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Crimes contra a honra na Internet
1.1 Breve Histórico do Computador e da Internet
A palavra computador vem do latim computadore, e significa aquele que faz cômputos que calcula. Os ábacos, primeiras máquinas de calcular não mecânicas, eram constituídos por pedras que escorregavam presas em fios.
Já no início do século XVII, mais precisamente em 1617, Nisquier inventou uma pequena máquina de multiplicar. Por volta de 1642, Pascal produziu uma que somava e subtraía. Mas, foi apenas em 1887, que o norte – americano Dorr Eugene Felt inventou uma máquina calculadora com a denominação de computador. O ENIAC (Eletronic Numerical Integrator and Calculator) foi gerado em 1946, seus mentores são John Eckert e John Mauchly, da Universidade da Pensilvânia. Referido computador foi construído com a intenção de auxiliar as tropas americanas na Segunda Guerra Mundial. Aludidos computadores eram compostos a base de válvulas.
A segunda etapa dos computadores caracteriza-se pela utilização dos transistores no seu funcionamento, cem vezes mais velozes e confiáveis que as válvulas. Nesta era dos computadores, pode-se falar que foram produzidos os primeiros sistemas operacionais e começou a existir o Software.
A última fase dos computadores destaca-se pela criação de circuitos integrados (CIs). É nessa fase que surgem os supercomputadores nos quais microprocessadores trabalhavam paralelamente e de forma cooperativa. (ROSA, 2002, p.27). Em 1976, Steven Wozniak em conjunto com Steve Jobs desenvolveu o APPLE I, o primeiro computador pessoal vendido totalmente montado. Foram comercializados, nos dois primeiros anos cerca de cinquenta mil máquinas. Após quatro anos, os fabricantes de microcomputadores já contabilizavam milhões de unidades a serem vendidas. (ROSA, 2002, p.27). Em 1981 os grandes fabricantes começaram a entrar nesse seguimento d mercado.
Do ENIAC, ao APPLE I, passaram em média trinta e quatro anos. Hoje passados mais de cinqüenta anos da exibição do primeiro computador, as alterações e transformações não se contam mais em anos, nem em meses, e sim em dias.
Em 1957, nasce a ARPA (Advanced Research Projects Agency), agência que cuida da tecnologia dos Estados Unidos da América durante o período da Guerra Fria. “Em 1969, a rede de comunicações militares foi batizada de ARPANET (rede de agências de projetos avançados de pesquisa). Na década de 70, a internet passou a ser usada para fins acadêmicos e científicos.’’ (ROSA, 2002, p.29). Em 1972, na Primeira Conferência Internacional sobre Comunicações Computacionais em Washington, ocorreu com primazia a primeira aparição pública da ARPANET- um sucesso. (ROSA, 2002, p.29).
No final de 1972, o engenheiro Ray Tomlinson, cria o correio eletrônico, o e-mail. “Em 1973 tornou- se público a especificação do protocolo para transferência de arquivos, o FTP, outra aplicação fundamental na Internet.’’ (ROSA, 2002, p.30). Quem neste ano estivesse ligado a ARPANET, podia copiar arquivos e trocar mensagens.
Entre todas as alterações ocorridas na década de 1970, a que mais merece destaque é a criação do TCP/IP (Transmision Control Protocol/Internet Protocol). Ele é dividido em camadas cada uma com atribuições específicas. Ao IP cabia o endereçamento dos pacotes de dados. Ao TCP a continuidade do fluxo da informação.
Em 1989, foi lançado o primeiro browser, que tinha sido apresentado em Genébra a World Wide Web. (ROSA, 2002, p.30). A World Wide Web, foi proposta por Tom Berners-Lee, com o objetivo de dinamizar a passagem de um texto a outro de forma mais rápida e dinâmica em um sistema que ficou conhecido como World Wide Web – o WWW, que entrou em funcionamento na década seguinte.
Com a criação do World, a internet cresceu assustadoramente, permitindo que os que os usuários comuns desde que tivessem um computador e um modem, alcançassem a grande rede. (ROSA, 2002, p.31).
Consoante Rosa (2002, p.33) a internet é um conjunto de redes de computadores interligadas pelo mundo inteiro, que têm em comum um conjunto de protocolos e serviços possuindo a peculiaridade de funcionar pelo sistema de troca de pacotes, ou seja, as mensagens se dividem em pacotes e cada pacote pode seguir uma rota distinta para chegar ao mesmo ponto.
Poderia ser conceituada como sendo a rede de milhões de computadores de todo mundo, interligados por uma linha telefônica, que conecta milhões de pessoas de toda a humanidade.
Baseia-se fundamentalmente, no uso do protocolo TCP/IP. Através do TCP/IP serviços são disponibilizados como sites, e- mail, FTP. A navegação desses sites é conhecida como Web (World Wine Web)
1.1.1 Das Redes Sociais
Inegável que a internet faz parte diariamente da vida do ser humano, dentro desse ambiente, uma forma de se comunicar que ganhou bastante destaque, foram as redes sociais. O conceito de redes sociais, nada tem a ver com a internet propriamente dita, representa gente, interação social, troca social.
As redes sociais [1]surgiram da necessidade do homem em compartilhar com o outro, formar laços sociais que são conduzidos por afinidades existentes entre eles. Quando a interação social parte para o ambiente online temos a rede social digital.
Pode-se mencionar como rede social o Fotolog. Segundo RECUERO, (2011, p.180) o Fotolog é um sistema de fotologs. Os fotologs são sistemas de publicação que permitem ao usuário publicar fotos conjuntamente com pequenos textos e receber comentários. O termo fotolog é a abreviação de fotografia. Surgiu com a popularidade das câmeras digitais. Sua criação foi em 2002, por Scott Heiferman e Adam Seifer. O manusear do fotolog é bem simples. Cada fotolog tem um endereço privado, onde o usuário pública suas fotos, exemplo (HTTP//WWW.fotolog.com.br/nome). Nesse endereço a pessoa pública suas fotos e recebe os comentários.
Logo após a criação do Fotolog, foi lançado o My Space. Seu lançamento deu-se em 2003 e foi inspirado no sucesso do Friendster, que permitia a mostra de redes sociais e a interação com outros usuários através da construção de perfis, blogs, grupos e fotos, músicas e vídeos. (RECUERO, 2011, p.185)
No Brasil é utilizado principalmente por bandas para divulgação de seus trabalhos.
Outro exemplo de rede social que cabe mencionar é o Orkut. Este adveio após o surgimento do My Space. De acordo com Recuero (2011, p.178), o Orkut foi criado em 2004, pelo funcionário da Google Orkut Buyukkokten, com a intenção de possibilitar aos usuários a criação de novas amizades. Foi criado com o objetivo de atingir o público alvo americano, mas na verdade, alcançou grande parte dos brasileiros e Indianos. No início, o Orkut só permitia o cadastro por meio de um convite feito por outro amigo que já estivesse cadastrado. Atualmente, o cadastro de novos usuários é feito livremente. O Orkut funciona basicamente através de perfis e comunidades. Os perfis são criados por pessoas ao se cadastrarem e as comunidades pelos indivíduos ou grupos acerca de determinado tema.
