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TRABALHO DE DIREITO FINANCEIRO UNESP

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Renúncia de Receita: Artigo 14 LRF
O Estado tem como função e dever prestar serviços públicos, pagar seus funcionários, suas dívidas, entre outros. Não obstante, para realizar isso é necessário recurso financeiro, os quais são provenientes, principalmente, de receitas tributárias. Desse modo, a renúncia de receita é exceção, e tem que ser realizada com responsabilidade, não apenas servindo para fins eleitoreiros, e, sim, diante de crises econômicas, políticas, desastres ou para fomentar determinado setor. Nesse diapasão, será analisado o Art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei 101/2001.
Esse artigo disciplina a renúncia de receita, ou seja, quando a Administração pública deixa de angariar recursos financeiros ou creditícios para os cofres públicos. Quanto a natureza do crédito, temos as receitas tributária: aquelas que se encaixam no conceito de tributo: Prestação pecuniária, compulsória, estabelecida por meio de lei ou instrumento equivalente, não constituindo sanção por ato ilícito, e, vinculada a atividade administrativa do Estado e receitas não tributárias, por exemplo a exoneração concedida a determinados cidadãos de pagar por determinados serviços públicos prestados. (Piscitelli, 2015, p.73)
Nessa esteira, nos dizeres do parágrafo primeiro, a renúncia, que sempre se dará por lei, porque pelo próprio princípio da simetria é por lei que cria, majora ou reduz carga tributária, e também será por lei sua redução, compreenderá os seguintes benefícios fiscais: 
 Exclusão do crédito tributário, cujo significado é obstar a constituição do crédito tributário, ou seja, ocorre o fato gerador, existe a obrigação principal, porém não há lançamento tributário. Cujas modalidades são: Isenção em caráter não geral, que é a Dispensa legal de pagar o tributo devido, e, de acordo com o Código Tributário Nacional, CTN, salvo determinação contrária, não é extensível as taxas e contribuições, uma vez que são tributos retributivos (fatos geradores vinculados a uma atividade inerente ao contribuinte), o que os diferenciam dos impostos, cujo caráter não retributivo. Não geral é quando a lei limita o escopo dos beneficiários, tendo que cumprir determinados requisitos. Anistia é o perdão, por meio de lei, das infrações, multas tributárias, apesar de não ser tributo, possuem natureza tributária, logo, constituem obrigação principal, que é o pagamento para os entes estatais. (Alexandre, 2017, p.572)
Extinção do Crédito Tributário: Ocorre o fato gerador, portanto surge a obrigação principal e há o lançamento tributário, o qual constitui o crédito, contudo, por algum motivo amparado na lei, essa prestação é extinta. Na lei 101/2000, menciona-se apenas a espécie remissão: É a dispensa sem ônus da dívida tributária, pelo credor em prol do devedor, que abrange tanto o tributo quanto a multa tributária. (Alexandre, 2017, p.573)
Crédito Presumido: Alguns tributos têm sua incidência em mais de uma fase da cadeia produtiva, por exemplo, a fábrica vende ao atacadista, Fase 1, esse vende ao varejista, fase 2, que por sua vez vende para o consumidor final, fase 3. Vamos supor que nessas três fases há incidência do ICMS- Imposto sobre a circulação de mercadorias e prestação de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação, mas, para não evitar a incidência pelo valor total da mercadoria cobrado na etapa seguinte, a própria constituição federal obriga a descontar o que já foi cobrado, o que implica a cobrança apenas do valor agregado da etapa subsequente, o que diminui o custo produtivo, salvo exceções. Então, em algumas situações o proveito desse crédito não seria permitido, porém o legislador concede, o que acarreta um benefício fiscal, pois pagará menos tributo. (Alexandre, 2017, p.574)
Redução da alíquota ou da Base de cálculo: Para definir materialmente o tributo, é imprescindível definir o montante (base de cálculo) sobre o qual incidirá um determinada percentual (alíquota). Destarte, uma mercadoria que é vendida por R$ 100,00, deveria ter esse valor como a base de cálculo que incidirá o ICMS, contudo, o poder público estadual, por meio de lei, decide que o montante será de R$ 50,00, reduzindo pela metade a monta e, por conseguinte, o contribuinte pagará menos tributo. Em relação as alíquotas, vamos supor que o IPI- Imposto sobre Produtos Industrializados, tenha a alíquota de 10% (dez por cento), mas, o setor automobilístico está passando por uma grave crise, e para não gerar demissões, a União diminua esse índice para 3% (três por cento), logo, o ônus tributário será menor. (Alexandre, 2017, p.575)
À vista disso, para que o ato legal da renúncia se torne autorizado e na conformidade dos ditames legais, sua concessão está condicionada ao cumprimento de alguns requisitos, sem os quais, o ato se tornará nulo, sem efeito, consoante o dispositivo legal:
Esteja acompanhado de uma estimativa do impacto orçamentário-financeiro da perda da receita, no exercício que entrar em vigor e nos dois subsequentes;
Atenda ao dispositivo da LDO e, ademais, a pelo menos uma das condições:
O proponente deve demonstrar que houve a consideração da renúncia na estimativa da receita presente na LOA e que a renúncia não afetará as metas dos resultados fiscais previstos na LDO; ou
Deverá estar acompanhada de medidas de compensação, também pelo período de três anos, as quais deverão se operar pelo aumento de receita decorrente do aumento da carga tributária.
