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A IMPORTANCIA DO ESTAGIO DE CONVIVENCIA NA ADOCAO

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
 HELOÍSA HELENA DE SOUZA KRAUSS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A Importância do Estágio de Convivência na Adoção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Curitiba 
 2013 
 
 HELOÍSA HELENA DE SOUZA KRAUSS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A Importância do Estágio de Convivência na Adoção 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Curso de Direito da 
Faculdade de Ciências Jurídicas da 
Universidade Tuiuti do Paraná, 
como requisito parcial para a 
obtenção do título de Bacharel em 
Direito. 
Orientadora: Professora Georgia 
Sabbag Malucelli Niederheitmann 
 
 
 
 
 
 
 Curitiba 
 2013 
 
 TERMO DE APROVAÇÃO 
 HELOÍSA HELENA DE SOUZA KRAUSS 
 
 A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA NA ADOÇÃO 
 
Essa monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de bacharel 
em direito do curso de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
 
 Curitiba, de de 2013 
 
 ___________________________________________ 
 Professor Doutor Eduardo de Oliveira Leite 
 Coordenador do Núcleo de Monografias 
 Curso de Direito 
 Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
Orientadora:___________________________________ 
 Georgia Sabbag Malucelli Niederheitmann 
 
 
 
Professor: ________________________________________ 
 
 
 
Professor: __________________________________________ 
I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos grandes amores 
da minha vida, Deus, meu marido Carlos, 
meus filhos biológicos Angélica e 
Guilherme, meu neto Vítor e a todos os 
meus filhos do coração. 
 
II 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço aos meus pais Helena (in memorian) e Inamá, pelo amor, carinho, 
formação e educação que me deram para que eu lutasse pelos meus direitos e 
fosse a pessoa que sou. Ao Carlos, Angélica, Cassiano, Vítor,Guilherme e 
Carol por me entenderem e incentivarem a concretizar meu sonho. Às minhas 
irmãs, a Ledi e aos meus sobrinhos por me fazerem entender que nunca é 
tarde para recomeçar. Aos professores, que com o tempo se tornaram amigos, 
sempre incentivando e ajudando, especialmente a minha orientadora Georgia 
Sabbag Malucelli Niederheitmann pela paciência. Aos colegas de turma que 
compartilharam essa árdua jornada e aos amigos que fiz cuja parceria 
certamente continuará por muito tempo. E a todos aqueles que de alguma 
forma contribuíram para que meu sonho se realizasse e eu concluísse o curso. 
III 
 
RESUMO 
 
Adoção não é só caridade, é muito mais, é aceitar uma pessoa estranha no 
seio de sua família, dando-lhe carinho, amor, educação, criando-o como um 
filho saído de seu ventre. A adoção se apresenta na história em vários 
momentos diferentes, em que ela tinha um enfoque egoísta, pois seu papel era 
somente dar continuidade à religião da família, pois muitos povos acreditavam 
que era necessária uma homenagem, um culto de seu descendente para que o 
morto tivesse uma vida feliz após sua morte. Ou então ela era um subterfúgio 
para aumentar as riquezas e o poder político. Hoje em dia, com as mudanças 
na legislação e a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, vemos que 
o principal objetivo da adoção é a proteção e o resguardo da criança e do 
adolescente, permitindo a convivência em um lar que possa lhe dar uma vida 
digna. Muitas vezes não ocorre uma boa convivência entre adotante e 
adotando, gerando conflitos e não raro a devolução da criança, o que leva a 
importância do estágio de convivência antecedente à adoção. É nesse 
momento que ocorre a construção de laços afetivos, as trocas de experiências 
sociais e culturais, no qual acontece o nascimento de um novo vínculo familiar 
entre pais e filho. Após estudo de doutrinas, artigos e jurisprudências viu-se a 
importância de uma melhor preparação dos postulantes ao cargo de pais, para 
haver a certeza de que querem ter um filho e aquela criança é a certa, 
transmitindo amor, aceitação e segurança ao adotado. 
 
PALAVRAS CHAVE: adoção, estágio de convivência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IV 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1 
2. CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E EVOLUÇÃO HISTÓRICA .............. 3 
2.1. Conceitos de adoção ................................................................................... 3 
2.2. Natureza jurídica .......................................................................................... 4 
2.3. Evolução histórica ........................................................................................ 4 
2.3.1. Evolução da adoção no Brasil ............................................................... 6 
2.3.2. Adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente ................................ 8 
2.3.3. Adoção no Código Civil de 2002 ........................................................... 9 
2.3.4. Nova Lei de Adoção .............................................................................. 9 
3. PROCEDIMENTOS DA ADOÇÃO ............................................................. 11 
3.1. Requisitos para Adoção ............................................................................. 13 
3.1.1. Requisitos subjetivos ........................................................................... 13 
3.1.2. Requisitos objetivos ............................................................................ 14 
3.2. A função social da adoção ......................................................................... 20 
3.3. Efeitos jurídicos da adoção ........................................................................ 20 
3.3.1. Efeitos pessoais .................................................................................. 21 
3.3.2. Efeitos patrimoniais ............................................................................. 22 
4. ESPÉCIES DE ADOÇÃO .......................................................................... 23 
4.1. Adoção internacional ................................................................................. 23 
4.1.1. Requisitos para que ocorra a adoção internacional ............................ 24 
4.2. Adoção “à brasileira” .................................................................................. 26 
4.3. Adoção de nascituros ................................................................................ 28 
4.4. Adoção de embriões .................................................................................. 29 
4.5. Adoção por homossexual .......................................................................... 30 
4.6. Adoção póstuma ........................................................................................ 33 
5. ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA E PERÍODO DE ADAPTAÇÃO ................. 36 
5.1. Histórico do estágio de convivência na legislação ..................................... 37 
5.2. Dificuldades enfrentadas durante o estágio de convivência ...................... 43 
5.2.1. Motivos apontados para a devolução de crianças adotadas ............... 47 
6. CONCLUSÃO ............................................................................................49 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 51 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
Este trabalho tem por objetivo uma análise sobre a necessidade do 
estágio de convivência na adoção, as alterações ocorridas ao longo da história 
no processo de adoção e sua importância no âmbito jurídico e social. 
Em seu artigo 41, o Estatuto da Criança e do Adolescente diz que: 
A adoção atribui ao adotado a condição de filho, com os mesmos 
direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer 
vínculo com os pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. 
 
No presente estudo, vemos que a adoção não é destinada apenas 
como forma de satisfazer a vontade de pessoas sem filhos, mas tem como 
objeto principal dar um ambiente saudável, afastando o menor do abandono e 
colocando-o em um lar no qual ele possa ter amor, carinho, educação, 
afastando-o da marginalidade e da vida nas ruas. Para que isso ocorra é 
necessário seguir vários trâmites judiciais e capacitar todos os envolvidos no 
processo por meio de uma equipe multidisciplinar encarregada de avaliar e 
acompanhar, para que não ocorram problemas e a adoção se concretize. A 
adoção tem como finalidade primordial a proteção dos menores. 
A psicóloga Lídia Natália Dobrianskyj Weber (2001) diz que: 
Nos processos de adoção os técnicos são fundamentais para 
selecionar (que é o que fazem a maior parte das agências de 
adoção), mas para preparar: esclarecer, informar, instruir, educar, 
conscientizar, desmistificar preconceitos e estereótipos, modificar 
motivações, desvelar vocações, lapidar desejos...A maior parte das 
pessoas cadastradas nas agências de Adoção está ansiosa para 
participar deste espaço de reflexão, mas elas são somente 
cadastradas, julgadas, examinadas, esquadrinhadas, investigadas e 
interpretadas nos deslizes de seus relatos verbais. (2001p. 37) 
 
A adoção tem caráter irrevogável e por este motivo é fundamental que 
se garanta o cumprimento da lei, possibilitando que o menor se desenvolva 
2 
 
bem, impedindo que ocorram abusos, negligências, rejeições ou possíveis 
devoluções. 
 
 
 
3 
 
2. CONCEITO, NATUREZA JURÍDICA E EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
2.1. Conceitos de adoção 
Temos várias abordagens sobre adoção em toda a história da 
humanidade, pois desde essa época era muito importante ter uma família. Ela 
varia conforme os costumes, as tradições e a época em que acontecia. 
O Direito Romano, segundo Dirceu Rodrigues, a conceitua como um 
ato solene pelo qual se admite em lugar de filho quem pela natureza não é. 
(1995, p.22 apud GRANATO 2009,p.24) 
Em seu livro Tratado de Direito Privado, Pontes de Miranda dizia que “a 
adoção é o ato jurídico pelo qual uma pessoa recebe outra como filho, 
independentemente de existir entre elas qualquer parentesco consanguíneo ou 
afim.” (1951, p.21 apud GRANATO, 2009, p.24) 
A professora Maria Helena Diniz, conceitua adoção como: 
o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, 
alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de 
parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, 
trazendo para sua família na condição de filho, pessoa que, 
geralmente, lhe é estranha. (1995, p.22) 
 
O mestre Eduardo de Oliveira Leite define adoção como: 
o ato jurídico solene pelo qual, observado os requisitos legais, alguém 
estabelece um vínculo de filiação trazendo para sua família, na 
condição de filho, pessoa que lhe é estranha.” (2005, p.257) 
 
O termo adoção tem sua origem do latim adoptio, que significa o ato ou 
efeito de adotar. 
Adoção é muito mais que caridade, é um assunto que abrange uma 
filosofia de vida, é consciência, é se comprometer, se doar, é criar e educar 
com amor e carinho uma criança que não possui o mesmo sangue que o seu. 
4 
 
É poder dar a uma criança uma família, um lar onde ela se sinta amada e 
protegida. 
 
