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LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 1 OAB 2ª FASE LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL LEI DE DROGAS PROF. ARNALDO LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 2 1 LEI DE DROGAS (LEI 11343/2006) 1.1) CONSUMO DE DROGAS – ART. 28 I) ANÁLISE DO NÚCLEO DO TIPO O delito do artigo 28 difere do crime previsto no artigo 33, justamente em face da finalidade específica do agente, que é o consumo pessoal. II) CRITÉRIOS PARA A APURAÇÃO DO CONSUMO PESSOAL Para a correta tipificação do delito, é fundamental que se verifiquem os elementos pertinentes à natureza da droga, sua quantidade, avaliando local, condições gerais, circunstâncias envolvendo a ação e a prisão, bem como a conduta e os antecedentes do agente. Ex. aquele que traz consigo quantidade elevada de substância entorpecente e já possui condenação anterior por tráfico evidencia, como regra, a correta tipificação no artigo 33. Por outro lado, o agente que traz consigo pequena quantidade de droga, sendo primário e sem qualquer antecedente, permite a conclusão de se tratar de mero usuário. III) PRESCRIÇÃO – Art. 30 Consoante a lei antiga, o prazo prescricional para o delito de porte de entorpecente para uso próprio era de 04 (quatro) anos, nos termos do artigo 109, inciso V, do Código Penal. Agora, por força do artigo 30 da nova lei, o prazo prescricional passou a ser de 02 (dois) anos. LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 3 1.2) NARCOTRÁFICO – Art. 33 I) CRIME DE PERIGO ABSTRATO O crime de tráfico ilícito de entorpecentes é infração penal de perigo, representando a probabilidade de dano à saúde das pessoas, mas não se exige a produção de tal resultado para a sua consumação. Portanto, é um crime de perigo (há uma probabilidade de dano ao bem jurídico tutelado) abstrato (independe de prova dessa probabilidade de dano, pois presumida na legislação na construção do tipo). II) ANÁLISE DO NÚCLEO DO TIPO Todas as condutas do art. 33 passam a ter, em conjunto, o complemento ainda que gratuitamente (sem cobrança de qualquer preço ou valor). Logo, é indiferente haver ou não lucro, ou mesmo o intuito de lucro. Vale lembrar, ainda, que é tipo misto alternativo, ou seja, o agente pode praticar uma ou mais condutas, respondendo por um só delito. Ex. Se importar, tiver em depósito e depois vender determinada droga = um crime de tráfico ilícito de entorpecentes previsto no art. 33). Eventualmente, pode-se acolher o concurso de crimes, se entre uma determinada conduta e outra transcorrer período excessivamente extenso. Ex. caso o agente venda drogas provenientes de um carregamento, recém- importado, em janeiro de um determinado ano, e torne a fazê-lo no mês de setembro desse mesmo ano, mas relativamente a entorpecentes originários de outro carregamento, haverá dois delitos em concurso, restando saber se concurso material ou o crime continuado. LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 4 III) Norma penal em branco Significa ser o tipo penal dependente de um complemento a lhe dar sentido e condições para aplicação. O termo drogas não constitui elemento normativo do tipo, sujeito a uma interpretação valorativa do juiz. Na realidade, representa um branco a ser complementado por norma específica, originária de órgão governamental próprio, vinculado ao Ministério da Saúde, encarregado do controle de drogas, em geral, no Brasil, que, por ora, é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). IV) Elementos normativos A expressão “sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar” constitui fator vinculado à ilicitude, porém inserido no tipo incriminador torna-se elemento deste e, uma vez que não seja preenchido, transforma o fato em atípico. Portanto, importar, exportar, remeter, preparar, produzir (etc) drogas devidamente autorizado é fato atípico. V) CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Tratando-se de crime de mera conduta que, na lição de Damásio de Jesus é aquele “sem resultado”, em que “o legislador