisão. 
 
Mister consignar que no direito brasileiro a imutabilidade da sentença condenatória não é 
absoluta, pois há a possibilidade de ajuizamento de revisão criminal em favor do réu, nos 
termos do artigo 621 do CPP. 
 
b) Natureza Jurídica 
A coisa julgada não é efeito da decisão, mas qualidade atribuída a esses efeitos capaz de 
lhes conferir imutabilidade. 
 
c) Cabimento da exceção de coisa julgada 
 
Deve ser proposta quando verifica-se a identidade de demanda entre a ação proposta 
quando verificar-se a identidade da demanda entre ação proposta e uma outra já decidida 
por sentença transitada em julgado. 
Para que se escolha a exceção de coisa julgada, é necessário que a mesma coisa (eadem 
res) seja novamente pedida pelo mesmo autor contra o mesmo réu (eadem personae) e 
sob o mesmo fundamento jurídico do fato (eadem causa petendi) (RT, 519/399) 
Se for proposta uma segunda ação, esta não poderá ter seguimento, e, assim, abre-se à 
possibilidade para várias soluções: 
 
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i) O juiz pode rejeitar a denúncia, caso reconheça a existência da coisa julgada. Desta 
decisão cabe recurso em sentido estrito. 
 
ii) Por outro lado, se o juiz percebe a existência de coisa julgada após o recebimento da 
denúncia, e em qualquer fase do processo, ele pode declará-la de ofício e extingui-la. Para 
que a exceção seja cabível, devem coexistir os seguintes requisitos: 
 
1) Existência de uma decisão com trânsito em julgado; 
2) Propositura de uma segunda ação penal referente ao mesmo fato, pois se trata de uma 
questão incidental processual. Logo, necessário se faz que tenha ocorrido o recebimento 
da denúncia ou da queixa. Se for instaurado um segundo inquérito policial, ele pode ser 
trancado por habeas corpus. Não é possível neste caso a arguição, pois ainda não existe 
ação penal em andamento. 
 Em se tratando do mesmo fato, não se admite que em qualquer hipótese a propositura de 
uma segunda ação, mesmo que seja dada uma nova definição jurídica ao fato ou seja 
inserida alguma elementar. No concurso formal, o agente com uma só ação provoca dois 
ou mais resultados. Pergunta-se: se o primeiro processo a denúncia referiu-se a apenas 
um dos resultados, e a decisão transitou em julgado, seria possível uma segunda ação com 
relação ao segundo resultado? Resposta: se a primeira sentença foi condenatória, sim, pois 
posteriormente será feita a unificação de apenas no juízo das Execuções Criminais. Se foi 
absolutória, não, o fato originário é o mesmo, e poderia haver incompatibilidade com a 
segunda decisão; 
A segunda ação penal deve ser proposta contra o mesmo réu. Não importa quem seja o 
autor da segunda ação penal. O defendido não pode propor ação penal privada subsidiária 
da pública, se já houve anteriormente sentença transitada em julgado em ação proposta 
pelo Ministério Público. 
Havendo condenação de um dos autores do crime, nada obsta a que outro não incluído na 
primeira ação seja processado, exceto se houver alguma incompatibilidade no plano fático. 
 
 
 
 
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d) Rito 
De acordo com o art. 110 do Código de Processo Penal, o rito é o mesmo da exceção de 
incompetência. 
 
e) Procedimento 
Pode ser arguida verbalmente ou por escrito, em qualquer fase do processo e em qualquer 
instância. 
O juiz deve ouvir a outra parte e o Ministério Público, caso este não tenha sido o autor da 
alegação. 
A exceção deve ser autuada em separado. 
Julgamento: se o juiz procedente, a ação principal será extinta, e desta decisão cabe 
recurso em sentido estrito.Se o juiz julga improcedente, a ação principal continua, e desta 
decisão não cabe nenhum recurso específico, mas o interessado poderá impetrar habeas 
corpus. O trânsito em julgado da segunda sentença pode ser quebrado via habeas corpus 
ou revisão criminal. 
 
f) A coisa julgada no crime continuado e no concurso de agentes 
No crime continuado os primeiros delitos já foram julgados. Nesse caso, processa-se 
normalmente o último crime e, após o trânsito em julgado, pode-se promover a unificação 
das penas na fase de execução, nos termos do artigo 71 do CP. 
 
No caso de concurso de agentes o STF (RT. 615/358) decidiu que, absolvido o réu da 
acusação de autor de homicídio, nada impede que seja processado como partícipe do 
mesmo fato, inexistindo o impedimento da coisa julgada.
 
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
 
AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado 
CAPEZ, Fernado. Curso de Processo Penal. 
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal.

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