2.2. Natureza jurídica 
O ato de adotar está presente nos artigos 39 a 52 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, Lei 8.069/90, e também tem fundamentação legal 
nos artigos 1618 a 1629 do Código Civil, Lei 10.046 de 10.01.2002. 
A grande maioria dos autores diz que a natureza jurídica da adoção é 
contratual, outros, porém, consideram que ela não deve ser considerada um 
contrato, pois esse termo dá a impressão de ser apenas um negócio jurídico, 
quando, em verdade, ela vai além, envolvendo vínculos morais, afetivos e 
espirituais. 
A professora Eunice Ferreira Rodrigues Granato (2009 p.28 apud Maria 
Alice C. Zaratin Soares Lotufo, p.57) afirma que: 
A adoção apresenta-se como figura híbrida, ou seja, um misto de 
contrato e de instituição, onde a vontade das partes, bem como o 
exercício de seus direitos encontram-se limitados pelos princípios de 
ordem pública. 
 
2.3. Evolução histórica 
A adoção, na antiguidade, tinha por finalidade a propagação da religião 
e também na crença de que os mortos necessitariam receber culto de seus 
descendentes para terem uma vida tranquila após sua morte. Assim, aquele 
homem que não possuísse filhos poderia adotar um varão para garantir a 
perpetuidade de sua família. Neste caso, a adoção visava somente o bem do 
adotante. 
5 
 
O Código de Hamurabi é o documento mais antigo sobre a adoção. Ele 
continha nove artigos que definiam o instituto, dizendo que os filhos adotivos 
tinham os mesmos direitos que os filhos legítimos e determinava alguns casos 
em que o adotado poderia retornar à casa paterna. 
Foi em Roma que ocorreu maior desenvolvimento e a adoção foi mais 
utilizada, pois além do homem continuar necessitando de um filho para dar 
continuidade ao culto aos mortos, também havia um cunho político permitindo 
que plebeus se transformassem em patrícios aumentando e perpetuando o 
poder político da família. Paulo Nader explica: A importância da adoção, na 
civilização greco-romana, deriva do papel que desempenhava em favor do 
pater famílias, receoso de morrer sem descendente. 
Na Idade Média, devido ao Cristianismo, a adoção caiu em desuso. A 
igreja só reconhecia como filhos aqueles gerados no casamento, proibindo o 
reconhecimento de filhos adulterinos. 
Para o guerreiro povo germano, a adoção era uma maneira de 
perpetuar o chefe da família, ela dava ao adotado o nome, as armas e o poder 
do adotante. 
A adoção volta a aparecer somente na Idade Moderna, com o Código 
de Napoleão elencando que a adoção poderia ser feita por contrato, dava 
direitos de herdeiro ao adotado e que o adotante, sendo maior de cinquenta 
anos e não possuindo filhos, deveria ter uma diferença de idade com o 
adotado de pelo menos quinze anos. 
No direito português, ela servia somente para pedir alimentos para os 
filhos. Não possuiu um desenvolvimento pleno, pois havia oposição ao direito à 
sucessão, que dependia de autorização do Rei para que a adoção ocorre-se. 
6 
 
 
2.3.1. Evolução da adoção no Brasil 
No Brasil, por ser uma colônia de Portugal na antiguidade, a adoção se 
apresentava com as mesmas características do direito português. Para as 
crianças que não eram filhos legítimos, ou então cuja família estivesse em 
situação de pobreza, na Santa Casa existia a roda dos enjeitados, que era uma 
porta giratória com uma gaveta na qual a criança era depositada e ao girá-la as 
crianças eram levadas para dentro da instituição onde passavam a ser 
cuidadas por pessoas da instituição que tentavam encaminhar essas crianças a 
famílias para que ajudassem nos afazeres domésticos e na plantação (mão-de-
obra infantil). 
Eunice Ferreira Rodrigues Granato relata em seu livro Adoção Doutrina 
& Prática (2005, p.43) que o primeiroregistro legal referente à adoção foi em 
22.09.1828 e mudava a competência para a expedição da carta de 
perfilhamento da Mesa do Desembargo do Paço para os juízes de primeira 
instância. Houve outras abordagens de pouca valia nas Consolidações Civis 
que se seguiram. 
Foi somente com a instituição do Código Civil Brasileiro, estabelecido 
pela Lei 3.071, de 01/01/1916, que a adoção teve um tratamento especial 
presente nos artigos 368 a 378 do Título V, Capítulo V, do Livro I, em sua Parte 
Especial. Os obstáculos encontrados para adotar uma criança eram muitos, 
fazendo com que o interesse pela adoção praticamente inexistisse. 
Carlos Roberto Gonçalves cita em seu livro que, 
 
A adoção disciplinada no Código de 1916 não integrava o adotado, 
totalmente, na nova família. Permanecia ele ligado aos parentes 
consanguíneos, pois o artigo 378 do mencionado diploma dispunha 
que “os direitos e deveres que resultam do parentesco natural não se 
7 
 
extinguem pela adoção, exceto o pátrio poder, que será transferido do 
natural para o adotivo.”(2012, p.380) 
 
 
A Lei 3.133, de 08 de maio de 1957, trouxe parcas modificações e 
condições para a vida do adotado, possibilitando que ele acrescentasse junto 
ao sobrenome dos pais biológicos os do adotante. Porém, ele só teria direito a 
uma parte da herança, menor que a dos filhos biológicos. O que importava 
nessa época era dar aos casais que não pudessem ter filhos a oportunidade de 
dar continuidade ao nome da família. 
Em 02 de junho de 1965, foi criada a Lei 4.655, que trouxe uma 
novidade para a adoção: a possibilidade de cancelar o registro de nascimento 
original da criança e substituí-lo por outro. Essa legitimação foi a origem da 
adoção plena, posteriormente ratificada no Código de Menores. 
O Código de Menores foi instituído pela Lei 6.697, de 10/10/1979, 
revogando a Lei 4.655. Nele foram introduzidos alguns avanços em relação a 
proteger a criança e o adolescente na adoção. 
Previam-se duas formas de adotar: a simples e a plena. Na forma de 
adoção simples, só foi acrescentada a possibilidade de ser alterado o nome da 
criança e ela ter direito à herança. Essa maneira de adoção foi regimentada 
pelo Código Civil e também prevista no Código de Menores. 
Na forma de adoção plena, o casal deveria ser legalmente casado no 
mínimo há cinco anos, poderiam ter filhos biológicos, sendo que um deles 
deveria ter mais de trinta anos e uma diferença de idade com o adotado de 
pelo menos dezesseis anos, cortando-se todos os laços com sua família 
biológica. 
8 
 
O tempo estabelecido para o Estágio de Convivência diminuiu para um 
ano e, apesar de todas essas mudanças positivas, ao estrangeiro, ao solteiro, 
ao viúvo ou ao separado não era permitida a adoção. 
Com a Constituição Federal de 1988, foram igualados os direitos de 
todos os filhos naturais ou adotados, que passaram a ser sujeitos de direito, 
sendo dever da família, da sociedade e principalmente do Estado protegê-los e 
cuidar de seus direitos. 
 
2.3.2. Adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente 
A Lei 8.069/90 elenca os direitos da criança e do adolescente, entre 
eles o direito fundamental de serem criados por uma família, seja a biológica ou 
por meio de adoção. Ela acabou de uma vez com a diferença entre adoção 
plena e simples. 
Nos artigos 39 a 50 dessa Lei, existem alguns requisitos específicos 
que devem ser observados para a adoção de crianças brasileiras por cidadãos 
brasileiros, por estrangeiros domiciliados e residentes no Brasil, como também 
por brasileiros residentes e domiciliados no exterior. Para a adoção 
internacional será válido o elencado nos artigos 51 e 52 do mesmo Estatuto. 
Segundo Sílvio de Salvo Venosa, 
A adoção, segundo o estatuto, não somente iguala os direitos 
sucessórios dos adotivos como também estabelece reciprocidade do 
direito hereditário entre o adotado, seus descendentes, o adotante, 
seus descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de 
vocação hereditária (art.41,parágrafo 2º ECA). Superam-se, portanto, 
todos os resquícios de discriminação na adoção, existentes até a 
Constituição Federal de 1988.(2005,p.314) 
 
A adoção só pode ser decretada por sentença. Presume-se que tenha 
ocorrido o estágio de convivência, consentimento legal dos pais ou responsável 
9 
 
legal e se o menor for maior de doze anos, também se faz necessário o seu 
consentimento. O nome e sobrenome podem ser alterados e a adoção é 
irrevogável. 
 
