Buscar

Processo Penal Recursos - Parte 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 50 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Processo Penal 
"Cuida de evitar os crimes, para que não sejas obrigado a puni-los." 
Confúcio 
Por Rommel Andriotti 
2º semestre de 2013 
! de !1 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Introdução 
Olá caro colega, e seja bem vindo ao maravilhoso mundo do Direito! 
O resumo que você tem em mãos foi confeccionado com o maior esmero 
possível, e é resultado do meu entendimento das aulas que assisti e das pesquisas 
que realizei sobre o tema. 
Em razão disso, nenhum professor, aluno, instituição, ou mesmo eu próprio é 
responsável por este conteúdo. Ele foi elaborado como um caderno de estudante, e por 
isso não há garantia de isenção de erros. Entretanto, conforme mencionado, o que 
você lerá foi confeccionado com muita dedicação, e por isso certamente poderá 
acrescentar valor aos seus estudos. 
É importante ressaltar ainda que esse material não tem fins lucrativos. Você 
tem minha autorização para utiliza-lo como desejar, bem como para divulgar esse 
material a vontade. Conhecimento é para ser disseminado, multiplicado e perpetuado! 
Por fim, com a devida vênia, gostaria de com poucas palavras dedicar esse 
material ao meu caríssimo irmão, Raphael, que me privilegia habitualmente com sua 
presença gentil e bondosa, sem a qual eu não conseguiria prosseguir. 
Como ler esse material 
Cada aula é iniciada com um título grande que indica o número da aula, a data 
que ela me foi lecionada, e seu tema principal. 
Ex.: 
Aula 52 (29.02.2008) - Os regimes de 
casamento 
Depois, vocês verão textos corridos, eventualmente divididos por outros títulos e 
subtítulos, como esse: 
As citações 
Quando eu for citar algum autor, jurisprudência, notícias, etc, eu seguirei padrões 
para facilitar a identificação do que esta sendo lendo. 
Normalmente o layout será esse: 
Quando eu fizer um comentário pessoal, ele estará escrito dessa forma, como 
anotações em um caderno. 
Se eu quero transcrever uma citação ou dica especifica do professor, a 
observação estará assim, em giz. 
! de !2 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Quando transcrevermos um artigo de lei, ele estará assim: 
CF. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade 
Ao transcrevermos uma sumula ou jurisprudência o layout será esse: 
STF Súmula nº 691 - 24/09/2003 - DJ de 9/10/2003, p. 5; DJ de 
10/10/2003, p. 5; DJ de 13/10/2003, p. 5. Competência - 
Conhecimento de Habeas Corpus Contra Indeferimento de 
Liminar em HC Impetrado em Tribunal Superior. 
Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas 
corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas 
corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar. 
(Conhecimento na Hipótese de Flagrante Constrangimento 
Ilegal - HC 85185, HC 86864 MC-DJ de 16/12/2005 e HC 90746-
DJ de 11/5/2007)
Doutrinas estarão na fonte times. 
Se eu for citar um filosofo ou mesmo um cientista antigo, a fonte será essa, como 
se escrito em papiro. 
Se faremos uma citação jornalística, a forma será a seguinte, em homenagem à 
máquina de escrever: 
Folha de São Paulo - 23/08/2013 - 23h40 
Brigas de Joaquim Barbosa com membros do STF são tema de matéria do 'New 
York Times' 
As brigas entre Joaquim Barbosa e os demais membros do (STF) Supremo Tribunal 
Federal foram tema de matéria do jornal americano "The New York Times" nesta 
sexta-feira (23). À publicação, o chefe do Judiciário brasileiro voltou a dizer que não 
pretende se candidatar a nenhum cargo. 
A matéria caracterizou Barbosa como uma pessoa "direta" e "sem medo de 
aborrecer o status quo". "Quando o presidente do Tribunal, Joaquim Barbosa, 
adentra a corte, os outros dez ministros se preparam para o que pode vir depois", 
escreveu o correspondente americano Simon Romero, que viajou do Rio à Brasília 
para a entrevista. 
"Ele é a força motriz por trás de uma série de decisões socialmente liberais", diz o 
texto, acrescentando a atuação do ministro virou motivo de fascínio popular. 
Além do recente episódio em que Barbosa acusou Ricardo Lewandowski de fazer 
"chicanas" no julgamento dos recursos do mensalão, Romero cita uma ocasião em 
que o juiz discutiu com Marco Aurélio Mello, sugerindo que este só virou ministro 
por ser parente do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Também foi mencionada 
uma briga em que o presidente do Supremo insinua que Gilmar Mendes tem 
"capangas", em resposta ao que julgou ser uma fala condescendente do colega, e a 
entrevista na qual disse que os juízes brasileiros de têm mentalidade "conservadora" 
e "pró impunidade". 
! de !3 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/08/1331441-brigas-de-joaquim-barbosa-
com-membros-do-stf-e-tema-de-materia-do-new-york-times.shtml 
Por fim, estrangeirismos estarão em itálico (fumus boni iuris et Periculum in mora), e 
partes importantes estarão devidamente destacadas. 
Você pode ajudar na confecção desse resumo notificando quaisquer erros que 
você encontre ou me enviando material para complementarmos a aula. Estarei disponível 
24/7 no email: rommel.andriotti@outlook.com 
Enfim, espero que vocês gostem e aproveitem este material. 
Bons estudos! 
Rommel An!io"i 	
Aula 01 e 02 (ago/2013) - Das Provas 
Em razão de minha ausência, a confecção destas aulas só foi possível graças a gentil 
contribuição de Bárbara Ferreira de Bonis e Alini Mormino, a quem eu externo minha 
profunda gratidão. 
Provas 
Continuada será testes sem consultas. 
Regimental será dissertativa com consulta à lei "seca", ou seja, sem comentários 
ou anotações. 
Bibliografia 
Guilherme Nucci. Manual de processo e execução penal. 
Fernando Capez. Curso de processo penal. Saraiva. 
Fernando da Costa Tourinho Filho. Manual de processo penal. Saraiva. 
As Provas 
A regulamentação das provas foi alterada em 2008 pela lei 11.690 (2008) 
Prova é todo o ato praticado pelas partes, pelo juiz, ou por terceiro (peritos, 
testemunhas, etc) com a finalidade de levar ao magistrado a convicção sobre a existência 
ou não de um fato. 
 Fatos ocorrem no mundo exterior ao processo, e por isso são necessários meios 
de levar tais fatos ao conhecimento do juiz, com o fim de criar o convencimento dele, 
permitindo assim o julgamento da lide. 
As provas são produzidas pelas partes, ou são requeridas por terceiros ou o 
próprio juiz. 
! de !4 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
OBJETO DA PROVA 
Thema Probandum = aquilo que deve ser provado. 
Fundamentalmente o objeto da prova são os fatos, pois são esses que o juiz 
desconhece. Espera-se, claro, que o direito o juiz saiba. 
Há no entanto fatos que não precisam ser provados: 
• Os fatos axiomáticos ou intuitivos - são aqueles que por si mesmo demonstrem algo. 
Ex.: Cadáver em decomposição não necessita de prova de falecimento. Dãããã 
Um professor em uma aula tem cerca de 40 testemunhas que afirmam que ele ali 
estava. Obviamente, em razão disso, ele não precisará complementar este alibi com outras 
provas. 
• Fatos notórios - são fatos que são de conhecimento geral, e não necessitam de prova. 
Ex.: provar que segunda vem após domingo, ou que tinha luz solar ao meio dia. 
Dããããããã 
• Os fatos presumidos pela lei - Fatos que a lei considera existentes dependendo de 
certas circunstancias. Ex.: a inimputabilidade do menor de dezoito anos não precisa ser 
provada, ela é uma presunção legal. 
• Os fatos inúteis - são os fatos que não dizem respeito ou não são necessários para a 
resolução da lide criminal. Ex.: o sujeito acusado de roubo não precisa provar para qual 
time que ele torcia (mesmo que fosse para o Corinthians!!!).Fatos Incontroversos 
Fatos incontroversos são aqueles ditos por uma parte e admitidos ou não 
contestados pela outra. No entanto, observe que se o fato é relevante para a causa, no 
direito penal o juiz é obrigado a produzir provas sobre ele, em razão do princípio da 
Busca da Verdade Real. Em razão desse princípio, no processo penal o juiz é obrigado a 
apurar tanto quanto possível aquilo que realmente aconteceu, e nao uma verdade 
meramente formal. 
Verdade Formal = Verdade presumida na falta de contestação (direito civil) 
O juiz no processo penal não pode julgar presumidamente, mas sim buscar o que 
realmente ocorreu. O fato incontroverso então não significa que é uma verdade real, e 
ainda obriga as partes a prova-lo. 
