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URINALISE E FLUIDOS BIOLOGICOS(1) (1)

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Brasília-DF. 
Urinálise e FlUidos Biológicos
Elaboração
Rebeca Confolonieri
Julio Cesar Pissuti Damalio
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção .................................................................................................................................. 5
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA ..................................................................... 6
introdução ..................................................................................................................................... 8
unidAdE i
URINÁLISE ............................................................................................................................................ 9
CAPÍtuLo 1 
INtRodUção à URINÁLISE ...................................................................................................... 9
CAPÍtuLo 2
FUNção E doENçaS RENaIS ................................................................................................ 14
CAPÍtuLo 3
ExamE FíSIco da URINa ....................................................................................................... 17
CAPÍtuLo 4
ExamE qUímIco da URINa................................................................................................... 20
CAPÍtuLo 5
ExamE mIcRoScópIco da URINa ....................................................................................... 25
CAPÍtuLo 6
coNtRoLE dE qUaLIdadE Em URINÁLISE .............................................................................. 37
unidAdE ii
oUtRoS FLUIdoS BIoLóGIcoS .......................................................................................................... 40
CAPÍtuLo 7
FLUIdoS SERoSoS ................................................................................................................ 40
CAPÍtuLo 8
FLUIdo SINovIaL .................................................................................................................. 43
CAPÍtuLo 9
FLUIdo SEmINaL (SêmEN) ...................................................................................................... 46
CAPÍtuLo 10
FLUIdo amNIótIco .............................................................................................................. 52
CAPÍtuLo 11
SUoR ................................................................................................................................... 54
CAPÍtuLo 12
SaLIva .................................................................................................................................. 56
CAPÍtuLo 13
SUco GÁStRIco .................................................................................................................. 58
CAPÍtuLo 14
LíqUIdo cEFaLoRRaqUIdIaNo............................................................................................. 60
PArA (não) FinALizAr ...................................................................................................................... 64
rEFErÊnCiAS .................................................................................................................................... 65
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para não finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
introdução
O Caderno de Estudos e Pesquisa “Urinálise e Fluidos Biológicos” foi elaborado com o objetivo de 
proporcionar a você, aluno(a), conhecimentos básicos aplicados na área laboratorial, assim como 
sua interação com outras áreas das ciências da saúde. 
Para tanto, serão apresentados, de forma concisa, abrangente e cuidadosamente estruturada, os 
elementos da análise dos fluidos biológicos, visando acompanhar as constantes mudanças no campo 
da Medicina Laboratorial.
O exame de urina é um meio específico de avaliação da função renal do organismo humano, sendo, 
portanto, um forte elemento diagnóstico no estudo das patologias em geral.
Para a avaliação fidedigna de todos esses fluidos biológicos, o emprego de técnicas sensíveis e 
específicas é fator preponderante para o bom desenvolvimento da análise. Nesse sentido, abordar-
se-ão a maneira correta para a coleta de cada amostra, quem pode realizá-la e como são feitas suas 
análises específicas.
Este Caderno lhe fornecerá, ainda, uma visão detalhada das estruturasfísicas, químicas e 
microscópicas da urina e dos outros tipos de fluidos biológicos, oportunidade em que serão 
abordadas as análises dos líquidos serosos, líquido sinovial, líquido seminal, líquido amniótico, 
suor, saliva e suco gástrico, apontando o significado clínico e sua importância. Ademais, seu estudo 
será enriquecido com ilustrações recentes aplicadas principalmente à Medicina Laboratorial.
objetivos
 » Aprofundar conhecimentos sobre os líquidos biológicos do organismo.
 » Aprofundar estudos sobre a importância da realização do exame de urina.
 » Saber associar o quadro clínico do paciente aos resultados encontrados.
 » Estimular a reflexão crítica em cada tipo de exame.
 » Construir habilidades e competências na área específica.
9
unidAdE iurinÁLiSE
CAPÍtuLo 1 
introdução à urinálise
História e importância
A medicina laboratorial teve início com a análise da urina. Embora os métodos não fossem sofisticados, 
a observação da urina permitia ao médico obter informações diagnósticas a partir da turvação, cor, 
odor, volume, viscosidade e até mesmo pela presença de açúcar ao perceberem que certas amostras 
atraíam formigas. Os meios modernos de urinálise ampliaram seu campo de ação, abrangendo não só 
o exame físico, mas também a análise bioquímica e a microscopia do sedimento urinário.
No século XVII, com a invenção do microscópio, foi possível realizar o exame do sedimento urinário 
e criar métodos para sua quantificação.
Além da amostra de urina ser de obtenção rápida e fácil, fornece informações sobre muitas das 
principais funções metabólicas do organismo, por meio de exames laboratoriais simples. Essas 
características se ajustam às tendências atuais em favor da medicina preventiva. 
Devido ao fato de o exame urinário ser um método muito valioso de triagem metabólica, pode-se 
detectar, além de doenças renais, o início assintomático de patologias como o diabetes mellitus e 
as hepatopatias. 
Formação e Composição
A formação da urina ocorre nos rins, como um ultrafiltrado do plasma, a partir do qual são reabsorvidos 
glicose, aminoácidos, água e outras substâncias essenciais ao metabolismo do organismo.
A ureia, um produto residual do metabolismo do fígado a partir de proteínas, é responsável por 
quase metade do total de sólidos dissolvidos na urina. O principal sólido inorgânico dissolvido é 
o cloreto, seguido pelo sódio e o potássio. A ingestão dietética influencia as concentrações desses 
compostos inorgânicos, o que torna difícil estabelecer níveis normais.
Substâncias como hormônios, vitaminas e medicamentos também são encontrados na urina. 
Também pode conter elementos formados, como células, cilindros, cristais, muco e bactérias, sendo 
que o aumento desses é indicativo de doença.
10
UNIDADE I │ URINÁLISE
Para ter certeza de que um determinado FLUIDO é realmente urina, pode-se dosar ureia e creatinina 
nessa alíquota já que tais substâncias se encontram presentes em altas concentrações se comparadas 
a outro FLUIDO corporal.
Volume
O volume urinário depende da quantidade de água excretada pelos rins, portanto, a quantidade 
excretada, em geral, é determinada pelo estado de hidratação do organismo.
Os fatores que influenciam o volume de urina são:
 » ingestão de líquidos;
 » perda de líquidos por fontes não renais;
 » variações na secreção do hormônio antidiurético; e
 » necessidade de excretar grandes quantidades de solutos, como glicose ou sais.
O débito urinário médio é de 1.200mL a 1.500mL, porém podem ser considerados normais os 
valores limites de 600 mL a 2.000 mL.
Redução do volume diário normal de urina, também chamado de oligúria, geralmente se dá quando 
o organismo se encontra em um estado de desidratação devido à perda excessiva de água em 
decorrência de episódios de vômito, diarreia, transpiração ou queimaduras graves.
Quando ocorre anúria, ou seja, cessação do fluxo urinário, a oligúria pode ser resultante de qualquer 
tipo de lesão renal grave ou até de uma diminuição do fluxo sanguíneo para os rins.
Nictúria é o aumento na excreção noturna de urina. Já a poliúria é o aumento do volume urinário 
diário, que, por sua vez, está muito associada ao diabetes mellitus e ao diabetes insípido.
Coleta
O recipiente da amostra deve ser devidamente etiquetado com o nome do paciente, data e hora da 
colheita, lembrando que as etiquetas devem ser postas sobre o recipiente e não sobre a tampa.
Amostras mantidas à temperatura ambiente por mais de uma hora, sem conservantes, podem 
apresentar as seguintes alterações:
 » Aumento do pH, bactérias, turvação;
 » Diminuição da concentração de glicose, cetonas, bilirrubinas, urobilinogênio;
 » Desintegração de hemácias e cilindros; e
 » Alteração de cor = oxi-redução de metabólitos.
11
Urinálise │ UniDADe i
A orientação e preparação adequadas dos pacientes, principalmente quando do sexo feminino, não 
se constitui, na prática diária, um procedimento dos mais simples. Por isso, frequentemente no 
deparamos com amostras de urina inadequadamente colhidas, que apresentam características de 
contaminação com fluxo vaginal. 
No caso de pacientes do sexo feminino, elas devem ser orientadas a lavarem cuidadosamente as mãos 
e, após enxaguá-las, afastar os lábios vaginais e lavar os órgãos genitais externos em torno da uretra 
com água e secar com lenços de papel ou limpar com lenços de higiene. Após essa higiene, os lábios 
vaginais devem ser mantidos afastados até a micção e durante ela. A primeira parte jato da micção deve 
ser desprezada. Após isso, se colhe aproximadamente 50 mL e se despreza o restante. As pacientes 
devem colher a amostra de urina imediatamente após realizar a higiene, sem se levantarem do vaso; 
caso contrário, o procedimento de higiene deve ser repetido. O rigor necessário na higiene dos órgãos 
genitais externos torna o êxito do procedimento de coleta difícil de ser alcançado.
Como alternativa para o procedimento de higiene, recomenda-se que a paciente proceda à colheita 
da urina após lavar bem as mãos e, com os dedos indicador e médio, afastar bem os grandes lábios 
vaginais. Com leve pressão, promover a retificação da uretra feminina, que normalmente apresenta 
uma curva descendente de, aproximadamente, 45° (Quadro 1).
quadro 1 – orientação para coleta de Urina para pacientes do Sexo Feminino
Fonte: <http://www.pmvc.ba.gov.br/v1/images/editor/images/lab2%281%29.jpg>. acesso em: 25 set. 2012.
