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8S - Direito Processual Penal - Recursos

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Direito Processual Penal - Recursos
Prof. Eduardo Sorrentino Alcântara
I – Teoria Geral das Provas (CPP art. 155 e seguintes):
1. Das provas:
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
	
 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
	Prova consiste em verificação ou exame e, no processo penal, ela é todo elemento que é trazido ao processo pelo Juiz ou pelas partes, que tem por finalidade demonstrar a veracidade de uma afirmação; da existência de algo ou de uma realidade.
	
	Toda decisão judicial, observada a convicção do Magistrado, deve ser fundamentada, sob pena de nulidade. Importante ressaltar que a única exceção à fundamentação ocorre no Tribunal do Juri, onde os jurados estão isentos de fundamentação (jurados são juízes leigos).
2. Produção de provas:
	Como regra, deve ser produzida sob contraditório, ocorrendo exceção nas provas cautelares (caso haja perigo da prova se perder), nas irrepetíveis ou nas que demandem antecipação.
	Ao mencionar que a prova deva ser produzida em contraditório judicial, o código observa a garantia de que todas as provas devem ser contraditadas. Assim, mesmo se uma prova for produzida fase administrativa (inquérito ou termo circunstanciado, v.g.), se ratificada em juízo, estará apta para fundamentar a decisão judicial.
	Quanto ao § único do art. 155, ele prevê que todas as provas que não contrariem o ordenamento jurídico podem ser produzidas no processo penal, salvo as vedadas expressamente.
3. Direito como objeto de prova:
	Ele não é, como regra, passível de ser provado considerando que o CPP, diferentemente do CPC, não regulamentou essa questão (cf. art. 337 CPC).
CPC Art. 337. A parte, que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o determinar o juiz.
4. Fatos que não podem ser objeto de prova:
	a) Fatos axiomáticos ou incontestáveis: são aqueles que por si só são evidentes como, p. ex., um corpo encontrado em estado de putrefação. Não é preciso se fazer prova.
	b) Fatos incontroversos: são os fatos que para se tornarem incontestáveis deverão ser provados, com provas produzidas sob o contraditório. Exemplo: réu que confessa o crime. 
	OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: o professor disse que o que não pode ser objeto de prova é o fato em si, ou seja, a própria existência deste (p. ex.: o réu realmente confessou que era culpado). Entretanto, no concernente ao conteúdo do fato, este é que é preciso ser provado para se tornar incontestável (no exemplo anterior, o réu verdadeiramente é culpado ou assumiu a culpa não o sendo?).
	c) Fatos notórios: são os fatos de conhecimento geral, ou seja, tem por base o conhecimento do “homem médio”, caso contrário se deverá fazer prova do porquê da ignorância. Exemplo: não é notório o direito municipal, internacional e consuetudinário.
	d) Fatos irrelevantes: são os incapazes de ter qualquer influência na responsabilização criminal. Exemplo: testemunha que nada sabe sobre os fatos.
5. Restrições à prova:
	Sempre deverá ser observada a vedação legal. Assim sendo, quanto à produção de provas vige o princípio da estrita legalidade, ou seja, somente se produz prova quando e da forma autorizada por lei. Exemplo: laudo deverá ser assinado por dois peritos.
	Entretanto, há doutrina minoritária que admite prova ilícita para acusação, no caso de ser incontestável em relação aos fatos que aponta – não em relação à licitude.
6. Ônus da prova:
	Quem acusa (MP ou ofendido) tem o ônus de provar o fato, a autoria e as circunstâncias (CPP, art. 41):
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
	Todavia, sempre que o acusado alegar um fato modificativo, extintivo ou desconstitutivo, o ônus da prova lhe caberá (hipóteses de inversão do ônus da prova). Assim, tal inversão ocorrerá quando o réu alegar isenção de pena ou excludente de ilicitude e, ainda, a negativa de autoria (p. ex., invocando álibi).
	Observação 1: quando o objeto do crime for localizado na posse do acusado, nesse momento a ele caberá o ônus da prova, devendo o delegado lavrar um auto de exibição e apreensão, seguido de um auto de reconhecimento do objeto, documentos que serão utilizados na denúncia. Válido ressaltar que a prova de fato negativo é extremamente complexa.
	Fatos negativos não precisam ser provados, (negativa non sunt probanda). É muito difícil se provar que algo nunca aconteceu, portanto a regra é que a necessidade de prova fique por conta de quem afirma que algo ocorreu e não de quem nega. Esse princípio é relativizado porque, na verdade, apenas as chamadas negativas absolutas não podem ser provadas, (ex.: impossível provar que "nunca estive em Manaus"). Já negativas relativas podem ser provadas, (ex.: posso provar que "não estava em Manaus em 01/01/2010" se mostrar que, na data, estava em outro local).
	Observação 2: no processo penal nunca haverá coisa julgada material, somente formal, pois pode-se rever a qualquer tempo os aspectos materiais da sentença.
	Atenção: quando havia alegação de exclusão de ilicitude antes da reforma do CPP de 2008, trazida pela Lei nº 11.690, o juiz tinha três opções em se tratando de inversão de ônus da prova:
		a) Se a parte alegou e não provou: o juiz condenava;
		b) Se alegou e provou: o juiz absolvia, e;
		c) Se alegou mas persistia dúvida; o juiz condenava.
	Contudo, após a reforma, o art. 386, VI, última parte, do CPP, é expresso ao mencionar que o juiz absolverá o réu mesmo com fundada dúvida sobre as causas que excluam o crime ou isente o réu de pena. Assim, a terceira opção, anterior, foi alterada:
		c) Se alegou mas persiste a dúvida; o juiz absolve.
 Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
 VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;
7. Produção de prova pelo magistrado:
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
 I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008.
 II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante 
	7.1 O inciso I do art. 156 do CPP prevê produção de prova na fase investigatória, devendo o juiz, ao ordená-la, observar o trinômio necessidade-adequação-proporcionalidade, que são requisitos cumulativos.
	Observação: muito embora o inciso I expressamente autorize a produção de provas de ofício pelo juiz, não há como admiti-la sem provocação, pois o interessado imediato será sempre o MP e o ofendido, sendo o juiz, o interessado mediato. Destaca-se a ADIN 1570-2 que declarou inconstitucional a Lei nº 9.034/95 na parte que tratava da possibilidade do juiz fazer prova na fase investigatória.
	7.2 O inciso II prevê que o juiz poderá, no curso da instrução, ou antes da sentença, determinar a produção de provas.
	Assim, a instrução se inicia com a oitiva das testemunhase vai até o interrogatório do réu, com a possibilidade, ainda, de serem determinadas provas até antes de proferida a sentença (e não publicada).
Revisão: sistemas processuais:
	1 Acusatório: é o que prevalece no mundo ocidental. Sua principal característica é a existência do contraditório; pressupõe a completa igualdade entre as partes.
	Em regra ele é público, com exceção de crimes contra os costumes ou nos que correrem em segredo de justiça. As decisões do juiz são motivadas, fundamentadas, apesar dele ter livre motivação.
	As funções de julgar, acusar e defender são desempenhadas por diferentes pessoas ou órgãos, sendo distintas entre si. A tarefa de julgar cabe ao magistrado; a acusação se dá pelo Ministério Público ou pelo ofendido ou seu representante e a defesa, pelo procurador. O advogado, em ambos os casos, pode ser dativo (fornecido pelo Estado) ou constituído pela parte.
	2 Inquisitivo ou inquisitório: é o oposto do acusatório, ou seja, as funções de julgar, acusar e defender estão concentradas em uma única pessoa ou órgão; em outras palavras, não existe o contraditório, sendo assim, nem igualdade entre as partes.
	3. Misto: há uma fase inicial inquisitiva, na qual se procede a uma investigação preliminar e uma instrução preparatória, e uma fase final, em que se procede ao julgamento com todas as garantias do processo acusatório.
	No Brasil, o sistema processual adotado pela CF é o acusatório, sendo que o inquérito policial (que é inquisitório) se encaixa na fase pré-processual.
8. Princípios da prova:
	São 5: comunhão da prova; auto-responsabilidade; imediatidade; contraditório e valor probatório.
	8.1 Princípio da comunhão da prova:
	É baseada no princípio de que cada parte tem o direito de indicar a prova que pretende produzir. Assim, uma vez produzida, todos poderão interpretá-la e utilizá-la de acordo com a conveniência.
	8.2 Princípio da auto-responsabilidade:
	Cada parte será responsável pela indicação da prova que queira produzir e, caso não o faça, não poderá alegar cerceamento de defesa, enquanto detentora do ônus probatório deverá suportar as consequências de sua inércia, erros ou negligência durante a produção de provas.
	8.3 Princípio da Imediatidade:
	Preferencialmente a prova deverá ser produzida na presença do juiz. Caso não ocorra, dede que fundamentado, não acarretará sua nulidade.
	8.4 Princípio do contraditório:
		8.4.1 Real ou formal: consiste na possibilidade das partes contraditarem a prova frontalmente e se subdivide em dois sistemas:
			a) direct examination: quando as perguntas são feitas diretamente 		pela parte que arrolou a testemunha;
			b) cross examination: exame cruzado, isto é, por quem não arrolou a 		testemunha, exercido após a parte que arrolou praticar o direct examination.
		8.4.2 Diferido, postergado ou retardado: existem provas que são impossíveis de serem reproduzidas em juízo, e isso não impede a sua produção antecipada com a devida valoração, que é o caso das provas cautelares ou perecíveis. Neste caso, será sempre observado o contraditório diferido. Importante destacar que poderá ocorrer, após recebida a queixa-crime, onde o querelado terá o direito de rebater a prova da queixa após seu recebimento.
		Resumidamente, esse tipo de contraditório ocorrerá nas provas cautelares e na ação privada, após o recebimento da queixa-crime, quando o juiz realizará um juízo de prelibação (o juiz analisa alguns pontos e recebe ou não a ação).
	8.5 Valor probatório: qualquer prova como, por exemplo, confissão ou laudo pericial, tem valor relativo, nos termos do art. 182 do CPP:
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
9. Prova ilícita:
	Prova ilícita é gênero do qual prova ilícita propriamente dita, prova ilegítima e prova derivada, são espécies.
	9.1 Prova ilícita propriamente dita: decorre da prática de ato ilícito.
	É aquela colhida em afronta ou em descumprimento às normas constitucionais ou infraconstitucionais.
	Exemplos:
	a. Confissão obtida por meio de tortura;
	b. Escuta clandestina;
	c. Violação de correspondência.
	9.2 Prova ilegítima: decorre da violação de uma regra processual ou procedimental.
	Exemplos:
	a. Depoimento colhido de pessoa proibida de depor (advogado, p. ex.);
	b. Prova juntada no momento da audiência (deve ser pelo menos 3 dias antes)
Questão: é válida a prova ilícita? É válida a prova ilegítima?
Resposta: a ilícita não é válida, todavia, de forma excepcional o STF tem entendido que ela pode ser considerada se vier a beneficiar o réu, desde que seja sopesada pelo judiciário. O STF argumenta que nenhum direito é absoluto, diante disso, observada a razoabilidade e a proporcionalidade dois interesses envolvidos, ela poderá ser utilizada.
Quanto à ilegitimidade é perfeitamente possível desde que a prova seja ratificada.
Diante disso, considerando a prova ilícita, as provas que dela derivarem também são ilícitas (a seguir).
9.3 Prova derivada ou ilícita por derivação: por força da teoria ou do “princípio dos frutos da árvore envenenada” (fruits of the poisonous tree teory) a prova derivada da prova ilícita também é ilícita. O § 1º do novo art. 157 do CPP (com redação dada pela Lei nº 11.690/2008) diz: "são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente”.
Como exemplo tem-se o caso da descoberta do local de ocultação de cadáver por meio de tortura.
	Lendo-se esse texto legal em sua integralidade podemos dele extrair três regras: 1ª) comprovando-se o nexo de causalidade entre a prova ilícita e a subseqüente, esta última também é ilícita (prova ilícita por derivação); 2ª) não evidenciado o nexo de causalidade entre a prova ilícita (precedente) e a subseqüente, esta última é válida; 3ª) mesmo evidenciado o nexo de causalidade entre a prova ilícita (precedente) e a subseqüente, esta última é válida quando puder ser obtida por fonte independente Esta última condição permite que se “produza prova posteriormente” totalmente legal.
	9.4 Prova emprestada: é a prova retirada de outros autos para fazer prova no processo pretendido. Segundo Guilherme Souza Nucci:
“É aquela produzida em outro processo e, através da reprodução documental, juntada no processo criminal pendente de decisão. O juiz pode levá-la em consideração, embora deva ter a especial cautela de verificar como foi formada no outro feito, de onde foi importada, para saber se houve o indispensável devido processo legal. Essa verificação inclui, naturalmente, o direito indeclinável ao contraditório, razão pela qual abrange o fato de ser constatado se as mesmas partes estavam envolvidas no processo onde a prova foi efetivamente produzida.”
	O juiz deverá observar:
	a) Se a prova teve origem o Inquérito Policial ou outro procedimento administrativo, deverá reproduzi-la em juízo.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
 	b) Se teve origem em outra ação penal, onde o acusado não era réu, como não pode contradita-lo, deverá repeti-la.
	c) Se teve origem em outra ação penal onde o réu pode contraditar, não haverá necessidade de reproduzi-la.
	Conclusão: nas duas primeiras hipóteses, se não for reproduzida, não será válida e, na última, por si só será válida (se reproduzida não haverá prejuízo).
10. Provas em espécie:
	10.1. Interrogatório (CPP, arts. 185 a 196):
	É um meio de prova com natureza jurídica dúplice, pois é prova de acusação e defesa. Com base no interrogatório o juiz pode fundamentar uma sentença condenatóriaou absolutória.
	Observação: o interrogatório somente será meio de defesa quando o réu negar a imputação. Caso silencie, jamais será considerado elemento de convencimento do juiz em sentido contrário (como se estivesse admitindo a imputação).
		10.1.1 Valor do interrogatório: tem valor relativo, considerando que mesmo o réu confesso poderá, se for o caso, ser absolvido.	
		10.1.2 Modo de interrogatório: pode ser pessoal ou por videoconferência. Se o acusado estiver solto deverá ser intimado da data de audiência e, se não comparecer, será declarado revel (e o processo segue).
		Estando o réu preso, deverá ser requisitado à autoridade responsável (Diretor do CDP – Centro de Detenção Provisório) e, caso não compareça, não ocorrerá a decretação da revelia, mas, sim, a designação de nova audiência.
		10.1.3 Hipóteses do interrogatório por videoconferência (Lei nº 11.900/09):
			a) envolvimento em organização criminosa;
			b) possibilidade efetiva de fuga;
			c) moléstia grave ou de difícil locomoção;
			d) qualquer outra hipótese relevante que justifique a medida; hipótese aberta (desde que devidamente justificada pelo juiz).
	10.2 Prova testemunhal (CPP, arts. 202 a 225):
	Qualquer pessoa pode ser testemunha independentemente da idade, condição psíquica, sendo que, segundo a regra, será compromissada sob pena do art. 42 do CP.
	O falso testemunho, ainda que orientado por advogado, é conhecido como crime de mão própria e não se enquadra no art. 29 do CP (não admite coautoria ou participação). Mesmo que o crime de falso não tenha influenciado no deslinde da ação, deverá ser apurado.
		10.2.1 Testemunhas que não prestam compromisso:
			a) parentes ou afins do réu;
			b) menores de 14 anos. De 14 anos até 18 incompletos, cometem ato infracional, portanto, prestam compromisso;
			c) doentes ou deficientes mentais e a própria vítima.
			A vítima não presta compromisso e, por isso, não incorre em falso. Todavia, poderá responder por denunciação caluniosa.
	10.3 Reconhecimento (CPP, arts. 226 a 228):
	Será realizado mediante um auto de reconhecimento e pode ocorrer de pessoa ou de coisa.
	O reconhecimento de pessoas deve seguir o rito do art. 226 do CPP. Basicamente, a pessoa a ser reconhecida deverá ser ladeada por outros com as mesmas características.
	Observação: não existe na legislação o reconhecimento fotográfico, pois este é um meio de prova documental que serve para dar impulso à ação penal.
	10.4 Acareação (CPP, arts. 229 e 230):
	Ocorre quando o ponto relevante – mas divergente - exige a necessidade de se colocar duas ou mais pessoas frente a frente, para esclarecimentos. Podem ser acareados:
		a) testemunha com testemunha;
		b) testemunha com vítima;
		c) vítima com vítima;
		d) réu com testemunha;
		e) réu com vítima;
		f) réu com réu.
	Tanto na fase judicial, quanto na fase administrativa.
	10.5 Prova documental (CPP, arts. 231 a 238):
	É a exteriorização do pensamento através de escritos, instrumento ou papel, classificando-se como forma tradicional:
		a) escrito: se exterioriza o pensamento por meio de palavras;
		b) Instrumento: por documento que tem por objetivo provar o fato (ex.: contrato);
		c) papel: o pensamento é exteriorizado pelo uso de desenhos ou sinais gráficos (ex.: fotografia).
	Por outro lado, a prova também pode ser classificada como moderna, onde o pensamento é exteriorizado de forma materializada (ex.: interceptação telefônica, para prova, materializada, exteriorizada, em um CD).
	