Prova de Direitos 
O direito EM REGRA não é objeto de prova, pois na teoria o juiz sabe o direito, e 
precisa meramente que as partes lhe dêem os fatos. Excepcionalmente no entanto é 
possível que direito seja objeto de prova, quando, por exemplo, a aplicação de uma 
norma alienígena seja necessária ao caso. 
Meios de prova 
Meios de prova são os instrumentos aptos a trazer ao processo a convicção sobre 
os fatos. 
! de !5 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Ex.: prova documental, testemunhal, periciais, acareações, reconhecimentos, etc. 
Em regra as partes podem usar qualquer meio de prova que elas desejarem, em 
razão do princípio da liberdade de prova, que se coaduna também à busca pela verdade 
real, o que implica que a verdade deve ser alcançada. 
O código de processo penal, nos seus artigos 158 a 250, traz a relação dos meios 
de prova. Por isso, essas são chamadas de provas nominadas. Essa relação no entanto não 
é taxativa, até porque tal vedação impediria a apreciação de provas que surgissem 
posteriormente com novas tecnologias. 
Ex.: um juiz de 1988 não poderia imaginar que em 40 anos haveriam serviços de 
vídeos online potencialmente usados como prova (YouTube). 
A liberdade de prova não é um principio absoluto, pois a produção de provas não 
pode ferir outros princípios (vida, integridade física e moral, privacidade, etc). 
A prova emprestada por exemplo não encontra previsão expressa no código de 
processo penal. Prova emprestada é a prova produzida em outro processo e transladada 
para o processo em evidência. O juiz pode embasar sua decisão na prova emprestada cujo 
processo teve como partes as mesmas deste e que o contraditório foi respeitado. 
RESTRIÇÕES À LIBERDADE DE PROVAS 
O principio da liberdade de provas tem algumas limitações. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão 
observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
O estado das pessoas diz respeito ao casamento e parentescos. Diz o código civil 
que: 
Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela 
certidão do registro. 
Então, havendo-se certidão do registro, é essa a prova para comprovar-se o estado 
de pessoas. No direito penal essas regras são válidas, já que se tratam de estado das 
pessoas. 
Outro exemplo é a morte. A morte do réu se prova com a certidão de óbito, 
ocasião em que torna-se extinta sua punibilidade. 
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da 
certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, 
declarará extinta a punibilidade. 
Muito bem, mas imaginemos a seguinte situação: 
Um réu consegue uma certidão de óbito falsa. O que fazer? 
São duas as respostas para essa pergunta, cada uma oriunda de uma corrente 
doutrinária distinta: 
1ª corrente (minoritária) - Não há como se afastar essa possibilidade, pois a coisa 
julgada em favor do réu é a mais absoluta no processo penal, podendo-se somente 
processa-lo por falsificação de documento, admitindo-se o transito em julgado em seu 
! de !6 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
favor, ainda que originário de uma falsificação documental. Essa vertente é considerada a 
mais tecnicamente correta, embora minoritária. 
2ª corrente (majoritária) - A decisão baseada em certidão falsa não faz coisa 
julgada, podendo ser revogada, continuando o processo a partir daquele ponto, além de 
processar-se o réu também pelo novo crime de falsificação documental. Essa corrente é a 
majoritária e é a seguida pelo STF e STJ. Ainda bem mesmo! A primeira corrente é 
meramente formalista, e coloca a norma processual acima da material, em detrimento da 
verdade e da justiça. 
Prova ilícita 
É inadmissível no processo penal o uso de provas consideradas ilícitas. 
CF. Art. 5º. LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas 
obtidas por meios ilícitos; 
CPP. Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas 
do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em 
violação a normas constitucionais ou legais. 
Então, prova ilícita é aquela obtida por meio de uma violação de uma norma legal 
ou constitucional. Ex.: confissão mediante tortura, violação de sigilo de ligações 
telefônicas sem autorização judicial competente, etc. 
Segundo a doutrina, as provas ilícitas assim consideradas em lato senso são um 
gênero que contém duas espécies: provas ilícitas em stricto senso, e provas ilegítimas, 
como veremos. 
Provas ilícitas stricto senso - São provas que violam qualquer norma de direito 
material. Ex.: confissão mediante tortura, violação de sigilo de ligações telefônicas sem 
autorização judicial competente, etc. 
Provas ilegítimas - São provas que violam normas de direito processual. Ex.: 
CPP. Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de 
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo 
se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu 
testemunho. 
CPP. Art. 479. Durante o julgamento não será permitida a leitura de 
documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos 
autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, dando-se 
ciência à outra parte. 
Parágrafo único. Compreende-se na proibição deste artigo a leitura 
de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, 
gravações, fotografias, laudos, quadros, croqui ou qualquer outro 
meio assemelhado, cujo conteúdo versar sobre a matéria de fato 
submetida à apreciação e julgamento dos jurados. 
Na prática nenhuma delas é admissível, sendo tal distinção somente teórica. 
Nesses casos, o juiz deverá desentranhar a prova, retira-la dos autos, e inutiliza-la, 
fazendo como se ela nunca houvesse existido. 
Nesses casos é possível a aplicação do princípio da proporcionalidade - a 
proibição da prova ilícita pode ser mitigada (reduzida) para a aplicação do princípio da 
proporcionalidade, que aduz que nenhum direito é absoluto, nem mesmo o à vida. Ex.: o 
! de !7 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
direito à vida de um agressor é considerado proporcionalmente menor que o da vitima, 
sendo a essa permitida a legitima defesa sem excesso, mesmo que isso cause a morte do 
agressor. 
Portanto, a prova ilícita poderá ser admitida quando o direito que ela viola for 
menos relevante que o direito que ela assegura. Ex.: uma pessoa injustamente acusada de 
latrocínio que junta uma prova que ela obteve furtando um documento de uma casa após 
invadir o domicilio pode ser admitida, pois o direito da liberdade do réu é superior que o 
da inviolabilidade ao domicilio. 
Esse princípio, quando usado em favor do réu é sempre permitido, mas contra 
ele não, dependendo muito do caso concreto. Nesses casos, tal prova só é admissível 
contra o réu em situações de urgência. Ex.: um indivíduo coloca uma bomba relógio na 
sala de aula e os demais, sem ter como sair da sala, o torturam para que ele revele onde 
ela está. Como a finalidade é salvar a todos, isso seria admitido. Da mesma forma, se no 
mesmo exemplo a finalidade fosse meramente garantir a punição do réu a confissão dele 
não seria mais válida.Provas derivadas ou ilícitas por derivação 
São provas que são licitas quando consideradas nelas mesmas, mas que o 
conhecimento já se deu através de uma ilícita. 
CPP. Art. 157. § 1º - São também inadmissíveis as provas 
derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de 
causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas 
puderem ser obtidas por uma fonte independente das 
primeiras. 
§ 2º - Considera-se fonte independente aquela que por si só, 
seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da 
investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao 
fato objeto da prova. 
Ex.: Submetido a tortura, um sujeito confessa um crime que a polícia 
desconhecia, e somente diante disso a policia ouve testemunhas, vitimas, etc. 
O CPP adota com isso uma corrente doutrinaria norte americana, não admitindo 
as provas derivadas. Como sempre, teremos exceções a essa regra: 
Exceção 01. As provas derivadas podem ser admitidas quando não demonstrado 
o nexo de causalidade entre a prova ilícita anterior e as provas licitas posteriores. Na 
duvida sobre a derivação o juiz aceita a prova. Cabe ao polo passivo provar que a prova se 
deu ilicitamente. 
Exceção 02. As provas derivadas também são admitidas quando as provas 
posteriores lícitas pudessem ser adquiridas sem o intermédio das ilícitas. Neste caso, o 
juiz reconhecerá que a prova é derivada, mas considerará que a prova ilícita anterior não 
foi condição si ne qua non para a obtenção da posterior licita. 
O ônus da prova 
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, 
porém, facultado ao juiz de ofício: 
! de !8 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
I - ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção 
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, 
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da 
medida; 
II - determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir 
sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre 
ponto relevante. 
Ônus da prova é o encargo que as partes têm de provar o que respectivamente 
alegam. 
A prova da alegação incumbe a quem a fizer, o que primariamente recai sobre a 
acusação, uma vez que essa é quem acusa alguém de ter praticado um crime, tendo de 
demonstrar para tanto a prova de materialidade e indícios de autoria. 
A defesa por sua vez recebe o ônus da prova secundariamente, tendo por 
exemplo que provar a incidência de uma excludente de ilicitude ou culpabilidade. Ex.: a 
prova dos alibis esta a cargo da defesa. 
Em razão do principio da busca da verdade real, o juiz tem autonomia para 
determinar a produção de provas não requeridas pelas partes. 
O ônus da prova para a acusação é considerado qualificado, uma vez que ela tem 
de incutir no juízo a certeza de que o crime ocorreu. A defesa por sua vez tem meramente 
de estabelecer a dúvida, pois in dúbio pro réu (na duvida, favorece-se o réu). 