O Orkut, assim como o My Space, e outras diversas redes sociais foram atropeladas pelo Facebook, um campeão de inovação em todo o mundo. O Facebook, nome original the facebook, foi criado por Mark Zuckerberg, em um quarto no dormitório de estudantes da Universidade de Harvard em 2004, nos Estados Unidos. A idéia era focar em alunos que estavam saindo da faculdade. No início era focado em escolas e colégios, e para entrar nele, era preciso ser membro de alguma das instituições conhecidas. Tinha como objetivo fazer com as pessoas principalmente das universidades reencontrassem seus amigos. Com o passar do tempo ele foi alcançando a todos. Lançado em 2004, atualmente o Facebook é um dos sistemas com maior número de usuários no mundo.
Em matéria publicada na revista veja, na Edição de número 2255, datada de 08 de fevereiro de 2012, há estatísticas de que, o Facebook possui 845 milhões de usuários em todos os continentes (na China, o governo bloqueou o site). Consoante a pesquisa, em agosto atingiria 1 milhão de assinantes – ou uma em cada sete pessoas da população mundial. Nos EstadosUnidos e na Índia cada uma pessoa que acessam a internet têm uma conta no Facebook. No Brasil, o site acaba de subir ao posto de rede de relacionamento mais popular superando o Orkut. A cada 100 brasileiros conectados à internet: 75 estão no Facebook e seguem uma tendência mundial. Mais da metade deles navega todos os dias em uma teia de relacionamento de 100 milhões de amizades.
De acordo com dados publicados pela revista, em um minuto no Facebook: 451 novos usuários são cadastrados, 173.000 fotos são publicadas e 1,9 milhão clicam no botão “curtir’’ ou fazem comentários.
O seu modo de funcionamento é parecido com o Orkut, ele funciona através de perfis e comunidades. Pode ser considerado como o mais privado de outros sites das redes sociais, pois permite a um usuário ver o perfil de outro apenas se fizer parte da sua rede de amigos.
Já em 2006, adveio o Twitter. Foi criado por Jack Dorsey. O Twitter pode ser definido como sendo um serviço de microblogging, que permite aos usuários que sejam enviados e lidas atualizações pessoais de outros contatos escritos e lidos de até 140 caracteres, conhecidos como “tweets’’ a partir da pergunta: “O que você está fazendo?”.
Ele é formado por seguidores e pessoas a quem você deseja seguir, onde cada Twitter escolhe quem deseja seguir e ser seguido. Há também a possibilidade de se enviar mensagens particulares a uma determinada pessoa.
De acordo com Luciana Santaella e Renata Lemos, em sua obra (2010, p.54), “o Twitter serve como um meio multidirecional de captação de informações personalizadas; um espaço no qual questões, que surgem a partir de interesses mais microscópios podem ser livremente debatidas e respondidas”.
Infográfico publicado no site de DUNNINGHAM em 21 de março de 2012 compara o número das duas principais redes sociais do mundo o Twitter e o Facebook. O curioso é que no Brasil, a rede de Dorsey, tem mais adeptos do que a de Zuckerberg. Enquanto a primeira tem 30,5 milhões de usuários, o Twitter tem 46,3 milhões[2].
Uma vez devidamente explanado sobre as principais redes sociais vigentes e já descrito que sua principal finalidade é conectar as pessoas e criar laços sociais, é importante mencionar que há limites que devem ser impostos nas redes sociais.
Há que se atentar para que referido intuito precípuo não seja deturpado. Referidas redes sociais não devem ser utilizadas para a prática de crimes, posto que mesmo não havendo legislação específica a respeito, os indivíduos devem estar cônscios de que isso não serve de escudo protetivo para a prática de crimes como injúria, calúnia e difamação.
Ao se falar sobre a honra tema este muito complexo, pois de extrema dificuldade saber qual fato agride a outro ser humano. Mais complicado ainda este tema tratado na internet, tendo em vista a ínfima probabilidade de se determinar o ofensor.
Referidos crimes estão tipificados em nosso Código penal e a sua prática imputa na punição do infrator, consoante restará demonstrado na seção seguinte.
Crimes Contra a Honra
2.1 Disposições Gerais
Notável que o mundo da comunicação evoluiu assustadoramente com o surgimento da Internet, nesse diapasão nota-se que o indivíduo abriu- se totalmente a expor sua imagem e privacidade na grande rede.
Nesse cenário de fragilidade do homem ampliaram - se o número de ações relacionadas aos crimes contra a honra na internet.
Os crimes contra honra estão previstos, no capítulo V, parte Especial do Código Penal Brasileiro. “A honra é conceituada como o conjunto de atributos morais e intelectuais e físicos referentes a uma pessoa.” (MIRABETE, 2010 p.117). Já Noronha, citado por MIRABETE conceitua-a “como sendo um complexo ou conjunto de predicados ou condições da pessoa que lhe conferem consideração social e estima própria.” Independentemente do conceito que lhe atribua, é um interesse penalmente protegido. Importantíssimo, do ponto de vista de o amparo penal à honra, pois “ela não diz respeito apenas ao interesse exclusivo do indivíduo, mas também da coletividade, que tem interesse na preservação da honra, da incolumidade moral e da intimidade além de outros bens jurídicos indispensáveis para a harmonia social.” (BITTENCOURT, 2011, p.314)
Diferem os autores a respeito honra subjetiva e da objetiva. A primeira constitui o “sentimento ou concepção que temos a nosso respeito, a segunda, o sentimento ou conceito que a comunidade tem sobre nós”. (BITTENCOURT, 2011, p. 315). Há ainda aqueles que, (MIRABETE, 2010 p. 118) falam em honra comum peculiar a todos os homens e, em honra especial ou profissional, aquele referente a determinado grupo social ou profissional.
Os crimes contra a honra estão previstos no Código Penal são a calúnia, difamação e injúria.
2.2 Calúnia
Calúnia consiste em atribuir a outrem, falsamente fato definido como crime. A calúnia é tipificada no artigo 138 do Código Penal Brasileiro:
Artigo 138. Caluniar alguém, imputando – lhe falsamente fato definido como crime: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.§ 2 É punível a calúnia contra os mortos.§ 3º Admite – se a prova de verdade, salvo: I – se, constituído o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I, do artigo 141;III – se o crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. (Código Penal)
Pode ser considerado sujeito ativo da calúnia, qualquer pessoa. “Só pode ser sujeito passivo o homem, é impossível, portanto, a prática de calúnia contra a pessoa jurídica’’ (MIRABETE, 2010, p.119). “Qualquer pessoa, pode ser sujeito passivo, incluindo os inimputáveis, sejam menores, sejam enfermos mentais, não se lhes exigindo, literalmente, qualquer condição especial” (BITTENCOURT, 2011, p.318). Preceitua o parágrafo 2º que” é punível a calúnia contra os mortos”. Na visão de (MIRABETE, 2010, p.119) o morto não pode ser sujeito passivo do crime, mas a ofensa é feita para seus familiares, a memória do morto, aos seus parentes, aos interessados na preservação do bom nome do morto.