só descreve o comportamento do agente”, não o condicionando à ocorrência de qualquer resultado, a consumação ocorrerá pela simples adequação da conduta deste ao tipo penal. VI) FIGURAS EQUIPARADAS – art. 33, § 1º I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria- prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 5 As ações recaem sobre a “matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas”. Aqui, portanto, já não se trata de substância apta, por si só, para o consumo. II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas Novamente o legislador decidiu dar um sentido bastante amplo à criminalização, para compreender na perfectibilidade criminosa atos que poderíamos categorizar como preparatórios de condutas relacionadas ao tráfico de drogas em geral. Aqui sequer podemos dizer existir perigo concreto ao bem jurídico tutelado pela Lei, mas tão-somente ameaça. O tipo refere três condutas: a) semear: que se consubstancia pelo ato de espalhar as sementes pela terra, ou fazer sementeira para determinada cultura. Nesta hipótese, o crime será instantâneo, consumando-se com o tão-só ato de lançar as sementes à terra. b) cultivar: que tem o significado de fazer na terra os trabalhos necessários para a tornar fértil e para que as plantas semeadas se desenvolvam. c) Fazer colheita: tem o significado de retirar do solo a planta. Já aqui, o crime será instantâneo, tornando-se, portanto, perfeito com o simples ato de colher a planta. III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. Utilizar (aproveitar, valer-se de algo) é a primeira conduta. O objeto é o local ou bem de qualquer natureza de quem tem a propriedade (ter o uso, gozo e disposição de algo), posse (tirar proveito sem ser proprietário), administração (gerência ou controle), guarda (manter sob tutela) ou vigilância (tomar conta ou cuidar). A segunda conduta diz respeito a consentir (autorizar, permitir) que outra pessoa utilize o local ou bem, aproveitando-o, ainda que gratuitamente, (sem contraprestação) para o tráfico ilícito de drogas. 1.3) CESSÃO GRATUITA PARA CONSUMO (Art. 33, § 3º) LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 6 Oferecer (ofertar como presente) é a conduta, cujo objeto é a droga. Outros requisitos são estabelecidos neste tipo novo: a) agir em caráter eventual (sem continuidade ou freqüência). Para Sabbá, a habitualidade poderá configurar a modalidade de tráfico descrita no caput do art. 33. b) atuar sem objetivo de lucro (não é viável alcançar qualquer tipo de vantagem ou benefício). c) atingir pessoa do relacionamento do agente (alguém conhecido antes da oferta da droga); d) ter a finalidadede consumir droga em conjunto. Ou seja, o oferecimento da droga terá o fim de seu compartilhamento: o agente oferece substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica a pessoa que com ele fará uso. Para Nucci, o tipo penal inédito teve por finalidade abrandar a punição daquele que fornece substância entorpecente a um amigo, em qualquer lugar onde pretendam utilizar a droga em conjunto. Fazendo-o em caráter eventual e sem fim de lucro aplica-se a figura privilegiada. Evita-se, assim, a condenação por tráfico ilícito de drogas, cuja mínima passa a ser de cinco anos de reclusão. 1.4) CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA – Art. 33, § 4º Cuida-se de norma inédita, visando à redução da punição do traficante de primeira viagem. Portanto, aquele que cometer o delito previsto no art. 33, caput ou § 1º, se for primário e tiver bons antecedentes (sujeito que não ostenta condenações definitivas anteriores), não se dedicando às atividades criminosas, nem integrando organização criminosa, pode valer-se de pena mais branda. OBS: O TRÁFICO PRIVILEGIADO (ARTIGO 33, §4°) NÃO É CRIME HEDIONDO PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (JULGAMENTO DO HC 118.533). O STJ ACOMPANHOU LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 7 TAL POSICIONAMENTO AO CANCELAR A SÚMULA 512 QUE PREVIA A NATUREZA HEDIONDA DE TAL DELITO (RESP. 1.329.088). 