2.3.3. Adoção no Código Civil de 2002 
O Código Civil de 2002 disciplinou de forma ordenada a adoção nos 
artigos 1.618 a 1629. Nele, observamos que a idade para poder adotar baixou 
de 30 anos para 18 anos – conservando a diferença de 16 anos entre adotante 
e adotado. Pode ocorrer a adoção unilateral, desde que haja comprovação de 
estabilidade familiar. 
Como no Estatuto da Criança e do Adolescente, aqui também está 
elencado que a adoção só ocorrerá depois do trânsito em julgado, tornando-se 
irrevogável. Porém, conforme os artigos 373 e 374 do presente Codex, ela só 
poderá ser dissolvida contratual ou jurisdicionalmente. 
Os vínculos com a família biológica serão rompidos, mas o adotado 
terá direitos alimentícios e sucessórios, assim como todos os deveres de um 
filho biológico. 
 
2.3.4. Nova Lei de Adoção 
Com a Lei 12.010/09 foram sancionadas alterações no Estatuto da 
Criança e do Adolescente. Seu objetivo maior é dar mais celeridade aos 
processos e não permitir que os menores fiquem por mais de dois anos nas 
casas de passagem. 
A nova lei prevê que a adoção seja o último recurso a ser tomado, 
quando não houver mais condição de convivência com os pais biológicos. Ela 
10 
 
também impede que irmãos sejam separados, ou seja, eles devem permanecer 
juntos na nova família. 
Foi criado um cadastro nacional no qual estão registradas as crianças 
em condição de serem adotadas e as pessoas ou casais habilitados para a 
adoção. Alguns Tribunais estão reconhecendo a adoção por homossexuais 
conforme será visto em tópico a seguir. 
Outro item presente na lei e de extrema importância é o 
acompanhamento de uma equipe multidisciplinar composta por assistentes 
sociais e psicólogos, auxiliando a família e o menor nesse período de 
adaptação e acolhimento do menor. 
 
 
 
 
11 
 
3. PROCEDIMENTOS DA ADOÇÃO 
A preparação para adotar uma criança ou adolescente é imprescindível 
para que se possa evitar problemas e dificuldades, possibilitando que o 
adotante saiba como se posicionar frente a dificuldades que venha ter em 
relação à educação do menor. 
O Conselho Nacional de Justiça implementou um sistema no qual estão 
relacionadas informações de crianças e adolescentes a serem adotados e 
também dos pretendentes a adoção, denominado Cadastro Nacional de 
Adoção (CNA). 
O CNA é uma ferramenta precisa e segura para auxiliar os juízes na 
condução dos procedimentos de adoção e atende aos anseios da 
sociedade no sentido de desburocratizar o processo, uma vez que: 
• uniformiza todos os bancos de dados sobre crianças e 
adolescentes aptos a adoção no Brasil e pretendentes; 
• racionaliza os procedimentos de habilitação, pois o pretendente 
estará apto a adotar em qualquer Comarca ou Estado da Federação, 
com uma única inscrição feita na Comarca de sua residência; 
• respeita o disposto no artigo 31 do ECA, pois amplia as 
possibilidades de consulta aos pretendentes brasileiros cadastrados e 
garante que apenas quando esgotadas as chances de adoção 
nacional possam as crianças e adolescentes ser encaminhados para 
adoção internacional; 
• possibilita o controle adequado pelas respectivas Corregedorias-
Gerais de Justiça;e 
• orienta o planejamento e formulação de políticas públicas voltadas 
para a população de crianças e adolescentes que esperam pela 
possibilidade de convivência familiar.(cnj.jus.br,cadastro nacional de 
adoção, p.3,4) 
 
A Lei 12.010/09 alterou alguns artigos do Estatuto da Criança e do 
Adolescente com a firme intenção de zelar pela proteção dos menores 
incentivando sua entrega ao Poder Judiciário para que este possa intermediar 
a adoção. O artigo 50 do Estatuto elenca a existência de determinação para a 
formação de cadastros regionais para adoção. Essa previsão também está 
expressa no artigo 227 da Constituição Federal. Esses cadastros são de suma 
importância pois através deles pode se verificar as condições psicossociais e 
12 
 
do ambiente familiar dos pretendentes antes de incluir o menor a família 
pretendente à adoção. 
O Conselho Nacional de Justiça, a partir de disposição do artigo 103-b 
da Constituição Federal, desenvolveu um cadastro único, contendo todos os 
dados das crianças e adolescentes aptos para serem adotados e de 
pretendentes devidamente habilitados para a adoção. 
 A revista “Em discussão”, nº 15 de maio/2013 presente no site do 
Senado Federal, traz a seguinte matéria sobre a importância do Cadastro 
Nacional de Adoção: 
 
Cadastro unificou informações e tenta aproximar as crianças aptas à 
adoção das pessoas dispostas a acolhê-las 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, já previa 
que cada comarca deveria manter cadastros de pessoas habilitadas e 
de crianças disponíveis para a adoção. O fato de serem listagens 
regionalizadas não contribuía para o aumento do número de adoções 
no país, por isso decidiu-se pela criação do Cadastro Nacional de 
Adoção (CNA), implantado em 2008, sob a responsabilidade do 
Conselho Nacional de Justiça, com base nas informações fornecidas 
pelos tribunais de Justiça dos estados e do Distrito Federal. 
Ao unificar as informações, o CNA aproxima crianças que aguardam 
por uma família em abrigos e pessoas que tentam uma adoção, 
mesmo que separados por milhares de quilômetros. A inscrição do 
pretendente, válida a princípio por cinco anos, é única e feita pelos 
juízes das varas da Infância e da Juventude (a lista segue ordem 
cronológica). Quando a criança está apta à adoção, o inscrito no 
cadastro de interessados é convocado. Do mesmo modo, 
pretendentes podem consultar a lista de crianças, que traz detalhes 
como sexo, idade, cor e eventuais necessidades especiais. 
Paralelamente, foi criado também o Cadastro Nacional de Crianças 
Acolhidas (CNCA), contendo dados das entidades de acolhimento 
sobre as crianças e adolescentes atendidos por essa medida 
protetiva prevista no ECA. Os juizados de Direito da Infância e da 
Juventude, as promotorias de Justiça da Infância e da Juventude, os 
conselhos tutelares e os próprios abrigos são os responsáveis pelas 
informações, centralizadas sob a responsabilidade da Corregedoria 
Nacional de Justiça. Apenas uma pequena parcela dos inscritos 
nesse cadastro — mais de 44 mil, em março passado — é formada 
por crianças destinadas à adoção. 
 
 
 
13 
 
O Promotor paranaense Doutor Murilo José Digiácomo diz que 
 
agora se impõe ao Poder Judiciário a obrigação da criação e 
manutenção de cadastros estaduais e nacional de adoção, além 
daqueles existentes em cada comarca, acabando assim, de uma vez 
por todas, com a polêmica decorrente da implantação de um único 
Cadastro Nacional de Adoção pelo Conselho Nacional de 
Justiça.(www.crianca.caop.mp.pr.gov.br) 
 
 
O Ministro do STJ Sidnei Beneti diz que a ordem cronológica do 
Cadastro Nacional de Adoção não é absoluta e deve prevalecer o que for 
melhor para o menor. Destacou ainda que um cadastro único pode evitar a 
possibilidade de tráfico de crianças e adoções de forma ilegais. 
O critério cronológico nem sempre deve prevalecer, visto que a 
dignidade do menor, sua integridade, segurança e bem estar estão acima de 
tudo. O Cadastro Nacional de Adoção surgiu como uma maneira de proteger os 
adotandos, evitando que ocorram devoluções dos menores após a adoção, e 
até mesmo a colocação dessa criança em lares que venham a lhe explorar, e 
que não dêem a devida atenção e carinho necessários para seu pleno 
desenvolvimento. 
 
 
3.1. Requisitos para Adoção 
Apesar de a adoção ser norteada pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente, os requisitos para os candidatos estão elencados nos artigos 
1618 ao 1629 do Código Civil Brasileiro. 
 
3.1.1. Requisitos subjetivos 
a) Idoneidade dos que querem adotar 
É necessário verificar se não existem impedimentos de ordem pessoal, 
condenações cíveis ou criminais e também um parecer psicossocial por parte 
14 
 
do adotante para que ele possa exercer de forma responsável e eficiente a 
criação desse menor. 
 
b) Motivos legítimos para a adoção 
Muitas vezes o ato de adotar é tomado por impulso, sem total 
consciência da responsabilidade deste ato. Muitas adoções ocorrem por pena 
do menor e em muitos casos eles são devolvidos. Para que isso não aconteça 
é necessário que a equipe interdisciplinar realize um estudo para analisar os 
reais motivos que levaram aquela pessoa a querer integrar o menor em seu 
seio familiar e tê-lo como filho. Acontecem casos também em que a adoção 
ocorre para exploração infantil. 
 
c) Reais vantagens para a pessoa que se quer adotar 
Se o adotante possui o desejo de cumprir e garantir o que está 
prescrito no artigo 227 da Constituição Federal: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, 
ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, 
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à 
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar 
e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
opressão. 
 