O tipo objetivo é composto por três elementos: a imputação da prática de determinado fato; a característica de ser esse fato um crime (fato típico); e a falsidade da imputação. Assim há calúnia tanto quando o fato não ocorreu quando ele existiu, mas a vítima não é seu autor. A acusação caluniosa pode ser feita na ausência do ofendido e admite vários meios de execução: palavra, escrito, desenho e até gestos (mimica) ou meios simbólicos ou figurativos. É necessário para a configuração da calunia que a imputação verse sobre fato determinado, concreto, especifico. Não se exige porém, que o agente descreva com minucias pormenores. Haverá calúnia na imputação falsa a João de ter subtraído a carteira de José, não sendo necessária que o agente mencione a data ou o local exato do fato. Inexistirá calúnia e sim injúria se José for chamado de ladrão. (MIRABETE, 2010, p.120)
O tipo subjetivo no crime de calunia é o dolo. “É o dolo de dano consistente na vontade e consciência de caluniar alguém. O dolo poderá ser direto ou eventual. Haverá o dolo eventual quando o agente na dúvida, assumir o risco de fazer a imputação falsa’’. (CAPEZ, 2011, p. 287)
“Consuma – se o crime quando qualquer pessoa, que não a vítima, toma conhecimento da imputação.” (MIRABETE, 2010, p.121). “A calunia verbal que se perfaz em um único ato, não admite tentativa. A calunia escrita admite a tentativa, pois, há um iter que pode ser fracionado ou dividido. “(CAPEZ, 2011, p. 290)
Está sujeito nas mesmas penas quem “sabendo falsa a imputação propala ou divulga” (artigo 138, § 1º). Propalar é espalhar, difundir, divulgar (SACONNI, 1996, p.223). Divulgar é tornar público, revelar ou tornar conhecido (algo privado ou secreto) (SACONNI, 1996, p.258). Em qualquer caso, porém, basta que terceiro tome conhecimento do fato e estará consumado o delito nessas modalidades. (MIRABETTE,2010, p. 122). Nesta modalidade, o prolator não cria a imputação falsa que já foi obra de outro, quem a ouve a leva a diante, sabendo que a imputação é falsa (BITTENCOURT, 2011, p.322)
Segundo, BITTENCOURT (2011, p.328) exceção de verdade, a exceptio veritais, significa a possibilidade que tem sujeito ativo de provar a veracidade do fato imputado (artigo 141, § 3 º). A calúnia admite essa modalidade, salvo em três situações: quando o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível (§ 3º, I); nos fatos imputados contra o Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro (§ 3º II); se o ofendido foi absolvido do crime imputado por sentença irrecorrível (§ 3º III).
No primeiro caso, esta exceção vem a adequar- se a orientação política – criminal que atribui a ação penal, nesses crimes, a exclusiva iniciativa privada. Seria paradoxal que, deixando ao exclusivo arbítrio do ofendido a decisão de propondo ou não a ação penal, permitisse que terceiro alheio à vontade daquele, viesse a juízo proclamar publicamente a existência do fato e ainda autorizá-lo a provar judicialmente. Essa exceção somente desaparecera se o imputado sofrer por tal fato condenação irrecorrível (BITTENCOURT, 2011, p.328)
No segundo caso, estão protegidos, portanto, o Presidente da República, e o chefe de governo estrangeiro, “quer pela dignificante função que exercem, quer pelas repercussões internas ou externas do fato” (MIRABETE, 2010, p. 123). No terceiro e último caso, “se do crime imputado, de ação penal pública ou privada, o ofendido pelo crime de calúnia foi absolvido por sentença transitada em julgado, a coisa julgada impede a prova de verdade” (JESUS, 2011, p. 256)
A regra da ação penal é de exclusiva iniciativa privada - artigo 145 do Código Penal. E pública condicionada, quando praticada contra Presidente da República, ou chefe de governo estrangeiro, contra funcionário público em razão de suas funções - artigo 145, parágrafo único do mesmo diploma processual. (BITTENCOURT, 2011, p.335)
2.3 Difamação
A difamação é a atribuição a outrem uma prática que é desonrosa, ofensiva à sua reputação. Encontra – se elencada no artigo 139 do Código Penal:
Artigo 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação. Pena- detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Parágrafo único- A exceção de verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Tem como sujeito ativo, qualquer pessoa e sujeito passivo, o ser humano, inclusive os inimputáveis, assim como na calúnia “pois o dispositivo, visa a proteção da honra, um valor social inerente a moral do ser humano, e portanto qualquer indivíduo é titular, independentemente de ele ser imputável ou inimputável”. (BITTENCOURT, 2011, p. 337).
No que diz respeito a pessoa jurídica de serem elas sujeitos passivos do crime de difamação há grande divergência doutrinária. Na opinião de Gabriel Nettuzzi Perez: “Por conseguinte, por não ser incompatível com a noção de pessoa jurídica, a qual tem a honra objetiva, sua reputação pode ser atacada por imputação difamatória.” Para Noronha, porém, o “Código em seu Título I (Dos Crimes contra a pessoa) refere-se tão somente à criatura humana. “A pessoa jurídica não tem como atributo reputação, posto isto não pode ser reconhecida como sujeito passivo do crime definido no artigo 139 do Código Penal”. Nelson Pizzotti Mendes conclui que:
“As pessoas jurídicas não podem ser sujeitos passivos dos delitos contra a honra 1) Porque carecem do bem jurídico honra que é inerente ao ser humano. 2) Porque o Código Penal Brasileiro não contém nenhuma disposição, que admita as pessoas jurídicas na difamação e injuria; 3) No Direito Brasileiro, tais delitos são considerados crimes contra a Pessoa; 4) as ofensas dirigidas contra as Pessoas Jurídicas não ficam impunes, pois lesam a honra das pessoas físicas que as compõem, dirigem ou representam.’’ (MIRABETE, 2010, p. 125)
Configura-se o crime quando atribuído a alguém a imputação de fato desonroso, ou seja, de fato ofensivo à sua reputação. A imputação mesmo sendo verdadeira, configura o crime (MIRABETE, 2010, p.126). Analisa BITTENCOURT, (2011, p. 339) que é indispensável que a imputação chegue “ao conhecimento de outra pessoa que não o ofendido, pois é a reputação de que o imputado goza na comunidade que deve ser lesada, e essa lesão somente existirá se alguém tomar conhecimento da imputação desonrosa”. O elemento subjetivo do crime de difamação é o dolo, ou seja “a vontade de imputar fato verdadeiro ou não a outrem. É necessário, portanto o animus diffamandi , elemento subjetivo especial do tipo, que se traduz no ‘’cunho de seriedade que o sujeito imprimi à sua conduta.” (MIRABETE, 2010, p.127) A difamação também exige o especial fim de difamar, a intenção de ofender, a vontade de denegrir, o desejo de atingir a honra do indivíduo. A ausência desse fim impede a tipificação do crime. (BITTENCOUT, 2011, p.340). Consuma-se a difamação no instante em que terceiro, que não o ofendido, toma ciência da firmação que macula a reputação. É prescindível que várias pessoas tomem conhecimento da imputação (CAPEZ, 2011, p.303). Normalmente, o crime de difamação não admite a tentativa, embora, em tese, ela seja possível dependendo do meio utilizado, exemplo, como na calúnia, através de um escrito, por exemplo. (BITTENCOURT, 2011, p. 341)
Nos termos do artigo 139, parágrafo único, do CP a exceção de verdade somente se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. O tipo delitivo não exige a falsidade da imputação, como ocorre na calunia. Aqui em regra é irrelevante que o fato seja falso ou verdadeiro. Excepcionalmente, entretanto, o legislador permite prova da verdade quando se trata de imputação de fato ofensivo à reputação de funcionário público, desde que haja relação causal entre a ofensa e o exercício de suas funções. O fundamento reside no resguardo da honorabilidade do exercício da função pública. É imprescindível, para que se admita a prova da verdade, que haja relação causal entre a imputação e o exercício da função. Assim, se o sujeito atribui ao funcionário público a prática de atos indecorosos quando em serviço, é admissível a demonstração da veracidade de seu comportamento. Se, entretanto, a imputação diz respeito à pratica de atos indecorosos fora do exercício do cargo, é inadmissível a prova de verdade. É preciso que, ao tempo da prova da verdade, a pessoa ofendida esteja no exercício da função pública. Caso contrário não se admite a exceptio veritais’’. (JESUS, 2011, p. 257)
A modalidade continuada é permitida tanto nos crimes de calunia quanto nos de difamação.