II – Procedimentos Penais (CPP, arts. 394 e seguintes):
	O procedimento processual penal será comum ou especial.
	a) Comum: divide-se em ordinário, sumário ou sumaríssimo.
	Vale ressaltar que nos termos da legislação vigente, o procedimento a ser adotado leva em consideração a sanção máxima cominada, diversamente do que ocorria antes da reforma, onde o que valia era a pena de reclusão ou de detenção.
	Assim, para os crimes cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 anos de privação de liberdade, o procedimento será o comum ordinário. Por outro lado, se a sanção máxima for inferior a 4 anos, o rito será o sumário. Por fim, será sumaríssimo se a infração for de menor potencial ofensivo.
	b) Especial: será adotado sempre que lei especial mencione ou nos casos em que o código prever. Exemplo: procedimento do júri dos arts. 406 a 497 do CPP e Lei de Drogas.
1. Procedimento Comum Ordinário:
	
	1.1 Hipóteses de rejeição da denúncia ou queixa no momento do seu recebimento:
	
		a) quando for manifestadamente inepta: significa a não observância do art. 41 do CPP (requisitos da denúncia ou queixa);
		b) quando faltar pressuposto processual ou condição da ação;
		c) quando for caso de justa causa: a ausência de justa causa significa reconhecer que o fato não é típico.
	
