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66 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III Unidade III 7 A DOUTRINA DA SUBSTÂNCIA SENSÍVEL: FORMA E MATÉRIA, ATO E POTÊNCIA Aristóteles, como visto, desconstrói a teoria platônica e apresenta a ideia de que o conhecimento se apoia nos cinco sentidos. Chauí (2002, p. 381) considera que, para fins didáticos, podemos tomar a Metafísica como base para o entendimento da teoria aristotélica – na verdade, deveríamos terminar por ela, mas, como o filósofo “afirma que a ordem que seguimos para adquirir o conhecimento não é a mesma que seguimos para fazer as demonstrações científicas”, não há problema em começar pela Metafísica. Mas o que exatamente significa Metafísica? Abbagnano apresenta o conceito desta forma: Ciência primeira, por ter como objeto o objeto de todas as outras ciências, e como princípio um princípio que condiciona a validade de todos os outros. Por essa pretensão de prioridade (que a define), a M. pressupõe uma situação cultural determinada, em que o saber já se organizou e dividiu em diversas ciências, relativamente independentes e capazes de exigir a determinação de suas inter-relações e sua integração com base num fundamento comum. […] A M., como foi entendida e projetada por Aristóteles, é a ciência primeira no sentido de fornecer a todas as outras o fundamento comum, ou seja, o objeto a que todas elas se referem e os princípios dos quais todas dependem. A M. implica, assim, uma enciclopédia das ciências, um inventário completo e exaustivo de todas as ciências, em suas relações de coordenação e subordinação, nas tarefas e nos limites atribuídos a cada uma, de modo definitivo. […] A M. apresentou-se ao longo da história sob três formas fundamentais diferentes: 1ª como Teologia; 2ª como Ontologia; 3ª como Gnosiologia (2003, p. 660-661, grifo nosso). Como podemos observar, a Filosofia, em especial a filosofia de Aristóteles, é bastante densa. Muitos conceitos precisam ser estudados, interpretados e principalmente contextualizados. Somente assim é possível compreender como o conhecimento ocorre. Vamos entender melhor o que significa filosofia primeira ou ciência primeira. 67 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA Abbagnano descreve as três formas fundamentais da Metafísica ao longo do tempo: 1ª O conceito de M. como Teologia consiste em reconhecer como objeto da M. o ser mais elevado e perfeito, do qual provêm todos os outros seres e coisas do mundo. O privilégio de prioridade atribuído à M. decorre, nesse caso, do caráter privilegiado do ser que é seu objeto: é o ser superior a todos e do qual todos os outros provêm. Na obra de Aristóteles esse conceito mescla-se com outro, de M. como Ontologia, que é a ciência do ser enquanto ser. Isso é expresso da seguinte forma por Aristóteles: “Se há algo de eterno, imóvel e separado, o conhecimento disso deve pertencer a uma ciência teorética, porém certamente não à Física (que se ocupa das coisas em movimento) nem à Matemática, mas sim a uma ciência que está antes de ambas. […] Somente a ciência primeira tem por objeto as coisas separadas e imóveis. Embora todas as causas primeiras sejam eternas, essas coisas são eternas de modo especial, porque são as causas daquilo a que, do divino, temos acesso. Consequentemente, há três ciências teoréticas: Matemática, Física e Teologia; já que o divino está em todos os lugares, está especialmente na natureza mais elevada, e a ciência mais elevada deve ter por objeto o ser mais elevado. […] Se não existissem outras substâncias além das físicas, a Física seria a ciência primeira; mas, se há uma substância imóvel, esta será a substância primeira, e sua filosofia a ciência primeira, e enquanto primeira também a mais universal, porque será a teoria do ser enquanto ser e daquilo que o ser enquanto ser é ou implica” (2003, p. 661-662). Aqui é possível notar que a Metafísica dá prioridade ao divino, prioridade esta que o ser divino tem sobre todas as outras formas ou modos de ser. Acompanhemos agora como Abbagnano apresenta a segunda forma fundamental da Metafísica: 2ª A segunda concepção fundamental é a da M. como Ontologia ou doutrina que estuda os caracteres fundamentais do ser: os que todo ser tem e não pode deixar de ter. As principais proposições da M. ontológica são as seguintes: 1ª Existem determinações necessárias do ser, ou seja, determinações que nenhuma forma ou maneira de ser pode deixar de ter. 2ª Tais determinações estão presentes em todas as formas e modos de ser particulares. 3ª Existem ciências que têm por objeto um modo de ser particular, isolado em virtude de princípios cabíveis. 4ª Deve existir uma ciência que tenha por objeto as determinações necessárias do ser, estas também reconhecíveis em virtude de um princípio cabível. 5ª Essa ciência precede todas as outras e é, por isso, ciência primeira, porquanto seu objeto está implícito nos objetos de todas as outras ciências e porquanto, consequentemente, seu princípio condiciona a validade de todos os outros princípios (2003, p. 662-663). 