A ação penal assim como no crime de calúnia é de exclusiva iniciativa privada. Será, porém pública condicionada quando: a) praticada pelo Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro; b) contra funcionário público, em razão de suas funções (artigo 145, parágrafo único). (BITTENCOURT, 2011, p. 344).
2.4 Injúria
A injúria sob o ponto de vista de JESUS (2011, p. 261) injuria é a ofensa à dignidade ou decoro de outrem. O Código Penal a define em seu artigo 140:
Artigo 140. Injuriar alguém, ofendendo – lhe a dignidade ou o decoro: Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II – no caso de retorsão imediata, que consistia em outra injúria. § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se consideram aviltantes:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência; Pena – reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
O bem jurídico tutelado, de acordo com CAPEZ (2011, p. 305) ao contrário da calúnia e a difamação que tutelama honra objetiva, por essa norma penal é a honra subjetiva, que é constituída pelo sentimento próprio de cada pessoa acerca de seus atributos morais, intelectuais e físicos.
Qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo no crime de injuria, conforme anota MIRABETE, (2010, p. 129), não existe auto injúria como fato típico, mas pode ela constituir crime, se ultrapassando da órbita da personalidade do agente, vem ela a atingir terceiro. Da mesma forma, qualquer pessoa, pode ser sujeito passivo, incluindo os inimputáveis. Mais para isso é indispensável que eles venham a ter capacidade de entendimento do caráter ofensivo da conduta do sujeito ativo. É de entendimento majoritário da doutrina de que a pessoa jurídica não pode ser sujeito passivo do crime de injuria. Os mortos não podem ser injuriados, e segundo, CAPEZ, (2011, p. 308), o morto não pode ser injuriado, por ausência de expressa disposição legal, nada obsta, porém, que se injurie a pessoa viva denegrindo a memória dos mortos.
O elemento subjetivo nos crimes de injúria é o dano, que baseia-se no desejo de injuriar alguém, imputar a alguém qualidade negativa.
O momento consumativo da injúria na visão de JESUS, (2011, p.263) ocorre quando o ofendido toma conhecimento da imputação de qualidade negativa, sendo prescindível que o fato seja cometido na sua presença. Complementa tal pensamento BITTENCOURT, (2011, p. 350) ao contrário da difamação e da calúnia, para consumar – se não é necessário que alguém, além da vítima tome conhecimento da imputação ofensiva, pois não é o aspecto externo da honra que é lesado pelo crime, mas o interno, ou seja, a autoestima.
Na visão de CAPEZ, Fernando (2011, p. 309) a injúria não precisa ser proferida na presença do ofendido, basta que chegue ao seu conhecimento, por intermédio de terceiro, correspondência ou qualquer outro meio.
A tentativa, no ponto de vista de MIRABETE, (2010, p. 131) é possível quando se tratar de injúria por escrito, mais não na oral.
Formas de injuria: simples conjeturado no caput do artigo 140. Majorada conjeturada no artigo 141 do Código Penal.
Perdão judicial. Provocação e retorsão. Afirma CAPEZ, (2010 p. 310) que o Código Penal, em seu artigo 140, § 1º, prevê duas hipóteses de perdão judicial Há, nesses casos a configuração do crime de injúria, porém, o juiz pode deixar de aplicar a pena.
Na visão de JESUS, (2011, p. 263) na primeira hipótese, a vítima de maneira de maneira reprovável, provocou diretamente a injúria. A expressão “diretamente” significa que a provocação deve ter sido cometida face a face.
Na segunda hipótese que diz respeito à extorsão MIRABETE, (2010, p. 310), ensina que é a injúria como resposta à injúria proferida pela vítima. Aquele que é injuriado em primeiro lugar pode ser isentado de pena desde que pratique o crime imediatamente após ser ofendido. Lembra Hungria, citado por MIRABETE, a possibilidade de retorsão no caso de injúrias escritas: dois desafetos a mesa de refeição de um hotel, trocam, por intermédio do garçom, bilhetes injuriosos.
Injuria real (qualificada) Está prevista no artigo 140, parágrafo 2º. Segundo CAPEZ, (2011, p. 312) caracteriza – se pelo emprego de violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado sejam considerados aviltantes.
Refere – se a lei à injuria em que há prática de violência (chicotadas, marcação a faca ou a ferro em brasa, etc.) ou vias de fato. Podem ser elas aviltantes em si mesmas ‘’ a bofetada, o corte ou puxão de barba, a apalpação em certas partes do corpo (sem fim libidinoso), o levantar as saias de uma mulher, ou rasgar – lhe as vestes, cavalgar o ofendido, pintar – lhe a cara com pixe, virar – lhe o paletó pelo avesso etc. Podem as vias de fato ou violência ser aviltantes pelo meio empregado: bater com rebenque ou chicote, atirar excremento ou outra imundice etc. Reconheceu – se como injuria real o corte de cabelo com intenção aviltante, expondo a vítima à humilhação, o atirar objeto no rosto de outro, e o atirar – se bebida ao rosto da vítima. Enquanto há concurso material entre a injuria e a violência (lesões, etc.), as vias de fato são absorvidas como meio para a pratica da injuria real. (MIRABETE, 2010, p.133)
Injuria preconceituosa (qualificada) pelo artigo 2º da Lei 9450 de 13 de maio de 1997, foi acrescentado o artigo 140 do Código Penal, prevendo um crime qualificado com pena de reclusão de três anos e multa ‘’ se a injuria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem’’ (MIRABETE, 2010, p. 133).