	Observação: a rejeição deve ser fundamentada, posto que é uma decisão que coloca fim a um procedimento (que na verdade nem começou).
	1.2 Citação:
	No procedimento ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, sendo recebida, o juiz determinará a citação do acusado para oferecer resposta escrita no prazo de 10 dias.
Oferecimento	→	Recebe		→	Determina	→	Prazo p/ resposta escrita
Denúncia/					Citação		(“defesa preliminar”)
Queixa		→	Rejeita							10 dias
			 ↓			
			Recurso
	Recebida a denúncia, a citação será ordenada, neste caso ocorrendo sempre com o réu solto. Se estiver preso, será citação pessoal. 
	Observação: no caso da intimação de réu preso, como já foi visto, esta será por requisição.
	a) Número de citações: ocorrerá somente uma vez no processo de conhecimento. Todavia, nos termos do artigo 164 da LEP, ocorrerá nova citação quando a pena for exclusivamente de multa, ocorrendo uma exceção.
Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora.
	b) Citação de pessoa jurídica deverá ser feita na pessoa de seu representante legal (caso de crime ambiental). Em regra, será pessoal e por mandado, quando a pessoa residir em local certo e determinado dentro da jurisdição onde tramita o processo. Caso contrário, não será por mandado, mas, sim, por carta precatória.
	c) Requisição: diversamente, a citação será por requisição quando o acusado for militar. Quanto ao réu preso, esse tipo de citação também era prevista, entretanto, com o advento da Lei nº 10.792/03, deverá ser citado pessoalmente.
	Observação: a citação de servidor público será sempre por mandado. Contudo, o chefe da repartição deve ser informado, a fim de providenciar eventual substituição. Em caso de férias, licença, aposentadoria ou suspensão, tal procedimento é dispensável.
	d) Citação por rogatória: ocorrerá para réu que esteja em local certo e no estrangeiro.
	e) Citação por carta de ordem: ocorre quando o órgão judiciário competente determina que o juiz de uma dada comarca proceda a citação do réu (assemelha-se a uma carta precatória). Embora a jurisprudência mencione a carta de ordem como forma de citação emanada por órgão superior, a rigor, o que ocorre é uma intimação, considerando que o réu somente é citado uma única vez no processo.
	f) Citação ficta ou presumida: nos termos da Lei nº 11.719/08, o processo penal passou a admitir duas formas de citação presumida:
		1ª Citação por hora certa: deverá ser observada a forma estabelecida nos artigos 227 a 229 do CPC (conforme reza o art. 362 do CPP).
		2ª Citação por edital: para acusados que não forem encontrados em nenhum endereço constante dos autos.
	1.3 Prescrição:
	Com o advento da Lei nº 12.234, de 05/05/2010, otermo inicial de prescrição pode ocorrer em dois momentos distintos:
		1º se o crime for cometido até 04/05/2010: deverão ser observados os seguintes lapsos
			a) data do fato ao recebimento da denúncia;
			b) recebimento da denúncia à publicação da sentença;
			c) publicação da sentença até a data de eventual julgamento de recurso interposto.
		2º se o crime for cometido após 05/05/2010: o lapso entre a data do fato e o recebimento da denúncia não deve ser considerado para fins de prescrição, devendo, sim, serem observados os demais lapsos.
 Em resumo: a prescrição era contada, antes de 05/05/2010, a partir do fato; após 05/05/2010 com a Lei nº 12.234, a partir do recebimento da denúncia ou queixa.
	
	Observação: a lei também trouxe o aumento do prazo prescricional para os crimes cuja pena máxima seja inferior a um ano, passando de dois para três anos.
	Atenção: no procedimento comum ordinário, o termo inicial da prescrição, sempre observada a Lei nº 12.234/10, ocorre sempre com o recebimento da denúncia e não com sua ratificação pelo juiz.
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 05/05/2010).
 I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze;
 II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze;
 III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito;
 IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro;
 V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois;
 VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. 
	1.4 Notificação e intimação:
	Notificação, em tese seria a informação após o fato e intimação, antes.
	Porém, não existe mais no ordenamento jurídico, a rigor, o instituto da notificação (exceto no Direito Trabalhista, em que se notifica, não cita). Assim, tanto para a oitiva de testemunha, quanto da publicação de sentença, as partes serão intimadas, sob pena de nulidade do ato subsequente. O réu, após citado, para acompanhar a instrução deverá sempre ser intimado, assim como para o seu interrogatório.
	O acusado após citado regularmente, para todos os atos do processo que constituem instrução, deverá ser intimado pessoalmente se em local certo, caso contrário, se estiver preso, deverá sempre ser requisitado.
	Observação: se quando da intimação estiver em local incerto, uma vez que foi regularmente citado, de rigor será decretada a revelia e ele sofrerá seus efeitos.
	Terminada a instrução que ocorre após o interrogatório do réu, deve-se expedir, diante da publicação da sentença, um novo mandado de intimação, com expedição de edital como substitutivo de tal ato.
	Atenção: a fim de se evitar a nulidade, é válida a expedição de edital para instrução do réu, para que ele participe da mesma.
	Importante frisar que no processo penal vige o princípio da identidade física do juiz, que consiste no entendimento de que o juiz que participou da instrução é o que deve proferir a sentença.
	1.5 Audiência:
	Deve ocorrer ou ser realizada no prazo máximo de 60 dias após o cumprimento do art. 399 do CPP (que é prazo impróprio, por não gerar consequências o seu descumprimento).
	1.6 Número de testemunhas:
	São 8 para cada réu e 8 para a acusação, não se computando nesse número as testemunhas que não prestam compromisso (que tem interesse no caso) e as referidas (as mencionadas durante a oitiva: “- Eu vi o Zé, também”).
	1.7 Desistência da testemunha:
	As partes poderão desistir de suas testemunhas, no entanto, o juiz poderá ouvi-la como do juízo (art. 209, CPP).
	Observação: o número máximo de testemunhas diz respeito a cada acusado e não ao número de defensores. Por outro lado, mesmo que existam vários acusados referentes a um fato criminoso, a acusação só poderá arrolar 8 testemunhas (no concurso material, p. ex. de roubo a banco seguido de furto de veículo, poderão ser 16, pois 8 para cada fato criminoso).
	1.8 Forma de ser colhida a prova testemunhal:
	No Brasil não se adota mais o sistema presidencialista, ou seja, a inquisição deixou de ser feita por intermédio do juiz, hoje vige o sistema do cross examination onde a inquisição é direta, com as perguntas formuladas pelas partes diretamente às testemunhas. Por fim, a inversão desmotivada da oitiva das testemunhas gera nulidade relativa, devendo o prejuízo ser demonstrado. Exceção art. 225 do CPP.
	1.9 Alegações finais ou memoriais:
	Constitui peça processual de suma importância e nela a parte tem a oportunidade de analisar a prova produzida e apresentar as razões de sua tese. De acordo com a Lei nº 11.719/2008, via de regra, será oral. Todavia excepcionalmente (na prática é regra), poderá ser por escrito.
	Se o juiz não observar o direito das partes em apresentá-la, ocorrerá nulidade absoluta (em qualquer tempo e grau de jurisdição).
	Nesta peça, dentro do procedimento ordinário, é o último momento oportuno para alegar nulidade relativa. Assim, eventual nulidade relativa para ser acolhida deve ter sido suscitada com a comprovação do prejuízo.
	Observação: a apresentação deve obedecer a ordem processual, ou seja, primeiro a acusação, depois a defesa, sob pena de nulidade relativa.
		1.9.1 Recusa das partes em apresentar memoriais:
		a) para acusação se aplica o art. 28 do CPP, pois vige o princípio da 	indisponibilidade da ação penal;
 Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
		b) para a defesa, o juiz deve declarar o réu indefeso em nomear outro 	defensor.
		Atenção: o pedido de absolvição pelo MP não significa disponibilidade da 	ação penal (abrir mão da ação), mas, sim, o não convencimento da imputação.
		1.9.2 Prazo:
		Caso seja convertido para memoriais escritos, o prazo será de 5 dias, sucessivamente para acusação e defesa.
		Atenção: de acordo com a jurisprudência do STJ – informativo 206 – havendo vários réus representados por defensores distintos, o prazo será comum.
		Observação: diferentemente do MP, a defesa não pode requerer a integral procedência da ação (condenação), porque ensejaria falta de defesa (súmula 523 STF).
STF Súmula nº 523 - 03/12/1969 - DJ de 10/12/1969, p. 5933; DJ de 11/12/1969, p. 5949; DJ de 12/12/1969, p. 5997.
Processo Penal - Falta ou Deficiência da Defesa - Nulidade e Anulabilidade
 No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
	1.10 Sentença:
	É uma decisão judicial que julga o mérito da causa. Diferentemente do CPC, no tocante à definição de decisões judiciais, o CPP classifica a sentença como condenatória ou absolutória, sendo que esta última pode ser própria ou imprópria (quando impuser medida de segurança).
	Atenção: mesmo em caso de sentença absolutória, o acusado tem o direito de recorrer com a finalidade alterar o inciso (do art. 386), pois pode haver reflexo nas esferas administrativa e civil.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
 I - estar provada a inexistência do fato;
 II - não haver prova da existência do fato;III - não constituir o fato infração penal;
 IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; 
 V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; 
 VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; 
 VII – não existir prova suficiente para a condenação.
		1.10.1 Mutatio libelli (mudança na acusação):
 