68 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III Nessa segunda fundamentação, inicia-se uma forma, digamos, mais madura de se relacionar com a Metafísica, o que Aristóteles demonstra em sua obra de mesmo título, nos livros 7, 8 e 9. Ali, ele apresenta a Metafísica como teoria da substância, ou seja, aquilo que um ser não pode deixar de ser, o que remete à essência necessária ou à necessidade de ser. Aristóteles entende que é impossível negar a substância, uma vez que ela é a essência de tudo, e afirma que a substância de cada coisa é a causa primeira do ser dessa coisa. Logo voltaremos a esse assunto (a substância). Antes, porém, vamos apresentar a terceira fundamentação do conceito de Metafísica, segundo Abbagnano: 3ª O terceiro conceito de M. como Gnosiologia é expresso por Kant. Na verdade, a origem desse conceito deve ser identificada na noção de filosofia primeira de Bacon: “Uma ciência universal, que seja mãe de todas as outras e que, no progresso das doutrinas, constitua a parte comum do caminho, antes que as sendas se separem e se desunam” (2003, p. 665). Como esse terceiro conceito se relaciona com a Filosofia moderna, ou seja, com a Filosofia posterior ao período em estudo nesta disciplina, não nos cabe aqui aprofundá-lo. Apenas indicamos que a Gnosiologia trata do conhecimento humano em geral, e não de um conhecimento específico, como a Astronomia. Agora, vamos considerar três distinções fundamentais no pensamento de Aristóteles sobre a construção do conhecimento, por meio de situações que ilustrem a rica contribuição que esse filósofo deu à humanidade: • substância – essência; • forma e matéria; • ato e potência. A substância é tudo aquilo que é em si mesmo; é o suporte dos atributos; é algo permanente no ser que sofre mudanças. Dito de outra forma: a substância é o que é inicialmente; cada ser que existe é uma substância. Imaginemos uma mulher chamada Maria: ela, como pessoa, tem determinadas características. A essência é o atributo principal para que Maria seja uma pessoa. Maria (substância) tem atributos essenciais que a fazem ser gente, que a fazem ser humana – a racionalidade, por exemplo, que é inerente ao ser humano. Sem a racionalidade, ela não é humana. Além de atributos essenciais, Maria também tem atributos acidentais, como ter 25 anos, ter cabelos e olhos castanhos e usar óculos. Note que nenhum desses atributos acidentais vai fazer que Maria não seja um ser humano, isto é, eles não mudam a essência.69 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA Da mesma maneira, um cachorro é uma substância e tem como características essenciais as quatro patas, o latido, a audição e o olfato acurados e o pelo. Ele também poderá ter características acidentais, como ter três patas (se tiver sofrido um acidente), ter um olho castanho e o outro azul e ser brincalhão. A substância não deixa a sua essência de cachorro (ele não deixa de ser cachorro para virar um macaco), embora tenha atributos acidentais. Figura 25 – Um cachorro com atributos acidentais Em outras palavras: “A substância é o suporte de predicados ou propriedades, é a essência conhecida pela definição por gênero e espécie, é princípio e causa dos seres” (CHAUÍ, 2002, p. 393). Aristóteles também utiliza os conceitos de forma e matéria, porque todo ser é constituído de uma e de outra, de maneira indissociável. Existem três princípios substanciais ou três tipos de substância. Aquela totalmente desprovida de propriedades ou atributos, totalmente indeterminada e da qual nada podemos dizer, é a matéria (hýle) pura. A matéria é a substância como hypokeímenon, isto é, como suporte, substrato ou sujeito capaz de receber determinações ou propriedades, justamente porque em si mesma e por si mesma ela não possui nenhuma. Aquela totalmente determinada, que possui eterna e imutavelmente as mesmas propriedades ou atributos, é a forma (eîdos) pura. A forma é a substância como essência e é ela que determina a matéria, dando-lhe propriedades ou atributos. E aquela, intermediária, que é um composto (sýnolon) de matéria e forma, é a substância primeira ou os indivíduos da natureza (CHAUÍ, 2002, p. 392). Matéria, então, é aquilo de que algo é feito, é o princípio de que o mundo é composto, e forma é aquilo que faz uma coisa ser o que é. Matéria é a causa material, e forma o que distingue a coisa. 70 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III Uma estátua, por exemplo, é feita de mármore, bronze ou ferro. Essas são as matérias de que uma estátua é feita. Figura 26 – Estátua de Penélope Forma é o princípio compreensível para uma coisa ser o que é – por exemplo, a forma de um pássaro. Dois pássaros podem ser de espécies diferentes, mas continuarão sendo pássaros. Ao observar um pássaro, é possível distingui-lo pela forma que ele apresenta. Veja os exemplos a seguir: Figura 27 – Fragata 71 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA Figura 28 – Gaivota O primeiro pássaro é uma fragata, e o segundo uma gaivota. Embora de espécies diferentes, ambos são pássaros, ou seja, eles têm uma mesma forma que nos permite identificá-los como tais. A forma, portanto, é a essência comum aos seres da mesma espécie, enquanto a matéria é do que os seres são feitos. Assim: substância = matéria + forma. Sabemos, porém, que as coisas mudam, e um ovo, por exemplo, pode se transformar numa galinha. A B Figura 29 – Um ovo pode se transformar numa galinha 72 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III Uma semente, por sua vez, pode se transformar num arbusto ou até numa árvore. Figura 30 – Uma semente pode se transformar numa árvore Por que as coisas mudam? Aristóteles tentou responder a essa pergunta da seguinte maneira: “Porque é da natureza da matéria alterar-se, mudando de forma. Assim, o princípio da mudança (do devir ou do movimento, kínesis) é a matéria. Por isso os seres compostos de matéria e forma mudam ou