1.5) MAQUINÁRIO – Art. 34 a) ANÁLISE DO NÚCLEO DO TIPO As ações incriminadas – fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar (a qualquer título: oneroso ou de forma graciosa; sem importar em permuta ou troca de qualquer natureza), possuir, guardar ou fornecer (mesmo que gratuitamente, sem qualquer pagamento) – recaem sobre maquinário (conjunto de peças de um aparelho ou conjunto de máquinas), aparelho (máquina), instrumento (utensílio). Se, por exemplo, o fornecimento gratuito de drogas (art. 33) é tráfico, logicamente, o mesmo fornecimento de maquinismo e outros utensílios utilizados para obter drogas é, também, crime equiparado a hediondo. B) CONSUMAÇÃO O crime aqui descrito é formal, não se exigindo, pois, para sua consumação, a ulterior produção ou fabricação ou alteração da droga. Aliás, em ocorrendo uma destas hipóteses, estaremos diante do crime descrito no “caput” do art. 33. 1.6) ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO – Art. 35 I) ANÁLISE DO NÚCLEO DO TIPO É a quadrilha ou bando específica do tráfico ilícito de entorpecentes. Demanda-se a prova de estabilidade e permanência da mencionada associação criminosa. II) ELEMENTO SUBJETIVO LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 8 É o dolo. Exige-se elemento subjetivo do tipo específico, consistente no ânimo de associação, de caráter duradouro e estável. Do contrário, seria um mero concurso de agentes para a prática do crime de tráfico. Para a configuração do delito do art. 35 é fundamental que os sujeitos se reúnam com o propósito de manter uma meta comum. III) FORMA DE EXECUÇÃO A advertência feita no tipo penal (reiteradamente ou não) quer apenas significar que não há necessidade de haver habitualidade, ou seja, não se demanda o cometimento reiterado das figuras típicas descritas nos arts. 33 e 34, bastando a associação com o fim de cometê-los. Aliás, seria até mesmo desnecessária a inserção dos termos reiteradamente ou não. É um crime formal, não exigindo a produção de resultado naturalístico para a consumação, consistente na efetiva lesão à saúde de alguém, nem mesmo se exige a efetiva prática dos crimes dos arts. 33 e 34). IV) CONCURSO DE CRIMES Se o agente cometer o delito previsto no art. 33 ou no art. 34 desta Lei, responde por este crime em concurso material com a figura típica do art. 35, que é autônoma. Logicamente, deve-se buscar o ânimo de associação, duradoura ou permanente. 1.7) CAUSAS ESPECIAIS DE AUMENTO DE PENA – ART. 40 a) a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito. A lei anterior previa como causa de aumento, no inciso I do art. 18, o “tráfico com o exterior”. A nova lei é mais ampla, ao referir fatos que evidenciam a transnacionalidade do delito, seja porque a expressão “transnacionalidade” é mais abrangente do que o mero “tráfico com o exterior”, seja porque não se exige a configuração de tráfico com o exterior, bastando, apenas, que se evidenciam elementos de que o crime é transnacional. Trata-se de delito de competência da Justiça Federal, nos termos do art. 70 da Lei. LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 9 b) o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; c) a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; d) o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; e) caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal; f) sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; g) o agente financiar ou custear a prática do crime. 1.8) AS VEDAÇÕES AOS DELITOS DE TRÁFICO E EQUIPARADOS – ART. 44 O dispositivo encerra uma série de questões anteriormente discutidas. Não cabe mais sursis (o STF chegou a reconhecer a possibilidade de sursis para o delito de tráfico, em que o agente foi condenado à pena de dois anos de reclusão –HC 84414). Não cabe mais indulto. A CF havia vedado a concessão de anistia e graça aos crimes de tráfico e hediondos (art. 5º, XLIII), mas não o indulto, cuja proibição só surgiu com a Lei 8072/90, que acrescentou esta restrição. Em que pese vedação expressa no artigo 44, o STF tem considerado a possibilidade de