		 Ocorre quando o juiz reconhece a possibilidade de nova definição jurídica 	do fato, em consequência de prova existente nos autos de elementos ou 	circunstância não contida na acusação. Nesse caso, os autos são remetidos ao MP 	para aditar a denúncia ou queixa.
		Na mutatio libelli não ocorre simples emenda na acusação, mediante 	correção na tipificação legal, mas verdadeira mudança, com alteração da narrativa 	acusatória.
		Não pode o juiz condenar o acusado por qualquer crime por conduta diversa 	daquela apontada na denúncia ou na queixa sem as providências determinadas pelo 	art. 384, sob pena de nulidade:
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.
		1.10.2 Emendatio libelli (correção na acusação): 
		Ocorre quando há uma errada classificação/descrição da infração contida na denúncia ou queixa, podendo o juiz atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. 3 hipóteses podem ocorrer: a) a pena não se altera; b) modifica-se para melhor; c) modifica-se para pior.
		Na emendatio libelli o Juiz não altera a acusação, mas apenas corrige-a (emendando-a).
		O juiz não precisa ouvir nenhuma das partes (réu ou MP) antes de decidir sobre a nova qualificação do crime, pois não está havendo qualquer alteração dos fatos.
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
	1.11 Requisitos da sentença:
		a) Relatório: representa a comprovação escrita que o processo foi analisado e o contraditório observado.
		b) Fundamentação: constitui garantia constitucional (CF, art.93, IX) e tem função tríplice:
			- imparcialidade;
			- legalidade;
			- garantia de análise dos argumentos das partes.
Art. 93, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação
		A fundamentação decorre do sistema do livre convencimento motivado ou persuasão racional (“todas as decisões judiciais devem ser motivadas”). A falta de fundamentação causa nulidade absoluta. Todavia, com relação ao veredicto no Conselho de Sentença, no Tribunal do Juri, é proibida sob pena de comprometer o Princípio do Sigilo das Votações (CF, art. 5º, XXXVIII, “b”):
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
b) o sigilo das votações;
		c) Dispositivo: delimita os limites objetivos da coisa julgada. Deve conter:
			c.1) O julgamento da pretensão punitiva (condenação do réu de 	acordo com a denúncia), que pode ser procedente, parcialmente procedente ou 	improcedente;
			c.2) Tipo penal pelo qual o réu foi condenado;
			c.3) Individualização da pena, ou seja, expressa menção ao critério 	trifásico.
			Atenção: a não observância, ao contrário do que diz a doutrina, não 	gera nulidade, pois a jurisprudência tem entendido que a pena deve retornar para o 	piso (caso tenha havido fixação acima do piso).
			c.4) Fixação do valor mínimo de indenização à vítima (CPP, art. 387, 	IV). No entanto, a jurisprudência tem entendido que neste caso, a ocorrência só 	procede se houver pedido expresso e a observância do contraditório (se não, seria 	extra petita)
 Art. 387, IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;
			c.5) Se for sentença absolutória, deve constar a indicação do inciso 	do art. 386 que se funda a decisão.
			Observação: a ausência do dispositivo gera inexistência do 	julgamento
1.12 Classificação da sentença quanto ao sujeito que a prolata/profere:
	a) Subjetivamente simples: quando proferida por um juízo singular, conhecida também como decisão monocrática.
	b) Subjetivamente plúrima ou composta: decisões proferidas por órgão colegiado homogêneo (Tribunais).
	Atenção: O Tribunal de Contas não profere decisão plúrima, uma vez que o Tribunal de Contas não pertence ao Poder Judiciário.
	c) Subjetivamente complexa: proferida por órgão heterogêneo (Tribunal do Júri).
	OBS.: dentre as 3 classificações acima, as decisões subjetivamente complexas não exigem fundamentação, nos termos da Constituição Federal que prevê o sigilo das votações.
1.13 Requisitos formal da sentença:
	Conforme já visto acima, o relatório, a fundamentação e o dispositivo são requisitos intrínsecos da sentença, e no procedimento comum ordinário, a ausência de algum deles gera a nulidade absoluta da sentença que pode ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição.
	Também como requisito formal, a sentença deve conter a assinatura ou autógrafo do juiz e a data, denominado requisitos extrínsecos. A ausência de qualquer deles, desde que se saiba a origem da sentença, é mera irregularidade que pode ser sanada por meio de ofício ou através de embargos de declaração.
1.14 Autenticação da sentença:
	Considera-se autenticada a sentença no momento em que o juiz data e assina.
	OBS.: sentença proferida por juiz aposentado ou em férias a sentença é inexistente.
	1.15 Publicação da sentença:
	Nos termos do art. 389 do CPP, será considerada publicada quando entregue nas mãos do Escrivão do Cartório e registrado o ato nos autos, mediante certidão ou, ainda, quando lida em audiência. Exemplo: Tribunal do Juri. O princípio aqui não é o de publicá-la na “imprensa”, mas o de tornar a sentença “pública”.
	Por sua vez quando a sentença é proferida em audiência, ela se torna pública uma vez que foi ditada pelo juiz. Ainda nesse ato processual, publicada a sentença, as partes presentes serão dela intimadas para os devidos fins.
Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.
		1.15.1 Efeitos da publicação: dá efeito jurídico ao ato e interrompe a 	prescrição da pretensão punitiva.
	1.16 Intimação da sentença (CPP art. 392):
	Ao MP e ao defensor dativo deverá ser sempre pessoal. Em se tratando de defensor dativo, o prazo para recurso se inicia sempre do último intimado (réu ou defensor). 
	Assim sendo, a intimação da sentença será feita:
		a) Ao réu preso sempre pessoalmente;
		b) Ao réu, pessoalmente, ou ao seu defensor constituído, quando solto (pode ser publicação);
		c) Mediante edital, se o réu e o seu defensor constituído não forem encontrados;
		d) Também por edital, se o réu, não tendo constituído defensor, não for encontrado.
	1.17 Formas de intimação:
	Pessoal, pela imprensa ou editalícia.
	1.18 Efeitos da intimação:
	Inicia-se o prazo para recurso e possibilita a execução provisória da pena.O prazo para o recurso começa a correr após o término do fixado no edital.
	