3.1.2. Requisitos objetivos 
 
a) Idade e parentesco das pessoas envolvidas 
O Estatuto da Criança e do Adolescente elenca em seu artigo 42 e 
parágrafos que só podem adotar os adotantes maiores de 18 anos, 
independente de seu estado civil; os adotantes com pelo menos 16 anos de 
diferença com o adotado, podendo ser uma adoção conjunta desde que 
15 
 
demonstrado que sejam casados legalmente ou tenham uma união estável, 
comprovando estabilidade familiar verificada pela equipe interdisciplinar; os ex-
companheiros divorciados ou separados desde que o estágio de convivência 
com o menor tenha sido iniciado enquanto viviam juntos (nesse caso será 
determinada a guarda compartilhada); o menor não pode ser adotado por seus 
irmãos e nem por seus ascendentes. 
 
b) Consentimento ou destituição do poder familiar dos pais biológicos 
O consentimento dos pais não pode ser presumido e necessita da 
aprovação judicial. A nova Lei de Adoção prioriza que a criança ou adolescente 
fiquem com a família, somente quando o juiz vê ser impossível a continuidade 
no ambiente familiar, ocorrendo à destituição do poder familiar. 
 
c) Consentimento da pessoa que se quer adotar 
Conforme elencado nos artigos 28 e 45 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente se o adotado tiver doze anos ou mais, poderá se manifestar 
perante o juiz dizendo se aceita ou não que aquela pessoa o adote, desde que 
tal procedimento não constranja a criança. Se for menor de doze anos esse 
requisito é facultativo. 
 
d) Estágio de convivência 
É o período posterior às visitas feitas ao menor nas casas de 
passagem ou abrigos. Nele ocorre a adaptação social e cultural, e a troca de 
experiências entre adotante e adotado. Quem determina o prazo é o juiz.16 
 
e) Prévio cadastramento 
É obrigatório o prévio cadastramento dos interessados em adotar uma 
criança conforme os termos do artigo 50 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente: 
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro 
regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de 
serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. 
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos 
órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público. 
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfazer os 
requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previstas no 
art. 29. 
§ 3o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um 
período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe 
técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com 
apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal 
de garantia do direito à convivência familiar. 
§ 4o Sempre que possível e recomendável, a preparação referida no 
§ 3o deste artigo incluirá o contato com crianças e adolescentes em 
acolhimento familiar ou institucional em condições de serem 
adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da 
equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos 
técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela 
execução da política municipal de garantia do direito à convivência 
familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
 § 5o Serão criados e implementados cadastros estaduais e nacional 
de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de 
pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, 
de 2009) 
 § 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residentes 
fora do País, que somente serão consultados na inexistência de 
postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § 
5o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
 § 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção 
terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de 
informações e a cooperação mútua, para melhoria do 
sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
§ 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e 
oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de 
serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de 
origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação 
à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste 
artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 
2009) 
 § 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manutenção 
e correta alimentação dos cadastros, com posterior comunicação à 
Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 
2009) 
 § 10. A adoção internacional somente será deferida se, após 
consulta ao cadastro de pessoas ou casais habilitados à adoção, 
mantido pela Justiça da Infância e da Juventude na comarca, bem 
como aos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o deste 
artigo, não for encontrado interessado com residência permanente no 
Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
17 
 
 § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em sua 
adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e 
recomendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em 
programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 
2009) 
 § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos 
postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério 
Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
 § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candidato 
domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos desta 
Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 
 I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº 
12.010, de 2009) 
 II - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente 
mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela Lei nº 
12.010, de 2009) 
 III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de 
criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de 
tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e 
afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer 
das situações previstas nos artigos 237 ou 238 desta Lei. (Incluído 
pela Lei nº 12.010, de 2009) 
 § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato 
deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os 
requisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta 
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009). 
 
Pode-se encontrar um modelo de requerimento para inscrição no 
processo de habilitação nas Varas da Infância e Juventude e em Organizações 
não governamentais. Os candidatos deverão anexar a esse requerimento 
cópias dos seguintes documentos: carteira de identidade, cadastro de pessoa 
física, certidão de nascimento, certidão de casamento, comprovante de renda, 
comprovante de residência, alvará da folha judicial, atestados de saúde física e 
mental além de uma fotografia atualizada. Para esse processo não é 
necessária à constituição de um advogado. 
 PROCEDIMENTOS CADASTRO NACIONAL DE ADOÇÃO - 
 1. Inscrições de Pretendentes no Cadastro Nacional de Adoção – CNA 
 1.1 O pretendente à adoção somente poderá ser inserido no sistema 
pela Comarca de seu domicílio, nos moldes do art. 50 da Lei Federal 
8.069/90. Isso significa que o pretendente deve primeiro habilitar-se 
na Vara da Infância e da Juventude de sua Comarca ou, inexistindo 
nela Vara Especializada, na Vara competente para o processo de 
adoção. O próprio juiz ou seu auxiliar realizará o cadastro no sistema. 
Com a inserção no CNA, todos os juízes, de todo o país, terão 
acesso à relação dos pretendentes à adoção. 
 • O recibo de inclusão pode ser emitido a qualquer momento, após ter 
concluído o cadastro do pretendente. Uma vez aberta a tela com os 
18 
 
dados do pretendente (menu: Consultar >> Pretendente), na base da 
tela há o link: ‘Gerar recibo de cadastro’. Clique e o recibo será 
gerado. 
 1.2 O sistema não permitirá a duplicidade de inscrições e identificará a 
sua ocorrência por meio do CPF do pretendente. Na hipótese de 
inscrições múltiplas ocorridas antes da criação do Cadastro Nacional 
de Adoção, é possível sua anotação no Cadastro, sob a rubrica 
“processo adicional,conforme o item 6 deste manual. Nesse caso, os 
pretendentes serão considerados como se domiciliados em mais de 
uma Comarca ou Foro Regional. 
 1.3 As inscrições no CNA serão válidas por 5 (cinco) anos, prazo que 
poderá ser reduzido a critério do juízo da habilitação, caso entenda 
pela necessidade de reavaliação do pretendente. 
 1.4 Vencido o prazo de inscrição sem que tenha sido finalizado o 
processo de adoção, o sistema alertará o juízo da habilitação, que 
poderá notificar o pretendente para providenciar, caso tenha 
interesse, a renovação do seu pedido. 
 1.5 Ultrapassados os 5 (cinco) anos, o cadastro do pretendente poderá 
ser mantido caso seja realizada uma reavaliação, com obrigatória 
atualização dos dados. 
 1.6 A decisão sobre a reavaliação e a sua forma de realização são de 
competência do juiz responsável pelo processo. 
 1.7 O magistrado tem liberdade para suspender os pretendentes por 
ele habilitados quando o prazo da habilitação ultrapassar o estipulado 
em seu Estado,caso entenda ser essa a melhor forma de proceder. 
Para isso, deve alterar a situação do pretendente para “inativo por 
determinação judicial(cnj.jus.br,cadastro nacional de adoção,p10,11 ) 
 
 
O processo de adoção não deve ser somente composto por uma parte 
burocrática, deve haver um espaço no qual adotantes se prepararem 
psicologicamente, procurando minimizar e até mesmo conseguir contornar 
situações difíceis conforme será explicitado em outro tópico. 
O Princípio da Afetividade é um dos principais princípios basilares do 
direito de família. Com ele, o conceito de família vem sendo modificado e 
tratado no nosso ordenamento jurídico, como a aceitação de novas entidades 
familiares, não se baseando apenas nos laços biológicos ou genéticos, 
aparecendo o afeto como o pilar principal para essa nova forma de família que 
pode ser monoparental, socioafetiva e também reconstituída. Rodrigo da 
Cunha Pereira destaca: 
 
de fato, uma família não deve estar sustentada em razões de 
dependência econômica mútua, mas, exclusivamente, por se 
constituir um núcleo afetivo, que se justifica, principalmente, pela 
19 
 
solidariedade mútua. (...) o que se conclui é ser o afeto um elemento 
essencial de todo e qualquer núcleo familiar, inerente a todo e 
qualquer relacionamento conjugal ou parental. 
 
O juiz deve proferir uma decisão que seja melhor para a criança ou 
para o adolescente, buscando a existência de vínculos afetivos e de afinidade 
entre o adotante e o adotando. O parágrafo 13°, do artigo 50, do Estatuto da 
Criança e do Adolescente prevê três hipóteses onde o Cadastro Nacional de 
Adoção pode ser dispensado, são elas: 
- na adoção unilateral, quando um dos cônjuges adota o filho do 
companheiro; 
- de o pedido ser formulado por parente com quem a criança já possua 
vínculos de afinidade ou de afetividade; 
- quando esse pedido for formulado pelo tutor legal ou guardião de 
criança maior de três anos e que estejam comprovados os vínculos afetivos e 
de afinidade. 
O civilista Paulo Lobo ensina: 
O princípio jurídico da afetividade faz despontar a igualdade entre 
irmãos biológicos e adotivos e o respeito a seus direitos 
fundamentais, além do forte sentimento de solidariedade recíproca, 
que não pode ser perturbada pelo prevalecimento de interesses 
patrimoniais. (...) A evolução da família expressa a passagem do fato 
natural da consanguinidade para o fato cultural da afinidade).(2012, 
p.66) 
 
 
Entretanto, o juiz pode considerar o vínculo afetivo como definidor na 
escolha dos futuros pais. O posicionamento do adotante no Cadastro Nacional 
de Adoção não deve ser considerado fator definitivo ou prioritário para que seja 
concretizada a adoção. 
 