estão submetidos ao devir” (CHAUÍ, 2002, p. 395). Dumont traz outros esclarecimentos sobre os conceitos formulados por Aristóteles para explicar a construção do conhecimento: A matéria é o sujeito. O sujeito é aquilo do qual o resto se afirma, e que não é mais ele mesmo afirmado de uma outra coisa. Assim é sobre ele que convém fixar primeiramente a noção, considerando-se que, na opinião corrente, é o sujeito primeiro de uma coisa que constitui mais verdadeiramente sua substância (2004, p. 392-393). Esse sujeito primeiro, num sentido diz-se que é a matéria, noutro sentido que é a forma, e num terceiro sentido que é o composto da matéria e da forma. Por matéria, entende-se, por exemplo, o mármore (como na estátua de Penélope apresentada antes); por forma, a configuração; pelo composto das duas, ou seja, a estátua, o todo concreto. Se a forma é anterior à matéria, e se esta tem mais realidade que aquela, ela (a forma) é também, pela mesma razão, anterior ao composto da matéria e da forma. Aristóteles estabelece como sujeito primeiro a substância, substância que recebe os atributos que a determinam. Também é possível construir conhecimento a partir das aparências. Assim entende Aristóteles quando afirma que é pelos sentidos que se dá o conhecimento, contradizendo as ideias de Platão: O mundo sensível é acessível aos sentidos, mas, sendo o mundo da multiplicidade e do movimento, é ilusório, é sombra, é cópia do verdadeiro mundo. Acima dele, o mundo das ideias gerais e das essências imutáveis pode ser atingido 73 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA por meio da contemplação e da depuração dos enganos dos sentidos. O mundo dos sentidos é regido pela opinião, e o mundo das ideias pela ciência. Nosso espírito se eleva das coisas múltiplas e sensíveis para as ideias unas e imutáveis por meio de um movimento dialético, que consiste no vencer a crença nos dados do mundo sensível e na utilização sistemática do discurso para chegar à ordem da verdade. Portanto, para Platão, a dialética tem o efeito de remontar, de conceito em conceito, de proposição em proposição, até os conceitos mais gerais e os princípios primeiros. As ideias não são coisas: são regras, modelos, cujo uso correto é regido pelo bem; e o verdadeiro conhecimento é dar a razão de alguma coisa, ou seja, responder ao porquê. Não podemos deixar de reforçar que a filosofia platônica, como toda a filosofia grega, era essencialmente voltada para a prática, para a formação de cidadãos capazes de manter uma discussão pública, defendendo suas ideias. Por isso, conhecimento e política tinham ligação estreita. A fim de conceber um projeto de modificação política para a cidade, era preciso conhecer o mundo, descobrir e descrever novos modos de o ser humano se relacionar com esse mundo (ARANHA; MARTINS, 2005, p. 108, grifo nosso). Lembrete Para Aristóteles, o conhecimento é construído a partir dos sentidos, do mundo sensível. Para Platão, no entanto, o verdadeiro conhecimento residiria no mundo das ideias, no mundo inteligível. Segundo Aristóteles, existem quatro causas básicas para a formação do ser: • Causa material: a matéria de que o ser é feito – por exemplo, a madeira usada na fabricação de uma mesa. Figura 31 – Mesa de madeira 74 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III • Causa formal: como o ser se apresenta, quais as características que fazem que eu identifique aquele ser como uma mesa. Figura 32 – O tampo, o formato e os pés permitem identificar este objeto como uma mesa • Causa motor ou causa eficiente: o que deu origem a esse ser (para Aristóteles, uma coisa sempre gera outra coisa), o que transformou potência em ato. Figura 33 – A madeira gerou a mesa, ou seja, uma coisa gerououtra coisa 75 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA • Causa final: a finalidade do ser – a mesa pode ter como causa final apoiar livros, pratos etc. Figura 34 – A causa final da mesa pode ser apoiar copos, pratos e talheres Sabemos, por observação e experiência, que uma matéria não pode receber qualquer forma. Ela só recebe efetivamente determinada forma. Por exemplo, uma mesa não vira água ou ar ou peixe. Outro ponto é que os seres mudam regular e constantemente, como vimos no caso do ovo e da galinha. A causa motor ou causa eficiente é o instrumento para a mudança, mas não a causa. Temos aqui um problema filosófico, o do movimento, apontado por Heráclito e Parmênides. Para o primeiro, todas as coisas sofrem mudanças constantes, porque tudo flui. Já para o segundo, as coisas são imutáveis e indivisíveis. Aristóteles afirma que o ser é o que existe em ato e também o que existe em potência, isto é, o ser tem determinadas características dependendo do momento. O filósofo utiliza os conceitos de ato e potência para explicar esse processo, abordado profundamente no livro 9 da Metafísica. Todo ser muda porque aspira à perfeição, porque precisa vivenciar a sua essência. Podemos perceber as noções de ato e potência de outra maneira. O ato é a essência do ser aqui e agora, o que ele é no momento presente; o ato é concreto, tem uma existência real. A potência, por outro lado, é o que ele pode vir a tornar-se, o que ele pode vir a ser. É através do ato e da potência que Aristóteles explica a mudança das coisas, a mudança dos seres. Acompanhemos o que diz Abbagnano sobre esses conceitos: ATO. Esse termo tem dois significados: 1º de ação, no sentido restrito e específico dessa palavra, como operação que emana do homem ou