	Não se faz intimação de sentença em sede de processo penal, por via postal, ou intimação do defensor por publicação da imprensa quando se trate de julgamento da primeira instância. Se o julgamento for de segundo grau ou de Tribunais Superiores, a intimação do defensor será feita por publicação na Imprensa Oficial.
	No processo penal, contam-se os prazos da intimação e não da juntada do mandado de intimação, como se lê da Sumula 710 do STF.
	1.19 Princípio da Correlação:
	Também conhecido como Princípio da Congruência da Condenação com a Imputação, pelo qual o juiz. ao proferir a sentença, está adstrito aos fatos narrados na denúncia pelo autor, de forma que entre os fatos apreciados na decisão e os descritos na inicial acusatória, deve haver total correspondência ou correlação.
	Atenção: a correlação está intimamente ligada ao Princípio da Inércia da Jurisdição, ou seja, o juiz somente se manifesta nos limites requeridos pelo autor. Nesse sentido, é obrigatória a análise de todos os pleitos, sob pena de nulidade. Também constitui garantia do réu, pois assim existe a certeza de que ele não poderá ser condenado por fatos diversos dos quais foi formalmente acusado.
	Este princípio se divide em:
		1.19.1 Emendatio libelli (correção na acusação): 
		Ocorre quando há uma errada classificação/descrição da infração contida na denúncia ou queixa, podendo o juiz atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. Três hipóteses podem ocorrer: a) a pena não se altera; b) modifica-se para melhor; c) modifica-se para pior.
		Na emendatio libelli o Juiz não altera a acusação, mas apenas corrige-a (emendando-a).
		O juiz não precisa ouvir nenhuma das partes (réu ou MP) antes de decidir sobre a nova qualificação do crime, pois não está havendo qualquer alteração dos fatos.
		Pode ocorrer a qualquer tempo, desde o recebimento da denúncia até a sentença (proferida, publicada não pode mais).
		Se for constatada que a nova tipificação impõe reconhecimento de competência diversa, deverá o juiz remeter o processo para o juízo competente. Por fim, se em consequência da mesma tipificação diversa, a hipótese for de suspensão condicional do processo, com aplicação do art. 89 da Lei nº 9099/95, o juiz deverá dar vistas ao MP para formular a proposta do sursis.
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.
Lei nº 9099/95 art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
		1.19.2 Mutatio libelli (mudança na acusação):
 