Sistemas de apreciação e valoração das provas 
Esses sistemas são adotados quando há conflito entre provas. Existem três 
possíveis: 
Sistema da intima convicção ou certeza moral do juiz 
Esse não é nosso sistema. A lei não hierarquiza as provas, podendo o juiz valora-
las como desejar sem fundamentar. 
Sistema da intima convicção ou certeza moral do legislador 
Não é nosso sistema. A lei hierarquiza a norma, estando o juiz obrigado a seguir a 
prova legalmente considerada mais relevante. 
Sistema do livre convencimento ou livre apreciação 
As provas são teoricamente consideradas equivalentes, podendo o juiz atribuir 
valor a elas como desejar, estando no entanto obrigado a fundamentar sua decisão. 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da 
prova produzida em contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Exceção: no tribunal do júri os jurados não precisam fundamentar! 
! de !9 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Aula 03 (15.08.2013) - Teoria Geral das 
Provas cont. e provas em espécie 
PROVAS CONTRADITÓRIAS 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da 
prova produzida em contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos 
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão 
observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
O juiz não pode fundamentar sua decisão exclusivamente nas provas produzidas 
em fase de inquérito. Em outras palavras, as provas da investigação não podem ser o 
fundamento exclusivo da decisão. 
A razão disso é que as provas produzidas nessa fase não passaram pelo 
contraditório. O juiz pode usar essas provas de maneira complementar. 
Ex.: em uma situação hipotética, o suspeito confessa na delegacia, e a vitima 
conhece o reconhece como autor do crime. Posteriormente, em juízo, o suspeito não 
confessa, e a vítima não reconhece. Nesse caso, prevalecerá a prova do juízo. 
Exceções 
O próprio artigo 155 apresenta exceções à regra, estabelecendo provas que 
podem fundamentar a decisão e que foram produzidas em inquérito. São elas as provas 
antecipadas, as cautelares e as não repetíveis. 
Antecipadas - são provas realizadas pelo próprio juiz sob a égide do 
contraditório antes da ação penal, e por isso válidas quando da fundamentação da 
decisão. 
Cautelares - É uma espécie de prova antecipada que ocorre quando há a 
necessidade por qualquer razão que a produção da prova seja realizada antes do início da 
ação (Periculum in Mora). Um exemplo é o depoimento Ad Perpetuam rei Memoriam 
(depoimento para lembrança perpétua da coisa), que nada mais é que a oitiva de uma 
testemunha pelo juiz, sob o contraditório, antes da ação penal. Como o contraditório é 
respeitado, essa prova é valida mesmo sendo produzida antes da ação penal. 
Provas não repetíveis - são provas realizadas sem contraditório na fase da 
investigação e que por sua natureza não podem ser repetidas em juízo na fase da ação. 
Por exemplo: algumas perícias. Um perito que analisa as vísceras de uma vitima de 
homicídio só pode realizar tal analise uma vez. Sua natureza irrepetível permite ao juiz 
que fundamente sua decisão com base em tal prova, no exemplo a perícia irrepetível. 
Nesses casos, se diz que o contraditório é diferido, ou seja, é postergado, 
retardado, deixado pra depois. Se diz isso pois o contraditório não existe no momento da 
criação da prova, mas ele pode ser realizado mais tarde, dando às partes a oportunidade 
de impugnarem aquela prova. 
! de !10 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Provas em espécie 
O CPP nomeia algumas provas (provas nominadas). São essas as provas em 
espécie, que serão objeto desta seção. 
PERÍCIA 
Arts. 158 - 184 
Exame realizado por pessoa que tenha conhecimento técnico específico. 
O juiz é um técnico no direito. Ele não é obrigado a conhecer todas as outras 
áreas do conhecimento humano (ex.: contabilidade, engenharia, Eletrônica, medicina, 
etc). Por isso existem os peritos, que esclarecerão ao juiz quais as conclusões técnicas da 
análise dos elementos probatórios. O perito é um auxiliar da justiça. 
Classificação dos peritos 
Oficiais 
Peritos oficiais são peritos funcionários públicos, que exercem o cargo de perito. 
Em regra, as perícias devem ser realizadas por um perito oficial (art. 159 CPP). Somente 
um perito é necessário, mas em perícias mais complexas vários peritos podem ser 
nomeados, especialmente em áreas variadas do conhecimento, que complementarão o 
laudo (ex.: um assassinato complexo envolve varias perícias na cena do crime, como 
sangüínea, química, balística, etc) 
Onde não houverperito oficial, as perícias serão realizadas por no mínimo dois 
peritos particulares. 
Particulares 
Peritos particulares são pessoas idôneas, com curso superior preferencialmente na 
área demandada, nomeadas pelo juiz para realizar o exame. Eles deverão prestar 
compromisso de imparcialidade para desempenhar as funções. Dos peritos oficiais não é 
requerido tal compromisso pois eles já são juramentados quando da posse do cargo. 
Determinação da perícia 
As perícias podem ser determinadas: 
Na fase da investigação 
Pelo delegado ou pelo juiz. 
Na fase da ação 
Somente pelo juiz (de ofício ou a pedido das partes). 
QUESITOS 
Determinadas a perícia, as partes podem oferecer quesitos, que são perguntas a 
serem respondidas pelo perito. 
Na fase da ação as partes podem nomear assistentes técnicos (Art. 159). Esses são 
peritos particulares, nomeados pela(s) parte(s) com a finalidade de criticarem 
(comentarem, opinarem) a perícia do juízo no interesse da(s) parte(s) que requereu a 
assistência técnica. 
! de !11 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Quando o objeto da perícia ainda esta disponível, a parte pode requerer que o 
assistente tenha acesso ao objeto da perícia. Tal requerimento passará pelo crivo de 
aprovação do juiz. 
Parágrafo 6º do artigo 159 - § 6º - Havendo requerimento das 
partes, o material probatório que serviu de base à perícia será 
disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá 
sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame 
pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. 
O juiz é obrigado a decidir de acordo com a perícia? De acordo com o perito 
oficial? Com o assistente? 
Não. O juiz é Peritus Peritorium. Ele é o perito dos peritos. Ele poderá discordar 
das perícias, desde que ele fundamente, em conformidade com o principio do livre 
convencimento do juiz. Ele valorará como desejar as provas a sua disposição. 
EXAME DE CORPO DE DELITO 
É a rainha das perícias. 
Corpo de delito 
Corpo de delito é o conjunto de vestígios 
materiais deixados pela infração. É aquilo que 
materialmente foi modificado pela infração penal. É 
aquilo que era de um jeito antes da infração, e 
passou a ser de outro jeito após a infração. 
Exemplos: 
1) o corpo de delito de um homicídio 
consumado é o cadáver; 
2) o corpo de delito de um incêndio é os 
objetos e infra-estruturas carbonizados; 
3) o corpo de delito do crime de estupro são as marcas e fluídos corporais 
gerados pela cópula; etc. 
Classificação do corpo de delito das infrações 
Delicta Factis Permanentis (delitos de fatos permanentes) - são as infrações 
que sempre deixam vestígios, ou que necessariamente deixam vestígios. Ex.: o homicídio 
consumado é delito de fato permanente. A tentativa pode não ser, se ela for branca 
(tentativa branca: não causa nenhum efeito; tentativa cruenta: causa efeitos, ainda que 
não os desejados em ultimo plano, como ferimentos na vitima em uma tentativa de 
homicídio). 
Nesses casos é obrigatório o exame de corpo de delito. 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável 
o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo 
supri-lo a confissão do acusado. 
Por isso, se o exame de corpo de delito é possível mas não é realizado, essa 
ausência acarretará a nulidade da ação, ainda que haja confissão. 
! de !12 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
CPP. Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: 
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, 
ressalvado o disposto no Art. 167; 
Delicta Factis Transeuntes (delitos de fatos passageiros) - são infrações que 
não deixam vestígios obrigatoriamente. Ex.: o crime de injúria pode não deixar vestígio 
material. 
Nesses casos, o exame só é necessário se há corpo de delito. Se possível, a perícia 
deve ser feita, mas como um reforço da prova, mas a ausência da perícia não acarreta em 
nulidade, podendo tal ausência ser suprida por outras provas. 
Obs.: os vestígios que se referem essas classificações são vestígios materiais. A 
lembrança das testemunhas por exemplo não é considerada vestígio pra tais efeitos pois 
são vestígios intelectuais, e não materiais, ou seja, nao são vestígios que sofreram 
alteração. 
Exame direto - é um exame realizado diretamente sobre os vestígios da infração. 
Ex.: Perícia no cadáver do homicídio. 
Exame indireto - é um exame baseado em outras provas. Ex.: se ocorre um 
homicídio e o cadáver não esta disponível, o exame de outras provas permitirá se verificar 
e existência ou nao do fato. 