12
UNIDADE I │ URINÁLISE
Os pacientes do sexo masculino devem ser orientados a lavarem cuidadosamente as mãos e, após 
enxaguá-las, retrair o prepúcio, se existente, para permitir cuidadosa lavagem da glande peniana, 
apenas com água, ou então realizar essa limpeza com lenços de higiene. Após essa higiene, sem 
permitir que o prepúcio volte a cobrir a glande peniana, deve ser realizada a coleta desprezando o 
primeiro jato da micção, recolhendo, assim, no frasco fornecido pelo laboratório, aproximadamente 
50 mL do jato médio. Por fim, desprezar o restante da urina dessa micção (Quadro 2).
quadro 2 – orientação para coleta de Urina para pacientes do Sexo masculino
Fonte: <http://www.pmvc.ba.gov.br/v1/images/editor/images/lab%283%29.jpg>. acesso em: 25 set. 2012.
tipos de Amostras
Para se obter uma amostra de urina significativamente fidedigna em relação ao estado metabólico 
do paciente, é necessário controlar alguns aspectos da coleta (Tabela 1), como:
 » hora;
 » duração;
13
Urinálise │ UniDADe i
 » dieta;
 » medicamentos ingeridos; e
 » método de colheita.
tabela 1 – Relação entre o tipo de amostra e sua finalidade 
Tipo de Amostra Finalidade
Aleatória (Ao acaso) Urina Tipo I ou de Rotina
Primeira da Manhã Urina Tipo I ou de Rotina
Teste de Gravidez
Proteinúria Ortostática
EmJejum (2ª da Manhã) Monitoramento de Diabetes
2 horas Pós-Prandial Monitoramento de Diabetes
Glicosúria
Teste de Tolerância à Glicose (TTG) Acompanham as amostras de sangue no TTG
24 horas (Tempo Marcado) Testes Bioquímicos Quantitativos
Por Cateterização Cultura de Bactérias
Coleta de Jato Médio Urina Tipo I ou de Rotina
Cultura de Bactérias
Aspiração Suprapúbica Coleta de Urina da Bexiga para Cultura de Bactérias
Citologia
Prova de Valentine Infecção de Próstata
Fonte: STRASINGER, S.K. Uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed. São Paulo: Editora Premier, 2000, p. 7.
A urina do paciente com poliúria possui alta densidade. Nesse caso, deve-se 
investigar a possibilidade de diabetes mellitus.
14
CAPÍtuLo 2
Função e doenças renais
Fisiologia renal
O ser humano possui dois rins que têm cor vermelho-escura em forma de um grão de feijão e cada 
um deles contém, aproximadamente, 1 a 1,5 milhões de néfrons. Os néfrons controlam a capacidade 
renal de depurar seletivamente resíduos provenientes do sangue e, ao mesmo tempo, de manter a 
água essencial e o equilíbrio eletrolítico no organismo, por meio das seguintes funções renais:
 » fluxo sanguíneo renal;
 » filtração glomerular;
 » reabsorção tubular; e
 » secreção tubular.
Escreva sobre cada uma das funções renais acima citadas. 
O sistema urinário, encarregado da produção, coleta e eliminação da urina, está localizado no espaço 
retroperitonial, de cada lado da coluna vertebral dorsolombar. Em uma pessoa adulta, cada um dos 
rins mede 12 cm e pesa 130 a 170g.
É constituído pelos rins direito e esquerdo; pela pelve renal, que recebe os coletores de urina do 
parênquima renal; pelos ureteres, bexiga e uretra. Os rins são envolvidos por uma cápsula fibrosa 
que, no nível do hilo renal, se deixa atravessar pela artéria renal, pela veia renal e pela pelve coletora, 
que se continua com o ureter. O parênquima renal apresenta duas regiões bastante distintas: a 
região periférica, cortical ou córtex renal, e a região central, medular ou medula renal (Figura 1).
Figura 01 – Rim esquerdo e suas partes
Fonte: <http://sistemarenalfisiologia.blogspot.com.br/>. acesso em: 26 set. 2012.
15
Urinálise │ UniDADe i
Entre as diversas funções dos rins, vale destacar algumas.
 » É responsável pela eliminação dos resíduos tóxicos produzidos pelo nosso organismo 
como a ureia e o ácido úrico. É a sua função de filtração, de limpeza ou de depuração.
 » Controla o volume dos líquidos; portanto, qualquer excesso de água no corpo é 
eliminado pela urina – é o chamado efeito diurético.
 » Exerce controle sobre os sais de nosso corpo, eliminando os seus excessos ou 
poupando-os nas situações de carência.
 » A partir do controle do volume (líquidos) e dos sais, exerce grande influência sobre 
a pressão arterial e venosa do nosso organismo.
 » Produz e secreta hormônios: a eritropoetina, a vitamina D e a renina. A eritropoetina 
interfere na produção dos glóbulos vermelhos e a sua falta pode levar a uma anemia 
de difícil tratamento. A vitamina D, calciferol, controla a absorção intestinal de 
cálcio. E a renina, junto com a aldosterona, controla o volume dos líquidos e a 
pressão arterial de nosso organismo.
doenças renais
Entre as principais doenças renais, destacam-se:
 » Nefrite: caracteriza-se pela presença de albumina e sangue na urina, edema 
e hipertensão.
 » Infecção Urinária: o paciente se queixa de dor, ardência e urgência para urinar. O 
volume urinado torna-se pequeno e frequente, tanto durante o dia como à noite. 
A urina é turva e mal cheirosa, podendo surgir sangue no final da micção. Nos 
casos em que a infecção atingiu o rim, surge febre, dor lombar e calafrios, além de 
ardência e urgência para urinar.
 » Cálculo Renal: a cólica renal, com dor no flanco e costas, é muito característica, quase 
sempre com sangue na urina. Em certos casos, pode haver eliminação de pedras.
 » Obstrução Urinária: ocorre quando há um impedimento da passagem da urina 
pelos canais urinários, por cálculos, aumento da próstata, tumores, estenoses de 
ureter e uretra. A ausência ou pequeno volume da urina é a queixa característica da 
obstrução urinária.
 » Insuficiência Renal Aguda: é causada por uma agressão repentina ao rim, por falta 
de sangue ou pressão para formar urina ou por obstrução aguda da via urinária. A 
principal característica é a total ou parcial ausência de urina.
 » Insuficiência Renal Crônica: surge quando o rim sofre a ação de uma doença que 
deteriora irreversivelmente a função renal, apresentando-se com retenção de ureia, 
anemia, hipertensão arterial, entre outros.
16
UNIDADE I │ URINÁLISE
 » Tumores Renais: o rim pode ser acometido de tumores benignos e malignos. 
E as queixas são de massas palpáveis no abdômen, dor, sangue na urina e 
obstrução urinária.
 » Doenças Multissistêmicas: o rim pode se ver afetado por doenças reumáticas, diabete, 
gota, colagenases e doenças imunológicas. Podem surgir alterações urinárias em 
doenças do tipo nefrite, geralmente com a presença de sangue e albumina na urina.
 » Doenças Congênitas e Hereditárias: um exemplo dessas doenças é a presença de 
múltiplos cistos no rim (rim policístico).
 » Nefropatias Tóxicas: causadas por tóxicos, agentes físicos, químicos e drogas. 
Caracterizam-se por manifestações nefríticas e insuficiência funcional do rim.
 » Síndrome Nefrótica: é o conjunto de sintomas associados a um aumento da 
permeabilidade glomerular. Os sintomas gerados por essa síndrome são principalmente 
a proteinúria, hipoproteinemia e edema. São vários os tipos de doença renal que se 
manifestam na forma de síndrome nefrótica. Um exemplo é a glomerulonefrite. 
 » Glomerulonefrite: ocorrem basicamente duas formas de alteração imunológica: 
a primeira, é a lesão que resulta da deposição de complexo antígeno-anticorpo 
circulante no glomérulo. A segunda, são as lesões resultantes de reação de 
anticorpos diretamente contra antígenos glomerulares, exemplificados pela 
doença Antimembrana Basal Glomerular (anti-GBM). Então, pode-se descrever 
o processo fisiopatológico da seguinte maneira: há uma entrada de antígeno no 
sangue formando, assim, o complexo antígeno-anticorpo; o complexo é depositado 
no glomérulo, onde se formam anticorpos anti-GBM; formando os complexos, 
ocorrem inflamação e ativação de medidores químicos (complementos e leucócitos); 
os leucócitos e as enzimas lisossômicas vão até a região e atacam a membrana 
basal glomerular; como consequência, ocorre a alteração da permeabilidade da 
membrana, ficando impossível a filtração normal; as alterações ocorridas podem 
levar à insuficiência renal (aguda ou crônica) ou até à falência renal.
 » Pielonefrite: resulta da infecção do tecido renal ou da pelve, que pode ser 
ocasionada a partir de diversas fontes. A manifestação dessa doença, assim como 
da insuficiência renal, pode ser de duas formas: aguda ou crônica. Essa doença é 
mais comumente causada por bactérias, mas também pode ser causada por vírus ou 
por fungos. A forma aguda da doença provém da contaminação bacteriana oriunda 
da uretra ou de instrumentação, mas também pode ser levada até os rins pelo 
sangue que passa por uma área infectada do organismo. A forma crônica pode ser 
idiopática, juntamente com a obstrução ou reflexos oxigenados de cálculos renais 
ou por presença de bexiga neurogênica.
Muitas doenças renais são resultantes de reações imunológicas.
17
CAPÍtuLo 3
Exame Físico da urina
Coloração
A variedade da cor da urina vai desde a ausência de cor até o negro, podendo ser devido a 
funções metabólicas normais, atividade física, substâncias ingeridas ou patologias. Porém, é de 
responsabilidade clínica determinar se essa alteração de cor é normal ou indicativo de doença.