Cuidou, o legislador, de tipificar a injúria preconceituosa, que é aquela que envolve elementos discriminatórios como raça, cor, religião ou origem, cominando – lhe pena mais severa. Desse modo, qualquer ofensa a dignidade ou decoro que envolva algum tipo de elemento discriminatório, como por exemplo, ‘’preto’’, ‘’japa’’, ‘’turco’’ ou ‘’judeu’’, configura o crime de injuria qualificada. Para a configuração da injuria qualificada não basta que o agente profira as expressões com conteúdo discriminatório, ou seja, não basta o dolo, sendo necessário em especial fim de agir consciente na vontade de discriminar o ofendido em decorrência de sua cor, raça, religião, etc. (...) Não basta chamar alguém da raça negra de ‘’negão’’ para que o crime se configure, pois nem sempre o emprego desse termo demonstra a intenção discriminatória. Basta considerar que entre amigos tal expressão poderá ser utilizada para demonstração de proximidade, de amizade, sem que haja a intenção de discriminar a pessoa da raça negra. Por outro lado, se o termo é utilizado para humilhar, para denotar sua suposta inferioridade do indivíduo em virtude da raça o crime é de injúria qualificada (CAPEZ, págs. 314 e 315)
Importante destacar que a Lei nº 12.033 de 29 de setembro de 2009, ‘’modificou o artigo 145 do CP, passando a dispor que a ação penal pelo crime de injuria qualificada, que antes, somente se procedia mediante queixa, tornou – se pública condicionada a representação do ofendido’’ (JESUS, 2011, p.266).
Todos os dias nas DRCI (Delegacias de Repressão aos Crimes de Informática) incontáveis os números os casos de crimes contra a honra na internet. Exemplo de casos fictícios que envolvem esses crimes na rede virtual: nos sites de relacionamentos. Suponhamos que A cria uma determinada comunidade para B com o escopo de injuriar, difamar ou mesmo caluniar B. Se A aduzir que B é ladrão então resta caracterizada a calúnia. Destarte, se A repassa a comunidade ou e-mails para várias para desacreditar B, maculando assim a sua reputação, a sua imagem, sendo eles falsos ou verdadeiros, incorre em difamação. Injuria, enviar um e-mail para ‘’B ‘’ ofendendo sua dignidade ou decoro.
2.5 - Disposições comuns aos crimes contra a Honra - Artigos 141 a 145 do Código Penal
Artigo 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam – se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II – contra funcionário público, em razão de suas funções; III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injuria; IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta anos) ou portadora de deficiência, exceto no caso de injuria.
Parágrafo único. Se o crime for cometido mediante paga promessa de recompensa, aplica – se a pena em dobro.
A primeira qualificadora, inclui-se além dos presidentes da república de países estrangeiros, os soberanos, primeiros-ministros, presidentes de conselho, chefes de Estado, ou qualquer autoridade que tenha tal dignidade constitucional (MIRABETE, 2010, p.133), diz respeito, portanto, ao chefe supremo da nação, de modo que o Direito, ao sancionar de forma mais gravosa a conduta daquele que o ofende, o faz não em conta de sua honra individual, mas sim pública. (CAPEZ, 2011, p. 318)
Em segundo lugar, a pena é agravada quando o crime for cometido contra funcionário público, desde que haja relação de causalidade entre o fato e o exercício da função. (JESUS, 2011, p. 268)A terceira majorante tem em vista a maior facilidade de divulgação das ofensas irrogadas, o que pode acarretar maiores danos ao ofendido (CAPEZ, 2011, p. 320). Ao se referir a várias pessoas, a lei tem em conta pelo menos três, pois, quando são suficientes duas, os dispositivos são expressos (art. 150, § 1º, 155 § 4º). (MIRABETE, 2010, p. 134).
Meio que facilite a divulgação, tem hoje, conceito amplo. É todo meio idôneo que sirva para divulgar a ofensa, mesmo que esta não ocorra. Pune- se, nesse caso com mais gravidade o sujeito ativo, em razão do perigo em que foi colocado o bem jurídico ‘’honra’’. Em 1940, falava – se nos processos técnicos modernos futuros desses meios de divulgação. Hoje, o que eram projetos, são realidades, como, por exemplo, a internet. Todos os meios indistintamente, desde que idôneos, podem servir a configuração dessa agravante. Quando a lei fala meio, refere – se sempre ao mecânico, impresso, pintura, gráfico, escultura, etc. (FRANCO, 2007, p.733).
A última forma prevista no artigo 141, foi inserida pela Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003, e diz respeito ao crime ser cometido ‘’contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência. ‘’ Agrava – se a pena em razão da maior censurabilidade do crime por ostentar o sujeito passivo condição limitante que justifica respeito e consideração e a existência de normas especiais de proteção.’’ (MIRABETE, 2010, p. 135)
O parágrafo único, diz respeito, ao chamado “crime mercenário, que sempre revela maior torpeza do agente, tornando–o merecedor de maior reprovação penal. Neste caso mandante e executor respondem com pena majorada”. (BITTENCOURT, 2011, p. 372)
Sobre a exclusão do crime, está prevista no artigo 142 do Código Penal:
Artigo 142. Não constituem injuria, ou difamação punível: I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou cientifica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar. III – o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever de ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
São casos em que inexiste o elemento subjetivo do injusto (animus diffamandi) ou de exclusão de ilicitude, que eliminam a antijuridicidade. (MIRABETE, 2010, p. 135).
A primeira hipótese trata – se da chamada imunidade judiciária. No embate judiciário, deve haver liberdade de argumentação, sem preocupação com melindres do suposto ofendido. (CAPEZ, 2011, p. 322). É necessário que a ofensa seja praticada em juízo, na discussão de causa contenciosa, voluntária ou administrativa. Assim de exigir – se nexo de causalidade entre a ofensa e os debates. (JESUS, p.269). Justifica – se o dispositivo, no interesse de assegurar que os direitos que se procura garantir no debate perante o juízo não tenham sua defesa inibida pelo temor de represálias no campo penal (MIRABETE, 2010, p. 135).
A segunda hipótese diz respeito a uma crítica prudente, seja de natureza literária, artística ou cientifica que não traz em si cunho de ilicitude. É o comportamento normal que escapa à esfera de punição penal (JESUS, 2011, p.269). Portanto, aquele que expõe sua obra ao público está sujeito à censura, ao risco da crítica. É chamado, portanto o crime profissional, que o código autoriza. (CAPEZ, 2011, p. 326).
A terceira hipótese destina – se ao funcionário público que por dever de oficio, por vezes, é levado a usar termos ou expressões ofensivas, mas necessárias ao fiel relato dos fatos ou argumentos. (BITTENCOURT, 2011, p. 380). Exemplo: a autoridade policial, no relatório do inquérito policial, dá informações a respeito dos péssimos antecedentes do indiciado (JESUS, 2011, p.270).
O parágrafo único trata das ofensas ainda que irrogadas nas circunstâncias dos incisos I e III estejam acobertadas pela causa de exclusão de crime, não constituindo difamação ou injuria aquele que as divulga por elas responderá penalmente. (CAPEZ, 2011, p. 329)
Sobre a retratação, está prevista no artigo 143 do Código Penal:
Artigo 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia, ou da difamação, fica isento de pena.