 
20 
 
3.2. A função social da adoção 
Não se deve pensar na adoção como uma “tábua de salvação” para 
seus problemas. Se a pessoa tem medo da solidão, seus filhos já estão 
grandes e precisa de companhia, seu casamento está com problemas, precisa 
de alguém para dar continuidade aos negócios da família ou então perpetuar 
nome da família então será necessário repensar sua atitude, adoção é entrega, 
é sentimento, é um caminho que não tem volta. 
Devidamente regulamentada no Estatuto da Criança e do Adolescente, 
a adoção possui caráter social, buscando proteger e garantir ao menor os 
direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, referentes à dignidade 
da pessoa humana como alimentação, saúde, educação, cultura, respeito, 
dignidade e convivência familiar. 
Não basta dar a essa criança bens materiais, o que configuraria 
assistencialismo, mas acreditar que esse filho do coração tem os mesmos 
direitos de um filho biológico. O ato de adotar não significa somente uma “boa 
ação”, trata-se também de dar a oportunidade de constituir um lar para o 
adotado, proporcionando à criança uma melhor infância, com muito carinho, 
assistência e amor necessários para que ela tenha um bom desenvolvimento 
tanto no sentido afetivo quanto moral. 
 
 
3.3. Efeitos jurídicos da adoção 
Os efeitos da adoção podem ser de ordem pessoal ou patrimonial. Eles 
começam a surtir efeitos depois da sentença constitutiva ter transitado em 
julgado, constituindo uma nova família para o adotado. 
21 
 
3.3.1. Efeitos pessoais 
O ato de adotar pode ser considerado o mais importante instrumento 
de inserir a criança em um novo lar, rompendo de forma definitiva vínculos 
existentes entre os pais biológicos e o restante dos familiares. Nesse sentido, 
Arnaldo Rizzardo destaca que: 
Com a sentença, ocorrem a constituição da filiação adotiva e o fim da 
filiação natural. O adotado passa a integrar a família do adotante, 
desvinculando-se da família de sangue, exceto quanto aos 
impedimentos matrimoniais. Ingressa definitivamente na família 
adotiva, sem que seja restabelecido vínculo com os pais naturais no 
caso de falecimento dos adotantes.”(2008,p.589) 
 
A criança passa a ter os mesmos direitos e deveres de um filho natural, 
e conforme previsto no parágrafo 6º do artigo 227 da Constituição Federal: 
Os filhos havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, 
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 
designações discriminatórias relativas à filiação. 
 
Assim como filhos naturais, o adotado tem alguns impedimentos 
matrimoniais que estão previstos no artigo 1521 do Código Civil de 2002: 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural 
ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com 
quem o foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o 
terceiro grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou 
tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
 
 
A perda do pátrio poder dos pais biológicos é outro efeito pessoal. 
Conforme o elencado no artigo 1635, inciso IV do Código Civil,- em razão da 
ruptura dos laços familiares naturais, ocorre uma transferência natural aos 
adotantes de forma natural e irreversível. Os pais naturais perdem o direito 
sucessório em relação ao menor adotado. Rizzardo comenta sobre o assunto: 
22 
 
É decorrência normal da adoção esta transferência, pois não se 
justifica o exercício conjunto entre os pais de sangue e o pai adotivo, 
ou a mãe adotiva, ou a continuação com aqueles, quando o filho 
passou a conviver com o último ou a última.(2008,p.554) 
 
 
 
3.3.2. Efeitos patrimoniais 
 
No âmbito patrimonial, os efeitos são o do direito à sucessão e a 
obrigação alimentar. Em relação à sucessão, o adotado passa ser herdeiro 
legítimo, tendo os mesmos direitos a herança como o cônjuge e os demais 
filhos conforme o disposto no artigo 41 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, no artigo 1829, inciso I do Código Civil e no artigo 227 da 
Constituição Federal. 
A obrigação alimentar é repassada aos pais adotivos a partir do 
momento em que deixa de existir uma relação de parentesco com os pais 
biológicos. O adotado tem os mesmos direitos como qualquer filho natural ao 
sobrenome, ao direito à sucessão, aos alimentos. Nascendo a partir desse 
direito, o dever recíproco de prestação de alimentos conforme o elencado no 
artigo 1696 do Código Civil. De acordo com Liberatti vemos que: 
Não há, portanto, qualquer restrição de ordem legal quanto à 
natureza da filiação. Em resumo, o filho é filho, não importando se foi 
concebido ou não,ou se é fruto da adoção, etc. Assim, não serão 
permitidas pela lei brasileira as expressões filhos legítimos e 
ilegítimos, filhos naturais, filhos adulterinos,filhosincestuosos, filhos 
adotivos. A filiação, agora, é sempre legítima e uma só. ( 1995, p. 67) 
 
 
23 
 
4. ESPÉCIES DE ADOÇÃO 
A adoção é um laço jurídico que substitui o laço consanguíneo de 
filiação. O afeto é mais forte e duradouro do que a juridicidade atribuída á 
relações advindas de uma sentença constitutiva. 
 
4.1. Adoção internacional 
 Sílvio de Salvo Venosa cita em sua obra que: 
A adoção é objeto de regras internacionais. O Brasil é signatário da 
Convenção sobre Cooperação Internacional e Proteção de Crianças e 
Adolescentes em Matéria de Adoção Internacional, concluída em 
Haia, em 29-5-93. Essa convenção foi ratificada pelo Brasil por meio 
do Decreto Legislativo nº 3.087/99. Essa norma internacional tem 
disposições que devem ainda ser adaptadas à legislação interna, 
como por exemplo, a designação “autoridade central” no país , 
encarregada de dar cumprimento às obrigações impostas pela 
convenção, algo que ainda não está suficientemente claro. (2008, 
p.284). 
 
É a espécie de adoção feita por pessoas, inclusive brasileiros, 
residentes em outros países de crianças brasileiras com base no previsto no 
artigo 51 do Estatuto da Criança e do Adolescente que diz que a adoção deve 
ser preferencialmente dada a brasileiros e que a adoção feita por estrangeiros 
é de caráter excepcional, pois ocorre quando não há uma família brasileira 
interessada na adoção daquela criança. Isso geralmente ocorre com crianças 
maiores e na existência de irmãos. É também conhecida por adoção entre 
países, adoção por estrangeiros ou adoção transnacional. 
É uma medida especial de ordem pública que possibilita ao menor viver 
em um novo lar, em outro país com as mesmas garantias que ele teria vivendo 
no Brasil. 
 
24 
 
4.1.1. Requisitos para que ocorra a adoção internacional 
A Lei 8069/90 cita alguns requisitos que deverão ser observados para a 
efetivação da adoção para estrangeiros não domiciliados no Brasil e também 
brasileiros domiciliados no exterior. 
Para o adotante: 
- capacidade genérica conforme a lei de seu país de origem; 
- capacidade específica que será definida pela lei brasileira; 
- Ter um mínimo de 16 anos de diferença entre a idade do adotante e 
do adotado; 
- Habilitação para adoção expedida por autoridade e em conformidade 
com as leis do país de origem. 
Já Convenção de Haia prioriza que a adoção internacional seja 
realizada respeitando os direitos fundamentais internacionais, e que seja de 
interesse do menor. Entre eles, os principais para que a adoção só ocorra 
quando: 
- As possibilidades de uma adoção nacional estiverem esgotadas; 
- Orientação das instituições e autoridades para que a criança seja 
informada do rompimento dos vínculos com sua família de origem e que sua 
vontade seja levada em conta; 
- Que se tenha o livre consentimento de forma legal e por escrito da 
mãe do menor; 
- Que a entrada e residência do menor no país dos futuros pais tenha 
sido autorizada. 
25 
 
Em seu parágrafo segundo o artigo 46 da Lei 8069/90 diz que estágio 
de convivência será de no mínimo 15 dias para menores de dois anos e trinta 
dias para crianças maiores dessa idade. 
Para que seja deferida a adoção, o juiz deverá dar uma sentença 
declaratória e constitutiva, declarando o extinto o poder familiar dos pais 
biológicos e constituindo um novo vínculo familiar entre o adotado e o 
adotante. A saída do país do menor só será autorizada após transitada em 
julgado a sentença. 
Existem alguns conflitos entre a Lei 8069/90 e a Convenção de Haia: 
- A Convenção admite que o trâmite da adoção seja realizado no país 
de acolhida do menor, mas conforme nossas leis, ela deve ser processada no 
Brasil visto que ele é o país de domicílio do menor e são suas leis que devem 
ser seguidas; 
- O Estatuto da Criança e do Adolescente só permite a saída da criança 
do país depois do trânsito em julgado da sentença, já a Convenção de Haia 
possibilita que a criança vá antes que seja promulgada a sentença; 
- De acordo com nosso ordenamento, a criança extingue o vínculo 
familiar com seus pais biológicos e a Convenção permite que esse vínculo 
permaneça; 
- A Lei 8069/90 diz que só será necessário consentimento dos 
adotados maiores de doze anos para que ocorra a doção, diferente da previsão 
da Convenção que elenca que deve ser levado em conta a idade e maturidade 
da criança para que ele possa dar seu consentimento; 
- O ordenamento brasileiro preceitua a obrigatoriedade do estágio de 
convivência e a Convenção diz não haver necessidade de ser obrigatório; 
26 
 
- A Convenção diz ser de suma importância a presença de uma equipe 
para dar cumprimento a todos os requisitos solicitados para a ocorrência da 
adoção, já o artigo 52 do Estatuto da Criança e do Adolescente diz que é 
facultativo se estabelecer uma Comissão Estadual Judiciária de Adoção. 
Deve-se considerar que o interesse do menor deve sempre estar acima 
de qualquer ordenamento jurídico, proporcionando a ele uma vida familiar e um 
futuro melhor não importando em qual país desde que seja tratado com amor, 
carinho e que sejam respeitados seus direitos. 
 