As descrições de cor mais comunssão: amarelo-claro; amarelo; amarelo-escuro e âmbar. Para uma 
boa análise da amostra coletada deve-se olhar através do recipiente contra um fundo branco, sempre 
em local com boa iluminação.
A cor amarela da urina é devido à presença de um pigmento denominado urocromo. Amostras 
amarelo-escuras ou âmbar podem ser causadas pela presença anormal do pigmento bilirrubina. A 
urina que contém a bilirrubina pode também conter o vírus da hepatite.
Muitas colorações anormais na urina são de natureza não patogênica, sendo causadas pela ingestão 
de alimentos, vitaminas e medicamentos bastante pigmentados.
Aparência / Aspecto
É um termo geral usado para se referir à transparência da amostra urinária. Os termos utilizados 
para descrever a aparência são: límpido, ligeiramente turvo e turvo.
Quando recém-eliminada, a urina geralmente é transparente, porém em casos patológicos, em que 
existe a grande quantidade de piócitos (leucócitos), hemácias, células epiteliais, cristais e bactérias, 
a amostra deverá se apresentar turva.
turvação
As quatro principais substâncias que causam a turvação são os leucócitos, as hemácias, as células 
epiteliais e as bactérias. Outras substâncias incluem lipídios, sêmen, muco, linfa, cristais, leveduras, 
matéria fecal e contaminação externa.
O fato de a urina recém-eliminada apresentar-se turva pode ser motivo de preocupação.
Correlação Laboratorial da Turvação Urinária
1. Urina Ácida = uratos amorfos e material de contraste radiográfico.
2. Urina Alcalina = fosfatos amorfos e carbonatos.
18
UNIDADE I │ URINÁLISE
3. Termossolúvel = uratos amorfos e cristais de ácido úrico.
4. Solúvel em Ácido Acético Diluído = hemácias, fosfatos amorfos e carbonato.
5. Insolúvel em Ácido Acético Diluído = leucócitos, bactérias, leveduras e espermatozoides.
6. Solúvel em Éter = lipídios, linfa e quilo.
densidade urinária
É definida como uma medida da densidade das substâncias químicas dissolvidas na amostra. Sua 
medida é feita para verificar a capacidade de concentração e diluição do rim.
Em uma urina normal, os valores da densidade variam de 1.015 a 1.025, no volume de 24 horas. Já 
em amostras colhidas ao acaso, pode variar de 1.003 a 1.030.
No exame de urina tipo I, a densidade fornece informações preliminares importantes e pode ser 
facilmente determinada com o uso de urodensímetro, refratômetro, ou tiras reativas.
Escreva a respeito dessas três maneiras de se verificar a densidade em uma amostra 
de urina.
Os valores da densidade podem variar e, portanto, indicar algumas patologias.
 » Densidade baixa = diabete insípido, nefrite crônica, transtornos de origem 
nervosa e ingestão de grande quantidade de líquidos.
 » Densidade elevada = diabetes mellitus, casos de desidratação e nefrite 
parenquimatosa.
odor
É uma propriedade física observável, pois, assim que recém-colhida a urina possui um odor 
característico de seus componentes aromáticos. O odor é classificado como próprio, sui generis 
ou característico.
Quando a amostra fica muito tempo em repouso, o cheiro de amônia passa a ser predominante 
devido à degradação da ureia. A urina em decomposição adquire um odor pútrido ou amoniacal 
devido à fermentação bacteriana.
As causas frequentes de odores fortes são:
 » infecções bacterianas (cheiro forte e desagradável); e
 » presença de corpos cetônicos de diabetes (cheiro adocicado ou de frutas).
19
Urinálise │ UniDADe i
O tipo de dieta e alguns medicamentos também alteram o odor urinário.
A urina alcalina fica preta quando em repouso; passa a apresentar precipitados 
opacos e brancos e tem densidade de 1.012. O que dever causar mais preocupação 
nessa amostra é: 
a. a cor;
b. a turvação;
c. a densidade;
d. todas as alternativas anteriores. 
20
CAPÍtuLo 4
Exame químico da urina
Os resultados do exame químico da urina fornecem informações sobre o metabolismo de 
carboidratos do paciente, funções renais e hepáticas e equilíbrio ácido-básico. Abaixo, são 
descritos esses exames.
tiras reativas
A tira reagente é a técnica mais amplamente usada na detecção de substâncias químicas na urina. 
Uma única tira pode conter até 10 tipos de testes. São constituídas por pequenos quadrados de 
papel absorvente impregnados com substâncias químicas e aderidos a uma tira de plástico.
Uma escala de comparação de cores é anexada às tiras reagentes, usualmente no rótulo do seu 
recipiente. O desempenho delas deve ser testado diariamente usando soluções de controle baixo, 
normal e alto.
Os testes são feitos mergulhando rapidamente as tiras em uma urina recente, bem 
homogeneizada. O excesso deve ser removido, tocando a borda da tira brevemente em um papel 
absorvente. O contato da tira com a urina faz com que ocorra uma reação química e, então, a 
mudança cromática.
As áreas de teste da tira devem ser observadas nos intervalos de tempo específicos. As mudanças de 
cor das almofadinhas de reagentes devem ser comparadas visualmente com a cor da escala fornecida 
junto com as tiras.
Automação em urinálise
A automação no procedimento de urinálise tem permitido aos laboratórios o fornecimento de 
resultados mais precisos e seguros.
O intervalo de tempo entre a coleta do material e o processamento do teste é crítico nos exames de 
urina. Por isso, a automação, tanto da análise morfológica quanto química das amostras, tem se 
tornado um diferencial nos serviços laboratoriais.
Alguns laboratórios têm leitoras automáticas de tiras. Esses instrumentos detectam eletronicamente 
as mudanças de cor nas almofadinhas de reagentes. A tira reagente é mergulhada na amostra pelo 
técnico e a tira úmida é inserida no aparelho. Os resultados são mostrados em um painel digital e 
pode ser impresso automaticamente.
O uso desses instrumentos elimina o erro técnico devido às diferenças de tempo de leitura ou à 
interpretação das cores.
21
Urinálise │ UniDADe i
pH
Os pulmões e os rins são os principais reguladores do equilíbrio ácido-básico do organismo.
O pH é a medida do grau de acidez ou alcalinidade da urina. Um indivíduo sadio produz a primeira 
urina da manhã com pH ligeiramente ácido, entre 5,0 e 6,0. Por outro lado, as outras amostras 
obtidas durante o dia terão uma variação de pH de 4,5 a 8,0.
Existem alguns fatores que podem influenciar na mudança do valor do pH urinário: a dieta, o uso 
de medicações, doenças renais e doenças metabólicas, como diabetes mellitus.
O conhecimento do pH é importante na identificação de cristais observados no exame microscópico. 
A precipitação de substâncias químicas também pode colaborar para a formação de cálculos renais.
Proteínas
A análise da proteína é mais indicativa para se concluir um quadro de doença renal, mas também 
pode ser causada por outras condições como infecções do trato urinário.
A albumina, por ter baixo peso molecular, é a principal proteína sérica encontrada na urina normal.
A urina normal contém quantidade muito baixa de proteínas, sendo em média menos de 10 mg/dL 
ou 150 mg por 24 horas.
O aumento da proteína na urina é denominado proteinúria. São observadas em processos 
degenerativos tubulares, associadas a processos infecciosos bacterianos, em enfermidades 
vasculares e na hipertensão maligna.
A principal fonte de erro na utilização das tiras reagentes ocorre quando a urina é extremamente 
alcalina e anula o sistema de tamponamento.
glicose
A análise da glicose é a prova de detecção que está incluída em todos os exames físicos de urina e, 
muitas vezes, é o principal objetivo dos programas preventivos de saúde pública.
A presença de glicose detectável na urina é chamada de glicosúria, o que indica que a glicose 
sanguínea ultrapassou o limiar renal da glicose. Essa condição ocorre no diabetes mellitus.
Cetonas
Os chamadoscorpos cetônicos são produtos derivados do metabolismo dos ácidos graxos, tendo 
origem hepática. 
O termo cetona engloba três produtos intermediários do metabolismo das gorduras: acetona, ácido 
beta hidroxibutírico e ácido acetoacético; portanto, quando o organismo metaboliza gordura de 
22
UNIDADE I │ URINÁLISE
forma incompleta, são excretadas cetonas na urina. Esses compostos da cetona não se apresentam 
em quantidades iguais na urina. A acetona e o ácido beta-hidroxibutírico são produzidos a partir do 
ácido acetoacético, sendo relativamente constante em todas as amostras as proporções de 78% de 
ácido beta-hidroxibutírico, 20% de ácido acetoacético e 2% de acetona.
Entre as razões clínicas para esse aumento do metabolismo das gorduras citam-se a incapacidade de 
metabolizar carboidratos como ocorre no diabetes mellitus; o aumento da perda de carboidratos por 
vômitos; e a ingestão insuficiente de carboidratos associada à carência alimentar e redução de peso.
Como as acetonas evaporam na temperatura ambiente, a urina deve ser bem tampada e refrigerada 
se não for testada rapidamente.
Sangue
O sangue pode estar presente na urina em forma de hemácias íntegras ou de hemoglobina, que é 
um produto da destruição das hemácias. Quando em grande quantidade, pode ser detectado a olho 
nu. A hematúria produz urina vermelha e opaca; por outro lado, a hemoglobinúria se apresenta na 
coloração vermelha e transparente.