de um poder específico dele. Dizemos, com efeito, A. voluntário, A. responsável, A. 76 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III do intelecto, A. moral etc., mas não dizemos A. dos ácidos sobre os metais; nesse caso, usamos a palavra ação. 2º de realidade que se realizou ou se vai realizando, do ser que alcançou ou está alcançando sua forma plena e final, em contraposição com o que é simplesmente potencial ou possível. No segundo sentido, essa palavra faz referência explicita à metafísica de Aristóteles e à sua distinção entre potência e ato. O A. é a própria existência do objeto: está para a potência “assim como construir está para saber construir, como estar acordado está para dormir, como olhar está para estar de olhos fechados podendo enxergar, e assim como o objeto extraído da matéria e elaborado à perfeição está para a matéria bruta e para o objeto ainda não acabado” […]. Alguns A. são movimentos, outros são ações: são ações os movimentos que têm fim em si mesmos, p. ex.: ver, entender ou pensar, ao passo que aprender, caminhar, construir têm finalidade fora de si mesmos, na coisa que se aprende, no ponto a que se quer chegar, no objeto que se constrói. A ação perfeita, que tem seu fim em si mesma, é chamada por Aristóteles A. final ou enteléquia. Enquanto o movimento é o processo que leva gradualmente ao A. o que antes estava em potência, a enteléquia é o termo final (télos) do movimento, a sua perfeita realização. Como tal é também a realização completa, portanto, a forma perfeita do que vem a ser, a espécie e a substância (2003, p. 90-91, grifo nosso). De acordo com os apontamentos de Abbagnano (2003), podemos compreender que o ato, para Aristóteles, precede a potência, tanto em relação ao tempo quanto em relação à substância. Embora a semente venha antes da planta, na realidade ela só pode provir de outra planta. Portanto, a planta vem antes da semente. Aquilo que no devir é último é substancialmente primeiro. Logo, a galinha é anterior ao ovo. A causa final, por sua vez, é a finalidade de uma coisa ou de um ser, o seu fim. Está presente aqui não a concepção de acabar, mas de alcançar o almejado. Lembrete Aristóteles resume as causas em: material, formal, eficiente e final. Três teoremas fundamentais esclarecem a teoria aristotélica da causa, conforme indica Abbagnano: São: 1º a contemporaneidade da causa atual e de seu efeito, como, p. ex., da ação construtora do arquiteto e da casa; essa contemporaneidade não se verifica na causa potencial; 2º a hierarquia das causas, pela qual é preciso procurar sempre a causa mais alta: p. ex., o homem constrói porque é construtor, mas é construtor pela arte de construir; essa arte é por isso a causa mais alta; 3º a homogeneidade da causa e do efeito, pela qual os 77 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA gêneros são causa dos gêneros, as coisas particulares das coisas particulares, o escultor da estátua, as coisas atuais das coisas atuais, as coisas possíveis das coisas possíveis. […] Mas a advertência fundamental é que as quatro causas não estão no mesmo plano: há uma causa primeira e fundamental, um porquê privilegiado, que é dado pela essência racional da coisa, pela substância. […] A substância é a essência necessária, eternamente atual, princípio de realidade, portanto também do devir enquanto passagem da potência ao ato. Da substância depende a necessidade causal. “Nas coisas artificiais”, diz Aristóteles, “sendo a causa essa tal coisa, é preciso, necessariamente, que essas outras coisas sejam feitas ou existam. Assim também na natureza, se o homem é isto, fará estas coisas, e se faz estas coisas, acontecer-lhe-ão outras”. […] Em outros termos, a necessidade pela qual uma causa qualquer (das que Aristóteles distingue) age é a própria necessidade pela qual uma substância (p. ex., o homem como animal racional) é o que é. A necessidade causal é, portanto, a própria necessidade do ser enquanto ser, do ser substancial: a necessidade pela qual o que é não pode ser diferente do que é. A essa necessidade escapa somente o que é acidental ou casual. A doutrina de Aristóteles demonstra a estreita conexão entre a noção de causa e a de substância. A causa é o princípio da inteligibilidade porque compreender a causa significa compreender a organização interna de uma substância, isto é, a razão pela qual uma substância qualquer (p. ex., o homem, Deus ou a pedra) é o que é e não pode ser ou agir diferentemente. P. ex., se o homem é animal racional, o que ele é ou faz depende da sua substância assim definida, que opera como força irresistível para produzir as determinações do seu ser e do seu agir (2003, p. 125, grifo nosso). Saiba mais A obra de Abbagnano é um ótimo material de consulta, tanto no que se refere aos conceitos aqui estudados quanto no que diz respeito aos demais temas de Filosofia: ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. Tradução Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2003. Uma vez que, segundo Aristóteles, existem quatro causas fundamentais para estabelecer o ser enquanto ser, quatro perguntas precisam ser respondidas para que se possa racionalizar e estabelecer o conhecimento. Vamos apresentar essas perguntas tomando como exemplo o chocolate. 