		 Ocorre quando o juiz reconhece a possibilidade de nova definição jurídica 	do fato, em consequência de prova existente nos autos de elementares ou 	circunstâncias não contidas na acusação, sendo que o momento para sua aplicação 	é o término da instrução probatória, pois deve anteceder a apresentação das 	alegações finais. Os autos são remetidos ao MP para aditar a denúncia ou queixa, 	sempre para classificação mais gravosa para o réu.
		Na mutatio libelli não ocorre simples emenda na acusação, mediante 	correção na tipificação legal, mas verdadeira mudança, com alteração da narrativa 	acusatória.
		Não pode o juiz condenar o acusado por qualquer crime por conduta diversa 	daquela apontada na denúncia ou na queixa sem as providências determinadas pelo 	art. 384, sob pena de nulidade:
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.
		Atenção 1: caso o MP não efetue o aditamento, o juiz poderá ordenar que ele 	o faça e, não ocorrendo, aplicará o art. 28 do CPP:
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
		Atenção 2: caso o aditamento seja rejeitado pelo juiz, caberá Recurso em Sentido Estrito (RESE, art. 581,I CPP):
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
 I - que não receber a denúncia ou a queixa;
2. Processo Especial:
	2.1 Procedimento especial para Servidor Público:
	Recebida a denúncia, caso o crime seja afiançável, o juiz notificará o funcionário público acusado para que o mesmo apresente resposta por escrito dentro de quinze dias. 
	Recebida a resposta com a defesa preliminar, o juiz decidirá se receberá (acolhe) ou não a denúncia e irá proceder com base na redação do Art. 516 do Código de Processo Penal, qual seja:
Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, se convencido, pela resposta do acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime ou da improcedência da ação.
	Infere-se da norma acima que a denúncia ou queixa será rejeitada quando o juiz se convencer pela resposta do acusado ou de seu defensor. Caso a denúncia ou queixa seja recebida, o funcionário público infrator será citado para o procedimento de instrução criminal normal, que deverá ser iniciado conforme Art. 517 do Código de Processo Penal (citação):
Art. 517. Recebida a denúncia ou a queixa, será o acusado citado, na forma estabelecida no Capítulo I do Título X do Livro I.
	Texto com base em:http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-procedimento-dos-crimes-funcionais-cometidos-por-funcion%C3%A1rios-p%C3%BAblicos
	2.2 Procedimento especial de crimes contra a honra:
	São crimes contra a honra a injúria, a difamação e a calúnia (art. 138 a 140 do Código Penal). Eles seguem um procedimento único, diferente do procedimento ordinário em alguns pontos (art. 519 a 523, CPP). A diferença básica é que há tentativa de conciliação antes do recebimento da queixa e é cabível exceção da verdade no momento da defesa prévia. O resto é igual ao ordinário.
	Normalmente, a ação nestes casos é privada, portanto o processo é iniciado com a queixa (e não com a denúncia) e as partes são: o querelante (ofendido) e o querelado (réu).
	Há possibilidade de retratação até o oferecimento da queixa. 
	O juiz não pode receber a queixa, pois antes deve haver a audiência de conciliação entre as partes (para que o querelante desista da queixa). Se o querelante desistir da queixa, o juiz homologa a desistência e promove o arquivamento (a ação poderá ser proposta novamente). Se o acordo for inviável, o juiz recebe a queixa e seguirá o procedimento do art. 394, CPP.
3. Procedimento Sumário:
	A principal característica é a oralidade e a audiência é una (concentrada). 
	Se o réu com defensor constituído é citado e o advogado não apresenta resposta à acusação, o juiz nomeará um advogado dativo.
4. Procedimento Sumaríssimo:
	A denúncia é oral, sendo reduzida a termo. Em caso de rejeição da denúncia cabe recurso de apelação (discutirá o mérito). 
	
	A conciliaçãoou transação é a negociação com o acusado sobre sua pena. Abrange a prestação de serviços à comunidade, impedimento de comparecer a certos lugares, pagamento de cesta básica.
	Se o acusado aceitar a conciliação ou transação o processo ficará suspenso, ou seja, ocorre a suspensão condicional do processo. 
Cumprido os termos da conciliação ou transação extingue a punibilidade.
	Se o acusado não aceitar a transação, o promotor oferecerá a denúncia e, desde que o processo demande maior conjunto probatório, ocorrerá a alteração do procedimento sumaríssimo para o procedimento sumário.
	
III – Recursos no Processo Penal:
1. Requisitos do conceito de recurso:
	a) Ato da parte: 
	Exclui o ato de ofício do juiz e pode ocorrer através de petição ou termo, no caso de defensor e acusado, respectivamente, ou no caso de petição no caso da acusação;
	b) Gravame ou prejuízo:
	Caracteriza-se pela sentença condenatória ou absolutória, conforme o inciso - a absolvição ou insuficiência de provas não vinculam as esferas administrativas e cíveis, podendo mesmo com a absolvição, neste caso, gerar prejuízo. Por outro lado, a absolvição porque o fato não é crime, não existiu ou não concorreu para a infração penal, não causa prejuízo, pois gera efeito na esfera cível e administrativa.
	c) Exercício no mesmo processo;
	d) Decisão recorrível: 
	Significa prova da ausência do trânsito em julgado (no processo penal, ausência de trânsito para o réu);
	e) Julgamento sobre julgamento: 
	Versar sobre a decisão do órgão a quo;
	f) Órgão julgador superior: 
	Com capacidade para anular ou alterar total ou parcialmente a decisão do órgão a quo;
2. Conceito de recurso:
	Está vinculado à ideia de ser um meio processual através do qual a parte que sofre um gravame ou prejuízo, solicita ou busca a modificação, no todo ou em parte, ou ainda, a anulação de uma decisão judicial sem o trânsito em julgado, no mesmo processo em que foi proferida.
	Este conceito é decorrente dos requisitos anteriores, que são cumulativos.
	O recurso tem origem na garantia do duplo grau de jurisdição, que é extraído de alguns incisos do art. 5º, da CF, como, por exemplo, a garantia do devido processo legal. Mas, sobretudo, é garantido pelo art. 5º, §1º, 2º e 3º, da CF, que absorveu os direitos e garantias previstos na Convenção Americana de Direitos Humanos, que, expressamente, assegura o direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.
3. Apelação (art. 593 a 603 do CPP):
	3.1 Conceito: 
	É o recurso interposto da sentença definitiva ou com força de definitiva para a segunda instância, com o fim de que se proceda ao reexame da matéria, com a conseqüente modificação parcial ou total da decisão. 
	3.2 Natureza jurídica: 
	É o recurso por excelência, justamente por admitir com a maior amplitude um novo debate sobre questões de fato e de direito (efeito devolutivo), bem como a apreciação de eventuais nulidades.
	3.3 Características:
 
	a) É recurso amplo, na medida em que devolve ao Tribunal “ad quem” o conhecimento pleno da matéria impugnada, a qual pode dizer a respeito do todo ou parte da questão tratada na ação;
	b) É recurso residual, pois somente pode ser interposto caso não houver previsão expressa do cabimento de Recurso em Sentido Estrito (RESE).
	3.4 Cabimento da apelação:
	a) Cabe apelação de toda sentença condenatória, assim como de toda sentença absolutória, inclusive da absolvição sumária e da impronúncia, nos processos da competência do tribunal do júri (art. 416);
	b) Cabe apelação das sentenças definitivas em sentido estrito ou terminativas
de mérito, que são aquelas que, julgando o mérito, põem fim ao procedimento (relação
jurídica processual), sem, contudo, absolver ou condenar o réu.
	3.5 Procedimento:
		3.5.1 Forma de interposição: O recurso pode ser impetrado por petição ou termo nos autos (art. 578), perante o juízo “a quo”, mas endereçado ao Tribunal competente, no prazo de 5 dias.
		3.5.2 Razões: Devem ser ofertadas dentro de 08 dias, se for crime, e de 03 dias, se contravenção (art. 600). 
	