Na análise microscópica do sedimento urinário, observa-se a presença de hemácias íntegras, mas não a 
de hemoglobina livre produzida por distúrbios hemolíticos ou por lise das hemácias no trato urinário.
O método mais preciso para determinar as presença de sangue é a avaliação química, pois, uma vez 
detectado, se pode utilizar o exame microscópico para distinguir a hematúria da hemoglobinúria.
A hematúria tem mais relação com distúrbios de origem renal ou urogenital, e o sangramento 
seria resultante de traumatismo ou irritação dos órgãos desse sistema. Entre algumas causas de 
hematúria estão os cálculos renais, as doenças glomerulares, tumores, traumatismos, pielonefrites, 
e exposição a produtos tóxicos ou a drogas.
A hemoglobinúria pode ocorrer como resultado da lise das hemácias no trato urinário ou pode 
ser causada por hemólise intravascular e a subsequente filtração de hemoglobinas através dos 
glomérulos. Isso ocorre em casos de anemias hemolíticas, reações transfusionais, queimaduras 
graves, infecções e exercício físico intenso.
Bilirrubina
A bilirrubina é um composto amarelo, muito pigmentado, devido ser um produto da degradação da 
hemoglobina.
Sua forma direta ou conjugada atravessa o túbulo renal e aparece na urina; portanto, a bilirrubina é 
encontrada mais comumente em pacientes com icterícia mecânica.
A hepatite e a cirrose são exemplos comuns de doenças que produzem lesão hepática. As provas 
rotineiras para detecção de bilirrubina com tiras reativas utilizam a diazotização.
23
Urinálise │ UniDADe i
Escreva um pequeno texto sobre a diazotização.
Há um teste qualitativo, no qual se realiza a agitação da urina formando uma espuma amarelada ou 
amarelo-esverdeada e cor âmbar, que indicará pesquisa positiva para bilirrubina, usando amostra 
recente. O reativo usado nessa prova é o Reativo de Fouchet.
urobilinogênio
Como a bilirrubina, o urobilinogênio é um pigmento biliar resultante da degradação da hemoglobina. 
É derivado da bilirrubina pela ação da flora bacteriana intestinal. Aproximadamente metade da 
sua produção é reabsorvida, retornando ao fígado, e uma parte pequena cai na circulação, sendo 
excretada pelos rins.
Por ação da luz e do ar atmosférico, o urobilinogênio que fica no intestino se oxida formando a 
urobilina (pigmento responsável pela característica cor das fezes).
O urobilinogênio aparece na urina porque, ao circular no sangue, a caminho do fígado, pode passar 
pelos rins e ser filtrado pelos glomérulos. Se houver obstrução do ducto biliar, haverá o impedimento 
da passagem normal de bilirrubina para o intestino.
Por meio do exame qualitativo, usando o Reativo de Ehrlich, o urobilinogênio reage com o 
p-dimetilaminobenzaldeído, formando uma coloração vermelho-cereja.
nitrito
A prova para detecção de nitrito é útil para o diagnóstico precoce das infecções da bexiga (cistite), pois 
muitas vezes os pacientes são assintomáticos ou têm sintomas vagos, que levariam o médico a pedir 
uma cultura de urina. A prova com nitrito também poderá ser empregada para avaliar o sucesso da 
terapia com antibióticos e para examinar periodicamente pessoas que têm infecções recorrentes.
Alguns dos microrganismos que, frequentemente, causam Infecção do Trato Urinário (ITU) são a 
Escherichia coli, a Klebsiella sp, o Proteus sp e a Pseudomonas sp. As bactérias Gram negativas 
produzem enzimas que convertem os nitratos urinários em nitrito. Não se destina a substituir a 
cultura de urina como principal prova de diagnóstico e controle das infecções bacterianas, mas sim 
a detectar os casos em que a necessidade de cultura pode ser evidente.
Leucócitos
A presença de leucócitos indica uma possível infecção do trato urinário.
Essa prova não tem o objetivo de medir a concentração de leucócitos, e os fabricantes recomendam 
que a quantidade seja feita por exame microscópico.
24
UNIDADE I │ URINÁLISE
Outra vantagem de análise bioquímica é a possibilidade de detectar a presença de leucócitos lisados 
que não aparecem no exame microscópico.
densidade
A capacidade renal de reabsorver seletivamente substâncias químicas essenciais e água a partir do 
filtrado glomerular é uma das funções mais importantes do organismo.
O complexo processo de reabsorção, muitas vezes, é a primeira função renal a se tornar deficiente; 
por isso, a avaliação da capacidade de reabsorção renal é um componente necessário do exame de 
urina (sumário).
25
CAPÍtuLo 5
Exame Microscópico da urina
introdução 
O exame do sedimento microscópico da urina é importante para avaliação do estado funcional do 
rim. Durante a análise, pode-se verificar a presença ou evolução de infecções; doenças e traumas do 
trato urinário. Além disso, certos resultados, como a presença de cristais anormais, podem sugerir 
uma desordem metabólica.
É de extrema valia que todas as amostras de urina sejam analisadas o mais breve possível para evitar 
a deterioração celular e multiplicação de bactérias ou de outro micro-organismo.
A amostra a ser analisada deverá ser recente e obtida conforme solicitação médica: em frasco limpo e 
devidamente identificado. Os elementos que compõem o sedimento urinário podem sofrer diversas 
mudanças estruturais, devido a mudança de pH, decomposição bacteriana, baixa densidade (urinas 
muito diluídas), alterações provocadas por medicações e até mesmo pelo tipo de dieta.
Portanto, o procedimento é meticuloso e cuidadoso, a fim de evitar possíveis falhas que, 
posteriormente, venham comprometer o diagnóstico clínico.
A melhor maneira pela qual o exame microscópico é realizado tem que ser consistente, incluindo 
a observação de, no mínimo, dez campos em menor e maior aumento (100 e 400x). A observação 
em menor aumento tem por objetivo avaliar a disposição dos elementos, a composição geral do 
sedimento e a presença ou não de cilindros. A identificação e contagem de todos os elementos 
presentes são realizadas em aumento de 400x.
Componentes do Sedimento
Hemácias
A presença de hemácias (Figura 2) na urina possui grande relação com lesões na membrana 
glomerular ou nos vasos do sistema urogenital. A observação de hematúria pode ser essencial para 
diagnóstico de cálculo renal.
Figura 2 – Hemácias
Fonte: <http://tecnicasparaestudos.blogspot.com.br/2008/06/hematria-eliminao-de-um-nmero-anormal.html>. 
acesso em:2 out. 2012.
26
UNIDADE I │ URINÁLISE
As hemácias são estruturas que podem ser confundidas, por exemplo, com células leveduriformes. 
Possuem forma de discos bicôncavos ou esféricos e sem núcleo.
Aquelas de tamanhos variáveis e que têm protrusões celulares são denominadas dismórficas e 
aparecem mais em casos de hemorragia glomerular. Hemácias dismórficas também podem ser 
encontradas nas amostras de pacientes que realizaram exercícios físicos intensos. 
Hemácias devem ser avaliadas quanto à quantidade e morfologia (presença ou ausência de dismorfismo 
eritrocitário). A célula mais relacionada com a hemorragia glomerular é o acantócito (Figura 3).
Figura 3 – acantócito
Fonte: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442005000200005>. acesso em: 2 out. 2012.
Leucócitos
Os leucócitos (Figura 4) são os glóbulos brancos; já os piócitos constituem os leucócitos degenerados 
resultantes da luta contra infecção microbiana.
Diferente das hemácias, os leucócitos são mais facilmente visualizados e identificados por 
apresentarem grânulos citoplasmáticos e núcleos lobulados.
Figura 4 – Leucócitos
Fonte: <http://biomedicinafacil.blogspot.com.br/>. acesso em: 2 out. 2012.
A presença de leucócitos na urina costuma indicar que há atividade inflamatória nas vias urinárias. 
Em geral, sugere infecção urinária, mas pode estar presente em várias outras situações, como 
traumas, drogas irritativas ou qualquer outra inflamação não causada por um agente infeccioso.
27
Urinálise │ UniDADe i
Células Epiteliais
Como as células epiteliais (Figura 5) provêm do tecido de revestimento do sistema urogenital é 
bastante comum encontrá-las nos exames de urina. Em geral são registradas como raras, moderadas 
e numerosas.
Figura 5 – célula Epitelial
Fonte: <http://www.biomedicinapadrao.com/2010_05_01_archive.html>. acesso em: 2 out. 2012.
Essas células originam-se das vias urinárias baixas e altas, podendo estar aumentadas em várias 
infecções do trato genital. Porém, em urinas de mulheres estarão presentes em quantidades 
variáveis, sendo mais intensamente durante a gestação.
Células menos comuns no sedimento urinário são as da bexiga e do túbulo renal, que, por sua vez, 
podem ser indicadoras de doença renal.
Cilindros
Presença de cilindros na amostra de urina pode representar um grave prognóstico, tornando sua 
investigação obrigatória, pois são os únicos elementos exclusivamente renais encontrados no 
sedimento urinário.
Os fatores importantes na formação de cilindros são a concentração e a natureza da proteína na 
urina tubular, a concentração de solutos dialisáveis como os sais e a ureia, e a acidez da urina.
A glicoproteína de Tamm-Horsfall é o principal componente dos cilindros; é excretada pelas células 
dos túbulos renais.
Hialinos
Os cilindros hialinos (Figura 6) são mais frequentemente encontrados e são constituídos quase 
que inteiramente por proteína de Tamm-Horsfall. Seu achado anormal pode acontecer em 
casos de desidratação, exposição ao calor, estresse emocional, e após a realização de exercício 
físico intenso.