Só se admite o exame indireto quando impossível a realização do direto. 
Interrogatório judicial do acusado (arts. 185 - 196, CPP) 
Interrogado é o indiciado no 
inquérito, ou o réu na ação penal. Não se 
fala em interrogatório de testemunha, mas 
sim em oitiva de testemunha. Testemunha 
se ouve, não se interroga. 
O interrogatório judicial do 
acusado é o ato judicial que consiste em 
se ouvir o acusado sobre a acusação. A 
natureza desse ato é ao mesmo tempo 
meio de auto defesa e meio de prova. É 
meio de auto defesa pois o réu dirá sua 
versão do fato imputado, e é meio de prova pois pode ser levado em conta pelo juiz para a 
decisão. O interrogatório em juízo é contraditório, sendo as partes intimadas para 
acompanharem. O defensor tem de obrigatoriamente estar presente. Caso o réu não 
houver trazido um defensor próprio, caberá ao já nomear um defensor para ele. Além 
disso, antes do interrogatório, o réu tem o direito de se entrevistar com o seu defensor 
sigilosamente. 
Na próxima aula: continuação do interrogatório. 
! de !13 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Aula 04 (16.08.2013) - Interrogatório e 
outros meios de prova 
DIREITO AO SILÊNCIO 
 (art. 186, parágrafo único, CPP, e art. 5º, inc. LXIII, CF) 
Qualquer acusado tem o direito de ficar em silêncio. O silêncio nesse caso não 
pode ser interpretado nem a favor e nem contra o réu. Como é um direito garantido 
constitucionalmente, entende-se que o silencio nao pode resultar em ônus ao réu. 
CF. Art. 5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, 
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada 
a assistência da família e de advogado; 
O réu pode mentir no interrogatório, mas esse direito tem limites, pois ele só 
pode mentir na medida da necessidade de sua defesa. O réu não pode, por exemplo, 
mentir sobre a sua qualificação ou imputar a outrem o crime que fora imputado a ele 
(salvo se for verdade). 
As partes do interrogatório 
Art. 187, CPP 
O interrogatório se divide em duas partes: 
1ª parte - interrogar o réu sobre sua pessoa, como sua vida social, sua condição 
financeira, profissão, oportunidades na vida, etc. 
2ª parte - interrogar sobre os fatos da acusação. 
Após isso, será concedida as partes a oportunidade de formularem perguntas. As 
perguntas são feitas por intermédio do juiz. As partes dirigem suas perguntas ao juiz e o 
juiz repergunta ao réu. O juiz pode indeferir perguntas impertinentes. 
Local do interrogatório 
Art. 185, parágrafo 1º 
Se o réu está solto, é realizado em juízo, na sala de audiências. Se ele estiver 
preso, a regra é que ele seja interrogado no presídio. É claro que essa regra esta fora da 
realidade. Felizmente o legislador abriu exceções: a audiência poderá ser fora do presidio 
quando não houver segurança para o juiz e as partes, bem como se não houver garantia 
de publicidade. Como na pratica nunca tem nem uma e nem outra, as audiências são 
sempre realizadas nos fóruns. 
Interrogatório por vídeo conferencia (interrogatório online) 
Levar os presos da prisão para o fórum se mostrava uma atividade muito perigosa 
e dispendiosa ao estado. 
Em razão disso, o estado de São Paulosancionou a lei 11819/2005 que 
regulamentava as vídeo conferencias. A OAB e a procuradoria do estado de São Paulo 
foram contra. No fim, o supremo tribunal federal declarou essa lei inconstitucional, mas 
FORMALMENTE, ou seja, ela foi declara inconstitucional porque matéria processual só 
! de !14 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
pode ser legislada pela união, mas isso não ataca o mérito da lei, somente sua 
formalização. 
Depois disso, a lei federal 11900/2009 alterou o CPP, permitindo as vídeo 
conferencias. Até hoje o supremo não se manifestou ainda sobre a constitucionalidade de 
tal lei. 
Hipóteses em que a lei permite o interrogatório por vídeo conferencia 
Art. 185, parágrafos 1º a 9º, CPP 
A lei prevê hipóteses taxativas para realização das vídeo conferencias. Nenhuma 
dessas hipóteses é a dificuldade de escolta. Estas são as situações: 
§ 2º - Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de 
ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o 
interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência 
ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e 
imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária 
para atender a uma das seguintes finalidades: 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada 
suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de 
que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; 
É para evitar o perigo do translado de ida e volta do preso. Esse dispositivo foi 
inserido especialmente por causa do PCC. 
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, 
quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento 
em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; 
Ou seja, para quando o réu tem uma circunstancia ou contingência de saúde que 
o impeça ou dificulte sua participação no processo que integra. 
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou 
da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento 
destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste 
Código; 
Pois as vezes a presença do réu pode amedrontar ou gerar reações psicológicas 
fortíssimas na vitima e testemunhas. Note que primeiramente tenta-se ouvir a vítima ou 
testemunha por videoconferência, e somente na impossibilidade delas é que o preso é 
ouvido por videoconferência. 
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. 
Quando o crime tem grandes repercussão pública. 
Observações importantes 
Para haver a conferencia, as partes deverão ser intimadas com dez dias de 
antecedência, sempre se justificando o porquê da conferencia ser digital (conforme as 
situações acima). 
O réu deverá acompanhar a audiência inteira de onde ele se encontra. O réu 
deverá ser assistido por seu defensor. Mas onde esse defensor deverá estar? 
! de !15 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Se depreende da lei que devem haver dois defensores, um na sala do réu, e um 
na audiência com o juiz, e devem ser proporcionados meios de comunicação entre o réu 
e o defensor da sala de audiência, e entre os defensores. 
Uma sala reservada deve ser usada pelo o réu para a vídeo conferencia. 
Obrigatoriedade do interrogatório 
Art. 564, III, e 
Sempre que possível o interrogatório deve ser realizado. A ausência do 
interrogatório possível tornará nulo o processo. 
Se o réu inicialmente revel comparece posteriormente, torna-se necessária a 
realização tardia de seu interrogatório, que também é imprescindível. Se o réu 
comparecer mais tarde, ele deverá ser interrogado a qualquer tempo, mesmo após a 
sentença de primeiro grau. 
Renovação do interrogatório 
Art. 196, CPP 
O interrogatório pode ser renovado, o juiz reinterrogando o réu de oficio ou a 
pedido das partes. 
CONFISSÃO 
Arts. 197 a 200, CPP 
É outro meio de prova nominada. É a admissão voluntária pelo indiciado ou réu 
dos fatos contidos na acusação. Existem dois tipos: 
Confissão simples - o réu admite os fatos sem acrescentar nenhuma 
circunstância que altere a qualificação jurídica deles. Ex.: acusado por um crime de 
estupro, o réu admite que estuprou. 
Confissão qualificada - o réu admite os fatos mas acrescenta uma circunstancia 
que altera a qualificação jurídica dos fatos. Ex.: acusado de homicídio, o réu admite mas 
revela que estava em legitima defesa. 
A confissão é divisível e retratável. Divisível significa que o juiz pode aceitar parte 
da confissão, rejeitando outra parte. 
A confissão não é "a rainha das provas", como se dizia antigamente. No nosso 
sistema do livre convencimento, não há prova que valha mais do que outra. 
Prova testemunhal 
Testemunha é toda a pessoa estranha ao processo chamada a depor sobre fatos 
relevantes para a decisão da causa. 
Vitima portanto não é testemunha. 
As testemunhas podem ser arroladas pelas partes no momento oportuno. O juiz 
pode determinar a oitiva de testemunhas nao arroladas pelas partes. Essas testemunhas 
são chamadas de testemunhas do juízo (art. 209). 
! de !16 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Se, uma vez passada a oportunidade de arrolar testemunhas, surge uma nova 
testemunha, a parte interessada pode requerer ao juiz sua oitiva, mas isso dependerá de 
anuência. 
As testemunhas deverão prestar um compromisso (art. 203 CPP) para falar a 
verdade. O compromisso é mera formalidade, e sua ausência não acarreta na nulidade do 
processo. Se a testemunha mente e não prestou compromisso, ainda assim ela terá 
proferido um testemunho válido. 
TESTEMUNHAS DISPENSADAS DE COMPROMISSO 
São consideradas informantes: 
O menor de quatorze anos (art. 208, CPP) 
Auto-explicativo. 
Doentes mentais (art. 208, CPP) 
Auto-explicativo. 
As pessoas dispensadas de depor, se depuserem (art. 206, CPP) 
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de 
depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente 
ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que 
desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do 
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-
se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. 
Como vimos, se nao houver outro meio para esclarecer o fato, o juiz pode 
determinar mesmo assim o depoimento, mas sempre sem compromisso. 