78 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III 1ª) Do que é feito? Do que é feito o chocolate? Resposta: o chocolate é feito da fruta do cacau. Figura 35 – A fruta do cacau 2ª) Como é feito? Como é feito o chocolate? Resposta: o chocolate é feito por meio de um processo industrial. Figura 36 – Fábrica de chocolate 79 FI LO - R ev isã o: R icar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA 3ª) Qual é a sua forma? Qual é a forma do chocolate? Resposta: ele pode ter várias formas. Na figura a seguir, a forma é arredondada. Figura 37 – Forma do chocolate 4ª) Para que serve? Para que serve o chocolate? Resposta: serve para a alimentação. Figura 38 – Bolo de chocolate A noção de construção do conhecimento de Aristóteles, portanto, difere da de Platão e da de outros filósofos. Vejamos o que diz João Francisco Cabral acerca das ideias aristotélicas. 80 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III Graus do conhecimento e as divisões da ciência segundo Aristóteles “Todos os homens, por natureza, aspiram ao saber. Sinal disso é a estima dos sentidos. Pois, mesmo à parte sua utilidade, são estimados por si mesmos.” Com essa célebre frase, Aristóteles inicia sua Metafísica. Significa dizer que todo homem nasce/existe com a finalidade de conhecer. E esse processo se inicia com os sentidos (audição e visão sendo os mais aguçados). Conforme o estagirita (Aristóteles nasceu em Estagira), existem cinco níveis ou graus de conhecimento e o primeiro deles é a sensação. Da sensação, surge a memória, tornando melhores do que os outros os seres que podem se lembrar, pois, por engendrarem memória, podem aprender. Nos seres capazes de se lembrar das sensações é possível desenvolver a experiência. Até esse nível, muitos animais, como a abelha e o cão, conseguem participar. No entanto, o homem é capaz de ir além da experiência e viver, também, arte e ciência. Entretanto, ainda segundo Aristóteles, da memória forma-se experiência nos homens. Isso porque as muitas lembranças de uma mesma coisa desembocam na experiência. Da mesma forma, nascem a arte e a ciência da experiência. A arte (que para os gregos é uma técnica, um saber fazer) surge das várias reflexões a partir da experiência, entendida como uma análise das semelhanças entre as coisas que geram uma noção básica universal (a experiência é conhecimento dos singulares; a arte, dos universais). Por exemplo, entre o obreiro (pedreiro) e o mestre de obras (engenheiro), este sabe mais que aquele, isto é, o pedreiro executa seu trabalho perfeitamente, pois é habituado aos casos particulares, conhecendo o que é sua função; já o engenheiro sabe por que é e por isso se destaca no campo da sabedoria. Aristóteles considera que as sensações não são sabedoria, e sim o mais decisivo conhecimento de objetos singulares, mas não dizem o porquê de nada (sabem que o fogo é quente, entretanto, não por que o fogo é quente) e, dessa forma, não podem instruir. Todavia, a arte é uma técnica voltada para a produção de coisas e entretenimento, ou seja, visa a uma utilidade. E ela é o conhecimento das causas que produzem as coisas. Já a ciência é um caso mais complexo. Para Aristóteles, as ciências são a busca das causas e princípios primeiros da realidade com um fim em si mesma. Isso significa que o homem busca esse tipo de saber para aperfeiçoar seu raciocínio e sua alma, não para algum fim ou com utilidade (em vista de). É a busca do universal. Vejamos, então, como Aristóteles classificas as ciências: • Ciências produtivas: que visam à fabricação de algum utensílio (p. ex.: sapatos, roupas, vasos etc.); • Ciências práticas: que usam o saber para uma ação ou com a finalidade moral (Ética e Política); 81 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA • Ciências teoréticas: que buscam o saber pelo saber, independentemente de um fim ou de uma utilidade (Metafísica, Física, Matemática e Psicologia). Portanto, Aristóteles cria um método diferente para classificar os seres. É a partir da sistematização e da hierarquização que se pode buscar compreender do particular ao universal, elevando a sabedoria e realizando a função específica dada pela natureza ao homem, como ser racional, que é conhecer. Fonte: Cabral (s.d.). Assim, como já mencionado, o conhecimento, para Aristóteles, também pode formar-se com base na experiência. Pensemos no caso de um pedreiro e de um engenheiro: enquanto o primeiro executa o trabalho a partir da experiência, o segundo sabe o porquê do que faz. Figura 39 – Um pedreiro trabalhando Figura 40 – Um engenheiro estabelece, por exemplo, as medidas de uma parede e os materiais que devem ser usados para a construção dela 82 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III Para Aristóteles, o mundo precisa ser observado, sentido, para que se possa formular uma ordenação no pensamento, a fim de obter conhecimento. De maneira ampla, o processo seria: Desenvolver os sentidos Pensar e ordenar o mundo Obter conhecimento Figura 41 Assim, o inato seria a nossa capacidade de raciocinar, de pensar sobre algo, de fazer elucubrações, de refletir sobre a matéria, percebida através dos sentidos, e não as ideias, como afirmava Platão. 8 A TEOLOGIA ARISTOTÉLICA: O PRIMEIRO MOTOR Para começar este capítulo, vamos entender o que significa o termo teologia na concepção de Aristóteles. Abbagnano apresenta as seguintes definições para esse termo: TEOLOGIA. Em geral, qualquer estudo, discurso ou pregação que trate de Deus ou das coisas divinas. […] Em sentido mais especificamente histórico- filosófico, é possível distinguir: 1º T. metafísica; 2º T. natural; 3º T. revelada; 4º T. negativa. 