28
UNIDADE I │ URINÁLISE
Figura 6 – cilindro Hialino
Fonte: <http://www.flickr.com/photos/panchovaras/6356483931/>. acesso em: 2 out. 2012.
São incolores e têm um índice de refringência semelhante ao da urina; portanto, podem passar 
despercebidos se as amostras forem analisadas com muita luminosidade. Contudo, o ideal é abaixar 
o condensador do microscópio para uma visualização mais eficaz.
Quando seu número se encontra elevado, assume um significado clínico de glomerulonefrite; 
pielonefrite; doença renal crônica; e insuficiência cardíaca congestiva.
Hemáticos
A presença de cilindros hemáticos (Figura 7) indica que o sangramento é proveniente do interior do 
néfron. São facilmente reconhecidos por serem refringentes e terem uma cor que varia do amarelo 
ao marrom.
Figura 7 – cilindro Hemático
Fonte: <http://www.infobioquimica.com/wrapper/cdInterpretacion/te/bc/295.htm>. acesso em: 2 out. 2012.
Esse tipo de cilindro é formado, no túbulo, por aglutinação das hemácias. Sua presença indica 
diminuição do fluxo urinário tubular e está relacionada com os processos de glomerulites.
Os sedimentos que contêm cilindros hemáticos também devem conter hemácias livres.
Leucocitários
Os cilindros leucocitários (Figura 8) têm sempre origem renal e são indicativos de doença renal 
intrínseca, observados com maior frequência na pielonefrite, porém ocorrem em qualquer tipo de 
inflamação dos néfrons. São formados por leucócitos entrelaçados em uma matriz proteica.
29
Urinálise │ UniDADe i
Figura 8 – cilindro Leucocitário
Fonte: <http://professorwellington.zip.net/>. acesso em: 2 out. 2012.
Esses cilindros são refringentes, com grânulos e, a menos que tenham sido desintegrados, serão 
visíveis os núcleos multilobulados. A observação de leucócitos livres no sedimento também ajudará 
na sua identificação.
de Células Epiteliais
Os cilindros de células epiteliais (Figura 9) se formam devido às fibrilas da proteína de Tamm-
Horsfall se prenderem às células tubulares.
Figura 9 – cilindro de célula Epitelial
Fonte: <http://www.flickr.com/photos/ignacio_diez/3425704865/in/set-72157615467386820>. acesso em: 2 out. 2012.
Esse tipo de cilindro é acompanhado por cilindros hemáticos e leucocitários, pois tanto a 
glomerulonefrite quanto a pielonefrite produzem lesão tubular. A identificação é facilitada por 
microscopia de fase.
granulares
Os cilindros granulares (Figura 10) – finos e/ou grosseiros – são formados pela degeneração dos 
elementos celulares em seu interior.
30
UNIDADE I │ URINÁLISE
Figura 10 – cilindro Granular
Fonte: <http://carlasofiacruz.com/microscopia-em-amostras-de-urinas>. acesso em: 2 out. 2012.
É frequente observá-los ao lado de cilindros hialinos após períodos de estresse e de exercícios 
físicos vigorosos.
Céreos
Os cilindros céreos (Figura 11) são refringentes, com textura rígida e, por isso, se fragmentam ao 
passar pelos túbulos.
Figura 11 – cilindro céreo
Fonte: <http://carlasofiacruz.com/microscopia-em-amostras-de-urinas>. acesso em: 2 out. 2012.
Sua presença é indicativa de extrema estase urinária.
Adiposos
Os cilindros adiposos (Figura 12) são formados pela agregação à matriz, de gotículas lipídicas livres, 
de corpos gordurosos ovais e de lipídios provenientes da desintegração destes.
Figura 12 – cilindro adiposo
Fonte: <http://pt.scribd.com/doc/72187014/56970958-analise-do-Sedimento-Urinario>. acesso em: 2 out. 2012.
31
Urinálise │ UniDADe i
São refringentes e contêm gotículas de gordura na cor marrom-amarelada.
Largos
A presença dos cilindros largos (Figura 13) indica acentuada diminuição da função renal, com 
tendência à uremia. Muitas vezes esse cilindro é chamado de “Cilindro da Insuficiência Renal”.
Figura 13 – cilindro Largo
Fonte: <http://www.flickr.com/photos/ignacio_diez/3509768157/>. acesso em: 2 out. 2012.
Por serem moldados pelos túbulos contorcidos distais, o seu tamanho pode variar à medida que a 
doença altera a estrutura tubular.
Bactérias
A urina presente na bexiga não contém flora bacteriana, mas sistematicamente se contamina com 
germes da flora normal da uretra e dos órgãos genitais. 
Aquelas amostras que ficam à temperatura ambiente por tempo prolongado podem conter 
quantidades detectáveis de bactérias, que, na verdade, representam apenas a multiplicação dos 
organismos contaminantes.
Os laboratórios só registram a presença de bactérias (Figura 14) quando elas forem observadas em 
amostras recém-colhidas e em conjunto com leucócitos.
Figura 14 – Bactérias
Fonte: <http://laboratoriovetuff.blogspot.com.br/2010/11/sedimentoscopia.html>. acesso em: 2 out. 2012.
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UNIDADEI │ URINÁLISE
Leveduras
As leveduras (Figura 15) são ovoides e podem ser observadas com brotamento ou em cadeia (hifas).
Figura 15 – células Leveduriformes e Hifa
Fonte: <http://www.menarinidiag.pt/produtos/sedimento_urinario>. acesso em: 2 out. 2012.
Em pacientes com diabete mellitus podem ser visualizadas as leveduras. Já no sedimento urinário 
das mulheres com candidíase, a mais comumente encontrada é a Candida albicans.
Parasitas
Os protozoários do tipo Trichomonas (Figura 16) são os mais comumente encontrados no sedimento 
urinário, devido à contaminação por secreções vaginais.
Figura 16 – Trichomonas sp
Fonte: <http://www.medicacentar.info/images/trich7.JpG>. acesso em: 2 out. 2012.
É um organismo flagelado, sendo facilmente identificado devido a seu movimento rápido no campo 
microscópico. É transmitido sexualmente. Além de provocar infecção do trato urinário, pode causar 
infecção de vias superiores quando não tratada.
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Urinálise │ UniDADe i
Espermatozoides
Os espermatozoides (Figura 17) são encontrados na amostra de urina após relações sexuais ou em 
casos de ejaculação noturna.
Figura 17 – Espermatozoides
Fonte: <http://draalessandramatos.com.br/causas-e-investigacao.php>. acesso em: 2 out. 2012.
Somente deve ser mencionado em urinas masculinas; caso contrário, não mencionar a presença.
Muco
O muco (Figura 18) encontrado na maioria das urinas é formado pela precipitação de mucoproteínas 
e são compostos de fibrinas.
Figura 18 – Filamentos de muco
Fonte: <http://www.biomedicinapadrao.com/2010_05_01_archive.html>. acesso em: 2 out. 2012.
Aparece em forma de rede, dando uma ideia de teia de aranha, e pode estar aumentado nas uretrites. 
Deve-se tomar cuidado para não confundi-lo com cilindros hialinos.
Cristais
Embora algumas formações cristalinas sejam normais (Tabela 2), a presença de cristais no sedimento 
urinário pode, em determinados casos, estar ligada ao aparecimento de cálculo renal. A formação 
dos cristais se dá pela precipitação dos sais da urina submetidos a alterações de pH, temperatura ou 
concentração, o que afeta sua solubilidade.
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UNIDADE I │ URINÁLISE
Em urinas ácidas são encontrados: uratos amorfos, oxalato de cálcio, ácido úrico, além de leucina, 
tirosina, cistina, e ácido hipúrico. A coloração varia do amarelo ao castanho-avermelhado. São 
várias as formas: losangular, rosetas, cunhas e agulhas.
Nas urinas alcalinas são encontrados: fosfatos amorfos, fosfato triplo, carbonato de cálcio e fosfato 
de cálcio. As formas são: prismas, granulares, placas, halteres e esferas.
A identificação de cristais em amostras com pH neutro pode ser difícil, pois os mesmos que 
normalmente são encontrados em urinas classificadas como ácidas ou alcalinas podem também 
estar presentes em urina neutra.
A principal razão ao realizar identificação desse tipo de elemento na urina é detectar a presença 
de alguns tipos anormais (Tabela 3), que podem representar certos distúrbios, como doenças 
hepáticas, erros inatos do metabolismo, ou lesão renal causada pela cristalização de metabólitos 
de drogas nos túbulos.
tabela 2 – cristais normais encontrados na urina
Cristal pH Cor Clínica Aparência
Urato Amorfo Ácido
Cor de Tijolo ou 
Marrom-amarelado
Amostras 
Refrigeradas
Oxalato de 
Cálcio
Ácido / Neutro 
(Alcalino)
Incolor 
(“Envelopes”)
Intoxicação com 
Produtos Químicos 
ou Cálculos Renais
Ácido Úrico Ácido Marrom-amarelado
Pacientes 
Submetidos à 
Quimioterapia e 
Gota
Fosfato Amorfo
Alcalino
Neutro
Branco-incolor
Após Refrigeração 
da Amostra
Fosfato Triplo Alcalino
Incolor (“Tampa de 
Caixão”)
Associado a 
Bactérias que 
Metabolizam Ureia
Carbonato de 
Cálcio
Alcalino Incolor (“Halteres”)
Sem Significado 
Clínico
Fosfato de 
Cálcio
Alcalino
Neutro
Incolor Cálculos Renais
Biurato de 
Amônio
Alcalino
Marrom-
amarelado (“Maçãs 
Espinhosas”)
Produzido por 
Bactérias que 
Metabolizam a 
Ureia
Fonte: StRaSINGER, S.K. uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed. São paulo: premier, 2000, p. 93.