A calúnia e a difamação admitem a retratação, antes da sentença. Retratação é o ato de desdizer, de retirar o que disse. A retratação exige que o agente, retire expressamente o que afirmava. (BITTENCOURT, 2011, p. 382)
A lei se refere somente apenas à difamação e a calúnia, pois como o dispositivo se refere apenas ao querelado, não abrange a isenção os casos em que se procede mediante ação penal pública (crime contra o funcionário público no exercício de suas funções) (MIRABETE, 2010, p. 139)
A expressão ‘’ antes da sentença “significa, antes do juiz proferir a sentença.” não se tratando de decisão irrecorrível, admitindo – se a retratação até o momento anterior à sua publicação em mãos do escrivão. (JESUS, 2011, p.270).
Pedido de explicações em juízo: interpelação judicial. Tal dispositivo encontra – se no artigo 144 do Código Penal:
Artigo 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Trata – se do pedido de explicações de “medida concedida àquele que se julga ofendido em sua honra de ir à Juízo solicitar esclarecimentos do indivíduo acerca de situações, expressões ou frases equivocas que podem constituir eventual crime de calúnia, difamação e injúria”. (CAPEZ, 2011, p.331).
Quem – se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as da satisfatoriamente, responde pela ofensa. A “interpelação judicial” é providencia de natureza cautelar destinada a preparar a futura ação penal. (BITTENCOURT, 2011, p. 385).
Ação penal nos crimes contra a honra está disciplinada no artigo 145 do Código Penal, que reza:
Artigo 145. Nos crimes previstos neste Capítulo, somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do artigo 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede – se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do artigo 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do artigo 140 deste Código.
A ação penal é de iniciativa privada nos três delitos contra a honra. É aquela em que o Estado, titular exclusivo do Direito de Punir, transfere à legitimidade para a propositura da ação penal para a vítima ou a seu representante legal. (CAPEZ, 2011, p. 334).
Exceções:
Injúria real (artigo 140, § 2º e 145, caput, 2ª parte). A ação penal será pública incondicionada quando, na injúria real, da violência resultar lesão corporal. Essa é uma peculiaridade exclusiva da injúria, que os outros crimes contra a honra – calúnia e difamação – não tem. No entanto, a ação penal será pública incondicionada somente em relação às lesões corporais, pois, em relação ao crime de injúria, a ação penal continua de exclusiva iniciativa privada. Ademais, com o advento da Lei n. 9099/95, que transformou a natureza da ação penal nos crimes de lesões corporais leves, deve – se rever essa previsão no crime de injúria. Assim, quando da violência resultam lesões corporais leves, a ação penal será pública condicionada à representação, e somente quando resultarem lesões graves a ação penal será pública condicionada. (BITTENCOURT, 2011, p.390).
A ação penal também é pública, nos três casos do artigo 145, parágrafo único. O primeiro deles refere – se aos crimes cometidos contra o Presidente da República, em que se exige a requisição do Ministério da Justiça (salvo quando se tratar de crime contra a segurança nacional) (MIRABETE, 2010, p.140).
O segundo deles, diz respeito, aos delitos que forem cometidos contra o funcionário público em razão de suas funções (CP artigo 141, II). A ação penal épública condicionada à representação do ofendido. A ofensa tem que ter relação estreita com função por ele exercida. (CAPEZ, 2011, p.335)
O terceiro e último caso previsto no artigo 145, parágrafo único, de acordo com a nova redação dada pela Lei nº 12.033/09, diz respeito a injúria preconceituosa. “Praticada a injúria mediante a utilização de elementos referentes a raça cor, etnia, religião ou origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência a ação penal também será condicionada a representação do ofendido.” (MIRABETE, 2010, p.141).
Os crimes contra a honra na Internet
A comunicação tem modificado o relacionamento entre as pessoas, pois tem tornado possível graças a evolução do processo tecnológico, ultrapassar barreiras culturais tanto como a distância entre as pessoas.
A “palavra “comunicação vem do latim “comunicare” que significa “pôr em comum”, ” entrar em relação com”. Comunicar é tornar comuns ideias, pensamentos, opiniões, sentimentos[3].
Uma das grandes dificuldades no ramo do Direito, se refere a imposição de limites no que tange a liberdade de expressão na Internet.
Consoante o artigo 11 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão:
Artigo 11º. A livre comunicação dos pensamentos e opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem: todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, embora deva responder pelo abuso dessa liberdade nos casos determinados pela lei. [4]
No mesmo sentido, avença o artigo 5º IV da Carta Magna “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Este mesmo artigo, em seu inciso XIV consagra “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Já o artigo 220 prescreve que “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.” Soma-se a este artigo nos §§ 1º e 2º que diz” nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no artigo 5º, IV, V, X, XIII e XIV” que “é vedada qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”.
A nossa Constituição Federal assegura a liberdade de manifestação do pensamento, vedando o anonimato. Caso durante a manifestação do pensamento se cause dano material, moral ou à imagem, assegura-se o direito de resposta proporcional ao agravo, além da indenização (LENZA, 2008, p.601).
No direito de expressão cabe, segundo a visão generalizada, toda mensagem, o que se pode comunicar – juízos, propaganda de ideias e notícias sobre fatos. (...) A liberdade de expressão, enquanto direito fundamental, tem, sobretudo um caráter de pretensão a que o Estado não exerça censura. Não é o Estado que deve estabelecer quais as opiniões que merecem ser tidas como válidas e aceitáveis; essa tarefa cabe, antes, ao público a que essas manifestações se dirigem. Daí a garantia do art. 220 da Constituição brasileira. Estamos, portanto, diante de um direito de índole marcadamente defensiva – direito a uma abstenção pelo Estado de uma conduta que interfira sobre a esfera da liberdade do indivíduo. Convém compreender que censura, no texto constitucional, significa ação governamental, de ordem prévia, centrada sobre o conteúdo de uma mensagem. Proibir a censura significa impedir que as ideias e fatos que o indivíduo pretende divulgar tenham de passar, antes pela aprovação de um agente estatal. A proibição da censura não obsta, porém, a que o indivíduo assuma as consequências, não só cíveis como igualmente penais, do que expressou. (MENDES, 2011, p.297).
Desta feita, conforme se depreende do trecho supramencionado, é livre a manifestação de pensamento, contanto que esta não implique na prática de ato vedado pelo nosso ordenamento jurídico.
Surge, portanto, o seguinte questionamento: Até que ponto pode-se expressar o pensamento no mundo cibernético?