concessão da liberdade provisória a agente acusado de tráfico ilícito de entorpecentes, desde que ausentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva. Segundo da lei, não cabe substituição por pena restritiva de direitos. Ocorre, contudo, que, recentemente, o STF declarou, ainda que de forma incidente, a inconstitucionalidade da vedação da substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos aos condenados por crime de tráfico ilícito de entorpecentes. LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 10 Com relação ao tráfico ilícito de entorpecentes, o descabimento da substituição da prisão por penas restritivas de direitos encontra-se expresso no art. 44 da Lei nº 11.343/2006. Todavia, em setembro de 2010, ao julgar o HC 97.256, declarou inconstitucional esta restrição contida na Lei de Drogas. A propósito, o Senado editou Resolução nº 05, suspendendo a execução da expressão que vedada a conversão em penas restritivas de direitos nos crimes de tráfico ilícito de entorpecentes, conferindo o caráter erga omnes à decisão proferida pelo STF. RESOLUÇÃO Nº 5, DE 2012. Suspende, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a execução de parte do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343,de 23 de agosto de 2006. O Senado Federal resolve: Art. 1º É suspensa a execução da expressão "vedada a conversão em penas restritivas de direitos" do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal nos autos do Habeas Corpus nº 97.256/RS. Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Senado Federal, em 15 de fevereiro de 2012. Senador JOSÉ SARNEY Presidente do Senado Federal 1.9) FLAGRANTE RETARDADO OU DIFERIDO Caracteriza-se pela possibilidade de retardar o momento da prisão em flagrante, não obstante estar o delito em curso, justamente para buscar maiores informações ou provas contra pessoas envolvidas em organizações criminosas ou tráfico ilícito de entorpecentes. Há previsão de ação controlada, com destaque ao flagrante retardado ou diferido, no art. 53, II, da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), no art. 4º, B, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei 12.683/2012 (Lei de Lavagem de Capitais) e art. 8º da Lei 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas). LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 11 Nos termos do artigo 53, II, da Lei 11.343/2006, a não atuação policial na prisão imediata em flagrante depende de autorização judicial e manifestação do MP. Essa autorização judicial está condicionada ao conhecimento do itinerário provável e à identificação dos agentes do delito ou de colaboradores. Conforme o artigo 8º, § 1º, da Lei 12.850/2013, o retardamento da intervenção policial não exige prévia autorização judicial, mas mera comunicação ao juiz competente que, se for o caso, fixará os limites da atuação e comunicará ao MP. De acordo com o artigo 53, II, da Lei de Drogas, a não atuação imediata da autoridade policial exige autorização judicial e manifestação do MP. Sem essa autorização judicial na Lei de Drogas ou comunicação ao juiz competente prevista na Lei 12.850/2013, a prisão será ilegal, devendo ser relaxada. 1.10) LIBERDADE PROVISÓRIA X TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES A jurisprudência e a doutrina oscilavam em relação ao artigo 44 da Lei 11.343/2006, que veda a concessão de liberdade provisória no crime de tráfico ilícito de entorpecentes. Todavia, o STF, no julgamento do HC 104.339/SP, considerou inconstitucional o disposto no artigo 44 da Lei 11.343/2006 também na parte que veda a concessão da liberdade provisória, sob o fundamento de que o dispositivo viola o princípio da presunção da inocência e da dignidade da pessoa humana, bem como que a Lei 11.464/2007, ao excluir dos crimes hediondos e equiparados a vedação à liberdade provisória, sendo posterior à Lei de Drogas, revogou, tacitamente, o artigo 44 desta Lei, que proibia o benefício ao crime de tráfico de drogas. LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 12 1.11) DELAÇÃO PREMIADA (ART. 41) O artigo 41 da Lei 11343/06 dispõe que o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores e partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços. Desta feita, o referido artigo possibilita a redução da pena daquele sujeito que colaborar com os órgãos da persecução penal, sendo espécie daquilo que a doutrina costuma nominar de Justiça Negociada, o que vem ganhando muito espaço nos dias atuais e servindo como importante instrumento tanto para acusação como para a própria defesa. 