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Urinálise │ UniDADe i
tabela 3 – cristais anormais encontrados na urina
Cristal pH Cor Clínica Aparência
Leucina
Ácido / 
Neutro
Amarelo
Necrose Hepática 
Aguda e Difusa
Tirosina
Ácido / 
Neutro
Incolor / Amarelo Hepatopatia Grave
Cistina Ácido Incolor
Erro Metabólico 
Congênito
Ácido Hipúrico Ácido Amarelo
Colesterol Ácido
Incolor (“Placas 
Chanfradas”)
Síndrome 
Nefrótica
Bilirrubina Ácido Amarelo Hepatopatias
Sulfonamida
Ácido / 
Neutro
Verde
Pacientes Mal 
Hidratados = 
Lesão Tubular
Ampicilina
Ácido / 
Neutro
Incolor
Ingestão 
Insuficiente de 
Líquidos
Fonte: StRaSINGER, S.K. uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed. São paulo: premier, 2000, p. 94.
Artefatos
Os artefatos são encontrados em urinas coletadas em frascos sujos ou em condições impróprias. O 
que mais confunde são as gotículas de óleo e os grânulos de amido (Figura 19), que nada mais são 
que o pó do talco das luvas utilizadas.
36
UNIDADE I │ URINÁLISE
Figura 19 – artefatos (Grânulos de amido)
Fonte: <http://www.abq.org.br/cbq/2008/trabalhos/13/13-200-4527.htm>. acesso em: 2 out. 2012.
37
CAPÍtuLo 6
Controle de qualidade em urinálise
introdução
O termo “Controle de Qualidade (CQ)” designa todo um processo, cujo fim é assegurar a qualidade 
do atendimento ao paciente. Nos laboratórios de análises clínicas, qualquer programa de CQ deve 
incluir técnicas de CQ na coleta e na manipulação das amostras, na realização de reações e provas, na 
regulagem e manutenção dos instrumentos, no registro dos resultados, na atuação e nos requisitos 
do pessoal técnico, na segurança e na existência de uma documentação que comprove a observância 
do programa.
História e Significado
A análise microscópica da urina tem por finalidade detectar e identificar os elementos insolúveis, 
para cuja presença contribui o sangue, os rins, a parte inferior do sistema urogenital e a contaminação 
externa. Esses elementos são as hemácias, os leucócitos, os cilindros, as células epiteliais, as 
bactérias, as leveduras, os parasitas, o muco, os espermatozoides, os cristais e os artefatos. Portanto, 
o exame do sedimento urinário deverá compreender tanto a identificação quanto a quantificação 
dos elementos encontrados.
A microscopia é a parte mais demorada a ser feita na análise da urina. Porém, sua realização é 
um auxiliar valioso no diagnóstico. Sua fidedignidade por meio da padronização das técnicas, do 
aprimoramento do controle de qualidade e a educação constante do pessoal técnico ainda tem 
sofrido muitos investimentos a fim de obter melhoras.
Metodologia
A análise microscópica passa por diversas variações metodológicas, entre as quais o modo de 
preparo do sedimento, a quantidade exata de sedimento analisado, os métodos e os equipamentos 
utilizados para tornar o material visível e a forma como os resultados são registrados.
Hoje existem sistemas comercializados que padronizam o exame de microscopia. A comparação 
feita entre diversos desses sistemas mostraram diferenças físicas importantes, mas todos propiciam 
maior padronização do sedimento do que o método convencional.
Independentemente de o laboratório utilizar ou não o sistema comercializado, é recomendado que 
se adote a seguinte metodologia.
1. As amostras examinadas devem ser recentemente e/ou corretamente conservadas.
38
UNIDADE I │ URINÁLISE
2. Deve-se homogeneizar a amostra e separar uma alíquota dela. Caso a urina 
apresente turbidez devido à presença de cristais, como uratos, recomenda-se 
dissolvê-los por aquecimento.
3. Transferir 10 mL de urina para um tubo de ensaio cônico graduado. Considera-se o 
volume ideal de 12 mL, pois assim todas as áreasde análise das tiras reativas podem 
ser imersas.
4. Centrifugar o tubo a 2.000 RPM (Rotações Por Minuto) por 5 minutos. Evitar 
centrifugação demorada para não causar compactação dos elementos, nem 
deformação dos cilindros.
5. Desprezar o sobrenadante, de modo que o sedimento permaneça com 1 mL de 
volume final.
6. Homogeneizar bem o sedimento e passar uma gota para uma lâmina de vidro. As 
gotas devem ter tamanho uniforme, sendo suficientemente pequenas para não 
transbordar da lâmina. Se a quantidade de líquido for excessiva, os elementos mais 
pesados, como os cilindros, serão empurrados para fora da área visível quando 
realizar a colocação da lamínula.
7. Espalhar o sedimento de maneira uniforme e cobri-lo com uma lamínula, evitando 
a formação de bolhas.
8. Levar ao microscópio e percorrer toda a lamínula com a objetividade de pequeno 
aumento (10x) e com o condensador baixo. Verificar a distribuição dos elementos 
e a presença de cilindros, muco e trichomonas. Os cilindros costumam estar nas 
bordas da lamínula.
9. Passar para a objetiva de maior aumento (40x), aumentar a intensidade da luz, 
levantar um pouco o condensador e, então, efetuar a contagem por campo 
microscópico, anotando a média.
10. Ao se utilizar microscopia de iluminação direta deve-se ter o cuidado de reduzir 
a quantidade de luz, já que muitos dos componentes do sedimento têm índice de 
refringência semelhante ao da urina e não serão visualizados com a luz forte.
11. A terminologia usada no registro dos resultados pode variar de um laboratório para 
outro, mas deve ser invariável num mesmo laboratório.
12. A correlação dos resultados da microscopia deve ser feita com os resultados dos 
exames físicos e bioquímicos para assegurar a precisão do registro dos dados 
obtidos. As amostras, cujos resultados não apresentarem correlações, deverão ser 
reexaminadas para verificação de erros técnicos e de transcrição.
Controle de qualidade (Cq)
Cada etapa da análise a ser realizada deverá conter informações específicas sobre: tipo; preparação; 
manuseio; frequência de uso; níveis de tolerância; e métodos de transcrição dos resultados.
39
Urinálise │ UniDADe i
Existem vários métodos de CQ para averiguar a reatividade das tiras reagentes de urina. Como os 
comercializados não abrangem os componentes do sedimento para aferição da análise microscópica, 
é preciso utilizar aferidores próprios.
 » Cada turno matinal escolhe uma amostra de volume suficiente para servir de 
amostragem.
 » Depois de realizada a análise matinal, a amostra deverá ser refrigerada para ser 
submetida a uma análise completa pelos turnos seguintes.
 » Os resultados serão comparados. 
Antes da análise, deve-se aguardar que a amostra atinja a temperatura ambiente. Enquanto não 
estiver sendo utilizada, deverá ficar acondicionada em refrigerador. Essa é uma maneira barata de 
inspecionar o desempenho. 
Os resultados do CQ dependem inteiramente do pessoal que o realiza e o inspeciona. Os envolvidos 
nessa etapa devem compreender a importância desse serviço, e o programa tem que ser encarado 
como uma experiência de aprendizado e não como uma ameaça.
Em cada setor do laboratório, deve estar à disposição dos funcionários um material de consulta 
atual, a fim de permitir sua atualização constante. É essencial que a área de trabalho seja de tamanho 
adequado à rotina, que esteja sempre organizada e seja segura para a boa qualidade do trabalho e 
ânimo do pessoal. Em todos os momentos devem ser tomadas as devidas medidas de segurança na 
manipulação dos líquidos biológicos.
40
unidAdE iioutroS FLuidoS 
BioLÓgiCoS
CAPÍtuLo 7
Fluidos Serosos
introdução
O Líquido Seroso (LS) é aquele situado nas cavidades fechadas do organismo com a função de 
lubrificá-las, já que as superfícies entram em contato durante o movimento. Essas cavidades 
(pleural, pericárdica e peritoneal) são revestidas por duas membranas conhecidas como serosas. 
Uma delas reveste as paredes da cavidade (membrana parietal) e a outra cobre os órgãos do interior 
da cavidade (membrana visceral) (Figura 20). 
Figura 20 – Exemplo do espaço pleural que contém o líquido seroso
Fonte: <http://www.derramepleural.com/sistema-respiratorio-anatomia.html>. acesso em: 3 out. 2012.
Normalmente, a quantidade do líquido seroso é pequena, pois as velocidades de produção e de 
reabsorção são proporcionais. O derrame desses líquidos é classificado em transudatos e exsudatos.
Transudatos são resultantes de um processo mecânico no qual ocorre um distúrbio sistêmico que 
resulta em um rompimento do equilíbrio entre filtração e reabsorção do líquido.
Exsudatos provêm de processos inflamatórios, ocorrendo, assim, comprometimento das 
membranas, inclusive infecções e neoplasias.
41
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE II
quadro 3 – comparação entre análises do transudato e Exudato
Análises Transudato Exsudato
APARÊNCIA Transparente Opaco
DENSIDADE < 1,015 > 1,015
PROTEÍNA TOTAL < 3,0 G/dL > 3,0 G/dL
PROTEÍNAS, RELAÇÃO LÍQUIDO/SORO < 0,5 > 0,5
DESIDROGENASE LÁTICA (DHL) < 200 UI > 200 UI
LDH SÉRICA: RELAÇÃO LÍQUIDO/SORO < 0,6 > 0,6
CONTAGEM CELULAR < 1000/ uL > 1000/uL
COAGULAÇÃO ESPONTÂNEA Ausente Possível
Fonte: <http://www.slideshare.net/nettda/lquidos-serosos>. acesso em: 27 set. 2012.