1º Aristóteles chamou sua ciência primeira, a Metafísica, de T.: entendeu-a ao mesmo tempo como ciência do ser enquanto ser (ou seja, da substância) e como ciência da substância eterna, imóvel e separada (ou seja, de Deus). […] 2º O segundo conceito de T. é, portanto, o de T. natural, que distingue do anterior só pelo fato de compreender uma parte da Metafísica, e não a sua totalidade; mais precisamente a parte que tem por objeto as coisas divinas. […] 3º A T. revelada ou sagrada extrai seus princípios da revelação. A primeira formulação explícita desse conceito é, provavelmente, tomista: S. Tomás afirma que a “sagrada doutrina é ciência porque parte de princípios conhecidos através da luz de uma ciência superior, que é a ciência de Deus e dos bem-aventurados”. […] 4º O conceito de T. negativa surgiu e propagou-se no misticismo. A distinção entre T. positiva ou afirmativa (que parte de Deus em direção ao finito por meio da determinação dos atributos ou nomes de Deus) e T. negativa (que parte do finito em direção a Deus e o considera acima de todos os predicados ou nomes com os quais possa ser designado) encontra-se nos tratados do Pseudo-Dionísio, o Areopagita, mas sua fonte está nos textos neoplatônicos, 83 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA para os quais Deus está acima de todas as determinações finitas e do próprio ser (2003, p. 949-950, grifo nosso). Aqui, trabalharemos com o primeiro conceito, ou seja, o que utiliza a Teologia como Metafísica. Antes, ao tratar da doutrina da substância sensível, falamos das quatro causas que Aristóteles considera necessárias para a formação do conhecimento. Para ele, essas quatro causas agem de maneira conjunta. Vimos isso, por exemplo, em relação a ato e potência. Os conceitos de ato e potência nos ajudam a entender o que Aristóteles considera como Primeiro Motor. Chauí aponta: A forma de um ser é ato ou atualidade; é a enérgeia, a essência da coisa tal como ela é aqui e agora. A matéria de um ser é a potênciaou potencialidade, a dýnamis, a aptidão ou a capacidade da coisa para o que ela pode vir a ser no tempo. Quando uma matéria recebe uma forma, não a recebe inteiramente pronta, acabada, atualizada, mas a recebe como uma possibilidade, como uma potencialidade que deve ser atualizada (2002, p. 397). Segundo Chauí, a matéria, ao receber uma forma, não está totalmente pronta. Isso equivale a dizer que depende de algo para deixá-la pronta, e esse algo nada mais é do que um movimento que impulsione a causa final. O exemplo, a seguir, ilustra esse movimento: Quando o macho e a fêmea se unem, surge na matéria a forma do feto, que é o ser humano em potência; essa potência deverá ser atualizada no tempo pela dýnamis da matéria do feto, realizando inteiramente a forma que estava potencialmente contida em sua matéria. A criança é um ser humano em ato e que, em potência, é jovem; o jovem é um ser humano em ato e que, em potência, é adulto. Cada ser surge, portanto, com a forma atual (o que esse ser é) e com a forma acabada ou completa potencialmente contida na matéria (o que esse ser poderá ou deverá ser). A unidade da causa formal e da causa material é realizada pela causa eficiente, à qual cabe atualizar a forma potencialmente contida na matéria, de tal modo que um ser não muda de forma, mas passa da forma em estado menos perfeito ou acabado para a forma em estado mais perfeito ou acabado. A matéria, como suporte, é passiva: recebe a forma atual e a potencial e é “puxada” pela final para atualizar a potencialidade, graças às operações da causa eficiente (CHAUÍ, 2002, p. 397). 84 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III Figura 42 – Um homem e uma mulher que, após a união sexual (ou após algum procedimento artificial), geraram um feto Figura 43 – Uma criança e um adulto. O tempo transformará a criança em adulto por meio do movimento Chauí prossegue em sua explicação: Isso significa, em primeiro lugar, que para a matéria a causa final é o movimento (pois é ele que atualiza uma potência e é vista dessa atualização que a matéria se move ou é movida pela causa eficiente); e, em segundo, que para o movimento a causa final é a forma (pois é esta que completa o movimento e é em vista dessa completude que ele se realiza). O movimento é, portanto, causa final da causa material e a causa formal é a causa final do movimento (2002, p. 397-398, grifo nosso). 85 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA Para Aristóteles, então, a ação das quatro causas se realiza de maneira conjunta – nos seres naturais, nas ações humanas, nas coisas artificiais e até mesmo nos produtos da técnica. Chauí complementa: Por exemplo, na Física, Aristóteles diz que “o animal vem do animal por intermédio da semente”, de modo que a causa material é o corpo da mãe, a causa formal o corpo do pai, a causa eficiente os movimentos do corpo do macho sobre o da fêmea, e a causa final o novo animal contido em potência na semente, que é a forma atual do futuro animal. Na Ética, afirma que um homem se torna virtuoso atualizando seu éthos (seu caráter) por meio da vontade racional e do hábito, que são as causas eficientes da ação moral. Na poíesis, diz Aristóteles, “a casa vem da casa por meio do artífice”, isto é, o artífice é a causa eficiente do artefato, de tal modo que a casa (a forma da habitação) vem da casa (o projeto no intelecto do artesão) pela ação do pedreiro como agente que atualiza na matéria a forma da casa ou fabrica a casa dando forma à matéria. Assim também o bronze é um metal em ato que contém em potência a estátua (é causa material da estátua); a estátua é, em ato, a forma (ou causa formal) que o escultor impôs à matéria e que esta, em potência, podia receber; o escultor é a causa eficiente da estátua cuja causa final será a função que seus usuários lhe atribuirão. Poderemos compreender melhor o que diz Aristóteles se regressarmos ao que dissemos sobre a medicina grega, na qual a causa final é a saúde, a causa eficiente o médico, a causa material o corpo doente que potencialmente contém a saúde, e a causa formal a natureza do paciente (2002, p. 398). Observação Poíesis refere-se a uma prática na qual o agente e o resultado da ação estão separados ou são de natureza diferente. Relaciona-se à ideia de trabalho como fabricação, construção, composição. Por meio do ato e da potência, o mundo todo tem um movimento. Os seres são ou estão e têm potências diversas, várias possibilidades de vir a ser. ATO POTÊNCIA = MOVIMENTO Figura 44 As figuras a seguir ilustram o que Aristóteles diz sobre a semente ter a potência, o potencial, de se transformar em árvore: 86 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III Figura 45 – Semente de abacate Figura 46 – Abacateiro Esse movimento é o motor, e para Aristóteles existe o Primeiro Motor, o motor imóvel. No livro 12 da Metafísica, ele apresenta algumas características desse motor imóvel: • inteligência suprema; • suma bondade; • imaterial; • pensamento do pensamento em si; • pensamento puro e, portanto, força; • força que não pode agir ou querer; • puro prazer, porque está em contemplação eterna. 87 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA Vamos entender melhor o que significa o Primeiro Motor. Considerando que a Filosofia antiga tem na natureza a explicação de tudo, para Aristóteles o conjunto do universo físico estaria dividido em duas regiões distintas: a sublunar e a supralunar. Sobre essa divisão, Pessanha comenta: A sublunar, constituída pelos quatro elementos herdados da cosmologia de Empédocles – a água, o ar, a terra e o fogo – e caracterizada por movimentos retilíneos e descontínuos; e a supralunar, constituída por uma “quinta essência”, o éter, e caracterizada por movimentos circulares e contínuos. Cada um dos elementos do mundo sublunar teria seu lugar natural e, forçado a abandoná-lo sob a ação de um agente, executa um movimento violento, que cessa ao cessar a interferência daquele motor: retirado do lugar que, por sua natureza, lhe está reservado, o corpo tende a voltar a seu lugar natural (jogada para o alto – movimento violento – a pedra tende naturalmente a cair, cessado o efeito da força que a impulsionou) (1983, p. 25). Figura 47 – O universo em movimento Pessanha continua sua explicação tomando como base os filósofos pré-socráticos, dos quais tratamos anteriormente: Como já afirmavam os pitagóricos, o mundo supralunar estaria constituído por uma sucessão de esferas, cada qual movimentando-se em função da esfera imediatamente superior, que atua como motor. Essa sucessão de motores-móveis terminaria – já que o universo seria finito – num primeiro motor, este imóvel (para ser o primeiro), e que Aristóteles chama de Deus. Ato puro, pois do contrário se moveria, o Deus aristotélico paira acima do universo, movendo-o como causa final: “como o amado atrai o amante”. 88 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III Não cria o universo, que é eterno, nem sequer o conhece: conhecer algo fora de si implicaria atualização de uma potência e, portanto, imperfeição e incompletitude. Incorpóreo, pura forma – a matéria é a sede das potências –, esse primeiro motor imóvel existiria como pensamento autocontemplativo: como “um pensamento que se pensa a si mesmo”(1983, p. 25-26). Todo movimento tem três características: • é ato de um motor, ou seja, é movido por algo; • é ato do movido, ou seja, daquele que está em movimento; • tem tendência ao fim. Qual é a causa primeira do movimento? Aristóteles demonstra que é pela experiência do vir a ser, do movimento, que percebemos que, para existir o movimento, é absolutamente necessário haver um motor imóvel, um motor em ato – para haver movimento precisamos ser movidos por algo. Logo, é necessário haver um primeiro motor imóvel, extratemporal, que move sem ser movido. Dessa maneira, Deus é ato puro e tem por objetivo a perfeição (a própria). De Deus depende toda a ordem do mundo, embora, para Aristóteles, ele não seja o criador. Abbagnano assinala: Na concepção aristotélica, a distinção entre matéria e ato determina a ordenação hierárquica de toda a realidade, que vai de um limite inferior extremo, que é a matéria-prima, pura potencialidade indeterminada, até Deus, que é puro ato, sem mescla de potencialidade. Deus é o Primeiro Motor imóvel dos céus; e, como o movimento dos céus é contínuo, seu motor não só deve ser eternamente ativo, mas deve ser, por natureza, atividade, absolutamente desprovido de potência. E, como a potência é matéria, ele é também desprovido de matéria, ato puro […]. A noção de ato puro continuou sendo fundamental para a elaboração da ideia de Deus no pensamento ocidental. A ela recorrem modernas filosofias do ato, como a de Gentile, que pretende realizar a rigorosa e total imanência de toda a realidade no sujeito pensante, isto é, no pensamento em ato […], ou a de Louis Lavelle, na qual Deus é definido como ato participante e a existência do homem como ato participado) (2003, p. 91). 