1.12) INTERROGATÓRIO DO RÉU (ART. 57) A Lei n.° 11.343/2006 trouxe um rito especial, no que tange ao procedimento relacionado ao tráfico de drogas, o qual possui algumas diferenças em relação ao procedimento comum ordinário previsto no CPP. Uma das diferenças reside no momento em que é realizado o interrogatório do réu: CPP (art. 400) Lei n.°11.343/2006 (art. 57) O art. 400 do CPP foi alterado pela Lei n.°11.719/2008 e, atualmente, o interrogatório deve ser feito depois da inquirição das testemunhas e da realização das demais provas. Em suma, o interrogatório passou a ser o último ato da audiência de instrução (segundo a antiga previsão, o interrogatório era o primeiro ato). O art. 57 da Lei de Drogas prevê que, na audiência de instrução e julgamento, o interrogatório do acusado é feito antes da inquirição das testemunhas. Em suma, o interrogatório é o primeiro ato da audiência de instrução. Diante dessa constatação, e pelo fato de a Lei n.° 11.719/2008 ser posterior à Lei de Drogas, surgiu uma corrente na doutrina defendendo que o art. 57 foi derrogado e que, também no procedimento da Lei n.° 11.343/2006, o interrogatório deveria ser o último ato da audiência de instrução. LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 13 Entretanto, tal posicionamento não tem prevalecido no âmbito do STJ , uma vez que entende que o interrogatório do réu antes da oitiva das testemunhas é legítimo em razão do princípio da especialidade, devendo tal regra prevalecer sobre o procedimento comum ordinário que possui natureza de norma geral : (...) Para o julgamento dos crimes previstos na Lei n.º 11.343/06 há rito próprio, no qual o interrogatório inaugura a audiência de instrução e julgamento (art. 57). Desse modo, a previsão de que a oitiva do réu ocorra após a inquirição das testemunhas, conforme disciplina o art. 400 do Código de Processo Penal, não se aplica ao caso, em razão da regra da especialidade (art. 394, § 2º, segunda parte, do Código de Processo Penal). (...) STJ. 5ª Turma. HC n. 165.034/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 9/10/2012. (...) Ao contrário do que ocorre no procedimento comum (ordinário, sumário e sumaríssimo), no especial rito da Lei 11.343/2006, o interrogatório é realizado no limiar da audiência de instrução e julgamento. (...) STJ. 6ª Turma. HC 212.273/MG, Min. Maria Thereza De Assis Moura, julgado em 11/03/2014. 1.13) PROCEDIMENTO – ARTIGO 55 E PARÁGRAFOS (PARTICULARIDADES) I – O PRAZO PARA O MP OFERECER DENÚNCIA É DE 10 DIAS DO RECEBIMENTO DO INQUÉRITO OU DAS PEÇAS DE INFORMAÇÃO, SEM DIFERENCIAÇÃO QUANTO AO INDICIADO PRESO OU SOLTO. II – ANTES DE RECEBER DENÚNCIA, O JUIZ MANDARÁ NOTIFICAR O DENUNCIADO PARA QUE, POR ESCRITO OFEREÇA DEFESA PRÉVIA EM 10 DIAS, NO BOJO DA QUAL PODERÁ ALEGAR MATÉRIA PRELIMINAR E EXCEÇÕES (AUTUADAS EM APARTADO NOS LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 14 TERMOS DO PARÁGRAFO 2°), SUSTENTAR TODAS AS RAZÕES DE DEFESA, APRESENTANDO DOCUMENTOS E JUSTIFICAÇÕES, COM A INDICAÇÃO DAS PROVAS QUE PRETENDE PRODUZIR, INCLUSIVE TESTEMUNHAS ATÉ O NÚMERO DE CINCO (ARTIGO 55 “CAPUT” E PARÁGRAFO 1°). III – CASO NÃO SEJA APRESENTADA NO PRAZO LEGAL A DEFESA PRÉVIA, O JUIZ NOMEARÁ DEFENSOR PARA APRESENTÁ-LA (ART. 55, PARÁGRAFO 3°); IV – POSSIBILIDADE DE DILIGÊNCIAS EX OFFICIO PELO JUIZ, EM 10 DIAS (ARTIGO 55, PARÁGRAFO 5°); V – REJEIÇÃO OU RECEBIMENTO DA INICIAL (EM 5 DIAS), MARCANDO- SE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO PARA OS PRÓXIMOS 30 DIAS, COM A DEVIDA CITAÇÃO E NOTIFICAÇÃO PERTINENTES. SUSCITADO INCIDENTE