Coleta
Os líquidos serosos são colhidos por aspiração com agulha nas respectivas cavidades. Os 
procedimentos são conhecidos como:
 » toracocentese: líquido pleural;
 » pericardiocentese: líquido pericardial; e
 » paracentese: líquido peritoneal.
Geralmente, a quantidade colhida de cada líquido é grande para que cada alíquota fique disponível 
em cada seção do laboratório.
Para a contagem celular é necessária uma amostra com anticoagulante; para a cultura, um tubo 
estéril; e para as análises bioquímicas, uma amostra heparinizada. Também é preciso colher uma 
amostra não heparinizada para a observação de coagulação espontânea.
Análise
Líquido Pleural
Sua cor é transparente e amarelo-claro. A turvação em geral está ligada à presença de leucócitos e 
indica infecções bacterianas, tuberculose ou distúrbio imunológico como artrite reumatoide.
A presença de sangue pode significar lesão traumática (hemotórax), lesão na membrana (como nas 
neoplasias), ou pode decorrer de aspiração traumática. O encontro de neutrófilos significa que há 
uma infecção bacteriana; já a visualização de linfócitos será sugestivo de tuberculose ou neoplasia.
42
UNIDADE II │ OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
Glicose baixa está associada à tuberculose, inflamação reumatoide e neoplasia. Amilase elevada 
significa presença de pancreatite. E pH baixo se relaciona com tuberculose, neoplasia e ruptura 
esofágica.
Ocorre acúmulo de líquido pleural na pneumonia e carcinomas (derrames exsudatos) e também na 
insuficiência cardíaca (distúrbio sistêmico – produção de transudatos).
Líquido Pericárdico
Encontrado entre as membranas pericárdicas. Normalmente é pequena a quantidade de líquido (10 
a 50 mL).
Sua coloração é transparente e amarelo-claro. O líquido encontra-se turvo nas infecções e neoplasias. 
Nos distúrbios metabólicos, o líquido aspirado é transparente.
Os derrames ocorrem por infecção (pericardite), neoplasias ou comprometimento metabólico.
Valores elevados de leucócitos indicam infecção, mais especificamente endocardite bacteriana.
Níveis baixos de glicose indicam infecção bacteriana e neoplasia.
Líquido Peritoneal
O acúmulo de líquido na cavidade peritoneal é chamado ascite, por isso esse líquido é comumente 
denominado ascítico e não peritoneal.
Assim como os líquidos pleural e pericárdico, o ascítico é transparente e amarelo-claro. A turvação 
pode indicar peritonite e até mesmo cirrose.
Líquidos turvos indicam infecções; líquidos esverdeadossão encontrados quando há derrame biliar.
Valores elevados de hemácias podem indicar traumatismo hemorrágico, enquanto que valores 
elevados de leucócitos podem indicar cirrose, peritonite bacteriana.
Glicose baixa está relacionada à peritonite tuberculosa e neoplasia. Amilase elevada pode indicar 
quadros de pancreatite ou perfuração gastrintestinal. Ureia ou creatinina elevadas podem significar 
ruptura da bexiga. E fosfatase alcalina elevada pode se associar à perfuração intestinal.
43
CAPÍtuLo 8
Fluido Sinovial
introdução
O Fluido Sinovial ou Líquido Sinovial (LS) tem a função de proteger, nutrir e lubrificar as cartilagens 
não vascularizadas das articulações (Figura 21). Derivado do plasma sanguíneo por ultrafiltração 
e enriquecido de mucoproteínas secretadas pelos sinoviócitos do tecido sinovial, esse líquido 
apresenta-se normalmente límpido e transparente, de cor amarelada, contendo 2 g/dL de proteínas 
isentas de fibrinogênio (não coagula espontaneamente) e não apresenta cristais.
Em termos de etiologia, a análise do LS é usada para classificar distúrbios articulares.
Em casos patológicos, o volume do LS pode aumentar devido à elevação da permeabilidade 
capilar. Nos casos de traumatismos, hemácias estão presentes e o número de leucócitos é maior 
do que o normal.
Figura 21 – Líquido Sinovial
Fonte: <http://pilatessaocaetanodosul.blogspot.com.br/2012/02/articulacoes-sinoviais.html>. acesso em: 3 out. 2012.
O aumento na quantidade das proteínas totais está relacionado com a gravidade de afecções das 
articulações e, principalmente, de artrites e doenças reumáticas, em que a análise dos constituintes 
do LS encontra aplicação diagnóstica e prognóstica.
Coleta
A amostra geralmente recebida pelo laboratório é aspirada do joelho com agulha, num procedimento 
chamado Artrocentese, realizada em condições de esterilidade estrita.
44
UNIDADE II │ OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
A quantidade normal de LS contida na cavidade articular do joelho é inferior a 3,5 mL, aumentando 
nos distúrbios articulares.
O LS deve ser colhido em condições estéreis e em frasco com e sem anticoagulante. O mais utilizado 
é a heparina ou o EDTA líquido. Esses anticoagulantes evitam a presença de artefatos que poderiam 
prejudicar a análise da amostragem. 
Em amostras patológicas pode haver fibrinogênio em quantidade aumentada; por isso, é 
recomendável que se colham amostras com anticoagulante para as análises citológica e bioquímica, 
e sem anticoagulante para a análise microbiológica, respectivamente.
O paciente deve estar de jejum de, no mínimo, 6 horas, de forma a permitir um equilíbrio da glicose 
do plasma com a do LS. Deve ser colhida uma glicemia de jejum. O LS pode fornecer informações 
úteis para o diagnóstico das seguintes situações: suspeita de infecção (artrite supurativa aguda), 
artrite devido a ácido úrico (gota) ou a pirofosfato de cálcio (pseudo-gota) e diagnóstico diferencial 
de artrite.
Análise
A análise do LS começa pela determinação do volume total colhido. A aparência e coloração são 
observadas em um tubo transparente contra um fundo branco. A leucocitose e a presença de cristais 
e gotas de gordura, ou outras células degeneradas, podem produzir um aspecto turvo. A coloração 
avermelhada produzida pela presença de sangue deve ser diferenciada entre coleta traumática e 
condições patológicas, como fratura, atingindo a superfície articular, tumor, artrite traumática, 
artropatia neurogênica, artrite hemofílica, entre outras. 
A viscosidade é avaliada grosseiramente deixando-se o fluido percorrer a partir da ponta de uma 
seringa, sendo um fio ininterrupto de 4 a 6 cm considerado normal. Estará diminuída em condições 
inflamatórias e nas efusões traumáticas rápidas. Pelo Método de Ropes, a adição de ácido acético 
causa a formação de um coágulo que pode ser avaliado como:
 » bom = coágulo sólido;
 » regular = coágulo mole;
 » pobre = coágulo friável; e
 » ruim = coágulo ausente.
O valor da glicose dosada é inferior em cerda de 0 a 10 mg/dL à do sangue. Irá encontrar-se 
diminuída nas artrites bacterianas (incluindo a tuberculosa). O aumento da concentração de 
proteínas pode ocorrer em casos de gota, artrite reumatoide e artrite séptica, refletindo tanto o 
aumento da permeabilidade vascular como a síntese de imunoglobulinas (anticorpos).
A análise imunológica pode ser feita pela determinação do fator reumatoide, que, embora 
inespecífico, esteja presente em cerca de 60% dos pacientes com artrite reumatoide. A detecção de 
Adenosina Deaminase (ADA) em concentração elevada é indicativa da tuberculose.
45
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE II
A avaliação microscópica inclui a contagem celular total e diferencial, que podem ser efetuadas 
por meio da contagem celular em câmara de Neubauer, seguida da análise de distensão corada 
por corantes do tipo Leishman ou May-Grünwald-Giemsa. Um microscópio de luz polarizada deve 
ser usado para a avaliação da presença de cristais. Qualquer cristal presente no líquido sinovial é 
considerado anormal, sendo muito comuns os cristais de ácido úrico, associados ao acometimento 
por Gota.
As provas microbiológicas devem sempre incluir a coloração de Gram e, sempre que a tuberculose for 
suspeita, a coloração de Ziehl-Neelsen. A cultura é positiva na maioria das atrites não gonocóccicas, 
mas a Neisseria gonorrhoeae é isolada em apenas cerca de 50% dos casos positivos. A cultura para 
Mycobacterium tuberculosis é positiva em cerca de 80% dos casos. Esse germe pode também ser 
detectado por meio de técnicas de biologia molecular.
quadro 4 – células e Inclusões observadas no Líquido Sinovial 
Célula/Inclusão Descrição Significado
Neutrófilos Leucócitos polimorfonucleares
Infecção bacteriana
Inflamação provocada por cristais
Linfócitos Leucócitos mononucleares Inflamação não bacteriana
Macrófagos (Monócitos)
Grandes leucócitos mononucleares, que podem ser 
vacuolados
Normal
Infecções virais
Células da Membrana 
Sinovial
Semelhantes a macrófagos, mas podem ser 
multinucleados Normal
Células de Reiter Macrófagos vacuolados com neutrófilos fagocitados
Síndrome de Reiter
Inflamação inespecífica
Células RA (Ragócito)
Neutrófilos com grânulos citoplasmático escuro, contendo 
complexos imunes
Artrite reumatoide
Inflamação imunológica
Células de Cartilagens Grandes células multinucleadas Osteoartrite
Corpos
Riciformes
A olho nu lembra arroz polido
Ao microscópio assemelha-se com colágeno e fibrina
Tuberculose
Artrite reumatoide e bacteriana
Gotículas de Gordura Glóbulos intracelulares e extracelulares refringentes Traumatismo
Hemossiderina Inclusões com aglomerados de células sinoviais Sinovite vilonodular pigmentada
Fonte: StRaSINGER, S.K. uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed. São paulo: premier, 2001, p. 165.