Deve-se olhar a internet como sendo um meio democrático, aberto, para as mais diversificadas formas de pensamento. Um lugar, dessa forma, para o debate dos mais diversos tipos de pontos de vistas a respeito de determinado assunto, porém, cabe a cada cidadão se responsabilizar pelas suas opiniões. O ser humano tem Direito a liberdade de expressão e opinião também consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos que em seu artigo XIX, diz que: “Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.” [5]
Porém, nem sempre é recomendável dizer o que se pensa, e colocar isso por escrito publicado na Internet. Ainda mais se este pensamento for um crime. Foi o que ocorreu com um jovem residente em Porto Alegre, que resolveu se suicidar e criou um blog para discutir o assunto. Embora muito inteligente, deixou-se levar pela depressão e pelos conselhos de seus amigos internautas. Teve seu pedido atendido e muitas formas de se cometer suicídio foram sugeridas. Acabou por acatar uma delas, e por fim, suicidou-se. Resultado: todos os internautas que postaram as mensagens foram investigados, pois ao se matar, consumou – se o crime das pessoas que o incentivaram, que é o crime da incitação ao suicídio. (PECK, 2009, p.35).
Inobstante referido excerto não se enquadre em hipóteses de crimes contra a honra, pode-se dizer que se enquadra na categoria de crime. Deve ser vedada toda e qualquer pratica de crime pela internet. Há limites na liberdade de expressão. O ser humano tem direito a expor seu pensamento, mas se narrar de forma preconceituosa ou se debatendo com as Leis, o ser humano deve assumir o resultado de seu ato.
É comum a conduta digital ser enquadrada na prática de racismo, prevista na Lei 7.716 de 1989, que diz, em seu artigo 20 que praticar induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, configura crime com punição de três anos e multa. Também abrange a fabricação, comercialização, a distribuição ou veiculação de símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação de nazismo. Neste caso, a pena é de reclusão e dois a três anos e multa. Como com os crimes contra a honra, quando o racismo é praticado pela Internet, pode ter sua pena aumentada, por ter feito uso de meios de comunicação social, ou publicação de qualquer natureza, indo para reclusão de dois a cinco anos e multa. (PECK, 2009, p.35)
Desde o momento em que se diz uma palavra, se coloca uma imagem, um vídeo na internet, elas afetam outras pessoas, e os acontecimentos independem das nossas intenções.
Logo, dizer que não gosta de alguém é uma coisa, já dizer que odeia a pessoa, associar a mesma a uma foto de um animal, colocar som, espalhar isso pela Internet, gerando sua ridicularização, já implica a prática do crime. Os tribunais vêm decidindo sobre vários casos de ofensas praticadas na Internet. Na verdade, a Internet acaba agravando o caso, já que há uma consequência maior. Para ilustrar vamos contar um caso. Um estudante universitário do interior de Minas Gerais criou uma comunidade com o nome de um colega de faculdade. Aplicou – lhe a foto do mesmo, e com o título “cabeça de alienígena’’. O rapaz, vítima da ridicularização, pediu para que fosse tirado do ar o conteúdo. Devido à recusa do colega, autor da comunidade, o rapaz ajuizou ação judicial. O juiz entendeu que a liberdade de expressão tem seu limite, até onde não gere danos a outra pessoa. Logo, o criador da comunidade foi condenado a pagar uma indenização de aproximadamente três mil reais a vítima da ofensa. Acabou que a brincadeira saiu bem cara. Em resumo, há três tipos de crimes contra a honra. O primeiro é a calúnia que significa dizer que alguém praticou um crime e isso não ser verdade. Se a calúniaocorrer através de um e-mail distribuído na internet, todas as pessoas que tiverem recebido o e-mail e passarem para frente podem ser envolvidas em coautoria. Pois diz que, a mesma pena incorre quem, sabendo que é falsa a imputação a propaga ou divulga. Os outros dois tipos são a difamação e a injúria. Em havendo uma ofensa, se o ofensor se arrepender, pode fazer uma retratação pública. Foi o caso de um estudante que fez ameaças a uma escola em João Pessoa, utilizando a internet como meio de comunicação. O jovem foi condenado a cumprir medidas socioeducativas. (PECK, 2009, p. 09)
Outro exemplo é o que ocorreu no sul de Minas Gerais, em que um padre foi caluniado na Internet. Foi chamado de ladrão e acusado de estar envolvido com várias mulheres. O site responsável pela página da divulgação foi condenado a pagar uma indenização de R$ 15 mil ao padre. Atualmente o caso encontra – se no Supremo Tribunal Federal[6].
Neste contexto a título de ilustração convém também apresentar o entendimento que tiveram os juízes do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDF) ao julgarem casos cibernéticos, em fevereiro de 2011, no Distrito Federal. Em todos os casos os réus tiveram que pagar indenização as vítimas.
O primeiro deles ocorreu em um caso julgado no Especial Cível e Criminal de Planaltina. Uma sobrinha foi condenada a pagar 700 mil em indenização ao tio, pois por motivos de indisposições em questões familiares com o mesmo, a jovem postou uma foto do tio, no Orkut, onde este aparece com um cifrão estampado no rosto. Sentindo-se desrespeitado, ele entrou com uma ação de danos morais. Outro caso aconteceu na Universidade de Brasília, onde a professora de tecnologia farmacêutica foi alvo de críticas de um grupo de discussão virtual. Pediu, assim, 13 mil de indenização. O processo se arrasta desde 2005 e ainda cabe recurso. A educadora venceu em primeira instância, onde a decisão determinou que os estudantes pagassem R$ 8,5 mil à vitima.[7]
Caso semelhante ao tema em estudo, ou seja, crimes contra a honra na internet foi o que ocorreu na eleição presidencial de 2010, quando a então candidata Dilma Rousseff chegou a aproximadamente 70 % de votos na região nordeste do país. Isso incentivou, no Twitter, uma série de mensagens preconceituosas, contra os nordestinos, supondo- os “culpados” pelo resultado satisfatório da candidata.
Um dos casos de mais destaque foi o de Mayara Petruso, estudante de direito de São Paulo, que escreveu: “Nordestino não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino folgado!”. Diante das denúncias e publicações da imprensa, no dia 3 de novembro de a OAB de Pernambuco entrou com a notícia – crime do Ministério Público Federal em São Paulo, contra a autora das citadas mensagens. Mayara foi condenada, no dia 16 de maio de 2012, a 1 ano e 5 meses e 15 dias de reclusão, pela juíza da 9ª Vara Criminal de São Paulo. A pena, entretanto, foi convertida em multa de 500 reais, e prestação de serviços comunitários, uma vez que Mayara, não possuía antecedentes criminais e já havia sofrido “forte punição moral[8]”.
Outro exemplo que demonstra o ponto em discussão, quanto ao tema crimes praticados pela Internet, é a responsabilização ou não do provedor quanto ao conteúdo divulgado.
Em julho de 2011 foi julgada pela Turma 2ª Vara Cível do TJMS a Apelação Cível nº 2010.011992 – 2, ajuizada por W. D. P, tendo em vista o seu inconformismo com a sentença que julgou improcedente a ação de danos materiais e morais que moveu em face de Google Brasil Internet. De acordo com os autos, o apelante se envolveu num acidente de trânsito em Florianópolis, resultando na morte de uma pessoa, ato pelo qual ele já está sendo responsável criminalmente. No final do ano de 2007, tomou conhecimento de que foi criada uma comunidade no Orkut que estampava seu nome e o caracterizava como homicida, no qual terceiros estavam praticando o crime de calúnia e postando fotos do apelante. O apelante, alegou que é professor, e em razão da comunidade teve prejuízo de ordem moral e material. O relator do processo Dr. Luiz Carlos Santinni, ponderou que é “impossível imputar culpa ao requerido-Google, vez que o recorrido se limitou a armazenar o conteúdo da página criada por terceiro no portal de relacionamento Orkut, e sendo assim, não há de se falar em responsabilidade civil.” O recurso foi improvido.