	3.6 Efeitos:
	Seu principal efeito é evitar o trânsito em julgado.
	a) Devolutivo: Todo recurso tem: toda a matéria é devolvida ao juízo ad quem para análise.
	b) Suspensivo: Só quando a lei estipular. Ex: quando primário e de bons antecedentes o réu;
	3.7 Reformatio in pejus: é a impossibilidade de o tribunal prejudicar a situação do réu, quando só o mesmo tiver apelado ou quando for improvido o recurso da acusação. A previsão que impede a reforma danosa ao réu quando somente ele recorrer encontra-se no artigo 617 do CPP .
	O tribunal não tem completa liberdade para decidir, sendo-lhe vedado julgar extra ou ultra petita.
	3.8 Reformatio in mellus: quando o recurso é exclusivo da acusação, não pode o tribunal favorecer o réu. Entretanto, parte da jurisprudência entende que, em virtude de ter a lei só previsto a “reformatio in pejus”, não está vedado favorecer o réu, quando só a acusação recorre e não postula a favor. 
4. Recurso em Sentido Estrito (RESE ou SER) art. 581 a art. 592:
	4.1 Cabimento: Despacho, decisão ou sentença interlocutória. 
Em regra, ataca decisão interlocutória. É taxativo no rol do art. 581.
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
 I - que não receber a denúncia ou a queixa;
 II - que concluir pela incompetência do juízo; 
 III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; 
 IV – que pronunciar o réu; 
 V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; 
 VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
 VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; 
 IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade;
 X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
 XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
 XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;
 XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
 XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
 XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
 XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
 XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
 XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
 XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; 
 XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
 XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
 XXII - que revogar a medida de segurança;
 XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;
 XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
	4.2 Procedimento: por instrumento em regra, ou seja, sobe apartado. Mas pode subir nos próprios autos (581, I, III, IV, VI, VIII e X). Só por petição.
	O recurso deve ser endereçado ao tribunal, mas interposto perante o juiz, que pode rever a decisão. Artigo 582 do CPP.
 
	4.3 Prazos:
Recorrer – 5 dias
Exceção: Se excluir ou incluir jurados (art. 581, XIV) 20 dias
Apresentar razões (arrazoar): 2 dias
Apresentar contrarrazões: 2 dias
Retratação: 2 dias, após a manifestação das partes (minuta e contraminuta)
	4.4. Juízo de retratação: 
	Este recurso comporta juízo de retratação, ou seja, o juiz pode voltar atrás antes de enviar para o tribunal ou a turma recursal (no caso de JECrim) decidir (art. 589).
	4.5Competência: a mesma da Apelação – Tribunal de Apelação (TRF, TJ)
	4.6 Efeitos: Devolutivo (regra). Suspensivo (584 CPP).
 Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581.
5. Efeitos da Coisa Julgada
	A coisa julgada pressupõe o trânsito em julgado da decisão para a acusação, ao assistente de acusação (se houver), ao acusado e ao seu defensor.
	OBS.: Nos termos do art. 580 do CPP, no caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um deles, tendo o outro abdicado do direito de recorrer, se fundamentado em circunstâncias que não sejam exclusivamente de caráter pessoal, aproveitará ao outro, não havendo falar em coisa julgada.
Art. 580.  No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.
	Para considerar coisa julgada, deve haver trânsito em julgado para todos os envolvidos.
Um importante da coisa julgada é expedição do mandado de prisão na sentença condenatória, ou o caso de mandado de busca no caso de medida de segurança imposta em sentença absolutória.
5.1 Efeito Extrapenal da Sentença Condenatória:
	a) Gera a execução, no juízo cível para efeito de reparação de dano: somente será apurado o quanto se deve (quantum debeatur).
	b) Faz coisa julgada no cível, do valor pago, nos termos do art. 387, IV do CPP desde que cumprida a obrigação fixada.
Art. 387.  O juiz, ao proferir sentença condenatória: 
(...)
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido;
ATENÇÃO: sem prejuízo dos dois itens acima, poderá ser proposta ação de reparação de dano no juízo cível, contra o autor do crime ou seu responsável legal, descontado o valor já executado. 
Importante destacar que faz coisa julgada no juízo cível, ou seja, possui reflexo na seara cível, a sentença que reconhecer ter sido o crime praticado sob a excludente de ilicitude (estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito).
Quanto à sentença penal absolutória verifica-se que nem sempre fará coisa julgada na esfera cível, pois, para tanto, a sentença deverá declarar que o fato imputado não constitui infração penal (crime ou contravenção).
ATENÇÃO: se o réu for absolvido nos termos do art. 386, inc. VI, parte final e inc. VII, a coisa julgada cível estará comprometida (não faz reflexo na esfera cível).
Art. 386.  O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
(...)
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência;  
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
6. Coisa julgada formal e material:
	Pela LIDB, art. 6º, §3º é “chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso”.
	Fundamenta-se no non bis in idem e pode ser formal ou material.
	6.1 Coisa julgada formal: existe imutabilidade da sentença no processo onde foi proferida. Tem-se efeito preclusivo, não havendo mais hipótese de recurso. É imutável;
	6.2 Coisa julgada material: existe a imutabilidade da sentença que se projeta fora do processo, obrigando o juiz de outro processo a acatar tal decisão, ou seja, veda-se a discussão dentro e fora do processo em que foi proferida a decisão.
	OBSERVAÇÃO: no entanto, em nosso direito a imutabilidade da sentença condenatória não é absoluta, pois cabem várias hipóteses a revisão criminal (CPP, art. 621) e nos dispositivos constitucionais que tratam de graça, indulto e abolitio criminis. Assim, ocorre imutabilidade, porém ela não é absoluta, é relativa. 
Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:
 I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos;
 II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos;
 III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
	6.3 Limites objetivos da coisa julgada: art. 110, §2º, CPP.
Art. 110, § 2o A exceção de coisa julgada somente poderá ser oposta em relação ao fato principal, que tiver sido objeto da sentença.
	6.4 Limites subjetivos da coisa julgada: diz respeito aos litigantes (art. 580, CPP):
Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.
	6.5 Conclusão:
	No processo penal existe coisa julgada formal, sempre de maneira absoluta. Já, no que se refere a coisa julgada material, também existe, mas de maneira relativa, nos termos do artigo 621, do CPP, e nos dispositivos constitucionais que tratam de graça, indulto e abolitio criminis.
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