46
CAPÍtuLo 9
Fluido Seminal (Sêmen)
introdução
Líquido seminal é a parte do sêmen sem espermatozoides. Esse fluido limpa o canal da uretra, 
diminuindo o pH ácido da urina para que não contamine o esperma e mate os espermatozoides; 
assim, facilita que a ejaculação saia forte, para alcançar o útero o mais rápido possível. Tem em 
sua composição secreções da vesícula seminal (80%), da próstata e glândula bulbouretral, além de 
muito componente proveniente do epidídimo e testículos.
O exame a ser realizado para análise do líquido seminal é o espermograma. As principais razões 
para sua avaliação são:
 » avaliação de casos de infertilidade; e
 » estado de pós-vasectomia.
O sêmen é composto por quatro frações provenientes de:
a. glândulas bulbouretrais;
b. testículos e epidídimos;
c. opróstata; e
d. vesículas seminais.
Essas frações diferem-se em termos de composição e, para que o líquido seja normal, deve havermistura delas durante a ejaculação. Como a composição das frações do sêmen é variável, sua coleta 
deverá ser bem feita para que a análise/avaliação da fertilidade masculina seja precisa. Portanto, 
para isso os pacientes devem receber orientações claras e detalhadas sobre a obtenção do material.
Apesar de a fertilização poder ser efetuada por um único espermatozoide, a quantidade de 
espermatozoides presentes no sêmen é um dado valioso para medir a fertilidade.
Coleta
A amostra é coletada por meio da masturbação. O local a ser coletada é em frasco estéril, após 3 
dias (no mínimo) até 5 dias (no máximo) de abstinência sexual, período em que também não deve 
se masturbar, pois a quantidade e qualidade do esperma é afetada pela quantidade de vezes que o 
homem ejacula. O exame é realizado sempre pela parte da manhã. O paciente deverá inicialmente 
lavar bem as mãos com água e sabão antes de entrar para realizar a coleta.
47
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE II
Não é recomendado o uso de preservativos durante a coleta, pois podem conter substâncias 
espermicidas, favorecendo um resultado sem qualidade e certamente errado.
Normalmente, há revistas e/ou vídeos eróticos que facilitam a coleta do material. Deve-se evitar 
perda do sêmen, à custa de ser necessária uma nova coleta.
Preferencialmente, a amostra deverá ser colhida no laboratório; porém, como existem casos 
especiais, a coleta poderá ser autorizada em domicílio, desde que o paciente mantenha o 
frasco contendo o sêmen em temperatura ambiente e não demore mais do que uma hora para 
entregar ao laboratório. Um dos parâmetros que deverá ser anotado é a hora exata do término 
da coleta.
As amostras recentes são coaguladas e devem-se liquefazer nos 30 minutos seguintes após a 
coleta; portanto, conclui-se que a hora em que foi realizada a obtenção da alíquota é de extrema 
importância para a avaliação da sua liquefação. A análise não pode ser iniciada enquanto a 
liquefação não tiver ocorrido.
Análise
Sempre serão avaliados os seguintes parâmetros nos casos de fertilidade e/ou infertilidade: volume, 
viscosidade, pH, contagem do número de espermatozoides, motilidade, morfologia e viabilidade 
dos espermatozoides.
Volume
O volume normal é de 2,0 a 5,0 mL. Para verificar essa medida, deve-se despejar o conteúdo do 
frasco em um tubo cônico graduado. Juntamente com a inversão da amostra pode-se avaliar a 
viscosidade, sendo que, se estiver normal, a alíquota gotejará no recipiente e não se mostrará 
aglutinada ou filamentosa.
Valores abaixo de 2,0 mL podem representar fatores obstrutivos, como agenesia de deferentes, 
agenesia de vesículas seminais, fibrose cística, obstrução pós-cirurgias de próstata e obstruções pós-
infecções. Podem também mostrar ejaculação retrógrada (para a bexiga) em casos de pacientes com 
Diabetes, lesão medular ou doenças neurológicas.
pH
O pH normal é ligeiramente alcalino, variando entre 7,3 e 8,3. Caso a relação entre o líquido 
prostático e o seminal esteja elevada, o pH poderá ser mais ácido.
Isso é muito importante quando ocorre a deposição do sêmen no fundo da vagina em uma relação 
sexual. O pH da vagina é muito ácido (ao redor de 4,0). Ao encontrar esse ambiente hostil, o sêmen 
básico “neutraliza” a acidez da vagina, mantendo os espermatozoides vivos.
48
UNIDADE II │ OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
número de Espermatozoides
Com relação à quantidade do número de espermatozoides, os valores normais geralmente vão de 
20 a 160 milhões por mililitro, sendo consideradas limítrofes as quantias entre 10 e 20 milhões 
por mililitro.
O espermograma é feito diluindo-se a amostra e concentrando as células na Câmara de Neubauer 
(Figura 22). Em um dos métodos mais usados, realiza-se a diluição da amostra em 1:20 e, em seguida, 
faz a contagem do número de espermatozoides nos cinco quadrantes destinados à contagem dos 
eritrócitos ou nos dois quadrantes destinados aos leucócitos. A questão da quantidade da diluição e 
do número de quadrantes a serem contados varia de um laboratório para outro.
Figura 22 – câmara de Neubauer
Fonte: <http://metodoslabideanellydiazpuentes.blogspot.com.br/2009/11/conteo-de-celulas-en-camara-de-neubauer.html>. 
acesso em: 28 set. 2012.
Contudo, a diluição do sêmen antes de realizar a contagem é essencial para promover a imobilização 
dos espermatozoides. Geralmente, o diluente tradicional contém bicarbonato de sódio e formalina 
(formol). Mas antes de introduzir o diluente na amostra, deve-se tomar cuidado para não contaminar 
a amostra com ele, a fim de, antes, determinar a motilidade.
A baixa contagem dos espermatozoides pode ser causada por falta do meio de nutrição, normalmente 
produzido pelas vesículas seminais. Isso significa que há ausência ou deficiência de frutose na amostra.
Motilidade
Depois de chegarem ao colo do útero, os espermatozoides precisam deslocar-se por meio das tubas 
uterinas e alcançar o óvulo; portanto, trata-se de uma avaliação subjetiva a ser realizada por exame 
microscópio da amostra não diluída, em que se determina a porcentagem de espermatozoides com 
motilidade ativa.
A porcentagem e a qualidade da motilidade devem ser determinadas em cada campo e, então, 
registrar uma média desses resultados. É considerada normal uma motilidade mínima de 50 a 60%.
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OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS │ UNIDADE II
A classificação da motilidade divide-se em:
 » A = Motilidade progressiva linear rápida;
 » B = Motilidade progressiva linear lenta;
 » C = Não progressivos; e
 » D = Imóveis.
A soma de A+B deve ser superior a 50%. Quando o valor é menor do que 50%, testes de vitalidade 
devem ser feitos para sabermos se os espermatozoides parados estão vivos ou não. A varicocele pode 
causar uma alteração de motilidade.
Morfologia
A morfologia espermática (Figura 23) deve ser avaliada periodicamente ou quando o sêmen 
apresentar suspeita de alterações morfológicas. No exame são avaliadas e registradas as alterações 
presentes em cada estrutura, separadamente. Os defeitos podem ocorrer em um dos segmentos da 
célula espermática ou em mais de uma estrutura, simultaneamente.
A infertilidade também pode estar associada àqueles espermatozoides morfologicamente incapazes 
de fertilizar. Pode-se observar a presença de espermatozoides imaturos que, por sua vez, precisam 
ser distinguidos dos leucócitos; são mais esféricos se comparados aos maduros e podem ou não 
possui cauda. Quando as formas imaturas estiverem em grande quantidade significa alguma 
anormalidade, pois, geralmente, os espermatozoides já amadurecem dentro do epidídimo antes de 
sua liberação.
Frequentemente, são avaliadas no espermatozoide:
Figura 23 – morfologia Espermática Normal
Fonte: <http://procriacaomedicamenteassistida.blogspot.com.br/2011_12_01_archive.html>. acesso em: 29 set. 2012.
Existem, porém, alterações encontradas nos espermatozoides. Entre muitas, as mais encontradas 
são (Figura 24): 
 » Piriforme: cabeça em forma de gota, com a parte afinada voltada para a peça 
intermediária; 
 » Amorfos: caracterizados por apresentarem defeitos estruturais na cabeça de forma 
irregular; 
50
UNIDADE II │ OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
 » Vacuolizados; 
 » Bicefálico; 
 » Globócito; 
 » Defeito na peça intermediária; 
 » Bi e/ou Policaudal; 
 » Cauda curta ou Cauda dobrada; 
 » Cauda Enrolada; 
 » Macrocefálico; 
 » Microcefálico; 
 » Cabeça fusiforme; 
 » Cauda com grau maior que 90º; e 
 » Peça intermediária alongada.
Figura 24 – morfologias anormais
Fonte: <http://www.andrologiaonline.com.ar/guia-pacientes.htm>. acesso em: 29 set. 2012.
Viabilidade
Na análise de viabilidade, observa-se a quantidade, em porcentagem, de espermatozoides vivos e 
mortos (Figura 25).
Figura 25 – Espermatozoides vivos

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