As pessoas que não prestam compromisso são chamadas de informantes ou 
declarantes, pois não prestam depoimento, mas sim declaração. 
Proibidos de depor 
São pessoas que em razão de sua profissão ou atividade devem guardar sigilo, e 
portanto estão proibidos de depor. Ex.: o advogado, o padre, o medico, etc. 
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de 
função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, 
salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o 
seu testemunho. 
Essa vedação é disponível. Admite-se o desaparecimento da profissão se o 
interessado no sigilo abra mão dele. No entanto, pelo entendimento do STJ, se esse 
profissional é subordinado a uma entidade de classe, então ela deverá ser consultada 
também. Ex.: OAB, Igreja, etc. 
SUSPEIÇÃO DE TESTEMUNHA 
É uma construção doutrinaria. É suspeita a testemunha que, por ter um interesse 
no processo, tem a sua credibilidade afetada. A testemunha suspeita pode depor, mas o 
juiz valorará tal testemunho considerando a suspeição. 
! de !17 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Contradita de testemunha 
Artigo 214 
É a impugnação da testemunha arrolada por uma das partes feita pela outra 
parte, nas hipóteses de suspeição, proibição, dispensa, menoridade ou doença mental. 
Procedimento 
Chamada a testemunha, antes do inicio do depoimento a parte pede a palavra e 
oferece a testemunha. O juiz então perguntará a contradita sobre o caso. Na hipótese de 
dispensa, o juiz pergunta à testemunha se ela deseja depor. Se for afirmativoprocede-se 
o depoimento, se negativo, o juiz dispensará, salvo se ela for o único meio de 
esclarecimento. Se a testemunha for suspeita, o juiz ouvirá com ressalvas. 
Incomunicabilidade das testemunhas 
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, 
de modo que umas não saibam nem ouçam os depoimentos 
das outras, devendo o juiz adverti-las das penas cominadas ao 
falso testemunho. 
Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua 
realização, serão reservados espaços separados para a garantia 
da incomunicabilidade das testemunhas. 
As testemunhas teoricamente são ouvidas separadamente, sem que uma tenha 
conhecimento do depoimento da outra. Alem disso, se a testemunha tem medo de falar 
na frente do réu, ela pode depor por video conferencia. 
Sistema de inquirição (art. 212) 
Antigamente o sistema usado era o presidencialista, onde o juiz reperguntava. 
Atualmente o sistema é o da inquirição, direto ou inglês. Agora, as partes perguntam 
primeiro, formulando as perguntas diretamente à testemunha. Entretanto, a 
jurisprudência tem entendido que se o juiz perguntar primeiro nao há nulidade. 
Reconhecimento de pessoas e coisas 
Artigos 226 à 228 
É o meio de prova em que alguém é chamado a confirmar ou não a identidade de 
uma pessoa ou de uma coisa que lhe é apresentada. Pode ser chamada pra reconhecer 
uma testemunha, um réu, etc, ou seja, qualquer pessoa. 
O reconhecimento pode ser feito tanto na parte de investigação como na fase em 
juízo, na ação penal. 
 Em primeiro lugar, o reconhecedor deve descrever a pessoa ou coisa a ser 
reconhecida ANTES de realizar o reconhecimento. Em seguida, são apresentadas várias 
pessoas com as mesmas características físicas para o reconhecimento. A lei diz que esse 
procedimento será adotado se possível, e por isso sua ausência nao gera nulidade. 
Quando isso é realizado na policia, é possível fazer com que o reconhecido não 
veja o reconhecedor. Em juízo, embora a lei diga o contrario, também não se permite que 
o reconhecido veja o reconhecedor, para evitar possíveis represálias. 
Busca e apreensão 
Arts. 240 a 250, CPP 
! de !18 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Muitas vezes é necessário apreender coisas, seja em investigação ou em juízo. 
Devem ser apreendidos todos os instrumentos ou objetos relacionados ao crime. A 
finalidade é evitar o desaparecimento dessas coisas. Ex.: o produto do crime (relógio), o 
instrumento do crime (arma, pé-de-cabra), as coisas compradas com dinheiro de crime 
(carro), etc. 
É possível a apreensão sem busca, 
quando não é necessário procurar a coisa. 
Nesse caso, é lavrado um auto de exibição 
e apreensão. Isso ocorre quando alguém 
voluntariamente levou a coisa à justiça. 
Também pode haver busca sem 
apreensão, quando a procura é frustrada, 
ou seja, infrutífera. A busca é a diligencia 
destinada a encontrar pessoas ou coisas 
passíveis de apreensão. 
A busca pode ser domiciliar ou 
pessoal. Se é a primeira, é feita no 
domicilio de alguém. Se pessoal, é revistada 
a pessoa. De qualquer forma, devem haver indícios que indiquem que a prova encontra-
se nesses locais. 
A busca domiciliar 
Esta subordinada ao respeito à constituição: 
Cf. Art. 5º. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
A busca domiciliar pode ser realizada com o consentimento do morador ou sem 
o consentimento do morador. 
Com consentimento - Se com o consentimento, não precisa de mandado e não 
tem restrição de horário. Se sem o consentimento, ela pode ser sem mandado ou com 
mandado. 
Sem consentimento e Sem mandado - só pode se dar em três situações: 
flagrante delito, socorro, ou desastre. Note que se alguém esta guardando armas, drogas, 
cárcere, etc., por serem crimes permanentes, o flagrante esta ocorrendo sempre. Isso 
pode acontecer a qualquer hora. 
Com mandado - residualmente, todas as outras situações requerem mandado 
judicial. Note que embora o CPP diga que se o delegado ou o juiz forem pessoalmente 
eles não precisam de mandado, isso só vale para o juiz, pois a CF não recepcionou a 
autoridade do delegado. Nesses casos há a restrição temporal do dia. Pra esses efeitos, 
considera-se dia o período que compreende das 06h às 18h. 
Interceptação telefônica 
É regulada pelo art. 5º, X, XII e lei 9296/96 
! de !19 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo 
dano material ou moral decorrente de sua violação; 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
Requisitos 
Ordem judicial 
A ordem de quebra de sigilo telefônico deve ser emanada pelo juízo competente, 
que fundamentará a decisão. 
Hipóteses e formas previstas em lei (lei 9296/96) 
A lei prescreve a forma e as hipóteses autorizantes da interceptação telefônica. 
Finalidade de investigação criminal ou instrução processual penal 
Ou seja, não existe interceptação telefônica para outros fins que não penais. 
Aula 05 (22.08.2013) - Interceptação 
Telefônica 
Avaliação contínua marcada para 20 de setembro. 
Captação de conversas 
Interceptação 
 Interceptação é a gravação de uma conversa realizada por um terceiro. A 
interceptação pode ser telefônica ou ambiental (presencial). Ela pode ser feita sem o 
conhecimento dos participantes (sentido estrito) ou com o conhecimento de um dos 
participantes. 
Atenção: subordinam-se às restrições do inciso XII do artigo 5º da CF as 
interceptações em sentido estrito (sem conhecimento de nenhum dos interlocutores). 
Gravação clandestina 
 É a gravação de uma conversa entre pessoas realizada por um de seus 
participantes. A gravação clandestina pode ser telefônica ou ambiental (presencial, física). 
As outras formas de captação de conversas se subordinam à proteção genérica, 
prevista no artigo 5º, X, CF. Elas podem ser usadas se não houver violação à intimidade e 
a vida privada, ou por aplicação do principio da proporcionalidade quando o bem que 
esta prova preserva é superior à intimidade ou vida privada das pessoas. 
Sempre que o destinatário da conversa foi ele mesmo o responsável pela 
gravação ou a autorizou poderá usa-la como prova observado o princípio da 
proporcionalidade. Essa é uma interpretação analógica do art. 233, parágrafo único, CPP: 
Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por 
meios criminosos, não serão admitidas em juízo. 
! de !20 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo 
respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda 
que não haja consentimento do signatário. 
No caso de interceptação ambiental sem conhecimento dos participantes: 
O TSF tem entendido que se a gravação foi feita em ambiente aberto (ex.: 
restaurante), ela poderá ser usada como prova. 
Se, no entanto, foi realizada em ambiente fechado, só poderá ser usado em 
função do princípio da proporcionalidade. 
Lei 9296/96 
Regula as interceptações telefônicas e de dados. No entanto, a parte de dados tem 
a constitucionalidade contestada, em razão do inciso XII, art. 5º, CF. 
Nesses casos, há divergências jurisprudenciais. 
A lei estabelece condições para a interceptação telefônica 
 Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações 
telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: 
I - não houver indícios razoáveisda autoria ou participação em 
infração penal; 
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
III - o fato investigado constituir infração penal punida, no 
máximo, com pena de detenção. 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com 
clareza a situação objeto da investigação, inclusive com a 
ind icação e qua l ificação dos inves t igados, sa lvo 
impossibilidade manifesta, devidamente justificada. 
