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Os impasses recorrentes no Sistema Único de Saúde
 Carolina Rocha Soledade e Sabrina Santos Tavares 
Na minha opinião, é possível observar que o descaso com a saúde pública é um problema crônico, o qual se arrasta por muitos anos resultando em uma crise previsível. Pode ser chamada assim, pois ausência de atenção de qualidade aos usuários, medicamentos e lotação exagerada serem reclamações realizadas por cidadãos dessa e de outras décadas. Assim, pronunciou o presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Luis Eugênio Portela que se estamos longe da universalidade e da igualdade, estamos ainda mais longe da integralidade. Sendo notório, que ao falar isso referiu-se à não execução dos princípios do SUS.
	Uma das principais causas dessa crise é lotação exagerada dos hospitais públicos, que não apenas vai de encontro com os princípios do SUS, mas também é tido como um problema dos direitos humanos. Isto é, na maioria dos hospitais de emergência os pacientes ficam internados por mais de dias quando no protocolo indica que essas internações devem durar no máximo 12 horas. Esse cenário pode ser comprovado por uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha no estado de São Paulo, onde mais de 30% dos entrevistados estavam aguardando, pelo SUS, a realização de algum procedimento ou tinham algum familiar nessa situação e o tempo de espera média era de dias. Assim, é possível observar vítimas da inconsistência de um sistema que, a despeito de ser dos mais avançados do mundo por sua universalidade e integralidade padece pela insuficiência de gestão.
No entanto, o SUS está sendo alvo de reformulação por parte do governo interino de Michel Temer através da possiblidade da criação de um Plano de Saúde Acessível. Ou seja, praticamente uma forma de cobrança sobre serviços que hoje são gratuitos. Porém, a maior grande parte da população brasileira reside casas com infraestrutura precária e não possui renda para fazer a feira do mês, passando fome. Essa realidade pode ser comprovada através de uma pesquisa feita pela Folha de São Paulo, a qual mostra que cerca de 44,8% da população sobrevive com um salário mínimo ou menos. Observando esses dados, é possível concluir que apesar de ser um plano acessível, nem todos vão ter acesso a ele, excluindo ainda mais esses cidadãos que já sofrem com tantas outras mazelas. Assim, há uma ilusão de que com mais pessoas na saúde suplementar privada, os investimentos do Estado no SUS cairiam em detrimento dos subsídios aos planos, mas, essa situação mataria aos poucos a ideia de uma saúde gratuita e universal para todos os brasileiros, e grande parte deles não teriam acesso ao que é considerado um direito humano.
	Na literatura científica, um dos conceitos mais aludidos, no campo da saúde por Winslow (1920), é que ele diz que Saúde Pública é a ciência e a arte de evitar a doença, prolongar a vida e promover a saúde física e mental, e a eficiência, através de esforços organizados da comunidade. Entretanto, a realidade está indo contrária a todos esses valores, pois, é dever do Estado e não faculdade, proporcionar o mínimo de condição para que a população possa ter dignidade quando necessitar de cuidados. Dessa forma, é de suma importância garantir uma política de investimentos do Estado e não de empresas privadas no setor, para que possamos atuar na Saúde básica, na alta e na média complexidade de forma integrada e adequada.

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