89 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA Observação Giovanni Gentile (1875-1944) foi um filósofo italiano. Louis Lavelle (1883-1951) foi um filósofo francês. Ambos valeram-se das ideias de Aristóteles sobre Deus como Primeiro Motor imóvel para formar suas respectivas teorias. Segundo Chauí: O deus é, portanto, a causa final, o télos do mundo, movendo-o à distância, de longe. O Primeiro Motor imóvel age à distância. Isso significa que ele não estabelece nenhum contato direto com o mundo celeste e com o mundo sublunar, porque somente a causa eficiente é que, para operar, precisa estar em contato direto com aquilo sobre o que ela opera – em outras palavras, o deus não cria o mundo, não gera o mundo, nem fabrica o mundo, pois não é causa eficiente, e sim causa final que age à distância. Como fim é algo desejável, algo a que um ser aspira, algo a que um ser tende ou se inclina, procura cegamente, segundo a necessidade natural, ou racionalmente, segundo a deliberação da vontade. O Primeiro Motor, sendo imóvel e ato puro, nada deseja, pois nada lhe falta – ou como dizem os antigos e repete Aristóteles: só o deus é feliz –, mas é desejado por todos os seres do universo que se fatigam e se esforçam no movimento. Aristóteles diz que o divino é o desejável (2002, p. 404-405). O divino, o ato puro, não pode ser movido por nada, porque, caso se movesse, seria imperfeito e incompleto. É pela Filosofia, portanto, que imitamos o divino, através do pensamento e das infinitas possibilidades do conhecimento. Chauí apresenta alguns motivos para explicar essa afirmação: Em primeiro lugar, porque nela [na Filosofia] o ser humano atualiza sua forma – é um ser primordialmente racional, inteligente e que, como lemos na abertura da Metafísica, “deseja por natureza conhecer”. O conhecimento é sua natureza, sua forma. Em segundo, porque na Filosofia a ideia aristotélica de atividade aparece com plenitude. De fato, Aristóteles distingue movimento e atividade – o primeiro se faz em vista de um fim e é sempre sinal de uma imperfeição, porque é passagem de alguma coisa a algo outro ou ao que ela ainda não era, mas a atividade é seu fim em si mesma e sinal de uma perfeição alcançada ou de uma identidade. Ora, na atividade do conhecimento (seja na percepção sensorial, seja no saber intelectual) não há uma passagem a algo diverso (a não ser no caso do aprendizado, em que é diferente fazer o movimento de aprender e completá-lo, isto é, 90 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 Unidade III entre estar aprendendo e ter aprendido), mas há identidade e continuidade do mesmo ato. Ou, como diz o filósofo, quem vê é o mesmo que viu, quem pensa é o mesmo que pensou. Essa identidade e continuidade própria do conhecimento é a maior possível na contemplação ou na teoria, quando não há distância entre o ato e o fim realizado por ele, e por isso a Filosofia é o que nos torna mais semelhantes ao divino. Em terceiro lugar, porque para Aristóteles (que, nesse aspecto, é um perfeito discípulo de Platão e Sócrates) a qualidade de nosso pensamento depende dos objetos que estamos pensando e, portanto, um pensamento que pensa ideias puras está pensando formas puras ou imutáveis, acabadas, perfeitas, imperecíveis, seu pensamento possuindo as mesmas qualidades de seu objeto. Em quarto, porque as ideias verdadeiras, sendo universais e necessárias, possuem a identidade e a imutabilidade do que é plenamente atual (2002, p. 407-408, grifo nosso). Saiba mais Recomendamos a leitura integral do capítulo 5, dedicado a Aristóteles, do livro: CHAUÍ, M. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. Figura 48 – O Pensador, de Rodin 91 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 NOME DA DISCIPLINA Resumo Nesta unidade, vimos que Aristóteles se preocupa fundamentalmente com as causas para chegar ao conhecimento. Os sentidos do ser enquanto ser partem da observação e das sensações causadas em nossos sentidos, nos quais todo o processo do conhecimento tem início. A doutrina da substância sensível mostra que tudo é em si mesmo – a substância é aquilo que é permanente no ser que sofre mudanças; a substância é o que é inicialmente. A essência é o atributo principal para que o ser possa ser. Além dos atributos essenciais, o ser tem atributos acidentais. Matéria é do que o ser é feito, e forma é o que faz a coisa ser o que é. Matéria, portanto, é a causa material, e forma é o que distingue a coisa. A substância segue a fórmula: substância = matéria + forma. Vimos também as quatro causas básicas: material, formal, motor e final, ou seja, do que algo é feito, como é feito, qual é a sua forma e para que é feito. Ato e potência nos trazem o movimento. Tudo o que é ou está tem potenciais, tudo o que existe pode se transformar em outras coisas, em outros seres. O ato semente tem a potência de se transformar em árvore. Aristóteles demonstra que é pela experiência do vir a ser, do movimento, que percebemos que, para existir o movimento, é absolutamente necessário haver um motor imóvel, um motor em ato – o Primeiro Motor, Deus. Deus é ato puro e tem por objetivo a perfeição. De Deus depende toda a ordem do mundo, embora, para Aristóteles, ele não seja o criador. 92 FI LO - R ev isã o: R ic ar do - D ia gr am aç ão : F ab io - 1 6/ 11 /2 01 7 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 800PX-UWASOCRATES_GOBEIRNE.JPG. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/thumb/8/84/UWASocrates_gobeirne.jpg/800px-UWASocrates_gobeirne.jpg>. 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