Com todo o exposto, pode – se concluir que, o que colocamos na internet é público. Está disponível a todos que quiserem ver, mas de que maneira isso deve ser permitido ou limitado?
Faz – se necessário, com tudo isso exposto a criação de uma Lei, regulamentando os limites dessa manifestação de pensamento e opinião no ciberespaço, para que condutas como: calunia, injuria e difamação, dentre outras possam ser tipificadas como crime.
3.1 Propostas Legislativas
A preocupação com a questão dos crimes cibernéticos no Brasil, nas últimas décadas com a popularização da internet no mundo todo, manifestou - se na promulgação de algumas leis, com referência à informática, e em muitos projetos que tramitam no Congresso Nacional, os problemas provocados pela lacuna da legislação inadequada existente, que estão a exigir uma situação mais condizente a sua gravidade e incidência. (LUCCA, 2001, p.208)
Um plano nacional de Informática foi instituído em 1984, pela Lei nº 7.232que também criou o Conselho Nacional de Informática e Automação (...) estabeleceu princípios objetivos e diretrizes para uma Política Nacional de Informática, seus fins e mecanismos de formulação.
Em 1987, a Lei 7.646 limitou-se a dispor sobre a proteção da propriedade intelectual (...) que foi revogada pela Lei nº 9.609/98 que a substituiu. Essas leis, todavia, longe de esgotarem o assunto, deixaram mais patente a necessidade do aperfeiçoamento de uma legislação relativa à informática para a prevenção e repressão de atos ilícitos específicos, não previstos ou não cabíveis nos limites da tipificação penal de uma legislação que já conta com meio século de existência. (LUCCA, 2001, p.208)
Avanço de extrema importância, no que tange, a legislação no que diz respeito aos crimes de informática foi a aprovação pela Câmara dos Deputados, no dia 07 de novembro de 2012, do projeto de Lei, 2793/11, que tem por escopo tipificar no Código Penal os crimes cometidos pela internet. Referida lei, tem por objetivo punir aqueles que invadirem computadores alheios ou outro dispositivo de informática, com fim precípuo de adulterar, ou obter informações sem autorização do titular.
Aludido projeto será submetido a sanção da presidente Dilma Rousseff.
O projeto em tela foi aprovado, em decorrência do roubo e postagem na internet de 36 fotos intimas da atriz Carolina Dieckmann. Os criminosos serão indiciados por difamação, e outros delitos como furto e extorsão qualificada, posto que, ainda não há nenhuma legislação especifica que verse sobre o tema.
Cumpre mencionar que no Senado, não há entendimento uníssono no que tange a aprovação do projeto. De acordo com alguns senadores é importante a criação no Código Penal da figura do crime cibernético. Contudo, para outros, é necessário que referida mudança faça parte do projeto de Revisão do Código Penal.
A proposta foi apresentada no ano passado pelos deputados Paulo Teixeira (PT-SP), Luiza Erundina (PSB-SP), Manuela D'Ávila (PC do B-RS), João Arruda (PMDB-PR), além do suplente Emiliano José (PT-BA) e do atual ministro do Trabalho Brizola Neto (PDT-RJ). A intenção foi substituir projeto apresentado em 1999 que ampliava o leque de crimes cibernéticos e ficou conhecida como Lei Azeredo, por ser relatada pelo deputado Eduardo Azeredo (PSDB-MG). [9]
Consoante Renato Opice Blum[10]:
Independente das falhas existentes, como as penas previstas baixas, o avanço com a Lei Carolina Dieckmann é inegável. Pois o Brasil tem a quinta maior população de usuários de internet do mundo com 70 milhões que passam 25 horas por mês online. ‘’ Com uma movimentação dessas já era hora de termos segurança jurídica para nossos usuários’’
Carlos Sobral,delegado da Polícia Federal, que atua na repressão a crimes cibernéticos, concorda com o pensamento de Blum, no que diz respeito ao avanço do texto aprovado no Senado, mas também acha que as penas estabelecidas são leves. “Poderia ser um pouco maior. Nós, delegados, chegamos a propor mínimo de um ano e máximo de três anos de prisão, mas são crimes novos e a sociedade ainda questiona se, nesses casos, a pena deve ser mais severa.” [11]
Consoante, pensamento do advogado especialista em Direito Digital, Victor Haikal, a lei ficará incompleta e com vulnerabilidades. “Nessa área, o criminoso profissional é muito especializado e vai aproveitar as brechas para se livrar dos crimes, só os pequenos serão pegos”[12], diz.
Independente das falhas, e críticas existentes pode-se considerar a Lei Carolina Dieckmann como sendo o marco dos crimes cibernéticos brasileiros e um avanço fundamental na forma de lidar com a grande rede. O deputado Eduardo Azeredo (PSDB – MG), assevera que: “Na medida em que o crime é tipificado, tudo fica mais claro para quem processa e para quem vai julgar.” [13]
Inclusive, a Ordem dos Advogados do Brasil é favorável a lei que tipificou os delitos digitais, merece destaque o fato de que existe uma cartilha, para ser baixada, na Internet, no que tange a recomendações e boas práticas para o uso seguro da Internet para Toda a Família, tal cartilha tem como itens, liberdade de expressão, crimes de preconceito de raça ou de cor, cyberbullyng, como denunciar crimes na internet e finaliza dando as dicas para usar a internet sem medo.
Cartilha existente também tratando a respeito, deste mesmo tema navegação segura na internet, é a que possui no site, Safernet [14]·, site este que se consolidou como entidade de referência nacional no enfrentamento aos crimes e violações aos Direitos Humanos na Internet, e tem se fortalecido pelos acordos e cooperações firmados por instituições governamentais, a exemplo do Ministério Público Federal. Tal cartilha, assim como a existente no site da OAB, tem o objetivo de contribuir para a promoção da utilização da Internet de forma mais segura e ética. Tem a intenção de estimular os brasileiros, inclusive crianças e adolescentes a aproveitar a grande rede, sem deixar de adotar as dicas de segurança.
Com o avanço do projeto de lei Carolina Dieckmann e mesmo com a existência de cartilhas falando do tema, e outras diversas formas para se proteger na internet, indiscutível se faz que as condutas criminosas sejam exacerbadas de uma vez por todas do ambiente virtual. Para que criminosos que ficam “disfarçados” através de sites e perfis fictícios possam ser punidos.
Em suma, pode- se concluir com o trabalho exposto que de extrema importância a criação desse novo projeto de lei tipificando a respeito dos delitos informáticos, para que as pessoas que pensem em praticar crimes no mundo cibernético, não mais o façam, tendo em vista que a internet não mais é terra de ninguém, ela tem sim uma punição.

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