Ou seja, são requisitos para a interceptação: 
Indícios de autoria 
Deve-se haver um suspeito, ou seja, a interceptação não pode ser o início da 
investigação. Deve-se haver primeiramente indícios de autoria, para então se promover a 
interceptação. 
Crime apenado com reclusão 
A investigação em questão deve se referir a um crime passível de pena de 
reclusão. 
A prova não pode ser produtível por outros meios 
A interceptação deve ser realizada somente em ultimo caso, quando o que se 
deseja provar não puder sê-lo por outros meios de prova. 
Obs.: a decisão do juiz que autoriza a interceptação deve ser fundamentada, 
apresentando o cumprimento dos três requisitos. Essa decisão pode ocorrer de oficio ou 
a requerimento de parte, normalmente ou da autoridade policial (delegado) ou do MP 
(promotor de justiça). 
A autorização não é indefinida, mas sim por um prazo, que é o do art. 5º da lei: 
! de !21 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, 
indicando também a forma de execução da diligência, que não 
poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual 
tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de 
prova. 
Ou seja, o prazo é de quinze dias, renováveis por mais quinze se estritamente 
necessário. Para que haja prorrogação, é necessária a prolação de uma nova decisão 
fundamentada. Quanto ao limite de prorrogações, o STF diz que é possível a renovação 
indefinida de interceptações. 
Uma questão que a lei não trata é que a interceptação é uma gravação (mídia), 
salva em CDS, pendrives, etc, sendo muitas e muitas horas de conversa. A praxe é que a 
policia ou o MP façam um resumo das conversas que interessam, sendo a transcrição 
feita por eles. No entanto, os advogados contestam isso, dizendo que o MP pode ocultar 
dessa transcrição partes da conversa que beneficiaria a defesa. 
Outro problema é o reconhecimento das vozes, já que normalmente os 
criminosos se tratam por alcunhas. Por isso, é comum requisitar perícia para se 
identificar de quem são as vozes na conversa. 
Tal material é sigiloso e autuado em separado, em autos somente com o conteúdo 
das gravações. Eles são juntados aos autos principais no final do inquérito ou no final da 
ação penal. 
A parte interessada pode pedir a inutilização de partes de tal material (ex.: a 
conversa do criminoso com a namorada se não tiver relação com o crime). A parte 
interessada não precisa ser o réu, mas até a pessoa que teve a intimidade invadida junto 
dele. 
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será inutilizada 
por decisão judicial, durante o inquérito, a instrução 
processual ou após esta, em virtude de requerimento do 
Ministério Público ou da parte interessada. 
Parágrafo único. O incidente de inutilização será assistido pelo 
Ministério Público, sendo facultada a presença do acusado ou 
de seu representante legal. 
O crime previsto pela lei... 
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de 
comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou 
quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com 
objetivos não autorizados em lei. 
Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
Ex.: juíza autoriza interceptação telefônica para verificar se o namorado tem 
amante ou não. 
Por analogia, as mesmas normas funcionam para os vídeos. 
A matéria da prova continuada vai até aqui. 
Com isso conclui-se a parte da provas! 
! de !22 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Procedimentos 
Antes de ir à procedimento, vamos rever o que é... 
PROCESSO 
É uma relação jurídica contraditória com um procedimento. Essa relação é uma 
relação triangular que se estabelece entre três partes: O juiz, o autor, e o réu. O autor é o 
demandante, o que pede. O juiz é aquele a quem se pede. O réu por sua vez é aquele de 
quem se pede. 
Na ação penal, o autor pede ao juiz o reconhecimento do juiz do direito de punir 
do estado. Este é o mérito da ação penal. Se condenado, será imputado ao réu uma pena, 
a qual ele ficará obrigado. 
A relação jurídica do processo é abstrata e invisível, mas o processo tem uma 
parte material, que é o procedimento. 
PROCEDIMENTO 
É uma sucessão de atos na ordem e na forma previstas em lei. Existe no 
ordenamento uma pluralidade de procedimentos. A razão para isso é a preocupação com 
duas coisas: a celeridade vs contraditório e ampla defesa (devido processo legal?) 
O problema é que essas duas coisas são contrapostas. Uma se opõe à outra. 
Ex1.: um criminoso cibernético chinês pode ser condenado em QUINZE 
MINUTOS. (Excesso de celeridade) 
Ex2.: o mensalão ocorreu entre 2005 e 2006, mas já estamos em 2013 (8 anos 
depois) e ainda não houve julgamento, sendo que este pode demorar ainda mais de dois anos 
em decorrência da aceitação dos embargos infringentes. (Excesso de contraditórios) 
A solução na justiça brasileira é que em crimes mais gravosos o contraditório é 
privilegiado. Ex.: o procedimento dos crimes dolosos contra a vida é o júri, que é o 
procedimento mais demorado existente no Brasil. Os crimes menos gravosos, por sua vez, 
privilegiam a celeridade. Ex.: as contravenções tem o procedimento sumaríssimo, que é o 
mais rápido. 
Além disso, crimes específicos tem procedimentos especiais. 
QUADRO DOS PROCEDIMENTOS 
Especiais 
São procedimentos destinados a determinadas infrações por causa de suas 
peculiaridades. Alguns deles estão no CPP e outros fora do CPP. 
No CPP: 
Júri - crimes dolosos contra a vida e conexos. Lembrando que alguns autores 
consideram o júri um procedimento comum e outros especiais (art. 406 - 497, CPP) 
Crimes funcionais - crimes praticados por funcionários contra a administração 
(arts. 513 - 518, CPP) 
! de !23 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Crimes contra a honra - são calunia, injuria e difamação. Eles tem procedimento 
especial previsto nos arts. 519 - 523, CPP. 
Crimes contra a propriedade imaterial - são os crimes de violação de direitos 
autorais (arts. 524 - 530, CPP). 
Comuns 
São procedimentos destinados a infrações genéricas. 
Os comuns podem ser ordinários, sumários, ou sumaríssimos. 
Ordinário 
Infrações com penas máximas superiores a quatro anos 
Art. 394. § 1º - O procedimento comum será ordinário, sumário 
ou sumaríssimo: 
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção 
máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de 
pena privativa de liberdade; 
Sumário 
Quando a pena máxima é inferior a quatro anos 
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção 
máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena 
privativa de liberdade; 
Sumaríssimo 
Destinado às infrações de menor potencial ofensivo (contravenções e crimes cuja 
pena máxima não ultrapassa dois anos). 
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial 
ofensivo, na forma da lei. 
Este procedimento não está no CPC, mas sim na lei 9099/95, que institui os 
juizados especiais: 
Lei 9099/95. Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor 
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções 
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não 
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. 
QUADRO SINÓPTICO 
Cabimento Testemunhas
Júri Crimes dolosos 
contra a vida
Ordinário Sanção de 4 ou 
mais anos
Até 8
! de !24 82D. Processualpenal IIPor Rommel Andriotti
Na próxima aula os procedimentos ordinários e sumários em detalhe. 
Aula 06 (23.08.2013) - procedimentos 
ordinários e sumário 
Esses procedimentos tem uma parte comum, que é igual à ambos: arts. 395 - 398 
CPP 
 Então esses procedimentos começam da mesma forma, salvo num único detalhe, 
que é no número de testemunhas. Essa fase é uma fase predominantemente postulatória. 
Passos comuns aos procedimentos 
01. OFERECIMENTO DA INICIAL, QUE SERÁ DENUNCIA OU QUEIXA 
 Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a 
denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, 
recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à 
acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a 
defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do 
acusado ou do defensor constituído. 
A acusação nomeará suas testemunhas nesse momento, com o rol de 
testemunhas. Aqui jaz a diferença: o procedimento ordinário admite até oito 
testemunhas, enquanto o sumario admite até 5 (art. 401 para ordinário e 532 para sumário). 
A acusação deve arrolar suas testemunhas na inicial, sob pena de preclusão. Se 
mais tarde surgir uma testemunha importante, a parte poderá requerer sua oitiva como 
testemunha de juízo, não configurando direito da parte, ou seja, o juiz chamará se ele 
considerar relevante. 
02. DECISÃO DO JUIZ 
O juiz tem duas possibilidades nessa decisão: 
Rejeição da inicial - o juiz pode rejeitar liminarmente a petição inicial, nas 
hipóteses do art. 395 CPP: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
Sumário Sanção inferior 
a 4 anos
Até 5
Sumaríssimo Sanção menor 
que dois ou 
menos anos
Cabimento Testemunhas
! de !25 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
É a petição não apta para cumprir sua finalidade. A inicial inepta é aquela que 
não cumpre os requisitos do art. 41 do CPP: 
 Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, 
a classificação do crime e, quando necessário, o rol das 
testemunhas. 