4.2. Adoção “à brasileira” 
A Adoção à Brasileira possui os mesmos fins da adoção tradicional, 
porém, o que as difere são os métodos utilizados para sua ocorrência. 
Enquanto que a adoção tradicional exige procedimentos solenes, a adoção à 
brasileira usa meios considerados ilícitos para sua realização. 
 Sobre o assunto Gonçalves ressalta: 
 
Essa situação pouco satisfatória, pela qual os adotantes se viam 
frequentemente na contingência de partilharem o filho adotivo com a 
família biológica, deu origem à prática ilegal de casais registrarem 
filho alheio como próprio, realizando um simulacro de adoção, 
denominada pela jurisprudência “adoção simulada” ou “adoção à 
brasileira”. (2012, p. 380). 
 
A Adoção à Brasileira vem sendo muito discutida não só pela sua 
autenticidade, mas também pelos métodos utilizados pelos juízes e operadores 
de direito para justificar sua aceitação. Esse tipo de adoção pode ser 
considerada um crime de falsidade ideológica, conforme o que está previsto no 
artigo 242 do Código Penal que diz “dar parto alheio como próprio, registrar 
como seu filho de outrem, ocultar recém nascido ou substituí-lo, suprimindo ou 
27 
 
alterando direito inerente ao estado civil.” Essa falsa declaração de paternidade 
é passível de pena de reclusão. 
O parágrafo único desse artigo cita que se essa adoção ocorrer por 
uma causa nobre, o juiz pode até deixar de aplicar a pena. Isso vem ocorrendo 
numa tentativa de equiparar as leis com as mudanças ocorridas na sociedade. 
O Código Civil de 2002 e a Lei 8069/90 (Estatuto da Criança e do 
Adolescente) trouxeram mudanças que visam proteger os interesses e as 
necessidades das crianças, sobrepondo-se ao interesse dos pais em possuir 
descendentes conforme elencado no Código Civil de 1916. 
A Lei 12.010/90 (Nova Lei de Adoção) alterou alguns dispositivos do 
Estatuto da Criança e do Adolescente, mais especificamente nos artigos que 
tratam do direito a convivência familiar e comunitária, regulamentação do 
acolhimento institucional, das modalidades de colocação em família substituta, 
sobretudo a adoção. 
No artigo 8º, parágrafos 4º e 5º Estatuto da Criança e do Adolescente 
vemos determinação expressa para que as mães que manifestem interesse em 
entregar seus filhos para a adoção tenham assistência psicológica para evitar 
que elas deixem essas crianças em locais inadequados, colocando em risco a 
própria vida e a dos recém-nascidos. 
O artigo 13 desse mesmo ordenamento, visando diminuir o abandonoou entrega irregular das crianças, obriga a genitora que manifeste interesse em 
entregar seu filho para adoção o encaminhe ao Juizado da Infância e 
Juventude, onde existe um cadastro regional de adoção que contém os nomes 
das pessoas interessadas em adotar uma criança ou adolescente que também 
estão inscritos nesse rol. 
28 
 
As adoções irregulares são demonstrações de conflito entre a teoria 
jurídica e a prática social. As mudanças no mundo do direito devem ser 
constantes, buscando atingir a proteção integral e assegurar na prática os 
direitos peculiares e intrínsecos das crianças e dos adolescentes. Essa 
proteção integral não pode ficar restrita à letra da lei, ela deve estar presente 
nas ações do Poder Público, bem como internalizada pela cultura nacional para 
que cada criança e cada adolescente sejam protegidos integralmente e 
respeitados como sujeito de direito. 
 
4.3. Adoção de nascituros 
 
A Adoção de Nascituros pode ser possível, pois este é um sujeito de 
direito como qualquer outro ser humano já nascido. Os argumentos sustentam 
que a dignidade da pessoa humana deve atingir os nascituros, pois eles tem o 
direito de serem adotados e terem uma vida digna desde a fecundação. 
O artigo 2º do Código Civil diz que o nascituro é um ser humano, já 
concebido e que vive no ventre materno. È importante frisar que desde a 
gravidez, na vida uterina, a criança deve ser zelada, garantida e protegida pelo 
sistema. Já em seu artigo 4º, o mesmo Codex elenca que o nascituro não pode 
ser reputado pessoa, pois a personalidade civil do homem começa com o 
nascimento com vida. 
Maria Helena Diniz ao interpretar o artigo 2º do Código Civil diz: 
[…] poder-se-ia até mesmo afirmar, que na vida intra-uterina, tem o 
nascituro, e, na vida extra-uterina, tem o embrião personalidade 
jurídica formal, no que atina aos direitos da personalidade, visto ter a 
pessoa carga genética diferenciada desde a concepção, seja ela in 
vivo ou in vitro, passando a ter personalidade jurídica material, 
alcançado os direitos patrimoniais e obrigacionais, que permaneciam 
em estado potencial, somente com o nascimento com vida. O 
29 
 
nascimento com vida diz respeito à capacidade de exercício de 
alguns direitos patrimoniais. (http://jus.com.br/artigos/21972/) 
 
A mulher pode demonstrar vontade de dar seu filho para adoção, mas 
também, em qualquer tempo durante sua gestação e após o parto desistir de 
abrir mão de seu direito à maternidade. 
Eunice Ferreira Rodrigues Granato diz: “não sendo o nascituro 
pessoa, não se vê como possa ser adotado, já que a adoção é ato jurídico que 
se realiza entre pessoas, conforme conceitos já adredemente 
expostos.”(2009,p.137). 
Diante a legislação brasileira está descartada a possibilidade de 
adoção de um nascituro tanto em relação à capacidade civil quanto a sua 
personalidade jurídica pois nascituros são a prole vindoura, seu nascimento 
depende de um fato ainda futuro e incerto. 
 
4.4. Adoção de embriões 
 
Quando ocorre a fertilização in vitro, vários embriões são criados e 
muitos deles não são aproveitados na inseminação artificial. Esses embriões 
excedentes são congelados, conforme a Lei 11.105/05 podem ser ofertados 
por seus genitores para pesquisas e terapias com células tronco. Com essa 
permissão dada aos genitores desses embriões e que não possuem mais 
interesse em futuros filhos foi dada a oportunidade de se adotar esses fetos por 
pessoas interessadas em gerarem filhos e não possuem essa oportunidade. 
Maria Helena Diniz opina sobre o assunto: 
A manipulação em laboratório dos componentes genéticos da 
fecundação é um tema delicadíssimo e de grande atualidade pela 
implicação de valores. As novas técnicas conceptivas solucionam de 
30 
 
um lado, a questão de esterilidade do casal, que terá seu filho, com a 
interferência de ambos os consortes ou de um só deles, ou ainda de 
nenhum deles; mas, por outro lado, causam graves problemas 
jurídicos, sociais, psicológicos, bioéticos e médicos, sendo necessário 
não só impor restrições legais às clínicas que se ocupam da 
fertilização humana, controlando juridicamente, a Embriologia e a 
Engenharia Genética, como também estabelecer normas sobre a 
responsabilidade civil por dano moral e patrimonial ao embrião e 
nascituro. 
 
A resolução atual (n.º 2.013/2013) autoriza clínicas de fertilização a se 
desfazerem de embriões congelados há mais de cinco anos, desde que haja 
consentimento dos genitores. 
 
4.5. Adoção por homossexual 
Esse é outro tema que gera muita polêmica em nosso país. O 
ordenamento jurídico brasileiro ainda não possui leis específicas em relação à 
possibilidade de adoção por homossexuais, sendo algumas vezes favorável e 
em outras totalmente contrário. 
Eunice Ferreira Rodrigues Granato se posiciona quanto ao tema: 
Pensamos que, sendo o espírito da lei imitar a filiação biológica, 
proporcionando à criança e ao adolescente convivência familiar 
harmoniosa, devemos questionar se esse desiderato será atingido 
com uma pessoa que tenha vivência homossexual. Será 
indispensável cuidadoso estudo psicossocial da equipe técnica da 
Vara da Infância de cada comarca, para se verificar a possibilidade 
de se colocar a criança em um lar em que o adotante declare ser 
homossexual. 
 