Primeiramente, em relação ao inciso I), estimativa do impacto orçamentário-financeiro, a finalidade é comprovar que a não arrecadação de determinada monta de receitas não causará impacto negativo ao orçamento e as contas públicas. É patente que haverá uma redução (aritmética inclusive), todavia, motivos econômicos e políticos podem superar essa perda. (Piscitelli, 2015, p.73)
Outrossim, a redução financeira a ser evidenciada, deverá considerar um intervalo temporal, o qual não considere apenas o exercício da renúncia, mas os dois subsequentes, com o intuito de obter dados mais precisos, menos oscilantes, sobre o impacto dessa ausência financeira na estrutura orçamentária. (Piscitelli, 2015, p.74)
Em complemento, não é prescindível nos esquivar da LDO. Essa regra tem um caráter muito genérico e tem como escopo garantir que as metas e objetivos da Administração pública sejam cumpridos para o exercício seguinte, malgrado houve a renúncia de receita, isto é, a contenção na arrecadação não sucederá na falta de possibilidade de cumprir a matéria prescrita na referida lei orçamentária, em paralelo, é provável concluir que a observância à LOA, também, mostra a utilidade de evidenciar que a redução na arrecadação não vai afetar os dispositivos elencados tanto a LOA quanto a LDO. (Piscitelli, 2015, p.74)
Portanto, os dois requisitos explanados anteriormente são de natureza obrigatória para a legalidade da renúncia de receita, devendo ser seguidos pelo administrador público, conquanto, o legislador também determina duas outras condições, e, pelo menos uma deverá ser cumprida, cujo critério será ditado pelo ordenador da renúncia. (Piscitelli, 2015, p.75)
Uma delas é demonstrar que a renúncia está disposta na LOA, no momento da estimativa de receitas e, em adição, não haverá agravo às metas estabelecidas no Anexo de Metas fiscais, integrante da LDO. Em princípio, o que almeja é a garantia que a receita provisionada na LOA reflita a estimativa real e não que oculte posteriores reduções de receitas, evitando o problema da “ocultação” do déficit orçamentário. (Piscitelli, 2015, p.73)
E, em paralelo a essas exigências, o ordenador da renúncia, de outro modo, poderá optar por “ medidas compensatórias”, que se fundamenta em equilibrar a renúncia por meio do aumento da alíquota, base de cálculo ou criar outros tributos. Nesse caso, embora haja a redução da arrecadação de determinados tributos, isso não levará a uma perda efetiva de receitas, pois, por meio de outros tributos, haverá o ônus. Na prática, há apenas transferência entre contas públicas, não se efetiva a perda.(Piscitelli, 2015, p.75)
Nessa esteira, segunda possibilidade, o parágrafo segundo elucida que, na ocasião do legislador optar por essa condição, o benefício que materializa a renúncia de receita, começará a vigorar no momento em que as medidas compensatórias estiverem vigentes, evitando que o Administrador Público não efetive sua parte. Com efeito, o Supremo Tribunal Federal analisou a constitucionalidade dessas medidas compensatórias e não houve quaisquer inconstitucionalidades. (Piscitelli, 2015, p.75)
Finalmente, o parágrafo terceiro preconiza dois casos de não observância obrigatória, logo, não são imprescindíveis observar os requisitos de dispensa de receitas acima mencionados, ou seja, I) Alterações de alíquotas de impostos extrafiscais, Imposto sobre Importação e Exportação( II e IE), Imposto sobre operações financeiras( IOF), imposto sobre produtos industrializados( IPI) pois, a instituição desses tributos tem objetivo mais regulatório do que arrecadatório, inclusive, dispensando lei para alterar alíquotas, devendo apenas seguir os preceitos constitucionais e o instrumento infra legal que estabelece essa renúncia e II) Cancelamento de débito cujo montante seja inferior aos respectivos custos da cobrança, o objetivo é a economia, princípio da economicidade. (Piscitelli, 2015, p.75)
Em suma, renúncia de receita é a redução dos ingressos de recursos financeiros aos cofres públicos, sendo necessário observar os seguintes requisitos: Estimativa do impacto orçamentário-financeiro: exercício de vigência e os dois seguintes: a) A renúncia de receita foi considerada na LOA; b) A renúncia de receitas atende ao disposto na LDO e uma de duas condições: a) Demonstração de não afetação das Metas de Resultados Fiscais (LDO) e criação de medidas de compensação. Porém, nas seguintes ocasiões é prescindível observar esses preceitos legais: Renúncia pela mudança das alíquotas de impostos extrafiscais (II, IE, IPI E IOF) e cancelamento de débito de baixo valor. (Piscitelli, 2015, p.76)
Referências:
PISCITELLI, Tathiane. Direito Financeiro Esquematizado. 5ª ed. São Paulo: Método, 2015.
HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. 26 ª ed. São Paulo: Atlas, 2017
ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 11.ed. São Paulo:Método, 2017.

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