A parte mais importante é a descrição do fato criminoso, narrando a conduta que 
configuraria o crime. Tal história é fundamental para que haja a possibilidade do direito 
de defesa, uma vez que a inicial delimita a acusação, limitando a defesa àquilo e nada 
mais fora daquilo. 
A lei não prevê aditamento da denuncia, mas alguns juízes determinam tal 
aditamento, uma vez que não há vedação nem previsão à conduta. 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o 
exercício da ação penal; 
Por exemplo se o crime é de iniciativa pública e uma queixa é proposta, ou a 
conduta é atípica, etc. 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
A expressão indica uma causa que justifique processar alguém. Isso significa que 
a ação não pode ser gratuita, sem algo que a justifique. Simplificando, para haver justa 
causa é necessária prova da existência do crime e indícios de autoria. 
A rejeição da inicial é uma decisão que põe fim ao processo sem julgamento do 
mérito. Contra essa decisão cabe recurso em sentido estrito (RESE). 
CPP. Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, 
despacho ou sentença: 
I - que não receber a denúncia ou a queixa; 
RECEBIMENTO DA INICIAL 
Quando não presente nenhuma das hipóteses de indeferimento, o juiz receberá a 
inicial. Esse recebimento perfaz um juízo positivo de admissibilidade da acusação. Essa 
admissibilidade não toca o mérito, mas meramente a forma e requisitos legais da 
acusação. 
Então, é como se o juiz dissesse aos seus "botões": 
- Oras, é possível a condenação deste réu, por este crime, nesses 
termos! 
Em razão disso, a ação é cognoscível, e pode ser conhecida. 
Logo, com essa decisão tem-se inicio o processo de 
conhecimento. 
Diz a jurisprudência que essa decisão não precisa ser 
! de !26 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
fundamentada. NÃO cabe recurso contra o recebimento da inicial, mas cabe Habeas 
Corpus ou mandado de segurança, que nao são recursos, mas sim ações autônomas, 
remédios constitucionais. 
Caberá Habeas corpus quando há previsão de pena privativa de liberdade para o 
crime imputado, pois o réu fica sujeito a uma pena de prisão, o que possibilita o Habeas 
corpus preventivo. 
Se não há previsão de pena privativa de liberdade, caberá mandado de segurança. 
Superada essa parte, o próximo passo será... 
03. CITAÇÃO 
A citação é o ato pelo qual se da ciência ao réu da acusação e se chama o réu para 
que venha se defender. 
A citação pode ser pessoal ou ficta, sendo o réu citado pessoalmente na primeira 
e sendo citado por edital ou por hora certa na segunda. Até 2008 não havia no processo 
penal a citação por hora certa, mas agora ela existe e é aplicada quando o réu se oculta. A 
citação por edital se dá quando o réu esta em LINS (lugar incerto e não sabido)! 
Se a citação é por edital e o réu não dá manifestação alguma que teve 
conhecimento, torna-se aplicável o artigo 366, CPP: 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem 
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do 
prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção 
antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, 
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. 
Portanto, suspende-se o processo, até que o réu compareça ou constitua 
defensor. A prescrição também é suspensa nesses casos. Mas como não pode haver 
imprescritibilidade salvo as exceções constitucionais, a jurisprudência nacional entende 
que essa suspensão se dá por no máximo vinte anos, que é o tempo da maior prescrição 
criminal. 
Para provas urgentes, a prova pode ser produzida antes da suspensão. 
Além disso, o juiz pode decretar a prisão preventiva, desde que presentes os 
requisitos da prisão (art. 312 CPP) 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como 
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por 
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do 
crime e indício suficiente de autoria. 
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser 
decretada em caso de descumprimento de qualquer das 
obrigações impostas por força de outras medidas cautelares 
(art. 282, § 4o). (Alterado pela Lei 12.403/2011) 
Em todas as outras hipóteses de citação, o processo continua e não é suspenso, 
mesmo que o réu se torne revel. 
! de !27 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Finalizando citação, é importante saber que ela integra a relação processual, no 
sentido de tornar a relação processual íntegra, inteira, completa. Isso ocorre pois antes da 
citação o processo estava incompleto, já que só faziam parte o juiz e o autor. 
O réu é citado para oferecer uma resposta prévia em dez dias corridos, contados 
da citação. 
Atenção: No processo penal se conta do ato, e não da juntada do mandado. 
04. RESPOSTA PREVIA 
A resposta prévia é oferecida, sempre por defensor. Nunca usar a expressão 
defesa ou resposta preliminar. Essas são as respostas que se dão antes do recebimento da 
denúncia. No nosso caso, a resposta é prévia, ou seja, antes da produção das provas. 
Então, nao confunda resposta prévia com resposta preliminar. 
A resposta prévia é obrigatória, e se o réu não apresenta sua resposta o juiz 
nomeará defensor para apresenta-la. Nessa defesa, a defesa alegará todas as teses que 
desejar, fará requerimentos, indicará provas e arrolará testemunhas de defesa. O número 
de testemunhas de defesa é o mesmo dos de acusação. Na defesa prévia, a defesa pode 
alegar tambémcausas de rejeição da acusação, bem como causas de absolvição sumária. 
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares 
e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer 
documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e 
arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua 
intimação, quando necessário. 
§ 1º - A exceção será processada em apartado, nos termos dos 
arts. 95 a 112 deste Código. 
§ 2º - Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o 
acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará 
defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 
10 (dez) dias. 
Após a resposta previa, haverá: 
05. DECISÃO DO JUIZ 
Ele tem algumas opções nesse momento: 
Absolvição sumaria 
A absolvição sumária consiste basicamente em um julgamento antecipado da 
lide, ou seja, quando a decisão não depende de provas. 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e 
parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente 
o acusado quando verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da 
ilicitude do fato; 
Ou seja, relembrando, as excludentes de ilicitude são: legitima defesa, estado de 
necessidade, estrito cumprimento de dever legal, ou exercício regular de direito. Essas 
são causas de excludentes de antijuridicidade (ilicitude). 
! de !28 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
II - a existência manifesta de causa excludente da 
culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; 
Como coação moral irresistível, menoridade, embriaguez completa por causa de 
força maior ou caso fortuito, erro de tipo (as vezes), etc. Atenção pois a inimputabilidade 
por doença mental não entra nesse caso, pois esta inimputabilidade depende de perícia 
(incidente de insanidade mental), e porque é preciso verificar se deve ser aplicada 
medida de segurança. 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui 
crime; 
É a manifesta atipicidade da conduta, ou seja, quando a narrativa não é um 
crime. 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
Quando já houve extinção da punibilidade (já houve prescrição, decadência, 
anistia, etc). Vamos relembrar as causas de extinção da punibilidade: 
Art. 107. Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato 
como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, 
nos crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
VII - Revogado. 
VIII - Revogado. 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
Recurso 
Caberia recurso contra a decisão que absolve sumariamente? 
Nas três primeiras hipóteses, o recurso é a apelação. 
Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: 
I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição 
proferidas por juiz singular; 
Para a ultima hipótese, cabe o recurso em sentido estrito (RESE): 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, 
despacho ou sentença: 
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, 
extinta a punibilidade; 
! de !29 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Se não estiver presente nenhuma hipótese de absolvição sumária, há a segunda 
possibilidade de decisão do juiz: 
Confirmação do recebimento da denúncia 
 Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e 
hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de 
seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do 
querelante e do assistente. 
§ 1º - O acusado preso será requisitado para comparecer ao 
interrogatório, devendo o poder público providenciar sua 
apresentação. 
§ 2º - O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a 
sentença. 
Alguns consideram isso o segundo recebimento. Hoje em dia a doutrina 
majoritária considera essa decisão uma ratificação ao recebimento, quando se verifica que 
não há causa para absolvição sumária nem rejeição da inicial. 
Entende-se que a decisão de confirmação deve ser fundamentada se na resposta 
prévia a defesa apresentou teses de rejeição da denúncia ou de absolvição sumária. 
Contra a confirmação de recebimento da denuncia cabe Habeas corpus ou mandado de 
segurança. 
Assim encerra-se a parte comum aos procedimentos ordinários e sumários (fase 
predominantemente postulatória). 
Aula 07 (05.09.2013) - Partes específicas dos 
procedimentos penais 
DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO 
 Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz 
designará dia e hora para a audiência, ordenando a 
intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério 
Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. 
A audiência deve ser realizada no prazo de sessenta dias contadas do despacho 
da ratificação. Note que os prazos aqui são todos impróprios, não gerando consequências 
pelo seu não seguimento. 
A audiência é una e concentrada, pois tudo o que vem depois no processo estará 
balizado por esta audiência. Teoricamente, todas as provas (exceto periciais), debates e até 
o julgamento será proferida nesta audiência, se possível. 
A audiência 
A audiência começa com a fase de instrução. 
Instrução 
É a fase em que se colhem as provas para instruir o juiz sobre os fatos. 