Os doutrinadores favoráveis à adoção por homossexuais dizem que o 
juiz deverá ser imparcial, e assim como no caso de adoções por solteiros, 
casados ou viúvos, o grupo de apoio deverá apurar a conduta social desse 
pretendente em seu trabalho, na escola, na meio social onde vive. O fato da 
31 
 
pessoa ser homossexual nunca poderá impedir uma adoção, mas sim seus 
atos e atitudes. 
O Desembargador Fernando Wolff Bodziak, do Tribunal de Justiça do 
Paraná, Relator da Apelação Cível N° 582499-9 se mostrou favorável na 
adoção por homossexuais conforme decisão abaixo transcrita: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. HABILITAÇÃO PARA ADOÇÃO. CASAL 
HOMOAFETIVO. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA 
AFASTADA. POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DE UNIÕES 
HOMOAFETIVAS COMO ENTIDADES FAMILIARES. AUSÊNCIA DE 
VEDAÇÃO LEGAL. ATRIBUIÇÃO POR ANALOGIA DE 
NORMATIVIDADE SEMELHANTE À UNIÃO ESTÁVEL PREVISTA 
NA CF/88 E NO CC/02. HABILITAÇÃO EM CONJUNTO DE CASAL 
HOMOAFETIVO. POSSIBILIDADE, DESDE QUE ATENDIDOS AOS 
DEMAIS REQUISITOS PREVISTOS EM LEI. IMPOSSIBILIDADE DE 
LIMITAÇÃO DE IDADE E SEXO DO ADOTANDO. AUSÊNCIA DE 
PREVISÃO LEGAL. NÃO-DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. 
MELHOR INTERESSE DO ADOTANDO QUE DEVE SER 
ANALISADO DURANTE O ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA NO 
PROCESSO DE ADOÇÃO, E NÃO NA HABILITAÇÃO DOS 
PRETENDENTES. APELAÇÃO PROVIDA. RECURSO ADESIVO 
PREJUDICADO. 
 
 
O respaldo para permitir que homossexuais adotem uma criança ou 
adolescente encontra-se no artigo 42 do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
que elenca que qualquer pessoa maior de vinte e um anos tem possibilidade de 
adotar, não importando o seu estado civil. 
Os que são contrários da adoção por homossexuais defendem que o 
menor durante a convivência com um casal do mesmo sexo poderá ter 
problemas de ordem psíquica e moral, além disso, poder vir a influir em sua 
opção sexual futuramente. Dizem que a criança poderá passar por vários 
problemas em razão do preconceito existente na sociedade brasileira. 
Resumindo, dizem que esse lar não seria digno e adequado para se criar uma 
criança. 
32 
 
Nesse sentido, o parágrafo 3º do artigo 227 da Constituição Federal 
dispõe: 
Artigo 227 – A família, base na sociedade, tem especial proteção do 
Estado. 
§3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união 
estável entre o homem e a mulher, como entidade familiar, devendo a 
lei facilitar sua conversão em casamento.Por ser uma questão de extrema complexidade, a doutrina e a 
jurisprudência vem procurando dar pareceres de forma que a adoção tenha o 
papel de laços biológicos familiares. O artigo 226 e seguintes da Constituição 
Federal, seguindo o que preceitua o princípio da dignidade humana, tornou 
possível juridicamente o reconhecimento de outras formas de família além da 
tradicional composta por homem e mulher. 
A Desembargadora Maria Berenice Dias proferiu o seguinte voto: 
A homossexualidade é um fato social que se perpetua através dos 
séculos, não mais podendo o Judiciário se olvidar de emprestar a 
tutela jurisdicional a uniões que, enlaçadas pelo afeto, assumem 
feição de família. A união pelo amor é que caracteriza a entidade 
familiar e não apenas a diversidade de sexos. É o afeto a mais pura 
exteriorização do ser e do viver, de forma que a marginalização das 
relações homoafetivas constitui afronta aos direitos humanos por ser 
forma de privação do direito à vida, violando os princípios da 
dignidade da pessoa humana e da igualdade. (AP. cível 
nº70012836755) 
 
A sociedade mudou em vários sentidos e muitas pessoas continuam 
estagnadas em relação à homossexualidade. Os nossos legisladores não 
previram esta mudança quando da elaboração da última Constituição – apesar 
de naquele ano a homossexualidade já estar bem inserida na sociedade - e 
perdeu outra grande oportunidade a partir da promulgação da nova lei de 
adoção, a Lei12010/09. 
33 
 
Conforme reportagem da Revista Super Interessante, um grande medo 
é que as crianças adotadas por casais homoafetivos demonstrem problemas 
psicológicos por causa do preconceito existente na sociedade e incutido nas 
outras crianças por seus familiares. 
O Ministro Carlos Ayres Brito reconheceu a união estável de pessoas 
do mesmo sexo no dia 05 de maio de 2011, em sessão do Supremo Tribunal 
Federal, fundamentando que “Todos os direitos dos heterossexuais valem para 
os homossexuais. Equiparação completa.” 
Hoje em dia vemos pais e mães demonstrando estarem orgulhosos de 
seu filho, não por sua opção sexual, mas sim pela pessoa que ele é. Eles 
convivem harmoniosamente com sua família podendo dar a essa criança avós, 
tios, primos , enfim, uma convivência plena em um lar repleto de amor. 
Se todos são iguais perante a lei, porque não deixar um casal 
homoafetivo dar um lar para uma criança? Aos menores não importa se tem 
dois pais ou duas mães, eles precisam é de um lar com amor, carinho e 
respeito. 
 
4.6. Adoção póstuma 
A Adoção Póstuma ocorre quando o adotante falece no curso da 
adoção. Essa modalidade de adoção será concretizada caso o pretendente à 
adoção tenha manifestado vontade de adotar e antes de ser prolatada a 
sentença ele venha a falecer. 
Se o processo estava em curso quando o infortúnio ocorreu, baseando-
se na previsão do artigo 42, parágrafo 6º, do Estatuto da Criança e do 
34 
 
Adolescente, a adoção poderá ser deferida. Nesse caso, os efeitos retroagirão 
(efeito ex tunc) à data do óbito, sendo pressupostos para o reconhecimento 
jurídico da situação: a continuidade, a publicidade e a sócio afetividade. 
Ao se deparar com um pedido de reconhecimento póstumo de uma 
adoção de fato, deve o julgador levar em conta os fins sociais a que se destina 
a lei e lembrar sempre que os interesses do adotado devem prevalecer, 
visando seu bem estar. 
A Ministra Nancy Andrighi destaca em seu acórdão abaixo transcrito a 
importância de prevalecer o princípio do melhor interesse da criança: 
Para as adoções post mortem, vigem, como comprovação da 
inequívoca vontade do de cujus em adotar, as mesmas regras que 
comprovam a filiação socioafetiva, quais sejam, o tratamento do 
menor como se filho fosse e o conhecimento público dessa condição. 
Ademais, o § 6º do art. 42 do ECA (incluído pela Lei n. 12.010/2009) 
abriga a possibilidade de adoção póstuma na hipótese de óbito do 
adotante no curso do respectivo procedimento, com a constatação de 
que ele manifestou, em vida, de forma inequívoca, seu desejo de 
adotar. In casu, segundo as instâncias ordinárias, verificou-se a 
ocorrência de inequívoca manifestação de vontade de adotar, por 
força de laço socioafetivo preexistente entre adotante e adotando, 
construído desde quando o infante (portador de necessidade 
especial) tinha quatro anos de idade. Consignou-se, ademais, que, na 
chamada família anaparental – sem a presença de um ascendente –, 
quando constatados os vínculos subjetivos que remetem à família, 
merece o reconhecimento e igual status daqueles grupos familiares 
descritos no art. 42, § 2º, do ECA. Esses elementos subjetivos são 
extraídos da existência de laços afetivos – de quaisquer gêneros –, 
da congruência de interesses, do compartilhamento de idéias e 
ideais, da solidariedade psicológica, social e financeira e de outros 
fatores que, somados, demonstram o animus de viver como família e 
dão condições para se associar ao grupo assim construído a 
estabilidade reclamada pelo texto da lei. Dessa forma, os fins 
colimados pela norma são a existência de núcleo familiar estável e a 
consequente rede de proteção social que pode gerar para o 
adotando. Nesse tocante, o que informa e define um núcleo familiar 
estável são os elementos subjetivos, que podem ou não existir, 
independentemente do estado civil das partes. Sob esse prisma, 
ressaltou-se que o conceito de núcleo familiar estável não pode ficar 
restrito às fórmulas clássicas de família, mas pode, e deve, ser 
ampliado para abarcar a noção plena apreendida nas suas bases 
sociológicas. Na espécie, embora os adotantes fossem dois irmãos 
de sexos opostos, o fim expressamente assentado pelo texto legal – 
colocação do adotando em família estável – foi plenamente cumprido, 
pois os irmãos, que viveram sob o mesmo teto até o óbito de um 
deles, agiam como família que eram, tanto entre si como para o 
infante, e naquele grupo familiar o adotando se deparou com relações 
de afeto, construiu – nos limites de suas possibilidades – seus valores 
sociais, teve amparo nas horas de necessidade físicas e emocionais, 
35 
 
encontrando naqueles que o adotaram a referência necessária para 
crescer, desenvolver-se e inserir-se no grupo social de que hoje faz 
parte. Destarte enfatizou-se que, se a lei tem como linha motivadora o 
princípio do melhor interesse do adotando, nada mais justo que a sua 
interpretação também se revista desse viés. REsp 1.217.415-RS, Rel. 
Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/6/2012. 
 