DE DEPENDÊNCIA, O PRAZO PARA A AUDIÊNCIA PASSA PARA 90 DIAS (ARTIGO 56); VI – NOVA DEFESA ESCRITA, EM 10 DIAS (ART. 396 DO CPP), QUE ANTECEDE À POSSIBILIDADE DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA CAUSA( ART. 397 DO CPP ) OBS: TRATA-SE DE DETERMINAÇÃO DO ART. 394, PARÁGRAFO 4° DO CPP QUE ELENCA QUE AS DISPOSIÇÕES DOS ART. 395 A 398 DEVEM SER APLICADAS A TODOS OS PROCEDIMENTOSPENAIS DE PRIMEIRO GRAU, AINDA QUE NÃO REGULADOS PELO CPP; VIII –AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO: CASO NÃO HAJA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA PELO ARTIGO 397 DO CPP, HAVERÁ AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO, NOS TERMOS DO ART. 57 DO CPP, INICIANDO PELO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO E, APÓS, A INQUIRIÇÃO DAS TESTEMUNHAS. POSTERIORMENTE, HAVERÁ OS DEBATES ORAIS PELO PRAZO DE 20 MINUTOS, PRORROGÁVEL POR MAIS 10, A CRITÉRIO DO MAGISTRADO. IX – ENCERRADOS OS DEBATES, O JUIZ PROFERIRÁ SENTENÇA OU O FARÁ EM 10 DIAS, ORDENANDO QUE OS AUTOS PARA ISSO LHE SEJAM CONCLUSOS (ART. 58). LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 15 PRÁTICO-PROFISSIONAL No dia 25 de janeiro de 2015, Roniquito Vieira foi flagrado portando 05 gramas de maconha. Ao consultar os registros policiais, a autoridade policial verificou que não havia nenhum procedimento policial ainda instaurado contra Roniquito. Não obstante isso, deu início à lavratura do auto de prisão em flagrante pela prática do delito de tráfico ilícito de entorpecentes, previsto no artigo 33 da Lei nº 11.343/2006. Ao longo do procedimento policial, Roniquito negou ser traficante, acrescentando que a droga se destinava a consumo pessoal, uma vez que é dependente químico, já tendo sido, inclusive, internado para tratamento, o que foi confirmado por Joaquim e Manuel, responsáveis pela Clínica de Tratamento. Após o encerramento do procedimento policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Roniquito, imputando-lhe a prática do delito do artigo 33 da Lei nº 11.343/2006. O Magistrado determinou a notificação de Roniquito. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de Roniquito, redija a peça cabível, exclusiva de advogado, invocando todos os argumentos em favor de seu constituinte. (valor: 5,0) LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 16 LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 17 LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 18 LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 19 LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 20 LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 21 PRÁTICO-PROFISSIONAL DEFESA PRELIMINAR DA LEI DE DROGAS No dia 25 de janeiro de 2015, Roniquito Vieira foi flagrado portando 05 gramas de maconha. Ao consultar os registros policiais, a autoridade policial verificou que não havia nenhum procedimento policial ainda instaurado contra Roniquito. Não obstante isso, deu início à lavratura do auto de prisão em flagrante pela prática do delito de tráfico ilícito de entorpecentes, previsto no artigo 33 da Lei nº 11.343/2006. Ao longo do procedimento policial, Roniquito negou ser traficante, acrescentando que a droga se destinava a consumo pessoal, uma vez que é dependente químico, já tendo sido, inclusive, internado para tratamento, o que foi confirmado por Joaquim e Manuel, responsáveis pela Clínica de Tratamento. Após o encerramento do procedimento policial, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Roniquito, imputando-lhe a prática do delito do artigo 33 da Lei nº 11.343/2006. O Magistrado determinou a notificação de Roniquito. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na qualidade de advogado de Roniquito, redija a peça cabível, exclusiva de advogado, invocando todos os argumentos em favor de seu constituinte. (valor: 5,0) LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 22 LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 23 LEIS PENAIS ESPECIAIS Prof. Arnaldo Junior OAB 2ª Fase 24
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