! de !30 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
Oitiva da vitima 
Se for possível, primeiramente se ouve a vítima. 
Oitiva das testemunhas 
Primeiro são ouvidas as testemunhas de acusação, e então as de defesa. A prova 
da defesa só pode ser produzida após se descobrirem todas as provas da acusação. 
A inversão da ordem de oitiva das testemunhas é causa de nulidade relativa do 
processo. Precisa haver argüição da parte interessada apontando porque houve prejuízo. 
Se alguma(s) testemunha(s) de acusação for(em) ouvida(s) por precatória por 
estarem em outra comarca, a jurisprudência admite a inversão. 
Esclarecimentos dos peritos quando requeridos 
Isso só ocorrerá se as partes requereram com pelo menos dez dias de 
antecedência da audiência. 
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser 
realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à 
tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas 
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o 
disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos 
peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, 
interrogando-se, em seguida, o acusado. 
§ 1º - As provas serão produzidas numa só audiência, 
podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes 
ou protelatórias. 
§ 2º - Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio 
requerimento das partes. 
I - requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou 
para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os 
quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com 
antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas 
em laudo complementar; 
Nesse requerimento as partes indicarão os quesitos que desejam que o perito 
responda pessoalmente. 
Outras diligências requeridas 
Por fim, nessa audiência poderão ser realizadas outras diligências requeridas, 
como um reconhecimento, uma acareação, etc. 
Lembrete: acareação é colocar "cara a cara" pessoas que tem testemunhos 
contraditórios. 
Interrogatório 
Interrogatório é o ato pelo qual o acusado é ouvido sobre os fatos que lhe foram 
imputados. O interrogatório tem natureza jurídica dúplice, simultaneamente é meio de 
prova e meio de defesa do réu. 
O réu é o ultimo a ser ouvido, para que possa responder a tudo o que já foi 
produzido até então. 
! de !31 82D. Processual penal IIPor Rommel AndriottiRequerimentos verbais 
As partes podem requerer verbalmente provas cuja necessidade surgiu durante a 
instrução. São provas que não se conheciam até então. 
Acerca desses requerimentos o juiz poderá deferir ou indeferir a produção 
dessas provas. Se ele indeferir a audiência prossegue. Se ele deferir: 
 Art. 404. Ordenado diligência considerada 
imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a 
audiência será concluída sem as alegações finais. 
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência 
determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 
(cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 
(dez) dias, o juiz proferirá a sentença. 
As provas serão produzidas em nova audiência, fora da audiência una de que 
tratávamos. Após produzidas essas outras provas, haverão memoriais escritos, com 
alegações das partes, no prazo de cinco dias a partir da concessão da vista dos autos. 
Memorial é uma peça escrita onde há as alegações finais das partes. A 
apresentação dos memoriais é imprescindível para o processo. Se o Ministério Público 
não apresenta, o juiz oficia o procurador geral para que apresente. Se o advogado não 
apresentar, o juiz nomeará defensor para que o faça. 
Após os memoriais, é hora da sentença. Mas antes, vamos ver a outra hipótese do 
processo: 
Se na audiência una não houverem requerimentos para novas diligências ou se 
tais requerimentos foram indeferidos, a audiência prossegue normalmente, realizando-se 
os debates orais. 
 No caso de indeferimento de nova diligencia, não cabe recurso contra tal 
decisão (salvo quando há fumus boni iuris e Periculum in mora, ocasião em que o Ministério 
Público - MP poderá impetrar mandado de segurança e o réu Habeas corpus). 
Debates orais 
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo 
indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, 
respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 
(dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. 
§ 1º - Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a 
defesa de cada um será individual. 
§ 2º - Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação 
desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período 
o tempo de manifestação da defesa. 
§ 3º - O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o 
número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias 
sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo 
de 10 (dez) dias para proferir a sentença. 
! de !32 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
SENTENÇA NO TERMO 
O juiz ditará sua sentença para o escrevente, que a fará constar no termo da 
audiência. 
Em casos complexos, ou de grande número de acusados, o juiz pode substituir os 
debates orais por memoriais com prazo de cinco dias, e proferir em seguida a sentença 
por escrito em dez dias (prazo impróprio). 
Isso encerra o procedimento ordinário 
Rito sumário 
Art. 531 à 536, CPP 
Terminada a fase comum, há a designação de audiência una e intimações 
subseqüentes. 
A audiência 
É idêntica a audiência do rito ordinário, com as seguintes diferenças: 
• Após a instrução não há pedido de diligencias; 
• Não há previsão de substituição dos debates orais por memoriais 
• Não há previsão de sentença fora da audiência 
• Na prática, não haver previsão significa que não há vedação. Por isso, especialmente em 
casos complexos, o juiz acaba não proferindo sua sentença em audiência 
Principio da identidade física do juiz 
§ 2º - O juiz que presidiu a instrução deverá proferir 
a sentença. 
O juiz que colheu as provas deverá proferir a sentença. Esse principio existe pois 
acredita-se que o juiz que estava presente na instrução esta mais habilitado para prolatar 
sentença. 
Há exceções: 
Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a 
audiência julgará a lide, salvo se estiver convocado, licenciado, 
afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, 
casos em que passará os autos ao seu sucessor. 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o juiz que 
proferir a sentença, se entender necessário, poderá mandar 
repetir as provas já produzidas. 
Procedimento do júri 
A instituição do júri tem garantia constitucional: 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a 
organização que lhe der a lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
! de !33 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
c) a soberania dos veredictos; 
d) a competência para o julgamento dos crimes 
dolosos contra a vida; 
O procedimento do júri recebe da constituição quatro garantias, sendo a 
primeira a plenitude de defesa, que é o que abordaremos com detalhes a seguir: 
A expressão plenitude de defesa é muito estudada, pois no mesmo artigo da CF 
nós temos a seguinte disposição: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e 
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, 
com os meios e recursos a ela inerentes; 
A diferença é que no júri a defesa não esta restrita aos argumentos técnicos. 
Então a defesa pode usar argumentos emocionais, religiosos, filosóficos, ou seja, se 
qualquer natureza. 
Aula 08 (06.09.2013) - Tribunal do Júri 
A decisão 
Os júris votam respondendo secretamente à quesitos. O voto aqui é secreto para 
garantir que os jurados não se sintam acuados de votar. 
Antigamente, havia um problema com algumas votações: quando uma votação 
não era unânime, não se podia saber quais dos jurados tiveram os votos dissidentes. No 
entanto, em votações unânimes, todos sabiam os votos de todos os jurados - seja 
condenando ou absolvendo - o que permitia possíveis represálias. Atualmente, o juiz só 
colhe até o quarto voto no mesmo sentido, pois fazendo isso, ele garante o resultado do 
julgamento sem revelar os votos restantes, e com isso protegendo os jurados. 
A votação não é feita em plenário, mas sim na antiga sala secreta, que hoje é 
chamada sala especial. 
 Soberania dos veredictos dos jurados 
Dica incidental: assista os filmes doze homens e uma sentenca, o júri, e 
testemunha de acusação (baseado em um conto da Agatha Christie). 
Continuando... 
As decisões dos jurados não podem ser modificadas em seu mérito por juízes 
togados (de direito), com a finalidade de que o réu seja efetivamente julgado por pessoas 
leigas iguais a ele, impedindo que a ultima palavra seja de juízes técnicos togados, mesmo 
que desembargadores ou ministros. 
É até possível apelar de uma sentença do júri, mas os desembargadores não irão 
reformar a sentença, mas sim anula-la, para que um novo julgamento pelo júri seja 
realizado. 
A anulação só pode ser realizada uma vez. Se uma segunda condenação ocorrer 
poderá haver uma revisão criminal, que é a equivalente da ação rescisória no processo 
civil. 
! de !34 82D. Processual penal IIPor Rommel Andriotti
COMPETÊNCIA PARA OS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA 
Essa competência é a mínima constitucionalmente prevista. A lei ordinária não 
pode restringir a competência do júri. 
Todos os outros crimes não são da competência do júri, salvo se forem conexos a 
um crime doloso contra a vida. Ex.: o Latrocínio não é crime doloso contra a vida, mas 
sim contra o patrimônio. 
Nesse sentido: 
STF Súmula nº 603 - 17/10/1984 - DJ de 29/10/1984, p. 18113; 
DJ de 30/10/1984, p. 18201; DJ de 31/10/1984, p. 18285. 
Competência - Processo e Julgamento - Latrocínio 
 A competência para o processo e julgamento de latrocínio 
é do juiz singular e não do Tribunal do Júri. 
Então crimes como extorsão, latrocínio, estupro, e etc, mesmo que terminem com 
o resultado morte, não serão da competência do júri. 
Estávamos dizendo que essa competência é a mínima. Isso significa que a lei 
ordinária pode ampliar

Outros materiais