Para a Ministra Nancy Andrighi, adoção póstuma pode ser análoga a 
uma adoção socioafetiva já existente, pois o de cujus mostrou interesse na 
adoção quando ainda estava vivo. Segundo ela, o texto legal deve ser 
compreendido como uma ruptura no conceito de que a adoção deve-se dar em 
vida. 
O artigo 42 em seu parágrafo 5º do Estatuto da Criança e do 
Adolescente diz que poderá ocorrer a adoção póstuma desde que o adotante 
tenha demonstrado a vontade de adotar e tiver dado entrada ao processo antes 
de falecer, pois o vínculo existente entre adotante e adotado não se dilui com a 
morte, a vontade de ambos continua e torna-se real com a adoção póstuma. 
 
36 
 
5. ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA E PERÍODO DE ADAPTAÇÃO 
O período de adaptação é uma fase de experiência onde se 
proporciona que a criança e os pretendentes a pais se conheçam melhor do 
que nas visitas feitas ao menor nos abrigos e em passeios de finais de 
semana. É o momento onde os futuros pais aprendem mais sobre a criança 
que querem adotar, se informam sobre sua personalidade, seus hábitos 
alimentares, sua saúde, seus desejos e anseios, assim como a criança procura 
se adaptar ao novo ambiente e conhecendo melhor as pessoas com quem irá 
conviver, buscando construir vínculosfamiliares. 
Em seu livro Aspectos Psicológicos da Adoção, a psicóloga Lidia 
Natália Dobriankyj Weber fala dos mitos e realidades existentes sobre a 
adaptação dos filhos adotivos: 
Os pais adotivos mostram-se muito exigentes e pressionados 
socialmente pela sua função “adotiva” e tendem a encaminhar seus 
filhos a profissionais especializados com maior frequência do que 
pais não adotivos. Pais adotivos, assim como profissionais da saúde 
mental e da educação estão, juntamente com o restante da 
população, sob a influência dos preconceitos que ainda existem na 
questão da adoção e percebem-na como um fator de risco natural. 
(2001,p.50) 
 
Nesse período de adaptação inicial, o juiz concede um termo de guarda 
e responsabilidade provisória aos pretendentes, determinando 
acompanhamento psicossocial para serem informados das dificuldades 
existentes nessa etapa da adoção. 
Ana Clara do Amaral em seu artigo sobre adoção diz: 
A adoção busca encontrar uma família adequada a uma determinada 
criança, e não dar uma criança para aqueles que querem adotar, e 
deve ser precedida de estágio de convivência com a criança ou com 
o adolescente pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas 
as peculiaridades do caso (artigo 46 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente).(2012) 
37 
 
Dispõe o artigo 46, do Estatuto da Criança e do Adolescente, in verbis 
que: “A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou 
adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as 
peculiaridades do caso.” 
Segundo Eunice Ferreira Rodrigues Granato: 
Esse estágio é um período experimental em que adotando convive 
com os adotantes, com a finalidade precípua de se avaliar a 
adaptação daquele que a família substituta, bem como a 
compatibilidade desta, com a adoção. É de grande importância esse 
tempo de experiência, porque, constituindo um período de adaptação 
do adotando e adotantes à nova forma de vida, afasta adoções 
precipitadas que geram situações irreversíveis e de sofrimento para 
todos os envolvidos. (2009, p.81) 
 
A finalidade do estágio de convivência, após o período de adaptação, é 
dar ao menor a possibilidade de adaptação dele ao novo lar, à nova família e 
deixar claro ao adotante as obrigações e responsabilidades, informando-o dos 
efeitos que o ato de adotar vai gerar em sua “nova” vida. 
Isso tudo deve ocorrer para que não ocorram adoções sentimentais ou 
impensadas, diminuindo a possibilidade de inserir o menor em uma família 
 
5.1. Histórico do estágio de convivência na legislação 
Foi a partir da Lei 4655/65, que dispõe sobre a legitimidade adotiva, 
que o estágio de convivência começou a ter previsão legal no Brasil. Em seu 
artigo 1º, parágrafo 2º, estava elencado que só poderia ser deferida a 
legitimação da adoção após um período mínimo de três anos de guarda do 
adotando pelo requerente. 
Já a Lei 6697/79 não definiu um prazo para o estágio de convivência 
na adoção simples, deixando para a autoridade judiciária fixá-lo de acordo com 
38 
 
a idade do adotando e outras características que achasse necessário, podendo 
até dispensar o cumprimento caso o menor tivesse menos de um ano de idade 
conforme previsão do artigo 28, parágrafos 1º e 2º, da mesma lei. 
No que diz respeito à adoção plena, a mencionada Lei previa em seu 
artigo 31 que somente seria deferida após um período mínimo de um ano de 
estágio de convivência do menor com os adotantes, desde que esse período 
de guarda houvesse sido iniciado antes da criança completar sete anos e o 
estágio tivesse aprovação. 
Em seu artigo 33 a Lei autorizava a adoção por viúvo, desde que 
comprovado que o estágio de convivência havia iniciado três anos antes de o 
outro cônjuge falecer. O artigo 34 dispunha que os cônjuges separados 
poderiam requerer a adoção plena, desde que o estágio de convivência 
houvesse ocorrido durante enquanto estivessem casados e entrassem em 
acordo sobre a guarda do menor após a separação judicial. 
O parágrafo 1º, do artigo 46, da Lei 8069/90, autorizava a dispensa do 
estágio de convivência se a criança tivesse menos de um ano de idade, ou de 
qualquer idade caso estivesse em companhia do adotante e fosse possível 
avaliar e comprovar a existência de vínculo entre eles. 
O Juiz de Direito Renato Rodovalho Scussel mostrou-se favorável à 
dispensa do estágio de convivência na decisão que vemos a seguir: 
Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal 
EXPEDIENTE DO DIA 16 DE ABRIL DE 2013 
Juiz de Direito: Renato Rodovalho Scussel 
Nº 641-5/13 - Adoção - A: A.A.C.e.o.. Adv (s).: DF017522 - 
FREDERICO DO VALLE ABREU. R: M.D.P.F.L.. Adv (s).: SEM 
INFORMACAO DE ADVOGADO. A: A.N.F.. Adv (s).: (.). PARTE 
OBJETO (CRIANÇA): J.E.F.L.. Adv (s).: (.). DECISAO Admito a 
emenda à inicial apresentada às folhas 67/91. Cuida-
se de ação de adoção ajuizada por A.A.C. e A.N.P., em favor da 
criança J.E.F.L., nascido ao 1º de abril de 2010, filho de M.D.P.F.L.. 
Os requerentes informam na inicial que detêm a guarda do infante 
desde o seu nascimento, em razão de a criança lhes ter sido 
39 
 
entregue pela própria genitora, que decidiu lhes confiar os 
cuidados do filho. Afirmaram ainda que a guarda da criança foi 
regularizada judicialmente, obtida por sentença no processo n. 
69024-8/10, que tramitou perante a 3ª Vara de Família de Brasília. 
Requereram, dentre outros pedidos, a 
dispensa do estágio de convivência e de novo estudo psicossocial, 
alegando para tanto que já foi realizada intervenção psicossocial nos 
autos de Guarda que tramitaram perante a Vara de Família. A petição 
inicial de fls. 2/16, emendada às folhas 67/68, veio acompanhada dos 
documentos de fls. 17/46 e 69/91. Presentes os requisitos legais. Os 
requerentes já possuem a guarda judicial da criança. Recebo o 
pedido. Designe-se data para realização de audiência de oitiva da 
genitora, a fim de que ratifique a anuência ao pedido, conforme 
preceitua o artigo 166, § 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Antes da realização da audiência a genitora deverá ser orientada e 
esclarecida pela Equipe Interprofissional/SEFAM, nos 
termos do artigo 166, § 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Intime-se a genitora por oficial de justiça. Com relação ao pedido de 
dispensa do estágio de convivência, tenho como possível, eis que os 
requerentes já exercem os cuidados da criança desde o seu 
nascimento, possuindo a guarda provisória desde dezembro de2010 
e a guarda definitiva desde junho de 2011 (fls. 30/38). Portanto, é 
plausível se presumir a existência de vínculos de afetividade e 
convivência suficientes para a dispensa do estágio de convivência, 
enquadrando-se os postulantes na exceção prevista no artigo 46, § 
1º do ECA. Todavia, no que se refere à dispensa o do estudo 
psicossocial, não gozam os requerentes da mesma sorte. Isso porque 
o estudo psicossocial realizado nos presentes autos se presta a 
avaliar a conveniência do deferimento do pedido de adoção, 
averiguando-se a situação atual da criança e eventual 
presença/consolidação dos laços de filiação e parentalidade, 
mostrando-se, portanto, obrigatório, à luz do disposto no artigo 
167 do supracitado Diploma Legal. Dessa forma, dispenso a 
realização do estágio de convivência e determino, após a realização 
da audiência de oitiva da genitora, a realização de estudo 
psicossocial pela SEFAM. Intimem-se os autores. Dê-se ciência. 
Brasília -DF, segunda-feira, 08/04/2013 às 16h39. RENATO 
RODOVALHO SCUSSEL Juiz de Direito CERTIDAO - Certifico e dou 
fé que foi designado o dia 09/05/2013 às 13h50 para realização 
de audiência, conforme decisão de folha . Brasília - DF, sexta-feira, 
12/04/2013 às 17h36.. (Pg. 438. Diário de Justiça do Distrito Federal 
DJDF de 17/04/2013) 
5.3.2 Fixação

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